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CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

HIDROCEFALIA CONGÊNITA E ADQUIRIDA EM


CÃES: RELATO DE DOIS CASOS
CONGENITAL AND ACQUIRED HYDROCEPHALY IN
DOGS: REPORT OF TWO CASES

Gabriela Ladeira Silva


Paulo de Tarso Guimaraes da Silva

Resumo
A hidrocefalia é uma anomalia caracterizada pelo acúmulo de líquido cefalorraquidiano (LCR) nos ventrículos, principalmente os laterais,
podendo ser de caráter congênita devido más formações estruturais do sistema nervoso, ou de caráter adquirido, causada por obstruções na
passagem do LCR, provocando seu acúmulo. Os principais sinais clínicos são cegueira, andar compulsivo ou em círculos, estrabismo
ventrolateral bilateral, crânio abaulado e mudanças comportamentais. Além dos sinais clínicos e histórico do paciente, para que a hidrocefalia
seja diagnosticada são necessários exames de imagem, como por exemplo o ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância
magnética. Foi relatado dois casos de hidrocefalia, um de origem adquirida e outro de origem congênita, ambos tratados de maneira clínica,
com medicamentos que auxiliam no tratamento dos sinais clínicos, fornecendo aos animais qualidade de vida. A hidrocefalia é uma anomalia
de caráter crônico, mas quando afeta os animais de forma branda ou quando não é possível seguir com o tratamento cirúrgico, a opção de
tratamento conservador deve ser sugerida, prolongando a qualidade de vida do paciente, evitando a eutanásia como primeira opção.
Palavras-Chave: Acetozolamida; Líquidocefalorraquidiano; Ventriculomegalia;
Abstract
Hydrocephalus is an anomaly characterized by the accumulation of cerebrospinal fluid (CSF) in the ventricles, especially the lateral ones, which
may be congenital due to structural malformations of the nervous system, or of an acquired character, caused by obstructions in the passage of
the CSF, causing its accumulation . The main clinical signs are blindness, compulsive or circular walking, bilateral ventrolateral strabismus,
bulging skull and behavioral changes. In addition to the clinical signs and the patient's history, for hydrocephalus to be diagnosed, imaging tests
are necessary, such as ultrasound, computed tomography and magnetic resonance imaging. Two cases of hydrocephalus have been reported,
one of acquired origin and the other of congenital origin, both treated in a clinical manner, with medications that assist in the treatment of clinical
signs, providing animals with quality of life. Hydrocephalus is a chronic anomaly, but when it affects animals mildly or when it is not possible to
continue with surgical treatment, the conservative treatment option should be suggested, prolonging the patient's quality of life, avoiding
euthanasia as the first option.
Keywords: Acetozolamide; Cerebrospinal fluid; Ventriculomegaly.
Contato: gabrielaladeira18@gmail.com, m.v.paulodetarso@gmail.com

Introdução destacando que a produção de LCR é constante e


por isso, mesmo que ocorra algum bloqueio que
O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um cause obstrução no fluxo do líquido, a produção
fluido biológico de extrema importância para o continuará e a pressão intracraniana tende a
funcionamento ideal do sistema nervoso central aumentar (CUNNINGHAM; KLEIN, 2008).
(SNC), sendo produzido pelos plexos coróides, e
armazenado nos ventrículos cerebrais (cavidades
principais) e entre as meninges pia-máter e
aracnóide (espaço subaracnóide) (DIMAS;
SOLHER, 2008).
Os ventrículos cerebrais estão localizados
no encéfalo e são classificados em ventrículos
laterais, terceiro e quarto ventrículos que se
comunicam entre si e formam o sistema
ventricular (CHAVES et al., 2015). O LCR percorre
um caminho após sua produção, que vai desde os
dois ventrículos laterais, que estão localizados
nos hemisférios cerebrais (CUNNINGHAM;
KLEIN, 2008), segue para o terceiro ventrículo,
através do forame interventricular, e segue para o
quarto ventrículo, passando pelo aqueduto
cerebral, o que pode ser observado na figura 1
(PIEMONTE,1996).
O sistema venoso é responsável pela
absorção do LCR, devido aos vilos aracnóides
que estão localizados no interior dos seios Figura 1- Vista lateral das cavidades ventriculares e sua
venosos, principalmente o seio que se encontra posição espacial aproximada no cérebro, sendo o
na dura-máter. A pressão intracraniana depende caminho percorrido pelo líquor através das setas.
da absorção do LCR pelos vilos aracnóides, Fonte: CUNNINGHAM; KLEIN, 2008

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a influenza canina e o coronavírus felino e
O LCR possui importantes funções no SNC, deficiências nutricionais, como hipovitaminose A
como proteção de lesões físicas, se encontra ao (DEWEY; COSTA, 2017).
redor do cérebro e dissemina a pressão
ocasionada pelo impacto craniano, não afetando
diretamente o tecido cerebral. É responsável por
regular a pressão intracraniana (PIC) e o
ambiente químico do SNC (SÁNCHEZ; AMORIM,
2015).
A hidrocefalia é definida como a presença
do LCR de forma excessiva e anormal no interior
do crânio, promovendo consequentemente a
dilatação dos ventrículos cerebrais (Figura 2). A
sua origem pode se desenvolver de forma
congênita (primária) ou adquirida (secundária)
(FERNÁNDEZ; BERNARDINI, 2010).

Figura 3: Ressonância magnética de um canino no


corte sagital, ponderado em T1, pós-injeção
endovenosa de contraste paramagnético. Observa-se
herniação cerebelar ultrapassando cerca de 0,19cm os
limites caudais do forâmen magno (seta).
Fonte: EISING et al, 2013.

Os sinais clínicos da hidrocefalia congênita


aparecem nos animais antes do primeiro ano de
vida, e pode se manifestar com cegueira, andar
compulsivo ou em círculos, estrabismo
ventrolateral bilateral, que ocorre devido à má
formação crânio-orbital, o crânio também se
encontrará abaulado conforme demonstrado na
figura 4 e pode-se observar nestes pacientes
quadros de crises epilépticas podendo ser tanto
Figura 2 – Imagem ilustrativa pela vista dorsal
comparando dois ventrículos sendo um normal e o
generalizada quanto focais (SILVA, 2017), além de
segundo da direita evidenciando o aumento dos mudanças comportamentais e inquietação, sendo
ventrículos decorrente da hidrocefalia.Fonte: NESI; importante ressaltar que na hidrocefalia congênita,
MOREIRA, 2017. os filhotes são os mais debilitados da ninhada
(DEWEY; COSTA, 2017).
A forma congênita é o tipo mais comum e
mais observado na medicina veterinária, e tende a
afetar principalmente cães de pequeno porte
como as raças Yorkshire Terrier, Maltês, Pug,
Chihuahua, Spitz Alemão, Poodle, Bulldog Inglês
e Pequinês, sendo menos comum em felinos
(DEWEY; COSTA, 2017).
Dentre as manifestações congênitas a
principal causa desse tipo de hidrocefalia seria a
má formação estrutural do sistema nervoso,
destacando-se a ventriculomegalia, onde ocorre
acúmulo do LCR devido uma obstrução no
sistema ventricular ou pela absorção inadequada
do mesmo pelos capilares e vilosidades
aracnóideas. A malformação de Chiari tipo 1
(Figura 3) também é uma causa estrutural, que
causa hipoplasia congênita do osso
supraoccipital(DEWEY; COSTA, 2017).
Figura 4: Cão de raça Chihuahua com hidrocefalia
Outras causas de origem congênita são a congênita, exibindo aumento da calota craniana e
exposição intrauterina à teratógenos e agentes estrabismo ventrolateral bilateral (A).
infecciosos (SILVA et al, 2016), como por exemplo Fonte: DEWEY; COSTA, 2017.

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deve ser igualada a hidrocefalia de forma clínica
Já as hidrocefalias de caráter adquirido (BELOTTA et al, 2013).
destacam-se por formações neoplásica aonde é
enfatizado o meduloblastoma, uma neoplasia
agressiva e metastáticae que se expande em
direção ao quarto ventrículo (FERNÁNDEZ;
BERNARDINI, 2010). Já as neoplasias do plexo
coróide provocam aumento excessivo na
produção de LCR (CHRISMAN et al., 2005).
As doenças de caráter inflamatório que
afetam o SNC, como exemplo, pode-se citar a
meningoencefalite granulomatosa (MEG) é uma
afecção idiopática e possui etiologia
desconhecida, apesar de ser discutida a
possibilidade de origem viral. Atinge cães adultos
de raças pequenas (FERNÁNDEZ; BERNARDINI,
2010).
Outros exemplos de causas adquiridas são Figura 5- Imagens ultrassonográfica de um canino
a hidrocefalia com encefalite periventricular, uma demonstrandohidrocefalia assimétrica de ventrículos
comorbidade rara e de etiologia desconhecida, laterais.
mas que possivelmente seja de origem Fonte: Belotta et al, 2013.
bacteriana, causando o acúmulo de LCR e lesões A tomografia (TC) e a ressonância magnética
inflamatórias no parênquima encefálico, afetando (RM), além de excelentes métodos diagnósticos,
filhotes caninos geralmente até 1 ano de idade, e também auxiliam na descoberta do motivo
com uma rápida evolução (DEWEY; COSTA, primário para o surgimento da hidrocefalia, sendo
2017). possível visualizar através das imagens anomalias
Entender como funciona a pressão congênitas, massas intracranianas ou até mesmo
intracraniana (PIC) é fundamental para um lesões causadas por traumas na região
tratamento adequado de quadros de hidrocefalia, encefálica. É possível observar bem na TC (figura
principalmente quando se trata de pacientes com 6) os terceiros e quartos ventrículos e também os
sinais clínicos agudos. Os matérias intracranianos ventrículos laterais. (BELOTTA ET AL, 2013).
são 80% de parênquima encefálico, 10% de LCR Na RM é possível observar vários planos
e 10% de sangue (GIUGNO et al, 2003). dos cortes anatômicos mostrando pequenas
diferenças no tecido cerebral e uma avaliação
Quando ocorre o aumento de um desses precisa do sistema ventricular (HECHT; ADAMS,
componentes, consequentemente é necessário 2009).
que algum outro diminua. A partir do momento em
que o organismo não consegue compensar a Os benefícios da RM e TC se destacam por
elevada produção de líquor, a PIC aumenta e a ser possível serem realizadas em animais adultos,
perfusão tecidual diminui e ocorre severos danos que possuem as fontanelas fechadas, além de
celulares (GIUGNO et al, 2003). fornecer vários cortes possibilitando a avaliação
de toda estrutura (BELOTTA ET AL, 2013).
Animais hígidos possuem a pressão arterial
sistólica (PAS)entre 110 a 120mmHg (TILLEY;
GOODWIN, 2002) e quando a aferição for maior
que esse parâmetro, pode indicar que a PIC está
aumentada. A hipertensão intracraniana ocorre
pois a artéria basilar que é responsável pelo fluxo
de sangue no encéfalo estaria com a pressão
sanguínea aumentada e consequentemente
aumentaria a PIC (ISOLAN et al, 2012).
O diagnóstico é baseado nos achados
clínicos e exames de imagem podendo ser
realizado ultrassonografia transcraniana (figura 5),
que normalmente é feita em animais jovens, pois
é necessário que a fontanela esteja aberta, isso
fará com que seja identificado a dilatação dos
ventrículos devido ao acúmulo de líquido.
Destacando o fato que a ventriculomegalia não

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dose inicial de 3 mg/kg a 5 mg/kg (TORRES ET
AL, 2012).
O tratamento cirúrgico consiste na
formação de um shunt ventriculoperitoneal, que
tem como objetivo drenar o LCR excessivo dos
ventrículos para a cavidade peritoneal
(FERNÁNDEZ; BERNARDINI, 2010). Uma incisão
é feita na região caudodorsal do osso parietal e
outra na região caudal à última costela, inserindo
o cateter no ventrículo com maior presença de
líquor, será criado um túnel através do subcutâneo
até alcançar a incisão que dará acesso a cavidade
peritoneal, o cateter será fixado na última costela
e na musculatura abdominal (FOSSUM, 2014).
Estudos mostram possíveis complicações
após o procedimento cirúrgico, principalmente a
Figura 6- Dilatação moderada dos ventrículos, TC obstrução do shunt como a principal causa para o
Fonte: BELOTTA et al, 2013. mau funcionamento, infecções devem sempre ser
O tratamento para hidrocefalia pode ser investigadas como possível causa de complicação
clínico ou cirúrgico, o tratamento clínico consiste no shunt e também desconexão do cateter
na redução da produção do LCR, para isso, os (BIGIO; CURZIO, 2015).
fármacos mais utilizados são a prednisona 0,25
Objetivou-se com este trabalho demonstrar
mg/kg a 0,5mg/kg a cada 12 horas durante 14
o tratamento clínico da hidrocefalia, em dois casos
dias ou de acordo com o protocolo médico, os
sendo um de caráter congênito e outro de caráter
corticoides devem ser utilizados com cautela em
adquirido.
pacientes com disfunções renais (DAMIANI et al,
2001). Relato de caso
Quando o uso terapêutico for por longo Foi atendido no dia 10 de abril de 2020 na
período, recomenda-se que não se interrompa o clínica ORTOTEC.VET - DF, um cão da raça
tratamento imediatamente e sim diminuir as Shih-Tzu, fêmea, castrada, com 10 anos de idade.
dosagens de forma gradativa (FERGUSON e Apresentando prurido intenso no ouvido direito e
HOENIG, 2013). A acetazolamida 0,5 mg/kg a 5 uma discreta incoordenação tanto dos membros
mg/kg inibe o sistema de contransporte torácicos quanto dos membros pélvicos. Após a
sódio/potássio, sendo administrada a cada 12 ou anamnese foi realizado o exame físico, otológico e
24 horas no mínimo por 30 dias, mas sendo neurológico, sendo que posteriormente ao exame
normalmente prescrito para uso contínuo (SILVA, o otológico a paciente apresentou um quadro de
2017). crise epiléptica de 10 segundos de duração, não
sendo necessário aplicação de anticonvulsivante
O omeprazol inibe a bomba de prótons, o
e nistagmo horizontal logo após a crise, deixando
que diminui a produção de LCR, usado na dose
a paciente bastante atáxica e apática.
de 10 mg/kg em cães com menos de 20 kg e na
de 20 mg/kg em cães com mais de 20 kg, a cada Foi iniciado o tratamento para a possível
24 horas (FOSSUM, 2014). Salientando que a otite média/interna com prednisolona 1mg/kg por
terapia medicamentosa é usada como paliativo via oral a cada 12 horas durante 7 dias, auritop a
para casos mais leves (DEWEY; COSTA, 2017). cada 12 horas durante 7 dias e sulfadimetoxina e
ormetropim por via oral a cada 12 horas durante 7
Quando a PIC é detectada através da
dias.
aferição da PAM e sinais clínicos como a dor de
cabeça, fraqueza, perda de sensibilidade das Durante o período de tratamento houve
extremidades e dificuldade de deglutição, deve melhora significativa na ataxia, e retorno da
ser rapidamente revertida e os agentes normorexia após 1 semana. Foi realizado os
hiperosmolares são fortes aliados para isso. O exames de hemograma e bioquímico, ambos sem
manitol (500mg/kg a 1000mg/kg) é um diurético alterações.
osmótico que auxilia no tratamento de edema
A paciente foi encaminhada para a
encefálico e consequentemente diminui a PIC,
dermatologista especialista em cavidade auricular,
devendo ser evitado em pacientes com sinais de
que após avaliação solicitou a ressonância
desidratação (SILVA, 2017).
magnética, pois não havia no ouvido nenhuma
Caso o paciente apresente quadros de alteração que justificasse os sinais clínicos
crises epiléticas em consequência à hidrocefalia, demonstrados pela paciente. O exame foi feito e
é prescrito anticonvulsivante como fenobarbital na revelou a presença de tumor na região do
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quiasma, ventriculomegalia acentuada, cisto e com os mesmos sinais clínicos. Devido ao estado
herniação cerebelar (Figura 7 e 8). Apesar de e as crises recorrentes a tutora optou pela
todos esses achados de imagem, a paciente não eutanásia.
apresentava mais nenhum sinal clínico após o
início do primeiro tratamento.
Após o laudo da RM, foi administrado três
doses de DMSO 0,5ml/kg IV a cada 24 horas,
duas semanas de prednisona 1mg/kg a cada 12
horas VO, duas semanas de 0,5mg/kg a cada 12
horas e depois duas semanas de 0,25mg/kg a
cada 12 horas, tendo como objetivo administrar
esses medicamentos para desinflamar e diminuir
o edema encefálico. Após as seis semanas de
corticoterapia a paciente ficou muito bem, em seu
estado normal.
Foi prescrito gabapentina 5mg/kg a cada 12 Figura 7: Imagem de uma ressonância magnética no
horas VO para tratar uma possível cefaleia que a corte lateral de um cãodemonstrando acentuada
paciente apresentava ter, pois aparentava ter herniação cerebelar, neoplasia na região de quiasma e
intensa sensibilidade à luz, mantendo os olhos cisto.
praticamente fechados, e acetazolamida 5mg/kg a Fonte: SCAN, centro de diagnóstico por imagem.
cada 12 horas VO. Após 60 dias de tratamento, a
paciente teve outra crise vestibular com bastante
ataxia, head tilt, nistagmo lateral com fase rápida
para a esquerda e com o apetite diminuído.
A paciente foi internada, aferida a pressão
arterial sistólica de 210 mmHg, então foi
administrada a dose de Manitol 500mg/kg a cada
12 horas intravenoso (IV), DMSO na dose de 0,5
ml/kg dose única e dexametasona 0,5mg/kg a
cada 24 horas IV por três dias consecutivos,
fluidoterapia de manutenção para evitar a
desidratação. A paciente ficou bem após as
medicações.
A cada 30 dias ocorria uma nova crise
vestibular, onde era repetido o protocolo de
medicações a deixando relativamente bem. Em
uma das crises, a paciente começou a apresentar
convulsões focais do tipo mioclônicas com maior Figura 8: Imagem de ressonância magnética no corte
frequência, desta forma foi prescrito fenobarbital sagital de um cão demonstrando a presença de uma
3mg/kg a cada 12 horas por uso contínuo, o que a neoformação na região de quiasma.
deixou muito sedada e por isso foi retirada a Fonte:SCAN, centro de diagnóstico por imagem.
gabapentina.
Após a eutanásia foi realizada a necropsia
A paciente começou a apresentar a pele na (figura 10) a qual confirmou a presença de hérnia
região da barriga mais fina e escurecida e o pelo cerebelar e os hemisférios do telencéfalo estavam
bastante rarefeito, principalmente na região da com aspecto cístico e friáveis, fluindo moderada
cauda, sinais compatíveis com Síndrome de quantidade de líquido translúcido. Ao se realizar
Cushing, devido ao uso constante de corticoides. secções transversais observou-se acentuada
dilatação ventricular dos ventrículos laterais. Além
Foi realizado um novo hemograma e
disso, o restante do encéfalo e as leptomeninges
bioquímico, cuja as alterações foram:
apresentavam vasos moderadamente congestos.
hiperbilirrubinemia 4,99mg/ml (0,1 a 0,3mg/ml),
colesterol também estava aumentado 217,4 mg/ml
(60 a 140 mg/dl). Foi iniciado a medicação
Bezafibrato 2,4mg/kg a cada 12 horas VO durante
60 dias e a alimentação foi trocada para uma
menos calórica, além da inclusão do omeprazol
5mg/kg a cada 24 horas de uso contínuo, com o
objetivo de tratamento da ventriculomegalia, pois
a paciente apresentou uma outra crise vestibular
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magnética (figura 11 e 12), que revelou alteração
congênita dos ventrículos laterais e hemisféricos
cerebrais (hidrocefalia), acúmulo de líquor
supracolicular (divertículo quadrigeminal) com
herniação cerebelar. Após análise da RM foi
conversado a respeito dos dois tipos de
tratamento, o conservador e o cirúrgico sendo
recomendado o tratamento o clínico inicialmente,
como tentativa de melhora do quadro clínico. Foi
prescrito acetazolamida 5 mg/kg, VO a cada 12
horas durante 30 dias, gabapentina 5 mg/kg VO, a
cada 12 horas durante 30 dias, e prednisolona 0,4
mg/ml VO, a cada 12 horas durante 7 dias.

Figura 9: Fotos da do sistema nervoso central após


realização denecropsia, demonstrando dilatação
ventricular dos ventrículos laterais,
Fonte: Laboratório Histopato.

Foi atendido no dia 14 de junho de 2020 na


clínica ORTOTEC.VET, situada na Octogonal/DF,
um cão da raça Yorkshire Terrier, macho, não
castrado, com 2 meses de idade,nascido de uma
ninhada de filhotes consanguíneos cujo os pais
são irmãos, tendo como queixa principal Figura 10: Evidente aumento do volume dos ventrículos
mudanças de comportamento, como choros laterais, simétricos, com comunicação interventricular.
constantes e isolamento. Fonte: SCAN, centro de diagnóstico por imagem.

Durante a anamnese, o tutor relatou que o


cão agia normalmente sem nenhuma alteração, e
relatou um trauma pós queda batendo a cabeça
no chão com bastante força. Após o ocorrido o
filhote apresentou algumas dificuldades
locomotoras como ataxiae incoordenação tanto
dos membros torácicos quanto dos pélvicos,
normalizando o quadro ao longo do dia. É
importante citar que o filhote era o menor da
ninhada. Aproximadamente 14 dias após o
trauma, o paciente começou a demonstrar sinais
de mudanças comportamentais, sendo levado à
uma outra clínica veterinária, a qual foi prescrito Figura 11: Sinais de herniação parcial do cerebelo, com
Cetoprofeno 1mg/kg a cada 24 horas durante 3 compressão do quarto ventrículo, sendo essa possível
dias, apresentando uma leve melhora. restrição da circulação do LCR.
Fonte: SCAN, centro de diagnóstico por imagem.
Mesmo com o uso da medicação o paciente
continuava andando em círculos, esbarrando nos
objetos pelo caminho e vocalizando bastante e Os tutores relataram melhora do quadro
constantemente, visto a não melhora do quadro, o clínico durante o tratamento, inclusive com
paciente foi encaminhado para avaliação com o normalização do comportamento, se alimentava
neurologista. Durante o exame físico foi bem e estava alerta. No dia 30 de junho de 2020,
observado o abaulamento da calota craniana, o tutor retornou à clínica alegando retorno do
estrabismo ventrolateral bilateral e nistagmo andar em círculos sendo então acrescentado
horizontal. Foi prescrito dipirona 25mg/kg a cada fenobarbital 2 mg/kg VO, a cada 12 horas durante
12 horas durante 7 dias por via oral (VO) e 30 dias, e foi recomendado que o paciente fosse
cloridrato de tramadol 1mg/kg a cada 12 horas até a clínica para administração intravenosa de
durante 5 dias VO, foi solicitado ao tutor a dimetilsulfóxido (DMSO), a cada 24 horas durante
realização de ressonância magnética (RM). 3 dias consecutivos.

No dia 16 de junho de 2020, o tutor Após 60 dias do início dos sinais clínicos o
retornou com o resultado da ressonância paciente veio a óbito.

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Discussão Os sinais clínicos se manifestam devido ao
aumento dos ventrículos laterais, comprimindo o
A hidrocefalia é uma anomalia vista na
diencéfalo e causando danos cerebrais
clínica de pequenos animais com bastante
(LAHUNTA; GLASS, 2009). No primeiro caso, a
frequência, sendo caracterizada pelo acúmulo do
paciente apresentou incoordenação ao andar,
líquido cefalorraquidiano, principalmente nos
head tilt, hiporexia e eventualmente nistagmo,
ventrículos laterais. A hidrocefalia secundária ou
sendo este último sinal pouco descrita em animais
adquirida ocorre devido a presença de outras
hidrocefálicos (SILVA, 2017). Outro sinal clínico
doenças, como por exemplo neoplasias ou cistos,
observado foi aumento da sensibilidade luminosa
como relatado no primeiro caso. Essas afecções
quando a paciente era exposta a luz, cerrando os
provocam uma obstrução entre a passagem do
olhos e ficando irritada. Essa manifestação não foi
LCR para o espaço subaracnóide, causando uma
encontrada em nenhuma das literaturas
dilatação ventricular (DEWEY, COSTA, 2017).
pesquisadas, podendo estar relacionada a
Apesar de dificultoso o resultado apontado no
cefaléia que estes animais podem apresentar.
primeiro caso, sugere-se que a presença da
neoplasia tenha sido determinante para a Já no segundo caso, o paciente apresentou
interrupção da passagem do LCR levando a incoordenação no andar, andar em círculos,
formação da hidrocefalia. A hidrocefalia primária estrabismo ventrolateral bilateral e mudanças de
ou congênita é comum em raças de pequeno comportamento, como vocalização e isolamento,
porte que passaram por cruzamentos entre si, além de desde o nascimento possuir o crânio
com o intuito de aperfeiçoar características físicas abaulado e ser o menor da ninhada, insinuando
desejadas, mas que levaram a diversos tipos de hidrocefalia congênita. Quando comparado ao
más formações, além de animais originados de primeiro caso, é observado a ausência de alguns
cruzamentos consanguíneos (LIMA et al, 2017), sinais clínicos como head tilt, hiporexia, tais
tal situação foi a mesma demonstrado no segundo ausências também não são bem definidas na
caso relatado, cujo paciente era filho de pais literatura.
irmãos.
Animais filhotes que possuem a fontanela
Segundo Dewey e Costa (2017), as raças aberta e uma maior vascularização cerebral estão
mais predispostas a desenvolver hidrocefalia são mais susceptíveis a um agravamento dos sinais
Yorkshire Terrier, Lhasa Apso, Spitz, Shih Tzu, clínicos quando sofrem algum tipo de trauma,
Malttês, o mesmo sendo observado em ambos os causando hemorragias e edemas cerebrais
casos relatados, cujos pacientes acometidos eram (JERICÓ et al, 2015), sendo compatível com o
um Yorkshire Terrier e Shih-tzu. De acordo com histórico do paciente no segundo caso, cujos
Przyborowska (2013), os sinais clínicos da sinais passaram a se manifestar após o trauma
hidrocefalia de origem congênita aparecem antes ocorrido com o filhote.
do primeiro ano de vida, sendo demonstrado no
A mudança de comportamento está ligada a
segundo caso, em que os sinais clínicos
provável cefaleia causada devido ao aumento da
apareceram com 2 meses de idade, já os sinais
PIC, deixando os animais mais irritados. É
do primeiro caso começaram a se manifestar com
importante destacar o fato de a hidrocefalia
11 anos de idade o que é descrito e observado em
congênita ser diagnosticada em maior número
casos de hidrocefalia adquirida cuja faixa não é
que a adquirida, de acordo com O’Brien e Axlund
específica, por ser de origem devido a outra
(2010). Essa mudança de comportamento era
comorbidade.
muito bem observada no segundo relato, estando
Existem explicações para a predisposição o animal isolado, evitando contato com os seus
da hidrocefalia em raças de pequeno porte, e de tutores e irmã, sendo este comportamento
acordo com Hoskins (2013) a cabeça do filhote normalizado após início do tratamento.
estaria desproporcional com relação ao tamanho
Como já citado anteriormente, existem
da saída do canal pélvico da mãe durante o parto,
vários tipos de exames de imagem que auxiliam
podendo levar a possíveis inflamações nos
no diagnóstico da hidrocefalia, sendo a TC e a RM
ventrículos e aracnóide, o que provocaria o
os melhores métodos, pois possibilitam uma
aumento ventricular por impedir o fluxo e
melhor avaliação do tamanho ventricular e de
absorção do LCR.
possíveis causas da hidrocefalia (BELOTTA et al.,
De acordo com Thomas (2010), os animais 2013). Ambos os casos foram encaminhados para
que apresentam hidrocefalia congênita a realização da RM, por se tratar de um exame
demonstram os sinais clínicos nos primeiros que possibilita uma excelente visualização das
meses de vida e geralmente são os menores da estruturas anatômicas dos tecidos moles e melhor
ninhada, o que foi relatado pelo tutor no segundo diagnosticar alterações no sistema nervoso
caso clínico, cujo os irmãos eram mais central.
desenvolvidos que o paciente, tendo o tamanho
bem inferior ao que seria ideal na faixa etária.
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Estudos afirmam que apesar de um prevenir danos hepáticos já que o filhote era mais
excelente diagnóstico através da RM, é debilitado desde o nascimento.
necessário uma avaliação como um todo do
Outros medicamentos bastante utilizados
quadro clínico do animal para levar em
para retirar os pacientes dos quadros de edemas
consideração a hidrocefalia clinicamente relevante
e inflamações são o manitol e o Dimetilsulfoxido.
ou se é apenas uma ventriculomegalia
O manitol é um anti-inflamatório e também
desenvolvida em raças predispostas, mas sem
diurético extremamente importante quando um
nenhuma alteração clínica, muito comum em
aumento da PIC é detectado (ESTEY, 2016), pois
braquicefálicos (LAUBNER et al, 2015). Porém em
ele promove a eliminação através dos rins de
nenhum dos casos os pacientes apresentavam
líquido presente nos órgãos, reduzindo
somente a ventriculomegalia, sendo este
consequentemente o edema cerebral e a PIC. Foi
diferencial descartado nos casos descritos.
utilizada uma única dose de DMSO (0,5ml/kg) no
Para o tratamento da hidrocefalia existem primeiro caso, pois a pressão arterial sistólica
as opções de tratamento clínico e cirúrgico e para (PAS) se encontrava alta (210 mmHg), tendo
definir qual será usado, deve ser levado em como referência de parâmetro normal de PAS
consideração o estado geral do paciente, idade e entre 110 a 120 mmHg (TILLEY; GOODWIN,
a causa da hidrocefalia (DEWEY, 2017), outros 2002).
fatores que podem ser levados em consideração e
O DMSO é um potente anti-inflamatório por
foi observado pelos profissionais que optaram
remover da circulação os radicais hidróxidos
pelo tratamento clínico dos dois casos são: se há
livres, diminuindo a destruição celular e a
ou não qualidade de vida e se as alterações
migração de células inflamatórias. Sua ação
clínicas estão sendo controladas com
diurética é usada para diminuir edemas, sendo
medicamentos, e se tudo isso for compatível com
bastante útil para traumas no sistema nervoso
o histórico do paciente, deve-se dar preferência
(ORLATO, 2006). O DMSO foi usado em ambos
para o tratamento conservador.
os casos na dose de 0,5ml/kg, com o intuito
No primeiro caso, além da boa resposta às anti-inflamatório e para diminuir edema cerebral,
medicações, foi levada em consideração a idade prevenindo o aumento da PIC.
avançada da paciente e o fato de ser um quadro
Após tirar o paciente desse quadro
de hidrocefalia adquirida com a presença de uma
inflamatório será administrado as medicações
neoplasia cuja sua remoção era inviável podendo
para controle da produção do LCR, como a
agravar o quadro pós cirúrgico e comprometer a
acetazolamida e o omeprazol de uso contínuo por
qualidade de vida.
exemplo, que consequentemente também irá
O principal objetivo do tratamento controlar a PIC. A acetazolamida é um inibidor
conservador é controlar a PIC, diminuindo a enzimático que inibe a produção da enzima
produção do LCR. Inicialmente deve-se observar anidrase carbônica, responsável pela produção do
o quadro clínico do paciente assim que ele é LCR. Apesar de estudos não mostrarem grandes
examinado, e possivelmente ele estará com um evoluções dos sinais clínicos com o uso da
quadro de inflamação encefálica devido ao edema acetazolamida (SARAIVA, 2016), em ambos os
intracraniano, que leva às diversas alterações no casos obtiveram uma boa resposta no início do
sistema nervoso já descritas anteriormente. Para tratamento. No primeiro caso foi associado ao
retirar o paciente desse quadro inflamatório é tratamento o omeprazol em uma dose 10X maior
indicado o uso de corticoides, como a prednisona que a usada com o objetivo de protetor gástrico,
ou a prednisolona, sendo a primeira utilizada no diminuindo a produção do LCR, porém foi usado
primeiro caso e a prednisolona no segundo caso. por menos de 20 dias, não sendo observada
Estudos mostram que a diferença entre essas melhoras significativas no quadro clínico da
duas medicações seria na sua metabolização. paciente.
A prednisona requer a biotransformação Devido ao aumento da PIC e alguns sinais
hepática para que a prednisolona seja produzida, de irritabilidade, deduz-se que o paciente esteja
então para evitar danos maiores em indivíduos sofrendo com uma cefaleia, que deve ser tratada
que possuem alguma afecção hepática indica-se enquanto a PIC é controlada. A gabapentina é
a sua forma já metabolizada que é a prednisolona analgésico bastante usado para tratamento de dor
(KLASCO, 2012). Segundo Dewey (2017) a crônica e hiperalgesia (FIGUEIREDO, 2012). Em
prednisona é o fármaco que tem sido mais ambos os casos a cefaleia foi tratada com a
utilizado, na dose de 0,25mg/kg a 0,5mg/kg a gabapentina na dose de 5mg/kg, já notando uma
cada 12 horas por aproximadamente de 2 a 4 melhora significativa no comportamento dos
semanas. Foi utilizada a dose máxima no primeiro pacientes, os deixando mais confortáveis e mais
caso, sendo reduzida ao longo do tratamento. No sociáveis, sem a constante dor de cabeça.
segundo caso, por se tratar de um filhote, foi dada
preferência para prednisolona, com o intuito de
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No primeiro caso a paciente teve Agradecimentos
esporádicas convulsões focais do tipo
Agradeço em primeiro lugar a Deus por me
mioclônicas, e no segundo caso o filhote sempre
dar forças e sabedoria para chegar ao final desse
voltava a apresentar o andar em círculos, e por
curso e pela graça de ter escolhido a medicina
esse motivo, nos dois casos foi adicionando na
veterinária como minha profissão.
prescrição uma pequena dose de fenobarbital,
para controlar essas alterações e prevenir crises Agradeço a minha querida família, a meus
epiléticas generalizadas. A paciente do primeiro pais José Maria e Nilza, minhas irmãs Bianca e
caso ficou bastante sedada após o início do Sarah e meu amado noivo Victor, pela paciência e
tratamento com o fenobarbital associado com a ajuda em todos esses semestres, e por
gabapentina, e por esse motivo a gabapentina foi acreditarem em mim e na chegada desse
retirada da prescrição, já que com o uso continuo momento de conquista.
da acetazolamida a PIC deveria estar controlada,
Agradeço a todos os médicos veterinários
fornecendo um maior conforto a paciente.
da clínica Ortotec.vet, que me deram a
Conclusão oportunidade de um estágio tão incrível, que abriu
meus olhos para um mundo de profissionais e
A hidrocefalia é uma anomalia de caráter
tratamentos de excelência dentro da medicina
congênito ou adquirido, sendo que a primeira
veterinária.
forma é mais comumente diagnosticada na rotina
clínica. Acomete principalmente cães de pequeno E agradeço ao meu querido professor e
porte, ocorrendo devido o cruzamento em busca orientador Paulo de Tarso, por toda a parceria,
de características físicas que predispõem essa disponibilidade e conhecimento repassado.
anomalia, além do fator genético do cruzamento
Sem ele a conclusão desse trabalho não seria
entre consanguíneos. A hidrocefalia é um quadro
crônico, mas que com o devido tratamento é possível
possível dar ao animal qualidade de vida.
Os tipos de tratamento consistem no uso
de medicamentos, como os glicocorticoides,
diuréticos e anticonvulsivantes, que devem ser
levados em consideração quando os sinais
clínicos do paciente são mais brandos, e quando
conseguem ser controlado através das
medicações, sendo o procedimento cirúrgico
optado quando não há resposta com o tratamento
clínico e já não há qualidade de vida.
A eutanásia não deve ser levada como a
primeira opção para um paciente diagnosticado
com hidrocefalia, apenas sendo indicada quando
não há resposta com o tratamento conservador e
o proc’’’’’’edimento cirúrgico se torna inviável.
Conclui-se então após o relato dos dois
casos, que animais portadores da hidrocefalia
podem ter uma qualidade de vida prolongada com
o uso das medicações para o tratamento
conservador. O agravamento do quadro clínico de
ambos os pacientes não ocorreu devido a
hidrocefalia, e toda decisão de tratamento deve
ser um consenso entre os tutores e o médico
veterinário responsável pelo caso, sendo discutido
os riscos e o possível prolongamento na
expectativa de vida com a escolha do tratamento
conservador.
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