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Como estudar elites

Renato Perissinotto
Adriano Codato (orgs.)
Como estudar elites
Reitor
Zaki Akel Sobrinho

Vice Reitor
Rogério Andrade Mulinari

Pró-Reitora de Extensão e Cultura


Deise Cristina de Lima Picanço

Diretora da Editora UFPR


Suzete de Paula Bornatto

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Conselho Editorial
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Como estudar elites
Renato Perissinotto
Adriano Codato (orgs.)
® Renato Perissinotto e Adriano Codato (orgs.)

Como estudar elites

Coordenação Editorial
Lucas Massimo

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica


Indústria Inc.

Revisão
Lucas Massimo e Fernando Leite

Capa
Indústria Inc.

Foto de capa
Renato Perissinotto

Série Pesquisa, n. 290


Ref. 823

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ


SISTEMA DE BIBLIOTECAS – BIBLIOTECA CENTRAL
COORDENAÇÃO DE PROCESSOS TÉCNICOS

Como estudar elites / Renato Perissinotto, Adriano Codato (orgs.). –


Curitiba : Ed. UFPR, 2015.
319 p. : il. – (Pesquisa; n. 290)

ISBN 978-85-8480-038-4
Inclui referências ao final de cada capítulo
Vários autores

1. Elites (Ciências sociais). 2. Metodologia. I. Perissinotto, Renato M.


(Renato Monseff), 1964-. II. Codato, Adriano Nervo. III. Série.

CDD 305.5

Andrea Carolina Grohs CRB 9/1384

Direitos desta edição reservados à


Editora UFPR
Rua João Negrão, 280 - Centro
Tel.: (41) 3360-7489
80010-200 - Curitiba - Paraná - Brasil
www.editora.ufpr.br
editora@ufpr.br
2015

Esta obra foi publicada com recursos do Programa Nacional de


Cooperação Acadêmica (Procad) referentes ao projeto “Compo-
sição e recomposição de grupos dirigentes no Nordeste e no Sul
do Brasil” desenvolvido em parceria entre UFPR, PUC-RS e UFS.
"Toda pesquisa científica requer
paciência, autodisciplina e uma ines-
gotável capacidade de se aborrecer".
Terry Eagleton.
Sumário

Introdução: como estudar elites? 9


Renato Perissinotto e Adriano Codato

Capítulo 1 Metodologias para a identificação de elites: 15


três exemplos clássicos | Adriano Codato

Capítulo 2 O uso do survey no estudo do recrutamento político: 33


limites e vantagens | Bruno Bolognesi e Renato Perissinotto

Capítulo 3 O desenho e as fontes da pesquisa com elites 63


parlamentares brasileiras no século XX | Luiz Domingos
Costa, Lucas Massimo, Paula Butture e Ana Paula Lopes

Capítulo 4 Análise de elites em perspectiva relacional: a 95


operacionalização da Análise de Redes Sociais (ARS)
Emerson Urizzi Cervi

Capítulo 5 Viagem pela alta hierarquia: pesquisa de campo 121


e interações com elites eclesiásticas | Ernesto Seidl

Capítulo 6 Pesquisando grupos profissionais: dilemas clássicos 151


e contribuições recentes | Fernanda Petrarca

Capítulo 7 Antropologia, política e etnografia: fronteiras disciplinares 187


e trabalho de campo | Wilson José F. de Oliveira

Capítulo 8 Os empresários enquanto elite: a pesquisa empírica 217


Paulo Roberto Neves Costa

Capítulo 9 A prosopografia explicada para cientistas políticos 249


Flavio Heinz e Adriano Codato

Apêndices metodológicos  279

Apêndice 1 | Como elaborar um survey281


Apêndice 2 | Como formar matrizes de dados biográficos 291
Apêndice 3 | Como produzir uma ficha prosopográfica 301
Apêndice 4 | Como preparar um questionário com questões abertas 309

Sobre os autores 318

Como estudar elites.indb 7 2/22/16 12:15 PM


Introdução:
como estudar elites?

GUIAS DE METODOLOGIA de pesquisa dão dois significados ao termo


“método”: ora o entendem como a estratégia geral da investigação cien-
tífica (com ênfase na lógica do trabalho, nos padrões de análise ou no me-
canismo das explicações), ora como as técnicas de seleção, validação, pro-
cessamento e análise de dados. Este livro concentra-se nas técnicas, mais
exatamente nos procedimentos práticos para o estudo de um objeto em
particular: os grupos dominantes na hierarquia social.
Não há uma receita para abordar esse assunto. As estratégias empregadas
tendem a ser muito variadas e, em alguns casos, complementares. Essa di-
versidade de procedimentos é resultado natural tanto dos múltiplos propó-
sitos pretendidos pelos investigadores, quanto da variedade de evidências
fornecidas por estudos com elites. Além disso, um procedimento – análise
estatística inferencial com vinte mil candidatos a deputado ou etnografia
multinível com um único caso – pode funcionar melhor num determinado
estágio da pesquisa; outro procedimento, no estágio seguinte. Pesquisas

9
Como estudar elites

como as de Donald Searing sobre as carreiras de políticos profissionais no


“universo de Westminster”, interessadas em entender a ambição política,
podem apelar tanto para a análise dos efeitos das regras sobre a configu-
ração dos vários papéis sociais na instituição (lobistas, líderes de partido,
ministros), quanto para as características pessoais daqueles que estão in-
vestidos dessas funções, características essas verificadas em longas en-
trevistas face a face com todo tipo de representante (insiders, outsiders,
backbenchers, sindicalistas, empresários, etc.). O fundamental é saber que
técnica empregar para que tipo de fenômeno, se e quando um determina-
do artifício pode ou não ser bem aproveitado. Purismos metodológicos e a
adição a procedimentos fixos para tratamento de dados empíricos reforçam
identidades de grupos científicos, mas trazem prejuízo à ciência das coisas.
Quando se consulta a literatura já publicada sobre classes dirigentes, a
disparidade de abordagens dos objetos empíricos e o caráter idiossincrático
das questões de pesquisa nos faz perguntar se há qualquer sentido em reco-
mendar algum procedimento. Justamente por isso, este livro evita prescre-
ver receitas. Preferimos adotar o tom de “relato de campo” onde cada pes-
quisador ou grupo de pesquisadores narra a marcha da sua investigação, as
suas dificuldades e soluções práticas.
Todo trabalho de pesquisa vai da elaboração das questões a serem res-
pondidas, passa pela definição do objeto, pela escolha das variáveis, pela
identificação das fontes disponíveis e das evidências que delas se podem
extrair, pela elaboração do instrumento de coleta de dados, pela coleta de
dados propriamente dita, pela sua sistematização e ordenação, para, só en-
tão, analisar todo o material e, enfim, apresentar os resultados.
Contudo, esses procedimentos anteriores à publicação dos resultados
tendem a ser arquivados, ou, muitíssimo raramente, reutilizados em algu-
ma nova investigação por outro pesquisador. De uma maneira ou de outra,
ele quase sempre é mantido longe dos olhos do público. Assim, esse mesmo
público se vê impedido de tomar contato com o longo percurso de apren-
dizado prático que toda pesquisa envolve, seus erros e acertos, suas hesi-
tações, os bloqueios sucessivos de caminhos e as más escolhas que sempre
fazemos. É uma pena que seja assim, pois é certo que muito empenho indi-
vidual poderia ser poupado se as experiências referentes aos procedimen-
tos habituais de construção de uma investigação científica viessem a pú-
blico com mais frequência. Com isso, tempo, energia e dinheiro poderiam
ser mais bem direcionados e a própria apresentação de resultados finais
poderia ser mais rápida. Enfim, conhecer as grandes e pequenas medidas

10
Introdução

práticas tomadas por outros camaradas da mesma área de estudos pode


não apenas ajudar no desenvolvimento de mais trabalhos, como também
representar economia de escala em termos de recursos e tempo.
Em alguns países, a exposição das decisões tomadas no curso de uma
investigação é prática corrente. Há periódicos para veicular, ao invés dos
resultados, os procedimentos intermediários da pesquisa científica. No
Brasil, não há publicações dessa natureza em Ciência Política ou Sociologia
Política, de modo que os dados referentes aos labirintos do trabalho cientí-
fico raramente vêm à luz ou, quando vêm, aparecem na forma de relatórios
burocráticos de difícil acesso, destinados apenas a prestar contas à agência
de financiamento. Esta é a contribuição que este livro pretende produzir.
Não se pretende revelar os mecanismos de todo e qualquer tipo de pes-
quisa social. Seria de pouca ajuda uma obra que fosse uma reunião alea-
tória de pesquisas sobre “a política brasileira”, por exemplo, com pouco
ou nenhum contato entre si. Por essa razão, este livro tem uma unidade
temática. Todos os textos aqui reunidos trabalham com o problema das
elites ou dos grupos dirigentes em diversas dimensões da vida social: eli-
tes parlamentares, partidárias, eclesiásticas, econômicas, profissionais e
elites de movimentos sociais.
O primeiro capítulo tenta ser uma exposição didática de alguns dos mé-
todos de pesquisa consagrados para identificar grupos de elites. O segundo
capítulo mostra como uma investigação sobre o processo de recrutamento
e formação da nominata de candidatos dentro dos partidos políticos só po-
deria ser levada a termo por meio da aplicação presencial de um questioná-
rio. Uma vez tomada essa decisão, resta saber: qual seria o melhor forma-
to do questionário? O terceiro, sublinha que o estudo diacrônico da classe
política brasileira exige o uso intensivo de fontes documentais. Como são
apresentadas nessas fontes as evidências necessárias ao entendimento do
recrutamento e como se deve codificá-las? O quarto capítulo revela como a
análise de redes pode captar padrões ideológicos nos processos de coaliza-
ção política. Mas como usá-la? Quais são seus requisitos técnicos? O quinto
capítulo discute os percalços para se ter acesso à elite de uma organização
tão hermética como a Igreja Católica. Que estratégias o pesquisador deve
adotar para facilitar o acesso à alta hierarquia e como comportar-se numa
entrevista em que pesquisador e pesquisado pertencem a mundos tão dife-
rentes? O sexto capítulo analisa as dificuldades para se definir o que é “pro-
fissão”. Que procedimentos teóricos e metodológicos um pesquisador deve
utilizar para delimitar um campo profissional? O capítulo seguinte relata os

11
Como estudar elites

expedientes utilizados para o estudo de líderes de grupos que, normalmen-


te, não são tidos como “elites”, como é o caso nos movimentos em defesa
do meio ambiente. O oitavo capítulo analisa como é possível estudar a po-
sição política de elites econômicas. Essa elite deve ser definida em termos
patrimoniais (o tamanho da empresa) ou em termos de atuação institucio-
nal em organizações de classe? Uma vez definido o grupo, como acessá-lo
e que cuidados devemos ter ao formular questões sobre o que eles pensam
sobre a política? Por fim, o capítulo nove apresenta um resumo do que é e
de como se pode fazer prosopografia.
Esses são os problemas que este livro procura responder. A enorme
diversidade de questões é resultado da multiplicidade de objetos e de
preocupações teóricas e metodológicas que orientam as pesquisas aqui
relatadas. No entanto, a unidade da coletânea está garantida pelo fio que
conduz todos os textos e que pode ser resumido na pergunta que dá título
ao livro: como estudar elites?
Essa integração entre autores, temáticas, propósitos e objetos não é ca-
sual. Por meio do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad),
financiado pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Supe-
rior (Capes), professores de três instituições diferentes (Universidade Fe-
deral do Paraná, Universidade Federal de Sergipe e Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul) trabalharam coletivamente, de 2011 a 2015,
em projetos de pesquisa que tinham os grupos de elite como foco principal.
Este livro é o resultado deste esforço de reflexão conjunta.

Curitiba, inverno de 2015.

Renato Perissinotto
Adriano Codato

12
2. O uso do survey no
estudo do recrutamento
político: limites e vantagens
Bruno Bolognesi
Renato Perissinotto

NA CIÊNCIA POLÍTICA o survey tem sido usado predominantemente em


estudos e levantamentos que buscam captar as preferências de eleitores,
suas posições político-ideológicas, seus valores em relação à democracia,
suas intenções de voto etc. Foi durante as décadas de 1970 e 1980 que o uso
dessa ferramenta se destacou, especialmente nas pesquisas de opinião e de
comportamento eleitoral, principalmente frente à onda mundial de rede-
mocratização ocorrida nessas décadas (SIMÕES & PEREIRA, 2009, p. 241).
No entanto, nos estudos acadêmicos brasileiros observa-se ainda um uso
parcimonioso dessa técnica (AGUIAR, 2001, p. 3) e surpreende o fato de que
pesquisas de survey ocorram apenas pontualmente. Ainda mais escasso é o
uso do survey para tentar captar processos em curso1 – como em estudos de

1
São os chamados estudos de aproximação longitudinal (Babbie, 2005).

33
Como estudar elites

painel – ou processos que ocorreram no passado, quando a memória do en-


trevistado é fundamental para o pesquisador entender determinados fenô-
menos políticos, como, por exemplo, os processos de socialização política
na infância, na adolescência ou no início da vida adulta.
Neste capítulo faremos uma discussão metodológica sobre a aplicação
de survey ao estudo de processos de recrutamento político. Para que um
estudo de recrutamento político seja feito, é preciso ir além dos estudos
sociográficos sobre as elites políticas, que, em geral, limitam-se a descrever
de maneira estática os atributos (econômicos, sociais, escolares, institucio-
nais) possuídos por determinados indivíduos (as “elites políticas”) e que
facilitam seu acesso aos postos de mando (para mais detalhes a esse respei-
to ver a discussão realizada no primeiro capítulo desta coletânea). Avançar
nesses estudos, ao contrário, implica identificar os caminhos e filtros pelos
quais esses indivíduos devem passar ao longo do tempo para chegarem a
posições de chefia ou representação. No entanto, no Brasil2, mesmo nesses
casos, em que se procura captar a “dinâmica” do recrutamento, as entre-
vistas realizadas pelos pesquisadores3 raramente discutem por que os ca-
minhos a serem percorridos devem ser esses e não outros, para não falar na
quase absoluta ausência de discussões sobre os aspectos motivacionais que
levam os indivíduos a se lançarem na atividade política.
Para suprir essa lacuna, elaboramos um questionário para estudar o
processo de seleção de candidatos a deputados federais nas eleições de
2010. Não pretendíamos apenas identificar as posições contextuais (so-
ciais, econômicas) e/ou institucionais dos entrevistados e formular expli-
cações causais a partir delas. Nosso objetivo foi estudar o processo pelo
qual tais indivíduos chegam à antessala da Câmara dos Deputados no Bra-
sil, que é a presença na lista de candidatos dos partidos políticos4.

2
Para os impactos do recrutamento político sobre o funcionamento da Câmara dos De-
putados, ver Power e Mochel (2009) e Marenco dos Santos (1997); para um estudo sobre
filtros seletivos no processo de recrutamento para a mesma instituição, ver Perissinotto e
Bolognesi (2010) e Perissinotto e Miríade (2009); para o problema das motivações subjeti-
vas e sua relação com a profissionalização política, ver Perissinotto e Veiga (2014).
3
Existe um debate sobre em que medida surveys conseguem ou não captar opiniões. Cf.
Johnston, 2009. Nossa intenção aqui, porém, é focar o problema do uso do survey para o
estudo de processos. Ou seja, não estamos preocupados em captar a percepção dos in-
divíduos acerca dos principais problemas sociais de um país ou medir a taxa de intenção
de votos em determinado candidato nas eleições. Interessa-nos operar a reconstrução
mental pelo qual o entrevistado passou ao longo de um processo político.
4
O questionário foi elaborado para a pesquisa Como se faz um Deputado: a seleção

34
O uso do survey no estudo do recrutamento político

Tendo em vista a discussão do nosso instrumento de coleta de dados,


organizamos este capítulo da seguinte maneira: na primeira parte discu-
timos as vantagens e desvantagens do uso do survey, listando da manei-
ra mais sistemática possível o que a literatura aponta como os principais
ganhos científicos e empíricos propiciados pelo uso dessa técnica assim
como seus limites mais significativos. A segunda seção apresenta a for-
ma como montamos o questionário à luz da teoria sobre recrutamento
e seleção de candidatos. Com exemplos oriundos de pesquisas sobre o
tema, encontrados na literatura internacional, ilustramos como constru-
ímos nossas questões de pesquisa e como procuramos contornar alguns
problemas importantes para chegar a uma ferramenta de coleta de dados
cujo conteúdo é bastante similar àquilo que a literatura sobre o tema con-
sidera relevante. Na terceira parte trazemos uma discussão mais prática
sobre o campo de pesquisa, relatando a experiência de condução de sur-
vey durante as eleições. Por fim, nas considerações finais, resumimos os
ganhos analíticos ao mobilizar o survey para estudos de processos de re-
crutamento político.

1. Vantagens e limites do uso do survey


As pesquisas de survey (ou de “levantamento”, como o termo é traduzi-
do de forma despreocupada em algumas publicações brasileiras, como
Fowler Jr. (2011) e Rosenberg (1976)) passaram por diversas fases ao lon-
go de seu uso científico. Se, no início dos levantamentos de opinião, a
técnica mais utilizada eram as aplicações face à face, hoje em dia é cres-
cente a mobilização de web-based surveys e de técnicas mistas que mobi-
lizam, ao mesmo tempo, entrevistas face à face, por telefone, websurvey
e IVR (sigla em inglês para Interactive Voice Response, onde o entrevis-
tado responde a perguntas pré-gravadas) (MARTIN, 2011, p. 6). As pes-
quisas sobre processo de recrutamento das elites políticas têm mostrado

dos candidatos a deputado federal nas eleições de 2010. Essa pesquisa é fruto da co-
operação entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal de Sergipe
(UFS) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A pesquisa foi
coordenada pelos professores Renato Monseff Perissinotto e Luciana Veiga, no Paraná,
Maria do Socorro Sousa Braga e Bruno Bolognesi, em São Paulo, Maria Luzia Álvares, no
Pará, Wilson Oliveira, em Sergipe e Flávio Heinz no Rio Grande do Sul. A discussão sobre
a amostra será retomada em momento oportuno. Por hora, basta saber que foram aplica-
dos 120 questionários distribuídos igualmente entre PT, PMDB, PSDB e DEM.

35
Como estudar elites

que a aplicação do survey face à face produz um melhor rendimento do


que as outras modalidades (SIMSEK, 1999, p. 82). De fato, a vida diária
intensa e marcada por uma agenda sem espaço para improvisos torna o
internet-based survey ou o envio de questionário por correios alternati-
vas temerárias5. Tanto num caso como no outro, há grandes chances de
que, na ausência de um aplicador, nossos políticos peçam ao seu staff
para responder ao questionário ou simplesmente não dispensem tempo
e atenção para fazê-lo.
É preciso ainda avaliar o impacto de variáveis contextuais na aplica-
ção de surveys (JOHNSTON, 2009, p. 386). Esses impactos podem gerar
erros sistemáticos, como viés de seleção (selection bias), ou ainda erros
de confiabilidade (reliability), caso os indivíduos passem por diferentes
experiências ao longo do período da coleta. Por exemplo: durante uma
campanha eleitoral, a queda do candidato nas pesquisas de intenção de
voto e o eventual desânimo que isso pode gerar dentro do partido podem
mudar radicalmente a percepção do mesmo quanto ao modo como ele foi
tratado por sua organização ou quanto à natureza do seu processo seleti-
vo. O inverso, é claro, pode acarretar numa postura muito mais otimista
pelo entrevistado. Nos dois casos, essas experiências contextuais afeta-
riam o conteúdo da resposta.
Contudo, mesmo com esses problemas, a coleta de campo, se bem
coordenada, pode trazer resultados válidos e inéditos, já que ao menos
teoricamente o survey permite ao pesquisador formular perguntas sobre
assuntos pouco trabalhados na literatura6 e trabalhar com hipóteses ainda
não testadas. Nesse sentido, pensamos que, se estivermos atentos às difi-
culdades da coleta, a pesquisa de survey tem algumas importantes vanta-
gens em relação a outros instrumentos de pesquisa. A seguir listamos as
que consideramos as mais importantes.

(i) A possibilidade de produzir bons dados quando a pesquisa é


bem desenhada.

5
Spada e Guimarães (2013), é um exemplo desse problema.
6
Como sugere Simões e Pereira (2009) ou Babbie (2005). A sugestão é no sentido de que
temas não explorados ou que contam com parcas fontes possam ter, no uso de survey,
uma ferramenta útil para o acesso aos dados. É o caso, por exemplo, da pesquisa de sele-
ção de candidatos, sempre tratada de modo formalista no Brasil, exigindo de nossa parte
uma ida ao campo para verificar as hipóteses formais dadas pela literatura.

36
O uso do survey no estudo do recrutamento político

O termo survey, em inglês, designa, em linhas gerais, “coleta sistemá-


tica de dados”. Se, por um lado, dados de pesquisa podem ser coletados
de várias outras formas, como etnografias, observações participantes,
prosopografias, entrevistas em profundidade e análise de conteúdo, por
outro lado, o survey parece ser o que mais confere controle ao pesquisador
na determinação do desenho de pesquisa, visto que provém dele a maior
parte da responsabilidade pela produção dos dados. Não se trata apenas
de dizer que o survey permite ao pesquisador elaborar suas próprias ques-
tões, o que outras técnicas também o fazem. Mais do que isso, o survey
permite conduzir o entrevistado a um conjunto de alternativas previa-
mente selecionadas, reduzindo o caráter aleatório e vago das respostas
(algo muito significativo em entrevistas em profundidade) e a possibili-
dade de obter informações não desejadas.

(ii) O survey é talvez o instrumento de pesquisa de cuja elabora-


ção o pesquisador participa mais diretamente e sobre o qual
tem mais controle, o que lhe permite formular questões es-
pecíficas para seu objeto de estudo e que não foram ainda
pensadas pela literatura7.

Essa vantagem pode ser obtida também com outros métodos, como
entrevistas em profundidade ou grupos focais. No entanto, o uso do
survey traz a vantagem da precisão e clareza das perguntas elaboradas,
assim como das alternativas de respostas apresentadas ao entrevista-
do. Por exemplo, nas pesquisas sobre seleção de candidatos, o tema da
“motivação política”, como variável que determina a disposição do in-
divíduo a se lançar como candidato, é tratado quase sempre de forma
acessória, quando sequer é tratado. Durante a elaboração do questio-
nário, pudemos incluir questões referentes a esse tópico, apontado por
Czudnowski (1975) como um dos pilares para o pleno entendimento do
processo pelo qual alguns indivíduos se candidatam a cargos políticos
e outros não. Assim, para além dos dados sociográficos e institucionais
com os quais a literatura trabalha, pudemos incluir perguntas sobre mo-

7
Outros instrumentos de coleta de dados, é claro, permitem a participação direta do pes-
quisador em sua elaboração, mas são quase sempre muito mais suscetíveis às limitações
das fontes ou do campo do que o survey.

37
Como estudar elites

tivações que contribuíram para uma visão mais complexa do processo


de seleção de candidatos (BOLOGNESI; MEDEIROS, 2014).

(iii) O survey conta também com a grande vantagem de poder lançar


mão de amostras a fim de produzir extrapolações estatísticas.

O uso de amostras geralmente conduz a conclusões sobre uma popu-


lação em geral, o que dá margem para generalizações sobre comporta-
mentos sociais ou teses científicas sobre determinados fenômenos com
custo operacional e material relativamente baixo – proposição da qual
partilham Halperin e Heath (2012, p. 230). Mesmo contando com amos-
tras reduzidas e experimentais, como o foi aqui, a utilização do ques-
tionário pode representar uma contribuição como estudo de caso sobre
um objeto pouco pesquisado, dando margem para que estudos futuros
possam ampliar os resultados. Além disso, a mobilização de diferentes
técnicas de amostragem8 permite generalizações seguras acerca da po-
pulação analisada.

(iv) A pesquisa de survey permite captar a lógica dos comporta-


mentos sociais, verificá-la e quantificá-la.

Mais do que isso, é possível, por meio do questionário, elaborar ques-


tões que levem em consideração a lógica dos respondentes, respeitando-
-se assim os termos e categorias mentais por eles utilizados ao tratar do
tema discutido pela pesquisa. De nada adiantaria formular questões com
um conjunto de termos desprovidos de sentido para o entrevistado ou,
pior, dotados de sentido radicalmente distinto daquele utilizado pelo pes-
quisador. Não nos adiantaria perguntar aos candidatos, por exemplo, qual
foi o “selectorate” responsável por sua nominação. Por outro lado, tam-
bém de nada adiantariam perguntas genéricas sobre quais os processos
partidários que o levaram até as listas. Nesse sentido, o meio-termo foi

8
Por exemplo, o uso de amostras complexas como uma técnica que reduz custos mone-
tários e de tempo e ainda assim permite uma generalização segura. Outras vantagens
são colocadas quando se aliam teoria e desenho amostral, como no caso de processos
puramente locais (como, por exemplo, as eleições primárias americanas) onde se opta
pela realização de amostras com n reduzido em diversos clusters em contraposição a
uma grande amostra aleatória nacional com grande n.

38
O uso do survey no estudo do recrutamento político

perguntar quais foram as pessoas ou grupos no interior do seu partido res-


ponsáveis pela candidatura do entrevistado. Isso fez com que a pergunta
fosse compreendida, possibilitando-nos mensurar o conceito desejado.

(v) Por meio do survey é possível estabelecer correlações entre va-


riáveis e relações causais a partir da coleta de dados e da teoria.

Com esse instrumento de coleta de dados e de posse de uma boa teo-


ria, pode-se ir até mesmo além daquilo que os dados revelam imediata-
mente, buscando o que King, Keohane e Verba (2000) classificam como
inferência científica. Por exemplo, podemos imaginar a princípio, como
faz certo senso comum progressista sobre o processo de recrutamento
de candidatos, que a ausência de candidatas nessa fase de confecção das
listas partidárias se deve ao caráter sexista dos selecionadores, sempre
dispostos a privilegiar homens. O survey pode (e de fato o fez, no nos-
so caso) revelar que as mulheres não se candidatam não porque são re-
jeitadas pelo partido, mas sim porque não possuem condições sociais,
familiares e de tempo para entrar na vida política, todas elas condições
para chegar até o partido. Uma boa teoria, portanto, poderia nos levar a
indagar sobre a natureza das relações de gênero que caracterizam a so-
ciedade brasileira como parte fundamental da explicação desses dados
revelados pelo questionário.

(vi) As pesquisas dessa natureza cumprem uma exigência funda-


mental da cientificidade: a replicabilidade (idem).

O mesmo questionário pode ser utilizado para diferentes populações,


em diferentes pontos do tempo e do espaço. A publicação da forma com
que o questionário foi montado e aplicado (além do próprio questioná-
rio), como é o caso deste capítulo, é fundamental para que esse critério se
cumpra9. O questionário ao qual nos referimos neste capítulo está publi-
cado integralmente no apêndice 1 deste livro (p.281).

(vii) A pesquisa de survey é específica.

9
Outro bom exemplo deste tipo de publicação pode ser encontrado em Freire, Viegas
e Seiceira (2009).

39
Como estudar elites

Podemos investigar temas muito específicos ou relações entre temas que


antes não haviam sido elaboradas pela literatura. Por exemplo, a seleção
de candidatos sempre foi retratada na literatura como o “jardim secreto”
dos partidos políticos (GALLAGHER; MARSH, 1988), um processo de difí-
cil acesso e realizado a portas fechadas no interior das legendas. Somado
a isso, sabemos que nos processos de seleção de candidatos na América
Latina predominam procedimentos informais em que fontes oficiais –
como estatutos ou programas de partido – pouco revelam sobre esse objeto
(FREIDENBERG; LEVITSKY, 2008). Desse modo, técnicas como a do survey
tornam viável acessar diretamente os atores do processo e indagá-los acer-
ca do “jardim secreto” do processo seletivo nos seus partidos.

(viii) O survey é capaz de coletar uma grande quantidade de dados,


mais do que a maioria das outras técnicas, como observação
participante, entrevista em profundidade e análise histórica.

É o que se denomina “range of applicability”. Isto é, com ele somos


capazes de criar perguntas pertinentes sem depender das limitações das
fontes. Isso permite aprofundar o vínculo com a teoria (linkage to the-
ory), o diálogo entre ela e os dados e, por conseguinte, desenvolver novos
conceitos (conceptual richness). Por exemplo, pesquisas em fontes frias
– como arquivos, jornais, livros – não conseguem ir além das informações
disponíveis na fonte escrita. Através de questionários conseguimos abor-
dar todos os pontos que o pesquisador julga pertinente para validar um
conceito, atenuando em alguma medida a condição de refém das fontes
produzidas por outros.
Temos então um conjunto de vantagens que fazem da aplicação do sur-
vey uma técnica de pesquisa bastante confiável, com forte presença nas
Ciências Sociais e que conta já com grande tradição de discussão meto-
dológica sobre as suas características (ALMEIDA, 2009; ONUKI; MAGA-
LHÃES; OLIVEIRA, 2012; RODRIGUES, 2006). Em nosso caso, procuramos
apontar como suas principais vantagens (i) o papel ativo do pesquisador
na elaboração do seu desenho de pesquisa; (ii) seu papel ativo na elabo-
ração do conteúdo das questões; (iii) a possibilidade de trabalhar com
amostras e inferências estatísticas; (iv) o respeito à lógica mental do en-
trevistado; (v) a possibilidade de estabelecer relações de causalidade ou
correlações estatísticas a partir dos dados; (vi) sua replicabilidade; (vii)
sua capacidade de especificação e (viii) a riqueza empírica e teórica.

40
O uso do survey no estudo do recrutamento político

Essas vantagens, no entanto, são acompanhadas por alguns limites im-


portantes. A seguir, apontamos os que consideramos os mais relevantes.

(i) O primeiro deles diz respeito à dificuldade de criar medi-


das para variáveis de percepção ou comportamento, tarefa
complexa tanto na montagem do questionário quanto em
sua aplicação e análise dos dados coletados, podendo ge-
rar o que a literatura chama de specification error (LEEUW;
HOX; DILMANN, 2008, p. 4).

É sempre um problema saber se nosso questionário permite medir exata-


mente aquilo que pretendemos. Como mensurar a posição ideológica de um
determinado indivíduo quando a percepção de tal postura pode ser afetada
pelo contexto político-social em que o mesmo está inserido? Como saber se o
entrevistado reconhece os termos da questão, se ele pensa com as categorias
ou em função das categorias de “direita” e “esquerda”, por exemplo? Para
evitar esse problema, é preciso conhecer, nem que seja um pouco, aqueles
que queremos entrevistar10. Ou seja, ter um conhecimento do contexto em
que vivem os entrevistados é fundamental para evitar a imposição de termos
não reconhecidos por eles e essa é uma tarefa sempre complicada, pois nem
sempre há informações prévias e disponíveis sobre isso. Uma alternativa ao
uso arbitrário de termos e expressões é produzir uma proxy, isto é, uma vari-
ável que seja “uma aproximação confiável da visão de mundo do entrevista-
do” (ALMEIDA, 2009, p. 113). Essa aproximação pode ser feita através de per-
guntas sobre situações a serem hipoteticamente enfrentadas pelo candidato
de modo a tentar captar a sua reação, também hipotética, a elas.
Por exemplo, queríamos determinar se os indivíduos eram ou não dis-
ciplinados em relação ao partido político ao qual estavam filiados. Em vez
de perguntarmos “O(a) senhor(a) poderia nos dizer se é disciplinado(a)
em relação ao partido a que pertence?”, o que implicaria pressupor que o
entrevistado teria sobre o termo “disciplinado” o mesmo entendimento

10
Um dos modos mais acertados para uma exploração prévia à realização de uma pes-
quisa de survey é fazer entrevistas em profundidade com uma amostra não representati-
va da população, de modo a ter mais clareza sobre os pontos a serem abordados, sobre
a maneira de formular questões, sobre que tipo de linguagem é a mais adequada para
o contexto em questão etc. A partir de então, pode-se dar início à elaboração de um
questionário de maneira bem mais segura.

41
Como estudar elites

que nós (i.e., estritamente fiel às determinações do partido), optamos por


perguntar: “Numa situação hipotética em que o(a) senhor(a) tenha uma
posição pessoal e seu partido uma posição divergente, o(a) senhor(a): 1.
Adota a posição do partido ou 2. Mantém sua posição pessoal?”. A dis-
ciplina continuou sendo o foco de nossa indagação, sem que a questão
fosse formulada diretamente nesses termos.

(ii) Uma segunda desvantagem consiste em elaborar escalas que


representam pouco a realidade das atividades em que os res-
pondentes estão envolvidos.

Seguindo o modelo de análise de Hazan e Rahat (2010), interessava-nos


saber em que medida o processo de seleção de candidatos era mais ou
menos inclusivo. Segundo os autores, é possível pensar num continuum
onde os processos totalmente inclusivos têm na escolha dos candidatos
toda a população habilitada eleitoralmente, como no caso das primárias
norte-americanas. No polo oposto, apenas um único líder do partido esco-
lhe quem serão os candidatos que figurarão na lista eleitoral. O problema
é que as escalas de inclusividade não correspondem ao que os candidatos
vivenciam nos processos em que são escolhidos. É possível que o mesmo
candidato, ou o mesmo grupo de candidatos, passe por diferentes níveis
de inclusão durante a seleção; pode ser que seja inicialmente escolhido
por filiados do partido ou que uma nova seleção seja conduzida por um
colégio intermediário de delegados e a decisão final da composição da lis-
ta fique a cargo de um líder único; ou então diferentes grupos de candida-
tos podem ser escolhidos por diferentes métodos de seleção. Esse é o caso
mais típico no Brasil, onde um método misto de seleção ocorre para com-
por listas (BOLOGNESI, 2013). Parte dos indicados é escolhida por votação
de filiados, uma segunda parte da lista pode ser escolhida por colégio de
líderes e ainda podemos ter cotas para lideranças políticas. Assim, temos
processos de seleção onde um método pode ou não ser predominante em
relação aos demais. Esse misto de métodos de escolha leva a uma elabo-
ração de uma escala de inclusividade mais segmentada, em que temos
zonas cinzentas que partilham métodos de seleção de candidatos combi-
nados e que não podem ser captadas por uma escala simples. Ou seja, esse
tipo de aplicação direta e descontextualizada de uma escala produzida
para outra situação pode acarretar imprecisão empírica ou alto risco de
erro de especificação, para ficarmos na terminologia técnica.

42
O uso do survey no estudo do recrutamento político

O problema que enfrentamos aqui, portanto, é o da produção de me-


didas válidas e confiáveis de conceitos ou fenômenos. Segundo Almei-
da (2009, p. 172), medidas válidas são aquelas que “medem exatamente
o que deve ser medido”. Como aponta Fowler Jr. (2011), o problema da
validade dos dados coletados é o principal responsável por criar viés na
pesquisa. A validade refere-se à capacidade de uma pergunta captar a
resposta verdadeira de um entrevistado. Contudo, isso apenas ocorre em
teoria. Metodólogos sempre contam com uma estimativa de erro entre a
interpretação da pergunta e a resposta dada a ela.
Ou seja, não podemos querer coletar dados sobre um fenômeno for-
mulando questões sobre temas distintos ou, pelo menos, percebidos
como distintos pelos entrevistados. Uma medida válida, ademais de me-
dir exatamente o que se pretende medir, é aquela que, se replicada, “ofe-
rece resultados semelhantes quando mobilizada a mesma metodologia,
mas por diferentes pesquisadores” (FOWLER JR., 2011). Isso, como ve-
remos adiante, tem implicações tanto para a elaboração do questionário
quanto para a condução da entrevista. Em resumo, é preciso ter plena
consciência da “régua” que estamos utilizando em nossas medidas. E
isso não é simples.

(iii) Após a coleta e tabulação dos dados, a associação entre va-


riáveis não é sempre perfeita. O uso de indicadores para re-
sumir os achados sempre será parcial, não correspondendo à
interação real entre duas ou mais variáveis (KING; KEOHANE;
VERBA, 2000, p. 21).

No caso específico de nosso trabalho, a associação entre seleção de


candidatos e inclusividade, como vimos acima, pode não ser linear. A fi-
xação em um ponto da escala artificializa os parâmetros encontrados na
amostra. Na verdade, o que se pode encontrar não são associações dadas,
mas sim possíveis associações entre as variáveis a partir da pergunta que o
pesquisador quer responder11.
Para sermos mais claros: a representação de um ponto numa escala a
partir de uma percepção subjetiva de um processo nem sempre represen-

11
Para um exemplo, ver a questão V.31 do Apêndice 1, ao final deste livro (p. 287).

43
Como estudar elites

ta definitivamente aquilo que queremos medir. Psicometristas alertam que


qualquer que seja a pergunta sempre haverá um “erro médio” (CORTADA DE
KOHAN, 2006, p. 74) que se refere à diferença na interpretação que cada res-
pondente faz da pergunta e sua formulação lógica de resposta. Ao pergun-
tarmos para um de nossos entrevistados acerca da inclusividade da seleção
de candidatos – como expomos no ponto anterior – é possível que alguns
entendam terem sido selecionados por vários grupos presentes em nossa
escala (filiados, delegados, líder único). Contudo, o indivíduo sente, subje-
tivamente, que os filiados tiveram um papel fundamental para sua seleção,
respondendo assim que foram esses os responsáveis pelo procedimento.

(iv) Por fim, a maior dificuldade do uso de survey é a ida ao campo.

O treinamento dos aplicadores/pesquisadores deve ser extremamente


qualificado, a fim de evitar vieses de várias ordens. A simples presença
do entrevistador junto do entrevistado pode ser encarada como um ele-
mento que interfere na resposta obtida, assim como uma série de outros
elementos, como as vestimentas dos entrevistadores, a entonação da per-
gunta, a ênfase em determinada frase etc.12
Várias podem ser as fontes de erros que normalmente são desprezados
nas pesquisas desse tipo. O mais importante aqui é que os aplicadores sai-
bam de todos os detalhes de suas tarefas e que todos se comportem da
mesma forma durante a aplicação do questionário. Isso só é obtido com
o treinamento intensivo de aplicadores, o conhecimento por parte destes
do questionário, o uso de cartões de resposta, barras de probes13 e outras
medidas que podem auxiliar na obtenção de uma conduta de procedi-
mentos universalizada nas entrevistas.

12
Aparecer para uma entrevista com pessoas de uma posição socioeconômica mais baixa
vestindo, por exemplo, um terno, aumenta muito a probabilidade de intimidação do respon-
dente; usar gírias para entrevistar desembargadores gera uma rejeição imediata e visível ao
entrevistador; o uso de palavras carregadas de sentido para o entrevistado pode produzir
rejeição ou empatia, dependendo das circunstâncias. Por exemplo, ao entrevistarmos, em
outra ocasião, uma série de pessoas de entidades filantrópicas que atuavam em conselhos
de assistência social, percebemos que não podíamos utilizar as palavras “política” e “partido”,
pois ambas consubstanciavam a ameaça de “partidarização” e “politização” da função essen-
cialmente caritativa da assistência social, apesar de todos os representantes das entidades
filantrópicas apoiarem o partido do governo e sua política. Ter um conhecimento prévio e
inicial do objeto de estudo ajuda a evitar esses problemas.
13
A barra de probes é uma referência que o aplicador do questionário tem junto às per-

44
O uso do survey no estudo do recrutamento político

Ao fim e ao cabo, se pudéssemos fazer um balanço das vantagens e li-


mites do uso de survey, certamente diríamos que as vantagens superam
em muito as dificuldades colocadas por esse tipo de instrumento. Além
disso, grande parte dos problemas que são impostos por essa escolha me-
todológica pode ser contornada com a etapa que descreveremos a seguir:
a montagem do questionário.

2. O survey e o desenho da pesquisa: montando o questionário a partir da literatura


sobre o tema
Antes de discutirmos especificamente a relação entre a literatura e a elabo-
ração do questionário (e o conteúdo deste), é preciso que tratemos de al-
guns problemas enfrentados antes mesmo da elaboração do questionário.

2.1. Alguns problemas prévios


No estudo de recrutamento político enfrentam-se sempre dificuldades
crescentes quando tentamos entrevistar os ocupantes de postos mais ele-
vados na estrutura política (senadores, governadores, ministros etc.). Na
medida em que nossos questionários buscam informações com os “pode-
rosos”, o uso de websurveys não é uma alternativa viável, já que, nesses
casos, aumenta-se muito a taxa de recusa ou de não resposta14 em fun-
ção de o entrevistado (ou o seu staff) simplesmente apagar a mensagem
eletrônica que contém as explicações sobre a pesquisa e o questionário
(HEERWEGH; ABTS; LOOSVELDT, 2007). Frente a essa dificuldade, apre-
sentava-se a alternativa da entrevista via telefone15 . Contudo, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e suas regionais (os TREs) não forneciam os con-
tatos de telefone dos candidatos.

guntas no momento da conduta de campo. Trata-se de um apoio impresso no questio-


nário ou à parte que cumpre a rotina de verificação de problemas no questionário, na
formulação de perguntas e respostas ou ainda para auxiliar o entrevistado com a com-
preensão dos enunciados. Ao fim e ao cabo, esse instrumento auxilia no aperfeiçoamen-
to do questionário durante a fase de pré-teste, mas também pode ser útil em futuras pes-
quisas, pois ajuda a aumentar a precisão das perguntas, acompanhar sua compreensão
pelos respondentes e sanar problemas na conduta de campo.
14
Heerwegh, Abts e Loosveldt (2007) lembram ainda que a persistência na busca de um
mesmo respondente não aumenta a taxa de resposta nos surveys em geral. A maior fonte
de não resposta se deve à ausência de tentativa de contato.
15
Um dos principais métodos de coleta via telefone é o chamado CATI: Computer Assis-
ted Telephone Interview, em que um questionário estruturado é aplicado em IVR (Interac-
tive Voice Response) e o computador processa já as bases de dados da amostra.

45
Como estudar elites

A solução era então localizar a população-alvo e garantir uma cobertu-


ra da amostra de forma presencial, com entrevistas face à face. Para tanto,
selecionamos os estados que iriam compor a pesquisa: São Paulo, Paraná,
Sergipe, Rio Grande do Sul e Pará. Como estávamos preocupados em ter
uma amostra representativa da unidade de análise, qual seja, os partidos po-
líticos, a aplicação do questionário deveria cumprir os requisitos mínimos
para que pudéssemos falar sobre os partidos analisados. Tentando manter a
proporcionalidade da amostra, a pesquisa contou com maior quantidade de
questionários aplicados em estados onde mais candidatos lançaram-se como
deputados federais. O estado de São Paulo, por exemplo, está nominalmente
sobrerrepresentado em nossa amostra, porém respeitando a proporcionali-
dade da distribuição das candidaturas. Ainda assim, para a unidade de grupo
que nos interessava, foram coletados 30 questionários de cada partido, per-
mitindo, conforme aponta Pereira (2004), a comparação entre os mesmos. A
decisão foi por garantir alguma diversidade regional quanto às característi-
cas socioeconômicas e culturais, embora sem a pretensão de realizar qual-
quer inferência sobre o processo de seleção de candidatos no Brasil como um
todo, limitando nossas conclusões aos estados pesquisados.
O segundo problema a ser resolvido era, então, saber quais os partidos
políticos que seriam escolhidos para a amostra, já que dar conta do univer-
so de 29 partidos existentes à época da pesquisa no Brasil seria impossível.
A escolha recaiu sob os quatro grandes partidos brasileiros: DEM, PMDB,
PSDB e PT. Estes foram escolhidos com um critério muito simples: eram
os únicos que possuíam uma bancada na Câmara dos Deputados com, pelo
menos, 5% e mais de 10% dos votos do eleitorado nas eleições de 200616.
Em seguida, iniciamos uma busca nos partidos políticos, nos sites pessoais
de candidatos e qualquer outra fonte que pudesse nos dar acesso à amos-
tra. Essa prática mostrou-se eficiente em tempos eleitorais. Podemos pen-
sar que a vantagem de realizar uma pesquisa no período de campanha é
justamente esta: os concorrentes no pleito estão o tempo todo interessados
em divulgar o que pensam e falar com a maior quantidade de pessoas pos-
sível. Ao assumirem o mandato, essa disposição decai.

16
O corte de 5% refere-se aos partidos que, em teoria, desfrutariam dessa proporção
de votos nas eleições nacionais, funcionando como uma cláusula de barreira para que
tivessem acesso aos cargos partidários (como líder de partido e bancada partidária) na
Câmara dos Deputados. Além disso, são os partidos que contam com um patamar míni-
mo (10%) para atuarem como organizações relevantes no sistema partidário brasileiro.

46
O uso do survey no estudo do recrutamento político

Um terceiro problema era relativo ao modo de realização da pesquisa


que, em nosso caso, foi feita de forma voluntária por colaboradores, em
geral alunos de graduação e pós-graduação, que se dispuseram a expe-
rimentar a atividade de campo. Isso foi, certamente, um dos grandes li-
mitadores para que pudéssemos expandir nossa investigação para uma
amostra representativa do ponto de vista nacional e/ou regional, dada a
falta de recursos para remuneração de uma equipe mais ampla.
Uma vez equacionados esses problemas, restava-nos estruturar o ins-
trumento de coleta. Abaixo apontamos as principais dificuldades enfren-
tadas e como tentamos contorná-las.

2.2. Tipos de erros e formas de evitá-los ao montar o questionário


Há uma série de erros possíveis ao montar o questionário, como perguntas
mal formuladas, utilização de gírias ou regionalismos, ordenação pouco pro-
veitosa das perguntas, entre outros. Porém, lidaremos com os três que mais
nos preocuparam na investigação das elites políticas e seu recrutamento.

(i) O primeiro erro, e o mais importante, é não levar em con-


ta o objetivo da pesquisa “em termos dos conceitos a serem
pesquisados e da população-alvo” (GHUNTER, 2003, p. 2;
FOWLER JR., 2011, p. 25). Ou seja, o pesquisador deve ter
profundo conhecimento sobre o que a literatura revela, em
especial, dos conceitos e fenômenos que serão analisados
através do survey e também daqueles que responderão os
questionários.

O primeiro problema é resolvido por meio de uma exaustiva leitura da


literatura especializada. O segundo ponto é mais complicado. Em nosso
caso, havia dificuldades referentes ao ambiente em que seria aplicado o
questionário, sobre o qual não tínhamos qualquer controle. Preocupa-
va-nos, em especial, a possível recusa dos candidatos em respondê-lo,
visto que os mesmos estariam em campanha por votos e não estariam
interessados em dar entrevistas sem exposição midiática. Percebemos,
entretanto, que esse é o momento em que os candidatos mais desejam
falar, pois veem nisso uma garantia de alguma exposição pública que
possa render votos. Uma pesquisa acadêmica não é, certamente, a mais
atrativa das situações nesses casos. Por isso, quando contatamos o can-
didato ou seu staff, falávamos em pesquisa apenas em termos genéricos

47
Como estudar elites

para, depois, revelarmos que se tratava de um trabalho acadêmico com


fins estritamente científicos.

(ii) Um segundo erro importante na construção de questionários


diz respeito ao fenômeno largamente conhecido como social
desirability (ALMEIDA, 2009, p. 94). Nesses casos, os respon-
dentes podem ter suas respostas determinadas pelo contex-
to social ou político em que estão envolvidos. Os indivíduos
podem mascarar suas verdadeiras posições tendo em vista o
que é socialmente desejável.

No caso específico, ao perguntarmos, por exemplo, sobre as caracterís-


ticas importantes para que uma pessoa fosse escolhida para compor a lista
(ou sobre como foi o processo de seleção de candidatos ou, ainda, sobre
qual a função de um deputado federal), nossa intenção foi evitar dar aos
entrevistados apenas opções politicamente aceitáveis. Um caso típico no
Brasil é que políticos em geral tendem a esconder suas posições ideológicas
mais ligadas à direita, visto estar esta opção vinculada historicamente ao
período da ditadura militar, ainda vivo na memória de grande parte da po-
pulação17. Em nosso caso específico, havia um problema em perguntar aos
entrevistados sobre a avaliação valorativa que os mesmos faziam do pro-
cesso de seleção de candidatos, ou seja, se o consideravam “democrático”,
“hierárquico” ou “burocrático”. Prevendo um possível comportamento so-
cialmente desejável, onde a maior parte dos entrevistados responderia que
o processo foi democrático, incluímos outras perguntas a fim de mensurar
o conteúdo da resposta18. O resultado foi o esperado: mesmo entrevistados
que respondiam terem sido selecionados por um único líder do partido,
afirmavam que o procedimento havia sido “democrático”.

17
Outro exemplo disso é o fenômeno, constatado no Reino Unido nos anos 1990, qualificado
como “The Shy Tory Factor”. Após anos de governos do Partido Conservador, as pesquisas
indicavam que o Partido Trabalhista teria uma pequena maioria no Parlamento. Contudo, o
resultado foi que os conservadores conquistaram mais uma vez a maioria, com quase 10%
a mais de cadeiras. A explicação foi que os eleitores estavam “escondendo” suas intenções
de voto tendo em vista a continuidade do partido por tantos anos. Com a Era Trabalhista de
1997 a 2010, alguns analistas políticos se preocupavam com o fenômeno oposto. Ver “The
Shy Labour Factor”. Fonte: <http://www.mrs.org.uk/>. Acesso em: 15 set. 2015.
18
Para perguntas de verificação lógica ver as diferenças no conteúdo das perguntas V.19,
V.21 e V.31 do Apêndice 1, ao final deste livro (p.284 e p.287, respectivamente).

48
O uso do survey no estudo do recrutamento político

(iii) Por fim, tínhamos de lidar com os problemas de recall. Pro-


blemas de recall são aqueles em que é preciso contar com
a memória a médio e longo prazo do entrevistado. Erro co-
mum, apontado por Halperin e Heath (2012, p. 236), é o cha-
mado telescoping. Ao pedir que um indivíduo descreva uma
ação no passado, há tendência de que a memória desse even-
to se mescle com a lembrança de eventos mais recentes.

Esse problema era particularmente importante para nós por dois moti-
vos muito práticos. Primeiro, com o decorrer da campanha, os candida-
tos poderiam ter diferentes percepções sobre como foram selecionados.
Candidatos que estavam tendo um desempenho mais positivo poderiam
avaliar de maneira artificialmente positiva o processo de seleção e vice-
versa. Além disso, a dinâmica frenética das campanhas eleitorais poderia
afetar a memória sobre fenômenos ocorridos meses atrás, diminuindo
a exatidão da informação e, consequentemente, sua confiabilidade. Em
nosso caso, evitamos os problemas de recall conduzindo as entrevistas
em um momento delimitado no tempo, aplicando todos os questioná-
rios logo após o registro dos candidatos nas listas eleitorais na convenção
partidária de cada sigla, como estabelecido pelo calendário eleitoral bra-
sileiro daquele ano.

2.3. A literatura sobre seleção de candidatos e a elaboração do questionário


Até a presente pesquisa, a utilização de survey para o estudo de sele-
ção de candidatos no Brasil é praticamente nula, em qualquer das suas
formas ou tipos. Os estudos realizados até então foram empreendidos
levando-se em conta as estratégias dos partidos, a organização partidá-
ria ou a percepção que os líderes dos partidos têm ao operar a formação
das listas (BRAGA, 2008; ÁLVARES, 2008). No entanto, para a nossa sor-
te, outros estudos, notadamente no Reino Unido e em Portugal, con-
duziram entrevistas com candidatos para identificar os critérios para
a formação da lista partidária (por exemplo, NORRIS; LOVENDUSKI,
1995; FREIRE; VIEGAS; SEICEIRA, 2009). Foi esse conjunto de estudos
estrangeiros que nos forneceu algumas orientações iniciais para a mon-
tagem do questionário.
Uma das formas de antever os problemas pela literatura ou pela ausên-
cia de dados sobre um determinado processo ou população é o pré-teste.
O pré-teste é largamente mobilizado quando a população é muito hetero-

49
Como estudar elites

gênea ou não há apoio em estudos anteriores sobre o objeto e o problema


a ser investigado (ALMEIDA, 2009; SIMÕES; PEREIRA, 2009). Em nos-
so caso, encontramos na literatura estrangeira abundantes informações
que nos ajudaram na formulação de conceitos, indicadores e hipóteses,
reduzindo a necessidade de realizar o pré-teste do questionário. Isso foi
importante porque o ritmo da nossa pesquisa era definido pelo calendá-
rio eleitoral. A partir de meados de julho até o início de outubro dos anos
eleitorais as candidaturas são homologadas e estão em franca campanha
por votos, enquanto as convenções partidárias devem ocorrer até 30 dias
antes do início do pleito. Tínhamos assim um curto espaço de tempo para
aplicar o questionário, o que impossibilitava a realização do pré-teste.
Nessas situações, poder contar com o forte apoio de uma literatura espe-
cializada é algo ainda mais importante.
Mas por que aplicar o questionário no interior dos partidos políticos?
Por que não em outras instituições que poderiam indicar candidatos, tais
como sindicatos, igrejas, associações de bairros, movimentos sociais, as-
sociações profissionais, entre tantos outros?
Em primeiro lugar, porque a exigência de filiação partidária para con-
correr a posições políticas legislativas ou executivas é lei no Brasil19. Em
boa parte do mundo isso ocorre de forma semelhante. Alguns países,
como os Estados Unidos, El Salvador, Alemanha, Escócia e alguns outros
permitem que candidatos se lancem aos legislativos nacionais ou regio-
nais sem a exigência da filiação partidária.
Em segundo lugar, porque o partido político é histórica e organizacio-
nalmente a única instituição capaz de atuar tanto na sociedade quanto
nas arenas eleitoral e legislativa (PANEBIANCO, 2005). Essa característica
faz com que os partidos, mesmo se não formalmente compelidos, sigam
sendo o lócus por excelência onde são selecionados os candidatos.
Contudo, a despeito da importância central dos partidos, a seleção de
candidatos não é apenas um processo partidário. Existe, como aponta
Norris (2013), uma série de filtros que socializam, treinam e profissiona-
lizam, tornando apenas um certo grupo de indivíduos aptos para a vida
política. Esse processo maior de recrutamento, que antecede temporal e
metodologicamente a seleção de candidatos, está intimamente ligado a

19
Conforme a Lei Orgânica dos Partidos Políticos de 1997.

50
O uso do survey no estudo do recrutamento político

dois aparatos centrais para constituição do político: a socialização e a mo-


tivação (CZUDNOWSKI, 1975).
Para dar conta das dimensões extra e intrapartidárias do processo de
seleção de candidatos, dividimos nosso questionário em quatro blocos:
(i) questões pessoais sobre o candidato; (ii) questões referentes ao pro-
cesso de socialização política; (iii) questões que revelassem informações
sobre as motivações que levaram o entrevistado a entrar na vida políti-
ca e, por fim, (iv) questões sobre a percepção dos candidatos acerca do
processo de seleção dentro do seu partido. Tentando dar cabo de um
modelo completo de recrutamento político, os três blocos finais davam
conta justamente daquilo que a literatura aponta como fundamental
para que indivíduos se tornem políticos. Iniciamos com questões preo-
cupadas com a relação que os candidatos tiveram com a família, com as
atividades escolares (tais como os cursos que se graduaram ou o tipo de
escola, se pública ou privada, que frequentaram), com participação em
movimentos sociais, associações de bairro, sindicatos, órgãos de classe,
movimento estudantil ou religioso.
Em seguida, o questionário abordou o tema da motivação política. Pre-
ocupou-se em saber onde (em que instituição) e de que modo aquele indi-
víduo que, durante a entrevista, já estava suficiente engajado a ponto de
disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, havia começado a se inte-
ressar por política. Pensamos que a motivação poderia estar associada à
participação dos indivíduos nas instituições pelas quais passaram ao lon-
go da vida. Por exemplo, vimos que boa parte dos entrevistados afirmava
ter se interessado por política durante a universidade ou quando frequen-
tou o sindicato ou órgão de classe profissional (PERISSINOTTO; VEIGA,
2014). Adicionalmente, percebemos que o partido político se revelou uma
organização que está diretamente associada com a profissionalização po-
lítica: boa parte dos entrevistados mostrou que passou a encarar a política
de forma profissional após assumir algum cargo dentro do partido. A jus-
tificativa para todas essas questões era muito simples: para que um indi-
víduo decida se dedicar à atividade política como profissional não basta
que possua recursos socioeconômicos importantes e que tenha a oportu-
nidade de fazê-lo. Essas são, certamente, condições necessárias, mas não
suficientes. É preciso ainda que ele tenha vontade de entrar na política.
Por fim, dedicamos a maior parte de nossas perguntas para o processo
de seleção de candidatos. A preocupação aqui é que, cumpridas as exi-
gências anteriores, um procedimento institucional poderia ser a chave

51
Como estudar elites

para explicar porque são tão poucos os indivíduos que conseguem dis-
putar uma eleição20.
A literatura aponta que seleções de candidatos conduzidas por primá-
rias abertas a todos os eleitores não são necessariamente mais democrá-
ticas. Nesses casos, a seleção feita por primárias ou por votação com a
participação de muitos membros do partido tende a escolher aqueles
candidatos que representam a média das características desejadas pela
maior parte dos selecionadores, o que pode excluir importantes grupos
minoritários, numa espécie de “tirania da maioria”. O espaço para mino-
rias ou grupos sub-representados fica mais restrito, mesmo que pareça,
à primeira vista, um processo muito mais inclusivo e democrático (HA-
ZAN; RAHAT, 2010). Por outro lado, candidatos escolhidos apenas por um
único líder do partido não estariam dispostos a colaborar com o partido
como instituição, com o grupo, manifestando laços de lealdade apenas
com aquele que o garantiu na lista eleitoral. Questões dessa natureza é
que nortearam a formação das perguntas sobre a seleção de candidatos.
Indagamos se os entrevistados haviam sido escolhidos para estarem ali
por votação ou por indicação, se os filiados do partido participaram da in-
dicação ou não, ou se a escolha foi realizada por delegados partidários. A
articulação dos dados coletados a partir dessas perguntas é que nos levou
a reconstruir peça a peça o processo pelo qual os candidatos a deputado
federal em 2010 foram nomeados.
Num segundo momento, ainda sobre o processo de seleção, tentamos
colher variáveis que pudessem nos dizer não somente algo sobre a se-
leção em si, mas também acerca das consequências desta. Ou seja, ten-
tamos mensurar o comportamento dos candidatos no período eleitoral
e sua relação com as bases políticas. Perguntamos se eles seriam disci-
plinados em relação aos partidos, quem estavam representando eleito-
ralmente (se o partido, se a região geográfica de onde vinham, se sua
categoria profissional etc.).
Desta forma conseguimos construir um questionário capaz de dar con-
ta das complexidades do processo de seleção de candidatos dentro dos
partidos analisados. Com ele, abordamos a dimensão dos recursos sociais

20
Vale dizer que os dados de Gallagher e Marsh (1988), mesmo que bastante defasados,
mostram que apenas 0,04% dos legalmente habilitados conseguem atingir o posto de
candidato por um partido qualquer nas democracias ocidentais.

52
O uso do survey no estudo do recrutamento político

possuídos pelos concorrentes, o processo de socialização política pelo


qual eles passaram a ponto de gerar motivações subjetivas fortes o su-
ficiente para fazer da política uma área atrativa de atuação e, por fim, o
processo seletivo no interior da organização partidária.

3. O campo: os entrevistadores, a aplicação e o questionário


São bastante escassos no Brasil os relatos sobre a conduta de campo em
pesquisa de survey depois de realizada a aplicação. Alguns autores (BA-
BBIE, 2005; SIMÕES; PEREIRA, 2009) sugerem condutas de pesquisa de
campo que, dependendo do contexto, devem ser levadas em considera-
ção e adotadas. Em nosso caso, gostaríamos de abordar três problemas
bastante importantes na aplicação do questionário: a figura do entrevis-
tador, a aplicação propriamente dita e o tipo de entrevista.
O uso do entrevistador (em vez da entrevista por telefone ou via in-
ternet) possui algumas vantagens. A primeira dela é prática. Os entre-
vistadores compõem parte da equipe de pesquisa e ajudam na solução
de problemas operacionais importantes, como, por exemplo, encontrar
o telefone ou o e-mail de candidatos em tempos eleitorais em um país
de proporções gigantescas como o Brasil, o que já é, por si só, uma tare-
fa bastante árdua. A segunda vantagem (e, talvez, a maior delas) é que
os entrevistadores garantem alta taxa de retorno já que estão o tempo
todo em contato com o entrevistado e seu staff de modo a garantir a
realização da entrevista21. Nesse sentido, a presença do entrevistador
amplia as chances de que os entrevistados responderão de fato ao ques-
tionário, permitindo atingir taxas de retorno impensáveis quando com-
paradas com outras estratégias de pesquisa. A terceira vantagem é que
é possível fazer do entrevistador um agente engajado em outras dimen-
sões da investigação e, assim, contar com a sua participação em outros
procedimentos, como a preparação dos questionários, a elaboração de
material de apoio e outros detalhes da pesquisa. O uso do entrevistador
ajuda, assim, a reduzir os custos que, em outros casos, exigem ainda
o envio de folders explicativos, material gráfico ou ainda a criação de
websites. A presença do entrevistador elimina boa parte desse aparato.

21
Babbie (2005, p. 253-254) admite que o estabelecimento de valores específicos para
taxas de retorno é rudimentar e bastante arbitrário. Porém, taxas muito abaixo da metade
da amostra oferecem o risco de inviabilizar a amostra em si.

53
Como estudar elites

A quarta vantagem é que a figura do entrevistador diminui a quantidade


de respostas “não sei” e “sem resposta”, já que a simples presença de
um interlocutor constrange a escolha dessa opção. O entrevistador pode
insistir para que o entrevistado escolha uma das opções disponíveis22. O
entrevistador pode ainda ajudar o entrevistado a entender o mecanismo
do questionário, os procedimentos de pesquisa ou desfazer confusões
sobre os itens listados e as opções de resposta. É muito importante que
se diga, porém, que não se trata de uma interferência na escolha do res-
pondente, mas sim de esclarecer possíveis dúvidas que este possa ter,
o que é geralmente feito através do uso de barras de probes. Por fim, o
entrevistador pode fazer observações que achar pertinentes quanto ao
comportamento do respondente, como tempo de resposta, conduta (se
nervoso, apreensivo, debochado, indolente etc.).
É claro que o uso do entrevistador tem desvantagens. A principal delas
é que a presença de um aplicador forçosamente reduz a privacidade do
entrevistado e isso pode levá-lo a se sentir constrangido para responder
questões mais polêmicas ou mais sensíveis socialmente. O respondente
pode, nesses casos, tentar usar o entrevistador para saber exatamente
qual a resposta aceitável ou esperada. Com entrevistadores mal treinados,
esses problemas podem se tornar ainda mais graves.
A conduta do entrevistador no campo é orientada por dois axiomas me-
todológicos. O primeiro é a neutralidade do pesquisador. Nas palavras de
Babbie (2005, p. 260), “o entrevistador deverá ser um meio neutro, atra-
vés do qual perguntas e respostas são transmitidas” (grifo no original). O
segundo axioma é que o survey deve ser um instrumento “irrealista de
cognição” (ibidem), ou seja, cada pergunta e cada item de resposta deve
representar exatamente a mesma coisa para cada respondente. Na práti-
ca esses axiomas dificilmente são efetivados à risca. Mesmo levando-se
em conta prescrições sobre a forma de se vestir, de se portar ou de falar,
elementos imprevistos interferem na percepção do entrevistado sobre o
entrevistador23. Contudo, o conhecimento prévio de elementos da políti-

22
Em tese, isso poderia ser um problema. Porém, não se trata de proibir que o entrevis-
tado diga que não sabe a resposta ou que não quer responder à pergunta, mas sim de
evitar que respondentes utilizem as opções “não sei” ou “não respondeu” como fuga
para agilizar o preenchimento do questionário ou não manifestar uma opinião que julga
comprometedora. Por essa razão, em questionários auto-administrados os pesquisado-
res geralmente preferem retirar essas opções de resposta.

54
O uso do survey no estudo do recrutamento político

ca partidária como o nome do partido, as exigências legais para uma can-


didatura, o formato esperado da seleção, entre outros, podem contribuir
para que o questionário seja aplicado da maneira mais padronizada possí-
vel para cada respondente.
O segundo problema que gostaríamos de discutir neste item é o da apli-
cação dos questionários. Esse procedimento se deu em sua maior parte
durante convenções partidárias que homologaram os candidatos a depu-
tado federal em 2010 ou em contatos posteriores, mas ainda assim duran-
te os 30 primeiros dias da campanha eleitoral daquele ano. Na maior parte
das vezes, se o entrevistado não podia nos dar a entrevista durante a con-
venção do partido, ele era contatado por telefone imediatamente nos dias
subsequentes à convenção, tentando evitar assim que o andamento da
campanha política afetasse as respostas. Este é um problema sério do pro-
cesso de pesquisa. As convenções partidárias não são o melhor momento
para a aplicação do questionário dado o caráter conturbado do ambiente
e a quantidade de estímulos que desviam a atenção do entrevistado. Mas
esse é um problema sobre o qual não tínhamos controle. Quando não con-
seguimos controlar o contexto da entrevista, é altamente recomendável
que o questionário seja o mais amigável possível para o entrevistado, e
aqui chegamos ao terceiro ponto.
Nosso questionário foi desenhado para que cada entrevista não levas-
se mais do que 20 minutos. A nosso ver, esse seria um tempo razoável
para que alguém em meio a uma convenção respondesse sem grandes
constrangimentos. No entanto, o que vimos foram reclamações por parte
dos entrevistados sobre o tempo excessivamente longo necessário para
responder à pesquisa. Isso se deveu em grande parte à dificuldade de en-
tendimento de algumas de nossas questões, que continham um número
excessivo de alternativas. Isso ocorreu porque, seguindo a recomendação
de Babbie (2005), procuramos usar o questionário para cobrir o máximo
possível de itens sobre um objeto ainda pouco estudado, o que nos levou

23
Por exemplo, a linguagem que o entrevistador utiliza, se mais ou menos formal; o so-
taque, que pode revelar determinadas origens; acessórios nas roupas e no corpo; ex-
pressões faciais inevitáveis frente a respostas polêmicas etc. Esses exemplos evidenciam
pequenos detalhes que podem fornecer ao entrevistado pistas sobre a condução do
questionário e sobre seu comportamento durante a entrevista. Mesmo entrevistadores
com anos de prática e treinamento podem incorrer nesses pequenos deslizes e revelar
esta ou aquela emoção.

55
Como estudar elites

a pecar por exagero. Esse exagero, combinado com o ambiente ineren-


temente pleno de distrações que é a convenção partidária, trouxe difi-
culdades para a aplicação. Observe-se que mesmo o pré-teste não teria
antecipado esse problema, pois seria impossível reproduzir o ambiente
da convenção partidária.
Para terminar este item com algumas recomendações suscitadas por
nossa experiência, sugerimos que o coordenador de pesquisa conte com
uma equipe de entrevistadores muito bem treinada, que procure anteci-
par o máximo possível os eventuais problemas contextuais a serem en-
frentados de modo a adaptar o questionário a eles e, nos casos em que
isso for possível, realizar o pré-teste do instrumento de coleta de dados.
Por fim, elaborar um questionário que não seja enfadonho nem demasia-
damente complexo. Avaliamos ainda que, para o caso de uma pesquisa
sobre seleção de candidatos, o questionário deve, apesar de simples, dar
conta das dimensões extra e intrapartidária do processo seletivo.

Conclusões
O capítulo procurou elencar os limites e vantagens da técnica de survey
para a pesquisa em Ciências Sociais em geral e para estudos de recruta-
mento político e seleção de candidatos, em particular.
No caso específico de nossa análise sobre o processo de seleção de can-
didatos em quatro grandes partidos brasileiros, pensamos que o survey
nos auxiliou em duas frentes, uma operacional e outra teórica.
Primeiramente, viabilizou a própria realização da pesquisa. Sua aplica-
ção nos permitiu gerar informações sobre o processo seletivo dentro dos
partidos políticos que não poderiam ser encontradas em qualquer outra
fonte. Em segundo lugar, o modo como estruturamos o questionário nos
possibilitou dar a devida importância ao caráter complexo do processo
de recrutamento político, chamando atenção para as dimensões extra e
intrapartidárias do mesmo. Desse modo pudemos encarar a seleção de
candidatos não como algo estático, localizado no momento da convenção
partidária, mas como um processo de longa duração, que se inicia muito
antes dos embates dentro do partido, mas certamente atinge seu auge no
interior dessa organização.
Em nenhum momento, porém, julgamos que o uso de survey pudesse
esgotar todas as possibilidades de uma pesquisa como essa ou que pudesse
simplesmente dispensar o uso de técnicas distintas. Entrevistas em pro-
fundidade com grupos reduzidos e a etnografia de momentos-chave do

56
O uso do survey no estudo do recrutamento político

processo eleitoral, como as convenções partidárias, podem ser conjugadas


com o uso do survey e produzir resultados mais completos e evitar sobre-
carregar o questionário com perguntas muito amplas e com uma lista de
alternativas demasiado extensa (CARNAGHAN, 2007). Pensamos, portanto,
que temos tudo a perder e nada a ganhar com a pureza metodológica.

57
Como estudar elites

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60
Apêndices
Apêndice 1 – Como elaborar um survey1
Caminhos para o poder: seleção de candidatos para Deputado Federal no Brasil nas eleições 2010

UFSCar UFPR UFPA UFS PUC-RS

SURVEY – Aspirantes e Candidatos


Coordenadores: Profa. Dra. Maria do Socorro Braga (UFSCar), Profa. Dra. Luciana Veiga (UFPR),
Prof. Dr. Renato Monseff Perissinotto (UFPR), Profa. Dra. Maria Luzia Álvares (UFPA); Prof. Dr. Wilson
Oliveira (UFS); Prof. Dr. Flávio Heinz (PUC-RS).
Pesquisadores: Prof. Dr. Emerson Cervi (UFPR), Bruno Bolognesi (UFSCar), Carolina Almeida de
Paula (IESP), Sandra Avi dos Santos (UFPR) e Ivan Ervolino (UFSCar).

Bloco A - DADOS INICIAIS Bloco B - BACKGROUND POLÍTICO


E PROFISSIONAL
V.1. Nome:
V.7. O senhor pode me dizer até qual nível
V.2. Idade: educacional estudou? [Se responder de 1 a 9
pular para a V.8.]
V.3. Partido:

V.4. Origem Política:


1. Ensino primário incompleto.
2. Ensino primário completo.
V.5. Sexo:
3. Ensino básico incompleto.
4. Ensino básico completo.
5. Ensino médio incompleto.
0. Feminino 6. Ensino médio completo.
1. Masculino 7. Ensino técnico incompleto.
99. NR 8. Ensino técnico completo.
9. Ensino superior incompleto.
V. 6. Estado civil: 10. Ensino superior completo.
11. Especialização completa.
12. Mestrado completo.
13. Doutorado completo.
1. Casado
88. NS
2. Solteiro
99. NR
3. Separado ou divorciado
4. Viúvo
99. NR

1
Survey mencionado no capítulo 2 “O uso do survey no estudo do recrutamento político:
limites e vantagens”.

281
Como estudar elites

V.7.a. SE superior completo ou acima, o V.11.a. Se SIM, qual outro partido o senhor
senhor poderia dizer qual curso? já foi filiado?

Partido 1 Ano
V.8. O senhor poderia nos dizer a sua profissão?
Partido 2 Ano
[Se responder político profissional, ir para a V.9.]
Partido 3 Ano

V.8.a. [No caso de profissão NÃO POLÍTICA V.12. O senhor já ocupou cargo político antes
na V.8.] O senhor exerce esta profissão junto desta candidatura?
com sua atividade política?

1. Sim [Ir para a V.13.]


0. Não 0. Não [Ir para a V.14.]
1. Sim 88. NS
88. NS 99. NR
99. NR
V.13. [ANEXO 02] Se SIM,marcar quantas
V.9. [ANEXO 01] Destas organizações, o senhor opções foram necessárias por ordem
poderia nos dizer a qual o senhor é vinculado? cronológica (1ª, 2ª, etc):

1. Organizações recreativas ou culturais   Vereador


2. Organizações religiosas
  Prefeito
3. Organizações sociais
4. Organizações acadêmicas   Deputado estadual
5. Sindicatos   Deputado federal
6. Organizações profissionais que não sindicatos
 Senador
7. Movimento estudantil
8. Organizações de mulheres  Governador
9. Associação de Bairro
  Secretário de Estado
10. Outras Qual?
  Secretário Municipal
V.10. O senhor poderia nos dizer desde quando   Assessor parlamentar
o senhor é filiado a este partido?
  Executivo de Empresa Estatal
  Dirigente Partidário
V.11. O senhor foi filiado a outro partido,   Outros cargos político-administrativos
anterior a este?
88. NS
99. NR
1. Sim [Ir para v.11.a.]
0. Não [Ir para a V.12.]
88. NS
99. NR

282
Como elaborar um survey

V.14. O senhor poderia nos dizer, quanto 7. Possibilidade de representar meu partido
tempo em média dedica às atividades político- 8. Possibilidade de desenvolver uma carreira
partidárias no período de um mês? política
88. NS
V.14.a. Políticas 99. NR

V.16. [ANEXO 04] O senhor poderia nos


dizer os três tipos de apoios que mais foram
1. Mais de 5 horas
importantes para a sua candidatura?
2. De 5 até 10 horas
[Marcar por ordem de importância].
3. De 10 até 20 horas
4. De 20 até 40 horas 1º 2º 3º
5. Mais de 40 horas
88. NS 1. Apoio da Família
99. NR 2. Amigos e colegas de trabalho
3. Apoio dos militantes do partido
V.14.b. Partidárias 4. Apoio de organização em que participa ou
representa
5. Apoio da mídia
6. Apoio dos dirigentes do partido
1. Até 5 horas
7. Apoio de eleitores
2. De 5 até 10 horas
8. Não teve muito apoio
3. De 10 até 20 horas
88. NS
4. De 20 até 40 horas
99. NR
5. Mais de 40 horas
88. NS
V.17. [ANEXO 05] Quais as três principais
99. NR
características que o senhor julga serem
as mais importantes para ser candidato
a Deputado Federal?
Bloco C - PROCESSO DE SELEÇÃO
1º 2º 3º
V.15. [ANEXO 03] Dentre as razões a seguir,
poderia nos dizer, em ordem de importância, 1. Conhecimento sobre o funcionamento da
as três principais que justificariam a sua “política”
candidatura para a Câmara dos Deputados? 2. Recursos financeiros próprios
3. Domínio de oratória e retórica política
1º 2º 3º
4. Possuir bom trânsito no partido
5. Possuir densidade eleitoral (bom de voto)
1. O status que se obtém através do cargo
6. Boa reputação pessoal ou prestígio
de deputado
profissional fora da vida política
2. A possibilidade de lutar por ideais que defende
7. Firmeza ideológica
3. Possibilidade de colaborar com o bem
8. Apoio de movimentos sociais e de base
público e comum
9. Disponibilidade (tempo)
4. Chance de ser eleito
88. NS
5. Possibilidade de representar o meu grupo
99. NR
social ou profissional
6. Possibilidade de representar a região onde vivo

283
Como estudar elites

V.18. [ANEXO 05] O senhor poderia dizer V.20.a. [ANEXO 07] Se NÃO, por favor, nos
quais características avalia como as três mais indique dentre as alternativas abaixo, quais
importantes para ser eleito Deputado Federal? fatores o senhor julga limitar as chances de
candidaturas femininas [selecionar 3 opções
1º 2º 3º
de resposta, por ordem de importância].
1. Conhecimento sobre o funcionamento 1º 2º 3º
da “política”
2. Recursos financeiros próprios 1. As mulheres colocam a família acima
3. Domínio de oratória e retórica política de uma carreira política
4. Possuir bom trânsito no partido 2. As mulheres não têm um preparo adequado
5. Possuir densidade eleitoral (bom de voto) para o exercício de cargos políticos
6. Boa reputação pessoal ou prestígio 3. As mulheres encontram dificuldade
profissional fora da vida política em conciliar as funções políticas com as
7. Firmeza ideológica atividades familiares e domésticas
8. Apoio de movimentos sociais e de base 4. Os partidos limitam as oportunidades
9. Disponibilidade (tempo) de as mulheres alçarem cargos e postos
88. NS políticos
99. NR 5. As mulheres têm pouco interesse
por política
V.19. [ANEXO 06] Sobre o processo de seleção 6. A vida política é impraticável para as
de candidatos em seu partido, o senhor diria que mulheres
o mesmo é [selecionar três opções de resposta]. 88. NS
99. NR

V.21. [ANEXO 08] Das opções abaixo, quais


1. Democrático (participação de filiados e membros)
o senhor considera serem os objetivos do
2. Competitivo (alta concorrência)
processo de seleção de candidatos em seu
3. Hierárquico (indicação de líderes)
partido? Responda sim ou não.
4. Burocrático (segue regras formais e etapas)
5. Centralizado (intervenção da executiva
1. Garantir a qualidade dos candidatos
nacional e/ou regional)
6. Descentralizado (NÃO intervenção da Sim Não
executiva nacional e/ou regional)
2. Promover renovação entre os candidatos
88. NS
e parlamentares
99. NR
Sim Não
V.20. Na sua opinião, o senhor considera adequada 3. Evitar excesso de concorrência entre os
a quantidade de mulheres que concorrem à candidatos da lista
Câmara dos Deputados por seu partido?
Sim Não
4. Reduzir lógicas clientelistas dentro do partido
1. Sim [Ir para a V.21] Sim Não
0. Não [Ir para a V.20.a.]
88. NS
99. NR

284
Como elaborar um survey

5. Promover a participação de militantes e 2. Acatar a posição do partido


filiados na escolha dos candidatos 88. NS
99. NR
Sim Não
6. Centralizar o processo de recrutamento dos V. 23. Em que momento de sua vida começou a
candidatos se manifestar o seu interesse por política:
Sim Não
7. Descentralizar a seleção, permitindo
indicações de líderes regionais ou locais 1. Na vida familiar, pois em casa sempre se
discutiu política
Sim Não
2. Durante o segundo grau escolar, no
8. Criar laços de lealdade entre candidato e partido movimento estudantil
3. Durante a faculdade, no movimento
Sim Não
estudantil
9. Criar laços de lealdade entre candidato 4. No meu local de trabalho
e líderes 5. No sindicato
Sim Não 5. Por influência de amigos
6. Outra: Qual?
10. Assegurar a ligação dos candidatos com a
base social do partido
V.24. O senhor se dedica à atividade política em
Sim Não tempo integral?
11. Garantir disciplina dos candidatos
e possíveis eleitos
1. Sim [Ir para a V.24.a. e V.24.b.]
Sim Não
0. Não [Ir para a V.24.c.]
12. Preencher uma quantidade mínima de 88. NS
candidatos na lista do partido 99. NR
Sim Não
88. NS V.24.a. [Se respondeu SIM na questão
99. NR V.24] O senhor poderia nos dizer em qual
momento de sua vida passou a se dedicar
Agora, por favor, escolha as três opções mais integralmente às atividades políticas?
importantes
1º 2º 3º
1. Antes de filiar-me ao partido político
2. Desde que me filiei ao partido
V.22. Caso exista uma divergência pontual
3. Desde quando tenho meu primeiro cargo
entre o programa político do seu partido e as
no partido
opiniões do senhor, o comportamento durante
4. Desde quanto assumi cargo de confiança
a campanha deveria ser...
5. Desde quando assumi cargo eletivo
6.  Outra Qual?
88. NS
1. Manter a minha posição pessoal 99. NR

285
Como estudar elites

V.24.b. [Se respondeu SIM na questão V.26. Tendo em vista o comportamento do


V.24] O Senhor poderia nos dizer qual a eleitor, o senhor acredita que ele vota:
principal razão que o levou a se dedicar
integralmente à atividade política?
1. Por simpatia pessoal pelo candidato
2. Por adesão às idéias do candidato
1. O aumento de minhas responsabilidades 3. Por simpatia pelo partido
político-partidárias 4. Por adesão às propostas do partido político
2. A vontade de me profissionalizar como 88. NS
político 99. NR
3. Falta de tempo para me dedicar à outra
atividade V.27. O senhor poderia nos dizer o quanto
4. Incentivo para me profissionalizar vindo considera importante a participação de filiados
de colegas e familiares do partido no momento da escolha dos
5. Outra Qual? candidatos?

V. 24.c. [Se respondeu NÃO na questão


V.24] O senhor poderia nos dizer qual a
1. Muito importante
principal razão que o impede de se dedicar
2. Importante
integralmente à atividade política?
3. Tanto faz
4. Pouco importante
5. Nada importante
1. Não tenho interesse em dedicar-me 88. NS
integralmente à atividade política 99. NR
2. A minha renda depende substancialmente
de minha outra atividade profissional V.28. O quanto essa participação ocorre
3. Gosto mais de minha profissão de origem realmente em seu partido?
do que da atividade política
4. A má fama dos políticos profissionais
5. Outra Qual?
1. Em todo o processo de seleção dos
candidatos
V.25. O senhor poderia nos dizer qual a
2. Apenas pontualmente
principal razão que o levou a se interessar
3. Em nenhum momento do processo de
por política?
escolha dos candidatos
88. NS
99. NR
1. Ter poder para tomar decisões importantes
2. Vontade de mudar a política
3. Seguir a carreira política
4. Como forma de obter prestígio e influência
5. Simples curiosidade
6. Outra: Qual?

286
Como elaborar um survey

V.29. [ANEXO 09] O senhor poderia nos dizer 5. Votos de lideranças e/ou Executiva do partido
qual tipo de apoio obteve ou espera obter de
Sim Não
seu partido para campanha eleitoral?
6. Indicação de lideranças regionais
Sim Não
1. Recurso Financeiro 7. Indicação da Executiva (regional ou estadual)
2. Material de campanha (panfletos, santinhos)
Sim Não
3. Espaço no horário eleitoral gratuito
4. Apoio da militância 8. Indicação de um único líder do partido
5. Apoio político de parlamentares ou líderes
Sim Não
do partido
6. Desfrutar do programa do partido 88. NS
7. Desfrutar do prestígio do partido 99. NR
8. Não espero obter/Não obtive apoio
88. NS
V.32. Sobre as lideranças do seu partido, o
99. NR
senhor poderia nos dizer as três pessoas que
acredita serem as mais influentes em seu
V.30. O senhor poderia nos dizer quantas
partido no Estado.
vezes foi candidato a Deputado Federal
por seu partido?
1. Posição:
2. Posição:
V.31. [ANEXO 10] Tendo em vista sua 3. Posição:
experiência durante o processo de seleção de
candidatos a deputado federal em seu partido, o V.33. Por favor, o senhor poderia citar três
senhor diria que o processo é feito em sua maior nomes que considera importantes dentro do
parte por (após a respostas, solicitar a indicação partido para o sucesso de sua candidatura.
do processo predominante no partido).
1. Posição:
Opção predominante: 
2. Posição:

1. Voto dos filiados do partido 3. Posição:

Sim Não
V.34. Quando o senhor resolveu tornar-se
2. Indicação de filiados candidato, o senhor acreditava que seria de fato
escolhido pelo partido para compor a lista?
Sim Não
3. Indicação por associações ou instituições
ligadas ao partido
1. Sim [Ir para a V.34.a.]
Sim Não 0. Não [Ir para a V.34.b.]
4. Voto por delegados e/ou representantes 88. NS
eleitos do partido 99. NR

Sim Não

287
Como estudar elites

V.34.a [ANEXO 11] Por que o senhor V.35.a. [ANEXO 13] Se SIM, por qual motivo?
acreditava que conseguiria de fato ser
candidato pelo partido?
1º 2º 3º 1. Baixa concorrência dentro do partido
2. Grande montante de recurso financeiro
1. Baixa concorrência dentro do partido 3. Boa inserção dentro do partido
2. Baixa concorrência em meu estado 4. Possibilidade de fazer uma boa votação
3. Sua boa inserção dentro do partido 5. Boa reputação em minha vida pessoal
4. Possibilidade de fazer uma boa votação e/ou profissional
5. Boa reputação em minha vida pessoal e/ 6. Influência de líder partidário importante
ou profissional 7. Possuo boa quantidade de recursos
6. Possibilidade de trazer votos para o financeiros próprios
partido, mesmo se não eleito 88. NS
7. Influência de líder partidário importante 99. NR
8. Possuo boa quantidade de recursos
financeiros próprios V.36. E o senhor acredita que o partido aposta
88. NS em sua vitória?
99. NR

V.34.b. [ANEXO 12] Por que o senhor


1. Sim [Ir para a V.36.a.]
NÃO acreditava que conseguiria de fato ser
0. Não [Ir para a V.36.b.]
candidato pelo partido?
88. NS
1º 2º 3º 99. NR

1. Alta concorrência dentro do partido V.36.a. [ANEXO 14] Se SIM, por qual motivo?
2. Alta concorrência em meu estado
3. Pouca inserção dentro do partido
4. Pouca possibilidade de fazer boa votação
1. Baixa concorrência dentro do partido
5. Não tenho apoio de líder partidário
2. Baixa concorrência em meu estado
importante
3. Boa inserção dentro do partido
6. Pouca quantidade de recursos financeiros
4. Possibilidade de fazer uma boa votação
próprios
5. Boa reputação em minha vida pessoal e/
88. NS
ou profissional
99. NR
6. Influência de líder partidário importante
7. Possuo boa quantidade de recursos
V. 35. E o senhor acredita que pode vencer
financeiros próprios
as eleições?
88. NS
99. NR

1. Sim [Ir para a V.35.a.]


0. Não [Ir para a V.36.]
88. NS
99. NR

288
Como elaborar um survey

V.36.b. [ANEXO 12] Se NÃO, por qual motivo?

1. Alta concorrência dentro do partido


2. Alta concorrência em meu estado
3. Pouca inserção dentro do partido
4. Pouca possibilidade de fazer boa votação
5. Não tenho apoio de líder partidário
importante
6. Pouca quantidade de recursos financeiros
próprios
88. NS
99. NR

V.37. Sabendo das posições ideológicas que


as pessoas usualmente assumem e tendo em
vista uma escala de 1 a 7, onde 1 é a extrema
esquerda e 7 é a extrema direita, o senhor
poderia me dizer em que posição se situa?

1 2 3 4 5 6 7

88. NS
99.NR

V.37.b. E o seu partido?

1 2 3 4 5 6 7

88. NS
99. NR

Ficamos muito gratos por sua colaboração.


Lembro que os dados serão apresentados sempre
de forma agregada. Qualquer dúvida, o senhor
esteja à vontade para entrar em contato conosco
Entrevistador:
V. 39. Data da entrevista: ___/___/___
Hora: ___:___
Local:

289
Sobre os autores

Adriano Codato é professor de Ciência Política na Universidade Federal do


Paraná (UFPR) e editor da Revista de Sociologia e Política
(www.scielo.br/rsocp). Realizou estágio de pós-doutorado no
Centre européen de sociologie et de science politique de la
Sorbonne (CESSP-Paris). Coordena o Observatório de elites
políticas e sociais do Brasil (http://observatory-elites.org/). É
pesquisador do CNPq.

Ana Paula Lopes é mestre em Ciência Política pelo Programa de Pós-Gradua-


ção em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e doutoranda em Ciência Política na Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul.

Bruno Bolognesi é professor de Ciência Política na Universidade Federal do


Paraná (UFPR), doutor em Ciência Política pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCAR) e pesquisador do Núcleo de
Estudos dos Partidos Políticos Latino-Americanos (NEPPLA) da
mesma universidade e do Núcleo de Pesquisa em Sociologia
Política Brasileira (NUSP/UFPR).

Emerson Urizzi Cervi é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de


Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e professor do Progra-

318
Sobre os autores

ma de Pós-Graduação em Ciência Política e do Programa de


Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal
do Paraná (UFPR).

Ernesto Seidl é doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio


Grande do Sul, professor do Programa de Pós-Graduação em
Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Uni-
versidade Federal de Sergipe (UFS). É pesquisador do CNPq.

Fernanda é pós-doutora em Sociologia pela Universidade Federal do


Rios Petrarca Rio Grande do Sul, professora do Programa de Pós-Gradu-
ação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe
(UFS) e pesquisadora do Laboratório de Estudos do Poder
e da Política (LEPP).

Flávio Heinz é doutor em História e Sociologia do Mundo Contemporâneo


pela Université de Paris X (Nanterre), professor visitante do Pro-
grama de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade
Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do Núcleo de Pesqui-
sa em Sociologia Política Brasileira (NUSP-UFPR).

Lucas Massimo é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência


Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Editor Exe-
cutivo da Revista de Sociologia e Política (www.scielo.br/rsocp)
e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política
Brasileira (NUSP-UFPR).

Luiz Domingos Costa é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência Po-


lítica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e do Cen-
tro Universitário Uninter e pesquisador do Núcleo de Pes­quisa
em Sociologia Política Brasileira (NUSP-UFPR).

Paula Butture é mestre em Ciência Política pelo Programa de Pós-Gradua-


ção em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Sociologia
Política Brasileira (NUSP-UFPR).

Paulo Roberto é doutor em Ciência Sociais pela Universidade Estadual de


Neves Costa Campinas (UNICAMP) e Professor do Programa de Pós-Gradu-
ação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná
(UFPR). É pesquisador do CNPq.

Renato Monseff é pós-doutor pela University of Oxford, professor do Pro-


Perissinotto grama de Pós-Graduação em Ciência Política da Universi-
dade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Núcleo
de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP/UFPR).
É pesquisador do CNPq.

Wilson José é doutor em Antropologia Social pela Universidade Fede-


Ferreira de Oliveira ral do Rio Grande do Sul, professor do Programa de Pós-
-Graduação em Sociologia e do Programa de Pós-Gradua-
ção em Antropologia da Universidade Federal de Sergipe
(UFS). Pesquisador do Laboratório de Estudos do Poder e
da Política (LEPP-UFS) e do Observatório de Elites Políticas
e Sociais do Brasil (UFPR).

319

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