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Família e Sucessões
Volume 1
Dóris Ghilardi
Renata Raupp Gomes
Dóris Ghilardi
Renata Raupp Gomes
Categoria:
Produção Editorial
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
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Prefácio
Leandro Canavarros
1. Introdução
A Busca Ativa na adoção ainda é tema praticamente inexistente nas ma-
nifestações científicas e escritos acadêmicos, em que pese estar historicamente
no dia a dia do universo adotivo; presente em inúmeros trabalhos, eventos e
encontros relacionados aos GAAs – grupos de estudos e apoio à adoção espa-
lhados pelo Brasil; e também presente em projetos desenvolvidos pelos Tribu-
nais de Justiça estaduais do país.
Tais grupos, os GAAs, que geralmente são compostos por profissionais
do direito, assistentes sociais, psicólogos e famílias pretendentes ou forma-
das por adoção, há muito alertam para a necessidade em se dar visibilidade
segura para o público infanto-adolescente que se encontra nas casas lares e
instituições de acolhimento país afora, os quais aguardam ansiosamente pela
oportunidade de retornar ao seio familiar.
Já nos Tribunais de Justiça, a Busca Ativa é implementada de forma bas-
tante distinta entre um e outro estado. Com nuances práticas, alguns Tribunais
investem em campanhas desta política com o objetivo de sensibilizar pessoas
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1 Dados atualmente indisponíveis em razão da migração do CNA para o SNA, todavia, tendo por base
as estatísticas disponíveis até o ano de 2019 (CNA), cerca de 90% dos pretendentes à adoção desejam
crianças com o perfil de 0 a 6 anos de idade.
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2 São cerca de seis mil crianças e adolescentes aptos à adoção no Brasil. Estatísticas com base nos
dados até o ano de 2019, antes da migração do CNA para o SNA.
3 Este articulista prefere não utilizar a expressão tardia, tendo em vista acreditar que sempre é tempo
para o acolhimento afetivo parental da adoção.
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4 Slogan utilizado pela Angaad e GAAs para enfatizar as adoções regulares, em atenção aos ditames
legais e à primazia do melhor interesse da criança e do adolescente.
5 A exemplo: o psicólogo e escritor Luiz Schettini Filho, a advogada Silvana do Monte Moreira, a
psicóloga Suzana Schettini, o engenheiro Paulo Sérgio Pereira dos Santos, a assistente social Maria
Sueli Lima dos Santos, o procurador de justiça Sávio Renato Bittencourt, dentre outros vários
nomes e lideranças.
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Tal política, antes da existência das redes sociais, teve início no estado
do Rio de Janeiro e era realizada via grupos de pessoas. As informações das
crianças e adolescentes eram disponibilizadas pela página da respectiva VIJ
na capital. Além disso, as informações que seguiam sendo transmitidas via
“boca a boca”, com o GAA Quintal de Ana (Rio de Janeiro) um dos precur-
sores da parceira com a VIJ, até futuramente adentrar páginas da extinta rede
social Orkut, consoante informa a este articulista a advogada que possui uma
vida dedicada à causa da infância e juventude, Silvana do Monte Moreira.
A Busca Ativa começa a ganhar corpo nos moldes atuais após o Plano
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito à Convivência Familiar
e Comunitária, que fez expressa menção a esta política, documento publi-
cado no ano de 2006, pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, órgão
do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, cujo teor foi
protagonizado pelo Conanda – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente; e pelo Cnas – Conselho Nacional de Assistência Social, com
efetiva participação da sociedade civil e também da Angaad – Associação Na-
cional de Grupos de Apoio à Adoção, conforme relata a este articulista PAU-
LO SERGIO PEREIRA DOS SANTOS, um dos fundadores e ex-presidente da
ANGAAD, gestão 2001/2003.
Com o fim de sedimentar parâmetros para a Busca Ativa desenvolvi-
da em todo o Brasil pelos GAAs, bem como de trazer maior segurança aos
atores envolvidos nessa política em busca de visibilidade infanto-adolescente,
em setembro de 2017, a Angaad formulou Regulamento de Busca Ativa desta
associação nacional, no qual aduz em seu art. 2º, §4º que:
Para fins deste regulamento considera-se Busca Ativa conforme descrito
no PNCFC (Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária – Co-
nanda/CNAS – julho 2006) ‘... o ato de buscar famílias para crianças e ado-
lescentes em condições legais de adoção, visando garantir-lhes o direito de
integração à uma nova família, quando esgotadas as possibilidades de retorno
ao convívio familiar de origem’ e formalizado pelos Eixos 2, item 10.2 e Eixo
4, itens 1.4 e 1.5 do mesmo.
A Abramininj – Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da
Juventude, ciente dos inúmeros projetos desenvolvidos por juízes e Tribunais;
preocupada em formatar diretrizes seguras à Busca Ativa, em novembro de
2018 publicou documento intitulado “Diretrizes para os Procedimentos de
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Considerações finais
A Busca Ativa na Adoção é uma política pelas adoções necessárias que
se implementa para encontrar pretendes legalmente habilitados para crianças
e adolescentes que necessitam de uma família.
Como visto, desde que atendidos os ditames da Doutrina da Proteção In-
tegral, o objetivo principal é atender o direito constitucional e fundamental da
convivência familiar e comunitária da criança e do adolescente, por meio da
visibilidade segura, tão imprescindível ao crescimento físico e psíquico saudá-
vel, fator essencial à evolução destas pessoas em desenvolvimento.
As estatísticas acerca do público infanto-adolescente que permanecem nos
acolhimentos até completar 18 anos de idade são alarmantes. Trata-se de uma
legião de crianças e adolescentes, órfãos de pai e mãe, que demandam atenção
do Estado e da sociedade, com a necessidade de inclusão em novas famílias.
O local de toda criança e adolescente é em família, portanto, se em de-
corrência de cada projeto de Busca Ativa pelo menos uma criança ou adoles-
cente for reinserida no seio familiar, a presente política estará cumprindo com
a sua finalidade.
Bibliografia
6 Dados fornecidos pela diretoria da Angaad, os quais não representam exatamente o número de
inserção familiar ocorridas no período apontado, visto que se tratou de pesquisa na qual nem todos
os participantes da busca ativa responderam o questionário.
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