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CDU615
farmacêutica
na farmácia
• I •
comun1tar1a
Versão impressa
desta obra: 2013
2013
© Artmed Editora Ltda., 2013
Gerente editorial
Letícia Bispo de Lima
Colaboraram nesta edição:
Editora
Dieimi Deitas
Preparação do original
Paula Rodriguez Simões
Leitura final
Camila Heck
Ilustrador
Gilnei Cunha
Capa
Maurício Pamplona
Projeto gráfico e editoração
Armazém Digital®Editoração Eletrônica - Roberto Vieira
Cassyano J. Correr
Farn1acêutico clinico. Professor do Departamento de Farmácia da UFPR e do Ambulatório de Aten-
ção Farmacêutica do Hospital das Clínicas de Curitiba da UFPR. Mestre em Ciências Farn1acêuticas
e Doutor e1n Ciências da Saúde (Nledicina Interna) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Pós-doutor em Sócio-farmácia pela Universidade de Lisboa.
Michel F. Otuki
Farmacêutico. Professor adjunto da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Doutor em
Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-doutor em Farmacologia
pela UFPR.
Cassyano J. Correr
Farn1acêutico clinico. Professor do Departamento de Farmácia da UFPR e do Ambulatório de Aten-
ção Farmacêutica do Hospital das Clínicas de Curitiba da UFPR. Mestre em Ciências Farn1acêuticas
e Doutor e1n Ciências da Saúde (Nledicina Interna) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Pós-doutor em Sócio-farmácia pela Universidade de Lisboa.
Michel F. Otuki
Farmacêutico. Professor adjunto da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Doutor em
Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-doutor em Farmacologia
pela UFPR.
Parte 1
O MODELO TRADICIONAL DE PRÁTICA:
DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Parte2
ATENÇÃO FARMACÊUTICA E O NOVO MODELO DE PRÁTICA
Parte3
CONTEÚDOS COMPLEMENTARES
17 . . v1'tais
S1na1s . c.apilar..................................................................................... .397
. e gl'1cem1a
Andréia Cristina Conegero Sanches, Cassyano f. Correr
Dimensão Dimensão
comercial técnica
Farmácia
comunitária
Dimensão Dimensão
sanitária social
FIGURA 1.1
Dimensões da farmácia comunitária no Brasil
Adequadamente
prescritos/
Medicamentos
indicados
acessíveis
Medicamentos
de qualidade Adequadamente
dispensados
Antes do uso
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Durante o uso
Informações
disponíveis para
Monitoração utilização
da segurança
Monitoração
da efetividade
FIGURA 1.2
Necessidades da população relacionadas aos medicamentos, no ambito individual e coletivo.
A prótica farmacêutica na farmóda comunltórla S
pêutico de forma segura e racional, várias farmácia, sendo uma das principais exigên-
ações ligadas à gestão do produto, do pro- cias a contratação de um farmacêutico res-
cesso de uso e dos resultados devem aconte- ponsável para atuar durante todo o período
cer no tempo certo e com a qualidade certa. de funcionamento. A presença e a atividade
A primeira e mais básica dessas necessida- dos farmacêuticos devem ser fiscalizadas
des consiste em produzir e disponibilizar pelos Conselhos Regionais de Farmácia. As
medicamentos que atendam a padrões de normas sanitárias e as boas práticas farma-
qualidade predefinidos. Isso vale tanto para cêuticas são fiscalizadas pela Vigilância Sa-
aqueles industrializados como para os me- nitária do Município. Não existem regras
dicamentos manipulados nas farmácias co- claras no Brasil com relação à avaliação da
munitárias. Esses produtos também devem localização, à densidade populacional ou ao
ser adequadamente prescritos ou indicados, número de estabelecimentos já existentes
para fins terapêuticos definidos, estar aces- para abertura de novas farmácias. 4
síveis à população (a preços justos ou aces- O número de farmácias cresce no Bra-
so gratuito) e devem ser adequadamente sil anualmente, porém, em ritmo mais lento
dispensados, respeitando-se as exigências nos últimos anos. De 2004 a 2009, o núme-
legais e as boas práticas de farmácia. ro de estabelecimentos passou de 62.454
A dispensação deve garantir o direito para 79.010, em um crescimento de quase
à informação sobre o medicamento. Essas 20o/o em cinco anos. Em todo o País, 25°!-0
informações devem estar disponíveis tam- das farmácias são de propriedade de farma-
bém na bula de cada medicamento, com cêuticos. Segundo dados de 2004, a Região
legibilidade, e por o utros meios, como ma- Sul apresenta a maior proporção de farma-
teriais educativos impressos ou mídias ele- cêuticos proprietários (34,7%), com o Esta-
trônicas. Por fim, a efetividade e a segurança do do Paraná em primeiro lugar no País
da farmacoterapia devem ser avaliadas du- (41,6%). Em contraste, a Região Norte apre-
rante o processo de uso, a fim de detectar senta a menor proporção regional (7,4%), e
desvios, falhas ou erros que possam ser so- o Estado do Piauí (Região Nordeste), apre-
lucionados, garantindo a obtenção de des- senta a menor do País (3,1%). O Conselho
fechos positivos. A farmácia comunitária Federal de Farmácia (CFF) diferencia os
encontra-se em uma posição estratégica e é estabelecimentos em farmácias e drogarias
capaz de atender a pra ticamente todas essas (79.010), centradas na dispensação de me-
necessidades. A manipulação de medica- dicamentos industrializados; farmácias de
mentos, a dispensação de medicamentos manipulação magistral (7.164); e farmácias
prescritos e isentos de prescrição, a infor- homeopáticas (1.082). 5 Considerando a po-
mação ao paciente e os serviços farmacêuti- pulação brasileira, há, no País, aproxima-
cos clínicos são ações próprias desses esta- damente, uma farmácia para cada 2.400
belecimentos que os tornam essen ciais para habitantes. Há mais do que o dobro de farmá-
o suprimento dessas necessidades.
As regras sobre propriedade, empresa
e serviços farmacêuticos das farmácias no O número de farmácias cresce no Brasil
País obedecem a regulamentações federais, anualmente, porém, em ritmo mais lento
enquanto fiscalização sanitária e regras de nos últimos anos. De 2004 a 2009, o nú-
tributação de produtos podem variar de mero de estabelecimentos passou de
62.454 para 79.010, em um crescimento
acordo com o Estado e o município. Qual- de quase 20% em cinco anos.
quer cidadão pode ser proprietário de uma
6 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
cias no País que o recomendado pela Or- construído áreas privadas ou semiprivadas
ganização Mundial da Saúde (OMS), com para atendimento de pacientes (Fig. 1.3)6.
maior concentração de estabelecimentos O número atual de farmacêuticos no
nas regiões mais desenvolvidas. Brasil é de aproximadamente 133 mil, o que
O tempo de funcionamento de uma representa um farmacêutico para cada 1.400
farmácia brasileira típica gira em tomo de 68 habitantes.5 Os três Estados com maior nú-
horas por semana. Nas capitais e grandes ci- mero de profissionais são São Paulo, Minas
dades, há farmácias com funcionamento 24 Gerais e Paraná. Nas Regiões Sul, Sudeste e
horas, enquanto em cidades do interior é co- em vários Estados do Nordeste, há número
mum as farmácias realizarem plantões alter- de profissionais suficiente para atender a
nados entre si, em feriados e finais de sema- todas as farmácias existentes. Em contraste,
na. Além da venda de medicamentos, os ser- alguns Estados do Centro-Oeste e do Norte
viços mais comuns prestados em farmácias do País sofrem falta de profissionais far-
são a aplicação de injetáveis e pequenos macêuticos, o que impede a assistência far-
curativos, a nebulização e a medida da pres- macêutica em todos os estabelecimentos.
são arterial. A planta baixa típica de uma far- Em dezembro de 2009, havia, no Brasil,
mácia inclui um balcão de atendimento, 17o/o de farmácias irregulares, sem a presen-
uma sala de injetáveis, armário ou sala de ça integral do farmacêutico. Os Estados
psicotrópicos, estoque de medicamentos, com maior ausência de farmacêuticos nas
área de perfumaria e autoatendimento, copa, farmácias são Piauí (50%), Maranhão
banheiros para clientes e escritório adminis- (36%), Ceará (31 %) e Pará (25,6%). No Es-
trativo. Mais recentemente, farmácias têm tado de São Paulo, que tem o maior núme-
1 1
~ \_ Banheiro
1
Área de recepção
de materiais
(.)
ll -
i '
Serv. farm.
injetáveis
Área de dispensação Área administrativa
-
Armazenamento 1
\
1
Copa
Contro- Materiais
lados _ Vestiário\_
de limpeza
\ li li
FIGURA 1.3
Planta baixa típica de uma farmácia comunitária (escala 1:50).
Fonte: Reproduzida de Santos e Dupin.6
A prótica farmacêutica na farmócla comunltórla 7
rode estabelecimentos do País, a irregulari- dem de 2 bilhões por ano, e todo o setor
dade chega a 1Oo/o. Os três Estados com emprega cerca de 40 mil pessoas.9 A Região
maior cobertura farmacêutica nas farmá- Sudeste é responsável pelo maior fatura-
cias são Paraná (1,6% de ausência), Minas mento das farmácias brasileiras, com desta-
Gerais (3,6º/o) e Rio Grande do Sul (3,7º/o). 7 que para o interior de São Paulo, que res-
Estudos desenvolvidos na Região Sul ponde por 19% de todo o comércio farma-
encontraram, em média, 1,4 farmacêutico e cêutico nacional. A margem de lucro bruta
3,5 auxiliares por farmácia. 8 Há relatos de de uma farmácia gira em tomo de 27%, en-
farmácias e drogarias em que essa propor- tretanto, políticas de descontos ao consu-
ção chega a 1:14. Com relação à equipe de midor e condições de compra junto a distri-
auxiliares, a profissão de técnico em farmá- buidoras e indústria farmacêutica fazem es-
cia não se encontra regulamentada no sa margem ser mui to variável. A distribuição
Brasil, e não existe legislação específica refe- desse faturamento em relação à população e
rente à necessidade de formação para atuar ao número de farmácias e de farmacêuticos
como atendente. Em geral, estes têm baixa encontra-se na Tabela 1.1.
escolaridade e pouco, ou nenhum, treina-
mento específico para a função.
O mercado farmacêutico no Brasil é QUALIDADE DOS SERVIÇOS
um dos cinco maiores do mundo. Segundo DA FARMÁCIA NO BRASIL: O
dados de 2007, as farmácias privadas movi- QUE AS PESQUISAS MOSTRAM?
mentam cerca de US$ 1O bilhões por ano.
Apenas 4,4% das farmácias pertencem a re- É pequeno o número de pesquisas no Brasil
des, mas estas respondem por 22% do fatu- sobre a prática farmacêutica em farmácias
ramento total do segmento. As vendas de comunitárias. Considerando-se a impor-
produtos não medicamentosos são da or- tância desse estabelecimento como recurso
utilizado pela população para cuidados
com a saúde, conhecer suas características,
11 O mercado farmacêutico no Brasil é um dos dificuldades e como a prática farmacêutica
cinco maiores do mundo. Segundo dados
~ de 2007, as farmácias privadas movimen-
tam cerca de US$ 1Obilhões por ano.
se desenvolve é necessário para seu aprimo-
ramento. A dispensação alcança seu objeti-
vo quando o medicamento correto e em
TABELA 1.1
Porcentagem da população, distribuição de farmácias
comunitárias e faturamento de acordo com a região brasileira
~
presaição médica estão os analgésicos, des-
congestionantes nasais, anti-inflamatórios cas, o serviço de informação mais consulta-
e anti-infecciosos de uso sistêmico. do. A falta de tempo é a principal limitação
da busca de informação, e o farmacêutico,
10 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otuld
brasileiras, tanto por farmacêuticos como apresentado, o que demonstrava falta de re-
por balconistas. A presença de tarja verme- lação entre o diagnóstico e a conduta reali-
lha nas embalagens secundárias dos medi- zada pelo atendente. 22
camentos com a inscrição "venda sob pres- Outros achados de igual significado
crição médica" costuma ser simplesmente têm sido encontrados por todo o País para
ignorada. Um estudo recente a esse respeito problemas de saúde como tosse, dor de den-
relata que pacientes simulando sintomas de te, infecções respiratórias e doenças sexual-
rinossinusite acompanhada ou não de febre mente transmissíveis. 23 -26 As falhas de co-
receberam indicação de antibiótico em 58o/o nhecimento e conduta dos auxiliares de far-
das farmácias, chegando esse índice a 780,fo mácia também são notórias, e experiências
quando o paciente insistia na compra do educativas sobre esses profissionais mostra-
medicamento. Em 65,4% das farmácias, o ram-se insuficientes.27 O aspecto essencial-
atendimento foi realizado por um farma- mente comercial das farmácias, incluindo o
cêutico, e, em 84,2% dos casos, este reco- pagamento de comissões por vendas, e o
mendou o uso de um antibiótico. 20 Em Tu- baixo poder de influência do farmacêutico
barão (SC), observou-se que 85% das far- sobre as condutas da equipe de auxiliares
mácias vendem antibióticos sem prescrição são apontados como causas dessas distor-
médica, principalmente para o tratamento -
çoes.
de problemas dos tratos respiratório (62,8%) Em resposta a essa realidade, diversas
e urinário (12%). 21 Essa é uma realidade que iniciativas governamentais e institucionais
tende a mudar a partir da obrigatoriedade de têm buscado ampliar a qualidade da cadeia
retenção das receitas dos antibióticos recen- do m edicamento no Brasil, entre elas os
temente implantada pela Anvisa. avanços no setor de bulas e propaganda de
medicamentos, a implantação de um siste-
ma nacional de farmacovigilância, o aumen-
A presença de tarja vermelha nas embala- to nas exigências de qualidade para medica-
gens secundárias dos medicamentos com a
inscrição "venda sob prescrição médica" mentos similares e as ações de fomento à
costuma ser simplesmente ignorada. Um pesquisa e à formação de profissionais mé-
estudo recente a esse respeito relata que dicos e farmacêuticos voltados ao uso ra-
pacientes simulando sintomas de rinossi- cional de medicamentos e medicina basea-
nusite acompanhada ou não de febre rece-
beram indicação de antibiótico em 58% da em evidências. Especificamente no que
das farmácias, chegando esse índice a 78% diz respeito à prática farmacêutica, as ini-
quando o paciente insistia na compra do ciativas têm-se concentrado em ampliar a
medicamento. competência do farmacêutico no cuidado
dos pacientes e manejo da farmacoterapia,
Em Porto Alegre (RS), nas 160 farmá- a partir de formação e pesquisa, a fim de in-
cias visitadas por atores simulando pacien- tegrá-lo de forma mais efetiva à equipe de
tes, diante do relato de dor de garganta, saúde.
63% das condutas foram consideradas in-
corretas. O número total de medicamentos
prescritos foi de 181, representados por 57 LEGISLAÇÃO E BOAS
, A
TABELA 1.2
Principal legislação sanitária que dispõe sobre medicamentos e a farmácia comunitária no Brasil
Norma Ementa
Decreto n2 74.170, Regulamenta a Lei n2 5.991, de 17 de dezembro de 1973, que dispõe sobre con-
de 1Ode junho de 1974 trole sanitário do comérc.i o de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos
e correlatos.
Lei n2 6.360, de Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as
23 de setembro de 1976 d rogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros
produtos, e dá outras providências.
Lei n12 6.368, de Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso inde-
21 de outubro de 1976 vido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou
psíquica, e dá outras providências.
Lei nº 6.437, de 20 Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções res-
de agosto de 1977 pectivas, e dá outras providências.
Decreto nl2 79.094, de Regulamenta a Lei nll 6.390, de 23 de setembro de 1976, que submete ao sis-
5 de janeiro de 1997 tema de vigilância sanitária medicamentos, insumos farmacêuticos, drogas,
correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros.
Decreto n2 83.239, Altera o Decreto n 2 79.094, de 5 de janeiro de 1997, que regulamenta a Lei n 2
de 6 de março de 1979 6.360, de 23 de setembro de 1976.
Lei nll 6.480, de Altera a Lei nl2 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância
1° de dezembro de 1977 sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farma-
cêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e dá outra provi-
ciência.
Lei nl2 9.787, de 1O Altera a Lei nl2 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigi lância
de fevereiro de 1999 sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de
nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências.
(continua)
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 13
Norma Ementa
Decreto nº 3. 181, de Regulamenta a Lei nt1 9.787, de 1O de fevereiro de 1999, que dispõe sobre a
23 de setembro de 1999 vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utiliza-
ção de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências.
Lei nt1 8.078 de Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências (código de
11 de setembro de 1990 defesa do consumidor).
Portaria Anvisa nt1 344, Aprova o Regulamento Técnico sobre Substâncias e Medicamentos Sujeitos a Con-
de 12 de maio de 1998 trole Especial
Portaria Anvisa nt1 802, Institui o Sistema de Controle e Fiscalização em toda a cadela dos produtos
de 8 de outubro de 1998 farmacêuticos.
Resolução Anvisa n° 306, Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de
de 7 de dezembro de 2004 Serviços de Saúde.
RDC Anvisa nt1 354, de Permite a manipulação de produtos farmacêuticos, em todas as formas farma-
18 de dezembro de 2003 cêuticas de uso interno, que contenham substâncias de baixo índice terapêu-
tico, aos estabelecimentos farmacêuticos que cumprirem as condições espe-
cificadas.
RDC Anvisa ng 67, Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magist rais e Ofici-
de 8 de outubro de 2007 nals para Uso Humano em farmácias (revoga a RDC ng 33/ 2.000) e já foi alte-
rada por outra mais recente:
RDC nll 27, de 30 Dispõe sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados
de março de 2007 - SNGPC, estabelece a implantação do módulo para drogarias e farmácias e dá
outras providências.
RDC n11 44, Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do fundo-
de 17 de agosto de 2009 namento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de
serviços farmacêuticos em fa rmácias e drogarias e dá outras providências.
Revoga a RDC nº 328, de 22 de julho de 1999, a RDC n° 149, de 11 de junho de
2003, a RDC nll 159, de 20 de junho de 2003, a RDC nt1 173, de 8 de julho de
2003 e a RDC nt1 123, de 12 de maio de 2005.
nos laboratórios d e análises clinicas, cam- • Art. 61. Além da dispensação, poderá ser
pos de atuação dos profissionais farmacêu- permitida às farmácias e drogarias a
ticos, alguns importantes avanços também prestação de serviços farmacêuticos
podem ser identificados. conforme requisitos e condições estabe-
As publicações mais recentes envol- lecidos nesta Resolução.
vendo serviços farmacêuticos e boas práti- • §1° São considerados serviços farma-
cas de farmácia são as resoluções do CFF nº cêuticos passíveis de serem prestados em
499, de 17 de dezembro de 2008, n° SOS, de farmácias ou drogarias a atenção fa rma-
23 de junho de 2009, e nº 44, de 17 de agos- cêutica e a perfuração de lóbulo auricu-
to de 2009. O CFF elenca na Resolução nº lar para colocação de brincos.
499, de 17 de dezembro de 2008, uma série • §2° A prestação de serviço de atenção
de atividades, entre elas: farmacêutica compreende a atenção far-
macêutica domiciliar, a aferição de pa-
1. Elaboração do perfil farmacoterapê uti- râmetros fisiológicos e bioquímico e a
co, avaliação e acompanhame nto da te- administração de medicamentos .
rapêutica farmacológica de usuários de • §3° Somente serão considerados regula-
medicamentos . res os serviços farmacêuticos devida-
2. Determinação quantitativa do teor san- mente indicados no licenciamento de
guíneo de glicose, colesterol total e trigli- cada estabeleciment o, sendo vedado uti-
cerídeos, mediante coleta de amostras de lizar qualquer dependência da farmácia
sangue por punção capilar, utilizando-se ou drogaria como consultório ou outro
de medidor portátil. fim diverso do licenciamento, nos ter-
3. Verificação de pressão arterial. mos da lei.
4. Verificação de temperatura corporal. • §4° A prestação de serviços farmacêuti-
S. Aplicação de medicamentos injetáveis. cos em farmácias e drogarias deve ser
6. Execução de procedimentos de inalação permitida por autoridade sanitária me-
e nebulização. diante prévia inspeção para verificação
7. Realização de curativos de pequeno porte. do atendimento aos requisitos mínimos
8. Colocação de brincos. dispostos nesta Resolução, sem p rejuízo
9. Participação em campanhas de saúde. das disposições contidas em normas sa-
10. Prestação de assistência farmacêutica do- nitárias complementar es estaduais e
miciliar. .. .
mun1c1pa1s.
• §S 0 É vedado à farmácia e à drogaria
Em junho de 2009, o CFF publicou a prestar serviços não abrangidos por esta
Resolução nº SOS, de 23 de junho de 2009, Resolução.
alterando parcialmente a Resolução nº 499, • Art. 62. O estabelecimento deve manter
de 17 de dezembro de 2008, retirando a de- disponível, para informar ao usuário, lis-
terminação d e colesterol total e trigliceríde- ta atualizada com a identificação dos es-
os da lista de serviços farmacêuticos autori- tabelecimentos públicos de saúde mais
zados. Coincidenteme nte, a Anvisa publi- próximos, contendo a indicação de ende-
cou, em agosto de 2009, a RDC nº 44, de 17 reço e telefone.
de agosto de 2009, regulamentand o a pres-
tação de serviços farmacêuticos em farmá- Na Seção 1 desse capítulo, a Anvisa de-
cias e drogarias em seu Capítulo VI: talha sua interpretação sobre como deve es-
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 19
Hospital
Hospital-dia
I , Farmácia
comunitária
Unicade ,. ,.
, ... ---...... ... •
básica de I
I ' '\
~:'
\
saúde \
1
1
'
1
'' \ I
1
\
\
Atendimento
domiciliar
FIGURA 1.4
Modelo esquemótico da rede de atenção à saúde, organizada por diversos pontos, coordenados pela
atenção primária à saúde. A farmácia comunitária só poderá integrar essa rede quando convertida
em estabelecimento de saúde.
preciso separar aqueles serviços prestados 2008) trata-se a atenção farmacêutica como
pela farmácia à população (serviços da far- uma nova prática farmacêutica, com pro-
mácia) daqueles diretamente ligados ao far- cesso de trabalho bem definido, que se ope-
macêutico (serviços farmacêuticos clíni- racionaliza pela prestação de um ou mais
cos). serviços farmacêuticos clínicos, centrados
A organização de serviços de atenção no paciente, cujo objetivo é promover o uso
farmacêutica na farmácia comunitária vem racional dos medicamentos e resultados te-
sendo discutida há anos no Brasil. Há inú- rapêuticos positivos, na perspectiva de redu-
meras experiências da implementação de zir a morbimortalidade relacionada aos me-
áreas privadas de atendimento, onde se rea- dicamentos e melhorar a qualidade de vida
lizam atendimento e acompanhamento de dos pacientes.
pacientes. De modo geral, há consenso de
que esses serviços ocorrem de forma inde-
pendente da dispensação e sob outra lógica CONSIDERAÇÕES FINAIS
de organização. Trata-se de gerenciar um
serviço, e não a venda de produtos. Há gru- As farmácias comunitárias no Brasil são,
pos no País trabalhando estritamente segun- atualmente, pontos comerciais que vendem
do os preceitos da escola americana, de Ci- medicamentos e produtos alheios, regidos
polle e colaboradores,40 enquanto outros por regras de mercado e regulamentações
têm seguido o Método Dáder para realização sanitárias. Há consenso de que esses estabe-
de acompanhamento farmacoterapêutico. 41 lecimentos apresentam alto potencial de in-
Há, ainda, uma compreensão crescente de tegração ao sistema de saúde, prestação de
que um modelo de prática clínica farmacêu- serviços de alta relevância social e que a
tica no Brasil deverá desenvolver-se de forma qualidade dos serviços hoje é inadequada.
integrada com o desenvolvimento do SUS e O trabalho profissional do farmacêu-
da assistência farmacêutica. tico, atualmente, é centrado na logística de
distribuição, dispensação de medicamentos
e na prestação de alguns serviços técnicos.
A organização de serviços de atenção far-
macêutica na farmácia comunitária vem
Sua prática, entretanto, vem sendo modifi-
sendo discutida há anos no Brasil. Há Inú- cada radicalmente nas últimas décadas, di-
meras experiências da implementação de recionando-se cada vez mais à clínica e ao
áreas privadas de atendimento, onde se paciente.
realizam atendimento e acompanhamen-
to de pacientes. A inserção do farmacêutico na equipe
de saúde e a provisão de serviços clínicos à
comunidade podem agregar um novo valor
Neste livro, é apresentada uma abor- ao uso de medicamentos e contribuir efeti-
dagem que não segue uma escola ou mode- vamente para seu uso racional no Brasil. A
lo determinado de atenção farmacêutica. melhoria no processo de uso de medica-
São detalhadas recomendações de prática mentos pela população e pelos serviços de
voltadas à dispensação de medicamentos e à saúde é essencial para que toda assistência
prestação de serviços farmacêuticos clínicos farmacêutica no País possa avançar e sus-
na farmácia. Conforme propõe a regula- tentar-se a longo prazo. A transformação
mentação nacional dos serviços farmacêu- das farmácias comunitárias em estabeleci-
ticos (RDC nº 44, de 17 de agosto de 2009, e mentos de saúde requer obrigatoriamente
Resolução nº 499, de 17 de dezembro de um profundo processo de reengenharia e
24 Ca ssyano J. Correr & Mlchel F. Otuld
reprofissionalização, que se tem mostrado 8. França Filho JB, Correr CJ, Rossignoli P,
apenas em seu início no Brasil. Melchiors AC, Fernández-Llimós F, Ponta-
rolo R. Perfil dos farmacêuticos e farmácias
em Santa Catarina: indicadores de estrutu-
Atransformação das farmácias comunitá- ra e processo. RBCF Rev Bras Ciênc Farm.
11 rias em estabelecimentos de saúde requer 2008;44(1):105-13.
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26 Cassyano J. Correr & Michel F. Otu.ki
~
farmácia portando uma receita cêutica comunitária nos últimos setenta
de enalapril e atenolol para trata- anos esteve centrado no fornecimento de
mento de hipertensão. Uma mulher leva seu medicamentos industrializados, associa-
filho de 5 anos à farmácia com uma receita de do à informação do paciente sobre sua
amoxicilina por sete dias. Uma jovem de 25 utilização. Esse modelo tem na dispensa-
anos procura o farmacêutico solicitando con- ção sua atividade primordial e é predomi-
traceptivo de emergência e informações sobre nante no Brasil até os dias de hoje.
como deve tomá-lo. Um homem de 35 anos
procura pelo farmacêutico pedindo uma indi-
cação para sua dor de garganta que surgiu há 2
Dentro do processo geral de uso de
dias. O que todas essas pessoas têm em co-
mum? Todas elas utilizam ou utilizarão medica- medicamentos, a dispensação consiste no
mentos por um tempo determinado para alí- último contato possível do paciente com
vio, controle ou cura dos seus sinais e sintomas um profissional da saúde antes da utilização
e deverão seguir algumas regras para que o tra-
do medican1ento. Assim, a dispensação per
tamento tenha sucesso. Todas elas precisam de
algumas informações sobre como utilizar esses se foca-se na interpretação, avaliação, iden-
produtos. Todas elas utilizarão o serviço de dis- tificação e resolução de possíveis problemas
pensação de uma farmácia comunitária. ou incompletudes do receituário e na orien-
tação do paciente sobre a n1elhor forma de
usar o medicamento, visando maximizar as
O modelo tradicional de prática far- chances de sucesso terapêutico. Para muitos
macêutica comunitária nos últimos setenta pacientes, ainda, a dispensação pode ser a
anos esteve centrado no fornecimento de única oportunidade de atendimento por
medicamentos industrializados, associado à um profissional da saúde, particularmente
informação do paciente sobre sua utiliza- na automedicação com 1nedicamentos isen-
ção. Esse modelo tem na dispensação sua tos de prescrição. Nesses casos, o far111acêu-
atividade primordial e é predominante no tico pode participar diretamente da seleção
Brasil até os dias de hoje. do medicamento, do manejo do transtorno
28 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
TABELA 2.1
Atividades desenvolvidas pelos farmacêuticos em farmácias comunitárias do Brasil
NA= Não a11alíado. Dados referentes a estudos feitos no perfodo entre 2002 e 200S.
unidades por eles estudadas, o tempo mé- também é dispensa. Em português, são váli-
dio de duração da dispensação foi de 53,9 das as duas palavras, dispensação e dispensa,
segundos (40-96s), e apenas 18,7º/o (6,7- sendo que esta última provém do verbo
30o/o) dos usuários, após a retirada do me- "dispensar': e não diretamente da palavra
dicamento, tinham conhecimento adequa- latina que deu origem à palavra "dispensa-
do sobre como deveriam utilizá-los. ção".
Em um país de contrastes como o Bra- Há vários conceitos de dispensação
sil, também a dispensação de medicamentos disponíveis na literatura nacional e interna-
pode ocorrer em alguns lugares sob altos ní- cional. O Quadro 2.1 traz as principais defi-
veis de qualidade, enquanto em outros, nem nições utilizadas no Brasil. O que todos es-
mesmo a presença física do farmacêutico ses conceitos trazem em comum é o fato de
pode ser garantida. a dispensação não ser considerada somente
a entrega do medicamento. Há consenso de
que a dispensação deve incorporar o aspec-
11 Em um país de contrastes como o Brasil, to cognitivo de interpretação de informa-
~
também a dispensação de medicamentos ções referentes ao receituário, ao medica-
pode ocorrer em alguns lugares sob altos
mento e ao paciente e convertê-las em orien-
níveis de qualidade, enquanto em outros,
nem mesmo a presença física do farma- tação personalizada ao paciente de modo a
cêutico pode ser garantida. promover o uso adequado do medicamento
e, assim, aumentar as chances de êxito tera-
pêutico. Pretende, também, detectar erros
CONCEITO DE DISPENSAÇÃO
~
incorporar o aspecto cognitivo de inter-
reira e Santos,9 a palavra em latim dispensa- pretação de informações referentes ao re-
tione originou as palavras dispensation, em ceituário, ao medicamento e ao paciente e
francês, dispensación, em espanhol (castelha- convertê-las em orientação personalizada
no), dispensa, em italiano, e a palavra dis- ao paciente de modo a promover o uso
adequado do medicamento e, assim, au-
pensação, em português, utilizada no Brasil. mentar as chances de êxito terapêutico.
Em Portugal, o termo geralmente utilizado
30 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
Usuário
f
Medicamentos
f
Informação •
Outros serviços
Verificação de
parâmetros,
Dispensação de Dispensação de Orientação administração de
medicamentos medicamentos medicamentos, etc.
farmacêutica
prescritos isentos de prescrição
FIGURA2.1
Cenários de atendimento em uma farmácia comunitária a partir da demand.a do usuário.
A prótica farmacl!utlca na farmócla comunitórla 33
em que o fármaco deve ser utiliUldo. Do blemas identificados. Para os casos de não
ponto de vista legal, a prescrição é um docu- confirmação do prescritor do receituário
mento pelo qual se responsabiliU!ro quero expedido, o farmacêutico não poderá dis-
prescreve (médico, odontólogo ou veteriná- pensar os medicamentos solicitados, po-
rio), quem dispensa o medicamento (far- dendo transcrever no verso da receita seus
macêutico) e quem o administra (enfermei- motivos. 11
ro). Para que os resultados da prescrição se- Problemas relacionados à prescrição
jam efetivos, é preciso haver cooperação incluem erros de medicação, como, por
mútua entre os profissionais, assim como exemplo, nome d o medicamento, dose, via
entre o paciente e seus familiares ou cuida- de administração ou duração do tratamen-
dores.10,1s to; problemas de ordem legal, como preen-
chimento incorreto da receita ou notifica-
ção para medicamentos controlados; ou
11 Do ponto de vista legal, a prescrição é um
problemas terapêuticos, como contraindi-
~
documento pelo qual se responsabilizam
quem prescreve (médico, odontólogo ou cações absolutas, interações medicamento-
veterinário), quem dispensa o medica- sas de alto significado clínico ou superdosa-
mento (farmacêutico) e quem o adminis-
tra (enfermeiro).
gem. Nos Estados Unidos, os erros de pres-
crição são a segunda causa mais comum de
queixas contra os médicos. 21 A ocorrência
A Lei n° 5.99 l, de 17 de dezembro de de erros nesse país foi estimada em 3,4 erros
1973, que regulamenta o comércio de me- para cada mil prescrições medicamentosas.
dicamentos no País, determina que uma re- As causas mais comuns são p resença de dis-
ceita médica ou odontológica, para ser dis- função renal ou hepática que requerem
p ensada, deve estar escrita a tinta, por ex- ajuste de dose (13,9%), história de alergia
tenso e de modo legível. 19 Deve conter o do paciente (12,1%), uso de nome, forma
nome do paciente, seu endereço, nome do de dosagem ou abreviação incorretos
medicamento, forma farmacêutica, posolo- (11,1 o/o), e frequência de dosagem crítica ou
gia, apresentação, modo de administração e atípica ( 10,8%).22
duração do tratamento, além de data, iden- A prevalência geral de problemas rela-
tificação e assinatura do profissional pres- cionados à prescrição detectados por far-
critor.11 ·19 Para medicamentos sujeitos a macêuticos foi de 1,9% do total de receitas
controle especial, como psicotrópicos e en- dispensadas, sendo aproximadamente 50º/o
torpecentes, devem ser seguidas regras es- destes de ordem administrativa. Um comitê
pecíficas, detalhadas na Portaria nQ 344, de de especialistas avaliou, ainda, que 28,3°/o
12 de maio de 1998, e normas relacionadas, dos problemas poderiam causar dano ao
publicadas pela Agência Nacional de Vigi- paciente.23 Um estudo realizado no Estado
lância Sanitária (Anvisa).2º de Washington encontrou que, do total de
Na interpretação do receituário, o far- intervenções realizadas pelos farmacêuticos
macêutico deve fazê-lo com base nos aspec- durante a dispensação ( 1,6 para cada 100
tos terapêuticos, farmacêuticos e farmaco- prescrições), 17,6o/o estiveram relacionadas
lógicos, adequação ao indivíduo, contrain- a problemas com a prescrição.24 Em um es-
dicações e interações, aspectos legais, sociais tudo feito na Espanha, a ausência de infor-
e econômicos. Em caso de necessidade, o mações nas receitas chegou a 72,8% para
farmacêutico deve entrar em contato com o posologia e 81,5% para duração do trata-
prescritor a fim de esclarecer eventuais pro- mento.25
34 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otuki
IN FORMAÇÃO
1 Farmacêutico 1 • 1 Paciente 1
ACONSELHAMENTO
1 Farmacêutico 1 .. • 1 Paciente 1
FIGURA 2.2
A comunicação na informação ao paciente caracteriza-se por ser unilateral. O aconselhamento, dife-
rentemente, caracteriza-se pelo diálogo e pela participação ativa do paciente.
36 Cassyano J. Correr&: Michel F. Otukl
medicamentos são retirados. Consiste em re- nação "consulta sobre medicamentos': Esse
forçar informações sobre o nome e o propó- nível de interação dificilmente ocorre na
sito do medicamento, instruções sobre poso- dispensação de medicamentos, mas é nor-
logia (dose, frequência, duração) e cuidados mal na prática da atenção farmacêutica (ver
na administração (uso com alimentos, horá- Cap. 10).
rio, técnica de administração). Dura, em ge- Considerando o trabalho de Raynor, a
ral, de 1 a 2 minutos, e é uma oportunidade º·
USP e a FIP,3 31 é possível estabelecer está-
para o paciente fazer perguntas. gios de orientação farmacêutica desde a
transferência de informação sobre a medi-
Nível 2. Explicação e conselhos sobre os
cação até o aconselhamento sobre esta e re-
pontos principais da farmacoterapia do pa-
lacioná-los aos serviços farmacêuticos tra-
ciente.Relaciona-se também a uma prescri-
dicionais e clínicos. Esses estágios estão de-
ção específica do paciente, ainda que em
talhados no Quadro 2.2.
muitos casos leve em consideração a medica-
ção total do paciente. Envolve explanação e
aconselhamento, além da simples provisão 11 ~ possível estabelecer estágios de orienta-
ção farmacêutica desde a transferência de
~
de informação. Inclui informações sobre o
informação sobre a medicação até o aconse-
medicamento, dose, propósito e benefícios,
lhamento sobre esta e relacioná-los aos ser-
como tomar, precauções especiais e efeitos viços farmacêuticos tradicionais e clínicos.
adversos. Um paralelo a esse n.ível de orienta-
ção seria a interação normal ocorrida entre
No Brasil, o termo "aconselhamento':
um médico ou enfermeiro e um paciente.
ainda que comumente utilizado, não apare-
Essa categoria atende aos critérios de orien-
ce nas normas de Boas Práticas de Farmácia
tação durante a dispensação recomendados
ou no Consenso Brasileiro de Atenção Far-
pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) na
macêutica. Ambos os documentos utilizam
Resolução nº 357, de 20 de abril de 2001. 11
o termo "orientação farmacêutica': ainda
Esse tipo de interação pode durar até 10 mi-
que não definam exatamente seu significa-
nutos, pode ser realizada no balcão da far-
do. As normas de Boas Práticas de Farmá-
mácia ou em uma área privada e pode reque-
cia 11 tratam da orientação tanto no que diz
rer uma breve avaliação dos conhecimentos
respeito à dispensação de medicamentos
do paciente sobre a medicação. Nesse nível, o
quanto à indicação de medicamentos isen-
farmacêutico também deve avaliar se as in-
tos de prescrição. O documento, em seu Ar-
formações foram entendidas, solicitando ao
tigo 31, estabelece: 11
paciente que as repita.
Nível 3. Exploração completa envolvendo o
Na dispensação, o farmacêutico deve
uso de medicamentos pelo paciente. Termo explicar clara e detalhadamente ao
correspondente ao conceito ideal de medi- paciente o beneficio do tratamento,
cation counseling. Nessa situação, paciente e conferindo-se a sua perfeita compre-
farmacêutico analisam de modo completo ensão, adotando os seguintes proce-
aspectos do uso de medicamentos, inclu.i n- dimentos:
do atitudes, expectativas e experiências do I - O farmacêutico deve fornecer to-
paciente. Isso normalmente tem lugar em da a informação necessária para o
uma área privada da farmácia, própria para uso correto, seguro e eficaz dos me-
esse tipo de atendimento, e ocorre com ho- dicamentos de acordo co1n as neces-
ra marcada. Esse nível atenderia a denomi- sidades individuais do usuário.
A prótlca farmacêutica na farmácia comunitária 37
(continua)
38 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
empregado. Quando a pesquisa é feita por profissionais não reconhecem essas ativida-
meio de entrevista aos farmacêuticos ou des d e orientação farmacêutica como con-
por observação (o pesquisador fica na far- sultas. Médicos e enfermeiros, quando con-
mácia vendo a dispensação ser realizada), as versam rotineiramente com pacientes sobre
taxas de aconselhamento encontradas são sua doença e tratamento, não descrevem is-
maiores. Quando os pacientes são questio- so como aconselhamento. Entendem o
nados ou quando se utilizam pacientes si- aconselhamento em um contexto mais am-
mulados (atores fingindo serem pacientes plo, que parte de necessidades apresentadas
portando uma prescrição), as taxas são me- pelo paciente, e não somente de sua percep-
nores. Além disso, foi observado que os far- ção (dos profissionais) dessas necessidades.
macêuticos orientam com mais frequência Reconhecem que aconselhar diz mais res-
pacientes com receitas novas (início de tra- peito a ouvir do que propriamente a forne-
tamento) do que usuários que buscam rea- cer informações. Essa percepção inclui o fato
bastecimento (refill). Com relação ao tipo de que muitos médicos, assim como farma-
de informação fornecida, as orientações li- cêuticos e outros profissionais da saúde, não
gadas ao nome do medicamento, à dose e às têm treinamento adequado em relaciona-
indicações são mais frequentes do que as re- mento interpessoal, necessário para que se
lacionadas a efeitos colaterais, precauções, alcancem os objetivos do aconselhamento. 31
interações, contraindicações e armazena- Essa observação leva a um ponto críti-
mento.38 co da prática farmacêutica na farmácia co-
Essa publicação mostra claramente munitária. O contato dos pacientes com o
que a ausência de orientação durante a dis- farmacêutico precisa deixar de ser percebi-
pensação não se trata de um problema ex- do por este apenas como a venda e entrega
clusivamente dos países em desenvolvimen- dos produtos e precisa ser convertido em
to. A questão parece ser mais profunda e li- atendimento clínico profissional. O modelo
gada ao próprio modelo de prática e de tradicional de dispensar medicamentos di-
negócio do qual a dispensação faz parte. Em ficilmente alcança este status, visto estar
tempo, cabe frisar que o desrespeito às nor- centrado demasiadamente no produto, na
mas legais, como venda de produtos sem re- distribuição, e por ser realizado principal-
ceita, condutas desonestas ou ausência do mente por auxiliares e pouco diretamente
farmacêutico, comumente vistos no Brasil, pelos farmacêuticos. O fluxo de atendimen-
não encontra paralelo nesses países. to de uma farmácia, em geral, não permite
que cada dispensação se converta em uma
consulta farmacêutica, e, tradicionalmente,
li Aausência de orientação durante a dispen-
sação não se trata de um problema exclusi- não tem sido esse o papel da farmácia. Esse
~ vamente dos palses em desenvolvimento. A
questão parece ser mais profunda e ligada
é um dos motivos pelos quais modelos de
remuneração de serviços farmacêuticos ba-
ao próprio modelo de prática e de negócio seados na dispensação de medicamentos te-
do qual a dispensação faz parte.
ou medicamentos OTC (do inglês, over the alizada de forma responsável e consciente a
counter). fim de não mascarar problemas graves ou
A Anvisa, em 2003, publicou a RDC n° gerar outros problemas de saúde não espera-
138, de 29 de maio de 2003, que introduz a dos.48 A automedicação é um procedimento
lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Es- aceito pelos governos, na medida em que es-
pecificadas ( GITE) para medicamentos sem tes permitem a existência de uma extensa lis-
prescrição médica. 45 A regulamentação de ta de medicamentos isentos de prescrição.
medicamentos isentos de prescrição pode Assumir uma postura unilateral contrária à
variar entre os países. Nos Estados Unidos, automedicação, portanto, não ajuda na difu-
por exemplo, muitos OTC estão disponíveis são da informação para uma automedicação
em supermercados e farmácias, e os medica- responsável que traga mais benefícios do que
mentos de prescrição exclusivamente em far- prejuízos aos sistemas de saúde.
mácias. Na Austrália, há classes de medica-
mentos de prescrição médica, classes de pres- O Quadro 2.3 apresenta o que dita o
crição farmacêutica (Pharmacist Only Conselho Federal de Farmácia em relação à
Medicines) e outros disponíveis em farmá- automedicação responsável e aos deveres
cias para compra direta (Pharmacy Medici- do farmacêutico nesse aspecto.
nes) e normas para sua correta dispensa-
ção.46,47 Aautomedicação é um procedimento aceito
11
A Anvisa estabelece que todos os me- pelos governos, na medida em que estes
dicamentos da lista GITE, respeitadas as
restrições textuais e de outras normas legais
~ permitem a existência de uma extensa lista
de medicamentos isentos de prescrição. As-
sumir uma postura unilateral contrária à au-
e regulamentares pertinentes, são de venda tomedicação, portanto, não ajuda na difu-
sem prescrição médica, à exceção daqueles são da informação para uma automedica-
administrados por via parenteral que são de ção responsável que traga mais benefícios
do que prejuízos aos sistemas de saúde.
venda sob prescrição médica. As associa-
ções medicamentosas, ou duas ou mais
apresentações em uma mesma embalagem O farmacêutico é um profissional da
para uso concomitante ou sequencial, cujo saúde estratégico no aconselhamento sobre
grupo terapêutico e indicação terapêutica automedicação responsável, assim como na
de pelo menos um de seus princípios ativos indicação de medicamentos para alívio de
não se encontrar especificado no GITE, são sintomas menores. 11•42 Estudos mostram
de venda sob prescrição médica. Todos os que farmacêuticos e médicos tendem a ter
medicamentos novos são de venda sob condutas equivalentes no manejo de proble-
prescrição médica, sujeitos a reavaliação do mas menores, sendo que os médicos apre-
enquadramento na categoria de venda no sentam maior tendência a recomendar uso
momento de sua renovação, de acordo com de medicamentos. Esses dois profissionais
dados de farmacovigilância. 45 podem colaborar entre si consensuando pro-
Qu.a ndo um paciente, por iniciativa tocolos de encaminhamento entre a farmá-
própria, resolve utilizar um ou mais medi- cia e os serviços médicos próximos. 49 O
camentos para tratamento de um sintoma engajamento efetivo do farmacêutico no
ou doença autoidentificada, diz-se estar fa- atendimento de transtornos menores e auto-
zendo uma automedicação. A automedica- medicação responsável poderia ajudar a re-
ção é um direito do indivíduo dentro do de- duzir a demanda dos serviços públicos de
nominado autocuidado, porém, deve serre- atenção primária à saúde, reservando mais
42 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
1- O farmacêutico deve avaliar as necessidades do usuário por meio da análise dos sintomas e
das características individuais para decidir corretamente sobre o problema específico de cada
paciente.
li - O farmacêutico deve avaliar se os sintomas podem ou não estar associados a uma patologia
grave e, em sua ocorrência, recomendar a assistência médica.
Ili - No caso de patologias menores, deverão ser dados conselhos adequados ao usuário, só
devendo ser-lhe dispensados os medicamentos em caso de absoluta necessidade.
Artigo 57 - A seleção para a dispensação de medicamentos não sujeitos a prescrição deve ser reali-
zada em função do perfil farmacológico.
Artigo 58 - A seleção para a dispensação de medicamentos não sujeitos a prescrição deve ser reali-
zada em função do perfil do usuário, atendidos os seguintes requisitos:
tempo para o atendimento médico de condi- sem prescrição pode ocorrer em um con-
ções clínicas mais complexas e de pior prog- texto de serviço clínico e não apenas com fo-
nóstico. co nos produtos. Quando há demanda do
Assim como no aconselhamento ao paciente para automedicação, trazendo quei-
paciente, a dispensação de medicamentos xas de saúde à farmácia, o farmacêutico po-
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 43
"
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46 Ca ssyano J. Cor rer & Michel F. Otukl
~··
população aos n1edicamentos e a omissão
O princípio da legalidade, pre-
sente no inciso li do artigo 5° do
da legislação ordinária brasileira no que se
texto constitucional que trata dos refere à Responsabilidade Técnica em Dis-
direitos e deveres individuais e coletivos -·nin- pensários de Medicamentos na atualidade.
guém será obrigado a fazer ou deixar de fazer al-
guma coisa senão em virtude de lei"'-, reflete-
-se nas práticas profissionais do farmacêutico,
na medida em que este tem a obrigação de cum- Definição dos limites profissionais
prir e fazer cumprir as leis vigentes em seu ãm-
bito profissional. Ao longo da história, a ampliação do conhe-
cin1ento técnico-científico levou à divisão do
Com esse respaldo da Constituição, o trabalho, con1 a consequente proliferação
artigo 10 do Código de ttica da Profissão das profissões, incluindo as de saúde.3 Desse
Farmacêutica estabelece co1no princípio que fato, decorre o surgimento de uma área dinâ-
"o farmacêutico deve cumprir as disposições mica de conhecimento comum entre essas
legais que disciplinam as práticas profissio- profissões, na medida em que os novos co-
nais no País [... ]''. 2 Nesse contexto, o objetivo nhecimentos se incorporam às práticas e
deste capítulo é discutir um arcabouço teóri- modificam-se as necessidades coletivas e in-
co que contribua com o farmacêutico no ato dividuais no suprimento de serviços de saú-
de dispensar medican1entos, considerando de, gerando novas percepções sobre o âmbi-
alguns aspectos legais e funda1nentais para o to profissional, e crescenten1ente interdepen-
exercício da profissão nessa área de atuação. dente. Essa interface entre as profissões de
saúde acaba dificultando o estabelecimento
dos limites do que seja atribuição privativa a
DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS
- FARMACEUTICOS
POR NAO "
~
É possível discutir e argumentar essa ques- acaba dificultando o estabelecimento dos
limites do que seja atribuição privativa a
tão abordando três aspectos a partir do que cada uma delas, gerando alguns dos con-
está disposto na legislação brasileira: a defi- flitos interprofissionais.
nição dos limites profissionais, o acesso da
48 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
cada uma delas, gerando alguns dos conflitos ticas individuais, no intuito de decidir cor-
interprofissionais. retamente sobre o problema específico do
Assim, surge uma primeira questão le- paciente e a avaliação dos sintomas, anali-
gal sobre o ato de dispensar medicamentos, sando se estes podem ou não estar associa-
a qual constitui a dificuldade do legislador dos a uma patologia grave, recomendando,
em dispor esse ato como privativo do far- nesse caso, a assistência médica.8
, . na mesma proporçao
maceut1co, - em que se É importante ressaltar que a Instrução
torna difícil limitar a prescrição de medica- Normativa nº 10, de 17 de agosto de 2009,
mentos como privativa de médicos e cirur- aprovou a relação dos MIPs que poderão
giões-dentistas. permanecer ao alcance dos usuários para
Nesse contexto, Guzmán,4 ao abordar obtenção por meio de autosserviço em far-
a interface entre médicos e farmacêuticos, mácias e drogarias. São eles: medicamentos
restringe a dispensação de medicamentos fitoterápicos e medicamentos administra-
pelo médico às amostras grátis, assim como dos por via tópica, de acordo com o especi-
restringe a prescrição de medicamentos pe- ficado no ato do registro junto à Agência
lo farmacêutico àqueles cuja dispensação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e
seja independente da apresentação de pres- medicamentos sujeitos a notificação sim-
crição médica (medicamentos isentos de plificada, de acordo com a Resolução RDC
prescrição - MIPs). n° 199, de 26 de outubro de 2006.9, 10
A reunião da Organização Mundial da
Saúde (OMS)5 reconheceu a iniciativa do
farmacêutico para indicar tratamentos com AInstrução Normativa nº 1O, de 17 de agos-
MIPs, o que está respaldado na legislação to de 2009, aprovou a relação dos MIPs que
sanitária federal brasileira, infraordinária, poderão permanecer ao alcance dos usuá-
rios para obtenção por meio de autosservi-
ainda que indiretamente, por meio da RDC ço em farmácias e drogarias. São eles: me-
n° 138, de 29 de maio de 2003, que estabele- dicamentos fitoterápicos e medicamentos
ce a possibilidade de MIPs como categoria administrados por via tópica, de acordo
com o especificado no ato do registro junto
de venda,6 e da RDC n° 44, de 17 de agosto
à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
de 2003, artigo 20, que reconhece as atribui- (Anvisa), e medicamentos sujeitos a notifi-
ções do farmacêutico, em farmácias e dro- cação simplificada.
garias, estabelecidas pelos Conselhos Fede-
ral e Regionais de Farmácia, desde que ob-
servada a legislação sanitária.7 Em relação à legalidade da distribui-
Nesse contexto, emana do Conselho ção de amostras grátis de medicamentos
Federal de Farmácia (CFF) a Resolução n° pelos médicos e cirurgiões-dentistas, esta
357, de 20 de abril de 2001, que, em seu ar- decorre do artigo 170 do Decreto nº 79.094,
tigo 56, sobre as atribuições do farmacêuti- de 5 de janeiro de 1977, com exceção da-
co na automedicação responsável, dispõe queles que contenham substâncias entorpe-
que este, no caso de patologias menores, de- centes ou que produzam dependência física
verá dar conselhos adequados ao usuário, ou psíquica. 11 Ainda ficam proibidas as
só devendo dispensar os medicamentos em amostras grátis de produtos biológicos e as
casos de absoluta necessidade, fundamenta- preparações magistrais de medicamentos,
dos na avaliação das necessidades do usuá- segundo parágrafos § 1° e § 2° do artigo 3°
rio, por meio dos sintomas e das caracterís- da RDC nº 60, de 26 de novembro de 2009.7
A prótica farmacêutica na farmócla comunltória 49
seu uso racional, tanto a Política Nacional direito à informação e orientação quanto ao
de Assistência Farmacêutica 19 como a Polí- uso de medicamentos", sendo considerados
tica Nacional de Medicamentos ,20 ao abor- "elementos importantes da orientação, en-
darem a questão da assistência farmacêuti- tre outros, a ênfase no cumprimento da po-
ca, englobam, entre outras atividades, a dis- sologia, a influência dos alimentos, a intera-
pensação de medicamentos , sendo que, na ção com outros medicamentos , o reconhe-
Política Nacional de Medicamentos , a defi- cimento de reações adversas potenciais [... ] "
nição de dispensação consta como ato far- que passam pela avaliação da receita, para
• •
maceutico. os medicamentos que dependam de pres-
crição médica, sendo atribuição do farma-
cêutico, segundo o artigo 44 e o parágrafo §
11 Tanto a Política Nacional de Assistência 1° do artigo 52 da mesma resolução. 22
Farmacêutica como a Política Nacional de
~
Dessa questão, emergem duas consi-
Medicamentos, ao abordarem a questão
da assistência farmacêutica, englobam, derações importantes:
entre outras atividades, a dispensação de
medicamentos, sendo que, na Política Na- • Avaliando o contexto em que o ato de
cional de Medicamentos, a definição de dispensar não é exclusivo do farmacêu-
dispensação consta como ato farmacêu-
tico, cabe o artigo 22 da RDC nº 44, de
tico.
17 de agosto de 2009, que permite a de-
legação do ato de dispensar, pelo farma-
Atos farmacêuticos, segundo o artigo cêutico responsável técnico, ao auxiliar
6° do anexo 1 da Resolução/CFF n° 357, de técnico sob sua supervisão, em farmá -
20 de abril de 2001, constituem "atos privati- cias e drogarias.
vos do farmacêutico por seus conhecimentos • Avaliando a necessidade de farmacêuti -
adquiridos durante sua formação acadêmica co para informação e orientação profis-
como perito do medicamento':8 que, na in- sionais adequadas, cabe a limitação do
terpretação do que consta no Código de Éti- artigo 15 da Lei n° 5.991, de 17 de de-
ca da Profissão Farmacêutica, artigo 13, inci- zembro de 1973, que exige responsável
so XVIII, são atos exclusivos e, portanto, in- técnico em farmácias e drogarias, sem,
delegáveis. 2 no entanto, determinar, a exemplo da
Os atos privativos do farmacêutico es- Lei n° 6.360, de 23 de setembro de 1976,
tão regulamentado s no Decreto n° 85.878, a qual rege, entre outras, as práticas na
de 7 de abril de 1981, que estabelece seu área de produção industrial de medica-
âmbito profissional. 21 Entretanto, interpre- mentos, que o número de farmacêuticos
tando seu artigo 1°, inciso I, a dispensação seja qualitativa e quantitativame nte su-
de medicamentos , enquanto função priva- ficiente para o desenvolvimen to da ati-
tiva do farmacêutico, não aparece extensiva vidade de dispensar medicamentos, em
aos medicamentos industrializados, fican- detrimento da RDC nº 44, de 17 de
do restrita aos medicamentos manipulados. agosto de 2009, artigo 23, que determi-
As boas práticas de dispensação estabe- na, como atribuição do responsável le-
lecidas pela RDC nº 44, de 17 de agosto de gal pelo estabeleciment o, o provimento
2009,22 no caput do artigo 42 e no seu pará- de recursos humanos e de condições ne-
grafo§ 2°, determinam que "o estabelecimen- cessárias ao cumprimento da referida
to farmacêutico deve assegurar ao usuário o Resolução.13,22,23
S2 Cassyano J. Correr & Mlcbel F. Otuld
farmacêutico. O restante, 57,1 e 19,2%, res- ção no Brasil, o qual já não serve, ante os
pectivamente, é realizada por balconistas e avanços na farmacoterapia, ao modelo de
outros funcionários. saúde e às consequentes perspectivas para a
Essa brecha conceitual na lei constitui atuação do farmacêutico.
um dos pontos importantes que, aliada aos
conflitos de interesse, dá margem às más
práticas relacionadas à dispensação de me- 11 Otratamento legal dado pela Lei nº 5.991 ,
de 17 de dezembro de 1973,13 aos esta-
~
dicamentos no Brasil: a venda indiscrimi-
belecimentos que dispensam medica-
nada e desnecessária de medicamentos por mentos, considerando-os comércio, carac-
leigos; a ilegalidade na venda de medica- teriza o modelo de dispensação no Brasil,
mentos pelas farmácias e drogarias, caracte- o qual já não serve, ante os avanços na far-
macoterapia, ao modelo de saúde e às
rizada pela não exigência da apresentação
consequentes perspectivas para a atua-
da receita médica ou odontológica, quando ção do farmacêutico.
obrigatória; a substituição indevida de me-
dicamentos prescritos; a precariedade de
orientação sobre o uso de medicamentos; a
questão econômica, preponderante sobre a
RESPONSABILIDADE PELA
técnica, a ciência e as humanidades, sinali- DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS
zada pelas comissões oferecidas e aceitas so-
As más práticas no ato de dispensar interfe-
bre a venda de medicamentos, todas contri-
rem no processo saúde/doença, aumentan-
buindo para o seu uso irracional. 25• 3 1
do a possibilidade concreta de ocorrência
A ementa da Lei n° 5.991, de 17 de de-
de danos ou risco de danos aos usuários de
zembro de 1973, quando remete à dispensa-
medicamentos, sendo passiveis de respon-
ção de medicamentos como ato de comér-
sabilização.
cio, dispondo "sobre o controle sanitário do
Se, por um lado, a legislação referente
comércio de [ ... ] medicamentos [... ]': con-
ao ato de dispensar precisa avançar, por ou-
flita com a ideia de que o medicamento não
tro, contém determinações com o objetivo
deva ser tratado como uma mercadoria,
de salvaguardar a saúde individual e coletiva
mas como um insumo intermediário nos
e, portanto, a responsabilidade legal pela dis-
serviços de saúde, 13•32 sendo necessária a
pensação de medicamentos, ante a prática de
avaliação sobre a necessidade ou não de seu
atos ilícitos, o que acarreta a possibilidade de
uso no tratamento e cuja dispensação não
instauração de processos e aplicação de san-
deve se limitar a um ato comercial, com a
ções, sendo que a responsabilidade do far-
mera entrega do medicamento para consu-
macêutico é permeada por suas característi-
mo, mas a um procedimento profissional,
cas, enquanto profissional liberal.
voltado ao uso racional do medicamento.
O tratamento legal dado pela Lei nº
5.991, de 17 de deze1nbro de 1973, 13 aos es- ATOS ILÍCITOS
tabelecimentos que dispensam medica-
mentos, considerando-os comércio, man- Por atos ilícitos, entendem-se aqueles "con-
tendo um conceito obsoleto de dispensação cretizados em um procedimento em desa-
de medicamentos que exclui o farmacêuti- cordo com a ordem legal",33 fruto da con-
co, priorizando a manipulação de medica- duta humana que, nesse caso, é contrária à
mentos, caracteriza o modelo de dispensa- ordem jurídica. Nesse contexto, persistem,
S4 Cassyano J. Correr & Michel F. Otu.ki
~
clusão equivocada do profissional, a partir
quando o agente não tem conhecimento do emprego correto e oportuno dos conhe-
efetivo do p erigo que sua conduta pro- cimentos e das regras inerentes ao procedi-
voca. mento, descaracterizando a imperícia.
Fonte: Mirabete.34
A prótlca farmacêutica na farrnócla comunltória SS
tabeleceu que a licença para funcio- mento da lei, nas práticas farmacêu-
namento de farmácia ou drogaria ticas, também é abordado pelo Códi-
constitui ato de natureza vinculada, go de Ética da Profissão Farmacêutica,
sendo vedada a utilização das depen- no inciso XV do artigo 13, quando se
dências desses estabelecimentos para proíbe ao farmacêutico" [ ... ] dispen-
fim diverso do previsto no licencia- sar ou permitir que seja dispensado
mento (Lei nº 5.991, arts. 21 e 55). medicamento em contrariedade à le-
Portanto, não há plausibilidade jurí- gislação vigente", ou, no inciso XIX
dica da utilização desses estabeleci- do mesmo artigo, quando o proíbe
mentos para vender alimentos ou de "omitir-se e/ou acumpliar-se com
utilitários domésticos. os que exercem ilegalmente a Farmá-
cia, ou com profissionais ou institui-
ções farmacêuticas que pratiquem
Contudo, as iniciativas tomadas no
atos ilícitos''. 2
sentido de minimizar a caracterização des-
ses estabelecimentos como comércio e ma-
Dessa forma, ao descumprir a lei, in-
ximizá-los como estabelecimentos de saúde
cluindo a legislação sanitária, o farmacêuti-
também acabam esbarrando nas decisões
co também caracteriza a prática de um ato
judiciais, como tem acontecido a exemplo
ilícito de caráter ético-disciplinar, sujeito a
da ação de inconstitucionalidade sobre a
responder ao Conselho Regional de Farmá-
Lei nº 10.307, de 6 de maio de 1999, do Es-
cia de sua jurisdição.
tado de São Paulo, que pretendeu determi-
nar o zoneamento das farmácias e drogarias
naquele Estado, fixando distância mínima
para a instalação desses estabelecimentos, a
Profissão liberal
qual foi julgada, pelo Supremo Tribunal Fe-
deral, como procedente, por julgar incons- O sistema que permeia os estabelecimentos
titucional o zoneamento proposto: de dispensação tem conflitado com as de-
terminações do Código de Ética da Profis-
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITU- são Farmacêutica, na medida em que as
CIONALIDADE [... ) 3 [... ] FIXA- práticas, como já visto, têm estado atreladas
ÇÃO DE DISTÂNCIA MÍNIMA PA- mais aos interesses comerciais do estabele-
RA A INSTALAÇÃO DE NOVAS cimento do que aos interesses da saúde.
FARMÁCIAS E DROGARIAS. 4. IN- O perfil do farmacêutico como profis-
CONSTITUCIONALIDADE FOR- sional liberal que possui, na sua base, o di-
MAL. NORMA DE INTERESSE
ploma científico e a autonomia intelectual
LOCAL EDITADA PELO ESTA-
não justifica a conformação do farmacêuti -
DO-MEMBRO. 5. INCONSTITU-
CIONALIDADE MATERIAL. DES- co ao sistema. Pelo contrário, o Código de-
CUMPRIMENTO DO PRINCfPIO termina, no artigo 7°, que o farmacêutico
CONSTITUCIONAL DA LIVRE mantenha "atualizados os seus conheci-
CONCORR.BNCIA. AÇÃO DIRETA mentos técnicos e científicos" e que assuma
PROCEDENTE.43 uma conduta autônoma diante das decisões
Cumprimento da lei:
e ações profissionais, conduta prevista no
Como o objetivo da lei é harmonizar Código, no artigo 13, inciso XVII, quando
as relações, mantendo a ordem e a proíbe ao farmacêutico "aceitar a interfe-
disciplina, indispensáveis à vida nor- rência de leigos em seus trabalhos e em suas
mal de uma coletividade, o cumpri- decisões de natureza profissional".2
S8 Cassyano J. Correr&: Mlchel F. Otukl
no artigo 951, quando estabelece que cabe, que se enquadram na categoria de presta-
ainda, indenização" [... ] por aquele que, no dores de serviços.
exercício de atividade profissional, por ne- No que tange à responsabilidade pelo
gligência, imprudência ou imperícia, causar fato do produto, os fabricantes, os produto-
a morte do paciente, agravar-lhe o mal, cau- res, os importadores e os comerciantes de
sar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o traba- medicamentos respondem pela reparação
lho'~51 dos danos causados aos consumidores, inde-
pendentemente de culpa, a não ser que pro-
vem não ter colocado o produto no mercado,
Responsabilidade objetiva ou que, embora tenham colocado, o defeito
inexista ou a culpa não seja sua, mas exclusi-
A segunda posição a ser considerada, sendo va do consumidor ou de terceiro.so
a que prevalece, está relacionada à hipótese
de decisão judicial em que a responsabilida-
de seja imputada ao fornecedor de produ-
tos ou serviço, o que caracteriza a responsa- No que tange à responsabilidade pelo fa.
bilidade objetiva que dispensa a culpa, con- to do produto, os fabricantes, os produto-
res, os importadores e os comerciantes de
siderando que quem lucra com a situação medicamentos respondem pela reparação
responde pelo risco ou pelas desvantagens dos danos causados aos consumidores.
decorrentes dela, ainda que isento de cul-
pa.53-57
Assim, na responsabilização objetiva, Na dispensação de medicamentos in-
há a substituição do elemento culpa pela dustrializados, se considerado comércio
teoria do risco, na medida em que o risco de praticado particularmente em farmácias e
dano é criado quando alguém põe em fun - drogarias, a responsabilidade pela repara-
cionamento uma atividade - produzindo, ção do dano recai sobre o comerciante so-
fabricando, importando ou comercializan- mente quando o produtor, o fabricante ou o
do medicamentos ou prestando serviços a importador do medicamento não puderem
eles relacionados - e deve responder pelos ser identificados, quando a identificação não
eventos danosos que gera, independente- for clara ou, ainda, quando o comerciante
mente da culpa.52•54 não conservou os medicamentos de forma
A objetividade da responsabilidade ci- adequada. Entretanto, tendo o comerciante
vil está presente no Código de Proteção e que reparar o dano, ele tem o direito de re-
Defesa do Consumidor, artigos 12, 13 e 14, gresso contra os demais responsáveis, se-
e no Código Civil, artigos 927 e 931, quan- gundo sua participação na causação do
do estabelecem a obrigação de reparar o da- efeito danoso. 50
no independentemente de culpa.so,si Os dispensários de medicamentos in-
Diante da responsabilidade objetiva, seridos em unidades de saúde e as farmácias
presente no Código de Proteção e Defesa do hospitalares, se entendidos como prestado-
Consumidor, estão os fornecedores de pro- res de serviço, só não serão responsabilizados
dutos: o fabricante, o produtor, o importa- quando provarem que, tendo prestado o ser-
dor e o comerciante. Quanto aos fornece- viço, o defeito inexista, ou quando a culpa é
dores de serviços, são os estabelecimentos exclusiva do consumidor ou de terceiros. 50
66 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otuld
ponsabilidade civil e a jurisprudência anali- uma vez que se tenha a visão da responsabi-
sada em Nunes,52 Rodrigues, 53 e Marques e lidade subjetiva do farmacêutico.
colaboradores, 49 é possível entender que o
farmacêutico, quando atua com vínculo
empregatício, pode ser considerado prepos- RESPONSABILIDADE PENAL
to do empregador, sendo que sua responsa-
bilidade pela reparação do dano vai impli- A responsabilização penal na dispensação
car a do seu empregador. de medicamentos resulta da conduta dos
No entanto, o fato de o farmacêutico agentes, prevista como crime, de modo ge-
manter um vínculo empregatício nem sem- ral, presente no Código Penal, ou como cri-
pre prescinde de prova de culpa do farma- me contra as relações de consumo, no Có-
cêutico para caracterizar o ato ilícito, isso digo de Proteção e Defesa do Consumidor.
porque há casos em que é necessária a ca- Havendo duas ou mais pessoas envolvidas
racterização da culpa do empregado, no ca- no ato criminoso, todas respondem, na me-
so do farmacêutico, para responsabilizá-los. dida de sua participação.35,50,58
A decisão por aplicar a responsabili- O crime pode configurar-se não ape-
dade civil objetiva ou subjetiva, nos proces- nas pela caracterização do dano, como no
sos civis em que estejam envolvidos profis- caso de homiddio ou lesão corporal, mas
sionais liberais, incluindo o farmacêutico, também pelo perigo que determinada con-
fica a critério do juiz, dentro das possibili- duta impõe, isto é, pelo risco de dano que
dades legais e da necessidade específica de proporciona, como nos casos da falsificação
se apurar a culpa em cada caso particular. de medicamentos e do exercício ilegal da
Farmácia ou da Medicina.
A pena, sanção pessoal imposta pelo
A decisão por aplicar a responsabilidade Estado, tem a finalidade de retribuir ao de-
11
civil objetiva ou subjetiva, nos processos lito e de prevenir novos crimes. Ela existe
~ civis em que estejam envolvidos profissio-
nais liberais, incluindo o farmacêutico, fica
em três espécies, segundo o Dicionário Jurí-
dico:59
a critério do juiz. dentro das possibilidades
legais e da necessidade específica de se
apurar a culpa em cada caso particular. Pena privativa de liberdade - reclu-
são, detenção e prisão simples.
Pena restritiva de direito - prestação
Nesse contexto, vale observar que a de serviços à comunidade, interdição
temporária de direito, limitação de
maneira como são considerados a farmácia,
fim de semana, prestação pecuniária
a drogaria e o dispensário de medicamen-
e perda de bens e valores.
tos, ou como fornecedores de medicamen- Pena pecuniária - multa.
to, ou como fornecedores de serviço em
saúde, reflete no entendimento sobre a en-
trega do medicamento ao consumo, ou co-
Crimes no Código Penal de
mo ato meramente comercial, ou como
prestação de serviço, já discutidos anterior- interesse no ato de dispensar
mente. Esse entendimento pode influenciar
significativamente a visão do juiz sobre a Entre os crimes previstos na parte especial
participação do farmacêutico na causação do Código Penal que podem se configurar
do dano relacionado ao ato de dispensar, como consequências do ato de dispensares-
A prótlca farmacêutica na farmácia comunitária 67
QUADRO 3.3 Crimes contra a pessoa no Código Penal de interesse para o ato de dispensar
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A prótica farmacl!utica na farmócia comunitória 75
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-Sisnad; prescreve medidas para prevenção gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm.
Interpretação
e avaliação da prescrição
medicamentosa: aspectos legais
CASSYANO J. CORRER
ANA CAROLINA MELCHIORS
~
tendido como a qualíficação dada por um
médico a uma enfermidade ou estado fi-
A boa relação entre os profissionais da siológico, com base nos sinais e sintomas
saúde e destes co1n o paciente pode contri- que observa, e o prognóstico consiste no
buir para a otirnização da prescrição dos me- parecer do médico acerca do seguimento
e desfecho esperado de uma doença.
dicamentos, maximizando as chances de su-
cesso terapêutico, assim como a falta dela po-
de negligenciar aspectos relativos a orientação A receita per se repre enta a síntese das
do paciente, detecção e correção de erros de informações sobre o tratamento eleito pelo
medicação ou prevenção de riscos, que redu- prescritor a partir dessas avaliações e, por is-
zem as chances de efetividade e segurança do so, não permite um entendimento profundo
tratamento. A interação entre prescritores, do processo diagnóstico e prognóstico, mui-
78 Cassyano J. Correr & M!chel F. Otuld
to menos uma avaliação desse processo. Para No Brasil, algumas normas legais esta-
isso, faz-se necessário acessar a totalidade de belecem critérios que devem ser respeitados
informações sobre o paciente e sua condição, na elaboração de uma receita medicamen-
além da formação própria que capacita à in- tosa. As principais são a Lei n° 5.991, de 17
terpretação dessas informações. de dezembro de 1973, que dispõe sobre o
Para que se compreenda o que há por controle sanitário do comércio de d rogas,
detrás da escolha de um medicamento, é medicamentos, insumos farmacêuticos e
preciso compreender o próprio processo correlatos; 8 a Lei n° 9.787, de 10 de feverei-
de tomada de decisão de quem diagnostica ro de 1999, que estabelece o medicamento
e como se dá seu raciocínio clin ico. As genérico, dispõe sobre a utilização de no-
quatro fases d a ação médica, Segundo We- mes genéricos em produtos farmacêuticos; 9
ed, 5·7 são: coleta de dados, identificação de e a Resolução n° 357, de 20 de abril de 2001,
problemas, planejamento terapêutico e se- do Conselho Federal de Farmácia ( CFF),
guimento (para detalhes, ver Cap. 11 ). É que estabelece normas de Boas Práticas de
importante, para todo farmacêutico, reco- Farmácia. 10 Segundo o CFF, o farmacêutico
nhecer que a receita médica representa é responsável pela avaliação farmacêutica
uma parte do registro da consulta médica da receita, e somente será aviada/dispensa-
e está ligada especificamente à fase do pla- da a receita que:
no terapêutico. Uma prescrição medica-
mentosa pode conter esquemas de trata- 1 - estiver escrita a tinta, em portu-
mento para uma ou mais condições clíni- guês, em letra de forma, clara e legí-
vel, observada a nomenclatura oficial
cas do paciente, simultaneamente, ou
dos medicamentos e o sistema de pe-
podem ser elaboradas várias receitas, uma
sos e medidas oficiais do Brasil. A da-
para cada problema identificado durante o tilografia ou impressão p or compu-
atendimento médico. A própria dispensa- tador é aceitável;
ção pode ser entendida como uma ativida-
II - contiver o nome e o endereço re-
de complementar à implementação do sidencial do paciente;
plano terapêutico, cuja responsabilidade
III - contiver a forma farmacêutica,
central é fornecer o medicamento correto
posologia, apresentação, método de
e certificar-se de que o paciente compreen-
administração e duração do trata-
de o tratamento e está disposto a segui-lo. mento;
Para tanto, é essencial que o farmacêutico
IV - Contiver a data e a assinatura do
conheça em profundidade a prescrição
profissional, endereço do consultó-
medicamentosa e seja capaz de compre- rio e o número de inscrição no res-
endê-la e interpretá-la. pectivo Conselho Profissional. A
prescrição deve ser assinada clara-
mente e acompanhada do carimbo,
permitindo identificar o profissional
em caso de necessidade;
Aprópria dispensação pode ser entendida
como uma atividade complementar à im- V - A prescrição não deve conter ra-
plementação do plano terapêutico, cuja suras e emendas.
responsabilidade central é fornecer o me-
dicamento correto e certificar-se de que o Parágrafo único - Deve-se observar o
paciente compreende o tratamento e está receituário específico e a notificação de
disposto a segui-lo. receita para a dispensação de medica-
mentos sujeitos a controle especial.
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 79
-
PARTES DE UMA PRESCRIÇAO tica e sua concentração. A subinscrição de-
signa a quantidade total a ser fornecida,
Uma prescrição medicamentosa compõe-se sendo que para medicamentos de uso con-
de várias partes, organizadas em uma or- trolado, esta deve ser expressa em algaris-
dem definida: o cabeçalho, a superinscri- mos arábicos, escrita por extenso, entre pa-
ção, a inscrição, a subinscrição, a adscrição, rênteses. A adscrição compõe-se das orien-
a data e a assinatura. O cabeçalho, normal- tações do profissional para o paciente sobre
mente impresso, inclui o nome e endereço o modo de utilização do medicamento. 1 A
do profissional ou da instituição onde tra- Figura 4.1 traz um exemplo de uma prescri-
balha (clinica, hospital, serviço municipal ção medicamentosa e suas partes.
de saúde), registro profissional, número de Quanto mais completa for a informa-
cadastro de pessoa física ou jurídica e pode ção contida na receita sobre o paciente, sua
conter, ainda, a especialidade do prescritor. patologia e sua medicação, mais favorecida
A superinscrição é constituída pelo nome e estará sua interpretação pela equipe de saú-
endereço do paciente, idade, quando perti- de e pelo paciente. Receitas incompletas po-
nente, e pelo símbolo Rx, que significa "re- dem ser causa de erros de dispensação ou
ceba"; por vezes, este último é omitido e em administração, que podem comprometer o
seu lugar escreve-se "uso interno" ou "uso resultado esperado do tratamento ou gerar
externo", dependendo da via de administra- reações adversas ou toxicidade.
ção do medicamento. A inscrição inclui o Considerando as partes da receita
nome do medicamento, a forma farmacêu- identificadas, é possível obter várias infor-
-
~~~~~~~-:.:D~ic~lo~fu~n~a~co~po~t~ás~s~ic~o~50~m~g~:.-=-=-==
--=·===:t;
_ 1cx
Subinscrição
Adscrição
- Curitiba, 20 de julho de 2008.
Assinatura
Data e assinatura - Dr. Maurício Rocha
CRMOOOOO
FIGURA4.1
Partes de uma prescrição medicamentosa.
80 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
Item Consta?
Concentração/dosagem Sim/Não
T~:
FIGURA 4.2
Modelo explicativo para preenchimento da Notificação de Receita.
Fonte: Conselho Federal de Medicina.17
A prótica farmacêudca na farmócia comunJtória 83
RECEITUÃRIO CONTROLEESPECIAL
Od<>de: _ __ _ _ _ UF: _ _
Paciente:
--------------------~
Ende<eço: _ __ _ _ __ _ _ _ _ _ __ _ __ _ _ __
Prescrição: _ __ _ _ _ __ _ _ _ _ _ __ __ _ _ __
Nome:
FIGURA't.3
Modelo padrão de Receita de Controle Especial
Fonte: Conselho Federal de Med!clna.17
Data de de
Paciente: Forma Fam. Concent. Unld. Posologia
Assinatura do Emitente
Ende<eço:
' ,/
/
IDENTIFICAÇÃO DO COMPRADOR ' /
IDENTIFICAÇÃO DO FORNECEDOR'
Paciente
Endereço Nome
I I
~dentldade ôrgão Emissor Telefooe
,/ Data
Dados da Gráfica: Nome - Endereço - CGC
'
FIGURA4.4
Modelo de Notificação de Receita A (receita a marela).
Fonte: Conselho Federal de Medicina.17
A prótlca farmacêutica na farmácia comunitária 87
[ UF I
NOTIFICAÇÃO OE RECEITA
NOMffiO
B
IDENTIFICACÃO DO EMITENTE Medicaimnt0 ou Su'bstancl•
1
Do>t por Ullid>d< Posol6giea
de de Paciente:
1
Endereço: Posologlo
Assinatura do Emitente
1
IDENTIFICA< AO DO COMPRADOR CARIMBO DO FORNECEDOR
Nome:
Endereço:
Telefooe: I I
Identidade No. ÔrQào Emissor. Nome do Vendedor Data
Dados da Gráfica: nome - endereço completo-CGC Numeração de-SUi impressão: de até
FIGURA4.5
Modelo de Notificação de Receita B (receita azul).
Fonte: Conselho Federal de Medicina.17
88 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
ximo, a 60 (sessenta) dias. Acima das quan- da Portaria n° 344/98 e de suas atualizações
tidades previstas na Portaria n° 344, de 12 associadas a substâncias simpatolíticas ou
de maio de 1998, o prescritor deve preen- parassimpatolíticas.14
cher uma justificativa contendo o CID ou Para a prescrição de medicamentos
diagnóstico e posologia, datar e assinar, en- contendo fármacos anorexígenos (p. ex.,
tregando-a juntamente com a Notificação derivados anfetamínicos), é utilizada a No-
de Receita B ao paciente para adquirir o tificação de Receita B2 (Fig. 4.6). Esta tem
medicamento em farmácia ou drogaria. 14·16 validade somente no Estado de origem, pe-
No caso de formulações magistrais, as lo prazo de 30 dias, e o médico pode pres-
formas farmacêuticas deverão conter, no crever a quantidade suficiente para um mês
máximo, as concentrações que constam das de tratamento por notificação.
literaturas nacionais e internacionais ofi-
cialmente reconhecidas. Ficam proibidos a
prescrição e o aviamento de fórmulas con- NOTIFICAÇÕES DE RECEITA PARA
tendo associação medicamentosa das subs- IMUNOSSUPRESSORES
tâncias anorexígenas constantes das listas
da Portaria n° 344, de 12 de maio de 1998, e A Notificação de Receita para a prescrição
de suas atualizações quando associadas en- de medicamento à base de substâncias da
tre si ou com ansiolíticos, diuréticos, hor- lista C3 (imunossupressores), de cor bran-
mônios ou estratos hormonais e laxantes, ca, está sob responsabilidade dos serviços
bem como com quaisquer outras substân- públicos de saúde devidamente cadastrados
cias com ação medicamentosa. Ficam proi- junto ao órgão de Vigilância Sanitária Esta-
bidos a prescrição e o aviamento de fórmu- dual. 14
las contendo associação medicamentosa de A quantidade de talidomida por prescri-
substâncias ansiolíticas constantes das listas ção, em cada Notificação de Receita, não pode-
[ UF I
NOTIFICAÇÃO DE RECEITA
NOMEOO
IB2
IOENTIFICACAO 00 EMITENTE M.edicamen."O ou Subsdncia
Endereço: ..._
Assinatura do Emitente
IDENTIFICAÇÃO 00 COMPRADOR CARIMBO 00 FORNECEDOR
Nome:
Endereço:
Telefone: I I
Identidade No. ôrnao Emisso<: Nome do Vendedor Data
Dados da GrMica: nome- endereço completo - CGC Numtraç.&o de$tJ irnpress&o: dt •té
FIGURA4.6
Modelo de Notificação de Receita B2 para substdncias anorexígenas.
Fonte: Conselho Federal de Medicina.17
A prótica farmacêutica na farmócla comunltória 89
'
/ IDENTIF1CAÇÃO DO PAOENTE
Nome: /
DAOOS SOBRE A DISPENSAl"ÃO '
CID Idade: Sexo: fone: ( ) Quantidade (Comp.)
Endereço: Nome do Dispensador:
/
' Doe. ldentlficaçAo: lipo: ôrg. Emissor. _ Assinatura/Carimbo do Responsável Técnico
/ '\ \,, /
IDENTIFICAÇÃO DA I I
UNIDADE DE SAÚDE /
IDENTIFICACÃO DO RESPONSÁVEL (SE FOR OCASO) ' ' Data da Disoensar>o ,
No. da Unidade: Nome:
FIGURA4.7
Modelo de Notificação de Receita para Talidomida.
Fonte: Conselho Federal de Medicina.17
90 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
Endereço - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Assinatura
ldentidadeNo. _ _ _ _ _ OrgãoEmissor _ _ _Telefone - - - - -
I I
- - Data - -
Dados da Gráfica: Nome - Endereço Completo- CGC Nu.,,...çãodtst> lmptes•ãcxdt - - - 1 141- - -
FIGURA4.8
Modelo de Notificação Especial de Receita para Retinoides.
Fonte: Conselho Federal de Medlcina.17
A prótlca farmacêutica na farmócla comunitórla 91
Eu, (nome do(a) paciente), abaixo identificado(a) e firmado(a), declaro ter sido informado (a) clara-
mente sobre todas as indicações, benefícios, cuidados e riscos relacionados ao uso do medicamento
ISOTRETlNOÍNA, produzido pelo Laboratório sob o nome para o
tratamento de acne. Estou ciente, principalmente, do risco de defeitos graves sobre o bebê em caso
de gravidez durante ou até um mês após o tratamento.
Os termos médicos foram explicados e todas as minhas dúvidas foram resolvidas pelo médico
(nome do médico que prescreve). Expresso também minha concordância e espontânea vontade em
submeter-me ao referido tratamento, assumindo a responsabilidade e os riscos pelos eventuais efei-
tos indesejáveis decorrentes. Declaro estar ciente de que o uso deste remédio está indicado somente
nos casos mais graves de acne (nodulocística ou conglobata) e acnes que não melhoraram com
outros tratamentos, inclusive com antibióticos por via oral.
Estou ciente dos seguintes benefícios esperados com este tratamento:
1. Redução no tamanho, gravidade e número das lesões, podendo ocorrer desaparecimento des-
tas (em 80 a 90% dos casos).
2. Possibilidade (cerca de 60%) de as lesões não mais retornarem após o término do tratamento.
Para mulheres em idade fértil:
Ao assinar o termo, a paciente se compromete definitivamente a adotar todas as medidas descritas
no documento, incluindo cuidados a serem tomados antes, durante e após o término do tratamento.
Um novo termo de consentimento deve ser preenchido e assinado apenas se a paciente iniciar um
novo ciclo de tratamento ou passar a fazer uso de outra substância retinoide sistêmica.
1. Fui informada de que esta medicação tem altíssimo risco de causar defeitos congênitos graves
no corpo do bebê se for utilizada por mim durante a gravidez. Já nasceram mais de 250 bebês
com graves deformações na face, nas orelhas, no coração ou no sistema nervoso devido ao uso
dessas substâncias. Esse risco persiste por até um mês após ter parado de usá-la.
2. Realizei um teste de gravidez de alta sensibilidade (que detecta a gravidez desde o primeiro dia
de atraso menstrual). Data do teste: I I Resultado: (ane-
xar cópia do exame).
3. Fui orientada a aguardar o início da próxima menstruação para começar o tratamento no
segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual.
4. Fui orientada a utilizar método anticoncepcional altamente eficaz. Método em uso: _ _ __
Data de início: I / ____
5. Fui orientada a comunicar ao médico a ocorrência de qualquer reação adversa, problema ou
dúvida quanto ao método anticoncepcional.
6. Caso venha a engravidar no período descrito no item 1, comprometo-me a parar imediatamente
o tratamento e comunicar ao médico.
Declaro ter sido orientado(a) sobre os possíveis efeitos colaterais:
1. Congênitos: altíssimo risco de defeitos congênitos graves sobre o bebê em caso de gravidez
enquanto estiver usando o remédio e até um mês após seu uso.
2. Neurológicos: fadiga, cefaleia, hipertensão intracraniana, neurite óptica, alterações visuais e
depressão.
3. Dermatológicos: ressecamento de pele e mucosas e fotossensibilidade.
4. Hepáticos: hepatite medicamentosa.
5. Gastrintestinais: náuseas, vômitos e dor abdominal, doença inflamatória intestinal.
6. Renais: proteinúria e hematúria.
(continua)
FIGURA 4.9
Termo de Consentimento Informado para uso de retinoides sistêmicos.
92 Cassyano J. Correr&: Michel F. Otukl
Identificação do Paciente:
Nome_ · - - - - - - - - - - - - - - - Sexo: ( ) M { ) F Estado civil: - - - - -
Identidade_·_ _ _ Data de nascimento: ___ / ___ / ___ Profissão: _ _ _ _ __
Endereço:._ _ _ _ _ _ n Bairro: _ _ __
Cidade: Telefone: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
Responsável legal (quando for o caso, por exemplo, sempre que o paciente ou a paciente for menor
de 18 anos):
Nome_·_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Sexo: ( ) M ( ) F Estado civil: _ _ _ __
Identidade· Data de nascimento: I I Profissão: - - - - - -
Endereço:._ _ _ _ _ _ n Bairro: _ _ __
Cidade: Telefone: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
Identificação do Médico:
Nome_ · _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ sexo:{ )M( )F
Cidade: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _Telefone: _ _ _ _ _ _ _ _ __
FIGURA 4 .9 (Continuação)
Termo de Con sentimento Informado para uso de r etinoides sistêmicos.
QUADRO 4.3 Normas sobre receituário, prescrição e escrituração de medicamentos controlados
Legenda: NR, notificação de receita; BA, balanço de aquisições; BSPO, balanço de substâncias psicoativas e de outras sujeitas a controle especial; RMN-RA, relação mensal de -...
::s
p.
Receita A; BMPO, balanço de medicamentos psicoativos e de outros sujeitos a controle especial; MCPM, mapa do consolidado das prescrições de medicamentos. -
....
p
IO
UJ
94 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
Pacierie/Consumídor ................................. .
ldertidade: .............................. Org.Exp ... ... .
FIGURA4.10
Modelo de carimbo redutor utilizado para registrar a quantidade efetivamente dispensada de medica-
mentos controlados (formato 5 x 7 cm).
10. Conselho Federal de Farmácia. Resolução trolados (SNGPC) [Internet]. Brasília: MS;
n° 357, de 20 de abril de 2001. Aprova o re- 2008 [capturado em 15 maio2012). Dispo-
gulamento técnico das boas práticas de far- nível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/
mácia [Internet]. Brasília: CFF; 2001 [cap- sngpc/index.asp.
turado em 15 maio 2012]. Disponível em:
http://WW\v.cff.org. br/ userfiles/ file/ resol u-
coes/357. pdf. LEITURA COMPLEMENTAR
11. Aldrigue RFT, Correr CJ, Melchiors AC,
Pontarolo P. Análise da completude de pres-
Castilho LS, Paixão HH, Perini E. Prescrição de
crições médicas dispensadas em uma far-
mácia comunitária de Fazenda Rio Gran- medicamentos de uso sistêmico por cirurgiões-
-dentistas, clínicos gerais. Rev Saúde Pública.
de, Paraná (Brasil). Acta Farm Bonaerens.
1999;33(3 ):287-94.
2006;25 (3):454-9.
12. Grahame-Smith DG, Aronson JK. Tratado
de farmacologia clínica e farmacoterapia.
3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; LEGISLAÇÃO
2004.
13. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacio- Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional
nal de Vigilância Sanitária. RDC n° 138, de de Vigilância Sanitária. Lei nº 5.991, de 17 de de-
29 de maio de 2003. Dispõe sobre o enqua- zembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitá-
dramento na categoria de venda de medica- rio do comércio de drogas, medicamentos, insu-
mentos [Internet] . Brasília: MS; 2003 (cap- mos farmacêuticos e correlatos, e dá outras provi-
tu.rado em 15 maio 2012]. Disponível em: dências [Internet). Brasília: MS; 1973 [capturado
http://www.anvisa.gov. br/legis/ resol/2003 / em 15 maio 2012). Disponível em: http://www.
rdc/138_03rdc.htm. anvisa.gov.br/legis/consolidada/lei_5991_73.htrn.
14. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacio- Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de
nal de Vigilância Sanitária. Portaria n° 344, Vigilância Sanitária. Lei nº 9.787, de 10 de feve-
de 12 de maio de 1998. Aprova o regula- reiro de 1999. Dispõe sobre a vigilância sanitá-
mento técnico sobre substâncias e medica- ria, estabelece o medicamento genérico, dispõe
mentos sujeitos a controle especial [Inter- sobre a utilização de nomes genéricos em produ-
net]. Brasília: MS; 1998 [capturado em 15 tos farmacêuticos e dá outras providências [Inter-
maio 2012). Disponível em: http://\vww.an- net] . Brasília: MS; 2003 [capturado em 15 maio
visa.gov.br/legis/porta.rias/344_98.htm. 2012). Disponível em:http://www.anvisa.gov.br/
15. Olho de Hórus. ln: Wikipédia, a enciclo- legis/consolidada/lei_ 9787_99.htrn
pédia livre [Internet]. Florida: Wikime-
Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional
dia Foundation; 2012 [capturado em 15
de Vigilância Sanitária. Portaria n° 344, de 12 de
de maio 2012). Disponível em: http://
maio de 1998. Aprova o regulamento técnico so-
pt.wikipedia.org/\vi.ki/Olho_de_Horus.
bre substâncias e medicamentos sujeitos a con-
16. Centro de Informação de Medicamentos
trole especial [Internet]. Brasília: MS; 1998 [cap-
do Conselho Regional de Farmácia do Es-
turado em 15 maio 2012]. Disponível em: http://
tado do Paraná (CIM-CRF-PR). Manual de
www.anvisa.gov.br/legis/portarias/344_98.htm.
orientação para o comércio e dispensação de
substância e medicamentos sujeitos a con- Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de
trole especial. CIMformando. 2006;4(2):1-8. Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 138, de
17. Conselho Federal de Medicina. Conselho 29 de maio de 2003. Dispõe sobre o enquadra-
Regional de Medicina da Paraíba. Manual mento na categoria de venda de medicamentos.
de orientações básicas para prescrição mé- Brasília: MS; 2003.
dica. João Pessoa: Ideia; 2009. Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF oº
18. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacio- 357, de 20 de abril de 2001 . Aprova o regulamen-
nal de Vigilância Sanitária. Sistema Nacio- to técnico das Boas Práticas de Farmácia. Brasí-
nal de Gerenciamento de Produtos Con- lia: CFF; 2001.
Interpretação e avalia ção
da prescrição medicamentosa:
aspect os clínicos
CASSYANO J . CORRER
ANA CAROLINA MELCHIORS
MICHEL F. OTUKI
foram dadas pelo prescritor. Isso ocorre, por Tendo como exemplo a pneumonia
exemplo, no caso de medicamentos que têm pneurnocócica, a causa consiste em infecção
múltiplas indicações, em que se torna im- pelo pneumococo (Streptococcus pneumo-
possível deduzir o objetivo do tratamento niae), e os fatores contribuintes podem in-
sem conhecer a história clínica do paciente. cluir comprometimento do mecanismo de
Toda doença apresenta uma ou várias defesa do hospedeiro. A patologia primária
causas, que, somadas a fatores contribuin- corresponde à resposta inflamatória, que re-
tes, resultam na patologia primária. Por sua sulta em alteração pneumônica. Isso, por sua
vez, uma patologia primária pode levar a vez, resulta em anormalidades da função pul-
patologia secundária e complicações. Os si- monar, com consequente patologia secundá-
nais e sintomas podem estar relacionados ria, incluindo hipoxia. Entre as complicações
tanto à patologia primária, à secundária ou desse processo podem surgir pleurite, derra-
às complicações.2 Assim, é essencial para o me pleural ou infecção metastática. Cada
farmacêutico compreender a fisiopatologia uma delas (a patologia primária, a secundária
da doença, a fim de reconhecer claramente e as complicações) produz seus próprios si-
o objetivo terapêutico proposto e poder nais e sintomas (p. ex., dispneia, febre, dor to-
orientar o paciente com exatidão. rácica e tosse). Esse raciocínio pode ser apli-
cado a qualquer doença e permite analisar os
processos que se deseja modificar com a far-
~ essencial para o farmacêutico compre- macoterapia, bem como definir as metas de
ender a fisiopatologia da doença, a fim de formas individuais de tratamento e seu im-
reconhecer claramente o objetivo tera- pacto global sobre o estado do paciente.2
pêutico proposto e poder orientar o pa-
ciente com exatidão. Entre os objetivos mais gerais de um
tratamento farmacológico estão:3•4
Paciente
(Estado de saúde
inicial)
i Diagnóstico
Aspectos legais
1
_ Completude
Prescrição
Processo Objetivos do tratamento
deatençio 1 Regime terapêutico
à saúde Dispensação Complexidade do regime
Contraindicações
1 Custos
Administração
Desfecho (Mudança
no estado de saúde)
FIGURAS.1
Processo de atenção ao paciente, atividades profissionais relacion adas e principais aspectos da pres-
crição avaliados dur ante a dispensação.
A prótica farmacêutica na farmócla comunltória 99
mor e a compreensão são integrantes fun- queluche. Outros exemplos comuns de me-
damentais da terapêutica, em conjunto com dicação profilática são o uso do ácido acetil-
uma abordagem multidisciplinar. Para me- salicílico em baixas doses para prevenção de
dir os resultados desse tipo de tratamento eventos trombóticos ou o uso do mononi-
são utilizadas escalas de capacidade funcio- trato de isossorbida para prevenção d e sin-
nal conhecidas como Performance Status. O tomas anginosos, advindos de isquemia co-
Ministério da Saúde, em parceria com o ronariana. O farmacêutico deve estar atento
Instituto Nacional do Câncer (INCA), pu- ainda ao fato de que vários tratamentos que
blicou um manual de cuidados paliativos visam controlar a doença têm por objetivo
que pode ser consultado gratuitamente na de longo prazo prevenir a ocorrência de
internet. 11 complicações que, por sua vez, manifestam-
Por fim, cada vez mais medicamentos -se como "novas" doenças. Tem-se, por
têm sido utilizados em pessoas que ainda exemplo, o tratamento antidiabético com
não manifestam nenhuma doença, com ob- glibenclamida e metformin a em pacientes
jetivo de prevenir seu surgimento, agindo so- com diabetes tipo 2, cujo objetivo terapêu-
bre o período pré-patogênico da história na- tico primário é manter o controle glicêmico
tural da doença. No período pré-patogênico, o mais próximo possível do normal, a fim
o indivíduo interage com fatores ambientais de prevenir a ocorrência de doenças micro-
e de estilo de vida que constituem fatores de vasculares, como nefropatia, retinopatia e
risco para o desenvolvimento de uma enfer- neuropatia diabética. 12
midade. Considerando a interação complexa
entre exposição, capacidade de resistência do
organismo e suas pré-disposições genéticas REGI.ME TERAPÊUTICO
intrínsecas, alterações celulares irreversíveis
podem ocorrer, dando início ao período da O regime terapêutico consiste nas instru-
patogênese, seguido das manifestações clíni- ções totais que devem ser seguidas pelo pa-
cas da doença.6 ciente a fim de que o tratamento produza os
efeitos e resultados esperados. Inclui a dose
prescrita, a frequência e os horários de ad-
11 No perfodo pré-patogênico, o indivíduo
ministração e a duração total do tratamen-
~
interage com fatores ambientais e de esti-
lo de vida que constituem fatores de risco to, além das instruções adicionais, como o
para o desenvolvimento de uma enfermi- uso com alimentos, preparo do med ica-
dade.
mento, partição do comprimido, entre ou-
tras. Todo regime terapêutico exige do pa-
ciente aprendizagem, disciplina e cumpri-
A profilaxia trata das medidas preven- mento de uma rotina, que determinarão
tivas contra as enfermidades e tem seus ali- certo grau de complexidade. Na avaliação
cerces nas modificações dos fatores de risco de uma prescrição medicamentosa, três fa-
para as doenças e no uso de medicamentos. tores p rincipais são importantes no que
Entre os medicamentos modernos mais uti- tange ao regime terapêutico (Fig. 5.2):
lizados em prevenção primária estão as va-
cinas, capazes de produzir imunização con- 1. a adequação da dose diária ao paciente;
tra uma série de patologias infecciosas e 2. a disposição e capacidade do paciente em
transmissíveis, como, por exemplo, a rubé- cumprir o regime prescrito; e
ola, a poliomielite, a difteria, o tétano e a co- 3. a complexidade do regime terapêutico
A prótlca farmacêutica na farmócla comunitária 103
Avaliação do regime
terapêutico
Disposição e
Adequação da dose Complexidade do
capacidade do paciente
diária ao paciente regime terapêutico
em cumprir o regime
FIGURA5.2
Fatores do regime terapêutico a serem considerados na dispensação de medicamentos prescritos.
104 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Oru.k i
Concentração
pi asmática fndlce teraplutlco = OMS
DME
Dose máxima
------------- segura (OMS)
Janela
terapiutlca
Dosemlnlma
------------- eficaz (DMEJ
Tempo
FIGURAS.3
A janela terapêutica representa o intervalo entre a dose diária mínima eficaz e móxima segura, en-
quanto a razão entre essas duas doses fornece o índice terapêutico.
FIGURAS.4
Fórmulas para cálculo de dose pediótrica com base no peso do paciente.
Número de medicamentos
Formas de Número de
administração doses por dia
1nstruções adicionais
FIGURAS.5
A complexidade de um tratamento medicamentoso é influenciada pelo número de medicamentos pres-
critos, pela forma farmacêutica e de administração, pela frequência de tomadas ao longo do dia e pelas
recomendações adicionais que devem ser seguidas pelo paciente no cumprimento da receita.
dia': Também não foi significativa a diferen- da Farmacoterapia (ICFT). 16·21 Ainda que a
ça entre a adesão de "duas vezes ao dia" e aplicabilidade desse instrumento na prática
"três vezes ao dia" (Fig. 5.6). 17 da dispensação não esteja bem esclarecida,
Há consenso entre autores de que conhecer os elementos que aumentam a
simplificar os regimes de tratamento cola- complexidade de um tratamento pode aju-
bora com a melhoria da adesão terapêuti- dar o farmacêutico a simplificar ao máximo
ca.18·20 Embora seja reconhecido que fato - possível o regime terapêutico do paciente,
res como as propriedades farmacológicas agrupando medicamentos que possam ser
do medicamento e os fato res pessoais e clí-
nicos dos pacientes influenciam a adesão, a
habilidade para medir a complexidade da Conhecer os elementos que aumentam a
complexidade de um tratamento pode
farmacoterapia pode ser útil na predição da
ajudar o farmacêutico a simplificar ao má-
adesão ao tratamento. 21 ximo possível o regime terapêutico dopa-
Alguns instrumentos para medir a ciente, agrupando medicamentos que
complexidade da farmacoterapia são encon- possam ser utilizados conjuntamente, or-
ganizando horários e instruindo clara-
trados na literatura, entre eles o Medication
mente sobre as instruções adicionais a se-
Regimen Complexity Index, traduzido para rem seguidas.
o português como lndice de Complexidade
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 107
100
...eo 90
QJ 80
E 70
..."'
-
."'o.. 60
50
"'o 40
'"'
VI
QJ 30
"O
<( 20
# 10
o
1 2 3 4
Número de tomadas ao dia
FIGURA5.6
Adesão ao tratamento de acordo com o número de doses diárias. As linhas verticais representam um
desvio-padrão em cada lado da taxa média de adesão (barra horizontal).
Fonte. Claxton e colaborador es.17
Os efeitos de um ou mais
Exacerbações de doenças,
Os efeitos de um ou mais medicamentos alterados
condições ou síndromes
medicamentos alterados pelo uso simultâneo com
preexistentes causadas
pelo uso simultâneo de alimentos ou por
pelo uso de
outro(s) medicamento(s) condições nutricionais do
medicamentos específicos
paciente
FIGURA5.7
Tipos de interações medicamentosas.
110 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
Fora do
_._- organismo ~
Na excreção - - 1.. Transporte
Misturas de
ativo
medicamentos
No local de
absorção Durante o
metabolismo Difusão
Durante a Nos
distribuição passiva
receptores
\ - reabsorção
Indução
enzimática
Motilidade Inibição
Ligação a Ação nos
intestinal enzimática
proteínas receptores
Alterações da Ação em
flora intestinal ' -
orgaos e
Ligação a sistemas
tecidos
FIGURAS.8
Tipos de interação medicamento-medicamento.
Exemplo de
Medicamento nome comercial• Justificativa
Azitromicina
em cápsulas Zitromax Os alimentos reduzem a absorção
Buspirona Ansitec Os alimentos reduzem a absorção
Captopril Capoten Os alimentos reduzem a absorção em até 50%
Ciprofloxacina Cipro Os alimentos reduzem a absorção
Eritromicina llosone Os alimentos reduzem a absorção
Levotiroxina Euthyrox Os alimentos reduzem a absorção
Lincomicina Frademicina Os alimentos reduzem a absorção em até 60%
Norfloxacina Floxacin Os alimentos reduzem a absorção
Oxitetraciclina Terramicina Os alimentos reduzem a absorção em até 55%
Tetraciclina Tetrex Os alimentos e laticínios reduzem a absorção
Tomar em jejum com um copo cheio de água e não deitar até 1 hora após o uso
1991, com base em um estudo com idosos ternativas terapêuticas mais seguras. Assim,
institucionalizados nos Estados Unidos. 33 A recusar a dispensação do medicamento,
primeira lista desenvolvida por Beers era orientar o paciente a respeito e contatar o
composta de 19 medicamentos inadequa- prescritor para discutir alternativas tor-
dos e 11 medicamentos cuja dose, frequên- nam-se as melhores condutas a serem reali-
cia de uso e duração do tratamento eram zadas na farmácia comunitária.
inadequados para pessoas com 65 anos ou Entre as condições ligadas a contrain-
.
mats. dicações absolutas mais importantes e que
A lista atualizada em 1997 constava de devem ser investigadas sistematicamente
28 medicamentos a serem evitados devido a pelo farmacêutico durante a dispensação
sua inadequação e 35 medicamentos inade- estão:
quados para 15 condições patológicas espe-
cíficas.34A mais recente lista, atualizada em l. a história de h ipersensibilidade do pa-
2002, selecionou os medicamentos a serem ciente ao fármaco prescrito e
incluídos por meio de uma revisão sistemá- 2. a classificação de risco do uso do medi-
tica para depois enviar aos especialistas e camento em gestantes.
obter um consenso. Ela consta de 48 medi-
camentos que devem ser evitados em pes- A história de utilização prévia do me-
soas idosas por serem inadequados e medi- dicamento e a ocorrência pregressa de rea-
camentos não adequados para 20 condições ções alérgicas devem ser investigadas pelo
patológicas específicas.33·34 O Quadro 5.3 farmacêutico a cada dispensação, particu-
traz uma parte da lista de Beers, específica larmente em crianças e pacientes em uso do
para as interações medicamento-doença medicamento pela primeira vez. Especial
consideradas relevantes em geriatria. atenção deve ser dada a antibióticos, anal-
O farmacêutico também deve estar gésicos e AINEs pela frequência de casos de
atento à existência de contraindicação ab- hipersensibilidade. O risco de teratogenici-
soluta do tratamento para o paciente du- dade e dano ao feto requerem que o farma-
rante a dispensação. Uma contraindicação cêutico saiba interpretar informações sobre
absoluta é uma situação que torna um tra- o risco do uso de certos medicamentos nes-
tamento em particular ou um procedimen- ses períodos. A classificação mais conhecida
to totalmente desaconselhável. Em um pa- de risco na gestação foi desenvolvida pela
ciente com história de alergia a penicilinas, Food and Drug Administration (FDA), e
por exemplo, o uso de amoxicilina (Amo- subdivide os medicamentos em A, B, C, D e
xil®) por via oral torna-se absolutamente X (Quadro 5.4).35•36 Medicamentos de ca-
contraindicado, assim como seria a admi- tegoria X representam contraindicação ab-
nistração de isotretinoína (Roacutan®) por soluta e jamais devem ser usados por ges-
via oral a gestantes. Nesses casos, as conse- tantes.
quências do uso superam sob qualquer hi-
pótese os benefícios esperados, e existem al-
QUALIDADE DA PRESCRIÇÃO
MEDICAMENTOSA NO BRASIL
Uma contraindicação absoluta é uma si-
tuação que toma um tratamento em par-
ticular ou um procedimento totalmente A qualidade da prescrição medicamentosa
desaconselhável. pode ser determinante para os desfechos de
saúde de um paciente. Adicionalmente, a
........
QUADRO 5.3 Interações medicamento-doença relevantes - critério de Beers para medicamentos potencialmente inadequados em idosos,
considerando diagnóstico ou condição clínica
°'
n
(continua)
QUADRO 5.3 Interações medicamento-doença relevantes - critério de Beers para medicamentos potencialmente inadequados em idosos,
considerando diagnóst ico ou condição clínica (cont.)
e guanitidina ""
e
t:1
n
Anorexia e má nutrição Estimulantes do SNC: dextroanfet amina, Preocupação devida aos efeitos de Alta 1 I ~p
metilfenidato, metanfetamina, pemolina supressão do apetite ij'
e fluoxetina 9
p.
Síncope ou quedas Benzodiazepínicos de ação curta ou Podem p roduzir ataxia, prejuízo na função Alta 1 1g.
intermediária e antidepressivos tricíclicos psicomotora, síncope e quedas adicionais on
(cloridrato de imipramina, cloridrato de 9e
doxapamina e cloridrato de amitriptilina) ...i::J
~·
p.
(contínua) -
'1
p
''"""'"'
'1
........
00
n
~
a:
g
QUADRO 5.3 Interações medicamento-doença relevantes - critério de Beers para medicamentos o
~
potencialmente inadequados em idosos, considerando diagnóstico ou condição clínica (cont.) Q
:::i
Doença ou condição Medicamento Preocupação Relevãncia Cl
R>
clínica
(gravidade) ~
;;
Síndrome da secreção Inibidores da recaptação de serotonina: Podem exacerbar ou causar secreção Baixa
-
~
inadequada de hormônio
antidiurético/
fluoxetina, citalopram, fluvoxamina,
paroxetina e sertralina
inadequada de hormônio antidiurético
~
hiponatremia (SSIHA)
Doenças convulsivas Bupropiona Pode diminuir o limiar de convulsão Alta
Obesidade Olanzapina Pode estimular o apetite e aumentar o Baixa
ganho de peso
Doença pulmonar Benzodiazepfnicos de ação longa: Efeitos adversos no SNC; podem induzir Alta
obstrutiva crônica (DPOC) clordiazepóxido, clordiazepóxido-amitriptilina, depressão respiratória e exacerbar ou
clidínio-clordiazepóxido, diazepam, quazepam, causar depressão respiratória
halazepam e clorazepato. Betabloqueadores:
propranolol
Constipação crônica Bloqueador de canal de cálcio, anticolinérgicos Podem exacerbar a constipação Baixa
e antidepressivos tricíclicos (cloridrato de
imipramina, cloridrato de doxapamina e
cloridrato de amitriptilina)
QUADRO 5.4 Categorias de risco do uso de medicamentos na gestação, segundo a Food and
Drug Administration (FDA)
Categoria A: medicamentos para os quais não foram constatados riscos para o feto em ensaios
clínicos cientificamente desenhados e controlados.
Categoria B: medicamentos para os quais os estudos com animais de laboratório não demonstra-
ram risco fetal (mas não existem estudos adequados em humanos) e medicamentos cujos estudos
com animais indicaram algum risco, mas que não foram comprovados em humanos em estudos
devidamente controlados.
Categoria C: medicamentos para os quais os estudos em animais de laboratório revelaram efeitos
adversos ao feto (mas não existem estudos adequados em humanos) e medicamentos para os
quais não existem estudos disponíveis.
Categoria D: medicamentos para os quais a experiência de uso durante a gestação mostrou
associação com o aparecimento de malformações, mas cuja relação risco-benefício pode ser
avaliada.
Categoria X: medicamentos associados com anormalidades fetais em estudos com animais e em
humanos e/ou cuja relação risco-benefício contraindica seu uso na gestação.
Fonte: Briggs e colaboradores35 e Meadows.36
vos terapêuticos, o regime terapêutico, a 8. Kozma CM. Outcomes research and pharmacy
complexidade da farmacoterapia, as intera- practice. Am Pharm. l 995;NS35(7):35-4 l.
ções medicamento-medicamento, medica- 9. Coutinho M. Principies of clinicai epide-
miology applied to cardiology. Arq Bras
mento-nutriente e medicamento-doença.
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Esses são os conhecimentos básicos neces- 10. Sociedade BrasiJeira de Cardiologia. VI Di-
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124 Cassyano J. Cor rer & Mlchel F. Otukl
' Reproduzido, com permissão dos autores, de Melchiors AC, Correr JC, Fernández-Llimos F. Tradução e validação
para o português do Medication Complexity Index. Arq Bras Cardiol. 2007;89(4):210-8.
A prótlca farmacêutica na farmóda comunltória 12S
ORAL Cápsulas/comprimidos 1
Gargarejos/colutórios 2
Gomas/pastilhas 2
Líquidos 2
Pós/grânulos 2
Spray/comprimidos sublinguais 2
TÓPICO Cremes/géis/pomadas 2
Emplastros 3
Tinturas/soluções de uso tópico 2
Pastas 3
Adesivos transdérmicos/patches 2
Spray de uso tópico 1
OUVIDO, Gotas/cremes/pomadas para o ouvido 3
OLHOS Colírios/gotas para os olhos 3
E NARIZ Géis/pomadas para os olhos 3
Gotas/cremes/pomadas nasais 3
Spray nasal 2
INALAÇÃO Accuhalers (pó seco para inalação/diskus) 3
Aerolizers (cápsulas para inalação) 3
Inaladores de dose medida (bombinha) 4
Nebulizador (ar comprimido/ultrassónico) 5
Oxigênio/concentrador 3
Turbuhalers (pó seco para inalação) 3
Outros inaladores de pó seco 3
OUTROS Fluido para diálise 5
Enemas 2
Injeções: Pré-carregadas 3
Ampolas/frascos-ampolas 4
Supositórios/óvulos vaginais 3
Ana lgesia Controlada pelo Paciente 2
Supositório 2
Cremes vaginais 2
Total seç.ão A
126 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
b) Para cada medicação da farmacoterapia marque [X] no quadro correspondente com sua
frequência de dose. Então, some o número de [X] em cada categoria (frequência de do-
se) e multiplique pelo peso determinado para essa categoria. Nos casos em que não exis-
ta uma opção exata, escolher a melhor opção.
Frequência Total
de dose Medicações Total Peso X Peso
1 X dia 1
2 X dia 2
2 x dia S/N 1
3 X d ia 3
4 X dia 4
4 x dia S/N 2
12/12h 2,5
8/8h 3,5
8/8h S/N 2
6/6h 4,5
4/4h 6,5
2/2h 12,S
S/N 0,5
Dias alternados
ou menor
frequência 2
Oxigênio S/N 1
Oxigênio< 15h 2
Oxigênio> 15h 3
Total seção B
A prática farmacêutica na fa.rmócla comunltórla 127
c) Marque [X] no quadro que corresponde às instruções adicionais, caso presente na me-
dicação. Então, some o número de [X] em cada categoria (instruções adicionais) e mul-
tiplique pelo peso correspondente da categoria.
Instruções Pesox
adicionais Medicações Total Peso Nº de
medicações
Partir ou t riturar 1
o comprimido
Dissolver o 1
comprimido/pó
Múltiplas unidades ao 1
mesmo tempo (p. ex.,
2 comprimidos, 2 jatos)
Tomar/usar em 1
horário específico (p.
ex., manhã, noite, 20h)
Tomar com 1
líquido específico
Tomar/usar 2
conforme indicado
Reduzir ou aumentar a 2
dose progressivamente
Total seção C
conhece como seguir o tratamento e está visão pessoal e direta. Tanto farmacêuti-
disposto a fazê-lo. Um processo adequado cos como técnicos/auxiliares devem es-
de dispensação na farmácia comunitária tar adequadamente identificados.
deve cumprir três requisitos básicos: 2. A dispensação deve ser realizada com a
agilidade suficiente, entretanto, isso não
1. Todo consumidor que procura uma far- pode comprometer a qualidade do pro-
mácia a fim de adquirir um medicamen- cesso. Faz-se necessário transmitir ao
to deve ter a oportunidade de ser orienta- usuário que a dispensação é para seu pró-
do, independentemente de ser um clien- prio bem.
te habitual ou esporádico. 3. O farmacêutico, durante a dispensação,
2. A dispensação deve atender às expectati- verificará de forma sistemática se o pa-
vas dos pacientes de agilidade e eficiência. ciente conhece o objetivo do tratamen-
3. A dispensação deve estar integrada à ro- to, a forma de administração do medi-
tina diária do farmacêutico. 6 camento e se o medicamento não é ina-
dequado para aquele paciente, consi-
ELEMENTOS PARA derando as informações disponíveis no
momento. As informações devem ser
UMA BOA DISPENSAÇÃO complementadas por informes escritos,
Considerando o contexto e os objetivos da quando necessário.
prática farmacêutica, a organização de um 4. Caso haja problemas com a prescrição, o
serviço de dispensação deve reunir os se- farmacêutico deverá resolvê-los contan-
guintes elementos:4 do com as informações do paciente e do
prescritor, se necessário. Caso haja algum
1. A dispensação deve ser realizada sempre problema que impeça a dispensação do
por um farmacêutico ou sob sua super- medicamento, o paciente deverá ser en-
Desfecho
Processo de atenção ao paciente
Diagnóstico
\
Seleção e prescrição
\
Dispensação
\
Administração Avaliação de
do medicamento resultados de
[
!
Anamnese
i
saúde do
paciente
Avaliação do uso
Exames de medicamentos e
de resultados
terapêuticos
FIGURA 6.1
Processo de atenção ao paciente e de uso de medicamentos.
Fonte: Modificada de Gastelurrutia e Fernóndez·Llim6s.4
130 Cossyono J. Correr & Michel F. Otukl
caminhado ao médico, portando prefe- uma avaliação prévia do paciente por outro
rencialmente uma orientação por escri- profissional da saúde. Isso reforça o caráter
to do farmacêutico. de validação do processo de disp ensação,
5. Na medida do possível, o farmacêutico deve que deverá ter como foco a interpretação
conhecer os serviços de saúde de sua região das informações disponíveis sobre a pres-
e as possibilidades de atendimento médico crição, o medicamento e o paciente, a fim
ou de outros profissionais, podendo esta- de complementar as informações forneci-
belecer acordos com essas situações de en- das na consulta médica/odontológica ocor-
caminhamento. rida e aumentar as chances de êxito tera-
6. Durante a dispensação, o farmacêutico pêutico. A dispensação de medicamentos
avaliará a possibilidade ou n ecessidade prescritos é a atividade profissional que se
de oferecer outros serviços farmacêuti- realiza entre os processos de seleção e admi-
cos disponíveis ao paciente. nistração da farmacoterapia.
7. A farmácia deve dispor de procedimen- O processo inclui duas etapas críticas:
tos operacionais padrão (POP) para dis-
pensação. Esses procedimentos devem 1. a interpretação e a avaliação do receituá-
.
descrever como se dá o atendimento na rio e
dispensação com receita médica, na dis- 2. a orientação do paciente ou de seu cui-
pensação de medicamentos isentos de dador.
prescrição, na dispensação ao próprio pa-
ciente ou a terceiros, na dispensação p or O primeiro passo de qualquer dispen -
entrega domiciliar e na substituição por sação é saber quem está adquirindo o medi-
genéricos ou similares. camento, o paciente, seu cuidador ou um
8. A farmácia e o farmacêutico devem ga- terceiro. Para isso, faz-se a p ergunta: Este
rantir a formação continuada da equipe medicamento é para o(a) senhor(a)?. No
de atendentes. Essa formaç.ã o deve forta- caso de uma terceira pessoa (não cuidador),
lecer o trabalho em equipe e a distinção a etapa de orientação fica comprometida e,
de tarefas e responsabilidades. por isso, é suprimida. O farmacêutico, nes-
9. As intervenções em saúde realizadas du- ses casos, deve oferecer um meio de comu-
rante o processo de dispensação devem nicação (p. ex., cartão de visita, número de
ser registradas da forma mais eficien- telefone) para ser entregue ao paciente para
te possível. Essas intervenções incluem eventuais esclarecimentos. Caso haja algu-
principalmente aquelas que levaram a al- ma orientação essencial que deva ser feita, o
terações na prescrição m édica (mudança farmacêutico pode também contatar opa-
de dose, troca por genéricos) ou realiza- ciente por telefone.
das a partir de queixas dos pacientes re-
lacionadas a inefetividade da terapia ou
s urgimento de reações adversas. 11 O primeiro passo de qualquer dispensa-
~
ção é saber quem está adquirindo o medi-
camento, o paciente, seu cuidador ou um
- ,
DISPENSAÇAO COM RECEITUARIO
terceiro. Para Isso, faz-se a pergunta: Este
medicamento é para o(a) senhor(a)?.
Entrega do
receltu6rlo
.. 1nterpretação e
avaliação do
receituário
+ Consultar:
Separação e
conferência
do produto
Não Receita com
problemas?
Sim
.. 1. Paciente
2. literatura
3. Prescritor
!
Orientação do Sim
paciente e entrega Resolvido?
do medicamento
t_Não
Considerar não
.. --------- ~ dispensação
FIGURA6.2
Fluxo geral de dispensação a partir de um receituário.
~
poderá oferecer ao paciente serviços far-
macêuticos clínicos disponíveis na farmá- terapêuticas) ou segurança (ocorrência de
cia que julgar necessários, como, por exem- efeitos indesejados) da terapêutica (Fig.
plo, revisão domiciliar de medicamentos 6.3). Assim, a orientação ao paciente reali-
ou seguimento farmacoterapêutico.
zada direciona-se primariamente aos resul-
tados, e não necessariamente ao processo de
acordo com o tratamento, esse paciente po- uso do medicamento. Faz-se a ressalva de
de ainda beneficiar-se de serviços como ve- que o que se procura avaliar, aqui, é a per-
rificação de pressão arterial, teste de glice- cepção do paciente a respeito dos efeitos de
mia ou colesterol, medida de Peak Flow, seu medicamento, e que uma análise mais
aconselhamento sobre redução do risco profunda pode ser feita por meio de outros
cardiovascular, entre outros. Poderá, ainda, serviços farmacêuticos clínicos.4
ser entregue material impresso contendo
informações pertinentes ao caso, junto com
o número de telefone da farmácia, caso o 11 A orientação ao paciente realizada dire-
~
paciente necessite contatar o farmacêutico ciona-se primariamente aos resultados, e
não necessariamente ao processo de uso
após o início do uso do medicamento. Na do medicamento.
caixa do medicamento, etiquetas recorda ti-
vas contendo instruções de uso podem ser
fixadas.
A primeira etapa da abordagem con-
siste em avaliar se os medicamentos têm ti-
DISPENSAÇÃO DURANTE A do bons resultados d e acordo com a percep-
CONTINUAÇÃO DO TRATAMENTO ção do paciente.4•8 Fazem-se perguntas do
tipo: Para que o(a) senhor(a) vem usando
Durante a continuação d.o tratamento, a este medicamento? Como está o tratamen-
dispensação deve ter um direcionamento to? Sente~se melhor? A pressão arterial (a
distinto do início do tratamento. Isso por- glicemia, o colesterol, a dor...) está contro-
que esses pacientes já podem apresentar re- lada? O médico fez alguma alteração de
sultados da farmacoterapia, e, na dispensa- dose recentemente? O(a) senhor(a) tem
Mín. -+-1~11--...l-+-I-----+1-...1---1-1_,.
.. Máx.
FIGURA6.3
Informação ao paciente na dispensação de medicamentos prescritos. A abordagem deve ser diferente
para pacientes com novas prescrições e para aqueles em continuação do tratamento.
134 Cassyano J. Correr & Mlcbel F. Otuki
~
medicamentos quando ambos comprova-
damente contêm o mesmo fármaco (mes- mente, a intercambialidade. Aceita-se que o
ma base, sal ou éster da mesma molécula medicamento genérico apresente uma for-
terapeuticamente ativa) na mesma dosa-
mulação (composição de excipientes) e um
gem e forma farmacêutica, o que pode ser
avaliado por meio de testes de qualidade
processo de fabricação diferentes do medica-
in vitro. mento de referência, devido aos distintos
equipamentos e fornecedores de matérias-
Entregado
receituário
. t para
você?
..
Sim
Inicio de
uso?
Não
Não
Sim J
+
1n feio do tratamento Continuação do tratamento
Não Sim
Algum problema? Algum problema?
________t.·----·
1
______ ,
I
, ' \
Orientação do paciente
1 1
1
Considerar 1 Encaminhar para
1
\
'
,
não dispensação
______________ _ I1
,
!
Entrega do medicamento
outros serviços
farmacêuticos
FIGURA 6.4
Fluxo detalhado da dispensação com r eceituário.
13 6 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
QUADRO 6.1 Medicamentos isentos dos testes de bioequivalência para obtenção de registro
de genérico
Apesar dessa nova realidade, não exis- mentas genéricos e similares favorece o
te autorização legal para que qualquer me- acesso a produtos de mais baixo custo e a
dicamento similar seja substituído pelo segurança da utilização de medicamentos
correspondente genérico, independente- com altos padrões de qualidade. Nos próxi-
mente da existência ou não de testes de mos anos, é esperada a definição de regras
bioequivalência. No Brasil, raramente se por parte da Anvisa sobre a substituição de
encontram farmacêuticos e farmácias co- medicamentos similares por genéricos. De
munitárias privadas que cumpram esses as- qualquer forma, a recomendação é de que
pectos da legislação. São dispensados medi- os pacientes recebam a informação técnica
camentos genéricos em substituição a todo e clínica corretas durante a dispensação e de
tipo de medicamento prescrito (referência que as substituições realizadas sejam feitas
ou similares); as substituições são feitas por com anuência do paciente e registradas pe-
qualquer atendente de farmácia; não são re- lo farmacêutico na receita.
alizados registros nas receitas; e os farma-
cêuticos raramente autorizam ou sequer to-
mam conhecimento das trocas realizadas. ERROS DE DISPENSAÇÃO
Há relatos informais, ainda, de ausência de
fiscalização, afrouxamento da norma e de- Os erros de dispensação são um tipo de er-
sinformação entre as Vigilâncias Sanitárias ro de medicação frequente e subnotificado,
municipais, inclusive para medicamentos principalmente pelas farmácias comunitá-
controlados. rias. Falhas no processo de dispensação po-
Do ponto de vista do paciente, a nor- dem produzir dano ao paciente e geram
ma cada vez mais rígida sobre os medica- constrangimento e sentimento de culpa no
farmacêutico e na equipe da farmácia. Além
QUADRO 6.2 Classificação de tipos de erros de dispensação que podem ocorrer na farmácia
comunitária
• "Você, às vezes, esquece de tomar seus adesão ao tratamento pode ser feito com
remédios?" base em uma fórmula simples, que conside-
• "Você é descuidado com a hora de to- ra a retirada ideal e a retirada real de medi-
mar seus remédios?" camentos:
• "Quando você se sente bem, você às ve-
zes para de tomar os seus remédios?" Quantidade de comp.
• "Às vezes, se você se sente mal quando Taxade retirados no período
adesão ao X 100
toma o remédio, você para de tomar?" tratamento (%) Quantidade de comp.
que deveriam ser
Sackett e colaboradores,29 desenvolve- retirados
ram outro teste, em que o paciente comuni-
ca a autoadesão ao tratamento por meio de Esse percentual é referido na literatura
uma pergunta amigável na qual é citada a também como Taxa de Cobertura - TC
dificuldade encontrada por outros pacien- (medication possession rate, o u proportion of
tes em aderir ao tratamento e na qual se pe- days covered). A TC expressa o percentual
de para estimar, referente ao último mês, de dias nos quais o paciente te1n acesso aos
qual a taxa de adesão do paciente ao seu tra- medicamentos, sendo calculado com base
tamento (expresso em ºAi de comprimidos na história de retirada (ou aquisição) de
tomados), procurando impor o menor ní- medicamentos em relação à quantidade ne-
vel de pressão possível sobre o paciente en- cessária para cumprimento total d o trata-
trevistado. O teste é composto por duas mento. A TC não guarda relação direta ine-
perguntas: quívoca com a quantidade de comprimidos
administrados, porém, representa a dispo-
• "A maioria dos pacientes tem dificulda- sição do paciente em cumprir o tratamento,
des para lembrar de tomar todos os seus e vários estudos revelaram forte relação en-
comprimidos. Você tem dificuldade pa- tre a TC e o alcance de resultados terapêuti-
ra lembrar de tomar todos os seus?" cos. Assim, a TC é um dos métodos reco-
• "Neste último mês, quantas vezes você mendados para avaliação da taxa de adesão
se esqueceu de tomar o seu remédio?" e da persistência no tratamento, particular-
mente quando essa determinação é feita no
Por meio dessas perguntas, o paciente nível gerencial dos serviços de saúde.26,30-32
comunica a autoadesão, e pode-se estimar a
porcentagem de adesão referente ao último
11 ATC é um dos métodos recomendados pa-
mês de tratamento. Pacientes não aderentes
~
ra avaliação da taxa de adesão e da persis-
são considerados aqueles com adesão me- tência no tratamento, particularmente
nor que 80% ou maior que 110%.29 quando essa determinação é feita no nlvel
Caso esteja disponível um sistema in- gerencial dos serviços de saúde. 26.30-32
formatizado de controle da dispensação, é
possível realizar análises da taxa de adesão
do paciente com base na frequência de reti- A persistência consiste no tempo
rada de medicamentos na farmácia. Esse (dias, meses) durante o qual o paciente per-
procedimento é particularmente válido no manece utilizando o medicamento sem a
setor público, em que os pacientes devem ocorrência de interrupção por certo perío-
retirar seus medicamentos sempre na mes- do de tempo. 33 A persistência não diz res-
ma unidade de saúde. O cálculo da taxa de peito ao percentual de comprimidos toma-
142 CassyanoJ. Correr & Mlchel F. Otukl
dos, mas ao tempo de exposição ao trata- útil para doenças infecciosas como HIV ou
mento antes do abandono. Pacientes que tuberculose, em que a taxa de adesão deve
abandonam o tratamento podem ser detec- ser por volta de 95%. No entanto, há evi-
tados utilizando-se critérios como a ausên- dências de que os resultados terapêuticos
cia de retirada dos medicamentos no prazo apresentam correlação linear com a taxa de
de 30, 60 ou 90 dias após a última dispensa- adesão, o que cria uma estratificação da
ção. O critério pode ser definido no serviço aderência com diferentes graus de risco de
e serve para a geração de alertas quanto aos falhas no tratamento conforme taxa de ade-
pacientes que necessitam de intervenções são ao tratamento. Como exemplos, há es-
educativas, visita domiciliar, consulta com tudos com hipertensão que estratificam os
o farmacêutico ou seguimento mais fre- pacientes nas faixas de < 40%, 40-60%, 60-
quente. Uma pesquisa realizada nos Estados 80% e > 80% 36 e com HIV+ nas faixas de <
Unidos com mais de 150 mil pacientes en- 50%, 50-64%, 65-79%, 80-94º/o e> 95º/o.37
controu taxas de persistência após 6 meses Essa estratificação pode ser utilizada pelo
de tratamento de 56o/o para estatinas, 56°/o farmacêutico a fim de triar pacientes com
para bifosfonatos, 66º/o para antidiabéticos nível superior de prioridade com relação a
orais e 63% para antagonistas da angioten- intervenções para melhorar a adesão tera-
sina ll. Esses resultados consideram como • •
peutJca.
desistentes pacientes com mais de 60 dias
sem retirada dos medicamentos.34
A adesão terapêutica pode ser calcula- RECURSOS PARA AUXÍLIO
da a partir da TC como uma variável contí- NA ADESÃO DO PACIENTE
nua, expressa em uma faixa de O a 100%, À TERAPÊUTICA
considerando determinado período de
tempo. 33 As taxas de adesão para tratamen- Organizadores de medicamentos
tos crônicos variam substancialmente entre
doenças e perfis de pacientes. Citando o Pacientes polimedicados utilizam vários
mesmo estudo do parágrafo anterior, a taxa medicamentos prescritos simultaneamente
de adesão em 1 ano de tratamento foi de 61 e muitas doses diárias. Isso transforma a or-
± 33% para estatinas, 60 + 34% para bifos- ganização dos medicamentos em um possí-
fonatos, 72 ± 32% para antidiabéticos orais vel problema concreto que vem a compro-
e de 66 ± 32º/o para antagonistas da angio- meter a adesão ao tratamento e os resuJta-
tensina II. 31 Vários autores utilizam o pon- dos terapêuticos. Um serviço agregado à
to de corte de 80º/o como referência abaixo dispensação de medicamentos prescritos (e
da qual os pacientes são considerados não não prescritos) que p ode ajudar a equacio-
aderentes. 35 Esse critério é válido para do- nar essas dificuldades consiste no forneci-
enças cardiovasculares como hipertensão, mento de dispositivos de organização de
doença coronariana, dislipidemias e diabe-
tes melito, mas não se mostra clinicamente
Organizadores de medicamentos (porta-
-comprimidos, pi// boxes, pi// cases, pi// or-
ganizers) são caixas com um ou vários
As taxas de adesão para tratamentos crôni- compartimentos que têm a função de ar-
cos variam substanáalmente entre doen- mazenar doses fracionadas de um trata-
ças e perfis de pacientes. mento medicamentoso.
A pnítlco farmacêutico no farmácia comunitário 143
TABELA6.1
Modelos nacionais e importados de organizadores de medicamentos
úteis para alguns pacientes, embora não pa- macêutico é organizar os horários de me-
ra todos, e por isso é necessário avaliar sua dicação de modo que todas as doses sejam
aplicabilidade ao paciente e confirmar sua administradas em, no máximo, dois ou
compreensão sobre o que significam as in- três momentos do dia. Se não houver evi-
formações contidas no calendário. dência explícita de interação físico-quími-
Existem dezenas de modelos produzi- ca (biofarmacêutica) entre medicamentos
dos nas mais diversas situações e organiza- ou de algum medicamento com alimentos
ções, como farmácias, lares de longa perma- (o que exige administração de 30 a 60 mi-
nência, hospitais e unidades de saúde. O nutos antes ou 2 horas após uma refeição),
modelo apresentado na Figura 6.5 foi con- os comprimidos referentes aos vários me-
cebido para utilização em serviços farma- dicamentos devem ser tomados juntos e
cêuticos clínicos e pode ser utilizado como nas refeições. Há uma preocupação desne-
referência para que o leitor construa seu cessária por parte de muitos farmacêuticos
próprio modelo. em espaçar os horários de tomada dos
Os calendários são úteis para organi- comprimidos a fim de evitar supostas "in-
zação dos horários de medicação e para re- terações". Na maioria das vezes, entretanto,
dução da complexidade da farmacoterapia. essa preocupação não se justifica e não en-
Trabalhar a complexidade do regime tera- contra suporte na literatura, o que leva a
pêutico na p rática da dispensação significa um aumento desnecessário da complexi-
tentar reduzir ao máximo o número de to- dade. Na Figura 6.6, são apresentados dois
madas diárias (agrupando comprimidos) exemplos hipotéticos de regime terapêuti-
e simplificar ao máximo as instruções adi- co que mostram uma situação de alta e
cionais a serem seguidas. Na Figura 6.5, baixa complexidade para tratamentos com
considerando os horários das alimenta- os mesmos medicamentos, prescritos na
ções e o antes e depois, existem nove mo- mesma posologia.
mentos no dia em que os medicamentos Os exemplos partem do pressuposto
podem ser inseridos. Uma meta para o far- de que nenhum dos medicamentos apre-
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 14S
- .. '
ALMOÇO
.
-
INlfM HOAA DE
MEDICAMENTO DORMIR OAIEHTAÇÓES
lRt' doc:urntrto i prrscndtldo ~o seu tnttrnt:nto.. Hlo ft:mmtndt HVJ meckiwntntos pt11 outras pesoest' No w MttomtdQut sem an..s KOmdf\lt"··Srt com o
mêcko ou o f1tmR'uoe». OJ objclVO!i do HU l.m .Tlcnto podctn VINr canformt rt<Omt~ rnicta. Conwne CDm Sl:U mêdKo sobre üJtS at111·avos.
FIGURA 6.5
Modelo de diário para organização do regime terapêutico. Pode ser utilizado como recurso para orien-
tação na dispensação de medicamentos prescritos ou em atendimentos clínicos.
DISPENSAÇÃO POR
- A
NAO FARMACEUTICOS li Não é aceitável que auxiliares ou técnicos
de farmácia identifiquem-se como farma-
Técnicos e auxiliares de farmácia apresen- ~ cêuticos, emitam julgamento sobre a
prescrição médica, indiquem medicamen-
tam um importante papel na dispensação tos ao cliente e sugiram substituição do
de medicamentos. Há, geralmente, um far- medicamento prescrito por similares.
macêutico para cada dois ou três atendentes
14 6 Ca ssyano J. Correr & Mie hei F. Otukl
EXEMPLO 1:
FIGURA6.6
Exemplos de organiza ção do regime terapêutico para a mesma prescr ição hipotética contendo cinco
medicamentos de uso contínuo.
A = antes da refeição (30-60min ); D = durante ou logo depois da r efeição; S/N = u so se n ecessór io.
22. Wills SB, Brown D. A proposed new means 33. Cramer JA, Roy A, Burrell A, Fairchild CJ,
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Dispensação de medicamen tos
isentos de prescrição
CASSYANO J. CORRER
INAJARA ROTIA
MICHEL F. OTUKI
orientações médicas e de saúde, sendo uma paciente acreditar que há um fármaco para
maneira de se usar irracionalmente os medi- cada enfermidade. Com o emprego dos me-
camentos.2 Constitui-se, ainda, em uma te- dicamentos isentos de prescrição, as opor-
rapêutica não controlada, que não permite o tunidades de monitoração do progresso do
seguimento dos pacientes, podendo aca.r re- tratamento do paciente também ficam
tar numerosos riscos e inconvenientes: comprometidas. 1•5·7
Aspectos positivos também têm sido
1. informação errônea, insuficiente ou não atribuídos à automedicação, sendo esta
compreensível dos medicamentos e suas considerada parte integrante dos autocui-
características por parte dos pacientes; dados sanitários, urna forma de responsabi-
2. eleição incorreta dos medicamentos, por lidade individual sobre a própria saúde, em
meio de autodiagnóstico equivocado; que o paciente elege livremente um trata-
3. uso ou administração incorretos, com re- mento a partir de seus próprios conheci-
lação a dose, via de administração, con- mentos. Essa ação independente dos pa-
servação; cientes é complementar à ação profissional
4. risco de abuso ou dependência; apareci- dos médicos, e não oposta, assim como tem
mento de reações adversas ou interações; um papel complementar aos sistemas de
5. utilização de associações inadequadas, saúde, contribuindo para uma menor de-
que podem ser especialmente perigosas manda de assistência sanitária para trans-
em idosos, crianças, gestantes e certos tornos menores que não a requerem. 1•2•8 Is-
grupos de risco; e so pode evitar uma supersaturação dos ser-
6. atraso na assistência médica apropriada, viços médicos e reduzir o tempo das visitas
nos casos em que esta seja realmente ne- médicas e os custos do sistema sanitário, o
cessária.3 que é de grande importância quando os re-
cursos são limitados. Dessa forma, o benefí-
A automedicação inadequada pode
cio torna-se global, valorizando os recursos
acarretar efeitos indesejáveis, como enfer-
sanitários, incluindo os profissionais e os
midades iatrogênicas e retardamento ou
econômicos. Também apresenta como van-
mascaramento do diagnóstico na fase ini-
tagens a rapidez, a fácil disponibilidade e o
cial da doença severa, permitindo sua evo-
acesso ao tratamento medicamentoso, po-
lução.5 O uso de medicamentos sem indica-
dendo reduzir os custos com as substâncias
ção m édica também pode aumentar o risco
prescritas associados com propagandas rea-
de interações medicamentosas e de reações
lizadas por programas de saúde.5•8
adversas, podendo ser prejudicial quando a
A automedicação vem sendo defendi-
consulta médica se faz necessária. Há tam-
da como a vontade e a capacidade dos pa-
bém que se considerar o potencial risco de
cientes de participarem de maneira inteli-
abuso desses medicamentos e que o aumen-
gente e autônoma nas decisões e na gestão
to da disponibilidade destes pode fazer o
QUADRO 7.2 Lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas {GITE) para medicamen-
tos isentos de prescrição médica
Antisseborreicos Caspa
(continua)
1S 6 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
QUADRO 7.2 Lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas (GITE) para medicamen-
t os isentos de prescrição médica (continuação)
prevenção/tratamento da
desmineralização óssea pré e
pós-menopausa!, prevenção de
cegueira noturna/xeroftalmia e
como antioxidantes e auxiliares
do sistema imunológico
(continua)
A prótica farmacêutica na farmócia comunitórla 157
QUADRO 7.2 Lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas {GITE) para medicamen-
tos isentos de prescrição médica (continuação)
Obs.: Esta lista é um anexo da Resoluçào RDC nº 138, de 29 de maio de 2003, que pode ser a qualquer momento
alterada. Sugerem-se consultas periódicas de suas atualizações no site da Anvisa: http://www.anvisa.gov.br.
Fonte: Brasil. 12
~
isentos de prescrição varia ao redor do mais parecidas com as do mercado cana-
mundo. Em muitos países, assim como no
dense. 7·14
Brasil, esses medicamentos estão disponí-
veis apenas em farmácias devidamente li- Na Inglaterra e na Irlanda, os medica-
cenciadas. mentos são classificados em três categorias:
POM (de prescrição), P (de venda em far-
1S 8 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
mácias sem a necessidade de prescrição, po- cidade aos consumidores, com preço regu-
rém sob a supervisão de um farmacêutico) lado, sendo alguns financiados pelo Sistema
e GSL (pertencentes a listas de vendas ge- Nacional de Saúde, desde que não estejam
rais, podendo ser vendidos em estabeleci- inclusos nas chamadas "listas negativas': Ao
mentos não farmacêuticos, como supermer- consultar-se com um médico, o paciente
cados).6·7 Para os medicamentos classifica- tem acesso a esses medicamentos não pu-
dos na categoria P, o novo termo behind- blicitários, de forma que, nesse país, a pres-
-the-counter vem sendo empregado. Nessa crição médica é um instrumento por meio
categoria, estão inclusos medicamentos do qual o cidadão adquire o medicamento
cuja dispensação não requer prescrição mé- de graça, no caso dos idosos, ou com 40o/o
dica, mas que pode ser efetuada somente de desconto, no caso dos trabalhadores, o
após a realização de uma consulta farma- que acarreta uma saturação de consultas
cêutica. A vantagem da disponibilidade médicas com problemas autolirnitados. 16
desses medicamentos é uma melhora ao seu
• .... A A •
acesso por pacientes que nao tem conven10
médico ou adequada cobertura dos medi- DISPENSAÇÃO DE
camentos de prescrição médica. Para al- MEDICAMENTOS ISENTOS
guns, a necessidade de uma consulta com o -
DE PRESCRIÇAO
médico para a obtenção de uma prescrição
representa uma barreira financeira para a Para que se compreenda melhor esse ato
definição do diagnóstico e para o bom ma- profissional, pode-se imaginar uma situa-
nejo de suas condições clinicas. Sendo as- ção concreta em que um paciente se vê
sim, essa nova classe de medicamentos sur- diante de um quadro respiratório agudo.
ge com o intuito de oferecer maior provisão Esse quadro pode estar relacionado à evolu-
de assistência ao paciente, sendo prevenidos ção de uma gripe ou de um resfriado co-
e solucionados problemas relacionados ao mum ou, ainda, a uma enfermidade respi-
uso de medicamentos a fim de se otimiza- ratória mais grave, como pneumonia, amig-
rem os resultados terapêuticos obtidos. 14•15 dalite bacteriana ou sinusite. De qualquer
modo, esse paciente, ao resolver procurar
ajuda, pode optar por uma farmácia ou pe-
Para alguns, a necessidade de uma con- lo médico, seja por meio de um consultório
sulta com o médico para a obtenção de
uma prescrição representa uma barreira particular, uma unidade de saúde ou um
financeira para a definição do diagnóstico pronto atendimento hospitalar. A decisão,
e para o bom manejo de suas condições nesse momento, cabe ao paciente e depen-
clínicas. derá, em última instância, de sua análise so-
bre a gravidade do problema.
Caso decida procurar uma farmácia,
Por fim, na Espanha, os medicamen- esse paciente poderá optar por se autome-
tos isentos de prescrição são vendidos ape- dicar sem auxilio do farmacêutico ou po-
nas em farmácias e classificados em publici- derá solicitar ao profissional conselho so-
tários, os quais são passíveis de serem sub- bre como p roceder com seu problema de
metidos a propagandas pela mídia, não saúde. Nesse último caso, caberá ao farma-
sendo financiados pelo Sistema Nacional de cêutico analisar a situação a fim de tomar
Saúde e tendo preço livre; e não publicitá- uma decisão: tratar o paciente ou encami-
rios, sobre os quais não se pode fazer publi- nhá-lo a outro serviço de saúde? Indicar um
A prótica farmacêutica na farmócla comunltórla lS9
Paciente solicita um
medicamento para um
sintoma
Análíse da situação
Necessário Encaminhamento
atendimento ao médico
médico?
Seleção do tratamento
FIGURA 7.1
Processo de dispensação de medicamentos isentos de prescrição.
dade de atendimento médico. Diferentes determinado, entretanto, pode não ser ade-
transtornos podem ter diferentes períodos quado para alguns problemas de saúde. As-
de evolução, desde horas (p. ex., cefaleia), sim, o farmacêutico deve procurar conhecer
dias ou semanas (p. ex., constipação, diar- as características clínicas específicas dos
reia) ou mesmo vários meses ou anos (p. principais transtornos menores passíveis de
ex., acne, caspa) . Há autores que recomen- tratamento na farmácia, a fim de avaliar a
dam o encaminhamento médico sempre necessidade ou não de encaminhamento
que o transtorno apresentar evolução supe- médico ou seleção de medicamento isento
rior a 7 dias. 19 Esse período de tempo pre- de prescrição. 20
1 Identificação do paciente
N Natureza dos sinais e sintomas
D Desde quando os sintomas tiveram início
1 Iniciou algum tratamento? Houve melhora?
e Comorbidades e medicamentos em uso
O Outras situações especiais
A prótica farmací!utica na farmóda comunltórla 161
QUADRO 7.4 Cenários clínicos relacionados a vários transtornos menores que exigem
encaminhamento ao médico
Condições respiratórias
Condições gastrlntestlnals
Indigestão Constipação
Sintomas pela primeira vez com idade acima Mudança no hábito intestinal com duas
de45 anos semanas ou mais de duração
Sintomas persistentes (mais de 5 dias) ou recor- Presença de dor abdominal, vômitos, flatulência
rentes Sangue nas fezes
Dor intensa Medicação prescrita suspeita de causar os
Presença de sangue em vômito ou fezes sintomas
Dor piora ao se realizar esforço Falha no tratamento com MIP
Vômitos persistentes
1nsucesso no tratamento já realizado
Suspeita de reação adversa a medicamento
Perda de peso associada
Crianças
(continua)
164 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
QUADRO 7.4 Cenários clínicos relacionados a vários transtornos menores que exigem
encaminhamento ao médico (continuação)
Condições gastrintestinais
Hemorroida
Duração de mais de três semanas
Presença de sangue nas fezes
Mudança de hábito intestinal (alteração
persistente do hábito intestinal normal)
Suspeita de constipação induzida por
medicamentos
Associada a dor abdominal e vômitos
Condições dermatológicas
Eczema/dermatite Acne
Evidência de infecção (choro, encrostamento, Acne severa
espalhando-se) Falha na medicação já utilizada
Condição grave: muito fissuradas/rachaduras Acne induzida por medicamentos
da pele, sangramento
Falha na medicação já utilizada
Nenhuma causa identificável (a menos que
previamente diagnosticada como eczema)
Duração de mais de duas semanas
(continua)
A prótica farmacêutica na fannócla comunltórla 165
QUADRO 7.4 Cenários clínicos relacionados a vários transtornos menores que exigem
encaminhamento ao médico (continuação)
Condições dermatológicas
Verrugas Sarna
Lesões com modificação na aparência: Bebês e crianças
tamanho, cor Pele infectada
Sangramento Insucesso no tratamento já realizado
Prurido intenso Diagnóstico incerto
Verrugas genitais
Verrugas faciais
Pacientes imunocomprometidos
Condições dolorosas
Condições genlturlnárlas
(continua)
166 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otuki
QUADRO 7.4 Cenários clínicos relacionados a vários transtornos menores que exigem
encaminhamento ao médico (continuação)
Condlç6es genlturln~rlas
Condlç6es pedliitricas
(conrlnua)
A prótlca farmacêutica na farmóda comunitórla 167
QUADRO 7.4 Cenários clínicos relacionados a vários transtornos menores que exigem
encaminhamento ao médico (con tinuação)
Outras condlç6es
lnsltnia
Suspeita de depressão
Problema crônico (mais de três semanas de
duração)
Crianças e adolescentes menores de 16 anos
tes dificeis. 20 Muitos aceitam o conselho de Caso decida tratar o paciente, o far-
ir ao médico sem questionar, enquanto ou- macêutico deverá escolher a melhor tera-
• •
tros podem se mostrar bastante resistentes. peut1ca para o caso.
O profissional deve sempre enfatizar suas
orientações com bom-senso, entretanto,
deve também respeitar o paciente, enten- Definição do tratamento
dendo que estes são livres para tomar suas
próprias decisões. Em casos d e pacientes re- O tratamento indicado poderá tanto ser
lutantes, alguns comentários podem amci- farmacológico como não farmacológico.
liar o farmacêutico a portar-se elegante- Caso se decida pelo uso d e medicamentos,
mente: deverão ser consideradas opções isentas de
prescrição disponiveis e as características
• "Você pode usar o produto que quiser, do paciente. O processo de tratamento ra-
mas eu o aconselharia a visitar um mé- cional, segundo a OMS, deve conter uma
dico primeiro." definição clara do problema do paciente, a
• "Se fosse meu filho, eu levaria ao médi- especificação de um objetivo terapêutico, a
co:' verificação da aplicabilidade dos medica-
• "Se você vai levar o produto de qualquer mentos disponiveis, o fornecimento de in-
forma, por favor, assegure-se de explicar formações e instruções ao paciente e o mo-
ao paciente sobre os problemas dos nitoramento dos resultados. 22 A seleção de
quais falamos." um medicamento deve ser o resultado de
• "Eu sinceramente não acredito que o um processo de decisão baseado em evi-
produto irá resolver seu problema, mas, dências contendo as seguintes etapas (Fig.
se você quer usar de qualquer forma, se- 7.3):
ja cuidadoso."
• "Você se importa se eu telefonar mais • Definição da indicação clínica: sinais
tarde para verificar se o seu problema ou sintomas que fazem necessário o tra-
está melhorando ou piorando?" tamento farmacológico.
168 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
To111ar 2 comprimidos a cada 8 horas por 2 dias. To1nar 1O mL I vez ao dia à noite.
Tomar com estômago cheio.
Usar por no máximo 5 dias.
Se não houver melhora, procurar o médico. Caso não melhore, procurar o médico.
Obs.: Produz cor alaranjada na urina.
Parãmetro o.ta Hora Bra('o Resultado Relerf<>cla Parãmetro o... H0<• Bt o Rewlrado Reíe<êncla
Esteproadknenro nõorem finalidodede llôenti6c:ação do F~ ITNCêutico fsfeprocedimentonão rem líno&Jodede (ld<núli"'lão do Fannacêutico
diagnóstico enc!o subslftul a ronsuka midko Carimbo e Asslnarura] dlogndstia> t nc!o subsdrulo coosulro midlca cartnbo e Assinatura!
au o ""11iloçdo de....,., loborororiols ova1'0lâoçãode""°'""'/oborororiois
FIGURA 7.2
Exemplos de Declaração de Serviços Farmacêuticos emitidos a partir do atendimento de queixas na
farmácia comunitária e da dispensação de medicamentos isentos de prescrição.
A prótlca farmacêutica na fannócla comunltórla 169
Objetivo terapêutico
Meta terapêutica
Via de administração
Fatores do paciente
Medicamento (marca?)
e regime terapêutico
FIGURA 7.3
Processo de seleção racional de MIPs e alguns fatores determinantes.
Prescrição independente
r---------------•
Prescrição indepen-
r--------------• dente não restrita a
Prescrição indepen- nenhuma relação
dente restrita a uma fechada de medica-
relação fechada de mentos
medicamentos ou a ·---------------·
r---------------•
protocolos clínicos :Prescrição colaborativa:
pré-elaborados : entre profissionais :
Formulário
restrito
·---------------· Formulário
aberto
r---------------•
1 1
'Prescrição suplementar'
ou de repetição,
limitada a ajustar o
tratamento prescrito
por um prescritor
independente
Prescrição dependente
FIGURA 7.4
Modelos de prescrição com base no grau de independ~ncia do prescritor e na abrang~ncia do formuló-
rio de medicamentos utilizado.
Fonte: Adaptada de Australlan Health Ministers' Adv!sory Coundl.27
~
guindo um protocolo dínico definido é o
suplementar, prescrição segundo um proto- mais comum, sendo delegado ao farma-
colo e prescrição colaborativa com médicos cêutico tal direito por um profissional
prescritor independente, em geral médi-
ou outros profissionais com autoridade le- co, após avaliação de sua competência.
gal para prescrever medicamentos. Já aque-
174 Cassyano J. Correr & Michel F. Otukl
Planta medicinal Espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos.
Fitoterápicos Medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais. São conseguidos
empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato,
tinturas, óleos, entre outros).
Droga vegetal Planta medicinal, ou suas partes, que contenha as substãncias, ou classes
de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de
coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo estar na
forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
Obs: Este quadro é baseado em conceitos descritos em Resoluções da Anvisa. Sugere-se consultas periódicas de
suas atualizações no site da Anvisa (http://www.anvisa.gov.br).
Fonte: Brasil.7•9
Medicamento
fitaterdpico
~----~ Cosmético
Extrato
Composto
Planta medicinal
isolado -----1.- Medicamento
FIGURA 8.1
Exemplos de produtos originados a partir de uma planta medicinal. Hoje, existem diversas rotas possí-
veis para se obter um mesmo produto, assim como uma grande variação de derivados vegetais.
mais de 400 milhões de dólares em fitoterá- exemplo. Ao chegar à farmácia, após avalia-
picos, deixando evidente a importância do ção do paciente (detalhes sobre esse proces-
tema para o sistema de saúde e, claro, para a so de decisão encontram-se no Capítulo 7,
prática farmacêutica. 1º o farmacêutico chega à conclusão de que a
A dispensação de plantas m edicinais e pirose pode ser tratada como um transtor-
fitoterápicos deve seguir o mesmo princípio no menor ou uma doença de baixa gravida-
de dispensação dos demais produtos far- de (doença autolimitante, de evolução be-
macêuticos, ou seja, poderá ser uma dis- nigna, que pode ser tratada sem acompa-
pensação com p rescrição ou isenta de pres- nhamento médico), como define a RDC n 12
crição (Fig. 8.2). Para tanto, o farmacêutico 10, de 9 de março de 2010. 11 Após a defini-
deverá seguir uma importante tomada de ção do caso como um transtorno menor, o
decisão, conforme descrito no Capítulo 7 farmacêutico pode efetuar auxílio na auto-
desta obra. medicação do paciente, o que pode-se nesse
caso ser encarado, como um processo de in-
dicação farmacêutica. Nesse processo de to-
li A dispensação de plantas medicinais e fi- mada de decisão, o farmacêutico, após ava-
toterápicos deve seguir o mesmo princí-
~ pio de dispensação dos demais produtos
farmacêuticos, ou seja, poderá ser uma
liar fatores como comorbidades, uso de me-
dicamentos, gravidade do sintoma e outras
dispensação com prescrição ou isenta de situações especiais, como gestação e lacta-
prescrição. ção, pode decidir pela utilização de um tra-
tamento farmacológico. Obviamente, por
se tratar de uma indicação farmacêutica de
Para melhor compreensão desse pro- um transtorno menor, o tratamento farma-
cesso, pode-se imaginar um paciente com cológico deverá ser realizado por escolha de
um problema de saúde vinculado ao siste- um medicamento isento de prescrição
ma digestório com sintoma de pirose, por (M IP). Essa escolha deverá passar por di-
182 Cossyono J. Correr & Mlchel F. Otuld
Paciente
sem
Paciente prescrição
com
prescrição
Paciente com
problemas de Paciente com
Dispensaçllo saúde não transtorno
com receituário enquadrado como menor
transtorno menor
Seguir o fluxo
detalhado da
dispensação com Planta medicinal ou
receituário Encaminhamento Medicamento medicamento fitoterápico
para outro isento de prescrição isentos de prescrição
serviço de saúde
FIGURA8.2
Processo de dispensação inserindo como possibilidade terapêutica o uso de plantas medicinais e fito-
terápicos.
versas etapas, como a definição da indica- poderia indicar uma planta medicinal ou um
ção clínica, do objetivo terapêutico, da clas- medicamento fitoterápico, desde que estes te-
se farmacológica, da via de administração e nham indicação terapêutica condizente com
do regime terapêutico (para mais detalhes, o sintoma do paciente, que não exista restri-
verificar Fig. 7.3 do Cap. 7). Como escolhas, ção de uso ao paciente escolhido e que a plan-
pode-se verificar, na Lista de Grupos e Indi- ta ou o fitoterápico possa ser indicado pelo
cações Terapêuticas Especificadas (GITE) profissional farmacêutico. Nesse momento,
(lista completa no Cap. 7), que o farmacêu- devem ser feitas duas perguntas:
tico poderia eleger um 1nedicamento da
classe dos antiácidos minerais contendo a 1. Existem medicamentos fitoterápicos
mistura de hidróxido de magnésio e hidró- que exigem prescrição?
xido de alumínio, por exemplo, caso não
exista alguma contraindicação, evidente- Sim. No Brasil, existe uma série de
mente. medicamentos fitoterápicos que exige pres-
A escolha descrita está em conformida- crição médica; ou seja, nesse caso, não po-
de com o uso racional de medicamentos, mas deriam ser escolha da indicação farmacêu-
e se o paciente ou o farmacêutico optarem pe- tica O Quadro 8.2, a seguir, lista algumas
lo uso de uma planta medicinal ou um medi- plantas que exigem prescrição conforme re-
camento fitoterápico? Sim, o farmacêutico gulamentação.12
A prótlca farmacêutica na fannócla comunitória 183
Obs: Algumas dessas plantas podem ser utilizadas sem prescrição médica quando não estiverem na forma de um
medicamento fitoterápico, e sim como uma planta medicinal ou derivada, desde que presentes na lista do Anexo
1 da Resolução RDC n2 1O, de 9 de março de 201 O. Este quadro tem como base conceitos descritos em
Resoluções da Anvisa. Sugerem-se consultas periódicas de suas atualizações no site: http://www.anvisa.gov.br.
Fonte: Brasil.12
18 4 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
Quadro 8.3 apresenta a lista das plantas assim como normatiza informações técnicas
presentes na Resolução e que podem ser de grande importância para a dispensação
consideradas isentas de prescrição e com de plantas medicinais, como sua forma de
respaldo legal para as indicações previstas preparo. Primeiramente, é de suma impor-
pela Anvisa. tância lembrar a padronização adotada para
Os produtos de que trata essa Resolu- medidas de referência no preparo e na admi-
ção destinam-se ao uso episódico, oral ou tó- nistração de plantas medicinais:
pico, para o alívio sintomático das indica-
ções terapêuticas presentes na legislação, de- 1. colher de sopa: 15 mL/3 g
vendo ser disponibili:zados exclusivamente 2. colher de sobremesa: 10 mL/2 g
na forma de droga vegetal para o preparo de 3. colher de chá: 5 mL/1 g
infusões, decocções e macerações. Além de 4. colher de café: 2 mL/0,5 g
definir as plantas que podem ser utilizadas 5. xícara de chá ou copo: 150 mL
sem prescrição, a legislação brasileira deter- 6. xícara de café: 50 mL
mina a maneira de utilização dessas plantas, 7. cálice: 30 mL
Obs: Este quadro é baseado em conceitos descritos em Resoluções da Anvisa. Sugerem-se consultas periódicas
de suas atualizações no site: http://www.anvisa.gov.br.
Nesse quadro consideram-se droga vegetal as plantas medicinais nas formas íntegras, rasuradas, trituradas ou
pulverizadas. Não podem ser consideradas drogas vegetais em qualquer outra forma (cápsula, tintura,
comprimido, extrato, xarope, entre outras).
Fonte: Baseado em Brasil. 11
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 185
Fonte: Brasil.,,
terapêutica, bem como sua presença na lista essencial a comunicação da forma correta
das isentas de prescrição. Ao consultar a Re- de preparo e administração do produto, no
solução RDC n2 10, de 9 de março de caso, uma infusão de folhas da referida
201O, 11 são encontradas as informações planta. O Quadro 8.7 relata a maneira cor-
descritas no Quadro 8.6, a seguir. reta de preparo das plantas medicinais con-
Dessa forma, o farmacêutico poderia forme o método proposto pela legislação
indicar a utilização das folhas da planta pertinente.
Maytenus ilicifolia preparadas na forma de Embora a indicação farmacêutica de
infusão na posologia de uma xícara de chá plantas medicinais e fitoterápicos isentos de
de 3 a 4 vezes ao dia, salvo as contraindica- prescrição já constituísse um direito do far-
ções presentes no quadro, como gestação. A macêutico, o Conselho Federal de Farmácia
legislação define o tempo de duração de (CFF), por meio da Resolução nº 546, de 21
tratamento com plantas medicinais como de julho de 2011, 13 reforça tal atribuição. A
períodos curtos. Assim, é possível definir as Resolução deixa clara a necessidade de do-
mesmas regras de utilização dos medica- cumentação da ação realizada na forma de
mentos isentos de prescrição, que, em geral, um registro desse serviço farmacêutico. A
são utilizados por até 7 dias. Caso a primei- Figura 8.3 ilustra uma declaração desse ser-
ra escolha de tratamento com plantas medi- viço relacionada com o caso descrito ante-
cinais não obtenha sucesso, o paciente não riormente, na escolha da planta Maytenus
deve mais ser enquadrado em um transtor- ilicifolia para o tratamento de urna queixa
no menor, devendo ser encaminhado a ou- de azia vinculada a um transtorno menor.
tro serviço de saúde. A mesma conduta de- Além da dispensação de plantas medi-
ve ser realizada nos casos de aparecimento cinais e fitoterápicos vinculados a indicação
de reações indesejadas. É importante ressal- farmacêutica e ao uso desses produtos sem
tar que a parte da planta utilizada deve ser a receituário, muitas vezes, o profissional far-
presente na legislação; nesse caso, o farma- macêutico irá dispensar esse produto via
cêutico poderia indicar somente as folhas prescrição de um profissional da saúde ha-
de Maytenus ilicifolia. Vale lembrar que é bilitado para tal função. Caso a prescrição
QUADRO 8.6 Informações sobre o uso de Maytenus i/icifolia como uma planta isenta de prescrição
Maytenus Espinheira Folhas Infusão: 1-2 g Utilizar 1 Oral Adulto Dispepsia Não deve ser Ouso pode
ilicifolia santa (1 -2 colheres xícara de chá (distúrbios da ut ilizada por provocar
de chá) em de 3 a 4 vezes digestão), azia crianças secura e gosto
150ml ao dia e gastrite. menores de6 estranho na
(xícara de Coadjuvante anos. Não boca e
chá) no tratament o ut ilizar em •
nauseas >
'O
episódico de gestantes até ó.
a.
prevenção de o terceiro mês n
p
úlcera em uso
de anti-infla-
de gestação e
em lactantes, [
p
matórios nao pois promove ~
esteroides. a redução do ãn
leite p
::s
p
Obs: Este quadro é baseado em conceitos descritos em Resoluções da Anvlsa. Sugerem•se consultas periódicas de suas atualízações no site: http://www.anvlsa.gov.br. 8'
Fonte: Brasil.11 9
o.
o.
p
n
~
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::1
p
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00
'1
18 8 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
Fonte: Brasil.11
esteja relacionada com o uso de plantas me- senciais a sua vida, como carboidratos, pro-
dicinais, devem ser seguidas as mesmas teínas e lipídeos. Essas substâncias são
orientações descritas anteriormente, como divididas em grupos de acordo com suas es-
modo de preparo e forma de administração truturas e/ou origem biológica. O nómero
correta desses produtos. Ao se deparar com atualmente conhecido dessas substâncias é
um receituário de um medicamento fitote- de aproximadamente 140 mil, divididas em
, . .
rap1co, as mesmas etapas e os mesmos cui- grupos nomeados terpenos, flavonoides, ta-
dados descritos no Capítulo 6 devem ser se- ninos, cumarinas, lignanas, alcaloides, este-
guidos. Vale lembrar que a utilização por roides, entre outros. Assim como os demais
séculos de produtos à base de plantas pela fármacos presentes na terapêutica atual, os
população criou a sensação de produtos metabólitos das plantas apresentam efeitos
providos de excelente eficácia e segurança. biológicos em virtude da interação com di-
De fato, é possível dispor de diversos fitote- versos alvos moleculares presentes no orga-
rápicos seguros e com efetividade para o nismo dos seres humanos, como enzimas,
tratamento de diferentes problemas de saó- canais iônicos, moléculas transportadoras e
de, mas não se deve esquecer da origem dos receptores, o que torna a terapia com o uso
efeitos biológicos das plantas medicinais. de plantas medicinais ou medicamentos fi-
Embora o estudo científico da ação toterápicos com eficácia similar a muitos
farmacológica das plantas tenha sido negli- fármacos utilizados atualmente e passível
genciado, hoje se sabe que os metabólitos de diversos efeitos não desejáveis durante o
primários e principalmente secundários, tratamento dos pacientes, como os efeitos
antes considerados produtos de excreção do adversos e as interações medicamentosas.
vegetal, são responsáveis pelos múltiplos Olhando de forma global para os re-
efeitos biológicos dessas plantas. Metabóli- sultados de uma farmacoterapia, é possível
tos secundários são os compostos produzi- descrever diversas etapas nas quais a utiliza-
dos pelas plantas a partir de moléculas es- ção de um medicamento fitoterápico pode-
A prática farmad!utlca na farmácia comunitária 189
Serviço de Atenção
Farmacêutica [identificação do estabelecimento
Declaração de Serviço
Farmacêutico
Nome: Data:
1. Infusão de folhas de Maytenus ilicifolia
FIGURA8.3
Exemplo de Declaração de Serviços Farmacêuticos emitida a partir do atendimento de queixas na far-
mácia comunitária e dispensação de plantas medicinais.
Via subcutânea
Via intramuscular
TABELA 9.1
Quantidade de medicamento dermatológico necessária para cobrir diferentes partes do corpo.
Quantidade de
medicamento
UPD por Por dia Por semana
Parte do corpo %ASC aplicação (p/ 2x dia) (p/ 2x dia)
Couro cabeludo 6 3 3g 21 g
Rosto e pescoço 5 2,5 2,5 g 17,5 g
Uma mão (frente e verso), incluindo os dedos 2 1 1g 7g
Um braço inteiro, incluindo mão inteira 8 4 4g 28g
Cotovelos (placa grande) 2 1 1g 7g
Ambas as solas dos pés 3 1,5 1,5 g 10,5 g
Um pé (dorso e sola), incluindo dedos 3 1,5 1,5 g 10,5 g
Uma perna inteira, incluindo pé inteiro 16 8 Sg 56g
Nádegas 8 4 4g 28g
Joelhos (placa grande) 2 1 1g 7g
Tronco (anterior) 16 8 Sg 56g
Tronco (posterior) 16 8 Bg 56g
órgãos genitais 1 0,5 0,5 g 3,5 g
ASC, Área da Superfície Corporal; UPD, Unidade Ponta de Dedo. Cálculos baseados em 500 mg (1 UPD)
para cada 1ºAi ASC.
Fonte: Zeichner e colaboradoress e Menter e colaboradores. 6
TABELA 9.2
Número de Unidades Ponta de Dedo de um indivíduo adulto suficiente para cobrir diferentes partes
do corpo de bebês e crianças a cada aplicação
Número de UPD
Rosto e Braço Perna Tronco Tronco (posterior
Idade pescoço e mão epé (anterior) incluindo nádegas)
3-6 meses 1 1 1 Y2 1 1 Vi
1-2 anos 1 Vi 1 Y2 2 2 3
3-5 anos 1 Vi 2 3 3 3 Vi
6-1 Oanos 2 2 Y2 4 Y2 3 Vi 5
A prótlca farmacêutica no farmócio comunitória 199
xaropes), utilizadas por via oral ou tópica, 4. Remover secreções do olho do paciente
são as mais simples de serem utilizadas pelo com água boricada.
paciente e, por isso, têm menor risco de er- 5. Puxar a pálpebra inferior do paciente pa-
ros. A complexidade da utilização pode ter ra baixo, formando uma "bolsa".
mais a ver com a forma farmacêutica, seu 6. Aproximar o conta-gotas o mais próximo
preparo ou sua técnica de uso do que pro- possível da "bolsa': sem encostar no olho.
priamente com a via de administração. 7. Aplicar a quantidade de gotas necessárias.
As EFCs tratadas neste capítulo estão 8. Instruir o paciente a fechar o olho por
definidas na Tabela 9.3.8 - 14 Recomenda-se dois minutos, sem forçá-lo.
ao leitor que utilize as ilustrações contidas 9. Se o paciente for utilizar algum outro ti-
neste capítulo, mais efetivas à orientação ao po de colírio, esperar cinco minutos pa-
paciente, durante a dispensação, a fim de ra aplicá-lo.
reforçar a informação verbal. Também po- 10. Alguns colírios podem causar a sensação
dem ser feitas cópias de cada instrução para de ardência; se essa sensação persistir por
serem fornecidas como material comple- mais de alguns minutos, procurar o mé-
mentar ao paciente. dico ou o farmacêutico.
11. O período de validade de um colírio após
aberto é de cerca de 30 dias.
Colírios (Fig. 9.3)
Colírios em crianças
l. Lavar bem as mãos.
2. Procurar não encostar na abertura do 1. Deitar a criança de barriga para cima,
conta-gotas. com a cabeça reta para cima.
3. Instruir o paciente a olhar para cima. 2. Solicitar que a criança feche os olhos.
TABELA 9.3
Especialidades farmacêuticas complexas e vias de administração
Oftálmica Colírio
Pomada oftálmica
Otológica Gotas otológicas
Suspensão otológica
Nasal Gotas nasais
Spray nasal
lnalatória Aerossol dosimetrado
Inalador de pó seco
Retal Enema
Supositório
Vaginal Anel vaginal
Creme, pomada, gel vaginal
Comprimido vaginal
óvulo
Dermatológica Adesivo transdérmico
Esmalte
Emplastro
Oral Suspensão extemporânea
200 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
FIGURA9.4
Administração de pomada oftólmica.
Gotas otológicas
1. Aquecer o frasco, segurando-o entre as
mãos ou debaixo do braço (não usar água
quente da torneira, pois impossibilita o
controle da temperatura).
2. Instruir o paciente a virar a cabeça de la-
FIGURA9.3
Administração de colírio. do ou deitar-se com o ouvido para cima.
3. Puxar um pouco o lóbulo da orelha do
paciente para expor o canal auditivo.
Pomada oftálmica {Fig. 9.4) 4. Aplicar a quantidade de gotas necessária.
5. Instruir o paciente a aguardar por cinco
1. Lavar as mãos. minutos para virar a cabeça. Aplicar as
2. Instruir o paciente a lavar os olhos. gotas no outro ouvido.
3. Tomar cuidado para não encostar na tam- 6. Caso seja recomendado pelo fabricante,
pa do tubo. colocar algodão após a aplicação.
4. Instruir o paciente a inclinar a cabeça pa- 7. Algumas gotas otológicas podem causar
ra trás. ardência, que n ão deve perdurar por mais
5. Puxar a pálpebra inferior do paciente pa- de alguns minutos.
ra baixo, formando uma "bolsa':
6. Colocar a ponta do tubo o mais perto
possível da "bolsa': Suspensão otológica
7. Aplicar a quantidade necessária.
8. Instruir o paciente a fechar os olhos por 1. Aquecer o frasco, segurando-o entre as
dois minutos após aplicar. mãos ou debaixo do braço (não usar água
9. Remover o excesso de pomada com um quente da torneira, pois impossibilita o
lenço de papel. controle da temperatura).
10. Limpar cuidadosamente a ponta do tu- 2. Agitar vigorosamente.
bo com outro lenço de papel. 3. Instruir o paciente a virar a cabeça de la-
11. As pomadas são de uso individual. do ou deitar-se com o ouvido para cima.
A prática farmaci!utlca na farmácia comunitária 201
" l '') . .,
FIGURA 9.5
Posições corr etas do corpo recomendadas na administração de spray ou gotas nasais.
202 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otuki
4. Segurar o tubo como indicado nas ins- 1. Remover o protetor do bocal, apertando,
truções do fabricante, formando um "L''. delicadamente, suas laterais.
5. Instruir o paciente a inclinar levemente 2. Agitar bem o inalador e liberar um jato
a cabeça para trás. de ar, para certificar-se de que funciona.
6. Antes de apertar o inalador, instruir opa- 3. Para verificar a carga do cartucho de alu-
ciente a expirar normalmente, colocan- minio, retirá-lo e mergulhá-lo em um co-
do o máximo de ar para fora e manten- po cheio de água. Conforme a quantida-
do a boca aberta. de de medicamento restante, o cartucho
7. Colocar o inalador a uma distância de irá flutuar (vazio) ou afundar (cheio).
cerca de 5 cm da boca do paciente (4 de-
dos de um adulto). Aerossol com espaçador
8. Instruir o paciente a iniciar uma inspira- (Aerocâmera•)
ção lenta e profunda e pressionar o ina-
lador com o dedo indicador na parte de 1. Instruir o paciente a expectorar o máxi-
•
ctma. mo de catarro possível.
9. Instruir o paciente a prender a respiração 2. Retirar a tampa.
por 10 segundos com a boca fechada. 3. Encaixar a aerocâmera.
1O. Instruir o paciente a respirar normalmen- 4. Agitar o tubo vigorosamente antes de usar.
te. 5. Segurar o tubo, formando um "L': como
11. Se necessário mais de um jato, repetir o indicado nas instruções do fabricante.
procedimento. 6. Instruir o paciente a inclinar levemente
12. Recolocar a tampa. a cabeça para trás.
13. Instruir o paciente a escovar os dentes ou 7. Colocar a aerocâmera na boca do paciente.
enxaguar a boca e gargarejar com água 8. Instruir o paciente a iniciar uma inspiração
para retirar o medicamento que ficou lenta e profunda e pressionar o inalador com
depositado na cavidade oral. Instruí-lo a o dedo indicador na parte de cima.
não engolir a água do gargarejo. 9. Instruir o paciente a prender a respiração
por 10 segundos com a boca fechada.
Caso seja a primeira vez de uso, ou 10. Instruir o paciente a respirar normalmente.
após muito tempo sem utilização, testar o 11. Se necessário mais um jato, repetir o pro-
inalador: cedimento.
12. Retirar a aerocâmera e recolocar a tampa.
13. Lavar a aerocâmera apenas com água
morna e deixar secar.
14. Instruir o paciente a escovar os dentes ou
enxaguar a boca e gargarejar com água
para retirar o medicamento que ficou
depositado na cavidade oral. Instruí-lo a
não engolir a água do gargarejo.
1. Preparar o inalador:
2. Girar a ta1npa protetora e removê-la.
3. Manter o inalador na posição vertical,
com a base giratória para baixo.
4. Girar a base em sentido anti-horário até
onde for possível e, em seguida, voltar a
base à posição inicial até ouvir um clique
(inalador carregado).
5. Instruir o paciente a ficar de pé ou com
o tronco reto.
6. Instruir o paciente a expirar normalmen-
te o máximo de ar possível e a prender a
respiração.
7. Colocar a parte superior do inalador en-
FIGURA 9.7 tre os dentes do paciente e instruí-lo a fe-
Aerossol acoplado a espaçador com bocal. char os lábios ao redor.
204 Cassyano J. Correr & Mlchel F. Otukl
FIGURA 9.8
Aerossol dosimetrado acoplado a espaçador com máscara.
1. Preparar o inalador:
2. Abrir o inalador, segurando a tampa com
a mão esquerda, e colocar o polegar da
mão direita na depressão do inalador, gi-
rando a porção que contém o polegar pa- FIGURA9.9
ra a direita até ouvir um clique. Exemplo de inalador de pó seco Turbuhaler•.
A prótlca farmacêutica na farmócla comunltória 205
mentos da cápsula, pode ser usado um pin- ca e gargarejar com água. Instruí-lo a não
cel macio. Não usar álcool. engolir a água do gargarejo.
Informações importantes: a gelatina 15. Recolocar a tampa protetora.
da cápsula é comestível, portanto, não é
prejudicial. As cápsulas não devem ser ma- Informações importantes: o medica-
nipuladas com as mãos úmidas ou molha- mento não possui indicação de doses, mas é
das, por serem gelatinosas. Em tratamentos possível visualizar o pó no aparelho. Quan-
com broncodilatadores e corticoides, utili- do começar a surgir o fundo vermelho na
zar a técnica primeiramente para o bronco- câ.m ara em que está o pó, a medicação esta-
dilatador e, após, repetir para o corticoide. rá no fim.
Pulvinal• Novolizer•