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Pneumatologia
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Pneumatologia 3
Pneumatologia
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Pneumatologia 5
Declaração de fé
A expressão “credo” vem da palavra latina, que apresenta a mesma grafia e
cujo significado é “eu creio”, expressão inicial do credo apostólico -,
provavelmente, o mais conhecido de todos os credos: “Creio em Deus Pai
todo-poderoso...”. Esta expressão veio a significar uma referência à
declaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã, os quais são
compartilhados por todos os cristãos. Por esse motivo, o termo “credo” jamais
é empregado em relação a declarações de fé que sejam associadas a
denominações específicas. Estas são geralmente chamadas de “confissões”
(como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da Fé Reformada
de Westminster). A “confissão” pertence a uma denominação e inclui dogmas
e ênfases especificamente relacionados a ela; o “credo” pertence a toda a
igreja cristã e inclui nada mais, nada menos do que uma declaração de
crenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar e observar. O
“credo” veio a ser considerado como uma declaração concisa, formal,
universalmente aceita e autorizada dos principais pontos da fé cristã.
(g) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez
em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme
determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12).
(i) No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus
mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em
outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
Sumário
Declaração de fé 5
Introdução 9
Capítulo 1
A Pessoa do Espírito Santo 11
1.1 A Visão Judaica do Espírito Santo 11
1.2 Etimologia da Palavra Espírito 13
1.3 A Personalidade do Espírito Santo 15
Capítulo 2
A Divindade do Espírito Santo 27
2.1 Atributos Divinos do Espírito Santo 28
2.2 O Espírito Santo é Deus 29
Capítulo 3
Nomes Atribuídos ao Espírito Santo 31
3.1 Espírito de Deus (1Co 3.16; 1Jo 4.2) 32
3.2 Espírito de Cristo (Rm 8.9) 32
3.3 Espírito do Senhor (2Co 3.17,18) 33
3.4 Espírito Santo (At 19.2; 1Pe 1.12) 34
3.5 Espírito da Graça (Tt 2.11) 34
3.6 Espírito de Adoção (Rm 8.15,16) 34
3.7 Espírito da Verdade (Jo 10 14.17; 15.26; 16.13; 1Jo 5.6) 35
3.8 Espírito de Glória (1Pe 4.14) 36
3.9 Espírito de Vida (Rm 8.2) 36
Capítulo 4
Títulos Atribuídos ao Espírito Santo 39
4.1 Como Consolador 40
4.2 Como Ensinador 42
4.3 Como Promessa 44
Capítulo 5
Símbolos do Espírito Santo 47
5.1 Água 47
5.2 Fogo 47
5.3 Óleo 48
5.4 Pomba 48
5.5 Vento 48
5.6 Selo 49
5.7 O Penhor (Ef 1.13,14) 49
8
Capítulo 6
A Obra do Espírito 51
6.1 Antes do Dia de Pentecostes 51
6.2 No Movimento Pentecostal 55
6.3 A Obra do Espírito Santo na Economia divina 56
Capítulo 7
O Batismo com o Espírito Santo 59
7.1 O Relacionamento com a Regeneração 59
7.2 O que Ensina a Palavra de Deus 61
7.3 Evidências do Batismo com o Espírito 62
7.4 Disponibilidade do Batismo com o Espírito Santo 65
7.5 O Propósito do Batismo com o Espírito Santo 67
7.6 O Recebimento do Batismo com o Espírito Santo 69
Capítulo 8
Os Dons do Espírito Santo 71
8.1 A Igreja Mediante a Expressão dos Dons 71
8.2 Natureza Encarnacional dos Dons 72
8.3 A Diversidade de Ministérios 73
8.4 Um só Corpo, Muitos Membros 82
8.5 Amor Sincero 84
8.6 O Juízo Final 84
8.7 As Funções dos Dons 86
Capítulo 9
O Fruto do Espírito Santo 91
9.1 O Relacionamento entre os Dons e o Fruto 91
9.2 As Qualidades do Fruto 91
Referências 97
Pneumatologia 9
Introdução
A tarefa dada à Igreja do século XX é pregar a totalidade do Evangelho. O
que necessitamos não é um evangelho diferente, mas a plenitude do
Evangelho conforme registrado no Novo Testamento. Destacamos este fato,
porque o Espírito Santo tem sido negligenciado no decurso dos séculos.
Temos a tarefa de entender de novo a Pessoa e a obra do Espírito Santo,
conforme reveladas na Bíblia e experimentadas na vida da Igreja hoje. A
mensagem do Evangelho pleno proclama a centralidade da obra do Espírito
Santo como o Agente ativo da Trindade na revelação que Deus fez de si
mesmo à sua criação. A mensagem do Evangelho diz que Deus hoje
continua a falar e a agir, como nos tempos do Antigo e do Novo Testamento.
Capítulo 1
A Torah (cinco livros de Moisés) diz-se ter sido escrita por Moisés através de
uma revelação verbal direta de Deus.
Javé”, “teu Espírito” e “Espírito Santo”. Nas demais vezes aparece como
“espírito do homem”, “vento”, “sopro” e “respiração”.
A versão grega dos Setenta traduziu ruach pela palavra grega pneuma de
mesmo significado, traduzindo 49 vezes essa palavra hebraica pelo vocábulo
grego anemos, que quer dizer “vento”. A palavra ruach não tem apenas um
significado, e disso grupos como a organização STV se aproveita para
traduzir veruach Elohim: “E o Espírito de Deus” (Gn 1.2) por “e a força ativa
de Deus”. Embora a palavra ruach tenha mais de um significado, isso não dá
a ninguém o direito de fazer uma tradução ímpia, perversa, arbitrária, como
está traduzido na TNM. Essa estratégia é uma camisa-de-força.
Em João 7.39, lemos que: “Até então o Espírito ainda não tinha sido dado,
pois Jesus ainda não fora glorificado”. O que fica claro é que o Espírito, até
então, nunca tinha sido outorgado no sentido mais pleno, e que não seria
derramado sobre toda carne até que Jesus fosse glorificado. Ou seja: o
Espírito Santo, conforme é definido no Novo Testamento, é outorgado às
pessoas como resultado da obra de Jesus Cristo. O Novo Testamento, a
partir de então, continua ressaltando a íntima conexão entre o Espírito e
Jesus.
1.3.1 Atitudes e Ações do Espírito que Somente uma Pessoa Pode Ter
"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o
dia da redenção" (Ef 4.30). Somos admoestados a não entristecer o Espírito
Santo, retratando, portanto, que Ele possui as emoções de uma pessoa. Ele
sofre quando pecamos e se entristece com as manifestações do nosso
pecado.
"Rogo-vos irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito..."
(Rm 15.30). Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo tem amor,
ou seja, ama, tem sentimentos. Uma força não pode amar, somente uma
pessoa. Mas, em outro trecho, a Bíblia recomenda que o Espírito pode se
entristecer (Is 63.10; Ef 4.30). Uma força, um "fluir" nunca pode ficar triste,
somente uma pessoa. Mas o Espírito Santo não só Se entristece, como a
Palavra os diz que Ele tem alegria, que Ele Se alegra, tanto que faz com que
as pessoas sintam a Sua alegria, a começar pelo próprio Senhor Jesus (Lc
10.21) e, depois, dos discípulos (1Ts 1.6). Mas as Escrituras também nos
revelam que o Espírito Santo tem ciúmes, ou seja, tem zelo pelos servos do
Senhor, outro sentimento impossível para uma mera força – “Ou cuidais vós
que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” (Tg
4.5).
“Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a
verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e
vos anunciará o que há de vir” (Jo 16.13). Jesus revelou que o Espírito Santo
não fala de Si mesmo. Ora, se o Espírito Santo não fala de Si mesmo, é
porque sabe discernir entre Si mesmo e os outros. Esta expressão bíblica é
muito importante, porque desmente todo e qualquer pensamento que busca
entender nas Pessoas divinas tão somente um “modo”, ou seja, tão somente
uma expressão de uma suposta única Pessoa (como fazem os chamados
“unicistas” ou “modalistas”, que, por exemplo, se revelam em movimentos
como o “Voz da Verdade”). Aqui Jesus é bem claro ao dizer que existe aquilo
que é do Espírito Santo e o que é do Filho (e, por extensão, também
podemos inferir daquilo que é do Pai). Se o Espírito glorifica ao Filho e não
fala do que é de Si mesmo, é porque existe aquilo que Lhe é próprio, assim
como o que é próprio de Cristo. Tem-se, portanto, que o Espírito Santo é uma
Pessoa.
No mesmo texto já mencionado, a Bíblia diz que o Espírito Santo dirá aquilo
que tiver ouvido. Portanto, é um ser, é uma Pessoa, pois tem capacidade de
Pneumatologia 19
ouvir e não é um simples ouvir, mas um ouvir que retém e que discerne o que
se ouve para depois o anunciar (Ver Jo 16.13).
“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome,
esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos
tenho dito” (Jo 14.26). Só uma Pessoa pode nos ensinar, somente uma
Pessoa pode ser Mestre e o Espírito Santo tem como uma de suas principais
funções a de ensinar os discípulos do Senhor Jesus enquanto aqui estiverem
aguardando o seu Salvador.
Observe o final do versículo: “... e vos fará lembrar...” - Quando Jesus diz que
o Espírito Santo nos faria lembrar de tudo quanto o Senhor Jesus nos tem
dito, está a nos revelar uma face maravilhosa deste Professor e Mestre que é
o Espírito Santo. O Espírito Santo não só é um Mestre (algo que uma força
não pode ser, como o vimos), como também é um Mestre dedicado, um
Professor comprometido com os Seus alunos. Um bom professor é aquele
que está preocupado em verificar se os seus alunos aprenderam e, por isso,
sempre os faz lembrar daquilo que os ensinou. É exatamente este o papel do
Espírito Santo. Quando Ele nos faz lembrar, não é porque seja uma força
cega, um “remédio para a memória”, mas, bem ao contrário, é um Professor
dedicado, que mostra ser uma Pessoa não só porque ensina, mas também
porque ama e quer o melhor para os Seus alunos, quer que Seus alunos
efetivamente aprendam o que lhes foi ensinado. Tanto assim é que sua ação
não é meramente de lembrança, mas também de juízo de conveniência, pois
nos lembrar o que convém falar é algo que uma força jamais poderia fazer
(Lc 12.12). “Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos
convenha falar”.
Sabemos que o Pai e o Filho são pessoas, e em Mateus 28.19 Jesus ensina
aos discípulos que deveriam batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Isto indica que o Espírito Santo também é uma pessoa, como os
outros dois. Em Atos 15.28, Tiago fala do Espírito Santo como uma pessoa
capaz de pensamentos e idéias, tão pessoal quanto os apóstolos que deviam
seguir os Seus ensinamentos.
Paulo, repetidas vezes associa o Espírito com o Pai e o Filho, como, por
exemplo, quando diz:
Não se pode imaginar que Paulo quisesse nos dizer que, apesar de o Pai e o
Filho serem Pessoas, o Espírito Santo não é Pessoa. Os três são invocados
em pé de igualdade.
Pneumatologia 21
No mesmo sentido, vemos o Filho orando ao Pai para ele enviar o Espírito
(Jo 14.16). Tanto o Pai quanto o Filho estão envolvidos na missão do Espírito
(Jo 14.26; 15.26; 16.15). Às vezes, toda a Trindade é mencionada: “Por meio
dele [de Cristo] tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só
Espírito”, Ef 2.18 (RA). Uma dupla menção acha-se em Romanos 8.11: “E, se
o Espírito daquele [de Deus] que ressuscitou a Jesus Cristo dentre os mortos
habita em vocês, aquele [Deus] que ressuscitou a Cristo dentre os mortos
também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que
habita em vocês”. Veja também Romanos 15.16; 1Coríntios 6.11;
2Tessalonicenses 2.13; Tito 3.4-6; 1Pedro 1.2 e Judas 20-21. Essas são
passagens suficientes para vermos que o Novo Testamento ensina sobre as
três Pessoas em conjunto.
O mesmo pode ser dito a respeito de todos os textos que vinculam entre si as
três Pessoas. O Espírito é um ser em igualdade de condições com o Pai e o
Filho. O Espírito participa da inauguração do ministério de Jesus, ao descer
sobre Ele no batismo (Mc 1.10-11). O Espírito também se destaca na
encarnação de Jesus.
Em Mateus 1.18, Maria se achou grávida pelo Espírito Santo (Lc 1.35),
vemos ainda o Espírito Santo levando as pessoas a Jesus, testemunhando
Dele e continuando a sua obra (Jo 14.26; 15.26; 16.13-15).
Paulo, em Romanos 15.16, fala dos gentios sendo “santificados pelo Espírito
Santo”. As Boas-Novas daquilo que Cristo fez em favor das pessoas incluem
um lugar para a operação do Espírito. A obra do Pai em dar vida às pessoas
é “pelo seu Espírito, que habita em vós” (Rm 8.11).
O conceito de Deus, por mais sublime e enaltecido que seja, vir a conviver
com o homem em amor e misericórdia é visto em muitas partes das
Escrituras: “Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo
nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e
humilde de espírito” (Is 57.15).
Às vezes, é deixado claro que é por meio do Espírito Santo que Deus convive
entre as pessoas e dentro delas. É assim que Paulo escreve aos coríntios:
“Não sabeis, vós que sois templos de Deus, e que o Espírito de Deus habita
em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o
templo de Deus que sois vós, é santo” (1Co 3.16-17).
Capítulo 2
(a) São-lhe dados nomes divinos, Êx 17.7 (cf. Hb 3.7-9); At 5.3, 4; 1Co 3.16;
2Tm 3.16; 2 Pe 1.21.
(c) Ele realiza obras divinas, como a criação (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4),
renovação providencial (Sl 104.30), regeneração (Jo 3.5,6; Tt 3.5), e a
ressurreição dos mortos (Rm 8.11).
(d) É-lhe prestada honra divina (Mt 28.19; Rm 9.1; 2Co 13.13).
Capítulo 3
O que expressam os seus nomes? Seus nomes falam de sua ligação com o
Pai, tais como: “Espírito de Deus”; “Espírito do Senhor”; “Espírito do nosso
Deus”. Também encontramos os que provam sua vinculação com o Filho,
como: “Espírito de Cristo”; “Espírito de Jesus Cristo”; “Espírito de seu Filho”,
etc. Há nomes que expressam sua divindade (2Co 3.18; Hb 9.14).
sua qualidade. Fala do que Ele realiza: A santificação dos que desejam ser
santos (1Pe 1.2).
Não se pode negar que o Novo Testamento é marcado por uma profusão da
atividade do Espírito, tanto assim que Atos dos Apóstolos poderia ser
chamado “Atos do Espírito Santo”. Os Evangelhos relatam o que Cristo fez e
disse, enquanto Atos relata o que o outro Consolador fez e disse.
diz respeito ao que lhe pertence, porque todas as coisas foram feitas por Ele.
A Igreja também é “propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2.9). Em relação a
Cristo, Paulo declarou aos coríntios: “Mas vós sois dele” (1Co 1.30). Quando
o Espírito do Senhor se manifesta na vida do cristão, ou, de modo geral, na
Igreja, significa que Ele quer exercitar seu senhorio (Cl 1.16-19).
No tocante a “lei do espírito de vida” (Rm 8.2) afirma que é o poder e a vida
do Espírito Santo, reguladores e ativadores operando na vida do crente. O
Espírito Santo entra no crente e o liberta do poder do pecado (cf. Rm 7.23). A
lei do Espírito entra em plena operação, à medida que os crentes se
comprometem a obedecer ao Espírito Santo (Rm 8.4,5,13,14). Descobrem
que um novo poder opera dentro deles; poder este que os capacita a vencer
o pecado. A “lei do pecado e da morte”, neste versículo, é o poder dominante
do pecado, que faz da pessoa uma escrava do pecado (Rm 7.14), reduzindo-
a à miséria (Rm 7.24).
Tudo isso ocorreu para que a justiça da lei se cumprisse em nós (Rm 8.4). O
Espírito Santo operando dentro do crente, capacita-o a viver uma vida de
retidão que é considerada o cumprimento da lei moral de Deus. Sendo assim,
a operação da graça e a guarda da lei moral de Deus não conflitam entre si
(cf. Rm 2.13; 3.31; 6.15; 7.12,14). Ambas revelam a presença da justiça e da
santidade divinas.
Capítulo 4
O Espírito Santo faria pelos discípulos, tudo quanto Cristo tinha feito por eles,
enquanto estava com eles. O Espírito estaria ao lado deles para os ajudar (Mt
14.30,31), prover a direção certa para suas vidas, consolar nos momentos
difíceis, interceder por eles em oração (Rm 8.26,27; 8.34) e permanecer com
eles para sempre.
Uma das verdades ensinadas pelo Espírito Santo é que não podemos recitar
uma fórmula mágica do tipo: "Amarro Satanás; amarro minha mente; amarro
minha carne. Agora, Espírito Santo, creio que os pensamentos e as palavras
que se seguem vêm todos de ti!" Não nos é lícito usar encantamentos para
submeter Deus à nossa vontade. João admoesta a Igreja: "Provai se os
espíritos são de Deus" (1Jo 4.1). Significa que devemos permitir ao Espírito
da Verdade orientar-nos na tarefa de interpretar a Palavra de Deus e a testar,
pelas Escrituras, os nossos pensamentos e os de outras pessoas. Há perigos
genuínos neste assunto. Certo autor reivindica, na capa do seu livro: "Este
livro foi escrito no Espírito". Outra reivindicação do seu livro: "Predições cem
por cento corretas das coisas do porvir". A tarefa do leitor, com a ajuda do
Espírito Santo, é seguir o exemplo dos bereanos, que o próprio Espírito
recomenda através das palavras de Lucas. Eles persistiam "examinando
Pneumatologia 43
cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim" (At 17.11). Cada crente
deve ler, testar e compreender a Palavra de Deus e os ensinos a respeito
dela. O crente pode fazer assim confiadamente, na certeza de que o Espírito
Santo, que habita em cada um de nós, irá levar-nos a toda a verdade.
“Em quem [Cristo] também vós estais, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa
herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória” (Ef
1.13,14).
Capítulo 5
5.1 Água
A água, assim como o fôlego, é necessária ao sustento da vida. Jesus
prometeu rios de água viva, “e isso disse ele do Espírito” (Jo 7.39). O fôlego e
a água, tão vitais na hierarquia das necessidades físicas humanas, são
igualmente vitais no âmbito do Espírito. Sem o fôlego vivificante e as águas
vivas do Espírito Santo, nossa vida espiritual não demoraria a murchar e a
ficar sufocada. A pessoa que se deleita na Lei (heb. torah _ “instrução”) de
Yahweh e nela medita de dia e de noite é “como a árvore plantada junta a
ribeiros de águas... cujas folhas não caem” (Sl 1.3). O Espírito da Verdade flui
da Palavra como águas vivas, que sustentam e refrigeram o crente e
revestem de poder.
5.2 Fogo
O aspecto purificador do fogo é refletido claramente em Atos 2. Ao passo que
uma brasa tirada do altar purifica os lábios de Isaías (6.6, 7), no dia de
Pentecostes são “línguas de fogo” que marcam a vinda do Espírito (At 2.3).
Esse símbolo é empregado uma só vez para retratar o batismo no Espírito
Santo. O aspecto mais amplo do fogo como elemento purificador encontra-se
no pronunciamento — ou profecia — de João Batista: “Ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo. Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e
recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se
apagará” (Mt 3.11, 12; ver também Lc 3.16, 17). As palavras de João Batista
aplicam-se mais diretamente à separação entre o povo de Deus e os que têm
rejeitado a Ele e ao Messias. Os o rejeitaram serão condenados ao fogo do
48
5.3 Óleo
Pedro, em seu sermão diante de Cornélio, declara: “Deus ungiu a Jesus de
Nazaré com o Espírito Santo e com virtude” (At 10.38). Citando Isaías 61.1, 2,
Jesus proclama: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para
evangelizar os pobres” (Lc 4.18). Desde os primórdios, o azeite é usado
primeiramente para ungir os sacerdotes de Yahewh, e depois, os reis e os
profetas. O azeite é o símbolo da consagração divina do crente para o serviço
no reino de Deus. Em 1 João, os crentes são advertidos a respeito dos
anticristos: “E vós tendes a unção do Santo e sabeis tudo... E a unção que
vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém
vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é
verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele
permanecereis” (1Jo 2.20, 27). Receber a unção do Espírito da Verdade, que
faz brotar rios de águas vivas no mais íntimo do nosso ser reveste-nos de
poder para servir a Deus. Na simbologia do Espírito Santo, a água e o óleo
(azeite da unção) realmente se misturam!
5.4 Pomba
O Espírito Santo desceu sobre Jesus na forma de uma pomba, segundo o
relato dos quatro evangelhos. A pomba é arquétipo da mansidão e da paz. O
Espírito Santo habita em nós. Ele não toma posse de nós, mas nos liga a si
mesmo com amor, em contraste às correntes dos hábitos pecaminosos. Ele é
manso e, nas tempestades da vida, produz paz. Mesmo ao lidar com os
pecadores, Ele é suave, conforme se vê quando conclama a humanidade à
vida, no belo, porém tristonho apelo que se encontra em Ezequiel 18.30-32:
“Vinde e convertei-vos de todas as vossas transgressões com que
transgredistes e criai em vós um coração novo e um espírito novo; pois por
que razão morreríeis...? Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz
o Senhor Jeová; convertei-vos, pois, e vivei”.
5.5 Vento
A palavra hebraica ruach tem amplo alcance semântico. Pode significar
"sopro", "espírito" ou "vento". É empregada em paralelo com nephesh. O
significado básico de nephesh é "ser vivente", ou seja, tudo que tem fôlego. A
partir daí, seu alcance semântico desenvolve-se ao ponto de referir-se a
quase todos os aspectos emocionais e espirituais do ser humano vivente.
Ruach adota parte do alcance semântico de nephesh. Por isso, em Ezequiel
Pneumatologia 49
5.6 Selo
Este símbolo representa propriedade, autoridade, segurança. Como “selo”, o
Espírito Santo é dado ao crente como a marca ou evidência de propriedade
de Deus. Ao outorgar-nos o Espírito, Deus nos marca como seus (2Co 1.22).
Assim, temos a evidência de que somos filhos adotados por Deus, e que a
nossa redenção é real, pois o Espírito Santo está presente em nossa vida (Gl
4.6). Podemos saber que realmente pertencemos a Deus, pois o Espírito
Santo nos regenera e renova (Jo 1.12,13; 3.3-6), nos liberta do poder do
pecado (Rm 8.1-17; Gl 6.16-25), nos faz conscientes de que Deus é nosso
Pai (Rm 8.15; Gl 4.6) e nos enche de poder para testemunhar (At 1.8; 2.4).
Capítulo 6
A Obra do Espírito
Há vários conceitos errôneos a respeito da obra do Espírito Santo. Alguns
deles têm-se arraigado à religião popular e às doutrinas populares da Igreja
em geral. A religião popular é a maneira de vivermos a nossa vida diária em
Cristo. É uma mistura de elementos normativos e não-normativos. Os
elementos normativos são as doutrinas bíblicas corretas a respeito daquilo
que devemos crer e praticar. Os elementos não-normativos são modos
errôneos de entender doutrinas bíblicas, bem como os elementos não-
bíblicos que se vêm infiltrando na ambiente cultural onde vive o cristão.
A fé antiga de Israel era inclusiva. Mas Êxodo 12.43-45 deixa claro que
nenhum estrangeiro deveria comer a Páscoa. O que deveria fazer o chefe de
um lar se seu escravo, estrangeiro da nascença, quisesse celebrar a
Páscoa? O escravo tinha de ser circuncidado. Os trabalhadores temporários
incircuncisos ou os estrangeiros residentes na casa não podiam participar da
celebração, a não ser que também se submetessem à circuncisão: "Porém,
se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa ao
Senhor, seja-lhe circuncidado todo macho, e, então, chegará a celebrá-la, e
será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela. Uma
mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós"
(Êx 12.48,49).
Espírito Santo na vida dos santos do Antigo Testamento, bem como na vida
dos do Novo Testamento. Conforme Hebreus 11 deixa claro, todo aquele que
já foi salvo, foi salvo pela fé, quer olhando para promessas futuras, ainda não
vistas, quer olhando para trás, para a ressurreição de Jesus.
Esse comportamento dos profetas e dos seus grupos de seguidores não era
uma maratona de predição de eventos vindouros. Boa parte das profecias
dinâmicas, freqüentemente acompanhadas por música, parece ter consistido
em louvores a Yahweh.
Paulo nos revela que, se confessarmos com a nossa boca que Jesus é
Senhor e realmente crermos que Deus o ressuscitou dentre os mortos,
seremos salvos. Porque, quando cremos no coração, somos justificados. E,
quando confessamos que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, somos
salvos (Rm 10.9,10). Paulo nos garante que ninguém pode dizer: "Jesus é
56
Senhor", a não ser pelo Espírito Santo (1Co 12.3). Paulo não está afirmando
ser impossível aos hipócritas ou falsos mestres falarem, da boca para fora, as
palavras "Jesus é Senhor". Mas dizer que Jesus é verdadeiramente Senhor
(que envolve o compromisso de segui-lo e de cumprir sua vontade, ao invés
de nossos próprios planos e desejos), exige a presença do Espírito Santo
dentro de nós e o coração e espírito novos, conforme conclama Ezequiel
18.31. Nosso próprio ser confessa que Jesus é Senhor à medida que o
Espírito Santo começa a transformar-nos segundo a imagem de Deus. A
transformação interior é sinal para o indivíduo de que ele é membro do corpo
de Cristo. A manifestação exterior da transformação, embora varie de pessoa
para pessoa, é um sinal para a Igreja.
Capítulo 7
A expressão "batismo com o Espírito Santo" não se acha na Bíblia. Nem por
isso deixa de ser bíblica, pois tem a sua origem na fraseologia semelhante
empregada pelos escritores bíblicos. Os três escritores dos evangelhos
sinóticos relatam a comparação que fez João Batista entre o seu trabalho de
batizar em água e a obra futura de Jesus (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16). A
respeito de Jesus, diz João: "Ele vos batizará com o Espírito Santo". Lucas
retoma a terminologia em At 1.5, ao descrever as palavras de Jesus aos seus
seguidores: "Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois
destes dias". Lucas emprega a terminologia pela terceira vez em Atos 11.16
ao narrar como Pedro interpretou a experiência na casa de Cornélio.
Explicando aos crentes em Jerusalém como Cornélio recebeu o Espírito
Santo, Pedro lembra-lhes as palavras do Senhor: "Sereis batizados com o
Espírito Santo". Parece que esta terminologia encaixava-se no pensamento
de Pedro como perfeita para descrever a experiência de Cornélio ao falar em
línguas.
Usualmente, tanto os que negam que o batismo com o Espírito Santo seja
separado da regeneração quanto os que o afirmam reconhecem a
importância da Escritura como derradeira autoridade. Por um lado Bruner,
que nega que as experiências sejam separáveis entre si, esforça-se para
considerar "o Testemunho do Novo Testamento" e fornecer "exegese das
origens documentárias bíblicas principais" correlacionadas ao assunto.
Um dos alvos principais de Cristo na sua missão terrena foi batizar seu povo
com o Espírito (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos
não começarem a testemunhar até que fossem batizados com o Espírito
Santo e revestidos do poder do alto (Lc 24.49; At 1. 4, 5, 8).
O batismo com o Espírito Santo ocorre uma só vez na vida do crente e move-
o à consagração à obra de Deus, para, assim, testemunhar com poder e
retidão. A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do Espírito
Santo (At 4.31; At 2.4; 4.8, 31; 13.9; Ef 5.18). O batismo com o Espírito,
portanto, conduz o crente a um relacionamento com o Espírito, que deve ser
renovado (At 4.31) e conservado (Ef 5.18).
O termo original para virtude é dunamis, que significa poder real; poder em
ação. Poder significa mais do que força ou capacidade.
O batismo com o Espírito Santo não somente outorga poder para pregar
Jesus como Senhor e Salvador, como também aumenta a eficácia desse
testemunho, fortalecido e aprofundado pelo nosso relacionamento com o Pai,
o Filho e o Espírito Santo por termos sido cheios do Espírito (Jo 14.26;
15.26,27).
Além disso, os relatos de Lucas não somente revelam esse padrão, mas
também ensinam que falar em outras línguas é normativo para a doutrina e
prática cristãs. Isso significa que, no decurso da história da Igreja, sempre se
esperou o falar em outras línguas como evidência inicial do batismo com o
Espírito Santo. Assim devem ser entendidas as narrativas em Atos porque,
afinal de contas, Lucas escrevia não somente como historiador, mas também
como teólogo. Descrevia a obra do Espírito Santo nos crentes e através dos
crentes da era da Igreja. Embora os incidentes tenham ocorrido em âmbito
histórico específico, nem por isso devemos negar o padrão como normativo à
totalidade da era da Igreja. Afinal de contas, a era da Igreja é o período em
Pneumatologia 65
diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (At 2.39). Horton comenta a
explicação de Pedro à multidão que ouvira os 120 falar em línguas sobre a
profecia de Joel: "A maneira de Pedro considerar a profecia de Joel
demonstra que esperava um cumprimento contínuo da profecia até ao fim
dos 'últimos dias'". Horton demonstra que Pedro entendia que os últimos dias
incluíam a totalidade da era da Igreja, a partir da ascensão de Jesus. "Fica
claro, então, que o cumprimento da profecia de Joel não pode ser limitado ao
dia de Pentecostes ou a qualquer outra ocasião". P. C. Nelson diz,
simplesmente: "A todos os que estão longe' - isso inclui a nós".
Capítulo 8
Joel falou da vinda do Espírito sobre toda a carne para profetizar (Jl 2.28,29).
Jesus identificou seu próprio ministério como profético (Is 61.1-3; Lc 4.18,19).
Pedro equiparou a experiência no dia de Pentecostes ao cumprimento da
profecia de Joel (At 2.16-18). Paulo disse: "Porque todos podereis profetizar,
uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados"
(1Co 14.31). Claramente a Igreja desempenha papel profético ao levar a
presença de Deus e a sua poderosa Palavra aos pecadores, às questões
éticas, às nações e aos indivíduos.
Paulo vai além do contexto de Lucas e Atos. Ele focaliza a ativação dos dons,
o aprimoramento do fruto, o andar no Espírito e a edificação dos crentes da
igreja local até a maturidade. Paulo considerava a Igreja um organismo
interdependente e interativo - tendo Cristo por cabeça - andando na retidão e
no poder, antecipando a alegria pela volta do Senhor. Para captarmos o
conceito paulino de Igreja, precisamos compreender os dons.
Os dons são encarnacionais, Isto é, Deus opera através dos seres humanos.
Os crentes submetem a Deus sua mente, coração, alma e forças. Consciente
e deliberadamente, entregam tudo a Ele. O Espírito, então, os capacita de
modo sobrenatural a ministrar acima das suas capacidades humanas e, ao
mesmo tempo, a expressar cada dom através de sua experiência de vida,
caráter, personalidade e vocabulário. Os dons manifestos precisam ser
avaliados. Isto não diminui em nada a sua eficácia, pelo contrário, dá à
congregação a oportunidade de testar, pela Bíblia, sua veracidade e valor
para a edificação.
Os dons devem ser exercidos com amor, por causa do perigo de serem
comunicados de modo errôneo, até mesmo por pessoas com as mais
sinceras intenções. E todo dom deve ser avaliado pela igreja.
Por outro lado existem outros teólogos que classificam os dons da seguinte
maneira:
Nossa fé não deve depender de sabedoria humana (1Co 2.5). Se nos faltar a
sabedoria, somos exortados a pedi-la a Deus (Tg 1.5). Jesus prometeu aos
seus discípulos "boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem
contradizer todos quantos se vos opuserem" (Lc 21.15). Esta promessa
refere-se a um dom sobrenatural, pois assim demonstra o seu mandamento:
"Proponde, pois, em vosso coração não premeditar como haveis de
responder" (Lc 21.14). Esse dom, portanto, vai além da sabedoria e preparo
humanos.
Este dom está relacionado ao ensino das verdades da Palavra de Deus. Não
é o resultado do estudo por si só. Donald Gee descreve-o como "raios de
introspecção da verdade que penetram além da operação do intelecto
humano por si só". O conhecimento pode incluir os segredos de Deus, como
a revelação da vinda próxima das chuvas, dos planos dos inimigos ou dos
pecados secretos de reis e servos aos profetas do Antigo Testamento.
Podemos identificá-lo também no conhecimento que Pedro tinha da mentira
de Ananias e Safira e na proclamação da sentença de cegueira contra
Elimas, feita por Paulo.
8.3.3 Fé
tudo nos suprirá, na hora da necessidade. Que abre as portas das prisões,
que acalma o mar tempestuoso e dá ao cristão a certeza de uma vitória
contínua em toda a sua vida. Isto é o trabalho sobrenatural do Espírito.
8.3.6 Profecia
O Espírito Santo distribui todos os dons segundo o seu poder criador e sua
soberania. O verbo "querer" (1Co 12.11, gr. bouletaí) está no tempo presente
e sugere nitidamente sua personalidade continuamente criativa. Notamos,
também, que a Bíblia não faz distinções herméticas entre os dons.
"Encorajar" faz parte do dom da profecia em 1 Coríntios 14.3, mas em
Romanos 12.8 é tratado como um dom distinto. As categorias de dons acima
citadas não se excluem mutuamente. Além disso, personalidades diferentes
talvez expressem os dons de modos diferentes em vários ministérios.
Em 1 Coríntios 14.1-5, o valor funcional das línguas e da interpretação pode
ser comparado ao da profecia no ensino (14.6-12), na adoração (14.13-19),
no evangelismo (14.20-25) e no ministério ao Corpo (14.26-33).
O ensino, o ministério do corpo de Cristo à Igreja e ao mundo e a adoração
são três chaves para uma assembléia local saudável. Se possuirmos apenas
duas dessas categorias estaremos em desequilíbrio, abrindo a porta a
dificuldades. Se, por exemplo, tivermos ensino e ministério, sem adoração
consistente, poderemos perder boa parte do impacto do reavivamento. Nosso
zelo para servir pode facilmente esgotar-se. Se tivermos ensino e adoração,
sem ministério prático, nossos membros ficarão preguiçosos, voltados
apenas para si mesmos, ineficazes, críticos e facciosos. Se tivermos o
ministério e a adoração, sem ensino sólido, correremos o risco de cair nos
extremos, no "fogo de palha" que danificará o reavivamento a curto e longo
prazo. Sem essas três chaves operando conjuntamente, a igreja não poderá
alcançar seu pleno potencial. É evidente o interesse de Paulo pelos
resultados práticos, que deixarão a igreja livre para o discipulado, o
evangelismo, a união e a vida semelhante à de Cristo.
Em 1 Coríntios 12.4-6, Paulo ensina que há dons (gr. charismatõn) diferentes,
ministérios (gr. diakoniõn) diferentes e resultados (gr. energêmatõn)
diferentes. Isto é, cada dom pode ser exercido através de ministérios
diferentes e produzir resultados diferentes, sendo que todos honrarão a Deus.
Paulo, usando a analogia dos diferentes membros do corpo, diz que Deus
distribui os membros no Corpo conforme Ele deseja, dando-nos ministérios
diferentes com resultados variados. O esboço em 1 Coríntios 14 trata da
função prática. Incrível diversidade, incrível praticabilidade!
Examinando os textos paralelos e acrescentando 1 Pedro 4.10,11, obtemos
as 13 diretrizes que se seguem:
(a) Devemos exercer o nosso ministério proporcionalmente à nossa fé.
(g) Os dons são dados a nós, mas não os alcançamos por nossos
méritos. A vontade e a soberania de Deus determinam essa
distribuição. Sua ação específica de distribuir os dons na Igreja é
demonstrada pelos seguintes verbos: "dar" (Rm 12.6; Ef 4.11) e "por"
(1Co 12.28). Paulo afirma ainda, em 1 Coríntios 12.28-31, que
devemos concentrar nossos esforços nos ministérios que sabemos
que Deus nos tem dado.
(h) Ao mesmo tempo, são manifestações dadas por Deus, e não talentos
humanos. Deus continua outorgando dons conforme o seu querer.
Devemos acolher todos eles com receptividade. Se soubermos qual
parte do Corpo somos e quais os nossos ministérios, poderemos
canalizar com eficácia os dons.
(i) Embora exerçamos um dom até à sua máxima capacidade, tudo será
fútil sem o amor. Evidentemente, temos apenas o conhecimento
parcial, e é só o que conseguimos compartilhar. Os dons são dados
continuamente, segundo nossa medida de fé (e não uma vez por
todas). Os dons devem ser testados; devem estar sujeitos aos
mandamentos do Senhor. O enfoque é o amadurecimento da igreja, e
não a grandeza do dom. Estas verdades devem nos levar à
humildade, à estima por Deus e pelo próximo e à zelosa disposição
de obedecer a Ele.
(k) Devemos ministrar a graça de Deus nas suas várias formas. 1 Pedro
1.6 revela que os cristãos haviam passado por tristezas as mais
82
variadas. Deus tem uma graça especial para ministrar a cada tristeza.
O ministro fiel saberá ministrar a cada necessidade. Devemos
escolher com cuidado quando, onde e como melhor ministrar a graça
de Deus.
(m) Finalmente, Deus deve receber toda a glória. Todos os dons são
graças com que Deus tem abençoado a sua Igreja.
"Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para
promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem" (Ef 4.29). Um
corpo sadio edifica a si mesmo, tendo a capacidade de curar as próprias
feridas. A edificação deve ser o alvo supremo da Igreja, no uso dos dons. O
amor edifica. O propósito dos dons é edificar. O povo de Deus deve apoiar-se
mutuamente, perdoar e estender a mão uns aos outros. Quão bom exemplo
semelhante ato seria diante do mundo!
Todos os dons têm valor como sinal e valor no seu conteúdo. No dom de
línguas, destaca-se o aspecto de sinal: desperta a atenção. Na profecia, o
conteúdo, embora em certos casos tenha grande valor como sinal. Ela
confronta as pessoas com a Palavra de Deus e as convida ao
arrependimento.
As curas têm valor como sinal para os que observam, e valor de conteúdo
para os que são curados. As palavras de sabedoria e conhecimento
destacam muito mais o valor do conteúdo, embora às vezes tenham grande
valor como sinal. É uma questão pragmática - o que Deus está fazendo e o
que é necessário à situação.
Embora nada possa substituir a Palavra de Deus nem valer mais que ela,
Deus continua falando às igrejas e às necessidades individuais. Reunimo-nos
para ouvir a mensagem de Deus. Ele fala à nossa situação presente através
da sua Palavra e do corpo de Cristo. Se todos comparecermos com a
disposição de ministrar dons e surgir a oportunidade, o ministério poderá fluir
livremente. O ambiente ideal para esse ministério é o pequeno, tal como um
grupo familiar. Horários apertados, grandes multidões e membros acanhados
são obstáculos (14.26).
Paulo guiava a igreja em Corinto com mão firme. Muitos estavam unidos
contra ele. Alguns coríntios julgavam-se ultra-espirituais, pensando que o
Reino já havia chegado e que não haveria necessidade de ressurreição para
quem realmente tivesse fé. Somente eles tinham a manifestação mais plena
dos dons. Mas Paulo não reage fortemente contra eles. Oferece diretrizes
positivas. A primeira é que a profecia precisa ser comunicada com clareza, a
fim de fortalecer, encorajar e consolar (14.3).
Capítulo 9
9.2.1 Amor - Caridade (gr. ágape, Rm 5.5; 12.9-21; 1Co 13; Ef 4-25 -
5.2; Cl 3.14)
9.2.2 Gozo (gr. chara, 2Co 6.10; 12.9; 1Pe 1.8; Fp 1.14)
A palavra grega chara, que traduzimos por "gozo" ou "alegria", inclui a idéia
de um deleite ativo. Paulo fala em regozijar-se na verdade (1Co 13.6). O
termo também está estreitamente ligado à esperança. Paulo fala em
regozijar-se na esperança (Rm 12.12). É a expectativa positiva de que Deus
está operando na vida dos nossos irmãos na fé, uma celebração da nossa
futura vitória total em Cristo. A alegria é o âmago da adoração. Os deveres
pesados são transformados em deleite, o ministério é elevado a um plano
mais alto e a operação dos dons torna-se cintilante com essa alegria.
a hospitalidade" (Rm 12.13), para "repartir com o que tiver necessidade" (Ef
4.28).
9.2.7 Fé (gr. pistis, Mt 23.23; Rm 3.3; 1Tm 6.12; 2Tm 2.2; 4.7; Tt 2.10)
9.2.8 Mansidão (gr. prautês, 2Tm 2.25; 1Pe 3.15; Mt 11.29 com 23; Mc
3.5; 2Co 10.1; Gl 1.9).
pessoa. Esse espírito meigo, apesar de a própria palavra "mansidão" não ser
empregada em Romanos, é descrita em 12.12-14 - a capacidade de
perseverar na aflição e na perseguição, servindo fielmente na oração e nos
cuidados práticos com o próximo. A mansidão sabe que Deus está cuidando
de tudo, e por isso não toma a vingança nas próprias mãos (Rm 12.17-21; Ef
4.26). Ao invés de sermos grosseiros, egoístas e facilmente provocados à ira,
demonstremos mansidão, protejamos o próximo e perseveremos (1Co
13.5,7). Nossa atitude uns para com os outros deve ser completamente
humilde, suave, sem arrogância (2Co 10.1; Ef 4.2).
Referências
Bíblia de Estudo Almeida. São Paulo: SBB, 1995.
AVALIAÇÃO DE PNEUMATOLOGIA
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Questionário
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