Disponibilidades hídricas: quantidade de água disponível – dependem do volume de precipitação e da sua distribuição ao longo do
ano.
Dificultam a gestão dos recursos hídricos, tanto mais que as maiores necessidades de consumo se verificam na época de
menor disponibilidade hídrica: o verão.
Rede hidrográfica – conjunto formado pelo rio principal e os seus afluentes e subafluentes.
- Norte do país: rede hidrográfica mais densa; maior declive ao longo do seu percurso e vales mais profundos;
- Sul: relevo mais aplanado; cursos de água com menor declive; vales mais largos.
Perfil longitudinal: linha que une vários pontos do fundo de um rio, desde a nascente até à foz;
Perfil transversal: linha que resulta da interseção, num determinado ponto, de um plano vertical com o vale,
perpendicularmente à sua direção.
A Norte do Tejo, os rios apresentam um perfil longitudinal mais irregular, devido ao relevo acidentado; a sul, o relevo aplanado
permite que os cursos de água tenham perfis longitudinais mais regulares.
A: A montante (nascente) quase sempre o rio corre num vale estreito e profundo (vale em V/ garganta)
Bacias hidrográficas: superfícies onde todas as águas escoam numa sequência de ribeiros, rios e, eventualmente, lagos e lagoas,
desembocando numa única foz.
As mais extensas são internacionais – bacias hidrográficas luso-espanholas – têm uma forte dependência face a Espanha, embora
em território espanhol o escoamento anual médio – parte da água da precipitação que, em média, escorre à superfície ou em canais
subterrâneos – seja inferior ao de Portugal Continental.
Balanço hídrico: distribuição da precipitação pela evapotranspiração e pelo escoamento superficial e subterrâneo.
Nas Regiões Autónomas, as bacias hidrográficas são de dimensão bastante reduzida, sobretudo nos Açores.
Acontece devido à irregularidade temporal e espacial da precipitação, que confere ao escoamento uma acentuada sazonalidade.
Tanto a precipitação como o escoamento são mais elevados nas bacias hidrográficas situadas a norte, com grande destaque para a
do Rio Minho.
A acentuada variação da precipitação e do escoamento reflete-se no caudal dos rios – volume de água que passa numa dada seção
de um rio, por unidade de tempo.
A diferença entre os caudais de inverno e verão permite considerar que, em Portugal, o regime dos rios – variação do caudal ao
longo do ano – é irregular, com caráter torrencial. No entanto existem algumas diferenças:
Norte: ocorrência de cheias frequentes, no inverno e início da primavera, redução do caudal no verão, mas sempre com
escoamento;
Sul: cheias pouco frequentes (inverno e primavera), redução acentuada dos caudais, chegando às vezes a secar;
Regiões Autónomas: caudais das ribeiras atingem frequentemente volumes elevados, provocando cheias (muitas delas
secam no verão), nos Açores, a irregularidade dos caudais é menos acentuada.
A ação humana também influencia o regime dos rios. Por um lado, contribui para regularizar os caudais, construindo barragens
que:
Na época de maior precipitação, retêm a água das albufeiras, evitando muitas cheias;
Na época estival, impedem que os rios sequem completamente (escoamento mínimo).
Por outro lado, a ocupação humana das bacias hidrográficas agrava o efeito das cheias, pois:
Lagos, lagoas…
Existem outros reservatórios de água doce ou salobra (mistura de água doce e salgada). Uns são de maior dimensão – os lagos –
outros mais pequenos – as lagoas – ambos correspondendo a depressões de pouca profundidade onde a água se acumula.
Localizam-se sobretudo na faixa litoral, sendo a maioria de origem marinho – fluvial, como a ria de Aveiro e as lagoas de Óbidos,
de Santo André, da Pateira de Fermentelos e de Albufeira. No Interior, destaca-se a Lagoa Comprida, na Serra da Estrela, de
origem glaciária. Nos Açores formam-se numerosas lagoas de origem vulcânica.
…E albufeiras
As albufeiras – reservatórios de água doce construídos pelo homem – potencializam as disponibilidades hídricas, permitem a
acumulação de reservas para o abastecimento da população.
A distribuição geográfica do relevo e as características da rede hidrográfica tornam mais fácil a construção das barragens no Norte
e Centro do país. No Sul, as albufeiras têm contribuído sobretudo para uma melhor gestão da água, nomeadamente para os usos
domésticos e agrícola.
As águas subterrâneas
Os aquíferos
Água subterrânea – água que circula ou que se acumula no subsolo, a maior ou menor profundidade. Assim, a precipitação é a
principal fonte de abastecimento das toalhas freáticas – lençóis de água subterrânea que circulam ou que se acumulam em
aquíferos – formações geológicas permeáveis cujo limite inferior e, por vezes, também o superior, é constituído por rochas
impermeáveis.
As formações rochosas de xisto, granito e basalto são pouco permeáveis e dificultam a infiltração da água e da formação
de aquíferos importantes;
As rochas sedimentares de origem detrítica, como os arenitos e as areias, são bastante permeáveis, permitindo a
infiltração da água e a formação de aquíferos;
As rochas sedimentares de natureza calcária ou cársica têm calcite na sua composição, substância que se dissolve na água
por ação do ácido carbónico provocando a abertura de fendas e fissuras por onde a água se infiltra. Origina-se, assim um
sistema de escoamento subterrâneo denominado toalha cársica – toalha freática em áreas de formações geológicas de
natureza calcária.
Produtividade aquífera – quantidade de água que é possível extrair continuamente de um aquífero em condições normais sem
afetar a reserva e a qualidade da água. Em Portugal existem quatro unidades hidrogeológicas (que influenciam as disponibilidades
hídricas, que são maiores onde formações rochosas são mais permeáveis e porosas.
No Maciço Antigo: xistos e granitos (menores disponibilidades hídricas). Nas Orlas Sedimentares Ocidental e Meridional: rochas
sedimentares detríticas e calcárias (aquíferos porosos e cársicos – elevada disponibilidade hídrica). Nas Bacias Sedimentares do
tejo e do Sado: formações sedimentares detríticas – aquíferos porosos que correspondem ao mais extenso sistema aquífero da
Península Ibérica e à mais importante unidade hidrogeológica do País.
Os aquíferos são importantes reservatórios subterrâneos de água, apresentando vantagens relativamente aos superficiais:
O consumo de água é mais elevado nas bacias hidrográficas do Douro, do Mondego e do Tejo, facto que se justifica por nestas
bacias se concentrarem o maior número de pessoas.
A manutenção das reservas e da qualidade de água dos aquíferos é, assim, muito importante e depende:
Recargas naturais;
Da intensidade da exploração;
Dos cuidados com a sua preservação.
É fundamental que a captação de águas subterrâneas seja inferior á produtividade dos aquíferos, para evitar a sua sobre-
exploração.
A deterioração da qualidade da água subterrânea pode ser provocada, direta e/ indiretamente por processos naturais ou pelas
atividades humanas, ou ambas.
A composição química da água subterrânea varia com as características geológicas das áreas que percorre, podendo encontrar-se
águas com qualidades minerais e específicas - as águas minerais.
Algumas águas subterrâneas, além do teor em sias minerais, contêm gás carbónico e são mais quentes – águas termais. A
exploração destas águas é feita com fins medicinais, mas têm também uma componente turística muito importante.
O termalismo tem registado no nosso país, um certo desenvolvimento, que se deve principalmente:
À inscrição do turismo termal numa das tendências atuais- á procura de espaços naturais e ecologicamente preservados;
Sendo a água um recurso indispensável e fator condicionante das atividades produtivas, importa fazer uma gestão adequada da sua
utilização.
Têm-se desenvolvido:
O planeamento dos recursos hídricos é cada vez mais importante pois a pressão sobre a água tem aumentado, devido ao seu maior
consumo, isto explica-se tanto pela melhoria das condições de vida como pelo desenvolvimento dos sistemas de captação e
distribuição de água.
Poluição
A utilização dos recursos hídricos comporta alguns problemas e riscos ambientais que poderão comprometer a quantidade e a
qualidade da água disponível.
Os efluentes domésticos são uma das maiores fontes de poluição dos cursos de água.
Os efluentes industriais podem conter elevadas cargas tóxicas e teores em metais pesados como o mercúrio: O vale do Tejo e a
faixa litoral entre Viana do Castelo e Aveiro.
Os efluentes da atividade pecuária são, no essencial, semelhantes aos dos efluentes domésticos.
A poluição provocada pela agricultura tem os produtos químicos, sobretudo os pesticidas e os fertilizantes ricos em nitratos e
fosfatos, dissolvem-se na água da rega ou da chuva e infiltram-se no solo.
Outros problemas
A Eutrofização- crescimento anormal de algas e de outras espécies vegetais devido ao lançamento de efluentes.
A salinização da água dos aquíferos.
A desflorestação
Estes problemas levaram à definição legal de várias zonas sensíveis de onde se incluem as respetivas bacias drenantes, e nas quais
as descargas devem obedecer às normas que visam repor e conservar a qualidade da água.
Em Portugal Continental, os maiores consumos e necessidades de água verificam-se nas bacias hidrográficas de maior dimensão,
à exceção da do rio Guadiana, mas o fator de diferenciação mais importante é a forte ocupação humana dessas bacias, sobretudo
junto ao Litoral.
Nas áreas rurais, os custos médios por habitante, da instalação das redes de abastecimento são mais elevadas, tornam-se mais
difícil á construção de infraestruturas. Por outro lado, no caso do Noroeste de Portugal Continental, a abundância de águas permite
o autoabastecimento, através de furos e poços.
A maior densidade de captações subterrâneas verifica-se nas orlas Sedimentares Ocidental e Meridional e na Bacia do tejo e do
sado.
As captações superficiais localizam-se predominantemente no Maciço Antigo; na Ilha do Porto Santo, existe uma estação de
dessalinização das águas do mar para abastecimento para a população da ilha.
A rede das estações de verificação da qualidade da água de superfície permite caracterizar a água relativamente às suas
propriedades físicas, químicas e biológicas.
No que respeita às águas subterrâneas, existe uma rede de pontos de observação da quantidade da água, ou seja, dos níveis dos
aquíferos, e outra de verificação da sua qualidade.
Armazenamento de água
Tem-se procurado garantir o armazenamento de água doce, através da construção de barragens para diferentes usos. As bacias
hidrográficas internacionais destacam-se, não só pelo maior número de albufeiras, como pela sua maior capacidade de
armazenamento de água. Com a construção da barragem do Alqueva, a bacia do Guadiana tornou-se no Maior reservatório do
país.
Devem ser feitos estudos prévios, um planeamento adequado, em articulação com outras ações de ordenamento do território, e de
ser garantida a participação da população no processo de decisão.
As barragens permitem também a transferência de reservas hídricas entre diferentes bacias hidrográficas – transvases. A opção
pelos transvases poderá ter implicações negativas como, por exemplo, a redução do escoamento a jusante do transvase e as peras
de água devido á maior evaporação e infiltração, se o transporte não se efetuar por condutas fechadas.
A distribuição regional de investimento em infraestruturas de drenagem e tratamento de águas residuais em «baixa» prevista no
PEAASAR tem em conta esta situação de desigualdade.
Plano Nacional da água, que incluiu os planos regionais dos Açores e da Madeira, e dos planos da Bacia hidrográfica é um
importante passo em frente no domínio da gestão da água.
De acordo com a legislação portuguesa, deverão ser elaborados Planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas, que
compreendem uma área na qual se entrega o Plano de Água e a zona envolvente de proteção.
A gestão planeada e consertada dos recursos hídricos conduzirá a medidas de potencialização como:
A cooperação internacional
Para Portugal, a regulamentação e o cumprimento das normas comunitárias e da convenção Luso – Espanhola assume maior
importância, pois é ao território português que afluem as águas vindas de Espanha. Assim, pode ocorrer problemas como:
A convenção Luso-espanhola prevê estas situações, e define caudais mínimos e parâmetros de qualidades das águas.
Foi elaborado o programa nacional para o uso eficiente da água, que aponta uma maior racionalização do consumo.
Na agricultura, a atividade que consome maior quantidade de água, em Portugal, os desperdícios podem ser evitados:
Na indústria:
No setor urbano, o consumo mais significativo é o doméstico, cuja estrutura evidencia a importância das atitudes da
racionalização desse consumo.
O programa nacional para o uso eficiente da água preconiza o aumento significativo da eficiência do uso da água, num período de
10 anos.
Os recursos hídricos também servem de suporte a inúmeras atividades de lazer, a navegação turística e a atividades como as
culturas biogenéticas e a exploração de inertes.
A navegação de lazer é praticada em muitos rios e albufeiras, mas destaca-se no Douro (e navegação comercial), onde existem
infraestruturas de apoio à navegação que permitem uma oferta de turismo fluvial qualificada.
São as culturas biogenéticas – reprodução, engorda, crescimento ou melhoramento das espécies aquícolas – sujeitas a
licenciamento e ao cumprimento de normas que visam proteger os meios hídricos.