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TPACK: refletindo sobre o uso de recursos 

digitais

Publicado por Lilian Bacichfevereiro 8, 2021 Publicado em Lilian Bacich

FONTE: https://lilianbacich.com/2021/02/08/tpack-refletindo-sobre-o-uso-de-recursos-digitais/

Selecionar os melhores recursos digitais a serem utilizados em sala de aula precisam ir além da
generalização de que qualquer recurso será útil em qualquer situação de aprendizagem. Temos
estudado sobre diferentes modelos de identificação dos melhores recursos e um deles é a reflexão
sobre os estudos que apresentam o modelo TPACK. Selecionei um trecho da minha tese, a seguir,
em que abordo esse modelo.

[…]

Outros estudos analisaram processos de integração das tecnologias às práticas pedagógicas (Mishra
& Koehler, 2006; Puentedura, 2012). O modelo TPACK, por exemplo, valoriza as relações entre o
conteúdo a ser ensinado e aprendido, o aspecto pedagógico, ou seja, a metodologia que norteará o
processo ensino e aprendizagem, e a tecnologia que estará envolvida nele. Para os autores (Mishra
& Koehler, 2006), a intersecção entre conteúdo, metodologia e tecnologia é um aspecto central a ser
analisado nos processos de formação docente e

Outros estudos analisaram processos de integração das tecnologias às práticas pedagógicas (Mishra
& Koehler, 2006; Puentedura, 2012). O modelo TPCK, por exemplo, valoriza as relações entre o
conteúdo a ser ensinado e aprendido, o aspecto pedagógico, ou seja, a metodologia que norteará o
processo ensino e aprendizagem, e a tecnologia que estará envolvida nele. Para os autores (Mishra
& Koehler, 2006), a intersecção entre conteúdo, metodologia e tecnologia é um aspecto central a ser
analisado nos processos de formação docente e reforçam que o conhecimento da tecnologia não
pode ser isolado do conhecimento da metodologia e do conteúdo.
Pedagogical Technological Content Knowledge. Fonte: Mishra & Koehler, 2006, p.1025

Na figura que ilustra o modelo TPCK, é possível identificar a combinação entre esses
conhecimentos. Os autores reforçam a importância das intersecções entre eles. Conhecer o conteúdo
a ser ensinado é importante, porém, identificar as melhores formas de um estudante aprender esse
conteúdo selecionando a metodologia mais adequada é essencial, o que é indicado na intersecção
entre C (conteúdo) e P (pedagogia = metodologia). Conhecer os recursos tecnológicos e saber como
utilizá-los é insuficiente se não houver uma associação com a metodologia mais adequada e das
relações eficientes entre os recursos e os conteúdos, o que é indicado na intersecção T (tecnologia) e
P, e na intersecção T e C. A relevância dessa composição para o processo ensino e aprendizagem
será evidente ao cruzarmos todos esses conhecimentos: TPC.

O papel do professor, ao fazer uso das tecnologias digitais, baseado nos objetivos de aprendizagem
que pretende atingir, supõe, portanto, uma análise da abordagem pedagógica mais adequada a ser
utilizada.

Como afirmam Coll e Monereo (2010, p. 31), “A imagem de um professor transmissor de


informação, protagonista central das trocas entre seus alunos e guardião do currículo começa a
entrar em crise em um mundo conectado por telas de computador”.

Nesse aspecto, a condução da aula, em que o estudante está no centro do processo, tem maior
aderência a esse propósito do que o modelo de “palestra” em que o professor expõe o mesmo
conteúdo, a todos os estudantes, ao mesmo tempo e da mesma forma. Como afirma Almeida
(2005), a configuração dos papéis do professor e do aluno em métodos ativos de aprendizagem
associados às tecnologias digitais possibilita a reflexão sobre as teorias pedagógicas e sua
associação com as práticas em sala de aula.

Quando refletimos sobre a forma que os estudantes podem fazer uso das tecnologias digitais como
fonte de informações e construção de conhecimentos, é importante a reflexão sobre o que é
solicitado deles como tarefas de aprendizagem. As propostas feitas pelos professores devem ser
objeto de reflexão para esses estudantes. Por exemplo, a busca de informações e o resultado dessa
busca, em uma sociedade digital, habitada por um grande número de nativos digitais que
frequentam nossas escolas, é algo que ocorre de uma forma cada vez mais interativa e em uma
velocidade muito maior do que a estrutura atual de nossas escolas consegue assimilar. Copiar e
colar as informações obtidas no primeiro site que é apresentado ao aluno em uma ferramenta de
busca, como o Google, é uma atitude corriqueira em atividades de pesquisa realizada por alunos de
qualquer faixa etária. Ao buscar informações, o aluno deve aprender a procurar sites confiáveis e,
principalmente, a verificar, de forma crítica, o conteúdo por eles apresentado. Por outro lado, se a
proposta de pesquisa, feita pelo professor, limitar-se a um levantamento de dados, todos os sites
apresentarão respostas semelhantes e copiar e colar será a melhor forma de realizar a tarefa
proposta. O professor deve, então, propor atividades que busquem uma comparação, uma postura
reflexiva ou, ainda, a utilização de informações pessoais, decorrentes do que foi trabalhado em sala
de aula, para resolver a questão. Assim, pesquisar sobre a descoberta da vacina e sua utilização é
um tipo de proposta em que a resposta será encontrada em muitos sites. Mas, relacionar a
importância das vacinas com os impactos em sua saúde, comparando as carteirinhas de vacinação
dos colegas com as vacinas que devem ser tomadas em cada faixa etária, entre outras
possibilidades, torna única a resposta e, dessa forma, não será encontrada uma pesquisa pronta
sobre o assunto. A busca de informações toma, então, outras proporções, outros caminhos, outras
formas. […]

Espero que essas reflexões, trecho da minha tese, defendida em 2016 e que pode ser acessada no
banco de teses da USP e cuja referência segue abaixo, sejam úteis. Em nossos cursos, na Tríade
Educacional, temos abordado outros modelos para escolhas de recursos digitais e, futuramente,
compartilharei por aqui.

Martins, Lilian C. Bacich.(2016). Implicações da organização da atividade didática com uso de


tecnologias digitais na formação de conceitos em uma proposta de Ensino Híbrido . 317f. Tese
(Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo. p.57-
59

Publicado porLilian Bacichfevereiro 8, 2021Publicado emLilian Bacich


Publicado por Lilian Bacich

Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (USP), Mestre em Educação (PUC),


Pedagoga (USP) e Bióloga (Mackenzie), professora de Ensino Fundamental, Ensino Médio.
Coordenadora de curso de Pós-graduação em Metodologias ativas no Instituto Singularidades.
Organizadora dos livros: Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação; Metodologias
ativas para uma educação inovadora. Cofundadora da Tríade Educacional. www.triade.me Contato:
bacichlilian@gmail.com Ver mais posts

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