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CADEIRA: HISTORIA
Docente: ____________________________
Ana Adelaide No 03
Fenista Xavier No 08
Ivinalda Octávio No 15
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Os Prazos e a Companhia de Zambézia
A Companhia da Zambézia foi a terceira companhia arrendatária da colónia portuguesa de
Moçambique que abrangia as regiões de Chire, limite com a Niassalândia, Zumbo e Luenha,
com fronteira com a Rodésia do Norte. Esta companhia não tinha privilégios porque era
concessionária (ou arrendatária). Foi criada em 25 de maio de 1892, e a sua área era a maior
das companhias. Assim sendo, nesta abordagem iremos debruçar essencialmente sobe os
prazos e a companhia da Zambézia.
Esta companhia teve a sua origem numa concessão feita a Paiva de Andrad, pelo Dec. De 26
de Dezembro de 1878, a qual pelo compreendido alem das minas de ouro da Zambézia,
pertencentes ao estado, mas ainda não explorados.
Como já vimos anteriormente, a falta de capitais por parte dos capitalistas portugueses levou
as autoridades portuguesas a transirem os direitos de exploração a grandes companhias
estrangeiras. Sem capital, Portugal nunca conseguiria assegurar a ocupação afectiva de
territórios tão vastos como Tete e a Zambézia. A criação de companhias acabou por ser a
estratégia possível, no entanto, demorou bastante tempo a operar em pleno.
O Surgimento da Companhia
Na sequência do decreto de 1890, criaram-se várias companhias arrendatárias. Uma delas foi
a Companhia da Zambézia.
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Tabela das Companhias de Zambézia
Nomes das Fundação Prazos e Datas de Compra, arrendamento ou
Companhas subarrendamento
Zambézia 1892 Massingire, Andone, Anquaze (1897) e Timbué (1900)
Boror 1898 Borror, Macuse, Licungo, Tirre (1898) e Nameduro (1899)
Société Du 1904 Madal (1903, pelos predecessores Gonzaga, Bovay e C.ª),
Madal Tangalane, Cheringone (1903), Maindo (1904) e Inhassungue
(1916)
Empresa 1906 Lugela, Milange (1906) e Lómué (1910)
Agricola do
Lugela
Sena Sugar 1920 Maganja d´Aquém Chine (1894, pela predecessora
Estates Companhia do Açúcar de Moçambique), Luabo (1911, pela
segunda predecessora Sena Sugar Factory) e Marral (1911,
SSF)
A Companhia da Zambézia foi constituída em 1892 com direitos arrendatários. A sua área até
1894 cobria cerca de 100 mil hectares de terra, que foram entregues à chefia de Paiva de
Andrade. O seu território ficava a norte da Companhia de Moçambique, ocupando as terras
de Chire, a fronteira com a Niassalândia e a Rodésia do Norte (Zâmbia), às quais se juntavam
as terras da margem direita do Zambeze, entre o Zumbo e o Luenha (idêntica à actual
província de Tete).
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Extintos pela primeira vez em 1832 por um decreto régio, em 22 de Dezembro de 1854, um
outro decreto «extinguia», pela segunda vez, os prazos da coroa, mandando reverter para o
estado as terras possuídas em três gerações. Apesar de extintos na lei, os prazos existiam de
facto.
Por isso, o governo colonial em Moçambique procurou reverter a situação em seu favor,
reestruturando o velho esqueleto dos prazos e transformando-os em plantações.
A formação da Companhia
Companhia arrendatária é aquela que tinha tomado aluguer de terras ou de outros bens da
Companhia de Moçambique
A sua área até 1894 cobria cerca de 100 mil hectares de terra, que foram entregues à chefia de
Paiva de Andrade. O seu território ficava a norte da Companhia de Moçambique, ocupando
as terras de Chire, a fronteira de Niassalândia e a Rodésia do Norte (Zâmbia), as quais se
juntavam as terras da margem direita do Zambeze, entre o Zumbo e Luenha (idêntica à
província de Tete).
Nos seus primeiros 10-15 anos, a companhia teve actividades repressivas e predatórias. Com
o congresso da pacificação, as terras altas de Quelimane iam conhecer, pelo menos, cinco
novas companhias que iriam desempenhar um papel determinante no plano econômico.
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O Mussoco foi um imposto de capitação pago em trabalho, em espécies ou em dinheiro, nas
terras dos prazos, e servia de mecanismos para a acumulação capitalista colonial. Este
imposto foi muito violento para as populações locais. “História 12a Classe, plural ed.
Pag.169”
O mussoco foi o principal responsável no atraso das forças produtivas no seio das
comunidades camponesas locais. Devido à sua prática, houve várias mortes na região da
bacia do Zambeze e foi a principal causa da fuga de mão-de-obra local para a Rodésia do Sul,
onde as condições eram melhores, embora não maravilhosas.
O mussoco foi um dos mecanismos que o capitalismo colonial usou para produzir
periodicamente a mão-de-obra. O mussoco não era simplesmente um mecanismo fiscal
imposto aos trabalhadores, que estes pudessem remir com o produto da venda de alguma
mandioca, de coco ou de peixe, era também obrigatoriedade de trabalho nas plantações.
O latifundiário Carl Wiese apontou como causas da migração a diferença dos valores
cobrados do imposto, os serviços gratuitos prestados pelo estado e os maus tratos durante o
recrutamento dos voluntários.
Neste salário era também descontado o imposto de palhota dando apenas ao mineiro ou a
família do mineiro o pouco que sobrava. Foi assim que Portugal enriqueceu com o ouro e a
libra dos mineiros de Moçambique. Com a queda da procura de mão-de-obra, para compensar
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as perdas de receitas provenientes do fluxo migratório, a companhia agravou o imposto de 20
para 50 escudos.
“Omussoco que havia sido estabelecido na base da legislação laboral de 1890 com o seu
pagamento metade em dinheiro e metade em trabalho rural isto em 1899, para além de ter
sido elevado de $800 réis para 1$200 réis, obrigava o camponês a cumprir um terço em
tralhado rural, equivalente a uma semana de tralhado.” Gerhard Liesegang, Boletim do
Arquivo Histórico de Moçambique, n.˚10, p,88.
Em 1924 a companhia foi instinta e o território passou para a administração directa do estado
colonial.
As plantações
Em 1913 um autor colonial, calculava que Quelimane tinha aproximadamente nove milhões
de hectares, dos quais 5 400 000pertenciam a administração pelos arrendatários e 3 600 000
pertenciam à área controlada pelo Estado colonial. A área aproveitada para as culturas de
plantação era escassa do ponto de vista da extensão total da área aforada (0,5% em 1913 e
0,7% em 1924). Porém as culturas exigiam muita mão-de-obra por três razoes:
Cada cultura implicava a execução de várias tarefas associadas (lavra, adubação, corte,
extração, transporte para as fabricas, processamento industrial primário, acondicionamento,
canalização para os navios, etc.)
O tratamento industrial dos produtos (coco/copra, cana de açúcar, folha de sisal/fibra) exigia
a montagem de secções especializadas de apoio (carpintaria, serralharia, metalurgia, oficinas
de preparação de maquinas e de barcos, etc.)
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Devido ao grande absentismo e a fraca produtividade dos trabalhadores que obrigavam as
Companhias a organizar ou a prever stocks de mão-de-obra em número superior aos que
seriam necessários para a execução normal das tarefas.
O cumprimento das tarefas era controlado por um sistema de furos feitos em cartões de
trabalho, os conhecidos tickets (tíquetes). Cada furo correspondia à execução de uma tarefa
ou à prestação de um dia de trabalho.
As jornadas de trabalho oscilavam entre seis e catorze horas, sendo muito frequentes as
jornadas de mais de dez horas, sobretudo nas açucareiras e nas sisaleiras. A alimentação era
constituída basicamente por mandioca e ou arroz, e raramente os trabalhadores recebiam
carne ou peixe, geralmente os produtos alimentícios eram produzidos pelos próprios
trabalhadores.
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Trabalhadores na companhia
Quase todas as plantações tinham culturas intercalares de tipo alimentar, ou seja, praticava-se
a policultura, nalguns casos para se evitar o crescimento do capim ou o esgotamento dos
solos. Porem na generalidade, as culturas alimentares destinavam-se à reconstituição física
dos trabalhadores. De salientar que os salários eram baixos devido a cotações internacionais
dos produtos de exportação, quer pela desvalorização do escudo em todo o período que
antecedeu a criação do regime fascista em Portugal.
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elevado de $800 réis para 1$200 réis, obrigava o camponês a cumprir um terço em trabalho
rural, equivalente a uma semana de trabalho. Gerhard Liesegang, Boletim do Arquivo
Histórico de Moçambique, n.° 10, p. 88
Para além dos problemas de mão-de-obra local, alguns arrenda tá rios da Companhia cia
Zambézia confrontaram-se com aspectos negativos, tais como: fraca densidade populacional,
falta de vias de comunicação e transportes, carência de culturas e minerações lucrativas.
Havia várias formas de pagar o mussoco: do simples pagamento em género até aos trabalhos
forçados, como o transporte de cargas pesadas às costas durante vários quilómetros. A
violência e a injustiça do mussoco acabaram por levar muitos habitantes da Zambézia a
emigrar para regiões menos exigentes.
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Conclusão
No fim deste trabalho, pudemos concluir que o declino dos prazos na segunda metade do
século XVIII possibilitou, nos primórdios do século XIX, o aparecimento de estados cujas
dinastias reinantes, profundamente envolvidas no comércio de escravos, questionaram a
soberania portuguesa. Pressionado pelas grandes potencias imperialistas, Portugal procedeu
a» ocupação efetiva «da Zambézia e destruiu aqueles estados, enquanto em 1890 fazia
promulgar legislação que, repondo muitas das características dos antigos prazos da coroa,
atraiu o capital internacional e fomentou o desenvolvimento do sistema de plantações
destinadas as industrias europeias.
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Referencias bibliográficas
NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
www.escolademoz.blogspot.com
NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
COSSA, Hortência e MATARUCA, Simão- História 12a Classe Moçambique e sua História.
Editora Diname pag. 135-137.
Departamento de História da UEM, História de Moçambique, volume II, pág. 152, 155-158.
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