quiriri.
org - I/2012
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Dimensões Constituintes do Conceito de Ecovila.
© Paulo H. Degenhardt
M. A. Envir. & Education. Email: paulo.degenhardt@embauba.org
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This article sets out to investigate and
develop the concept of 'ecovillage'.
Based on its current definition we pro-
pose a set of five key elements that will
help to simplify and expand our idea of
ecovillages. To achieve a better un-
derstanding of the concept we
will consider it in the context of related
notions such as sustainable deve-
lopment and health.
Introdução
O interesse e a pesquisa no campo da
sustentabilidade social vêm crescendo nos
últimos anos. Comunidades intencionais
em geral e ecovilas em particular
desempenham um papel fundamental nesse
campo. O objetivo desse artigo é aprimorar
a delimitação do grupo de ecovilas
desenvolvendo um set de elementos chaves
para sua teoritização e praxis.
Uma das definição atualmente mais
utilizadas de ecovila foi criada por
GILMAN (1991):
“ [ (…) uma grandeza humana, um povoado
autônomo no qual as atividades humanas são
harmoniosamente integradas na natureza, de
forma a promover um desenvolvimento
humano saudável e que possa ser mantido
indefinidamente.]” 1
Método
Com bases na definição de GILMAN
(1991) e na praxis de ecovilas delimitei
cinco dimensões de seu desenvolvimento e
autocompreenssão.2
1
Dimensões
As dimensões delimitadas são as seguintes:
comunidade, autonomia, meio-ambiente,
intencionalidade e indivíduo.
Comunidade: Em sua explicação do termo
“grandeza humana”, GILMAN (1991)
acentua que o tamanho de uma ecovila está
sujeito a limites naturais. Em uma ecovila
os membros conhecem-se mutuamente e
podem influenciar significativamente o
desenvolvimento da comunidade parti-
cipando também da tomada de decisões.
O tipo de interação comunitária dentro de
uma ecovila é delimitado pela pos-
sibilidade de expansão da cadeia de
interrelações sócio-emocionais diretas de
cada indíviduo. Por esse motivo, sugere-se
utilizar o número definido por DUNBAR
(1998) como medida delimitante do
número de membros na comunidade de
uma ecovila. Esse número define o limite
cognitivo teórico do número de pessoas
com as quais um indivíduo pode manter
relações sociais estáveis. Nesse tipo de
interação o indivíduo conhece cada
membro do grupo e sabe identificar em que
relação os outros indivíduos encontram-se
entre si. O número de Dunbar estima-se em
média como sendo de 150 indivíduos.3
A utilização do número de Dunbar na
definição da comunidade de uma ecovila
pode auxiliar a diferenciação desse tipo de
grupo.4
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Autonomia: Ecovilas são entidades integralidade. Essa concepção é paralela a

autônomas na medida em que procuram definição de saúde proposta pela
preencher numa área limitada e Organização Mundial de Saúde:
apreenssível as principais funções socias: “(…) a state of complete physical, mental
moradia, sustento, produção, vida social, and social well-being and not merely the
lazer, etc. Nesse sentido, pode-se entender absence of disease or infirmity.“ 10
uma ecovila como um “microcosmo”.5 Desenvolvimento humano holístico depen-
Meio-ambiente: Os membros de uma de da satisfação de necessidades e as-
ecovila procuram estabelecer relações pirações individuais e do preenchimento
sinergéticas com seu meio ambiente das potencialidades de realização de cada
imediato e com o planeta. A ética indivíduo. Ecovilas podem ser compreen-
ambiental predominante baseia-se fre- didas como comunidades voltadas ao
quentemente em variantes do eco- preenchimento dessas necessidades e
centrismo. 6 aspirações de forma harmonicamente
integrada em seu meio ambiente.
GILMAN (1991) explicita que as
dimensões ecológica e humana devem Conclusão
poder ser mantidas no futuro da ecovila.
Essa concepção prioriza sustentabilidade e O desenvolvimento de um set de
encontra-se em sintonia com a definição de dimensões constituintes do conceito de
desenvolvimento sustentável proposta pela ecovilas pode contribuir significativamente
Comissão de Brundlandt: na pesquisa desse tipo de comunidades
intencionais Para ampliar a resolução do
“O desenvolvimento sustentável é aquele que
atende as necessidades do presente sem
conceito poderão ser desenvolvidos
comprometer a possibilidade de as gerações futuramente subgrupos contendo, por
futuras atenderem a suas próprias neces- exemplo, características e princípios espe-
sidades.”7
cíficos de cada dimensão.
Ecovilas concretizam o desenvolvimento
sustentável priorizando autonomia, susten-
tabilidade social e desenvolvimento huma-
no integral na criação de formas inovativas
de organização social em sinergia com seu
meio ambiente.
Intencionalidade: A formação de ecovilas
pode ser compreendida como um
fenômeno autoconsciente da era pós-
industrial. Ecovilas diferenciam-se de
comunidades tradicionais porque repre-
sentam uma resposta consciente e
intencional às formas de vida da sociedade
estruturada. Essa intencionalidade reflete-
se na característica autoexperimental e
projetual de ecovilas. 8
Indivíduo: Segundo GILMAN (1991) as
ecovilas fomentam o desenvolvimento
humano em suas múltiplas dimensões,9 ou
seja, promovem saúde em sua
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Referências Futuro Comum. 2ª ed. Rio de Janeiro :

Getúlio Vargas, 1991. p. 46
8
1 Sobre a dimensão experimental intencional
Traduzido livremente do original “(…) a
de ecovilas compare: (em alemão) KUNZE,
human-scale full-featured settlement in which
Iris. Soziale Innovationen für eine
human activities are harmlessly integrated into
zukunftsfähige Lebensweise [Inovações
the natural world in a way that is supportive of
Sociais para uma forma sustentável de
healthy human development and can be
vida] : Gemeinschaften und Ökodörfer als
successfully continued into the indefinite
experimentierende Lernfelder für sozial-
future.”. GILMAN, Robert. The Eco-Village
ökologische Nachhaltigkeit. Münster : Eco-
Challenge : The challenge of developing a
transfer, 2009. S. 160
community living in balanced harmony - with
9
itself as well as nature - is tough, but Em sua explicação do conceito de ecovila
attainable. In: Living Together, 29 (Summer Gilmann acentua as seguintes dimensões:
1991) p. 10 „physical, emotional, mental, and spiritual“.
2 GILMAN, Robert. The Eco-Village Challenge:
Cf.: (em alemão) DEGENHARDT, Paulo
The challenge of developing a community
Henrique. Ecovillage Education Centre: Plan
living in balanced harmony - with itself as well
for the Organisational Development of a
as nature - is tough, but attainable. In: Living
Brazilian Ecovillage within the Context of
Together, 29 (Summer 1991)
Education for Sustainable Development.
10
(EEPOD). (In German) Master Thesis. Rostock WORLD HEALTH ORGANIZATION.
University, 2011. Documento Online. URL: Constitution of the World Health
http://www.quiriri.org/archive/DEGENHARDT,P Organization. Documento online: URL: http:
aulo.%282011%29.%20BEKO.pdf Acessado www.searo.who.int/LinkFiles/About_SEARO_c
em: 06.07.2012.p.11-15 onst.pdf. Acessado em: 22.11.2010. p. 2
3
Cf.: BIALIK, Carl.. "Sorry, You May Have
Gone Over Your Limit Of Network Friends".
The Wall Street Journal : 2007. DUNBAR,
Robin. Grooming, Gossip, and the Evolution
of Language. Harvard University Press : 1998.
4
Isso deriva do fato de que as relações sócio-
emocionais desempenham um papel central
na definição do número proposto por DUNBAR
(1998). Grupos organizados unicamente em
torno de um líder carismático, ou cujo
processo decisório é exclusivamente repre-
sentativo, não preenchem os critério de
comunitarização em ecovilas.
5
Cf.: DEGENHARDT, Paulo Henrique.
Ecovillage Education Centre: p. 11-12
6
(em alemão) KORNIICHUK, Oleksii.
Ecovillages als nachhaltige Kommunen .
[Ecovilas como Comunidades Sustentáveis]
Norderstedt : GRIN, 2008. p. 69
7
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AM-
BIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso