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INTRODUÇÃO
Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo, indirectamente, a uma Academia
de Ciências, já que qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca incessante
do saber científico1. Este trabalho não tem a pretensão de abranger todas as questões envolvidas
em Psicologia. Trata-se, tão-somente, de uma contribuição para consulta por parte dos
estudantes dos cursos de Licenciatura, a decorrer na UP-Nampula. Pode também servir de
instrumento de consulta a outros interessados em saber um pouco mais sobre Psicologia, esta
ciência que se ocupa do estudo do Comportamento humano. Os aprofundamentos teóricos ou
práticos poderão ser buscados nos materiais sugeridos na bibliografia no final deste trabalho,
assim como em outros recursos.
A estrutura deste trabalho, por si só, serve de modelo para um trabalho realizado em sala de aula.
Além disso, procura-se apresentar e explicar as regras para cada parte de um trabalho científico.
Segundo afirmou-se, a sebenta está organizado de forma que facilite a consulta, obedecendo a
lógica de agrupamento temático dos conteúdos.
1
J.L. de Paiva Bello. Metodologia científica. 2004
6
Actividade humana.
Psicologia Evolutiva e da Personalidade 1.
Conceito de desenvolvimento;
Factores de desenvolvimento e de
crescimento;
Desenvolvimento e a socialização;
Desenvolvimentos (cognitivo, 8 10
psicossocail, psicosexual e
moral).
Psicologia Evolutiva e da Personalidade 2.
Conceito de personalidade e sua estrutura;
Factores gerais que influenciam a
Personalidade; 8 10
Teorias da Personalidade;
Propriedades individuais da
Personalidade
Processos Psíquicos Cognitivos.
Conceito de sensação, percepção,
memória, pensamento e
imaginação;
Leis, características, propriedades ou
7
particularidades dos
processos psíquicos;
Teorias dos processos psíquicos ;
Mecanismos fisiológicos dos processos
psíquicos;
Tipos de processos psíquicos; 12 10
Perturbaçãoes dos processos psíquicos;
Pensamento e linguagem suas relações,
aquisição e
desenvolvimento.
Esfera Emocional, Sentimental e Volitiva
da Personalidade.
Conceitos de sentimento, emoções e
vontade;
Bases fisiológicas dos sentimentos,
emoções e vontade;
Funções dos sentimentos, emoções e
vontade;
Características das emoções dos
sentimentos e da vontade;
Teorias e tipos das emoções, sentimentos
e da vontade; 10 10
Perturbações da vontade, dos sentimentos
e das emoções;
Total 48 52
Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o
conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa
situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de
símbolos, como a linguagem, e com ele registar nossas próprias experiências e passar para outros
seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos
cães, dos macacos, dos leões, e outros animais considerados irracionais; precisamente porque
não têm a capacidade pensante, que caracteriza o homem.
Existe um modo de vida que pode ser entendido como a vida por excelência: é a vida do
quotidiano. É no quotidiano que tudo flúi, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que
sentimos a realidade.
Sem o conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativa e erros, a nossa vida quotidiana não teria
o devido sentido, de vida.
aproxima, etc.). Esta experiência torna-se hábito e passa de geração em geração e assim o senso
comum vai construindo suas «teorias» médicas, físicas, psicológicas (poder de persuasão de um
vendedor, um amigo que escuta bem, etc.).
Os gregos, por volta do século 4 a.C. já dominavam complicados cálculos matemáticos, ainda
hoje difíceis, mas eles precisavam entender para resolver problemas arquitectónicos, navais,
agrícolas, etc. Com o tempo tais conhecimentos especializaram-se, até atingirem um nível de
satisfação que permitiu ao Homem de atingir a lua. A este tipo de conhecimento, que
definiremos com mais cuidado logo adiante, chamamos de Ciência. Deste modo foram-se
constituindo várias áreas de conhecimento, entre as quais podemos citar:
Ciência, Arte, Ética, Religião, Filosofia, e Senso Comum são domínios do conhecimento
humano. Nosso objectivo é definir a Psicologia como ciência. Para tal constitui imperativo
analisar o que é ciência?, para que possamos compreender a psicologia como ciência.
i. Fase filosófica
É a fase relacionada com a Ética e a Filosofia. Compreendia o estudo da natureza dos reflexos da
mente e da alma. Era um saber especulativo, de carácter racional. Os filósofos explicavam os
fenómenos da natureza (formação de cosmos e origem do próprio Homem) de forma mitológica.
O saber psicológico estava envolto à vasta área do conhecimento filosófico, portanto,
classificado como especulativo, por não poder provar suas conclusões.
Dedicava-se ao estudo dos factos psíquicos que eram interpretados com base na experiência do
dia-a-dia, isto é, do quotidiano vivido. É nesta fase que se abre o caminho para a cientificidade
da psicologia. A interpretação e consequente conhecimento dos fenómenos psíquicos eram
fundamentadas em parte pelo saber filosófico, influenciado pela experiência quotidiana (social e
reflexão sistemática) dos cientistas.
Por de trás de qualquer produção humana material ou espiritual (cadeira, computer, religião),
existe sempre uma história
Cada um tem uma história pessoal, longa ou curta, a psicologia tem cerca de dois mil anos de
história
Para compreender a psicologia é necessário compreender a sua história, história essa que está
ligada a cada momento histórico, ás exigências do conhecimento da humanidade, as demais áreas
de conhecimento humano e aos novos desafios colocados pela realidade económica e social e
pela insaciável necessidade do Homem de compreender a si mesmo.
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. De
facto, os avanços permitem que os cidadãos se ocupem de coisas do espírito, como a filosofia e a
arte homens como, Sócrates, Platão, Hipócrates e Aristóteles dedicam-se a compreender esse
espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia começou a especular o
Homem e a sua interioridade. O próprio termo Psiché= alma e logos= logos (razão), portanto
etimologicamente Psicologia significa estudo da alma.
existe oposição entre idealistas (a ideia forma o mundo) e materialistas (a matéria que forma
o mundo já dada para a percepção).
Com ele a Psicologia na antiguidade ganha consistência: segundo Sócrates o que distingue o
Homem do animal é a RAZÃO porque permite ao Homem de sobrepor-se aos instintos, que
seriam a base da irracionalidade definindo a razão como essência e peculiaridade do Homem,
Sócrates abre um caminho que será explorado pela Psicologia: fruto desta reflexão são por
exemplo, as Teorias da consciência que de certa forma são resultado desta sistematização na
Filosofia.
Discípulo de Sócrates, procura o «lugar» para a razão no nosso corpo (cabeça), onde se encontra
a ALMA do Homem. A medula será o elemento de ligação da alma com o corpo - este elemento
era necessário porque Platão concebia a alma separa do corpo (dualismo). Quando alguém
morria a matéria (corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo
(reincarnação).
Uma análise mais acurada das diferenças individuais, estreitamente ligadas a uma reflexão mais
sistemática na relação mente-corpo, foi feita com Hipócrates de Cosmes. Médico e a sua ciência
era finalizada á medicina, mas, enquanto filósofo, funda uma verdadeira e própria ciência do
Homem onde confluíram observações sociológicas, psicológicas e fisiológicas. O contínuo
esforço de síntese e de sistematização de tais observações não tiveram precedentes na história do
pensamento humano e permanecerão em seguida apreciados por um período de 20 séculos.
Todavia, a medicina hipocrática passou na história como aquela que se baseava na teoria dos
quatro humores.
Hipócrates defende que existem 4 humores no corpo humano: o sangue, a fleuma, a bílis
amarela e a bílis preta. Segundo a prevalência de cada um destes elementos sobre o outro a
pessoa desenvolverá um certo temperamento que poderá ser respectivamente: sanguíneo,
fleumático, colérico e melancólico e também vários tipos de predisposições á doença. O
13
Homem é «são» quando estes humores estão «reciprocamente bem temperados por propriedade e
quantidade» e a mistura é completa. Contrariamente a isto o Homem é doente quando existe
excesso ou defeito destes elementos.
Mais importantes ainda são os seus estudos neurológicos. Numa das suas obras afirma que o
cérebro é o órgão mais potente do corpo e que os órgãos de sentido actuam em base á sua
capacidade de discernimento. Ainda nesta obra Hipócrates descreve os delírios e alucinações e
afirma na dependência de anomalias das faculdades intelectuais dos traumas cranianos.
Com estas afirmações, Hipócrates põe em relevo uma concepção que se está afirmando no
pensamento grego, isto é, que o Homem é parte da natureza e pode ser estudado com os métodos
da ciência natural. Esta concepção encontrou a sua expressão mais forte em Aristóteles.
Discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da filosofia superou o
dualismo da dissociação entre a alma e o corpo (inovação). Para ele a psyché era o princípio
activo da vida, isto é, tudo aquilo que cresce, se reproduz e alimenta possui a sua psyché ou alma
(vegetação, animais, Homem, possuem alma:
Portanto, 2300 anos antes do advento da Psicologia Científica, os gregos já haviam formulado
duas Teorias”: Platónica que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do
corpo, e a Aristotélica que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertecimento ao
corpo.
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O império romano nasce às véspera da era cristã, domina parte da Grécia, Europa e do Oriente
Médio
Característica deste período é o advento do cristianismo. Força religiosa que passa á força
política dominante que não obstante as invasões barbarias de 400 d.C., que levam á degradação
territorial e económica, o cristianismo sobrevive e até se fortalece, tornando-se a religião
principal da Idade Média, período que então se iniciara:
Inspirado em Platão faz cisão entre corpo e alma, a diferença para ele é que a alma, não é
somente a sede da razão mas também a prova de uma manifestação divina no Homem. A alma
era imortal por ser o elemento que liga o Homem á Deus e sendo a alma também a sede do
pensamento a Igreja passa a se preocupar também com a sua compreensão.
Vive numa período que preanuncia a ruptura da Igreja católica, o advento do protestantismo
época que prepara a transição para o capitalismo, com a revolução francesa e a revolução
industrial na Inglaterra. Perante esta crise social e económica a Igreja devia encontrar novas
justificações em relação ao conhecimento como a relação com Deus e o Homem. São Tomas
dÁquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência como Aristóteles, ele
considera que o Homem, na sua essência, busca a perfeição através da sua existência mas
introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus
seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, a busca da
perfeição do Homem seria a busca de Deus.
+ 1200 depois da morte de S. Tomás inicia uma época de transformações radicais no mundo
europeu: RENASCIMENTO ou RENASCENCA o mercantilismo, e a descoberta de novas
terras (América, Índia, Rota pacífica) propicia a acumulação das riquezas para a Franca, Itália,
Inglaterra, Franca, Espanha. Na transição para o capitalismo emerge nova forma de organização
social e económicas, dá-se também um processo de valorização do Homem.
1610 Galileu estuda a queda dos corpos, realizando as primeiras experiências da física
moderna avanço que principia o inicio da sistematização do conhecimento científico
- começam a estabelecer-se métodos e regras básicas para a construção de
conhecimento científico.
um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência postula a separação entre a mente
(alma, espírito) e corpo, afirmando que o Homem possui uma substancia material e uma
substancia pensante e que o corpo, desprovido do espírito era somente uma máquina -
dualismo corpo e mente que torna possível o estudo do corpo humano morto, o que era
impensável nos séculos anteriores (o corpo era considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede da
alma) e dessa forma possibilita o avanço da anatomia e da fisiologia que inicia a contribuir muito
para o progresso da Psicologia.
Caracteriza-se pela:
Produção de subsistência
Sociedade estável
O universo também foi posto em movimento, o sol tornou-se o centro do universo, que
passou a ser visto sem hierarquização;
O servo, liberto do seu vínculo com a terra pode escolher seu trabalho e seu lugar
social
1.4.3. A BURGUESIA:
O Capitalismo traz como consequência a formação de uma nova classe, a burguesia, com as
seguintes características:
Era preciso quebrar a ideia do universo estável, para poder transformá-lo, era preciso
questionar a NATUREZA para viabilizar a sua exploração em busca de matérias-
primas condições materiais para o desenvolvimento da ciência moderna:
CONHECIMENTO COMO FRUTO DA RAZÃO
A possibilidade de realizar trabalhos de pesquisa mais aprofundados, que exigiam algum tipo de
suporte financeiro (só possível com a classe dos burgueses) fez com que surgissem novos
contornos nas diversas áreas do saber. São exemplos disso:
Consequências
Na metade do século XIX temas e problemas até então estudados pelos filósofos passam a ser
estudados pela fisiologia, neurofisiologia em particular formulação de teorias sobre o SNC,
demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos deste
sistema.
O capitalismo trouxe uma máquina - criação fantástica que determinou a forma de ver o
mundo ( o mundo visto como uma máquina), o mundo como um relógio, todo o universo como
se fosse uma máquina, isto é, que podemos conhecer o seu funcionamento, a sua regularidade, as
suas leis, uma forma de pensar que atingiu as ciências humanas, facto que, para se conhecer o
psiquismo humano passa a ser necessário compreender o mecanismo e o funcionamento da
máquina de pensar do Homem: o CÉREBRO!
Resultado disso, em 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da acção directa
ou indirecta de diversos factores sobre as células cerebrais; Neuroanatomia descobre que a
actividade motora nem sempre está ligada á consciência para não estar necessariamente na
dependência dos centros cerebrais superiores, p.ex. quando alguém queima a mão na chapa
quente, primeiro tira a mão para depois perceber o que aconteceu, fenómeno denominado
reflexo, e o estímulo que chega a medula espinhal, antes de chegar aos centros cerebrais
superiores, recebe uma ordem para a resposta, que é tirar a mão; caminho natural dos
fiosologistas, estudo da fisiologia do olho e a percepção das cores fenómenos psicológicos.
Foram importantes os estudos do psicofisiologista russo Ivan PAVLOV sobre o reflexo
condicionado.
19
Em 1860 é formulada uma lei no campo da psicofísica, a lei de FechnerWeber que esta belece
a relação estímulo sensação, permitindo a sua mensuração aumento da intensidade de uma
luz e o seu efeito com esta lei os fenómenos psicológicos vão adquirindo status científicos,
porque, para a concepção da ciência da época o que não era mensurável, não era possível de
estudo científico
1.5. A CIÊNCIA
Como as explicações mágicas, baseadas no senso comum, não bastavam para compreender os
fenómenos, os seres humanos evoluíram para a busca de respostas através de caminhos que
pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a ciência, metódica, que procura sempre uma
aproximação com a lógica.
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta característica
permite que os seres humanos sejam capazes de reflectir sobre o significado de suas próprias
experiências. Assim sendo, é capaz de novas descobertas e de transmiti-las a seus descendentes.
Ciência: do latim «scire» que significa conhecimento, pode ser definida como o conjunto de
conhecimentos sobre factos ou aspectos da realidade (objecto de estudo) expresso por meio de
uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de forma:
Características da Ciência
A Ciência é racional, sistemática, exacta e verificável da realidade. Sua origem está nos
procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o
Conhecimento Científico:
- É racional e objectivo.
- Atém-se aos fatos.
- Transcende aos fatos.
- É analítico.
- Requer exactidão e clareza.
- É comunicável.
- É verificável.
- Depende de investigação metódica.
- Busca e aplica leis.
- É explicativo.
- Pode fazer predições.
- É aberto.
- É útil (Galliano, 1979, apud Paiva Bello, 2004;s/p).
A ciência é um processo; facto que um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo
anteriormente desenvolvido onde negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e
assim a ciência avança;
A Ciência deve verificar a objectividade; suas as conclusões devem ser passíveis de verificação
e isentas de emoções, para tornarem-se válidas para todos.
Não existe um divisor nítido entre o conhecimento empírico e científico, visto que a pesquisa
científica não se realiza no «vácuo intelectual», mas sempre está mergulhada em um contexto
o conhecimento científico nasce, em última instância, de problemas observados e acontecimentos
encontrados na experiência humana.
1. oferecer uma explanação objectiva, factual e útil do universo. Neste caso, ela procura
uma explanação verificável dos fenómenos naturais e sociais, diferentes, pois, da
abordagem artística, religiosa, etc. (central)
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha de final do século 19. Wundt, Weber e Fechner
trabalharam juntos na Universidade de Leipzing seguiram para aquele País muitos estudiosos
dessa nova ciência; como o inglês Edward B. Titchner e o americano William James.
22
Seus status de ciência é obtido a medida que se liberta da filosofia, que marcou a sua história
até aqui e atrai novos estudiosos e pesquisadores , que sob novos padrões de produção de
conhecimento, passam a:
A Psicologia científica nasce na Alemanha mas se desenvolve, cresce rapidamente nos Estados
Unidos como resultado de grande avanço económico colocado na vanguarda do sistema
capitalista. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram
origem às enumeras teorias que existem actualmente. Essas abordagens são:
O Estruturalismo
Começa com Wundt e continua com Titchner, os quais definem como o objecto de estudo da
psicologia também mas focalizando os seus aspectos estruturais, isto é os estados elementares da
consciência como estrutura do SNC. Inaugurada por Wundt mas somente o seu seguidor
Titchner usa o termo estruturalismo pela primeira vez para diferenciá-lo do funcionalismo. O
método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os
conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a
partir do laboratório.
O Associacionismo
A psicologia enquanto ramo da Filosofia estuda a alma, a psicologia científica que Wundt
preconiza, a psicologia sem alma, o conhecimento científico produzido no laboratório com uso
de instrumentos de medição/mensuração. Da subordinação á Filosofia a Psicologia se liga á
medicina, usando o método de investigação das ciências naturais como critério rigoroso da
construção do conhecimentos.
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As três mais importantes tendências teóricas da psicologia neste século consideradas por
inúmeros autores são: Behaviorismo, Gestaltismo e a Psicanálise.
Watson busca uma psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e métodos
subjectivos e que tenha a capacidade de prever e controlar.
R S + para referir-se ao que o organismo faz e as variáveis ambientais que interagem com o
sujeito
são objectos de pesquisa inconsistentes para uma ciência empírica. Segundo Watson, a tarefa da
psicologia consistia no estudar as relações cientificamente determinadas entre as situações
estimulantes (S) e a reacção provocada (R):
Estudadas as conexões, os seus mecanismos, e identificadas as leis, pode-se explicar cada uma
das reacções como resultado de um determinado estímulo e poder prever qual reacção pode
seguir uma determinada situação estimulante.
“Black Box”
Processos neurofisiológicos
Processos inconscientes
O quadro negro representa a blac box ou seja simboliza tudo aquilo que não é do interesse para
o estudo do psicólogo comportamentalista.
cunhado pelo próprio Skinner em 1945, para designar uma filosofia da ciência do
comportamento (que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do
comportamento. Algumas noções importantes no behaviorismo de Skinner são:
Nos anos de 1930, na Universidade de Haward (EUA), Skinner desenvolvendo o seu trabalho de
estudo do comportamento respondente, teoriza sobre um outro tipo de relação indivíduo-
ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise da ciência: comportamento operante, o qual
teria a maioria das nossas interacções com o ambiente comportamento operante opera sobre o
mundo, por assim dizer, quer directa quer indirectamente e abrange um leque amplo de
actividade humana, da actividade do recém nascido (balbuciar, acatar-se a um objecto, etc.) aos
mais sofisticados apresentados pelo adulto.
Para Keller o comportamento operante inclui todos os movimentos de um organismo dos quais
se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O
comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer directa, quer
indirectamente.
Gestalt é um termo alemão que se pode traduzir como «forma»; «figura»; «configuração»;
entendendo também um aspecto de organização da que se entende melhor quando se fala da
percepção visível;
27
As principais figuras da Gestalt são os alemães: Max Wertmeir, Wolfgang Kohler e Kurt
Kofka.
uma teoria A Gestalt nega decompor a consciência nos seus elementos mais elementares, nega a
concepção e métodos que descendem deste estudo e que tendem a elementista
A B
As leis da percepção visiva: são leis sobre a constituição das totalidades perceptivas que eram
chamadas Gestalten ou factores estruturantes. Essas leis afirmam que as partes de um campo
perceptivo tendem a construir outras gestalts (formas unitárias) que são de tal forma coerentes e
unidas, quanto mais os elementos são
1. Vizinhos (lei da aproximação)
2. Semelhantes (lei da semelhança)
3. Tendem a forma formas fechadas (lei do fechamento)
4. Dispostos ao longo duma mesma linha (lei da continuação)
1.8.3. A Psicanálise/Freud
como problemas científicos. A investigação sistemática destes problemas levou Freud á criação
da Psicanálise.
Freud emprega o termo Psicanálise pela primeira vez em 1896. A Psicanálise constituiu-se como
método e como teoria, e ainda como terapia. Como método consiste na interpretação e busca do
significado oculto daquilo que é manifesto por meio de palavras ou acções e como teoria pode
ser definida como um conjunto de conhecimentos, sistematizados sobre o funcionamento da vida
psíquica.
Freud, como hebreu, herdou uma rica tradição do pensamento hebraico, e por outro lado, de
formação clássica (filosofia antiga) e perito linguista, ele veio a contacto com a literatura antiga e
moderna. Sobre esta base assentaram-se os seus estudos de medicina e ciências naturais, no
campo da fisiologia, neurofisiologia e farmacologia. Teve o mérito de ter descoberto a
sexualidade (base fundamental de seus estudos), embora este fosse um tema debatido antes da
publicação do sua obra intitulada os três ensaios sobre a teoria sexual.
Freud postula o inconsciente como objecto de estudo da Psicologia, da mesma forma que quebra
a tradição da psicologia como uma ciência da consciência e da razão.
O Id
suporta energia de muita tensão e o seu objectivo é reduzir a tensão dolorosa aos baixos níveis
possíveis. O Id é baseado no princípio do Prazer.
Ego (Eu)
O Ego, orientado à realidade do mundo que o circunda, é a chave da adaptação que procura de
mediar as pressões ditadas pelo princípio de prazer, a busca do prazer e da gratificação imediata,
com as exigências impostas pelo principio da realidade, provenientes do mundo externo. O Ego
utiliza a angústia como sinal de alarme diante dos perigos do mundo interno (pulsional), por
outro lado, organiza mecanismos de defesa que consentem de moderar as exigências do Id com
aquelas do mundo externo.
Os mecanismos de defesa: são mecanismos que o indivíduo usa para deformação da realidade,
ou melhor, são processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem
independentemente da vontade do indivíduo. Os mais comuns são: Recalcamento, formação
reactiva, regressão, projecção, racionalização, sublimação, negação.
Super-Ego (super-eu)
Origina-se com o complexo de Édipo, a partir da interiorização das proibições, dos limites e da
autoridade. O superego é o depósito das normas morais e modelos de conduta. As suas funções
são a consciência, a auto-observação e a formação das ideias. Podemos afirmar que o Superego é
baseado no princípio da Moralidade/sociabilidade.
A combinação das três camadas, segundo Freud constitui factor importante para a formação e
estruturação da Personalidade.
As investigações sobre os conteúdos do Id, conduziram Freud à formulação duma doutrina geral
das pulsões nas quais a libido exprime-se percorrendo as zonas eróticas, cada uma das quais
representa uma determinada fase de evolução (os estádios do desenvolvimento psicossexual). O
desenvolvimento da libido pode acontecer naturalmente ou enfrentar bloqueios por interferência
da fixação o da regressão que bloqueiam o desenvolvimento psíquico e o reconduzem a fases
precedentes, com consequências na formação de sintomas nevróticos. Esta postulação chamou-se
de teoria das pulsões.
O seu modo de funcionamento e regulado pelo principio de prazer, que procura a gratificação
imediata e completa das pulsões. Mas desde o inicio dos primeiros meses de vida estas tentativas
de obter uma gratificação imediata são frustradas ou punidas. Estas experiências contribuem para
a formação do ego (eu), o qual é governado pelo princípio de realidade.
Depois desta breve alusão geral à noção de Ciência, iniciemos agora o estudo da Psicologia.
alma ou ciência da alma, ciência que estuda as ideias, sentimentos, e determinações cujo
conjunto constitui o espírito humano.
Esta definição permaneceu até aos meados do séc. XIX devido ao seu desenvolvimento
condicionado com a Filosofia.
Como uma ciência autónoma com um objecto de estudo e métodos próprios de investigação, ela
é definida como ciência que estuda o comportamento do homem e dos outros animais.
o Comportamento: abrange tudo o que pessoas e animais fazem: conduta, emoção, formas
de comunicação, processos de desenvolvimento.
Por ser uma ciência multiperspectiva e se aplicar em todas as áreas da vida humana, tais como no
Ensino, na Saúde, na Família, no Comércio, no Desporto, etc., a Psicologia possui uma vasta
importância.
Por ser uma área de conhecimento cientifico que se constituiu recentemente (final do séc.
19) não obstante a sua existência dentro da filosofia como preocupação humana;
Em terceiro lugar esta dificuldade justifica-se pelo facto dos fenómenos psicológicos
serem tão diversos, que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação, não
podem ser sujeitos aos memos padrões de descrição, medida, controle e interpretação.
A identidade da Psicologia é o que diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser
obtida considerando que cada um desses ramos invoca o Homem de maneira particular
(economia, política, história) trabalham essa matéria-prima de maneira particular, construindo
conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A psicologia colabora com o estudo da
subjectividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da
totalidade da vida humana.
A subjectividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo conforme
vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural. É a síntese
que nos identifica por ser única e nos igual a medida em que os conhecimentos que a constituem
são experienciados no campo comum da objectividade social. É o mundo de ideias, significados,
emoções, construído inteiramente pelo sujeito a partir das suas relações sociais, suas vivências e
34
Psicologia clínica: dedica-se a prevenção e terapia dos desajustamentos de conduta qualquer que
seja o seu grau de gravidade.
Descrição cuidadosa dos fenómenos psíquicos que os estados da consciência acusavam, mas
feita pelo próprio indivíduo. Consiste na orientação da consciência reflexiva para aquilo que se
passa em nós, ou seja, concentração do espírito sobre si mesmo para analisar os fenómenos que o
indivíduo experimenta.
É a observação e a descrição que o indivíduo faz dos seus estados psíquicos. Supõe um
desdobramento do sujeito que é ao mesmo tempo observador e observado. O sujeito é o próprio
objecto.
36
e) Método estatístico
Usa-se para fazer o estudo ao nível dos grupos maiores, isto é, para a compreensão de fenómenos
de massa.
f) Método de entrevista
É uma conversação entre investigador e o sujeito investigado através da qual o investigador
obtém informações sobre o psiquismo. Geralmente se utiliza para enriquecer e aprofundar a
37
informação obtida a partir da observação e experimentação. Ela permite a obtenção directa dos
dados. O investigador faz a pergunta e o entrevistado apenas responde a pergunta.
g) Questionário
Consiste num conjunto de perguntas cujo conteúdo e extensão dependem dos objectivos da
investigação e se aplica como substituto da entrevista quando se trabalha com amostras grandes.
h) Método comparativo
Serve para fazer extrapolação de uma conclusão feita sobre o estudo de um animal para
relacionar ao Homem, permite a formação de um perfil comportamental.
j) Testes psicológicos
Consistem num sistema de tarefas, perguntas, seleccionadas, que tem como objectivo a avaliação
e comparação de sujeitos quanto a qualidade da personalidade, habilidades, nível de
desenvolvimento intelectual, efectuando-se esta comparação sobre a base de normas
estabelecidas previamente. Existem testes psicológicos para medir tanto aspectos cognitivos
como aspectos afectivos da personalidade.
Os testes psicológicos não consistem em obter dados novos que serão necessários para o
aprofundamento dos conhecimentos científicos, mas sim em estabelecer as qualidades
psicológicas da pessoa submetida á experiência para se analisar se corresponde ou não as normas
ou padrões revelados anteriormente
Este grupo de testes é utilizado para revelar a existência ou a ausência de certas capacidades,
aptidões, caracterizar com o máximo de precisão certas qualidades do indivíduo para exercer
certa profissão, etc. Podem ser: testes de inteligência, de capacidades, de aptidões, de
personalidade.
38
Neste método são empregue muitos métodos e técnicas combinadas. Para se estudar o
comportamento de um indivíduo importa conhecer o maior número possível de factos sobre o
mesmo, a fim de que possam ser compreendidas as principais forças e influências que orientam
seu desenvolvimento.
l) Métodos longitudinais
Filosofia: a correlação que existe entre o corpo e a alma na Filosofia vai permitir de modo que a
psicologia especule e forneça hipóteses empiricamente testadas. Neste sentido, pode-se afirmar
que a Filosofia forneceu á psicologia os primeiros quadros conceptuais.
Antropologia: interessa-se pelas formas culturais dos povos. Esses dados são importantes
porque dão ao psicólogo a consciência da relatividade cultural dos valores, dos motivos, das
aspirações dos indivíduos, o que obriga a ter presente a influência da cultura no comportamento
do indivíduo.
ANTROPOLOGIA SOCIOLOGIA
Influência da cultura no Influências sociais no
comportamento comportamento
40
Questões de reflexão
2. Qual dos métodos ajuda melhor a recolher dados sobre um fenómeno ou caso.
Bibliografia recomendada
Todo ser humano à nascença já constitui-se como indivíduo, com qualidades de integridade
próprias, particularidades que o distinguem dos outros. O mesmo não se pode dizer em relação à
Personalidade. O ser humano forma sua personalidade em resultado da sua constituição biológica
(características herdadas), das influências do meio social e cultural do contexto em que se
encontra (aquisições do meio), assim como das experiências de vida (desenvolvimento), e
sempre considerando seu desenvolvimento psicológico (estabilidade emocional, de sentimentos).
Por tal se diz ser uma unidade bio-psico-social.
Desenvolvimento: é o conjunto de fases pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu ciclo de
vida. É um processo multidimensional que engloba os aspectos físicos (crescimento);
fisiológicos (maturação), psicológicos (cognitivos e afectivos), sociais (socialização), e culturais
(aquisição de valores, normas).
O zigoto
O zigoto forma-se após a fecundação e flutua livremente no fluido do útero. Ao fim de cerca de
duas semanas, o zigoto (ovo) fixa-se na parede do útero recebendo oxigénio e alimentação do
corpo da me. Dois ou três dias a sua implantação no útero o novo ser passa a chamar-se embrião.
Embrião
O estádio embrionário dura cerca de oito semanas depois da concepção. As primeiras fases de
vida do embrião humano apresentam características semelhantes com os outros mamíferos. A
cabeça do embrião é muito grande em relação ao resto do corpo e membros não são
diferenciados. No final deste período o organismo é claramente identificável como humano (tem
face, olhos, nariz) e passa a se designar feto.
Feto
A partir da oitava semana até ao nascimento o novo ser passa a chamar-se feto. O feto é capaz de
ouvir, movimentar os dedos (dar pontapés, fazer punho, levar o polegar a boca, escolher a
posição de dormir, etc.) sentir sabor, etc. O desenvolvimento do feto culmina com o nascimento.
Nascimento
O nascimento é conjunto de fenómenos físicos que tem como finalidade expulsar o feto para o
exterior. Quando a criança nasce pesa normalmente 2500 gramas e a placenta para de introduzir
alimentos. Crianças com um período de gestação reduzido e peso inferior a 25000 gramas são
consideradas prematuras.
A primeira respiração imediatamente após o parto é difícil devido o oxigénio do ambiente que a
criança recebe, pois tem inicio a respiração pulmonar. Se o pequeno cérebro não recebe oxigénio
dentro de 8 (oito) minutos pode contrair lesões.
43
Por regra, a primeira respiração é acompanhada por grito. O grito converte-se em breve numa f
orma de manifestação de dissabores ou transtornos (indisposição, desconforto, mal estar, alerta á
mãe para acções de cuidado, isto é, um estímulo chave da mãe.
Em cada dor do parto, a criança está exposta a uma pressão com cerca de 25kg. Por isso, partos
muito prolongados ou complicados colocaram a criança provavelmente numa situação de
indisposição intensiva. O acto do nascimento por si só é uma lesão psíquica, o que serve de base
para o medo original do homem, segundo a psicanálise.
De acordo com Robert Plomin (1993) , talvez o principal sobre a genética do comportamento na
última década, o que os cientista verificaram a repetidas vezes foi que hereditariedade e
experiência influenciam conjuntamente muitos aspectos do comportamento. Além disto seus
efeitos são interactivos elas jogam uma com a outra. Por exemplo, em relação a esquizofrenia,
embora a evidencia indique que factores genéticos influenciam o desenvolvimento da
esquizofrenia, do outro lado não parece que alguém herde directamente o distúrbio mas um certo
grau de vulnerabilidade a ela. Portanto, se a vulnerabilidade vai ou não se transformar num
distúrbio real, isso dependerá das experiências de cada pessoa na vida.
Por um lado, qualquer factor hereditário opera de modo diferente quando as condições do meio
ambiente variam. Por outro lado, as condições do meio ambiente exercem diferentes influências
sobre as características hereditárias.
Herança e meio são factores que contribuem para a formação do novo ser e se misturam
de tal modo que é difícil distinguir o que corresponde a um e ao outro;
Era comum considerar a herança é rígida, fixa, imutável, irreversível algo como código
ou lista de instruções e procedimentos que não admite modificações e na qual cada
instrução age de modo independente das demais mas hoje tal posição não se sustenta
por que também os genes podem sofrer uma mutação, brusca ou não.
Portanto, Dizer que um os “genes influenciam x ou y não quer dizer que os genes determinam
x ou y. Tão pouco quer dizer que o ambiente tenha pouca influência sobre a qualidade em
questão. Do início até ao fim da vida, os organismos estão sendo constantemente moldados tanto
pela hereditariedade como pelo ambiente. A natureza e a extensão de uma influência sempre
dependem da contribuição da outra.
Não se pode limitar aos aspectos educativos e os sócio-culturais pós-natais, os aspectos físicos,
biológicos (alimentares, etc.), e psico-afecivos (emocionais) dos primeiros tempos da vida,
nomeadamente pré-natais e perinatais são fundamentais na formação de todas as características
do indivíduo.
estaríamos contando por cerca de 6 mil anos! Multidões de neurónios no sistema nervoso têm de
trabalhar junto para manter a informação fluindo eficientemente. Para fazer isso, eles estão
organizados em equipas, várias das quais têm funções e deveres especializados que dependem,
antes de tudo, de sua localização.
O sistema nervoso central (SNC) é a porção do sistema nervoso que fica dentro do crânio e da
coluna espinhal. Assim, o SNC compreende o cérebro e a medula e a medula espinhal. O
SNC é banhado na sua sopa nutritiva especial chamada fluido cérebro-espinhal (FCE). Este
fluido alimenta o cérebro e fornece-lhe uma protecção. Embora derivado do sangue, o FC é
cuidadosamente filtrado.
Para entrar no FCE, as substâncias do sangue têm de passar pela barreira cérebro-sanguínea,
um mecanismo membranoso semipermeável que impede a passagem de certas substâncias
químicas entre a corrente sanguínea e o cérebro. Esta barreira evita que algumas drogas
entrem no FCE e afectem o cérebro.
A medula espinhal liga o cérebro ao resto do corpo através do sistema nervoso periférico.
Embora se pareça com um cabo do qual os nervos somáticos saem, ela é parte do sistema
nervoso central e vai desde a base do cérebro até um nível abaixo da cintura, abrigando
aglomerados axónios que carregam os comandos do cérebro aos nervos periféricos e conduzem
sensações de periferia do corpo cérebro. Muitas formas de paralisia resultam de danos na medula
espinhal, facto que ressalta o papel crítico que ela representa na transmissão de sinais do cérebro
aos neurónios que movem os músculos do corpo.
2.7.1.2. O cérebro
que interagem, integram informação de dentro, coordenam as acções do corpo e nos capacitam a
falar, pensar, recordar, planear, criar e sonhar.
O primeiro e mais importante corte separa o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal)
do sistema nervoso periférico. O sistema nervoso periférico é formado por todos os nervos
que ficam fora do cérebro e da medula espinhal. Nervos são aglomerados de fibras de
neurónios (axônios) que estão no sistema nervoso periférico. Essa porção do sistema nervoso
é exactamente o que parece, a parte que se estende para a periferia (parte de fora) do corpo. O
sistema nervoso periférico pode ser subdividido em dois: somático e autónomo.
O sistema nervoso somático é formado por nervos que se conectam aos músculos esqueléticos
voluntários e aos receptores sensoriais. Estes nervos são os cabos que carregam informação
dos receptores na pele, músculos e juntas ao sistema nervoso central e também ordens do sistema
nervoso central aos músculos. Estas funções requerem dois tipos de fibras nervosas:
Aferentes, que são axônios que carregam informação para dentro do sistema nervoso central da
periferia do corpo;
Os eferentes, que são axônios que carregam informações para fora do sistema nervoso central
para a periferia do corpo. O sistema nervoso somático permite que nos sintamos e movamos no
mundo.
O sistema nervoso autónomo é formado de nervos que se ligam ao coração, aos vasos
sanguíneos, aos músculos lisos, e às glândulas.
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Como o próprio nome indica, é um sistema separado (autónomo), embora seja principalmente
controlado pelo sistema nervoso central. O sistema nervoso autónomo controla funções
automáticas, involuntárias, em que normalmente as pessoas não pensam, como a batida cardíaca,
a digestão e a transpiração. Ele intermédia muito de o despertar fisiológico, que ocorre quando as
pessoas experimentam emoções. Imagine-se, por exemplo, caminhando para casa sozinho a
noite, quando uma pessoa, de aparência pobre aparece atrás de nós e começa a seguir-nos. Caso
sintamo-nos ameaçados, a nossa batida cardíaca e respiração intensifar-se-ão. A nossa pressão
sanguínea poderá subir, possivelmente sentiremos arrepios, e as palmas das mãos poderão
começar a transpirar. Estas reacções difíceis de controlar são aspectos do despertar autónomo.
O sistema nervoso autónomo pode ser dividido em dois ramos: simpático e parassimpático.
É o ramo do sistema nervoso autónomo que mobiliza os recursos do corpo para a emergência.
Ela cria a reacção de luta ou fuga. A activação deste sistema desacelera processos digestivos e
drena o sangue da periferia, diminuindo o sangramento em caso de ferimento.
É o ramo do sistema nervoso autónomo que geralmente conserva os recursos corporais. Ela
activa processos que permitem ao corpo economizar e armazenar energia. Por exemplo, acções
dos nervos parassimpáticos diminuem o ritmo cardíaco, reduzem a pressão sanguínea e
promovem a digestão.
A extraordinária variedade que o meio ambiente tem (clima, condições de vida) suscitou a
diferenciação dos organismos (na terra vivem milhões de espécies de animais). Entre toda a
multiplicidade de fenómenos terrestres, existem suas mudanças cíclicas anuais, a mudança do dia
e da noite, as mudanças de temperatura etc., e todo o organismo vivente adapta-se as
condições existentes.
Para que haja um reflexo adequado e necessário antes de mais uma estrutura dos órgãos de
sentido e do sistema nervoso. O grau de desenvolvimento dos órgãos de sentido e do sistema
nervoso determina constantemente o grau e a forma do reflexo psíquico.
A evolução da psique não ë linear, ate que se aperfeiçoe em diferentes direcções. Num mesmo
meio habitam animais com os mais variados níveis de reflexo e ao contrário, em meios diferentes
podem-se encontrar diferentes tipos de animais com níveis de reflexo semelhantes.
O meio, como a matéria, não e invariável, ele evolui. A este meio em evolução adapta-se a
espécie animal que nele habita. Pode acontecer, sem dúvidas, que o meio radicalmente se
modifique para alguns animais e isto influência no desenvolvimento das funções psíquicas, ao
mesmo tempo, a mudança ocorrida não exerce uma influência determinante no desenvolvimento
das funções dos outros animais.
50
A psique como conjunto de reflexos da realidade no cérebro dos homens caracteriza-se por
possuir diferentes níveis.
O mais alto nível da psique, que é próprio do Homem, forma a consciência. A consciência e a
forma superior integrante da psique do Homem que se forma como resultado das condições
historico-sociais na actividade laboral e na permanente comunicação oral com as demais pessoas.
Neste sentido, pode-se dizer que a consciência e em ultima instancia (como dizem os clássicos
marxistas) um produto social, a consciência e a existência consciente.
Sem dúvidas existe uma imensa diferença qualitativa entre a psique humana mais altamente
organizada e a psique animal. Assim não e possível fazer uma comparação entre
linguagem dos animais e a linguagem humana, pois enquanto o animal com a sua
linguagem pode somente emitir sinais a seus congéneres, em relação a fenómenos limitados
por uma situação imediata, directa, pelo contrario o Homem pode informar a outras pessoas
com ajuda da linguagem, sobre o passado, o presente, o futuro e transmitir aos outros a
experiência social.
Desta forma, o pensamento concreto ou prático dos animais e somente a sua impressão directa
sobre a situação dada, enquanto a capacidade do Homem de pensar abstractamente supera a
dependência directa da situação dada. O Homem e capaz de enfrentar não somente as
influências directas do meio, mas também pode prever aquelas que podem suceder. O
51
A quinta distinção entre a psique humana e animal são os sentimentos: para o homem
e animais superiores o sentimento e mais daquilo que ocorre em seu redor, os objectos e
os acontecimentos podem suscitar nos animais e homens determinados tipos de reacções
dependendo daquilo que os influencia, ou emoções positivas e negativas. Sem dúvidas
somente no homem pode existir a capacidade de sentir pena ou alegria sobre o outro
Homem, somente o homem pode experimentar determinados sentimentos ao tomar
consciência de algum aspecto vital nisto.
Questões de refexão
1. O meio mobiliza ou favorece disposições hereditárias, mas por sua vez a acção do meio não é
independente dessas disposições.
52
a) Justificar a afirmação.
Bibliografia base
2002.
Durante o arco da vida a personalidade vai adquirindo, atrevas de processos evolutivos seja
biológicos que psicológicos, uma maior e mais eficiente harmonização das energias que se
dispõem, com uma crescente possibilidade seja de autonomia e de novos de compreensão seja de
participação afectiva e de socialização com o mundo.
Uma das consequências desta afirmação e que os seres humanos tornam-se sempre mais
complexos na medida em que se desenvolvem. Não só, mas se o Homem e uma criatura
admiravelmente complexa, não menos surpreendente o e também a pequena criatura, que e o
recém-nascido, desde os primeiros instantes em que vê a luz.
Hereditariedade
Crescimento orgânico
Maturação neurofisiológica
Meio
O desenvolvimento humano deve ser entendido com uma globalidade, mas, para efeito de
estudo, tem sido abordado a partir de 4 aspectos básicos.
Aspecto social e a maneira como o indivíduo reage diante das situações que
envolvem outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, e possível
observar que algumas espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que
permanecem sozinhas.
Analisando cada um destes aspectos descobrimos que todos os aspectos estão presentes em cada
um dos casos. Não e possível encontrar um exemplo puro, porque todos estes aspectos
relacionam-se permanentemente. Por exemplo, uma criança tem dificuldade de aprendizagem,
repete o ano, via-se tornando cada vez mais tímida ou agressiva, com poucos amigos e, um
dia, descobre-se que as dificuldades tinham origem em uma deficiência auditiva. Quando isso é
corrigido todo o quadro reverte-se. A história pode também não ter um final feliz, se os danos
forem graves.
Teoria: forma de explicação dos factos, de forma unitária, coerente, livre de contradições
internas e que conduza a descoberta de novos factos.
56
Teorias endógenas
Teorias exógenas
O Homem seria no momento do nascimento uma tábua rasa, pelo adestramento e hábito poder-
se-ia fazer-se tudo quando são aplicados os métodos respectivos. Este grupo de terias acentua o
meio ambiente em que decorre o desenvolvimento comparativamente aos outros factores como
força determinante de desenvolvimento psíquico.
Teorias de convergências
A influencia de Jean Piaget não tem andado longe de Freud. Nascido em Suécia em 1896, Piaget
passou a maior a parte da sua vida dirigindo um instituto de desenvolvimento infantil em
Genebra. Publicou um numero extraordinário de obras e trabalhos científicos, não apenas sobre o
desenvolvimento da criança, mas também sobre educação, historia do pensamento, filosofia e
lógica, e manteve a sua prodigiosa produção ate a data da sua morte em 1980.
Embora Freud tenha dado tanta importância, nunca estudou directamente a criança. A sua teoria
foi desenvolvida a partir de observações feitas no decurso de tratamento de pacientes adultos em
sessões de psicoterapia. Piaget, pelo, contrario, passou, passou a maior parte da sua vida
observando o comportamento de bebes, crianças e adolescentes. Baseou-se muito do seu trabalho
em observações minuciosas de um numero limitado de indivíduos, mais do que no estudo de
grandes amostras. Não obstante, defendia que a maioria das suas das suas principais descobertas
eram validas para o desenvolvimento das crianças de todas as culturas.
Piaget acentua bastante a capacidade da para entender activamente o mundo. As crianças não
observam de uma forma passiva a informação, mas seleccionam e interpretam o que vêem,
ouvem e sentem acerca do mundo que as rodeia. A partir dos estudos e de numerosas
experiências que efectuou sobre as formas de pensar da criança, chegou a conclusão de que os
seres humanos atravessam vários estádios distintos de desenvolvimento cognitivo ou seja, vão
aprendendo a pensar sobre eles próprios e mundo a sua volta. Cada estádio implica a aquisição
de novas capacidades e esta dependente de uma de uma conclusão bem sucedida da fase anterior.
Até uma idade máxima de quatro meses, um bebe não consegue diferenciar-se do que o rodeia.
O desaparecimento do objecto no campo visual da criança perde todo interesse por ele (não
existe/nunca existiu); por exemplo a criança não entende que são os próprios movimentos que
provocam o ranger do berço e não diferencia entre objectos e pessoas. A actividade cognitiva e
comportamental. Pensar e agir. Irreversibilidade. O bebe não tem noção de que existe algo fora
do seu campo de visão. Como demonstram alguns estudos, os bebes aprendem de forma gradual
a, a distinguir as pessoas dos objectos, começando a perceber que ambos têm uma existência
independente das suas percepções mais imediatas. Aos 6 meses de idade, a criança investida as
características do objecto. Procura o objecto escondido, continua a existir.
Piaget chama a este primeiro estádio sensorio-motor, pois as crianças aprendem usando os seus
diferentes sentidos, sobretudo tocando objectos, manipulando-os e explorando fisicamente o
meio ambiente. De 1 ano e meio o pensamento da criança esta ligado a linguagem, esquemas
motores e a conceitos de objectos e das suas características. A principal conquista neste estádio e
que, no fim, a criança já entende que o meio ambiente tem propriedades próprias e imutáveis.
Foi aquele que Piaget dedicou grande parte da sua investigação. Nesta fase desenvolvem-se
outras estruturas cognitivas: a criança e capaz de distinguir o eu do objecto; adquire noção de
tempo e espaço. Tem inicio a reversibilidade. A criança já domina a linguagem e se torna capaz
de usar palavras para, de uma forma simbólica, representar objectos e imagens. Uma criança de
quatro anos, por exemplo, pode usar a mão em movimento para representar o conceito de avião
. Inicio da aquisição de noção de conservação da massa e volume (quantidade) Piaget apelida
este estádio de pré-operacional, pois as crianças ainda não são capazes de usar, de uma forma
sistemática, as suas capacidades mentais em desenvolvimento.
A maneira de ver o mundo característico destas crianças e o egocentrismo, ela acredita que as
pessoas vêem o mundo exactamente como ela vê, p. Ex: ao contar um facto, omite pormenores
importantes julgando que os outros têm a mesma visão do facto. Este conceito não se refere a
egoísmo mas a tendência da criança interpretar o mundo exclusivamente em função da sua
própria posição. Por exemplo: pedir explicação de uma ilustração enquanto o livro esta virado
para si. A criança não entende que o outro não vê; as crianças falam ao mesmo tempo mas não
com a outra, como os adultos fazem; não tem categorias de pensamento que os adultos têm, as
crianças não tem conceitos de causalidade, velocidade, peso ou numero (mesmo se a criança
observar alguém a deitar agua num recipiente alto e estreito para o outro mais baixo e largo, não
entende que o volume continua o mesmo mas conclui que há mais agua no segundo recipiente,
porque o nível da agua esta mais abaixo.
Existe um equilíbrio estável entre assimilação e acomodação. Durante esta fase as crianças
dominam noções lógicas e abstractas. São capazes de, sem grandes dificuldades, lidar com ideias
como a de causalidade. Uma criança nesta fase de desenvolvimento e capaz de reconhecer o
raciocínio falso implícito na ideia de que o recipiente mais largo continha menos água do que o
mais estreito, mesmo que os níveis da água sejam diferentes. Torna-se capaz de efectuar
operações matemáticas, como a multiplicação, a subtracção ou divisão. As crianças neste período
são muito menos egocêntricas. Se perguntar a criança quantas irmãs tem ela dirá uma, mas se
perguntar quantas irmãs tem a tua irmã ela provavelmente dirá nenhuma porque não e capaz de
se colocar na posição da irmã, não e capaz de raciocinar em termos hipotéticos.
61
De acordo com Piaget os primeiros três estádios de desenvolvimento são universais; mas nem
todos os adultos alcançam o estádio operacional formal.
Sigmund Freud (1859-1939, fundador da Psicanálise. Interpretou os sonhos, porque tem sentido
simbólico, de acordo com eles, os sonhos estão cheios de significados. Defendeu que as imagens
sonhadas são consequência, a realização simbólica, substitui um desejo sexual recalcado (inibido
pela interdição moral).
A psicanálise descreveu a estrutura da mente (ID, EU, Super-EU), seja o desenvolvimento dos
processos psíquicos dos primeiros anos de vidas. Este desenvolvimento é decisivo porque nele
se deitam os fundamentos da vida psíquica do futuro indivíduo adulto e os traços persistentes da
personalidade. O aspecto mais evidente da teoria freudiana e aquele das fases do
62
desenvolvimento psicosexual. Segundo Freud a área do prazer sexual desloca-se duma zona
erótica do corpo a outra, segundo uma sequência determinada biologicamente na medida em
que a criança cresce. De consequência os distúrbios psíquicos do indivíduo adulto dependeriam
dum desenvolvimento não regular das várias fases da sexualidade infantil.
Fase oral (0 2 anos) : nos primeiros meses da vida ate cerca de 2 anos de vida, a libido está
concentrada na zona oral (boca): o bebe tira prazer através da zona erótica da boca, dos lábios e
da língua, e nos actos de sucção, mordedura e mastigação. No adulto, a fixação formas da
sexualidade oral pode exprimir-se em comportamentos com a sucção do próprio dedo, comer-se
as unhas, comer excessivamente, etc.
Fase anal (2-3 anos): nesta fase o ponto focal da libido desloca-se e as principais fontes de
prazer sexual tornam as actividades esfintéricas. Esta presente seja a exigência de satisfação da
necessidade (defecar) seja de aprender o controlo fisiológico em relação as regras ditadas pelos
pais e as convenções sociais. Conter as fezes significa, duma parte, bloquear a satisfação de uma
necessidade e da outra parte, significa realizar ou cumprir as regras dos pais, que a sua volta são
fonte de gratificação quando a norma vem respeitada pela criança. A compreensão de exigências
contrastantes, o conflito, relacionado a fase anal poderá manifestar-se no adulto em
comportamentos de excessiva limpeza, pontualidade, obstinação, etc.
Fase fálica ( 3-5 anos) entre 3 a 5 anos a libido desloca-se para as zonas genitais a procura do
prazer. O rapaz e a menina tocam os próprios órgãos genitais, tornam-se curiosas em relação as
diferenças entre os dois sexos. Os pais muitas vezes proíbem o comportamento sexual das
crianças desta idade pensando ou considerando que são formas adultas da actividade sexual,
enquanto normalmente exprimem a exigência das crianças de conhecer o próprio e o outro
aparato sexual. Nesta fase manifesta-se o assim chamado complexo de Edipo, do nome do da
63
personagem da tragédia grega Edipo rei de Sofocle (na tragédia grega, Edipo mata o pai sem
conhecer a identidade e casa-se com a mãe). O menino chegando nesta fase do desenvolvimento
psicosexual, experimenta um desejo de hostilidade para o pai e um desejo de amor para com a
mãe. Estes dois desejos co-presentes, numa forma geralmente inconsciente, são vividos como um
conflito. Por outro lado, o pai representa para o menino a fonte da punição (vivida como
castração dos próprios órgãos) por causa do amor dirigido a mãe. O menino pode superar este
conflito através de um processo de identificação com o pai, mediante o qual ele assimila e faz
seu o comportamento paterno. Durante o processo de identificação, os meninos introjectam no
Super-eu grande parte das regras sociais e dos valores partilhados e derivados da figura dos pais.
Na menina verifica-se um processo em parte análogo, primeiro de hostilidade para com a mãe e
amor para com o pai e, portanto, em seguida, de identificação com a figura materna (tal processo
e denominado de Eletra).
Fase da latencia (6 inicio da adolescência): durante esta fase a actividade da libido perde
intensidade, consentindo ao Eu uma trégua para consolidar o desenvolvimento anterior
enquanto a criança orienta ou dirige os próprios interesses no ambiente.
O desenvolvimento psicológico, seja na dimensão cognitiva como na emotiva, não termina com
a idade adulta. Os primeiros anos de vida e o período da adolescência são etapas fundamentais
64
A ideia de que o desenvolvimento psíquico dura toda a vida e que seja estreitamente legada as
relações sociais foi elaborada por Erik Erickson. Erikson, nasce em Frankfurt Alemanha.
Enquanto Freud atribuía mais importância ao inconsciente, Erickson focalizava a sua atenção no
papel desenvolvido pelo Eu quando se devem enfrentar problemas nos diferentes períodos da
vida.
A teoria de Erikson (1950, 1968) afirma que o desenvolvimento psicossocial atravessa oito
estádios, em cada um do qual o indivíduo deve enfrentar uma série de problemas, ou a assim
chamada crise do estádio, para poder passar ao estádio sucessivo. Segundo Erikson, na medida
em que uma criança resolve positivamente os problemas de cada estádio, determina-se a sua
possibilidade de tornar-se uma pessoa adulta dotada de capacidade de adaptação.
Estádio muscular-anal (1-2 anos): crise entre autonomia V dúvida/ vergonha: a criança
começa a explorar o mundo e a entrar em relação com outras pessoas. Na medida em que
conquista autonomamente as habilidades principais, por exemplo aprender a caminhar, deve
também não duvidar de si quando não consegue padronizar esta tal capacidade imediatamente. A
criança deve escolher se ser autónoma em tal situação e continuar de modo independente, ou
então enfrentar o futuro com dúvidas.
Primeira idade adulta (20 30 anos):. Nesta fase a crise é entre intimidade ou amor V
isolamento a pessoa enfrenta a escolha entre uma vida caracterizada de relações de intimidade
(capacidade de amizade e amor), encontrar-se em companhia, amar alguém e a ausência de
relações afectivas, e transformar-se num isolado, evitando compromisso de amor ou amizade. É
o estádio da vida em que se põe também a problema da escolha profissional que permite a
66
Velhice (dos 60 anos em diante): a crise observa-se entre o sentimento de integração e calma
V desespero. Nesta fase emerge uma outra situação de conflito, aquela concernente a aquisição
de um sentido de integridade, que se experimenta quando se considera que a própria vida foi
completada, dando-lhe um sentido, ao qual se contrapões o desespero, se se pensa de não ter
alcançado os objectivos que anteriormente se tinham proposto ou de não ter integrado as próprias
experiências.
A pessoa pode tornar-se sabia: não se preocupa ansiosamente pela vida porque descobriu o seu
sentido e o da dignidade da sua vida; há aceitação da morte. Mas pode não alcançar a sabedoria,
ao fazer o balanço da sua vida ou avaliação do seu passado e verifica que não fez nada que
valesse a pena, logo surge um sentimento de desgosto pela vida e de desespero perante a morte.
Cada vez mais está a crescer o numero de anciãos que fica inactivo depois da reforma e
marginalizados em relação as decisões da colectividade. A psicologia deve ser em grau de
afrontar esta nova problemática para a integração dos anciãos na sociedade.
Segundo Kohlberg, o carácter moral das pessoas se desenvolve. Significa que o crescimento
moral se faz de acordo com uma sequência do desenvolvimento.
Moral refere-se as normas e regras da conduta social que caracterizam as concepções a respeito
da justiça e injustiça, do bem e do mal. São mantidas ou cultivadas pela força da opinião
pública, hábitos, costumes e educação.
Moralidade pré-convencional
ou pré-moral (0 7/8 anos)
I
II
Questões de reflexão
Bibliografia base
BOCK, A. M. B. FURTADO, O e TEXEIRA, M. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de
psicologias. 14ª ed. Saraiva. São paulo, 2009.
DAVIDOFF, Linda. Introducao `a Psicologia. S . Paulo. Brasil editora Mcgraw-hilLDA, 1987
72
Nenhum Homem nasce como personalidade. Entretanto, cada um de nós nasce como um
projecto (esboço) da personalidade, quer dizer, cada indivíduo ao nascer é um centro de
iniciativas, de buscas e de construções de boas qualidades. Isto significa que cada indivíduo
permanentemente deve trabalhar para a formação da sua personalidade.
A personalidade exprime a totalidade de um ser, tal como aparece aos outros e a si próprio, na
sua unidade, na sua singularidade e na sua continuidade. É o modo relativamente constante e
peculiar de perceber, pensar, sentir, e de agir do indivíduo. Inclui as atitudes, habilidades,
crenças, emoções, desejos, o modo de se comportar e, inclusive os aspectos físicos do
indivíduo.
Endopsiquica: manifesta a dependência interna mútua dos elementos e das funções psíquicas. É
identificada com a actividade psico-nervosa do homem. Relaciona-se com os traços da
personalidade como a receptividade, peculiaridade da memória, percepção, vontade,
pensamento, imaginação, etc. A endopsiquica está condicionada biologicamente, é inata, não
depende das forças do meio.
4.2.1. O Behaviorismo
O homem é considerado vítima passiva do meio ambiente. O ensino e a experiência são blocos
de construção da personalidade.
4.2.2. O Gestaltismo
iii. As partes de uma configuração não mantém sua identidade quando estão separadas da sua
função e lugar no todo
75
Carl Gustav Jung, nasceu em 1875 na Suíça e, vem perder a vida em 1961. Foi formado em
medicina (psiquiatria). Trabalhou seis (6) anos com Freud, nascendo assim, o interesse para o
comportamento humano. Separa-se de Freud em 1913 e elabora a sua teoria denominada
Psicologia Analítica ou dos complexos. A sua psicologia designou-se Analítica porque e uma
psicologia que não procura de isolar funções singulares mas de ocupar-se dos fenómenos que
caracterizam a personalidade na sua totalidade.
1) Aceita a concepção da libido mas como energia psíquica neutra sem conotação sexual;
nega o papel fundamental da libido na origem da sexualidade.
1) Do ponto de vista metodológico, Jung e mais ou menos ecléctico, ou seja, usa elementos
psicológicos, mitológicos, que segundo o autor, esses devem ser considerados porque
encontram representações a nível psíquico.
2) Separa-se ainda de Freud porque segundo Jung, não e necessário considerar somente a
nível psíquico um dinamismo causal mas também finalístico, ou seja, é necessário
considerar que no comportamento existe uma meta a alcançar.
76
Ideia fundamental: no que diz respeito a realidade psíquica ele sublinha a autonomia da
realidade psíquica em relação ao fenómeno fisiológico mesmo se não possível uma separação
nítida entre as duas esferas. Ele fala também da realidade fisiológica como sendo subjectiva
enquanto incide somente para um enquanto a realidade psíquica é objectiva no sentido de que
algumas ideias são partilhadas, por exemplo: simbolismo, arquétipos, etc.
Jung acreditava que somos moldados por nossas metas, esperanças, aspirações em relação o
futuro bem como do nosso passado.
cultura. Jung afirma ainda que o inconsciente pode-se alcançar directamente mas através de
manifestações: Símbolos ou Arquétipos etc.
Arquétipos
São determinantes inatos da vida mental que dispõe a pessoa a se comportar de modo semelhante
ao dos ancestrais que si viram diante da situação análoga. Referem-se a símbolos que tem
características semelhantes independentemente das diferenças culturais: mãe terra, herói, luta
contra o bem e o mal. São formas universais de pensamento dotadas de conteúdo afectivo que
cria determinada imagem de cada indivíduo.
Anima e animus: reflectem a ideia de que cada pessoa de um sexo exibe algumas características
do outro. Anima se refere as características femininas presentes no homem e animus as
características masculinas presentes na mulher. Estas características estão ligadas à imagem ideal
do homem ou mulher que cada um de nós tem em si.
Antes de tudo temos que considerar que segundo Jung todo o indivíduo possui a libido, ou seja
esta energia fundamentalmente biológica, mas é neutra, ela tende à integração dos elementos
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conscientes e inconscientes. Neste caso emerge a aqui a concepção finalística da libido em vez
da função causal.
Auto realização
Por outro lado, a actualização de si realiza-se através deste processo de individuação (tornar-se a
pessoa própria, o actuar-se como pessoa, mesmo como dever moral de cada pessoa). A meta
ideal para tornar-se humano é alcançar a conciliação entre o consciente e o inconsciente
mesmo se, obviamente, um desequilíbrio pode criar dinamismo no próprio crescimento.
Jung desenvolveu um trabalho sobre atitudes que constituem o modo como a pessoa reage aos
estímulos que chegam, são modalidades de acção e existem dois modos fundamentais:
introversão e extroversão . Na primeira atitude o sujeito dirige a sua energia para a seu próprio
interior, tende a ser introspectivo, é guiado por referencias de tipo interior enquanto que o
extrovertido dirige a sua energia para o fora do eu, para eventos e pessoas do mundo exterior.
Nasce em Viena , em 1870, de família hebreia e morre em 1937. O segundo entre 6 filhos,
relativamente gracioso e sofria de uma forma de raquitismo e de criança desenvolveu uma forma
de competição com o primeiro irmão que era génio e sofria também pela limitação física, por
isso desenvolveu uma certa sensibilidade para com os mais necessitados.
De formação era médico, neurólogo, psiquiatra, sociólogo. A sua atitude diante dos doentes era
especial, e rejeitava o facto de mandar os doentes ao neurólogos enquanto este não tinha
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nenhuma lesão e neste caso o neurólogo não tinha instrumentos necessários para resolver o
problema.
A obra fundamental escrita por Adler foi intitulada de o temperamento nervoso . Nesta obra
evidencia a mal estar ou distúrbio psíquico como sendo consequência de uma atitude errada que
o indivíduo adopta diante da lógica no enfrentar a vivência social. Segundo o autor, existe
oposição entre o indivíduo e a sociedade.
Adler entrou também em contacto com Freud em 1911, mas diverge com o Freud porque não
concorda que com a ideia de que a libido seja a única fonte do distúrbio psíquico da própria
personalidade mas diz que a distúrbio psíquico é resultado da afirmação exagerada de si.
Método
Adler é autor da psicologia individual (porque quer sublinhar que o indivíduo é único,
irrepetível e que não é possível isolar um acto, ou acção da totalidade da
personalidade) ou Teoria da unidade do indivíduo indivisível e livre, consciente dos
seus próprios objectivos, responsável nas suas acções.
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Adler acredita que o comportamento humano é determinado por forças sociais e não
biológicas e sugeria que só podemos compreender a personalidade investigando os
relacionamentos sociais e as atitudes que a pessoa tem com os outros.
Segundo Adler, o ser humano tende a realizar a própria personalidade, a própria unidade
e tudo aquilo que o estimula a realizar como unidade é uma necessidade de conservação
(biológica e psicológica) e de realização de si.
Para entender a pessoa, segundo Adler, é necessário entender o fim a que as próprias
actividades tendem. Para entender o fenómeno psíquico precisa entender o fim concreto
que a pessoa está a perseguir.
A sua base de orientação é que o homem possui conjunto de predisposições para reagir de modo
determinado nas diferentes situações, isto é, a personalidade tem um grupo de traços estáveis.
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Liderados por Abraham Maslow e Carl Rogers, os psicólogos humanistas enfatizam o potencial
de crescimento de pessoas saudáveis.
Nesta corrente confluem várias expressões da psicologia que partilham a insatisfação dos
pressupostos deterministas e reducionistas da Psicanálise e do comportamentalismo. A
psicologia humanista constitui-se como terceira força (como foi chamada por Maslow) em
oposição ás duas correntes (acima citadas) que então dominavam. Da psicanálise foi rejeitado o
determinismo biológico, na dinamicidade das pulsões que supera a espontaneidade e a livre
conduta individual enquanto o comportamentalismo foi rejeitado o elementarismo e pelo
objectivismo , que anula aquilo que na esfera da pesquisa psicológica concerne a totalidade e a
subjectividade.
O humanismo é uma orientação teórica que enfatiza as qualidades únicas dos seres
humanos, especialmente sua liberdade e potencial de crescimento pessoal.
Pela sua natureza o Homem tem capacidade para auto aperfeiçoamento ou auto
actualização (uso e explorarão plenos de talentos, capacidades, potencialidades).
Os psicólogos humanistas:
Abraham MASLOW (1908-1970), em 1962, em Broohklin Colleg nos Estados Unidos deu inicio
oficialmente a psicologia humanista.
Necessidade de corresponder o seu potencial pleno e singular. Neste nível o homem orienta-
se a aqueles valores que Maslow chamou de valores do ser (being) e que incluem a beleza, a
justiça, a lealdade. A satisfação destas necessidades dá saúde, enquanto a privação orienta a
patologia.
O psicólogo humanista Carl Rogers concordava com muito do que Maslow pensava. Rogers
considerava que as pessoas são basicamente boas dotadas de tendências para a auto realização.
Cada um de nós é como uma semente, pronta para o crescimento e a realização, a menos que seja
frustrado por um ambiente que inibe o desenvolvimento.
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A contribuição teórica de Rogers, tem sido denominada de fenomenológica. Este estudioso parte
da descrição do Homem considerando o quadro de referencia do indivíduo; descreve o indivíduo
partindo deste seu mundo fenomenológico, daquilo que o indivíduo percebe
Rogers, (1902-1987), na base das suas observações clínicas (1961) refutou a concepção
psicanalítica do conflito de natureza sexual a favor duma concepção positiva do indivíduo.
O indivíduo, denominado de organismo por Rogers, tende em maneira natural á sua própria
realização, de que o organismo é portador, representa o carácter motivacional mais importante da
teoria rogeriana, seja no que diz respeito ao desenvolvimento da personalidade, seja pela
importância no processo terapêutico.
O homem é visto como um ser constituído por varias partes integradas e, por isso, relacionadas
entre si. Rogers parte do conceito de eu (self) para explicar a personalidade humana;
O conceito do eu exprime um modelo interno que se vai formando a partir das interacções que
as pessoas tem com os vários contextos onde se movem. E um padrão organizado de
percepções, sentimentos, atitudes que o indivíduo acredita ser exclusivamente seu.
O eu como objecto de consciência: inclui o conceito de si, o conceito do próprio esquema
corpóreo, o conceito das próprias qualidades, tudo aquilo que o indivíduo sente como seu.
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Para alem do eu, o sujeito organiza uma estrutura: o eu ideal (conjunto de características que a
pessoa gostaria de ser);
Rogers acredita que os seres humanos tem uma tendência natural para a realização, esforço no
sentido de congruência entre eu e experiência.
Questões de reflexão
Bibliografia recomendada
CAMPBELL, John B; HALL, Calvin S. e LINDZEY, Gardner. Teorias da Personalidade, 4.
Ed., São Paulo, Porto Alegre, 2000.
DAVIDOFF, Linda. Introducao à Psicologia. S. Paulo. Brasil editora Mcgraw-hilLDA, 1987
86
Processos Cognitivos: são processos que tem como característica mais saliente representar o
sujeito, um objecto ou fenómeno, em geral, exterior ao próprio sujeito. O seu conjunto constitui a
vida cognitiva ou intelectual. Os processos cognitivos possibilitam o Homem realizar a
actividade mental como a inteligência, capacidades, habilidades, etc. O seu mau funcionamento
compromete a actividade mental. São processos cognitivos:
5.1. Sensação
Fenómeno elementar da consciência resultante da excitação de um órgão dos sentidos
provocados por um estimulo interno ou externo. Consiste em reflectir as características
(propriedades) isoladas dos objectos.
Importância
Tomamos conhecimento do mundo em redor (sons, cores, cheiro, tamanho), graças aos órgãos
dos sentidos. São os primeiros elementos que nos põem em contacto com a realidade e facilitam
a apreensão da mesma. Os órgãos dos sentidos recebem, seleccionam e acumulam a informação
e, transmitem ao cé rebro, surgindo o reflexo adequado do mundo circundante e ao próprio
organismo.
5.2. Percepção
Acto de organização de dados sensoriais pelo qual conhecemos a presença actual de um
objecto exterior: temos consciência da existência do objecto e suas qualidades.
Importância
A percepção está ligada a atenção. A atenção constitui a fase inicial da percepção e a principal
forma de organização da actividade cognitiva. A atenção é indispensável à percepção,
interpretação, compreensão, imaginação, assimilação, recordação e reprodução. Durante a aula, a
atenção ajuda a compreensão da essência das tarefas, ajuda a sua resolução e verificação.
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5.3. Memória
A capacidade de lembrar o que foi de algum modo vivido. Ela corresponde as seguintes
operações ou processos: a aquisição, a fixação, a evocação, o reconhecimento e a localização das
informações resultantes de percepções e aprendizagem. A memória facilita a organização,
fixação e retenção do aprendido, assim como a sua evocação., quando essa informação for
necessária. Não haveria evolução dos nossos conhecimentos se na medida que os adquiríssemos,
os perdêssemos. A memória conserva o passado e permite incorporá-lo na estrutura cognitiva do
sujeito.
A fixação e a evocação serão tanto maiores quanto maior for o significado do material.
Diferentes partes da matéria devem ser relacionadas, matérias diferentes devem ser articuladas.
- A linguagem seria impossível sem a memória, porque para falar é necessário reter as palavras e
o seu sentido;
- A personalidade não existiria sem memória, pois é ela que conserva o nosso passado e permite
incorporar no eu o que se vai leccionando, para organização da personalidade.
Factores do esquecimento:
Vastidão da matéria
Irrelevância do conteúdo
Falta de interesse
Doenças da memória
O tempo (as repetições devem ser curtas): a primeira repetição deve ser na aula.
Cansaço
5.4. Pensamento
Processo cognitivo que permite a resolução de tarefas ( processo de análise e síntese) . Permite
reflectir de forma generalizada a realidade objectiva sob a forma de conceitos, leis, teorias e suas
relações.
Importância
- Ajuda o indivíduo a superar as suas dificuldades desde as mais triviais até as mais
complexas;
5.5. Imaginação
É o processo psíquico cognitivo, exclusivo ao homem, mediante o qual se criam(elaboram)
imagens e noções que não existiam na experiência anterior, ou seja, a habilidade que os
indivíduos possuem de formar representações, construir imagens mentais a cerca do mundo real
ou mesmo de situações não directamente vivenciadas.
Importância
- Permite ao aluno estudar processos, fenómenos inacessíveis para a observação directa, sua
interpretação no quadro de diversas ligações e relações;
-Desenvolve nos alunos a atitude criadora através e da análise e compreensão do actual estado da
ciência
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Questões de reflexão
Bibliografia recomendada
DAVIDOFF, Linda. Introducao à Psicologia. S. Paulo. Brasil editora Mcgraw-hilLDA, 1987
SARAIVA, A. Psicologia. 2ª ed. Plátano editora, Lisboa, 1977.
91
6.1. Emoções
Podemos definir as emoções como estados afectivos intensos e complexos, mas passageiros,
provenientes de reacções psíquicas violentas perante excitantes físicos ou morais. A alegria, o
medo, a cólera, a angústia, a tristeza, etc, são estados que apresentando as características
emocionais provocadas por desordens de tendências, permitem contudo estabelecer distinção
quanto à maneira como as emoções surgem na consciência.
O principal elemento da emoção-choque é a surpresa que provoca uma desadaptação, uma queda
de nível mental, perante acontecimentos imprevistos que surgem bruscamente e não podemos
dominar.
São emoções finas, sujeitas à acção da imaginação que, juntando algumas vezes elementos novos
a um sentimento a principio moderado, acaba por faze-lo atingir uma alta intensidade, dando-lhe
o aspecto emocional.
Como estados afectivos intensos e complexos, nas emoções entram factores de ordem psíquica e
fisiológica aos quais tem sido atribuídas importância e ordem diferentes, a referir:
O estado emocional é por vezes acompanhado de um excesso de energia nervosa que nas
chamadas emoções esténicas ou exaltantes, se propaga a todo o organismo, irradiando pelas
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linhas de menor resistência constituindo o que Spencer chamou lei de difusão da descarga
nervosa, provocando também, as chamadas reacções difusas, como os tremores e os
movimentos desordenados.
Verifica-se assim, que o estado emotivo se encontra dependente ao mesmo tempo do espírito e
do corpo, constituindo um conjunto psicofisiologico.
6.1.4. A ordem dos elementos psíquicos e dos fisiológicos na formação dos estados emotivos
2. Teoria fisiológica ou periférica (Cartesianos, Sergi, Langi e William James): supõe que o
estado afectivo é posterior e provocado pela constatação dos fenómenos fisiológicos. O
que se chamou a expressão da emoção seria na realidade a sua verdadeira causa.
Segundo James sem os fenómenos orgânicos que a seguem imediatamente, a representação não
passaria de um fenómeno puramente cognitivo, pálido, frio, sem calor emocional.
Como já dissera Ribot - a emoção é uma expressão psicológica da vida vegetativa . Além das
condições de enervação admitidas por William James, ainda moderadamente outros psicólogos
puseram em relevo o papel pelas glândulas secretoras, exócrinas e endócrinas. Todos estados
emotivos são acompanhados e seria até precedidos e condicionados por fenómenos de inibição e
excitação glandular.
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A ordem dos elementos no estado emotivo seria então: i)fenómeno representativo; ii)
perturbações orgânicas; iii) emoção como consequência das perturbações.
6.2. Sentimentos
Os sentimentos são fenómenos afectivos mais complexos, nos quais já predomina a actividade
moral que nos vai enriquecendo com os elementos representativos que a imaginação junta ao
elemento inicial que serve de estimulo e que é também de natureza psíquica e não física como na
sensação.
Toda a sensação que se idealiza pode passar a sentimento. Com sensações a arte provoca
sentimentos e, toda a sensação agradável está; ligada alegria, como a desagradável à tristeza.
O sentimento por sua vez, ligado à sensações podendo provoca-las e determina-las, visto que, a
dor moral tem repercursoes de natureza orgânica.
2. A cólera impulsão a infligir dano, ou sofrimento, a quem nos ofende, ou contraria. Admite,
também, graus: impaciência, irritação, exaltação (formas atenuadas), ira, fúria, raiva (formas
extremas).
3. A alegria – é o estado de satisfação motivado por um bem que se desejou e alcançou (posse),
ou que se usufrui sem receio de perder (segurança).
4. A tristeza reverso de alegria, é um estado emocional desejosa de um bem, que não pode
alcançar, ou privada de um bem, que não pode recuperar. Em qualquer caso, resulta sempre de
uma perda de valor, lesão no universo moral.
5. O amor - é a afeição pelo que consideramos ser um bem. Designa o conjunto dos impulsos
atrativos, ou aprovativos (zona do sim). Toma expressões diferentes conforme o objecto para que
se orienta. Há o amor próprio (egoímo), o amor do próximo (altruísmo), o amor-da-pátria
(patriotísmo), o amor-de-Deus (misticísmo).
6. O ódio oposto do amor, a aversão pelo que consideramos ser um mal. Ao passo que o amor
tende sempre a exaltar o seu objecto, o ódio nunca se cansa em denigrí-lo ou destruí-lo. Designa,
assim, o conjunto dos impulsos agressivos ou repulsivos (zona do não)
Psiquicamente, por uma sensação de medo sem causa, que pode ir, e intensidade, da simples
preocupação passar pela ansiedade, ate atingir momentos de aflição e verdadeiro pánico.
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9. Esperança espectativa confiante em bens futuros, que muito desejamos, mas cuja produção
não depende de nós, ou só parcialmente depende.
6.3. A Vontade
Este poder de se determinar e agir após reflexão, com consciência e inteligência, é a forma
superior que caracteriza a actividade humana. É pela vontade que se manifesta a personalidade.
A vontada quando confrontada a escolher entre a emoção e a inteligência, ela opta pela
inteligência. Porque a moção é a espontaneidade, portanto a facilidade. A espontaneidade é
preguiçosa. Ora a vontade não pergunta se é fácil ou difícil, mas se vale ou não a pena.
Olhando os aspectos acima descritos encontaramos vários tipos de vontade: vontade de comer,
de beber, de dormir, de cozinhar, de estudar, de fazer sexo, ir a praia, etc.
Depende da maior ou menor importância dada aos factores que influem na escolha do
procedimento. Se os factores preponderantes são de ordem intelectual (motivos) a vontade liga-
se a faculdade de julgar se esses factores preponderantes são de ordem afectiva (móbeis) a
vontade é o predomínio de um desejo ou a satisfação de uma tendência.
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b) Teoria afectiva da vontade: liga a vontade ao desejo, as tendências, aos elementos de ordem
afectiva que supõe serem os predominantes no momento da deliberação. Para os sensualistas
como Condillac, a vontade representa o desejo mais vivo e intenso.
Outros psicólogos como Wundt, reduzem a vontade a afectividade, dando o predomínio aos
elementos de ordem afectiva, aos móbeis, sobre os motivos.
Questões de reflexão
Bibliografia recomendada
ARESTA, E. Noções de Filosofia. Edições Marâmus. Portugal, 1962.
SARAIVA, A. Psicologia. 2ª ed. Plátano editora, Lisboa, 1977.
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Referências Bibliográficas
Brasil, 2002.