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Licenciatura em Informática
História da Ciência e das Técnicas
Docente:
Discentes:
Henrique Gomes Bernardo
João Mar tins
N.º 1290
Nuno Vaz
N.º 1306
Rui Figueiredo
N.º 1324
Ano Lectivo 2008 / 2009
Pag.1 / 1
(José Saramago)
Licenciatura em Informática
História da Ciência e das Técnicas
Docente:
Dr. H. Bernardo
Curriculum Vitae
INFORMAÇÃO PESSOAL
Nome MARTINS, João Paulo Gouveia
• Residência S. José - Lisboa
• Correio electrónico jpgmartins@gmail.com
jpgmartins@gmail.com
EXPERIÊNCIA
PROFISSIONAL
• Datas DESTE SETEMBRO DE 2004
• Nome
Nome do empregador Centro Hospitalar de Lisboa
Lisboa Central, EPE
• Tipo de negócio ou sector Área de Gestão de Sistemas e Tecnologias de Informação
• Ocupação ou posição detida Técnico de Informática
• Principais actividades e Gestão Operacional da aplicação GIACH – Logistica e Farmácia
Farmácia Hospitalar.
responsabilidades Formação aos profissionais utilizadores da aplicação: Médicos, Enfermeiros,
Técnicos e Administrativos.
• Datas AGOSTO 2003 A SETEMBRO 2004
• Nome
Nome do empregador Subgrupo Hospitalar Capuchos/Desterro
Capuchos/Desterro
• Tipo de negócio ou sector Serviço de Informática
• Ocupação ou posição detida Técnico de Informática Adjunto
• Datas SETEMBRO 1998 A AGOSTO 2003
• Nome do empregador
empregador Subgrupo
• Tipo de negócio ou sector Serviço deHospitalar Capuchos/Desterro
Informática
• Ocupação ou posição detida Assistente Administrativo
• Datas MARÇO 1994 A SETEMBRO 1998
• Nome
Nome do empregador
empregador Subgrupo Hospitalar Capuchos/Desterro
• Tipo de negócio ou sector Departamento Financeiro
Gestão Hoteleira Comunicações e Transportes
Gestão de Doentes - Estatística
• Ocupação ou posição detida Assistente Administrativo
• Datas JANEIRO 1989 A MAIO 1993
• Nome
Nome do empregador Subgrupo Hospitalar Capuchos/Desterro
Capuchos/Desterro
• Tipo de negócio ou sector Serviço de Hematologia / Serviços Farmacêuticos
• Ocupação ou posição detida Auxiliar de Acção Médica
• Datas JUNHO A AGOSTO 1987 E JUNHO A AGOSTO 1988
• Nome
Nome do empregador Repartição de Finanças de Machico
Machico - Madeira
• Tipo de negócio ou sector Tesouraria da Fazenda Pública
• Ocupação ou posição detida Administrativo
OUTRAS ACTIVIDADES
ACTIVIDADES
• Datas FEVEREIRO 2002
• Identificação da actividade Membro eleito da Direcção Nacional da Associação Sindical do Pessoal
Administr
Administrativo
ativo da Saúde – ASPAS
ASPAS – triénio 2002/2004
triénio 2002/2004
• Datas DESDE NOVEMBRO 2001 2001
• Identificação da actividade FORMADOR
Ministração formação em deveras áreas da informática para utilizadores da
trabalha.
instituição onde trabalha.
• Datas DESDE OUTUBRO 1994
• Identificação do curso Instrutor de Teoria e Prática de Condução de Automóveis Ligeiros
Curriculum Vitae
INFORMAÇÃO PESSOAL
Nome
Nome Vaz, Nuno Ricardo Elias
• Residência Alverca do Ribatejo
• Correio electrónico nvaz77@gmail.com
EXPERIÊNCIA
PROFISSIONAL
• Datas Dezembro de 1998 até à presente data
• Nome
Nome do empregador Dia/Minipreço Portugal Supermercados
Supermercados – Soc. Unip. Lda.
• Tipo de negócio ou sector Distribuição e Comércio de Produtos Alimentares
• Ocupação ou posição detida Técnico de MicroInformática
MicroInformática
• Principais actividades e - Administração de Sistemas
Sistemas em ambiente
ambiente Windows Server 2003, Active
responsabilidades Directory,IBM Lotus Notes Domino e de Sistema centralizado de
Backup HP Data Protector.
- Administração Hardware
Hardware Appliance (Astaro Security Gateway) e
configuração de VPN’s .
- Implementação de Servidores
Servidores Anti-Virus(Norton)
Anti-Virus(Norton) e WSUS (Windows
Software Update Services).
- Suporte básico a SAP.
- Configurações básicas de routers
routers e redes.
- Suporte a nivel de Software
Software e Hardware a utilizadores.
utilizadores.
- Conhecimentos de Linux.
- Suporte à operação e infraestrutura nomeadamente parque informático e
periféricos, impressoras,
impressoras, redes,
redes, servidores, gestão
gestão de utilizadores, backups
• Datas 1998
Maio de 1998 a Novembro 1998
• Nome
Nome do empregador Dia/Minipreço Portugal Supermercados
Supermercados – Soc.
Soc. Unip. Lda
• Tipo de negócio ou sector Distribuição e Comércio de Produtos Alimentares
• Ocupação ou posição detida Operador de Informática de 1ª
• Principais actividades e Processamento de Dados (Comunicações com as lojas, Introdução de
responsabilidades Dados) e suporte a utilizadores.
FORMAÇÃO ACADEMICA E
PROFISSIONAL
PROFISSIONAL
• Datas Outubro de 2006 até à presente data
• Designação da qualificação Frequência do Curso de Licenciatura em Informática
atribuída
• Principais - Linguagens de Programação
Programação - C / C++
C++ / HTML / Javascript / ASP.NET
ASP.NET /
disciplinas/competências VB.NET / C# / Java
profissionais - Redes e Comunicações
Comunicações (Modelo OSI,TCP/IP)
- Sistemas de Gestão de Bases de Dados (SQL
(SQL Server 2005, Modelo
Modelo
Relacional,UML)
• Nome
Nome e tipo da organização de ISTEC (Instituto Superior de Tecnologias Avançadas)
Avançadas)
ensino ou formação
• Nível
Nível segundo a classificação
classificação Ano)
Frequência Universitária (3º Ano)
nacional ou internacional
• Datas Setembro 2007
• Designação da qualificação MCITP (Microsoft Certified IT Professional) :Enterprise Support Technician
atribuída
• Principais disciplinas/ Windows Vista: Suporte e resolução de problemas em ambiente empresarial.
competências profissionais
• Nome
Nome e tipo da organização de Rumos - Informática Profissional
ensino ou formação
Curriculum Vitae
INFORMAÇÃO PESSOAL
Nome FIGUEIREDO, Rui
• Resid
Residência
ência Abrunheir
Abrunheiraa - Sintra
Sintra
• Correio electrónico rui.figueiredo@gmail.com
rui.figueiredo@gmail.com
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
• Datas 2009-2009
• Nome
Nome do empregador ZON TvCabo. – OctalTV, Engenharia de Sistemas
Sistemas para TV Interactiva,
Interactiva, S.A.
– Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector Direcção Sistemas de Informação
• Ocupação ou posição detida MiddleWare & Portais Application Support
• Principais actividades e Gestão Operacional e Suporte de todos os portais zon tvcabo
responsabilidades
• Datas 2008-2009
• Nome
Nome do empregador ZON TvCabo. – OctalTV, Engenharia de Sistemas
Sistemas para TV Interactiva,
Interactiva, S.A.
– Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector Selfcare
• Ocupação ou posição detida Desenvolvimento Web e Suporte Portais Zon
• Principais actividades e Desenvolvimento em asp.net, php, manutenção correctiva
responsabilidades
• Datas 2006-2008
• Nome
Nome do empregador PT SI Sistemas
Sistemas de Informação
Informação S.A. – OctalTV, Engenharia de Sistemas para
TV Interactiva,
Interactiva, S.A. – Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector SIGMA
• Ocupação ou posição detida Desenvolvimento de Ferramentas apoio manutenção correctiva
• Principais actividades e SIGMA. BEA Weblogic Communications Platform, Oracle, shell script
responsabilidades OSS DEV / Product Support SIGMA
• Datas 2006-2006
• Nome
Nome do empregador PT SI Sistemas
Sistemas de Informação
Informação S.A. – OctalTV, Engenharia de Sistemas para
TV Interactiva,
Interactiva, S.A. – Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector PRODUX
• Ocupação ou posição detida Migração de dados
• Principais actividades e SIGMA. BEA Weblogic Communications Platform, Oracle, shell sc
responsabilidades
• Datas 2004-2006
• Nome
Nome do empregador TV CABO PT – OctalTV, Engenharia de Sistemas
Sistemas para TV Interactiva,
Interactiva, S.A.
– Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector DDI – Direcção de Desenvolvimento Infraestruturas TvCabo Portugal
• Ocupação ou posição detida Administração da rede tvcabo BEA
pt Weblogic Communications Platform,
• Principais actividades e CEON Provisioning Services.
responsabilidades Oracle, Siebel CRM, Operador Sistema Sun
• Datas 2003-2004
• Nome
Nome do empregador TV CABO/NETCABO – OctalTV, Engenharia de Sistemas para TV
Interactiva, S.A. – Grupo Novabase
Novabase
• Tipo de negócio ou sector Departamento Técnico Netcabo Profissional/residencial
Profissional/residencial
• Ocupação ou posição detida Técnico Netcabo Profissional
• Principais actividades e Rede Netcabo Profissional Empresarial
responsabilidades
• Datas 2001-2006
• Nome
Nome do empregador Staples Office Centre
Centre - Loja de Sintra
• Tipo de negócio ou sector Informática e Material de Escritório
• Ocupação ou posição detida Op Principal da Área de Informática
• Principais actividades e rea de venda da loja de Sintra
responsabilidades
Í ndice
1. A História
1 .1. e o Número
A Linguagem .......................................................................................
..............................................................................................................
dos Números ..................................................... .......................33
...............................................................................................
..........................................
1.2. O conceito de Número .......................................................................................................
.......................................................................................................4
1.3. L imitações vêm de longe ...................................................................................................5
1.4. O Numero sem contagem..............................................................
...................................................................................................
.....................................5
1.5. A ideia de correspondência ............................................................................
............................................................................66
1.6. D o relativo ao absoluto .............................................
......................................................................................................
.........................................................6
2. E volução dos Números
2.1. E ra Primitiva .......................................................................................................
......................................................................................................................
...............7
2.2. O número concreto
2.2.1. C omo surgiu o número?............................................................
.............................................................................................
.................................9
2.2.2. C ontando objectos com outros objectos .......................................
....................................................................
.............................9
3. O número natural
O
3.1. s egípcios criam os símbolos ...............................................................
.........................................................................................
..........................10
4. O s números racionais ...................................................................................................
...............................................................................................................
............11
5. O s Números e as Civilizações
5.1. O s aalgarismos
lgarismos na civilização Suméria ...............................................................
.............................................................................
..............12
5.1.1. O sistema sexagesimal ................................................................
.............................................................................................
.............................12
5.1.2. A Evolução gráfica dos algarismos .........................................................................13
5.1.3. O princípio da numeração escrita suméria ....................................................
..............................................................
..........14
5.1.4. C omo calculavam os sumérios ................................................................................15
5.1.5. D as pedras ao ábaco.................................................................................................
.................................................................................................16
5.2. O s algarismos da civilização Egípcia...........................................................
Egípcia...............................................................................
....................17
5.2.1. O s algarismos hieroglíficos ...............................................................
.....................................................................................
......................17
5.2.2. A origem dos algarismos egípcio....................................................................
.............................................................................
.........18
5.2.3. D os algarismos hieroglíficos aos algarismos hieráticos ..........................................18
5.2.4. C omo os egípcios calculavam .................................................................................19
5.3.5. N
5.3.6. N úmeros
úmeros Amigáveis ...................................................................
................................................................................................
Perfeitos ..................................................................... .............................26
...................................................................................................
.............................. 26
5.3.7. O s incomensuráveis ou Irracionais ..................................
..........................................................................
........................................26
5.3.8 O Nú Número
mero – Símbolo de um Paradoxo Cultural .......................................................27
5.4. O s aalgarismos
lgarismos da civilização R Romana
omana .............................................................................28
5.4.1. O s algarismos romanos ........................
........................................................................................
....................................................................
....28
5.4.2. C ontando com os romanos.......................................................................................
.......................................................................................29
5.4.3. O sistema de numeração romano ....... ..................................................................
......................................................................
...........30
5.4.4. O s milhares ..............................................................................................................
..............................................................................................................31
5.4.5. O ábaco de fichas ...............................................................
.....................................................................................................
......................................31
5.4.6. Á baco de cera ........................................................................................................
............................................................................................................32
5.4.7. Á baco romano de "bolso" ........................................................................................
........................................................................................33
5.5. O s algarismos da civilização Chinesa ...............................................................
............................................................................
.................34
5.5.1. O s algarismos chineses ............................................................................................
............................................................................................34
5.5.2. S istema posicional ...................................................................................................35
5.5.3. C omo calculavam os chineses ................................................................................
................................................................................36
5.5.4. Á baco de contas .......................................................................................................
.......................................................................................................37
5.6. O s algarismos da civilização Indiana ..........................................................
..............................................................................
....................38
5.6.1. O s algarismos indianos ............................................................................................
............................................................................................38
5.6.2. C omo contavam os indianos ........................
....................................................................................
............................................................39
5.6.2. A prancheta como ábaco de colunas .....................................................
........................................................................
...................39
5.6.4. C álculos sem apagar os resultados intermédios .......................................................40
5.6.5. A final os nossos números ........................................................................................
........................................................................................41
5.7. O s algarismos da civilização Árabe ...............................................................
.................................................................................
..................42
5.7.1.O s algarismos árabes ................................................................................................42
5.7.2. C omo calculavam os árabes.....................................................................................
.....................................................................................43
5.7.3. O s áárabes
rabes divulgam ao mundo os números hindus ..................................................44
6. O s nomes Portugueses de Al-Khuarizmi .................................................................................
.................................................................................45
7. H istória do Sistema Binário ......................................
....................................................................................................
................................................................47
7.1. D efensor do Sistema Binário..............................................................
Binário............................................................................................
..............................48
7.2. R efinamento
efinamento do Sistema Binário..........................................................
......................................................................................
............................48
7.3. L ógica booleana ...............................................................................................................49
7.3.1. C omo funciona a lógica que faz com que os computadores funcionem ..................49
7.3.2. C omo as coisas começaram .........................................
.....................................................................................
............................................49
7.4. O sistema binário........................................................
..............................................................................................................
......................................................49
7.4.1. P ortas Lógicas ........................................
........................................................................................................
.................................................................... 50
7.5. P ara conhecimento ...........................................................................................................51
9 . C onclusão .........................................................
.............................................................................................................................
.......................................................................
...52
1 0 . B ibliografia ..................................................................
...........................................................................................................................
.........................................................54
I ntrodução
O número desempenha um papel relevante, não só na sociedade actual, bem como nas anteriores. O homem
do século XXI vive cercado pelos números: horários de trabalho, estatísticas de natalidade, tabelas de preços,
juros a receber, impostos, velocidade do automóvel,
automóvel, recordes dos jogos, etc.
Os computadores e as imagens nas televisões digitais funcionam através de números (1 e 0). Já nos nossos
antepassados, os números tiveram uma importância enorme na vida dos seres humanos, pois foram eles que
os ajudaram a criar as primeiras cidades e impérios, assim como serviram de fonte de inspiração de algumas
das mentes mais brilhantes da história.
Mas como surgiram os números?
Apenas à vinte mil anos atrás apareceram provas sólidas que o número 1 já existia e que alguém o usava para
contar. O seu aspecto era apenas um risco num osso de Ishango ( mais especificamente, a fíbula de um
babuíno). O homem, por exemplo, para registar cada presa que trazia para a caverna, fazia um risco num
osso.
Mas os seres humanos começaram a evoluir e deixaram de viver em cavernas e começaram a construir os
seus próprios refúgios, as suas próprias casas e a produzir os seus próprios alimentos.
A antiga civilização dos Sumérios traria um contributo marcante na história dos números, o povo da Suméria
parou de riscar os ossos e passou a representar o número 1 como uma peça em forma de cone. Esta
transformação mudou o curso da história, a invenção dos cones permitiu aos Sumérios fazer algo que jamais
alguém fizera. Com os cones era possível subtrair, e deu-se o maior avanço até então… a invenção da
aritmética.
Talvez por viverem em grandes cidades e precisarem de organização (os grãos tinham de ser distribuídos e
Pag.1 / 55
a necessidade de manter registos dos seus cálculos, mas a escrita ainda não tinha sido inventada (os números,
ao que parece foram a primeira escrita do mundo). A forma por eles encontrada para manterem os seus
registos, foi a de colocar números específicos de cones em envelopes de argila e após fechá-los, pegavam
noutro cone para fazer marcas nos envelopes, tantas marcas quantos fossem os cones.
Foi então que alguma mente brilhante percebeu que o envelope não era necessário, na verdade nem os cones
eram. Bastava
números. simplesmente
A noção fazer nascido.
de escrita havia as marcas directamente numa tablete de argila e tinham os registos dos
Os Egípcios eram construtores entusiasmados e davam muito valor à beleza. Mas era impossível criar belos
edifícios sem medir com precisão, e não é possível medir com precisão, sem saber qual é a sua unidade de
medida. O número 1 começou a ser conhecido como cúbito, a medida para todas as coisas, a incontestável
régua.
Os Romanos inventaram um sistema de numeração que serviu para todo o ocidente durante quase 2 mil anos
- a Numeração Romana.
Por volta do início da era cristã surgiu a numeração de posição em que os símbolos valem conforme a
posição que ocupam na escrita de um número e um acessório fundamental: o zero (0) - Invenção dos Hindus.
Só por volta do séc. XV, com o aumento do comércio, é que ficou clara a necessidade de um sistema de
numeração mais prático e se começaram a impor
i mpor os símbolos actuais - os algarismos árabes.
A partir daí tudo se passou rapidamente. Uns 200 anos mais tarde, Pascal inventava a primeira máquina de
calcular mecânica. Outros 100 anos mais tarde, sentiu-se a necessidade de criar os números decimais ou base
10.
O alemão Gottfiried Wilhelm Leibniz , um dos primeiros defensores do sistema binário, invocava uma
espécie de linguagem ou escrita universal, mas infinitamente diversa de todas as outras concebidas até agora,
isso porque os símbolos e até mesmo as palavras nela envolvidas se dirigiam à razão.
Este “revolucionário” sistema binário (ou base 2), é hoje amplamente utilizado
util izado pelo computadores modernos,
isto é, todas as informações armazenadas ou processadas no computador usam apenas DUAS grandezas,
representadas pelos algarismos 0 e 1. Essa decisão de projecto deve-se à maior facilidade de representação
interna no computador, que é obtida através de dois diferentes níveis de tensão. Havendo apenas dois
algarismos, portanto dígitos binários, o elemento mínimo de informação nos computadores foi apelidado de
bit (uma contracção do inglês binary dig it
it).
“O hom
homemem da g uerr
uer r a deve
deve apr
apr ender
ender a ar
ar te dos
dos núme
númerr os
ou ele não saber
saber á como
como didi spor as suas trop
tr opas
as.”
Platão (citado em Horng, 2000, p. 37)
Pag.2 / 55
1 . A História e o Número
São muitas as civilizações da Antiguidade, como as dos babilónios, egípcios, gregos, chineses e hindus, que
criaram os seus próprios sistemas numéricos. Os maias, que viveram na América Central em tempos mais
recentes, também desenvolveram um modo interessante de registar números. É importante observar que estas
civilizações não vieram umas depois das outras. Pelo contrário, muitas coexistiram durante séculos e, embora
localizadas em regiões diferentes, mantiveram contacto umas com as outras.
Com a excepção dos maias, que habitavam a América, as civilizações da Europa, Oriente e Médio Oriente,
trocavam mercadorias e conhecimentos. O intercâmbio cultural, que também envolveu os conhecimentos
matemáticos daqueles povos, reflectiu-se nas formas de contar e de escrever os números.
A noção de número e as suas extraordinárias generalizações estão intimamente ligadas à história da
humanidade. E a própria vida está impregnada de matemática: grande parte das comparações que o homem
formula, assim como gestos e atitudes quotidianas, aludem conscientemente ou não a juízos aritméticos e
propriedades geométricas. Sem esquecer que a ciência, a indústria e o comércio
co mércio nos colocam em permanente
contacto com o amplo mundo da matemática.
Pag.3 / 55
Assim opinam, pelo menos, observadores competentes dos costumes dos animais. Muitos pássaros têm o
sentido do número. Se um ninho contém quatro ovos, pode-se tirar um sem que nada ocorra, mas o pássaro
provavelmente abandonará o ninho se faltarem dois ovos. De alguma forma inexplicável, ele pode dis
distinguir
tinguir
dois de três.
As espécies zoológicas com sentido do número são muito poucas (nem mesmo incluem os monos e outros
mamíferos). E a percepção
desprezá-la. Contudo, de no
também quantidade
homem issonumérica nos animais
é verdade. é dequando
Na prática, tão limitado
o homemalcance que seprecisa
civilizado pode
distinguir um número ao qual não está habituado, usa conscientemente ou não - para ajudar seu sentido do
número - artifícios tais como a comparação, o agrupamento ou a acção de contar. Essa última, especialmente,
se tornou parte tão integrante da nossa estrutura mental que os testes sobre nossa percepção numérica directa
resultaram decepcionantes. Essas provas concluem que o sentido visual directo do número possuído pelo
homem civilizado, raras vezes, ultrapassa o número quatro, e que o sentido táctil é
é ainda, mais limitado.
1997).
“ Posso conjecturar que o número é uma invenção humana, uma produção do seu pensamento; o homem,
partindo do estado animal, construiu ele mesmo, no seu cérebro, a sua linguagem (…) e os seus números”
(Keller, 2000, p. 28).
Foi contando objectos com outros objectos que a humanidade começou a construir o conceito de número.
Para o homem primitivo o número cinco, por exemplo, sempre estaria ligado a alguma coisa concreta: cinco
dedos, cinco peixes, cinco bastões, cinco animais, e assim por diante.
A ideia de contagem estava relacionada com os dedos da mão.
Assim, ao contar as ovelhas, o pastor separava as pedras em grupos de cinco.
Do mesmo modo os caçadores contavam os animais abatidos, traçando riscos na madeira
O pensamento formula-se na linguagem, e isto faz que sem nomes não possa haver conceitos. O símbolo é
também um nome, só que não é oral, mas sim escrito e apresenta-se na mente na forma de uma imagem
visível. (Aleksandrov, 1982, p. 28)
Pag.4 / 55
A aplicação do número, como um pensamento abstracto (abstracto no sentido de que não tem de estar
relacionado com um objecto físico em particular), foi indubitavelmente um dos maiores progressos na
história do pensamento (Kline, 1982).
Julgando o desenvolvimento dos nossos ancestrais pelo estado mental das tribos selvagens actuais, é
impossível deixar de concluir que sua iniciação matemática foi extremamente modesta. Um sentido
rudimentar de número, de alcance não maior que o de certos pássaros, foi o núcleo do qual nasceu nossa
concepção de número. Reduzido à percepção directa do número, o homem não teria avançado mais que o
corvo assassinado pelo senhor feudal. Todavia, através de uma série de circunstâncias, o homem aprendeu a
completar sua percepção limitada de número com um artifício que estava destinado a exercer influência
extraordinária em sua vida futura. Esse artifício é a operação de contar , e é a ele que devemos o progresso
da humanidade.
Pag.5 / 55
até
oitoesgotar os eobjectos
objectos é um da colecção;
conjunto se oMas
finito. último número pronunciado
o homem for oito,
de hoje, mesmo comdizemos que a colecção
conhecimento precáriotem
de
matemática, começaria a sucessão numérica não pelo um mas por zero, e escreveria 0,1,2,3,4...
A criação de um símbolo para representar o "nada" constitui um dos actos mais audaciosos da história do
pensamento. Essa criação é relativamente recente (talvez pelos primeiros séculos da era cristã) e foi devida
às exigências da numeração escrita. O zero não só permite escrever mais simplesmente os números, como
também efectuar as operações. Imagine-se fazer uma divisão ou multiplicação em números romanos! E, no
entanto, antes ainda dos romanos tinha florescido a civilização grega, onde viveram alguns dos maiores
matemáticos de todos os tempos; e a nossa numeração é muito posterior a todos eles.
Pag.6 / 55
2.1. E ra Primitiva
A arqueologia tem desenvolvido um papel de extrema relevância para o estudo da evolução do pensamento
contábil. É através dela que podemos conhecer o passado em busca de afirmação para o presente que
possibilite uma projecção para o futuro.
A Mesopotâmia é ponto de paragem obrigatória para o estudo da arqueologia. Muitos arqueólogos como
Rich (1812), Paul Émile (1842), sendo considerado o “Primeiro a encetar as escavações” em busca da
perdida Babilónia, procuraram, durante muito tempo, encontrar sentido para o presente desvendando o
passado.
Foi Hornuzd Rassom, em 1854, que deu a maior contribuição para desvendar o mistério que o passado
escondia. A sua contribuição foi descobrir a biblioteca de Assubanipal. Segundo MELLA ( 1985:21),
expondo sobre Assubanipal:
“N uma
uma ce
cerr ta a
altur
lturaad
da
a sua vida, o gr
gr and
andee rei,
rei , movi
ovi do po
porr i nte
ntento
ntoss cul
cultur
turais
ais,, de
deuu or
orde
dem
m a seus eenvi
nviad
ados
os a
com
comprar toda
todass as ob
obrr as ci
cieentí
ntífifi ca
cas,
s, lilite
terr ári as, hi stó
stórr i cas, e do
docum
cumeento
ntoss que p
pude
udessem
ssem encontrar
ncontrar,, enqua
nquanto
nto
na cor
cor te um ST
STA A F F de doutor
doutores es rreecopi
copi ava ou trad traduzi
uzia aaass que não estive
estivessem
ssem a vvend
enda
a.”
Segundo o autor, esse trabalho resultou numa colecção com mais de 30.000 tabuinhas que apresentava o
conjunto de todo conhecimento existente entre o povo da época. Outras tabuinhas foram sendo descobertas
noutras escavações, revelando cada vez mais um passado que durante muito tempo permaneceu escondido.
Para MELLA (1985:34): “O material de estudo enriqueceu enormemente quando as escavações trouxeram
à luz os arquivos do governo desta ou daquela cidade, estrelas, selos, contratos, cartas, na maior parte
concernente
concernente
se também aaeeva
ata
vtas
s oofi
ent
nto s ci
ciais
poais,
po , bur
burocráti
lítico
líticos ocráticas,
s ou
ou bé cas,sconstr
bélico
licosconstruçõe
e co
consuções
nst s deotem
tituind
ituindo teamplo
plossum
assim
ssim ouaobr
uma obdroas
do cu
cump
públi
múblicas;
entacas;
nta çãompr
ção pas a
alg
lguns
r eciosa
ciosaunspare
rra
efete
r inta
am
am-
tent ar-
reconstruir sua história.”
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É impossível analisar todos esses empreendimentos sem conceber a necessidade de se acompanhar custos.
Ou seja, a presença da contabilidade acompanha a própria história da humanidade.
Entre os sumérios não era diferente, a contabilidade exercia um papel importante no que diz respeito ao
controle das finanças, bem como o descambo na economia. O controlo das finanças estava intimamente
relacionado ao centro da religião, o templo. O templo funcionava como banco, escola e mercado e
principalmente
época). como o centro do Estado (nele eram realizadas as principais transacções económicas da
Na linguagem contábil temos, de um lado a colecção dos débitos e, de outro, a colecção dos créditos, ou seja,
cada débito corresponde a um crédito e vice-versa.
O homem tinha resolvido um problema, a questão dos números, mas apesar de obter a informação ele não
conseguia registá-la de forma mais duradoura. O novo desafio era registar, por mais tempo, e de forma
consistente a informação.
Começaram a surgir as primeiras comunidades organizadas, com chefe, divisão do trabalho entre as pessoas,
etc..
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3 . O Número Natural
Como consequência
e o começo desse
da História . desenvolvimento surgiu a escrita. Era o fim da Pré-História
Os grandes progressos que marcaram o fim da Pré-História verificaram-se com muita intensidade e rapidez
no Egipto.
Para fazer os projectos de construção das pirâmides e dos templos, o número concreto não era nada prático.
Ele também não ajudava muito na resolução dos difíceis problemas criados pelo desenvolvimento da
indústria e do comércio.
Como efectuar cálculos rápidos e precisos com pedras, nos ou riscos em um osso? Foi
partindo dessa necessidade imediata que estudiosos do Antigo Egipto passaram a
representar a quantidade de objectos de uma colecção através de desenhos – os símbolos.
A criação dos símbolos foi um passo muito importante para o desenvolvimento da
Matemática.
Na Pré-História, o homem juntava 3 bastões com
co m 5 bastões para obter 8 bastões. Hoje ssabemos
abemos representar
esta operação por meio de símbolos.
3+5=8
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4. O s números racionais
Com o sistema de numeração hindu ficou fácil escrever qualquer número, por maior que ele fosse.
0 13 35 98 1.024 3.645.872
Como estes números foram criados pela necessidade prática de contar as coisas da natureza, eles são
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5. O s Números e as Civilizações
A base 12 assentava na utilização das três falanges que compõe cada um dos dedos, usando o polegar como
auxiliar de contagem (apoiava-se o polegar em cada uma das falanges, sendo assim possível a contagem até
12).
Na sequência de uma combinação entre os dois sistemas manuais de contagem, ssurge
urge a base 60. Esta nova
técnica de contagem era praticada da seguinte maneira: na mão direita, contam-se as falanges, tal como na
base 12, "guardando" o número
número de contagens na mão esquerda, assim como na base 5.
Esta é uma das muitas hipóteses que existem acerca da origem do sistema sexagesimal (sistema este que
constituiu um dos maiores méritos da cultura suméria).
Mão esquerda Mão direita
É importante frisar que ainda é notório, na nossa cultura, a utilização deste sistema, quer por exemplo na
expressão das medidas do tempo, em horas, minutos e segundos, ou a dos arcos e ângulos em graus, minutos
e segundos.
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Com estes sistemas de representação de algarismos, os sumérios conseguiam obter qualquer número,
baseando-se no princípio aditivo e, repetindo as vezes necessárias em cada ordem de unidades um algarismo,
obtinha-se o número pretendido. É de notar a preocupação que existia em agrupar os algarismos idênticos
com o objectivo de facilitar a sua rápida visualização e compreensão.
36 00
0000 rep
eprrod
oduz
uzid
idoo 3 ve
veze
zess = 36 00
0000 × 3 = 10
1088 00
0000
3 600 reproduzido 4 vezes = 3 600 × 4 = 14 400
600 reproduzido 3 vezes = 600 × 3 = 1 800
60 reproduzido 1 vez = 60 × 1 = 60
10 reproduzido 3 vezes = 10 × 3 = 30
1 reproduzido 6 vezes = 1 ×6 = 6
124296
Representação do número 164571, com recurso aos algarismos arcaicos.
De forma a simplificar e evitar as desmedidas repetições de sinais idênticos, os escribas de Sumer usaram
frequentemente o método subtractivo, escrevendo, por exemplo, os números 9, 18, 38, 57, 2360, 3110, da
seguinte forma:
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O processo operatório no qual se baseavam para realizar a divisão consistia, no final de cada etapa, em trocar
os objectos pelos de ordem imediatamente inferior. Com efeito, consideremos o seguinte exemplo:
Dividir 324000 por 7
324000=9×36000
Como se pretende a divisão por 7, repartiremos 9 esferas perfuradas por grupos de 7 (note-se que as esferas
representam a maior unidade neste sistema):
O número de grupos de 7 esferas perfuradas que resulta desta primeira divisão é igual a 1, ou seja, o
quociente desta primeira divisão parcial é 1. No final desta primeira divisão restam 2 esferas perfuradas.
Para se poder prosseguir a operação é necessário converter 2×36000 em múltiplos de 3600 (unidade
imediatamente inferior a 36000). Deste modo 2×36000=2×10×3600=20×3600. Obtemos assim 20 esferas
simples, que repartimos novamente por grupos de 7:
Para prosseguir
múltiplos de 600. aObtemos
operação vamos
assim converter
36 grandes cones6×3600 em
perfurados,
que repartimos novamente por grupos de 7:
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O número de grupos de 7 grandes cones perfurados que resulta da terceira divisão é igual a 5 (quociente) e
sobra 1 grande cone perfurado (resto).
De seguida converteremos 1×600 em múltiplos de 60. Obtemos assim 10 grandes cones simples, que
repartimos novamente por grupos de 7:
O número de grupos de 7 grandes cones simples que resulta da quarta divisão é igual a 1 (quociente) e
sobram 3 grandes cones simples (resto).
Depois de converter 3×60 em múltiplos de 10 obtemos 18 bilhas, que repartimos novamente por grupos de 7:
O número de grupos de 7 bilhas que resulta da quinta divisão é igual a 2 (quociente) restando 4 bilhas. Para
5 grupos
Sexto resto
O número de grupos de 7 pequenos cones que resulta da quinta divisão é igual a 50 (quociente) e restam 5
pequenos cones.
O quociente final obtém-se fazendo a adição dos quocientes obtidos nas várias divisões, com efeito:
1×36000+2×3600+5×600+1×60+2×10+5×1=46285
1×36000+2×3600+5×600+1× 60+2×10+5×1=46285 (quociente da divisão de 324000 por 7)
M C D U Posteriormente foi adoptado um outro processo que consistia em organizar por colunas as
contagens que se efectuavam, sendo a primeira (a da direita) associada às unidades, a
seguinte às dezenas e assim sucessivamente.
Consideremos o seguinte o exemplo: Representação do número 3672
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Desde os primeiros momentos da sua história, os egípcios criaram uma sociedade baseada no aproveitamento
das águas do Nilo para a agricultura ("O Egipto é uma dádiva do Nilo.", Heródoto).
A antiga civilização egípcia começou por volta de 4000 a.C.. Mais tarde os primitivos clãs foram agrupados
em dois grandes reinos: um ao norte e o outro a sul. Por volta do ano 3300 a.C. o reino do sul venceu o do
norte e o Egipto transformou-se num estado único. A administração deste território fez surgir a criação de
um sistema de escrita - os hieroglíficos. Ao passarem a utilizar o papiro para fazer os seus registos, os
egípcios desenvolveram um sistema de escrita mais rápido - a escrita hierática, que foi utilizada até cerca de
800 a.C. Posteriormente a escrita evolui para um sistema cursivo (o demótico).
Até ao século XIX, as únicas fontes sobre o passado do Egipto eram os relatos dos autores clássicos.
Somente em 1821, com a decifração da escrita hieroglífica, por Champollion, se pôde proceder à leitura de
inscrições que iluminaram mais de três mil anos da história da humanidade.
Para representar um número, os egípcios tinham apenas em consideração as unidades das potências de 10,
escrevendo-as, da esquerda para a direita, da maior ordem decimal até às unidades
simples. Assim, a representação do número 1 422 000 é a seguinte:
reunidos
linhas. em grupos menores e distribuídos por duas ou três
Novo desenho e organização dos alg
algarismos
arismos hieroglíficos.
hieroglíficos.
5.2.2. A origem dos algarismos egípcios
Embora existam várias hipóteses sobre a origem dos algarismos hieroglíficos, a que parece recolher maior
consenso é a que se segue:
Uma barra vertical é o modo mais instintivo e rudimentar de representar a unidade, tendo por isso sido
escolhido o bastonete para representar o algarismo 1. A dezena era simbolizada pelo desenho de um cordão
que teria servido para juntar 10 bastonetes.
Para representar os algarismos 100 e 1000 usavam-se a espiral e a flor de lótus, respectivamente, e uma
justificação possível para tal
t al escolha pode basear-se na analogia fonética entre as palavras orais porque eram
designados estes números e os símbolos que os representam.
Como os egípcios tinham adoptado um sistema de contagem manual apenas até 9999, foi então escolhido um
dedo levantado e ligeiramente inclinado para simbolizar o número seguinte, a dezena de milhar.
Devido à existência de uma imensa quantidade de girinos no Nilo e à sua grande capacidade de reprodução,
o girino foi escolhido para representar graficamente o algarismo 100000.
Para a representação de 1000000, número que, pela sua
grandeza, era merecedor de "respeito", foi escolhida a
representação de um homem com as mãos elevadas para o céu.
Outra possível explicação, esta mais plausível, sugere que a
representação escolhida, um homem admirando as estrelas e a
sua imensidão, remete para a ideia de eternidade.
Exemplo do quanto o sistema hierático veio facilitar a escrita dos números egípcios. É assim, por exemplo,
a representação do número 3 577:
Adição
Para somar dois números, representavam-nos em separado e, posteriormente,
agrupavam os algarismos da mesma ordem de grandeza. De seguida, cada vez que
tivessem dez símbolos da mesma espécie, substituíam-nos pelo algarismo da
grandeza imediatamente superior, conforme ilustra o seguinte exemplo:
Multiplicação
Como no caso anterior, formavam duas colunas e, numa delas, colocavam o número 1 seguido das sucessivas
multiplicações por 2, até à primeira potência inferior a a. Na segunda coluna colocavam o número b e
procediam de modo análogo, efectuando o mesmo número de multiplicações necessárias
necess árias para chegar ao a na
primeira coluna. Posteriormente procuravam e assinalavam com um pequeno traço horizontal os números da
1 11 primeira coluna cuja soma era a. Somando os números correspondentes a esses na
2 22 segunda coluna (que eram marcados com um traço oblíquo) obtinham o resultado
4 44 /
8 88 / pretendido.
16 176 /
32 352
64 704 / Exemplo: Multiplicação de 92 por 11
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92×11= 44+88+176
4 4+88+176+704
+704
Divisão por números que não são potências de 2 nem múltiplos de 10:
O processo é idêntico, uma vez que vamos ter novamente duas colunas mas, desta vez, a primeira coluna a
ser preenchida é a segunda, onde colocavam o divisor e as sucessivas multiplicações por 2, até esse produto
ser o maior número inferior ao dividendo. Na primeira coluna colocavam o número 1 e as sucessivas
multiplicações por 2, tantas vezes quantas as utilizadas nas coluna 2. Posteriormente procuravam e
assinalavam com um pequeno traço horizontal os números da segunda coluna cuja soma era o dividendo.
Somando os números correspondentes a esses na primeira coluna (que eram marcados com um traço
oblíquo) obtinha-se o resultado pretendido. 1 17
34
68 /
136 /
16 272
2 5 44
Exemplo: Divisão de 4556 por 17 4 1088
128 2176
5 6 4 3 52 /
4556÷17= 4+8+256
Os egípcios eram realmente muito habilidosos e criativos nos cálculos com números inteiros. Mas, em
muitos problemas práticos, eles sentiam necessidades de expressar um pedaço de alguma coisa através de um
número. E para isso os números inteiros não serviam.
O escriba diz-nos que o material deriva de um original do Reino Médio, na 12º Dinastia, escrito entre 2000 e
1800 a.C., e é possível que algum do conhecimento tenha vindo do famoso arquitecto e físico Imhotepy que
supervisionou a construção da pirâmide do Faraó Zozer há cerca de 5000 anos.
O p
pa
apiro
ir o Ahme
Ahmes é um antigo manual de matemática. Contém 87 problemas,
todos resolvidos. A maioria envolvendo assuntos do dia-a-dia, como o preço do pão, a
armazenagem de grãos de trigo, a alimentação do gado.
Observando e estudando como eram efectuados os cálculos no Papiro Ahmes, não foi
difícil aos cientistas compreender o sistema de numeração egípcio. Além disso, a
decifração dos hieróglifos – inscrições sagradas
s agradas das tumbas e monumentos do Egipto
– no século XVIII também foi muito útil. Papiro Ahmes
Na escrita dos números que usamos actualmente, a ordem dos algarismos é muito importante. Se to
tomarmos
marmos
um número, como por exemplo: 256 e trocarmos os algarismos de lugar, vamos obter outros números
completamente diferentes: 265 526 562 625 652
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5.2.6. D
escobrindo a fracção
Por volta do ano 3.000 a.C., um antigo faraó de nome Sesóstris...
“... repartiu o solo do Egipto às margens do rio Nilo entre seus habitantes. Se o rio levava qualquer parte do
lote de um homem, o faraó mandava funcionários examinarem e determinarem por medida a extensão
exacta da perda.”
Estas palavras foram escritas pelo historiador grego Heródoto, há cerca de 2.300 anos.
O rio Nilo atravessa uma vasta planície. Uma vez por ano, na época das cheias, as águas do Nilo sobem
muitos metros acima de seu leito normal, inundando uma vasta região ao longo de suas margens. Quando as
águas baixam, deixam descoberta uma estreita faixa de terras férteis, prontas para o cultivo.
Desde a Antiguidade, as águas do Nilo fertilizam os campos, beneficiando a agricultura do Egipto. Foi nas
terras férteis do vale deste rio que se desenvolveu a civilização egípcia.
Cada metro de terra era precioso e tinha de ser muito bem cuidado. Sesóstris repartiu estas preciosas terras
entre alguns agricultores privilegiados.
Todos os anos, durante o mês de Junho, o nível das águas do Nilo começava a
subir. Era o início da inundação, que durava até Setembro.
Ao avançar sobre as margens, o rio derrubava as cercas de pedra que cada
agricultor usava para marcar os limites do seu terreno. Usavam cordas para fazer
a medição.
Havia uma unidade de medida assinalada na própria corda. As pessoas encarregadas de medir esticavam a
corda e verificavam quantas vezes aquela unidade de medida estava contida nos lados do terreno. Daí, serem
conhecidas como estiradores de cordas.
No entanto, por mais adequada que fosse a unidade de medida escolhida, dificilmente cabia um número
inteiro de vezes nos lados do terreno. Foi por essa razão que os egípcios criaram um novo tipo de número: o
número fraccionário e para representar os números fraccionários, usavam fra fr acçõ
cções.
Os egípcios interpretavam a fracção somente como uma parte da unidade. Por isso, utilizavam apenas as
fr
fraacçõ
cções unit
unitá
ári as, isto é, com numerador igual a 1.
Para escrever as fracções unitárias, colocavam um sinal oval alongado sobre o denominador. As outras
fracções eram expressas através de uma soma de fracções de numerador 1.
Os egípcios não colocavam o sinal de adição + (mais) entre as fracções, porque os símbolos das operações
ainda não tinham sido inventados. Os símbolos repetiam-se com muita frequência. Por isso, tanto os cálculos
com números inteiros quanto aqueles que envolviam números fraccionários eram muito complicados.
Apenas por volta do século III a.C. começou-se a formar um sistema de numeração bem mais prático e
eficiente do que os outros criados até então: o siste
sistema de nu
num
meraçã
ração roma
romano.
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(pelo menos nada o evidência) até que ponto eles estavam conscientes da sua natureza abstracta. Um facto
que reforça esta constatação está na circunstância, que do ponto de vista geométrico, todas as civilizações
anteriores aos gregos estiveram definitivamente vinculadas ao concreto.
Esta contribuição dos gregos foi essencial, pois abordaram a matemática de uma forma completamente nova,
tornando-a abstracta. E, assim sendo, o conceito de número foi conscientemente reconhecido.
Os pitagóricos terão reconhecido que a matemática lida com abstracções, embora este reconhecimento possa
não ter ocorrido numa fase inicial do seu trabalho (Kline, 1972). Os matemáticos gregos, em particular os
pitagóricos, desenvolveram toda uma filosofia do universo onde a noção de número (natural) tinha
t inha um papel
fundamental.
Eles estavam convencidos que tudo se poderia exprimir recorrendo-se aos números naturais.
Na procura das leis eternas do universo, os pitagóricos estudaram geometria, aritmética,
arit mética, astronomia e música
(o que mais tarde se chamaria o quadrivium) (…) Os números, isto é, os inteiros, chamados arithmoi, eram
divididos em classes: ímpares e pares, primos e compostos, perfeitos, amigos, triangulares, quadrados,
pentagonais, etc. (…) os pitagóricos investigavam as propriedades desses números, acrescentando-lhes uma
marca do seu misticismo e colocando-os no centro de uma filosofia cósmica que tentava reduzir todas as
relações fundamentais a relações numéricas («tudo é número»). (Struik, 1997, p. 78)
Para Pitágoras
coisas. , o pai
A ele e seus da matemática
seguidores (~580-497
é atribuída AC), osdanúmeros
a descoberta tabuada.eram a origem de todas as
Para ele “O número é a causa e o princípio de tudo”1. Esta afirmação sugere a existência de
um princípio unificador do Universo, ideia que desempenhou um papel importante na filosofia grega. A
mesma frase simboliza também as contradições e ambiguidades do pensamento pitagórico: misticismo,
magia e mistério mas, por outro lado, exactidão e rigor. Pode ainda servir para caracterizar a cultura
Ocidental na sua relação com o número, ou melhor dizendo, na sua obsessiva quantificação das qualidades.
De facto, na ciência moderna, desde o Renascimento até a actualidade, é possível encontrar manifestações do
espírito Pitagórico, das mais conscientes às mais ingénuas.
A afirmação de Filolau2 (nascido em 450 AC), matemático da Escola Pitagórica, “ todas as coisas têm um
número e nada se pode compreender sem o número”3 significa, para Bento Caraça, o “aparecimento da
ideia luminosa duma ordenação matemática do Cosmos”, ideia que é um dos fundamentos essenciais da
ciência moderna.
A Escola Pitagórica funcionava na realidade como uma seita. Os Pitagóricos, para além de outros símbolos
e rituais místicos, usavam o pentágono estrelado, como sinal de aliança entre eles. Os conhecimentos
matemáticos e as principais descobertas da Escola eram transmitidos oralmente aos seus membros que, sob
juramento, se comprometiam a não os divulgar. É curioso que, apesar da sua doutrina sser er ensinada apenas
oralmente durante as primeiras décadas, a Escola sobreviveu várias centenas de anos. Prolongaram-se por
oito séculos (V AC a III DC), o desenvolvimento de especulações matemáticas, astronómicas e harmónicas,
mas também de natureza física ou médica, e ainda morais e religiosas que se associam ao Pitagorismo.
1
Segundo a Metafísica de Aristóteles, que é a principal fonte do pitagorismo antigo (Mattei, J-F., Pythagore
J-F., Pythagore et les Pythagoriciens
Pythagoriciens))
2
Arquitas de Tarento (428
Tarento (428 a.C. – 347 a.C.), filósofo e cientista grego, considerado o mais ilustre dos matemáticos pitagóricos.
Acredita-se ter sido discípulo de Filolau de Crotona e foi amigo de Platão. Fundou a mecânica e influenciou Euclides. Foi o primeiro a
usar o cubo em geometria e a restringir as matemáticas às disciplinas técnicas como a geometria, aritmética, astronomia e acústica. Arquitas
de Tarento
Para resolver o famoso problema da duplicação do cubo (dobrar o seu volume), valeu-se de um modelo tridimensional.
Embora inúmeras obras sobre mecânica e geometria lhe sejam atribuídas, restaram apenas fragmentos cuja preocupação central é a
Matemática e a Música.
Arquitas também actuou na política. Os tarentinos o elegeram estratego (governador) sete vezes consecutivas.
Morreu em um naufrágio na costa de Apúlia.
3
Citado po Bento de Jesus Caraça em Conceitos Fundamentais da Matemáica.
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Por volta do ano 500 AC, como resultado de perseguições políticas, os pitagóricos tiveram que fugir de
Crótona (Itália), onde a seita estava instalada e tinha atingido considerável prestígio cultural e político. Os
seus discípulos espalharam-se então por várias regiões da Grécia. Só nessa época, contemporânea de
Sócrates, aparecem os primeiros escritos pitagóricos, um dos quais é a obra de Filolau – Sobre a Natureza.
Talvez seja um abuso de linguagem chamar pitagorismo à tendência para valorizar excessivamente os
aspectos matemáticos do saber científico pois, evidentemente, a pretensão de querer traduzir o mundo por
números não tinha, para Pitágoras, o mesmo sentido que se dá hoje à matematização do conhecimento. No
entanto, o termo p
pita
itagorism
gorismo
o serve perfeitamente para caracterizar o exagero das posições de alguns
cientistas na actualidade. É tentador associá-las a Pitágoras, tanto mais que estamos aqui também em
presença de um paradoxo cultural. Ele traduz-se, em certas áreas científicas, pela coexistência entre a forte
presença da matemática e a tendência para um obscurantismo crescente.
Também os seguidores de Pitágoras não se limitaram a especular acerca da natureza e significado dos
números e a estabelecer as suas propriedades místicas; eles produziram resultados matemáticos importantes
perfeitamente integrados no conjunto da ciência grega. Pitágoras e os seus discípulos são mesmo
Arii tméti ca, hoje designada por Teoria de Números4.
considerados os iniciadores duma área matemática, a Ar
5.3.3. N
N úmeros Figurados
Pitágoras concebeu os números triangulares constituídos pelos números naturais (inteiros positivos)
dispostos em triângulo:
Cada número triangular corresponde à soma dos primeiros números naturais: 1=1; 3=1+2; 6=1+2+3;
10=1+2+3+4; 15=1+2+3+4+5; etc.
1 3 6 10 15 21
É fácil verificar que 1=1x2/2 (primeiro número triangular); 3=2x3/2 (segundo número triangular); 6=3x4/2
(terceiro nº. triangular).
4
A obra aritmética dos pitagóricos é conhecida através do livro 7 dos Elementos
dos Elementos de
de Euclides.
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Para encontrar o 7º número triangular basta calcular 7x8/2=28, e o enésimo número triangular é calculado
pela fórmula n(n+1)/2.
Os outros membros da Escola Pitagórica construíram os núm númeer os po
poliligonais
gonais (números quadrados e números
pentagonais) e usaram essas representações para deduzir propriedades dos números inteiros. Por exemplo, a
seguinte propriedade dos números ímpares: a soma dos primeiros n ímpares é um quadrado perfeito, pode ser
deduzida a partir da representação geométrica em números quadrados. A dedução desta e doutras
propriedades pode ser vista em diversos livros de história da matemática.
O estudo das propriedades dos números a partir de representações geométricas foi uma constante na
matemática grega. Também para operar com os números ou para resolver equações os gregos recorriam à
geometria. Ao conjunto de métodos de resolução por eles desenvolvidos dá-se o nome de álgebra
geo
geométri ca.
Só durante o período final da matemática grega, chamado período Alexandrino, os matemáticos começam a
elaborar métodos de cálculo independentes das construções geométricas. Herão (50 AC – 50 DC) resolve
problemas de raízes quadradas e cúbicas sem nenhuma referência à geometria. Nicómaco, um neo-
pitagórico, (50 – 110 DC) trabalha sobre teoria de números, afastando-se da representação geométrica e
finalmente com Diofanto (séc. III) a álgebra grega atinge o seu maior desenvolvimento. No conjunto das
matemáticas gregas a obra de Diofanto constitui algo de novo, tanto do ponto de vista do conteúdo como dos
métodos, em ruptura total com os métodos geométricos tradicionais. Ele resolve problemas que podemos
considerar algébricos e introduz as primeiras abreviaturas simbólicas. No entanto, é importante sublinhar que
Diofanto não estabelece métodos gerais de resolução nem faz qualquer tentativa para elaborar uma teoria das
equações. Essa será a grande tarefa dos matemáticos árabes nos séculos seguintes (sécs. VIII-XII).
Antes de referir outros exemplos de problemas estudados, tanto pelos pitagóricos como pelos actuais
investigadores em teoria de números, é importante acentuar que, para os primeiros, o estudo numerológico
era inseparável das especulações geométricas, harmónicas, físicas e cosmológicas. Estas, por sua vez serviam
e alimentavam preocupações morais, políticas e religiosas. Os números, “para Pitágoras representavam não
só a forma que governa a combinação das coisas, mas também a matéria mesma destas coisas . (13)” . Para
Teão, um neo-Pitagórico do séc. IV DC, “no número dois considera-se a matéria e tudo o que é sensível, a
geração e o movimento” (...) “o número seis é perfeito” (...) “é nupcial porque torna os filhos semelhantes
aos pais” (14).
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existem comprimentos
matemática aos quais
que durou vinte nãoséculos.
e cinco é possível qualquer número conhecido na altura, desencadeou uma crise
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5.3.8 O Número
Número – Símbolo de um Paradoxo Cultural
O número, objecto essencial da ciência da exactidão e do rigor, fundamental para traduzir a
realidade, encerra, no entanto, grandes indefinições e ambiguidades. As mesmas propriedades
podem servir, simultaneamente, objectivos místicos e científicos, como foi ilustrado no caso dos números
inteiros. A natureza do número, que durante séculos parecia escapar à descrição matemática, tanto é fonte de
mistério permanente, como motivo de investigação científica. O número será sempre um símbolo desse
paradoxo cultural que reúne misticismo e ciência.
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Grande parte da organização do mundo moderno deve-se ao império que Roma foi capaz de construir há
mais dois mil anos nas margens do mar Mediterrâneo. Os idiomas falados no sul da Europa, América
América Latina,
em algumas zonas de África e outras partes do mundo constituem uma das heranças directas desta
civilização.
Embora os romanos sejam autores de muitas construções impressionantes, mostraram pouco interesse pela
matemática pura. Os matemáticos romanos dedicaram-se a assuntos práticos, como comércio e ciências
militares, no entanto, foram autores de um sofisticado sist
sisteema de nu
num
meraç
raçã
ão.
Este processo repete-se continuamente até surgir a necessidade de se inventar um outro símbolo, o que
acontece quando se atinge o número 50. Assim sendo, para o representar decidiu-se acrescentar um traço à
representação do algarismo 5.
Para a centena sentiu-se novamente a necessidade de introduzir outra notação, que consistiu em acrescentar
um ou dois traços à representação do algarismo 10, ou então considerando o duplo de uma das
representações do algarismo 50.
Com efeito, o sistema de numeração que deu origem ao sistema romano hoje conhecido, tinha a seguinte
forma:
Ao longo do tempo, este sistema foi sujeito a diversas transformações gráficas até originar o sistema romano
que chegou até nós.
Inicialmente a numeração romana foi baseada no princípio da adição, como mostra o exemplo:
MMMDCCCCXXXXVIIII = 3 949
Numa fase posterior, de forma a simplificar a notação, foi introduzida uma notação seguindo o princípio
subtractivo. Assim sendo, a representação do número anterior passou a ser:
MMMCMXLIX
Para números maiores, os romanos adoptaram duas representações gráficas possíveis:
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Foi assim que, pouco a pouco, os romanos foram conquistando a península Itálica e o restante da Europa,
além de uma parte da Ásia e o norte de África.
Apesar da maioria da população viver na miséria, em Roma havia luxo e muita riqueza, usufruídas por uma
minoria rica e poderosa (roupas luxuosas, comidas finas e festas grandiosas faziam parte do dia-a-dia da elite
romana).
Foi nesta Roma de miséria e luxo que se desenvolveu e aperfeiçoou o número concreto, que vinha sendo
usado desde a época das cavernas.
Como foi que os romanos conseguiram isso?
I V X L C D M
Eles combinaram estes símbolos para formar o seu sistema de numeração, que se baseava em sete números-
chave:
I tinha o valor 1.
V valia 5.
X representava 10 unidades.
L indicava 50 unidades.
C valia 100.
D valia 500.
M valia 1.000.
Quando apareciam vários números iguais juntos, os romanos somavam os seus valores.
II = 1 + 1 = 2
XX = 10 + 10 = 20
XXX = 10 + 10 + 10 = 30
Quando dois números diferentes vinham juntos, e o menor vinha antes do maior, subtraíam os seus
s eus valores.
IV = 4 porque 5 - 1 = 4
IX = 9 porque 10 – 1 = 9
XC = 90 porque 100 – 10 = 90
Mas se o número maior vinha antes do menor, eles somavam os seus valores.
VI = 6 porque 5 + 1 = 6
XXV = 25 porque 20 + 5 = 25
XXXVI = 36 porque 30 + 5 + 1 = 36
LX = 60 porque 50 + 10 = 60
Ao lermos o cartaz, retiramos a informação de que o exército de Roma fez,
numa certa época, MCDV prisioneiros de guerra. Para ler um número como
MCDV, os romanos faziam os seguintes cálculos:
5.4.4. O s milhares
Como se verifica, o número 1.000 era representado pela letra M. Assim, MM correspondiam a 2.000 e
MMM a 3.000.
E os números maiores que 3.000?
Para escrever 4.000 ou números maiores que ele, os romanos usavam um traço horizontal sobre as letras que
representavam esses números.
Um traço multiplicava o número representado abaixo dele por 1.000. Dois traços sobre o M davam-lhe o
valor de 1 milhão.
O sistema de numeração romano foi adoptado por muitos povos, mas, ainda, era difícil efectuar cálculos com
este sistema.
Por isso, matemáticos de todo o mundo continuaram a procurar intensamente símbolos mais simples e mais
apropriados para representar os números.
E como resultado dessas pesquisas, aconteceu na Índia uma das mais notáveis invenções de toda a história
da Matemática: O sist
sisteema de nu
num
mer ação
ção decim
cimaal.
Para representar
dezenas, umetc.,
centenas, número nestenúmero
que esse ábaco,tinha
as fichas eramsedispostas
(quando atingiampor
as colunas segundo
dez fichas as unidades,
numa coluna estas
eram substituídas por uma ficha na coluna de grandeza imediatamente superior).
Posteriormente, com vista a simplificar a representação, acrescentou-se uma linha sobre as ordens
de grandeza onde cada ficha colocada valia metade da grandeza imediatamente superior. Na linha
inferior, cada ficha valia uma unidade da ordem
correspondente.
Para clarificar as explicações anteriores, considerem-
se as seguintes representações do número 4537.
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Pensa-se que a escolha dos símbolos usados na representação dos algarismos chineses, ficou a dever-se à
sem
semelha
lhanç
nçaa foné
fonéttica que existia entre o símbolo e a
palavra oral correspondente aos algarismos. Este
facto poderia explicar a escolha de um homem para
representar o 1 000.
Mas esta não é a única explicação: a escolha dos
símbolos pode também ter sido de ordem religiosa.
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Para evitar os equívocos que esta representação poderia suscitar (por exemplo a representação do 12 poderia
ser confundida com a do 3, ou com a do 21), a notação foi reformulada do
modo seguinte:
Mais tarde, para distinguir as ordens das unidades, decidiu-se representar as ordens de grandeza
intercaladamente, com barras verticais e horizontais. As unidades simples, as centenas, as dezenas de milhar,
etc, eram representadas através de barras verticais, as dezenas, os milhares, as centenas de
milhar, etc. eram representadas por barras horizontais. Para tal elucidar, considere-se a
representação do número 174:
No entanto, continuaram a surgir equívocos, principalmente nos
nos casos em que o zero, desconhecido na altura,
intervinha na representação do número,
como por exemplo:
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Na divisão, o divisor era colocado na linha de baixo, o dividendo na do meio e o quociente na de cima. Es
Este
te
último obtinha-se retirando do dividendo os resultados dos produtos parciais.
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A divisãoencontrado
resultado consistia em subtrair-se
o quociente o divisor do dividendo o maior número de vezes possível, sendo o
pretendido.
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O sub continente indiano foi berço de uma das mais antigas civilizações do mundo, cobrindo uma área
maior que a do Egipto e da Suméria.
São do 3º milénio a.C. os primeiros vestígios matemáticos da civilização que se desenvolveu no vale do rio
Indo. Na verdade, cerca de 2500 a.C., os harapas adoptaram um sist
sisteema d
deecima
cimal (pelo menos é o que as
investigações parecem indicar) de pesos e medidas.
Entre 1500 a.C. e o século VII da era cristã, dá-se uma invasão dos arianos (povo nómada da Ásia central).
Mais tarde foi formada a civilização védica que resultou da fusão dos arianos com os povos que viviam na
planície indo-gangética. Desta época foram encontrados os Vedas, conjunto de textos sagrados e os
primeiros textos científicos - os Vedangas e os Sulbasutras (estes últimos descreviam algumas regras
matemáticas, tais como a construção de um quadrado com área igual à de um rectângulo dado, que eram
utilizadas na construção precisa de altares para sacrifícios).
Por volta 500 a.C. a civilização védica começa a entrar em decadência devido ao desenvolvimento das
religiões budista e jainista, acompanhada pelo declínio da Mat
Mateemáti ca V édica. O florescimento da escola
jainista tem como resultado o estudo da teoria dos números, permutações e combinações e o
desenvolvimento de uma teoria do infinito. Porém, é no período clássico da civilização hindu, entre os
séculos V e XII que se deu o maior desenvolvimento do estudo das ciências, da filosofia, da medicina, da
literatura e, em particular, da matemática tendo aparecido matemáticos notáveis como Aryabata,
Bramagupta, Mahavira e Bhaskara.
Para multiplicar, primeiramente dispunham-se os dois números na prancheta de modo a que o primeiro
algarismo (da direita) do número de baixo ficasse sempre sob o último algarismo (da esquerda).
Seguidamente procediam-se a tantas etapas quantas as ordens decimais que houvesse no multiplicando, cada
uma subdividindo-se em tantos produtos
produtos quantos o número de algarismos do multiplicador. Sucessivamente
apagavam-se os resultados dos cálculos int ermédios.
Considere-se a multiplicação 421×53:
No final de cada etapa avançavam todos os algarismos do multiplicador, uma casa à direita. A verde estão
indicados os produtos efectuados e a negrito os respectivos resultados obtidos.
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O procedimento de Brâskarâchârya
Este processo de multiplicação era designado
por sthânakhanda (separação das posições) e consiste num método análogo ao anterior. No entanto, os
algarismos do multiplicador são dispostos e
multiplicados separadamente, tal como se
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O procedimento de Brahmagupta
Este método de multiplicar, designado por gomûtrika (semelhante à trajectória da urina da vaca), consiste em
formar tantas linhas quantos os algarismos do multiplicador, nas quais se dispõem, de cima para baixo, os
algarismos do multiplicador. Em cada uma das linhas coloca-se o multiplicador com uma translação para a
direita de uma coluna. Multiplicando cada um dos algarismos do multiplicador pelos do multiplicando e
somando estes resultados obtemos o resultado da multiplicação.
Vejamos o seguinte exemplo: 457×123
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O Mundo Árabe é uma região rica em cultura e tradições, que participou activamente no desenvolvimento da
cultuira Europeia desde a Idade Média até o Século XV.
Povo nómada por excelência, os árabes foram constituindo uma civilização no decorrer de sua expansão,
graças à assimilação profícua de conhecimentos aportados por povos de regiões muito mais adiantadas
culturalmente, como a Síria, o Egipto ( salientando-se a cidade de Alexandria, um dos maiores depósitos da
cultura antiga) e a Pérsia.
Da cultura grega, por exemplo, os árabes inteiraram-se da Matemática, da Filosofia, das Ciências,
ampliando-as fundamentalmente pela incorporação de novos conceitos no campo da Aritmética e da Álgebra
e pelo alargamento da investigação e da análise de resultados na Medicina e na Astronomia.
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O ábaco de Gerbert era idêntico ao ábaco dos romanos, no entanto, as várias fichas necessárias para
representar os números para os romanos, foram substituídas por fichas únicas nas quais estavam inscritos os
algarismos árabes.
Nos seus cálculos os árabes começavam por colocar o multiplicando na linha inferior e o multiplicador na
linha superior distribuindo os seus algarismos pelas colunas das respectivas unidades de grandeza.
Era então efectuada a multiplicação do algarismo das unidades do multiplicador por todos os algarismos do
multiplicando e os produtos parciais obtidos eram registados no ábaco. Posteriormente, o processo repetia-se
multiplicando o algarismo das dezenas do multiplicador pelos algarismos do multiplicando, e assim
sucessivamente. Ao somar todos os produtos parciais obtinham o resultado da multiplicação que se
pretendia.
Consideremos a multiplicação 798 × 54:
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Simbad, o marujo, Aladim e sua lâmpada maravilhosa, Harum al-Raschid são nomes familiares para quem
conhece os contos de A
Ass mil
mil e um
uma a no
noite
itess. Mas Simbad e Aladim são apenas personagens do livro, Harum
al-Raschid realmente existiu. Foi o califa de Bagdad, do ano 786 até 809.
Durante o seudereinado
guerra, livros diversososcentros
povos científicos
árabes travaram uma séria
foram levados paradeBagdad
guerrase de conquista.
traduzidos paraEacomo
línguaprémios
árabe. de
Em 809, o califa de Bagdá passou a ser al-Mamum, filho de Harum al-Rahchid. Al-Mamum era muito
vaidoso, dizia com toda a convicção.
“ Não há ninguém mais
mais culto em todos os ramos do saber do que eu”.
ramos
Como era um apaixonado da ciência, o califa procurou tornar Bagdad o maior centro científico do mundo,
contratando os grandes sábios muçulmanos da época.
Entre eles estava o mais brilhante mate
atemá
mátitico
co ár
árabe
abe de todos os tempos: al-Khwarizmi .
Estudando os livros de Matemática vindos da Índia e traduzidos para a língua árabe, al-
Khwarizmi surpreendeu-se a princípio com aqueles estranhos símbolos
que incluíam um ovo de ganso!
Logo, al-Khwarizmi compreendeu o tesouro que os matemáticos hindus haviam descoberto. Com aquele
sistema de numeração, todos os cálculos seriam feitos de um modo mais rápido e seguro. Era impossível
imaginar a enorme importância que essa descoberta teria para o desenvolvimento da Matemática
Os símbolos
originou – 0 latino
o termo 1 2 3algorismus – aficaram
4 5 6 7 8 , 9daí conhecidos
denominação como a. notaçã
de algarismo notação
oddee al-
al-KK hwar zmi i , de onde se
hwarii zm
São estes números, criados pelos matemáticos da Índia e divulgados para outros povos pelo árabe al-
Khowarizmi, que constituem o nosso sist
sisteema de
de num
numeeraçã
ração de
decim
cima
al, conhecidos como algarismo indo-
arábicos.
Pag.44 / 55
5
Vitorino Magalhães Godinho, Ensaios, Lisboa, Sá da Costa, 1978, vol. II, p. 55.
Godinho, Ensaios, Lisboa,
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Os
e otrabalhos
seu nomedefoial-Khwarizmi foram
traduzido em latimfonte
comode «Algorismi»
muitos termosoumatemáticos queaparecendo
«Algaritmi», se generalizaram no Ocidente
em textos ibéricos
medievais na forma «Alohorismi». Desses nomes resultou o termo «algoritmo», que designa um
procedimento sistemático para resolver um problema, habitualmente
habitualmente numérico (e.g., o algoritmo da divisão).
Em português o nome do matemático árabe originou também o termo «algarismo», usado para designar os
sinais gráficos numéricos (0,1,..., 9). Com esta acepção, o termo aparece já, por exemplo, na Peregrinação
de Fernão Mendes Pinto. Em castelhano usou-se «alguarismo», com o mesmo sentido, mas esse termo caiu
em desuso, originando «guarismo», que ainda hoje se usa.
O livro do matemático árabe é também responsável pela introdução no Ocidente de dois outros termos,
ambos derivados da palavra «çifr», adaptada do hindu «sunia», que significa «vazio». Através da latinização
«zephirum», este termo originou o nosso «zero», que aparece bastante tarde. De «çifr» gerou-se, ainda, o
termo «cifra», que em português significava também zero e que na nossa língua hoje designa quantidade,
cálculo ou sinal convencional.
Al-Khuarizmi foi um dos primeiros matemáticos árabes, mas não foi um dos mais criativos. A sua maior
fama e influência deve-se ao facto de ter sido um precursor e, portanto, uma figura de referência. Em
português o seu trabalho perpetua-se através de vários termos, tal como acontece noutros países. Mas na
nossa língua sobrevive singularmente com a palavra algarismo, que não tem uso semelhante noutras línguas
europeias.
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Desde o início o homem sentia necessidade de contar, ou seja, tinha noção de quantidade e por isso sempre
criava constantemente métodos para auxiliarem seus cálculos. Esses métodos variaram, como já referido
anteriormente, desde utilizar pedras ou mesmo os dedos para fazer uma relação com os objectos a serem
contados até a invenção de máquinas para auxiliar e agilizar os cálculos.
Qualquer computador digital, independente do tamanho ou finalidade a que se destina, significa, em sua
essência, um sistema de tráfego de informações expresso em zeros (0) e uns (1).
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Podemos analisar o quão importante teve a participação de G.W. Leibniz na história da informática,
auxiliando a Linguagem de Programação, dando o inicio ao sistema binário que até hoje temos.
A sua calculadora de rodas dentadas foi projectada para trabalhar com números decimais, mas Leibniz nunca
a converteu para números binários, talvez intimidado pelas longas cadeias de dígitos criadas por esse
sistema. Como apenas os dígitos zero e um são utilizados, o número 8, exemplo, torna-se 1000 quando
convertido em binário, e o equivalente binário do número decimal 1000 é a incómoda cadeia 1111101000.
Para Leibniz, o número um representava Deus; zero corresponderia ao vazio - o universo antes que existisse
qualquer outra coisa a não ser Deus. Tudo proveio do um e do z zeero, assim como o um e o z
zeer o podem
expressar todas as ideia matemáticas.
Em 1841, mais de um século após a morte de Leibniz, um matemático inglês autodidacta chamado George
Boole retomou vigorosamente a procura de uma linguagem universal.
rodas dentadas,
trabalho Leibniz, entãodescrevia
que, modestamente, com 20 anos,
comoesboçou um
um ensaio
de estudante.
Denominado de Arte Combinatória (Sobre a Arte das
Combinações), esse pequeno trabalho delineava um
método geral para reduzir todo pensamento - de qualquer
tipo e sobre qualquer assunto - a enunciados de perfeita
exactidão. A lógica (ou, como ele a chamava, as leis do
pensar) seria então transposta do domínio verbal, que é
repleto de ambiguidades, ao domínio da matemática, que
pode definir com precisão as relações entre objectos ou
enunciados. Além de propor que todo p peensa
nsamento
nto
se tornasse , Leibniz invocava "uma
racional
espécie de linguagem matemá
matemáti
outico
coescrita universal, mas
infinitamente diversa de todas as outras concebidas até
agora, isso porque os símbolos e até mesmo as palavras nela envolvidas estariam relacionadas com a
exactidão, e os erros, excepto os factuais, seriam meros erros de cálculo. Seria muito difícil formar ou
inventar essa linguagem, mas também seria muito fácil compreendê-la sem utilizar dicionários".
7.2. R efinamento
efinamento do Sistema Binário
Seus contemporâneos, talvez perplexos, talvez se sentindo insultados por suas ideias, ignoraram esse ensaio,
e o próprio Leibniz, ao que parece, nunca voltou a retomar a ideia da nova linguagem. Uma década mais
tarde, porém, ele começou a explorar de uma nova maneira as potencialidades da matemática, concentrando-
se em aprimorar o sistema binário. Enquanto trabalhava, transcrevendo laboriosamente fileiras após fileiras
adeatenção.
númerosTratava-se
decimais transformados em binários,
de um comentário sobre o era estimulado
venerável livropor um manuscrito
chinês secular
"I Ching, ou Livroque
daslhe chamara
Mutações",
que procura representar o universo e todas as suas complexidades por meio de uma série de dualidades:
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contrastando luz e trevas, macho e fêmea. Encorajado por essa aparente validação de suas próprias noções
matemáticas, Leibniz continuou aperfeiçoando e formalizando as intermináveis combinações de uns e zeros,
que constituíram o mode
oder no siste
si stem
ma b
bii nári
nári o.
No entanto, não obstante toda a sua genialidade, Leibniz não conseguiu descobrir nenhuma utilidade
imediata para o produto dos seus esforços.
Mas, você nunca viu um processador com dez dedos, viu?! Os computadores de uma forma geral e qualquer
outra máquina controlada por um processador, trabalham com sistema binário, composto apenas pelos
números um e zero. E foram estes dois números que deram origem à lógica booleana!
Como as chances de Boole ingressar em uma faculdade eram poucas ele decidiu tornar-se padre. Embora não
se tenha formado como religioso, os quatro anos de preparação eclesiástica abriram-lhe as portas, mas foi na
Matemática, ensinada por seu pai, que ele encontrou sua verdadeira vocação.
Por iniciativa própria, George Boole passou a estudar as operações matemáticas de forma diferente,
separando todos os símbolos das coisas sobre as quais eles operavam, com o intuito de criar um sistema
simples e totalmente simbólico. Surge assim a lóg
lógii ca mate
matem
mática.
Boole, ainda, é considerado um homem genial por estudiosos da matemática, mas como a Lógica de Boole
(ou lógica booleana) utiliza um sistema numérico binário, na época de sua descoberta não foi utilizada. Com
o surgimento do computador, a utilização do sistema binário tornou-se indispensável e, obviamente, a lógica
de Boole passou a ter aplicação prática!
Assim, tal como o bem e o mal, o claro e o escuro, o fácil e o difícil, o certo e o errado são opostos, com 0 e
1 não seria diferente.
Na lógica Booleana, o zero representa falso, enquanto o um representa verdadeiro. Para trabalhar com esses
valores e torná-los algo lógico, que possa ser aplicado, são necessárias as chamadas Portas Lógicas!
A maneira mais fácil de criar fisicamente estas portas lógicas citadas no texto é através
de relés, dispositivos electromecânicos formados por ímanes e um conjunto de
contactos.
Os primeiros computadores utilizavam este dispositivo para a implementação das
portas lógicas, mas hoje em dia o processo é mais avançado.
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Assim,
mesmasooperações
processador realiza
com somasComo
decimais. e subtracções binárias,
não existem que funcionam
as operações de forma muito
de multiplicação semelhante
e divisão binária, àso
processador trabalha com somas (para a multiplicação) e subtracções (para
(para a divisão) sucessivas.
Por exemplo: para fazer a operação 2 x 5, o processador vai somar cinco vezes o número dois. Da mesma
forma, para realizar a operação 10 / 2, o processador subtrai o valor dois (do número dez) até que o resultado
seja zero.
Todo o funcionamento de um computador digital é baseado no cálculo binário. O sistema de numeração
binário (ou sistema de base 2) é formado por dois dígitos: o 0 e o 1.
Os dígitos binários 0 e 1 são habitualmente designados por bits. Um número binário constituído por 8 bits é
designado por byte, um número binário de 16 bits é uma word, e um de 32 bits, uma double word.
Para contar em decimal, usamos intuitivamente um algoritmo muito simples: supondo que temos um
contador por cada posição, todos inicializados a 0. Começamos a incrementá-los da direita para a esquerda.
Quando o contador em qualquer posição ultrapassar o valor 9 (valor do símbolo mais elevado no caso do
sistema decimal), o contador relativo a essa posição juntamente com todos os contadores à direita voltam a
zero e o contador que ocupa a posição imediatamente à esquerda, é incrementado 1 unidade.
Para contar em binário seguimos as mesmas regras, ou seja, obtemos a sequência: 0000, 0001, 0010, 0011,
0100, 0101, 0110, 0111, 1000, etc
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9 . C onclusão
Numa tradição que remonta a Pitágoras, os matemáticos especialistas em “teoria de números”, praticam-no
actualmente com toda a legitimidade nas universidades e nos centros de investigação. Essa teoria encontrou
inúmeras aplicações a partir da II Guerra, com o desenvolvimento dos computadores. Mas mesmo antes,
quando não havia quaisquer aplicações à vista, matemáticos famosos de todos os séculos “brincaram aos
números”, tal como faziam os pitagóricos, estabelecendo propriedades dos números inteiros, embora sem
lhes atribuir qualquer significado místico.
É também,
facto, de certa
durante forma,período
um longo um paradoxo cultural,
histórico, desde oo gosto de algunsaté
Renascimento matemáticos
aos nossospela
dias,teoria de números.
a grande De
motivação
para a matemática foi o estudo de fenómenos físicos e naturais, ou como às vezes se diz, o estudo do “real”.
Mas alguns dos matemáticos que trabalharam em problemas “reais” não deixaram, por isso, de estudar os
números e de se encantar com as suas propriedades. F er mat é
é um desses matemáticos, frequentemente citado
nestes últimos anos, precisamente por causa de um célebre teorema em “ teoria de números”.
Leibniz, que também produziu trabalhos fundamentais no estudo matemático de fenómenos físicos, afirmou:
“não há hom
homens
ens m
mai
aiss iinteli
nteliggentes
entes do q
que
ue a
aque
queles
les que são capa
capaze
zess de inve
inventar
ntar j ogos. É aí que o seu
seu
espírito se manifesta mais livremente. Seria desejável que existisse um curso inteiro de jogos tratados
matematicamente”.
No nosso quotidiano usamos os números sem, no entanto, pensar sobre eles. De facto, mesmo não pensando
sobre eles, a vida, tal qual ela se nos apresenta hoje, seria impensável sem a primordial convivência com os
números.
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Todas aquelas simples operações que executamos quotidianamente, como um simples pressionar de um
botão num comando de TV, numa caixa Multi
Multibanco,
banco, num teclado ou “rato” de um computador, no GPS do
nosso automóvel, tornaram-se tão banais que nos abstraímos dos números que lhes estão associados,
especialmente o zero (0) e o um (1).
O facto é que o progresso da humanidade envolveu e sempre envolverá este mistério “os números”. De todas
as invenções que a humanidade produziu e continua a produzir, os números ocuparão sempre um lugar
primordial, mesmo que discretos, mesmo que despercebidos,
despercebidos, sabemos que eles estão presentes.
Cremos poder afirmar que após a descoberta dos números, especialmente a representação do “nada” (o
número zero (0), pelos hindus), a humanidade sofreu uma evolução exponencial.
Se olharmos para o percurso da humanidade, a fracção que medeia a “explosão” dos números e os nossos
dias, não é mais do que uma ínfima parte da nossa história, no entanto, os resultados evolutivos alcançados
foram astronómicos.
Impreterível a pergunta que não quer calar: seria a humanidade capaz de conceber o modo de vida hoje, sem
a presença dos dilectos números?
Julgamos óbvia a resposta.
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