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A letra “N” em registros paroquiais: negros nos sertões?

Investiga os significados possíveis da letra “N”, colocada pelos sacerdotes, ao lado de registros
paroquiais da Freguesia do Seridó, Sertão do Rio Grande do Norte, no período de 1788 a 1838.
Parte da constatação de uma quase ausência da qualidade de “negro” ou “negra” nas fontes
paroquiais referidas, mas, ao mesmo tempo, da presença da letra “N” ao lado de alguns
registros. Assume que tais constatações podem ser contextualizadas nas práticas do Antigo
Regime ligadas à distinção de pessoas por meio de qualidades e condições, como discute
Eduardo Paiva, de quem, também, utiliza o aporte teórico ligado à discussão sobre dinâmicas
de mestiçagens. Em termos de metodologia, adotou a História Serial e Quantitativa como
abordagens básicas de consulta de indivíduos com a qualidade “N” e, posteriormente, o
Método Onomástico, para cruzamento de informações nos livros de batizado (1803-1806;
1814-1818; 1818-1822), casamento (1788-1809; 1809-1821) e óbito (1788-1811; 1812-1838).
Constatou que, no território da Freguesia do Seridó, a letra “N” denominou pessoas oriundas
de diversos processos de dinâmicas de mestiçagens, como as de condição escrava e de
condição livre – dentre as quais, ascendentes, com o sobrenome Fernandes da Cruz, da atual
comunidade quilombola de Boa Vista dos Negros, de Parelhas-RN. Adota a hipótese, assim, de
que a letra N indique a qualidade de “negro” ou “negra” para pessoas, livres e escravas, na
Freguesia do Seridó.

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