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Crescimento e desenvolvimento

na infância
UFCD 10654
Objetivos

❑ Identificar as especificidades do desenvolvimento de crianças.

❑ Identificar os fatores condicionantes do desenvolvimento de


crianças.

❑ Identificar os sinais de alerta relativos aos problemas de


desenvolvimento das crianças
Desenvolvimento de crianças

Desenvolvimento físico e psicomotor


Desenvolvimento físico e psicomotor:

❑ O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento


humano interfere diretamente nas relações afetivas, sociais e
motoras dos jovens; consequentemente, é necessário adequar os
estímulos ambientais em função desses fatores.
❑ O desenvolvimento é entendido como uma interação entre as
características biológicas individuais (crescimento e maturação)
com o meio ambiente ao qual o sujeito é exposto durante a vida.
❑ Crescimento, maturação e desenvolvimento humano são
processos altamente relacionados que ocorrem continuamente
durante todo o ciclo de vida.
❑ A partir do nascimento, inicia-se uma complexa relação entre o
bebé e o ambiente que o cerca. As estruturas neurológicas já
estão razoavelmente bem formadas, principalmente o cérebro e as
funções sensoriais exteroceptivas (visão, audição, tato, paladar e
olfato), possibilitando um complexo interacional do bebé com seu
redor.
❑ A atividade motora do recém-nascido é bem ativa, mas
desordenada e sem finalidade objetiva, movimentando de modo
assimétrico tanto os membros superiores como os inferiores
(pedalagem).
❑ É fundamental que o bebé seja exposto a estímulos motores
adequados ao seu nível de desenvolvimento.
❑ A coordenação motora deve ser desenvolvida de modo
integrado com o processamento cognitivo, em situações que
exijam certo grau de perceção e decisão referente à solução motora
adequada, obviamente, condizente com a capacidade individual
da criança.
❑ Nessa fase, as curvas de crescimento em estatura e peso
corporal mantêm-se relativamente estáveis em ambos os géneros,
com ganhos anuais médios em torno de 7 cm e 2.5 kg,
respetivamente.
❑ Entre os 5 e 10 anos de idade ocorre uma grande evolução na
coordenação e controlo motor, facilitando a aprendizagem de
habilidades motoras cada vez mais complexas.
❑ Durante esse período, a criança tem condições de entender as
regras do desporto e participar em programas estruturados de
formação, sendo ainda aconselhável uma grande diversificação
dos movimentos.
❑ Durante a puberdade (aproximadamente dos 11 aos 16 anos de
idade), ocorrem diversas alterações morfológicas e funcionais
que interferem diretamente no envolvimento e na capacidade de
desempenho desportivo.
❑ Um dos principais fenómenos da puberdade é o pico de
crescimento em estatura, acompanhado da maturação biológica
(amadurecimento) dos órgãos sexuais e das funções musculares
(metabólicas), além de importantes alterações na composição
corporal, as quais apresentam importantes diferenças entre os
géneros.
❑ Nos meninos, o pico de crescimento em estatura ocorre
aproximadamente aos 14 anos de idade, com grandes
variações individuais, sendo normal a sua ocorrência entre os 12 e
os 16 anos de idade.
❑ Esse ganho de massa e o amadurecimento das funções musculares
proporcionam um aumento na capacidade metabólica, que por
sua vez tende a aumentar os índices de força, velocidade e
resistência, especialmente se houverem estímulos motores
adequados.
❑ Diferentemente dos meninos, as meninas com maturação
biológica precoce (antes dos 12 anos de idade) não apresentam
uma vantagem transitória no desempenho desportivo. Isso ocorre,
tal como referimos a seguir, fundamentalmente em função da
composição corporal.
❑ Nas meninas, o pico de crescimento em estatura ocorre por
volta dos 12 anos de idade e apresenta consideráveis variações
em relação à idade cronológica, podendo ocorrer entre os 10 e os
14 anos.
❑ Após o pico de crescimento em estatura, ocorre a menarca,
diretamente associada à elevação da produção de hormonas
femininas (estradiol). Entretanto, não há um ganho acentuado de
massa muscular, uma vez que não há elevação significativa na
produção de testosterona. Assim, as meninas aumentam o
percentual de gordura corporal (principalmente na região dos seios e
quadris), o que não favorece a execução de habilidades motoras.
Desenvolvimento de crianças

Desenvolvimento cognitivo
❑ Ao contrário do que durante muitos anos se acreditou, a
importância dos primeiros tempos de vida é fundamental para o
desenvolvimento dum ser humano, sendo aí que se estabelecem
as bases para o seu percurso afetivo e cognitivo.
❑ No entanto e, apesar de provavelmente esta ser a geração de pais
mais informada acerca do desenvolvimento infantil, ainda se verificam
com relativa frequência casos em que as necessidades da criança
não são satisfeitas, sendo até muitas vezes desvalorizadas face a
outras recorrentes.
❑ O desenvolvimento processa-se por etapas (fases/estágios). As
etapas do desenvolvimento seguem uma sequência. Essa sequência
é invariável (O indivíduo não pode “saltar” etapas, embora possa
passar por certas etapas mais depressa, ou mais devagar que os
outros). O processo de desenvolvimento ocorre ao longo de toda a
vida do indivíduo.
❑ As capacidades mentais e comportamentais só surgem com base
na maturação do sistema nervoso (em que inclui o cérebro) e de
todo o organismo. Por exemplo – Uma criança só começa a andar
quando as suas pernas têm uma maturação óssea e muscular
adequada à marcha, mas o seu sistema nervoso e o ouvido
interno têm que ser capazes de manter e regular o equilíbrio
corporal e motor.
❑ O que ocorre em cada fase do desenvolvimento, influencia as
outras. Um trauma na infância pode levar a que um adulto exiba
determinados comportamentos resultantes desse trauma. A não
aquisição de competências das fases do desenvolvimento que lhes
são propícias pode comprometer seriamente as fases seguintes
(como no caso do menino selvagem).
❑ A velocidade e a intensidade do processo de desenvolvimento não
são as mesmas ao longo de todo o processo.
❑ O processo de desenvolvimento é rápido na primeira infância,
depois lento, torna-se rápido outra vez durante o surto de crescimento
pré-pubertário, lento na adolescência e tem um nivelamento final aos
dezoito e dezanove anos até vinte e poucos anos.
❑ O desenvolvimento é o processo pelo qual o ser humano se forma
enquanto ser bio-sócio-cultural, desde o momento da conceção, até à
sua morte. Este processo dá-se como uma interação constante entre
o indivíduo (as suas estruturas biológicas e mentais) e o meio em que
se encontra inserido.
❑ Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie
humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue
fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu
processo de desenvolvimento. São eles:
❑ 1º Período: Sensório-motor (0 a 2 anos)

❑ 2º Período: Pré-operatório (2 a 7 anos)

❑ 3º Período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)

❑ 4º Período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)


❑ Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de
organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do
indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia.
❑ De uma forma geral, todos os indivíduos vivenciam essas 4 fases
na mesma sequência, porém o início e o término de cada uma delas
pode sofrer variações em função das características da estrutura
biológica de cada indivíduo e da riqueza (ou não) dos estímulos
proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido.
❑ Por isso mesmo é que "a divisão nessas faixas etárias é uma
referência, e não uma norma rígida. Abordaremos, a seguir, sem
entrar em uma descrição detalhada, as principais características de
cada um desses períodos.
❑ Período Sensório-motor (0 a 2 anos): segundo La Taille (2003),
Piaget usa a expressão "a passagem do caos ao cosmo" para
traduzir o que o estudo sobre a construção do real descreve e
explica.
❑ De acordo com a tese piagetiana, "a criança nasce num universo
para ele caótico, habitado por objetos evanescentes (que
desapareceriam uma vez fora do campo da perceção), com tempo e
espaço subjetivamente sentidos, e causalidade reduzida ao poder
das ações, em uma forma de onipotência" .
❑ No recém-nascido, portanto, as funções mentais limitam-se ao
exercício dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que
circunda a criança é conquistado mediante a perceção e os
movimentos (como a sucção, o movimento dos olhos, por exemplo).
❑ Progressivamente, a criança vai aperfeiçoando tais movimentos
reflexos e adquirindo habilidades e chega ao final do período
sensório-motor já se concebendo dentro de um cosmo "com objetos,
tempo, espaço, causalidade objetivados e solidários, entre os quais
situa a si mesma como um objeto específico, agente e paciente dos
eventos que nele ocorrem".
❑ Ao nascer, a conduta da criança é determinada hereditariamente.
Ela desenvolve os reflexos inatos, como, por exemplo o de sugar, por
meios de exercícios funcionais, que são exercícios de repetição dos
seus atos. Na interação com os objetos e pessoas, a criança vai
assimilando suas próprias reações aos estímulos que recebe.
❑ A partir dessas repetições e, consequentemente, assimilações, a
criança vai construindo aos poucos uma lógica de ação. Por meio da
ação, a criança refere-se aos acontecimentos, recorda-os e pode
produzi-los.
❑ O universo que inicialmente estava centrado no corpo da criança
e na sua ação, vai sendo descentrado de tal forma que ela acaba por
se situar como alguém num universo maior, num universo de objetos
permanentes.
❑ Período pré-operatório (2 a 7 anos): para Piaget, o que marca a
passagem do período sensório-motor para o pré-operatório é o
aparecimento da função simbólica ou semiótica, ou seja, é a
emergência da linguagem. Nessa conceção, a inteligência é anterior
à emergência da linguagem e por isso mesmo "não se pode atribuir à
linguagem a origem da lógica, que constitui o núcleo do
pensamento racional."
❑ Na linha piagetiana, desse modo, a linguagem é considerada como
uma condição necessária mas não suficiente ao desenvolvimento,
pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é
dado pela linguagem, conforme alerta La Taille (1992).
❑ Numa palavra, isso implica entender que o desenvolvimento da
linguagem depende do desenvolvimento da inteligência.
❑ Todavia, conforme demonstram as pesquisas psicogenéticas, a
emergência da linguagem acarreta modificações importantes nos
aspetos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que ela
possibilita as interações interindividuais e fornece, principalmente, a
capacidade de trabalhar com representações para atribuir
significados à realidade.
❑ Tanto é assim, que a aceleração do alcance do pensamento neste
estágio do desenvolvimento, é atribuída, em grande parte, às
possibilidades de contactos interindividuais fornecidos pela
linguagem.
❑ Contudo, embora o alcance do pensamento apresente
transformações importantes, ele caracteriza-se, ainda, pelo
egocentrismo, uma vez que a criança não concebe uma realidade da
qual não faça parte, devido à ausência de esquemas conceituais e
da lógica.
❑ A criança, neste período, reconstrói conceitualmente tudo o que,
desde o seu nascimento, constituiu como ação.

❑ Os esquemas sensórios-motores já não são os únicos


instrumentos de aprendizagem e desenvolvimento. A criança possui a
capacidade de representação verbal e de pensamento.
❑ A criança agora é capaz de interagir com o objeto, mesmo
ausente, criando significantes que o representam como desenhos,
gestos, palavras ou outros objetos.

❑ A capacidade de representação da criança manifesta-se de diferentes


formas: a imitação, a brincadeira do faz-de-conta, o desenho, a
imagem mental e a linguagem.
❑ A linguagem escrita também surge neste período, que além de
fazer parte do sistema de representação, começa a ser objeto de
interesse da criança.

❑ Nesta fase a criança amplia muito, a sua capacidade linguística,


com o uso de verbos simples, adjetivos e advérbios de tempo e de
lugar.
❑ Enquanto as crianças mais novas falam para si mesmas ainda que
estejam juntas com outras crianças, as mais velhas já são capazes
de estabelecer trocas verbais com seus pares e os adultos.

❑ Vejamos agora a descrição das características do crescimento e


desenvolvimento da criança, bem como algumas breves
orientações de acordo com cada idade.
❑ Período das operações concretas (7 a 11, 12 anos): neste período o
egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no
ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior dá lugar à
emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e
coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem) e de
integrá-los de modo lógico e coerente.
❑ Um outro aspeto importante neste estágio refere-se ao aparecimento
da capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa
a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações
físicas típicas da inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por
exemplo, qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de
responder acertadamente comparando-as mediante a ação mental,
ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física).
❑ Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente,
tanto os esquemas conceituais como as ações executadas
mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis
de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta.
❑ Além disso, se no período pré-operatório a criança ainda não havia
adquirido a capacidade de reversibilidade, i.e., "a capacidade de pensar
simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma
transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de
conservação da quantidade quando se transvaza o conteúdo de um
copo A para outro B, de diâmetro menor)", tal reversibilidade será
construída ao longo dos estágios operatório concreto e formal
❑ Período das operações formais (12 anos em diante): nesta fase a
criança, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já
consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de
formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar
operações mentais dentro de princípios da lógica formal.
❑ Com isso, a criança adquire "capacidade de criticar os sistemas
sociais e propor novos códigos de conduta: discute valores morais de
seus pais e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto,
autonomia)".
❑ De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta fase, o indivíduo
adquire a sua forma final de equilíbrio, ou seja, ele consegue
alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta.
❑ Isso não quer dizer que ocorra uma estagnação das funções
cognitivas, a partir do ápice adquirido na adolescência, como enfatiza
Rappaport, "esta será a forma predominante de raciocínio utilizada
pelo adulto.
❑ O seu desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de
conhecimentos tanto em extensão como em profundidade, mas não
na aquisição de novos modos de funcionamento mental".
Desenvolvimento de crianças

Desenvolvimento da linguagem
❑ O pensamento e a linguagem orientam a pessoa para a
comunicação.

❑ Comunicar implica um pôr em comum, uma troca. Assim, há uma


transmissão de uma mensagem destinada a informar e/ou a
influenciar um individuo ou um grupo.
❑ O desenvolvimento da linguagem é um processo muito
complexo. Falar implica ouvir e processar o que se ouve, replicar
utilizando as palavras adequadas e fazendo os movimentos
articulares certos utilizando músculos e tendões específicos e
regulando a capacidade respiratória
Etapas na aquisição da linguagem

❑ 1 mês - o bebé já consegue fixar o rosto do pai ou da mãe por


longos períodos ficando cada vez mais interessado até esboçar um
sorriso aberto. Se for correspondido com outro sorriso, tenderá a
prolongá-lo. Já balbucia, emitindo breves sons de contentamento e
segue os sons e a face.
➢ 2 meses - começa a palrar e a produzir vocábulos em resposta à
estimulação quando brincam com ele. Chora quando quer chamar
a atenção, começa a ser manipulador pois sabe que os pais
respondem prontamente.
➢ 4 meses - geralmente já ri com intenção em resposta a estímulos
que aprecia e chora em caso contrário. Começa a jogar com as suas
novas aquisições, chora deliberadamente para chamar a atenção e
após um compasso de espera volta a chorar com mais intensidade -
é o chamado processo de causalidade: se tiver determinado
comportamento sabe que obterá o resultado pretendido.
➢ 6/8 meses - já imita, tentando vocalizar com entoação, usa
algumas consoantes: ma-ma, pa-pa, da-da, sem significado.
Responde ao nome, grita para chamar a atenção dos adultos.

➢ 9/12 meses - começa a entender o “não”, usa palavras como


mamã ou papá já com significado.
➢ 12 meses - já revela um entendimento do que ouve. Compreende
ordens simples como “vai dar ao papá” ou “ vai buscar um brinquedo”,
mostrando que sabe o que lhe estamos a dizer quer obedecendo
quer mostrando claramente que não quer fazê-lo.
➢ 15 meses - a criança é ainda muito trapalhona a falar, compreende
tudo e faz-se entender quer por palavras quer por gestos, pode
utilizar alguns substantivos isolados. Fala com entoação e ritmo,
mesmo que impercetível pelos adultos e começa a mostrar
frustração por não conseguir conversar ao ritmo que desejaria.
➢ 18 meses - utiliza várias palavras: bola, cão, nomes de algumas
pessoas; identifica algumas partes do corpo; executa gestos mais
complexos para se expressar.

➢ 2 anos – já utiliza alguns verbos e adjetivos como “é bonito” ou


“quero aquilo”. Compreende ordens complexas sendo capaz de
cumprir 2 a 3 ordens em sequência “vai buscar os sapatos e vai
dar ao pai que está na sala”.
➢ 3 anos – constrói frases mais elaboradas com 3 ou mais palavras.
Já entende os contrários – cima/baixo, dentro/fora,
pequeno/grande. Já consegue utilizar o plural e por vezes o
feminino/masculino. Já sabe o nome e a idade. Começa a
questionar-se sobre o “porquê” das coisas.
➢ 4/5 anos – discurso mais elaborado, constrói frases mais
elaboradas, expressa-se bem, utiliza os tempos verbais
adequados. Pode eventualmente revelar ainda dificuldades no que
se refere à articulação e/ou dicção
➢ O desenvolvimento da linguagem acompanha o desenvolvimento
do pensamento num trajeto da centração para a descentração
cognitiva. Assim, a linguagem contribui, primeiramente, para ajudar
a criança a afirmar-se pessoalmente – a si e ao seu pensamento –
e só mais tarde, depois dos 7 anos, contribui para uma afirmação
socializada, para uma comunicação interpessoal.
❑ Todos nós representamos mentalmente cenas de crianças a
falarem alto enquanto brincam. É como se pensassem alto; o falar
acompanha a ação.

❑ Estes monólogos estão ligados a um pensamento egocêntrico.

❑ Segundo Piaget, as crianças, mesmo quando brincam juntas,


falam cada uma para si, sem se preocuparem com o que as outras
dizem (monólogo coletivo).
❑ Esta linguagem egocêntrica, precede, pois, uma linguagem
socializada.

❑ A linguagem socializada corresponde a preocupações lógicas de


adaptação ao mundo real e a uma fase da comunicação interativa.
O individuo afirma-se tendo em conta o interlocutor e o seu ponto
de vista, a sua mensagem.
❑ O falar infantil é marcado não só pela cognição mas também
pelo mundo afetivo, convivial e sociocultural da criança.
Salientem-se ainda os modelos linguísticos ouvidos pela criança – a
linguagem tem uma relação direta com os comportamentos de
imitação
Desenvolvimento de crianças

Desenvolvimento sócio-afetivo
❑ Nos últimos anos, a psicologia desenvolveu estudos profundos
sobre os bebés e os primórdios da comunicação humana. As
investigações naturalistas com registos diversificados,
nomeadamente gravações vídeo, tem permitido, estudos que
transformaram os saberes adquiridos sobre este assunto.
❑ Um dos aspetos mais estudados tem sido a relação da de
mãe/filho. As características desta relação, no primeiro ano de
vida, vão ter grande importância no desenvolvimento futuro da
criança: personalidade, autoestima, confiança em si próprio,
relacionamento interpessoal.
❑ Poderemos quase dizer quer o bebé antes de nascer, se
relaciona com a mãe e com as pessoas significativas do seu
meio. Ele influencia e é influenciado pelo mundo envolvente.
A forma como decorre o próprio nascimento tem sido
considerada como muito importante.
❑ Não só o próprio ato de nascer, mas o acolhimento – externo e
interno – que é feito. É a forma terna como lhe é dado nome, como
se descobre com quem se parece, como se arranjou espaço para si
na casa, que faz inscrever este filho no casal e nas histórias das
famílias.
❑ A relação da mãe e das outras pessoas com os bebés é,
normalmente diferente das que desenvolvem com outras crianças
mais velhas: no tom de vos, nos olhares, nos gestos, no que é dito e
na forma como é dito.
Na interação mãe / filho

➢ A relação inicia-se durante a vida intrauterina

➢ Importante para a construção do ego

➢ Relação de dependência

➢ Relação de confiança por parte da criança


➢ A relação mãe-bebé está correlacionada com o processo de
maturação da criança. As primeiras experiências intersubjetivas
desenvolvem-se num banho de afetos.

➢ A mãe comunica os seus afetos interpretando as necessidades e


desejos do bebé. Para isto, ela utiliza as suas capacidades de
empatia, que lhe permitem perceber os estados afetivos do bebé.
Construção do objeto

❑ Através da mãe, a criança tem acesso aos objetos simples,


depois a objetos progressivamente mais complexos e finalmente à
sua dimensão. A relação de objeto da criança com a mãe, objeto de
amor, define a afetividade relacional.
Winnicott distingue três séries de atos nos cuidados que a mãe
prodigaliza à criança:

➢ O Holding que corresponde ao amparo da criança pela mãe, ela


suporta-o, assegura-lhe um continente corporal graças ao seu
próprio corpo dela no espaço.
➢ O Handling reenvia para os cuidados e manipulações da criança
pela mãe, que ao faze-lo, lhe proporciona sensações tácteis,
cinestésicas, auditivas e visuais.

➢ O Object-presenting corresponde ao modo de apresentação do


objeto; assim através da mãe, a criança tem acesso aos objetos
simples, depois a objetos progressivamente mais complexos e
finalmente à sua dimensão.
❑ A relação de objeto da criança com a mãe, objeto de amor,
define a afetividade relacional. Há ainda um enquadramento dessa
afetividade num estado afetivo geral, que pode ser alegre ou triste,
tranquilo ou ansioso, agitado ou instável.
Importância da vinculação

❑ Quando falamos em vinculação, falamos na tendência que existe


nos bebés, para estes permanecerem junto da mãe durante os
primeiros tempos de vida, vindo a estabelecer ligações importantes
que vão condicionar a sua vida futuramente.
❑ Se estas ligações, foram ligações fortes e boas para o
desenvolvimento da criança, e se elas lhe permitirem obter uma
maior quantidade de felicidade a criança vai-se sentir melhor
com ela e com os outros, transparecendo na sua personalidade
no futuro.
❑ Por outro lado, se a criança não tiver qualquer tipo de afeto,
por parte da "mãe", a criança vai-se ressentir e isso vai
manifestar-se de diferentes formas. Tornar-se-á uma criança
menos apta para a vida, menos apta no confronto perante
diversas situações com os outros.
❑ A necessidade de vinculação não é fruto da aprendizagem, mas
uma necessidade básica do mesmo tipo que a alimentação e a
sexualidade. Bowlby considera que esta necessidade não é
herdada – o que se herda é o potencial para a desenvolver.
O bebé tem variáveis comportamentais – sistemas de
comportamentos – que favorecem a vinculação, como a sucção, o
agarrar, o chorar, o seguir, o sorrir. Bowlby refere o chorar e o sorrir
como os comportamentos que ativam uma resposta materna.
❑ Estes sistemas comportamentais definem a sua natureza de
acordo com o meio em que se processa o desenvolvimento.
Os comportamentos de vinculação do bebé vão ser consolidados
por sinais para desencadear ou manter respostas de
proximidade e de contacto com a mãe.
❑ A mãe dá significado aos sinais emitidos. O recém-nascido,
sem falar, ensina os pais a tratarem bem dele, a adaptarem-se ao
seu ritmo, a “adivinharem” as suas necessidades. Esta
perspetiva é profundamente interativa – a relação mãe/filho é
bidirecional, isto é ambos emitem sinais que ativam a vinculação.
❑ A sensibilidade e a disponibilidade emocional da mãe vão
favorecer a adequação de resposta aos sinais do bebé e facilitar
o ultrapassar das possíveis dificuldades interativas. Os
padrões de vinculação resultam da qualidade desta interação e
influenciarão a vida psicológica futura.
❑ O tipo de ligação entre o filho e a mãe muda à medida que
criança se desenvolve, embora se mantenham as
características da vinculação
❑ Se no recém-nascido há uma tendência para um
comportamento vinculativo com uma só pessoa, em breve a
criança vai-se vincular a outras pessoas. Este comportamento de
vinculação pode existir durante toda a vida.
Como se forma a vinculação?

❑ O bebé como promotor da vinculação: Configuração facial do


bebé; Preferência do bebé pela figura humana; Emite sinais
facilitadores da comunicação e da interação: choro, sorriso,
expressões emocionais;
❑ Outras condutas: reflexo de sucção e preensão

❑ O adulto como promotor da vinculação: O contacto físico


frequente (pegar ao colo, beijos, …); Manutenção do olhar; Tipo de
linguagem (exagerado, repetitivo, sem significado); Sincronia
interativa: pausa - produção /ação; Expressões faciais exageradas,
repetidas e prolongadas; Capacidade de interpretar os sinais do
bebé e de responder de forma estável e continuada.
Especificidades do
desenvolvimento de crianças
❑ O desenvolvimento humano é um processo de crescimento e
mudança a nível físico, do comportamento, cognitivo e emocional
ao longo da vida. Em cada fase surgem características
específicas.
❑ As linhas orientadoras de desenvolvimento aplicam-se a grande
parte das crianças em cada fase de desenvolvimento. No entanto,
cada criança é um indivíduo e pode atingir estas fases de
desenvolvimento mais cedo ou mais tarde do que outras
crianças da mesma idade, sem se falar, propriamente, de
problemáticas.
❑ Processo de fortalecimento gradual dos músculos e do sistema
nervoso: os movimentos bruscos e descontrolados iniciais vão
dando lugar a um controlo progressivo da cabeça, dos membros e
do tronco.
❑ Por volta das 8 semanas é capaz de levantar a cabeça sozinha
durante poucos segundos, deitada de barriga para baixo;
❑ Controlo completo da cabeça por volta dos 4 meses: deitado de
costas, levanta a cabeça durante vários segundos; deitado de barriga
para baixo, começa a elevar-se com apoio das mãos e dos braços e
virando a cabeça;
❑ Por volta dos 4 meses o controlo das mãos é mais fino, sendo
capaz de segurar num brinquedo;

❑ Entre os 4 e os 6 meses utiliza os membros para se movimentar,


rolando para trás e para a frente; apresenta também maior eficácia
em alcançar e agarrar o que quer ou a posicionar-se no chão para
brincar;
❑ Os músculos, o equilíbrio e o controlo motor estão mais
desenvolvidos, sendo capaz de se sentar direito sem apoio e de
fazer as primeiras tentativas de se pôr de pé, agarrando-se a
superfícies de apoio:
❑ A partir dos 8 meses, consegue arrastar-se ou gatinhar;
❑ A partir dos 9 meses poderá começar a dar os primeiros passos,
apoiando-se nos móveis;

❑ Desenvolvimento da preensão: entre os 6 e os 8 meses, é capaz de


segurar os objetos de forma mais firme e estável e de os manipular
na mão;
❑ Por volta dos 10 meses, é já capaz de meter pequenos pedaços de
comida na boca sem ajuda, é capaz de bater com dois objetos um no
outro, utilizando as duas mãos, bem como adquire o controlo do dedo
indicador (aprende a apontar);

❑ Desenvolve o seu próprio ritmo de alimentação, sono e eliminação;


Dos 12 aos 24 meses:

❑ Começa a andar, sobe e desce escadas, trepa os móveis, etc. - o


equilíbrio é inicialmente bastante instável, uma vez que os músculos
das pernas não estão ainda bem fortalecidos. Contudo, a partir dos 16
meses, o bebé já é capaz de caminhar e de se manter de pé em
segurança, com movimentos muito mais controlados;
❑ Melhoria da motricidade fina devido à prática - capacidade de
segurar um objeto, manipulá-lo, passá-lo de uma mão para a outra e
largá-lo deliberadamente. Por volta dos 20 meses, será capaz de
transportar objetos na mão enquanto caminha;
Dos 02 aos 6/7 anos

❑ A criança não para de aumentar regularmente sua estatura e seu


peso, embora a velocidade do crescimento seja mais lenta do que
havia sido nos primeiros dois anos de vida.

❑ O corpo infantil já está formado, e não se produzirão grandes


mudanças até a chegada da puberdade.
❑ O aspeto relevante está relacionado à extensão e ao afinamento do
controle do seu corpo e seus movimentos. Em consequência disto,
ocorrem importantes transformações tanto no âmbito da ação como
da representação.
❑ O cérebro continua a desenvolver-se e nesta fase consiste no
processo de ramificações dos dentitos e conexões dos neurónios
entre si. É nesta fase que se concluí o processo de mielinização dos
neurónios, aumentando muito a velocidade de condução dos impulsos
no seu interior, podendo com isso, realizar-se atividades sensoriais e
motoras muito mais rápidas e precisas.
❑ O controlo sobre o próprio corpo tem importantes avanços nesta
fase. O bom controlo que já existia ao nível dos braços vai-se
aperfeiçoando estendendo-se agora às pernas. Além disso, o
controle vai pouco a pouco alcançando as partes mais afastadas do
eixo corporal, tornando possível um manejo fino dos músculos que
controlam o movimento do punho e dos dedos.
❑ No tocante ao controlo das pernas e o seu movimento, a criança vai
tornando-se capaz de controlar melhore as atividades como parar
uma corrida ou acelerá-la, vai dominando condutas como subir e
descer escadas (a princípio com apoio, depois progressivamente sem o
mesmo).

❑ A criança vai aprendendo a ajustar seu tónus muscular e o equilíbrio;


É nesta fase que se estabelece a lateralidade da criança.
Desenvolvimento progressivo da visão:
❑ Com 1 mês, é capaz de focar objetos a 90 cm de distância;

❑ Progressivamente será capaz de utilizar os dois olhos para focar um


objeto próximo ou afastado, bem como de seguir a deslocação dos
objetos ou pessoas;

❑ Entre os 4 e os 6 meses a visão e a coordenação olho-mão


encontram-se próximas da do adulto;
Desenvolvimento da função auditiva:

❑ Entre os 2 e os 4 meses, o bebé reage aos sons e às alterações do


tom de voz das pessoas que o rodeiam;

❑ Por volta dos 4-6 meses, possui já uma grande sensibilidade às


modulações nos tons de voz que ouve;
❑ Os progressos motores permitem proceder às experiências das
coisas segundo três espaços, nos quais Stern inscreve a
descoberta do mundo pela criança.

❑ O espaço bucal é o mais precoce porque a boca realiza a


concordância exata entre as sensações e os movimentos,
concordância exigida, desde o nascimento, pelo reflexo vital da
sucção.
❑ O espaço próximo é conquistado pelas posições sentada e de pé,
bem como pela preensão em que as manipulações da criança lhe
fornecem ocasiões de determinar as posições e as resistências dos
objetos: deles extrai alguns efeitos ao agitá-los, ao atirá-los ao chão,
juntá-los ou espalhá-los...
❑ O domínio da preensão constitui uma libertação relativamente ao
adulto (exemplo: comer...sozinho) O espaço locomotor é constituído
pela liberdade de ação que a criança adquire pelo andar. Pelas suas
deslocações, a criança experimenta as direções e as distâncias: é
a época dos mais diversos "jogos motores" tais como andar às
arrecuas, saltar, correr em todos os sentidos, abrir e fechar, subir
e descer, dar cambalhotas.
Função expressiva da motricidade

❑ Determinados movimentos da face, determinados gestos e


determinadas posturas do corpo constituem movimentos
expressivos portadores de significação para os que o rodeiam.
❑ O olhar é o sinal preponderante utilizado por crianças dos 3 aos 10
meses para obter uma reação do adulto (Lézine). O olhar constitui
igualmente o principal sinal do bebé para responder ao adulto (é pois
normal que as mães lhe concedam muita importância).
❑ O sorriso da criança de 3 meses exprime um sinal de
reconhecimento do adulto que também o utiliza muito
frequentemente. Ao longo dos anos seguintes, a criança faz dele um
instrumento de poder sobre os que a cercam: efeito de provocação, o
"sorriso social" traduz a descoberta cognitiva, a admiração...
❑ As expressões vocais: os jogos vocais (lalação, imitação),
vocalizações sensoriomotoras, podem além disso, preencher uma
função interpessoal. Com efeito, o adulto que repete estas produções
sonoras esboça uma "conversa" com o bebé desde a idade de 8
semanas (função fundamental das respostas maternas na evolução
do reportório da criança).
❑ Os gestos, as posturas e as expressões faciais desempenham um
importante papel na comunicação não-verbal (sinais emitidos pela
criança, deteção dos emitidos pelo adulto). A sua legibilidade é
fortemente influenciada pela modelagem efetuada pelo ambiente
humano.
❑ As cadeias de sinais, cuja organização espácio-temporal é fixa,
podem reduzir-se ao simples encadeamento de três sinais não
verbalizados como "estender um brinquedo - olhar o par escolhido -
esperar imóvel uma resposta da sua parte (estas cadeias são muito
ricas e variadas entre as crianças que frequentam a creche).
Vinculação: a criança e o adulto
de referência
❑ Cada bebé nasce com impulsores instintivos, que chamamos de
herança genética. Esses impulsores vão dando contorno à mente,
em função das vivências do bebé. Conscientes ou não disso, são os
pais que oferecem essas vivências
❑ Hoje em dia, essas vivências são oferecidas, por exemplo, pelos pais
, pela creche , pela televisão , pelos jogos e pela internet. Porém,
são os pais os responsáveis finais

❑ Na ausência de um adulto significativo -que seja o exemplo e


principal orientador-, o desenvolvimento da mente dá-se com base
nessas tendências instintivas, englobando todas as vivências que
forem “ agradáveis ”!
As crianças nascem com …

❑ talentos especiais → os pais ou educadores podem fazer com que


eles se desenvolvam.

❑ eventuais dificuldades → os pais podem ampliar as possibilidades


e permitir superações.
❑ afetividade primária (baseada nas emoções) → os pais podem
oferecer refinamento.

❑ De facto, as crianças nascem sem … nenhuma noção moral → os


pais ou educadores podem formá-los nesse campo. informação → a
escola oferece.
❑ De facto, o papel de um adulto significativo é fundamental:

➢ pelo exemplo ;

➢ por ser um espelho;

➢ pelas orientações ;

➢ nas vivências que a criança terá;


Importância do contexto
pré-escolar e suas implicações
nos comportamentos sociais
❑ Para a criança, o desvinculamento do seio da mãe poderá
desencadear sintomas de angústia e mal-estar porque, a entrada
na creche, onde a criança passará a maior parte do seu dia, faz
com que exista uma quebra no processo de afetividade que vem
a ser construído entre ambos.
❑ A integração da criança na creche, que exige a socialização com
outras crianças, com educadores e com auxiliares, é uma nova
etapa no processo deformação da sua personalidade. Para o
desenvolvimento da criança é necessário um meio socio emocional,
afetivo, monitor e cognitivo.
❑ As emoções são uma forma de comunicação, especialmente no
bebe, porque é a maneira que este tem de se relacionar, usando-a
para expressar os seus sentimentos a criança utiliza intensamente
a linguagem emocional, a expressão corporal, o choro,
❑ A creche deve oferecer um ambiente que evite angústia e mal
estar e promover o desenvolvimento da criança através da entre
relação entre os sentimentos e os afetos.
❑ A educação afetiva condiciona o comportamento, o carácter e a
atividade cognitiva da criança e a criança deve ser pensada como
um todo formado de emoções e sensações, sendo necessário
proporcionar-lhe bem-estar psicológico, físico e cognitivo.
❑ A afetividade forma um elo na relação entre o educador e a
criança, tornando mais estreita a relação entre ambos. Esta relação
passa pela promoção do desenvolvimento de competências
emocionais, confiança, curiosidade, intencionalidade, autocontrole,
capacidades de relacionamento, capacidades de comunicação e de
cooperação.
❑ A saudável adaptação da criança e da família à creche depende
não só da família mas também da atitude dos profissionais que
trabalham na creche. Durante os primeiros contactos deve ser
garantida uma atitude de aproximação e de afeto, criando um
ambiente de segurança efetiva.
❑ A atenção deve ser individualizada (nunca exclusiva),
especialmente nos momentos rotineiros (chegada, partida, «). Com
a família, a relação deve ser de confiança, segurança, constante
comunicação.
❑ Esta comunicação passa por transmitir o dia-a-dia da criança e
transmitir claramente as regras institucionais, nunca esquecendo de
criar uma relação calma e de paciência. Nesta fase a família sente-
se com muitas dúvidas, ansiosa e insegura.
❑ É necessário um trabalho constante entre o pessoal que integra
a creche e a família. Todos devem fazer um trabalho conjunto
porque a educação, as aprendizagens e o desenvolvimento da
criança depende de todos.
❑ É através das relações que as crianças pequenas começam a
desenvolver o seu bem-estar socio-emocional, que inclui a
capacidade de constituir relações satisfatórias com os outros, de
brincar, comunicar, aprender, enfrentar desafios e sentir emoções.
❑ Para além disso, a promoção das relações é fundamental para o
desenvolvimento da confiança, da empatia, da compaixão, da
generosidade e da consciência.

❑ O bem-estar socio-emocional é muitas vezes conhecido como a


saúde mental da criança pelos profissionais dos cuidados infantis.
❑ Em suma, é a capacidade crescente de experimentar e controlar
as emoções, constituir relações seguras e explorar e aprender –
tudo no contexto da família, da comunidade e dos antecedentes
culturais.
❑ Adquirir e desenvolver a linguagem implica muito mais do que
aprender palavras novas, ser capaz de produzir todos os sons da
língua ou de compreender e de fazer uso das regras gramaticais.
❑ É um processo complexo e fascinante em que acriança, através
da interacção com os outros, (re)constrói, natural e intuitivamente, o
sistema linguístico da comunidade onde está inserida, i.e.,
apropria-se da sua língua materna.
❑ Ao mesmo tempo que adquire a língua materna, a criança serve-
se dessa língua para comunicar e para, simultaneamente, aprender
acerca do mundo. Na vida da criança, comunicação, linguagem e
conhecimento são três pilares de desenvolvimento simultâneo, com
um pendor eminentemente social e interactivo.
❑ As crianças adquirem a respetiva língua materna ao mesmo
tempo que desenvolvem competências comunicativas, através de
interações significativas com outros falantes que as escutam e que
vão ao encontro do que elas querem expressar.
❑ Ao conversar com a criança, o adulto desempenha o papel de
“andaime”, interpelando- a, clarificando as suas produções,
expandindo os enunciados que a criança produziu e providenciando
modelos que ela testa. Esta função do adulto é determinante no
processo de desenvolvimento do jovem aprendiz de falante.
❑ As trocas verbais com a criança, e na sua presença, ativam a
capacidade inata para a linguagem e permitem que o aprendiz de
falante vá construindo o seu próprio conhecimento sobre a língua
materna, o qual se torna estável no final da adolescência.
❑ Ao chegarem ao jardim-de-infância, as crianças trazem consigo
experiências e atitudes diferentes perante a vida, perante a
aprendizagem e perante a sua própria autoestima.

❑ As diversas origens sociais e culturais afetam essas mesmas


atitudes.
❑ Proporcionar, no jardim-de-infância, ambientes linguisticamente
estimulantes e interagir verbalmente com cada criança são as duas
vias complementares que podem ajudar a combater as assimetrias
que afetam o desenvolvimento da linguagem nas crianças.
❑ O educador pode desenvolver determinadas estratégias, de
modo a fortalecer a ligação com a família, tais como: realizar
reuniões com os pais para lhes explicar as atividades planeadas e
focar a oportunidades de aprendizagem que podem ser
desenvolvidas em casa; promover encontros individuais com os
pais;
❑ Apostar no convite para passeios e excursões e para a
participação nas exposições de trabalhos das crianças; realizar
peças de teatro ou dramatizações com a colaboração dos pais; e
por fim, reforçar a ideia de colaboração.
❑ Deste modo, os pais, reconhecidos nas suas funções, sentem-
se disponíveis para oferecer as suas competências, o seu tempo é
para expressar as suas preocupações, as suas alegrias, as suas
expectativas. Redescobrem-se num novo papel sentindo-se
apreciados, agradecidos, integrados, solicitados para novas formas
de intervir na educação dos filhos.
Importância do papel do adulto
como modelo de referência
❑ Sabe-se que as transformações ocorridas na sociedade, na
estrutura familiar e na forma como os pais foram educados,
provocaram dificuldades referentes à educação dos filhos,
principalmente na adolescência.
❑ Essa etapa do ciclo vital apresenta tarefas particulares, que
envolvem todos os membros da família, constituindo-se como uma
fase de transição do indivíduo, da infância para a idade adulta,
evoluindo de um estado de intensa dependência…
❑ …para uma condição de autonomia pessoal e de uma condição de
necessidade de controle externo para o autocontrole sendo
marcado por mudanças evolutivas rápidas e intensas nos
sistemas biológicos, psicológicos e sociais.
❑ A tendência da família contemporânea é ser cada vez mais
simétrica na distribuição dos papéis e obrigações. Uma família
marcada pela divisão entre os membros do casal referente às
tarefas domésticas, aos cuidados com os filhos e às atribuições
externas, sujeita a transformações constantes, devendo ser,
portanto, flexível para poder enfrentar e se adaptar às rápidas
mudanças sociais inerentes ao momento histórico em que
vivemos.
❑ O adulto é aquele que falha, pois, traz em si a marca da sua
divisão, da ambiguidade entre sua vontade consciente e seus
desejos inconscientes. Traz em si uma criança, muitas vezes
incómoda ao se deparar com a criança real do presente.
❑ Trata-se de uma confusão de leis que marca a entrada do infante
no universo. O exercício da maternidade e paternidade exige
entrega de afeto e desprendimento que só com maturidade são
possíveis de serem alcançados.
❑ Ao homem é permitido envolver-se e vincular-se ao filho a
partir de sucessivas experiências de cuidado no cotidiano, bem
como, a mãe poderá desenvolver-se profissionalmente, não
estando integralmente com os filhos, sem que para isso tenha que
destituir-se ou sobrecarregar-se nas funções
maternas/paternas.
❑ Abrir espaço e colocar limite é um dilema diário ditado pela
maternidade e paternidade. Dilema este que exige maturidade do
adulto jovem. As dificuldades nesse sentido podem progredir
para relações de vínculos patológicos.
❑ A seguir, a ideia central de algumas categorias de relações não
consideradas como saudáveis, comumente observadas por
especialistas:
❑ Pais fazedores imortais: Nesta perspetiva, esses pais auto-
impõem-se a obrigação de oferecer aos seus filhos um mundo
isento de angústias e responsabilidades na tentativa de lhes
poupar os desprazeres da vida.
❑ Desejam criar um mundo sem conflitos e para isso negam a
presença do ódio, da ambivalência e da falta. Pais “fazedores-
imortais” costumam usar de sedução e fascinação, por meio de
oferecimentos compulsivos (materiais e afetivos).
❑ Pais servis: Esses são pais abnegados e sofridos, que tudo
podem aguentar e que racionalizam as suas desmesuradas
capacidades de serviço incondicional realçando a virtude do
altruísmo. Quanto mais padecem, acreditam-se pais melhores e
acreditam que os outros pensam o mesmo.
❑ Pais fracos: Nesta dinâmica, o vinculo estabelecido caracteriza-se
por um pai que escraviza o filho, obrigando-o a tomar a sua
função paterna e ampará-lo.
❑ Pais distraídos: Os pais distraídos estabelecem com os seus
filhos um “pacto de silêncio”. Uma aliança para não falar, para não
ouvir e para não ver. Os filhos vivem esta situação como se fosse
desinteresse dos pais que, por sua vez, padecem de angústias por
não conseguirem quebrar o muro do silêncio.
❑ Os filhos passam a evitar o confronto com os seus pais e, como
consequência, há prejuízo na construção de uma identidade.
❑ O modo como vivem os adultos de referência das crianças e
adolescentes e a convicção que estes adultos demonstram ter
naquilo que fazem, direciona a formação da identidade dos
filhos.
❑ Nesse sentido, o tipo de interação estabelecido entre pais e filhos,
bem como as expectativas e sentimentos dos pais em relação aos
filhos, exercem um papel muito importante no tipo de
personalidade futura dos filhos e no êxito escolar dos
mesmos.
❑ Assim, as experiências vivenciadas pelo jovem, tanto no
contexto familiar quanto nos outros ambientes nos quais ele está
inserido, contribuem diretamente para a sua formação enquanto
adulto.
❑ No âmbito familiar, o indivíduo vai passar por uma série de
experiências genuínas em termos de afeto, dor, medo, raiva e
inúmeras outras emoções, possibilitando um aprendizado
essencial para a sua atuação futura.
Importância do contexto
escolar e suas implicações nos
comportamentos sociais
❑ As competências sociais na educação dizem respeito ao
desenvolvimento no relacionamento interpessoal. Estas estão
diretamente ligadas à performance dos alunos seja nas
competências sociais educacionais na escola seja em família e no
relacionamento com os pares
❑ A maior ou menor capacidade do indivíduo para desenvolver as
tais competências sociais, quando se trata de educação e de
contexto escolar, definem, na maioria dos casos, o seu sucesso ou
o seu fracasso escolar, o que afeta, por consequência, a
capacidade de aprendizagem.
❑ Estas habilidades começam a desenvolver-se no início da vida
escolar quando a criança se depara com os primeiros
relacionamentos entre pares e com os professores, pelo que, pela
primeira vez, começa a existir uma necessidade de responder às
expectativas de terceiros.
❑ Vários estudos mostram ainda uma grande influência entre
crianças com défice de atenção mas sem problemas motores,
sensoriais ou mentais, e um défice significativo nas
competências sociais.
❑ Algumas das consequências mais comuns em crianças cujas
competências sociais se vêm comprometidas, são muitas vezes
de ordem comportamental, ou seja, estas crianças, em grande
parte dos casos registados, têm maior tendência para se tornarem
agressivas, mais imaturas, com relacionamentos negativos entre
pares e com maiores problemas ao nível do desenvolvimento da
personalidade.
❑ Muitas vezes, estes problemas surgem quando a criança falha ao
aprender a enfrentar os desafios que tem pela frente, como por
exemplo, não corresponder às expetativas dos colegas que, uma
vez fracassadas, podem traduzir-se na rejeição e,
consequentemente, nos comportamentos desajustados já
anteriormente mencionados.
Conclusão

❑ As competências sociais na educação demostram uma evidente


influencia no que diz respeito à capacidade e desenvolvimento na
aprendizagem do indivíduo. Nesse sentido, vários estudos
realizados transversalmente, mostram a unanimidade da
importância das mesmas para o sucesso escolar dos alunos, uma
vez que se observa um aumento do sucesso escolar, em paralelo
com o desenvolvimento adequado das competências
❑ Pelo contrário, alunos com dificuldades de interação, isto é, com as
competências sociais comprometidas, demonstram mais
dificuldades de aprendizagem, o que coloca ainda em risco a
tendência para comportamentos desajustados e consequências
negativas a longo prazo.
Internet e redes sociais
❑ Sejamos sinceros, hoje em dia, quem não usa o facebook? Quem
não usa o whatsapp para enviar mensagens, fotografias e fazer
chamadas?

❑ O nosso mundo “virtual” mudou e temos de nos adaptar a esta


nova realidade
❑ O aparecimento da internet e, por sua vez, das redes sociais e
aplicações, fez com que a maneira como comunicamos se
alterasse, tornando-a mais prática, rápida e eficiente. Conseguimos
estar em contacto através de um simples click e a existência de wifi
gratuito facilita a comunicação instantânea.
❑ Os jovens já nasceram nesta geração do facebook, whatsapp,
snapchat, skype, instragram, e não imaginam a sua vida sem
estes meios de comunicação. Aliás, podemos observar uma rápida
alteração de humor no jovem quando a internet falha em casa,
quando não conseguem aceder ao wifi num local público ou quando
esgotam os dados móveis. É notório o desagrado e o sentimento de
angústia em tentar resolver a situação o mais breve possível.
❑ Estes meios de comunicação possuem aspetos positivos como
a comunicação fácil, a maior aceitação pelo grupo de pares ou a
criação de uma maior rede de contactos. No entanto, também
acarreta consequências negativas se for usado de forma
descontrolada ou abusiva.
❑ Poderá levar ao isolamento social, sedentarismo, diminuição do
rendimento escolar, dificuldades em estabelecer relações e em
casos mais graves, quando está instalada a dependência da
internet, poderá surgir sintomatologia ansiosa e/ou depressiva.
❑ Alguns autores introduziram termos como a “depressão do
facebook” ou o “toque fantasma” para descrever novos sintomas ou
patologias derivadas do uso excessivo das novas tecnologias. Por
exemplo, a depressão do facebook faz-se sentir por uma
tristeza ou angústia profundas por não estarem constante
contacto com os outros, sentir que está desligado do mundo, e o
toque fantasma é descrito como a sensação de estar a ouvir o
telemóvel a tocar ou a vibrar quando na realidade não está.
❑ Esta geração move-se pelo número de “likes” nas fotografias e
publicações, pelo número de amigos ou seguidores nas redes
sociais (amigos virtuais, porque não os conhecem na realidade),
pela maior partilha de informação pessoal na sua página e é aqui
que devemos ter alguma atenção.
❑ É preciso alertar para os cuidados a ter na informação que é
partilhada, como as fotografias que desde o momento que são
expostas, nunca mais podem ser retiradas da internet,
independentemente se forem apagadas da conta.
❑ Outro aspeto a ter cuidado são os desafios que são lançados
nas redes sociais. Os jovens desafiam-se a fazer determinadas
proezas e o objetivo é superar e elevar a fasquia da provocação
lançada pelo amigo.
❑ Nestes casos, os jovens testam os seus próprios limites,
havendo uma procura constante de adrenalina, de aprovação e
valorização por parte dos outros, de forma a demonstrar que são
destemidos, omnipotentes, que para eles tudo é possível e nada de
mal lhes acontece quando ultrapassam esses mesmos limites,
características típicas da fase da adolescência.
❑ As redes sociais podem e devem ser utilizadas como uma
ferramenta de comunicação, mas existe algo que a internet não
pode proporcionar, a interação e o ambiente social, sendo que a
permissão do seu uso excessivo leva à banalização da interação
social e à superficialidade das relações interpessoais.
Principais desafios do
desenvolvimento da sexualidade
e relações entre pares
❑ A sexualidade é uma parte integrante da vida de cada indivíduo
e contribui para a sua identidade ao longo de toda a vida e para o
seu equilíbrio físico e psicológico. Sabemos que o seu
desenvolvimento saudável é fundamental.
❑ A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, em 1975, saúde
sexual como “a integração dos elementos somáticos, emocionais,
intelectuais e sociais do ser sexual por meios que sejam
positivamente enriquecedores e que potenciem a personalidade, a
comunicação e o amor.”

❑ Esta visão veio introduzir uma mensagem da sexualidade como


veículo de felicidade, satisfação e respeito da individualidade de
cada um.
❑ Freud descreveu a forma como a sexualidade se manifesta e se
desenvolve ao longo da infância, desde fases muito precoces,
mas é na adolescência que ocorre a verdadeira descoberta da
sexualidade. A fase mais precoce da adolescência (10-13 anos)
é dominada pelo início da puberdade. Estas modificações corporais
captam atenção e curiosidade dos jovens e explicam vários
comportamentos típicos desta fase.
❑ Nestas idades, assistimos a uma maior necessidade de
privacidade, comportamentos exploratórios do corpo, primeiros
sinais de preocupação com autoimagem, alguma vergonha de
expor os primeiros sinais pubertários – as meninas preferem roupa
larga e assumem uma postura curvada para que não se notem as
mamas em crescimento.
❑ Nestas idades, assistimos a uma maior necessidade de
privacidade, comportamentos exploratórios do corpo, primeiros
sinais de preocupação com auto-imagem, alguma vergonha de
expor os primeiros sinais pubertários – as meninas preferem roupa
larga e assumem uma postura curvada para que não se notem as
mamas em crescimento.
❑ De seguida, na adolescência média (13-16 anos), chega uma
fase onde o grupo de pares ganha uma importância central. A auto-
imagem assume uma enorme preponderância, mas o objectivo é
sobretudo a aceitação e integração no grupo de pares
(habitualmente do mesmo sexo).
❑ Nesta fase há habitualmente muito conteúdo sexual nas
conversas e interesses interpares e circula uma enorme
quantidade de informação e desinformação. A experimentação e o
testar das regras estão no pico neste período e há também
comportamentos de experimentação na área da sexualidade.
❑ Ocorrem as primeiras relações a dois, ainda sem grande intimidade,
profundidade e de curta duração. Estas experiências são também
tema de conversa entre pares e forma de afirmação.
❑ A fase tardia da adolescência (16-19 anos) é caracterizada pela
construção da identidade nas diversas áreas, incluindo a identidade
sexual. É frequente vermos as primeiras relações a dois com maior
profundidade e intimidade crescente.
❑ Para que este objetivo seja atingido, é forçoso que os adultos (pais,
escola, profissionais de saúde) exponham os adolescentes a
informação correcta e isenta de julgamento. Os estudos mostram-
nos que a educação e aconselhamento sexual conduzem a um
início mais tardio da vida sexual, a uma maior utilização de
contraceptivos, a um menor número de parceiros e a uma
menor probabilidade de gravidez na adolescência
❑ É fundamental que consigamos ensinar-lhes este conceito de
sexualidade global e abrangente, respeitador e responsável. É útil
ajudá-los a reflectir sobre as diferentes pressões a que estão
sujeitos para o início da actividade sexual (media, redes sociais,
publicidade, grupo de pares, vontade de experimentar) ou para o
seu adiamento (valores religiosos, familiares, culturais, riscos), com
o objectivo de os capacitar a decisões conscientes e
informadas.
Fatores condicionantes do
desenvolvimento das crianças
❑ A infância é o período de desenvolvimento do ser humano em
que ocorrem as mudanças mais rápidas e mais importantes.
Durante a fase do desenvolvimento infantil formam-se os primeiros
laços de afeto.
❑ Emergem também as características pessoais e acontecem os
primeiros contactos da criança com a sociedade. Onde vai
conhecer e experimentar os valores e as normas de integração.
Como fazer com que a criança cresça feliz?

❑ Não existe uma receita, no entanto alguns fatores são importantes


para que o desenvolvimento da criança decorra de forma saudável!
Fatores do desenvolvimento da criança
Segurança

❑ Começando pela SEGURANÇA, tanto física como emocional.

❑ A segurança desempenha um papel fundamental no bem-estar


psicológico da criança. É na família que fazemos as primeiras
aprendizagens. Daí que a qualidade da relação com os pais se vá
refletir nas relações interpessoais ao longo da vida
❑ A vinculação remete para a ligação emocional que une a criança
à figura de vinculação e que faz com que aquela procure essa
pessoa em particular. Designadamente na procura de segurança,
conforto, cuidados físicos e psicológicos.
❑ Só se a criança tiver esta “base segura” é que vai ser capaz de
explorar o meio ambiente e criar laços seguros com os pares. Para
isto, é necessário que o cuidador se mostre disponível e
responsivo, e, desde muito cedo, as crianças compreendem o
estado emocional do cuidador.
Regras e Limites

❑ Outro fator fundamental no desenvolvimento sócio emocional da


criança, é o estabelecimento de REGRAS E LIMITES.

❑ Aqui o papel dos pais é fundamental, pois as regras devem ser


consistentes. Os pais devem falar sempre a uma só voz e mostrar-
se disponíveis para ensinar a criança a gerir contrariedades.
❑ Isto permite que ela desenvolva a capacidade de expressar
emoções, capacidade de negociação, a resolução de problemas,
tolerância à frustração e autorregulação.

❑ Ou seja, vai ter maior capacidade em adaptar-se com sucesso,


perante as exigências do meio que a envolve. Definir até onde a
criança pode ir promove um sentimento de previsibilidade e
segurança. Tornando assim o mundo mais seguro para
explorar.
Brincar

❑ Existe na nossa sociedade uma crença generalizada de que brincar


com os filhos é uma perda de tempo, que é improdutivo.

❑ Atualmente o ênfase é colocado no sucesso académico, no


sucesso económico e na importância do trabalho. Sendo difícil
descartar a ideia de que brincar é uma perda de tempo.
❑ No entanto o BRINCAR é o meio, por excelência, através do qual a
criança aprende a descobrir quem é, o que pode fazer e como se
pode relacionar com o mundo que a rodeia! Brincar com a criança
contribui para criar uma relação próxima e fortes laços de
afeto.
❑ Permite que as crianças aprendam a resolver problemas, a
experimentar ideias e a explorar a imaginação, também estimula o
vocabulário e ajuda-as a interagir socialmente, ensinando-as a
esperar pela sua vez e a ser sensíveis aos sentimentos dos
outros!
Autonomia

❑ Por último, importa referir o processo de autonomização da


criança. Que se encontra intimamente relacionado com os aspetos
anteriormente referidos.

❑ À medida que esta cresce, aumenta a necessidade de descoberta


do mundo que está à sua volta.
❑ Este movimento de exploração, quando apoiado pelos adultos, cria
confiança na criança e vai ser também responsável pelo seu
comportamento nas relações sociais ao longo do seu
crescimento!
❑ Desde muito cedo, os pais podem atribuir pequenas tarefas à
criança. Fomentando desta forma o desenvolvimento psicológico
da criança em competências como a responsabilidade, tomada de
decisão e autoconfiança!
Problemas de desenvolvimento
- sinais de alerta -
❑ O Desenvolvimento Infantil trata-se de um processo de
aprendizagem pelo qual a criança passa, para conseguir adquirir
e aprimorar os seus conhecimentos e capacidades relacionados
às áreas cognitivas, motoras, emocionais e sociais.
❑ Conforme a criança vai progredindo nas suas conquistas, e de
acordo com a sua faixa etária, as suas atitudes vão evoluindo
paralelamente. Um exemplo disso é quando elas começam a falar as
primeiras palavras. Isso só acontece porque eles ouviram alguém a
comentar algo e então registaram, balbuciaram, erraram, tentaram de
novo até aprender e só depois falaram.
Atenção aos Sinais

❑ Mas o que fazer quando situações como a citada acima não


acontecem?

❑ De modo geral, os pais devem ficar atentos a todo e qualquer tipo


de comportamento que envolva os seus filhos, mas principalmente
quando os pequenos apresentarem alguns dos sinais abaixo:
❑ Dos zero aos quatro meses

➢ dificuldade para mover os olhos,

➢ não responder a ruídos altos,

➢ não perceber as próprias mãos,

➢ não acompanhar os objetos com os olhos e nem segurá-los,

➢ não expressar sorrisos,


➢ não conseguir sustentar a própria cabeça,

➢ não movimentar as pernas,

➢ não balbuciar nada ou não emitir sons.


Aos Sete Meses:

➢ Apresentar flexibilidade e flacidez nos músculos ao invés de rigidez


aparente,

➢ Usar apenas as mãos,

➢ Não Abraçar e nem apresentar nenhum indício de carinho,

➢ Lacrimejar constantemente,
➢ Apresentar dificuldades para levar os objetos à boca,

➢ não rolar,

➢ não sentar,

➢ não se expressar por meio de risos e nem através de sons.


De Um a Dois Anos

➢ Não rastejar e muito menos andar,

➢ Não se sentar mesmo com apoio,

➢ Não procurar por objetos que já tenham visto escondidos,


Após os dois anos de idade

➢ Não saber mais do que em média 10 (dez) palavras,

➢ Não usar frases com 02 (duas) palavras,

➢ Não imitar ações,

➢ Não seguir instruções,

➢ Não empurrar brinquedos de rodinhas.


Aos Três Anos

➢ Cair com bastante frequência,

➢ Não manipular pequenos objetos,

➢ Não conseguir copiar círculos,

➢ Não se comunicar por meio de frases mesmo que curtas,

➢ Não brincar e nem equilibrar blocos de torres,

➢ Não ter interesse em socializar com as demais crianças

➢ Fazer pouco contacto visual.


Dos Quatro aos Seis Anos

➢ Apresentar quadros de hiperatividade,

➢ De agitação e de distração,

➢ Ter um comportamento desafiador,

➢ Ter problemas para interagir socialmente,

➢ para se comunicar e ter empatia de um modo geral,

➢ Apresentar dificuldades em aprendizagens pedagógicas.

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