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Inspeção da corrosão em chapas grossas com técnica eletromagnética não destrutiva

Vitor Manoel A. Silva1*, Cesar G. Camerini1, Lucas B. Campos2, Gabriela R. Pereira1

*vmsilva@metalmat.ufrj.br, estudante de doutorado


1Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, PEMM-COPPE-UFRJ, CP 68505, 21941-972, Rio de Janeiro, RJ
2Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem Av. Pedro Calmon, s/n - Cidade Universitária - Ilha do

Fundão, Rio de Janeiro - RJ, 21941-596

Resumo
A detecção da perda de espessura por corrosão na face interna de equipamentos, a partir do lado externo,
representa grande desafio para técnicas eletromagnéticas convencionais, especialmente em espessuras maiores
que 3 mm. Recentes inovações propõem a detecção através da distorção da permeabilidade magnética gerada
próximo à superfície de inspeção, causada pela imposição de campo magnético constante. Trazendo inovação
frente a maioria dos estudos, este trabalho propõe a análise deste mecanismo de detecção, via simulação
computacional, em chapas de 12,7 mm com corrosão pelo lado interno. Os resultados mostram que, mesmo nesta
espessura, é possível notar variação da permeabilidade na superfície oposta ao defeito, a profundidades de 0,5
mm. Tal resultado traz viabilidade para inspeção pelo lado externo com sondas de correntes parasitas.
Palavras-chave: correntes parasitas, campo magnético constante, ensaios não destrutivos.

Introdução
A detecção de danos na face interna de chapas, a
partir do lado oposto, representa significativo desafio
para técnicas eletromagnéticas não destrutivas, seja
pelo método de fuga de campo magnético (MFL) ou
correntes parasitas convencional (eddy current).
Recentemente, inovações vêm propondo soluções
para este tipo de inspeção, como SLOFEC (1) e P-
MFL (2). Tais técnicas consistem em associar o
método de correntes parasitas a um campo
magnético constante gerado por um ímã permanente
ou eletroímã. Nestes casos, o principal mecanismo
de detecção trata-se da distorção da permeabilidade Figura 1 – Diagrama do arranjo simulado.
magnética, já que seus efeitos podem se refletir para <linha em branco>
além da vizinhança do defeito, permitindo a detecção Além disso, foi modelado um eletroímã alimentado
por sondas de correntes parasitas (3). A maior parte por corrente constante, para introdução do campo
dos trabalhos tratam destes mecanismos em externo constante. Para obtenção de resultados da
espessuras de aço ao redor de 6,3 mm. Para chapas distorção da permeabilidade magnética, foram
espessas, em torno de 12,7 mm, não se encontram posicionadas diversas linhas acima do defeito, com
trabalhos com detecção de defeitos na face interna, diferentes profundidades (z) na chapa, nomeadas
a partir da face oposta. O objetivo deste trabalho é Linhas de Interesse (L.I), como mostra a Figura 2.
quantificar as distorções de permeabilidade e
investigar a viabilidade da detecção pelo lado oposto
em tal espessura.

Materiais e métodos
Os experimentos foram realizados por simulação
computacional, no software Comsol Multiphysics, A
Figura 1 traz os materiais e equipamentos
simulados. O modelo desenvolvido consiste em uma
chapa de aço SAE 1020 com 12,7 mm de espessura Figura 2 – Ilustração da seção transversal da chapa, do
e defeito inserido na face oposta à da inspeção, com defeito e das linhas de interesse.
seus detalhes conforme Figura 2.
6ª Semana Metalmat e Painel PEMM 2020 – Prof. Walter A. Mannheimer
23 a 25 de novembro de 2020
Resultados e discussão mm) é mais intensa, e se estabiliza ao redor de 15
A, indicando ser esta uma faixa ótima para detecção
Na Figura 3, pode-se observar a permeabilidade
de defeitos.
magnética relativa em função da posição ao longo
da linha de interesse. Cada linha do gráfico indica
diferentes profundidades, vide legenda. Logo
abaixo, nota-se, pela linha pontilhada, o exemplo de
uma das profundidades (z) na chapa. Observa-se
que, nas posições distantes do defeito (0 e 50 mm),
a permeabilidade relativa está em torno de 1100, que
é o valor de permeabilidade do aço quando não há
influência de campo magnético externo. Ao se
aproximar do defeito, a permeabilidade sofre um
ligeiro aumento e, logo em seguida, reduz de
maneira significativa. Isto acontece seja para L.I
profundas e próximas ao defeito (z = - 6,0 mm) ou
para aquelas próximas à superfície (z = -0,5 mm).
Nesta última, a distorção da permeabilidade chega
ao redor de 30%. Tal distorção é a que permite a
localização de defeitos pela superfície oposta,
quando da passagem de uma sonda sensível à
Figura 4 – Variação da permeabilidade em função da
permeabilidade, como é o caso das sondas de corrente nas bobinas do eletroímã.
correntes parasitas (4).
Conclusões
A partir dos experimentos conduzidos, nota-se que a
distorção da permeabilidade ocorre ao longo de toda
a espessura remanescente onde o defeito se
encontra, podendo atingir a superfície oposta. Para
correntes de indução de 6A a queda na
permeabilidade é de 30%, podendo atingir 40% para
correntes mais intensas. Tais resultados abrem
caminho para a construção de eletroímãs conforme
o descrito neste trabalho, assim como sondas de
correntes parasitas, que são, naturalmente,
sensíveis à permeabilidade.

Agradecimentos
Agradecimentos ao CNPQ e Capes pelo financiamento da
pesquisa.

Referências
Figura 3 – Distorção da permeabilidade para [1] F. Foucher, A Modelling Study of the SLOFEC Eddy
diferentes profundidades. Current System, WCNDT (1995), p. 89.
[2] Z. Deng et al., Journal of Nondestructive Evaluation,
7, 36 (2017).
[3] Y. Kang et al., Sensor and Actuators A: Physical,
Outro resultado a ser destacado é que a variação da 247, 24 (2018).
permeabilidade é uma função do campo externo [4] J. Hansen, Insight, 46, 279 (2004).
aplicado. Como o eletroímã é o que exerce este
papel, é possível relacionar a queda de
permeabilidade na região do defeito com a corrente
elétrica imposta. Conforme observa-se na Figura 4,
à medida que a corrente aumenta, a queda de
permeabilidade em uma região superficial (z = -0,5

6ª Semana Metalmat e Painel PEMM 2020 – Prof. Walter A. Mannheimer


23 a 25 de novembro de 2020

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