Agradecimentos
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Problemas de comportamento na sala de aula
Resumo
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Problemas de comportamento na sala de aula
dos alunos. A parte seguinte era composta por quatro itens que procuravam conhecer o
aproveitamento escolar e a capacidade de concentração dos alunos nas aulas.
A terceira parte era constituída por questões resposta aberta, que visavam
compreender a percepção dos alunos relativamente à indisciplina, as suas implicações,
bem como as estratégias para a sua prevenção ou solução.
Relativamente aos principais resultados obtidos, verificou-se que os docentes
estão de pleno acordo na definição do comportamento disruptivo, enquanto o não
cumprimento das regras estabelecidas.
A família, o próprio aluno e a idade, são as causas apontadas pelos docentes
como as mais responsáveis pelo despoletar de comportamentos indisciplinados.
Verificou-se também que os professores dizem recorrer habitualmente ao
estabelecimento de regras, ao diálogo com os alunos, ao aviso aos encarregados de
educação, à punição, bem como a actividades dinâmicas que permitam manter os alunos
ocupados, para remediar e/ou prevenir os comportamentos disruptivos na sala de aula.
Estes resultados vão de encontro ao defendido pelos diversos autores que foram
abordados na nossa revisão de literatura.
Como projecto de intervenção no âmbito da indisciplina, propomos acções de
formação para professores, com intuito de dar a conhecer as implicações subjacentes ao
comportamento disruptivo, bem como um leque de estratégias que visam combater, ou
em ultima instancia, remediar, os casos de alunos com um comportamento
indisciplinado.
Destacamos também o papel do psicólogo educacional, que se revela de extrema
importância na identificação e avaliação de situações problema.
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Problemas de comportamento na sala de aula
Índice
Introdução…………………………………………………………………………….….5
Enquadramento teórico…………………………………………………………………..6
Definição de conceitos…………………………………………………………………...6
Estudo Empírico………………………………………………………………………..34
Métodos………………………………………………………………………………...34
-Objectivo………………………………………………………………………34
-Participante…………………………………………………………………….34
-Instrumento…………………………………………………………………….35
-Procedimentos…………………………………………………………………36
Projecto de intervenção………………………………………………………………...53
Bibliografia……………………………………………………………………………..63
Anexos………………………………………………………………………………….64
Apêndices………………………………………………………………………………83
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Problemas de comportamento na sala de aula
Introdução
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Problemas de comportamento na sala de aula
No que respeita à parte prática, esta consiste num estudo empírico com alunos e
professores duma escola do ensino básico de Portimão.
Inicialmente, definiremos o objectivo do estudo, caracterizaremos a amostra,
bem como os instrumentos utilizados para a recolha de dados e os procedimentos.
Numa segunda parte, apresentaremos os resultados e a sua discussão com base
na revisão de literatura.
Por último, será proposto um plano de intervenção para combater os problemas
de comportamento.
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Problemas de comportamento na sala de aula
Enquadramento Teórico
Definição de Conceitos
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Problemas de comportamento na sala de aula
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Problemas de comportamento na sala de aula
Condicionamento Operante
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Problemas de comportamento na sala de aula
Principio de Premack.
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Contratos de contingência.
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A sala de aula, pelas suas características e pelo tempo que as crianças lá passam,
é um local propício à aprendizagem por modelagem.
A forma como o professor se veste, fala, ou mostra preferência sobre
determinada matéria ou disciplina, influencia muitas vezes o comportamento dos
alunos, tanto no contexto escolar, como fora dele. Os professores são assim modelos por
excelência e sabendo isto, podem orientar as suas aulas e controlar os episódios de
indisciplina com que são confrontados, através das linhas desta teoria.
O professor deverá dar instruções práticas, de uma forma muito simples e
codificada, para que o aluno compreenda claramente qual o comportamento pretendido.
Em seguida, deverá efectuar esse mesmo comportamento devagar, certificando-
se de que o aluno está a compreender todos os passos do comportamento.
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Problemas de comportamento na sala de aula
No contexto escolar, o professor pode propor à criança que dê uma aula sobre
um tema que seja do seu interesse e no decorrer dessa aula, o próprio professor ou um
cúmplice deste, imitará o tipo de comportamentos mantidos habitualmente pela criança,
como por exemplo, fazer barulho, tomar pouca atenção ou falar para o lado.
Na maior parte dos casos, a criança irá sentir-se bastante incomodada e
compreender que este tipo de comportamento não é o mais correcto, acabando
normalmente por o alterar (Silva, Nossa & Silvério, 2000).
O Movimento Humanista
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Problemas de comportamento na sala de aula
O Modelo ABC
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A B C
Comportamento
Antecedentes Consequências
(pistas, instruções) (recompensas ou punições)
Observável Mensurável
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Variáveis sócio-demográficas
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Professores
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Grupo-Turma
A selecção dos alunos para cada turma é feita com base em critérios alheios aos
próprios, uma vez que na sua maioria, são os aspectos sócio-demográficos (como idade
e zona de residência) que irão ser decisivos na escolha dos elementos constituintes de
cada grupo turma. Este facto implica por parte do aluno, um novo processo de
socialização de forma a satisfazer as necessidades de estima e pertença ao grupo.
De acordo com Silva (2001), os comportamentos do indivíduo têm como grande
objectivo a aceitação na sociedade. Quando esse objectivo não é alcançado, isto é,
quando a integração no grupo-turma não é bem sucedida, o aluno experimenta
sentimentos de inferioridade que desencadeiam comportamentos de indisciplina que
visam determinados objectivos:
- Chamada de atenção, motivada pelo desejo de louvores ou críticas, como
forma de obter um determinado estatuto;
- Luta pelo poder a fim de satisfazer o desejo de autonomia em relação aos
adultos, símbolos de autoridade;
- Vingança por se sentir desprezado e magoado pelos outros;
- Incapacidade assumida, motivada pela baixa auto-estima e que pode
manifestar-se em sentimentos de inferioridade, isolamento e uma acentuada
desesperança de sucesso.
Assim, segundo a autora (Silva, op. cit.), os comportamentos indisciplinados
resultam do sentimento de frustração, provocado pela incapacidade do aluno conseguir
alcançar o objectivo a que se propôs inicialmente, ou seja, ser aceite e obter um estatuto
no interior do grupo-turma.
Família
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Alunos
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Problemas de comportamento na sala de aula
1997). O ambiente da sala de aula depende do sucesso desta relação, onde o professor
desempenha um papel muito importante.
Pode dizer-se que a (in)disciplina do aluno depende, entre outros factores, da
forma como o professor encara esta relação (Carita & Fernandes, 1997).
No sentido de haver uma bom relacionamento professor/turma existem 3 estratégias
que ajudam o professor a gerir a sala de aula sendo elas:
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Organização do trabalho
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Reforço Social
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Principio de Premack
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Contratos
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Autogestão
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Punição
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Estudo Empírico
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Métodos
Objectivo do estudo
Participantes
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Instrumentos
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parte visava ter alguns elementos de identificação dos alunos nomeadamente a idade,
nacionalidade, o género, a zona de residência, a constituição do agregado familiar, o
número de irmãos e se era repetente ou não.
A parte seguinte era constituída por quatro itens. A cada item o aluno tinha que
fazer corresponder qual a resposta que mais se adequava. Na primeira questão existiam
seis opções, variando entre “muito fraco” e “excelente”. Nas três questões seguintes, o
aluno poderia optar entre o “sim”, “não” e uma resposta de tendência central..
A terceira parte era constituída por itens de resposta aberta e por duas questões
em que o aluno tinha que optar por uma das respostas.
Finalmente, foi pedido aos alunos que referissem as estratégias utilizadas por
professores, encarregados de educação e alunos, que consideravam eficazes e as que
consideravam ineficazes.
Procedimentos
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Problemas de comportamento na sala de aula
contribuindo, deste modo, para uma riqueza maior de resultados. O mesmo docente
disponibilizou-se para recolher os questionários.
Os instrumentos foram preenchidos voluntariamente pelos inquiridos.
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Docentes
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Problemas de comportamento na sala de aula
Orientador Escolar” e nº 42 ,“Por vezes utilizo o sarcasmo com os alunos para ficar em
pleno de superioridade”, não foram escolhidos pelos professores.
Quanto ao item nº 43, “Sirvo-me do currículo para reflectir sobre o que os
alunos querem e têm necessidade nas aulas”, foi assinalado por 13,33% (N=2) docentes.
Finalmente o item nº 44, “Procuro arranjar tempo para partilhar a estima com os
meus alunos e fazer com que eles partilhem a felicidade e o ressentimento comigo e uns
com os outros”, foi escolhido por 26,67% (N=4) dos docentes.
Assim, o feedback aluno/professor (26,67 % (N=4)), o respeito pelo professor
(26,67 % (N=4)), o encorajamento dos alunos a trabalharem independentemente em
actividades autodirigídas (20% (N=3)) e a demonstração de afecto (amizade) (20%
(N=3)) foram os itens mais apontados.
Em relação à alínea C, nenhum professor seleccionou o item nº1 “Os lugares na
minha aula estão alinhados formato filas”.
Apenas 6,6% (N=1) dos professores seleccionou o item nº2, “Incito os alunos a
falarem espontaneamente, sem precisarem de levantar a mão”.
Os itens nº3 “Não tolero que praguejam” 13,33% (N=2) e nº4, “Quando estão a
estudar, não consinto que falem uns com os outros”, não foram escolhidos pelos
docentes.
O item nº5, “Frequentemente dou a aula de pé, atrás da minha secretária” foi
seleccionado por, 6,6% (N=1) dos professores.
Nenhum docente assinalou os itens nº6, “Deixo que os meus alunos se
descalcem na aula”, nº7, “Acredito que há regras que os alunos e professores devem
seguir no que respeita ao vestuário” e nº8, “Ajo de um modo que os meus alunos
consideram tradicional”.
Apenas 6,6% (N=1) dos professores assinalaram o item nº9, “Ajo de um modo
que os meus colegas da escola consideram tradicional”
Relativamente ao item nº10, “Estimulo os meus alunos a trabalharem
independentemente em actividades autodirigídas” foi escolhido por 40% (N=6)
responderam.
Os itens nº 11, “Permito que os meus alunos decidam sobre o modo como deve
decorrer a aula”, nº 12, “Frequentemente não sigo os meus plenos de aula” e nº 13,
“Retenho os alunos depois do toque de saída quando não se portam bem”, foram
assinalados por 6,6% (N=1) dos professores.
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Problemas de comportamento na sala de aula
Quanto aos itens nº 14, “Conto aos meus alunos muitas coisas sobre mim”, nº
15, “ Não permito que os meus alunos me manifestem desacordo” e nº 16, “Tenho
muita dificuldade em dizer “não sei”, não foram considerados pelos professores.
O item nº 17, “ Peço aos alunos feedback em relação ao meu ensino”, foi
escolhido por 26,67% (N=4) dos docentes.
Em relação ao item nº 18, “Costumo a dizer aos alunos que se calem”, 13,33%
(N=2) dos professores assinalaram-no.
Nenhum docente seleccionou “ Ignoro as faltas de disciplina dos alunos” e “ Eu
vou as festas dos meus alunos”, (nº 19 e nº 20, respectivamente),
No que se refere ao item nº 21, “Gosto de dar concelhos a grupos de alunos de
um modo formal ou informal”, foi considerado por 20% (N=3) dos professores.
Em relação ao nº 22, “Rio-me muito durante as aulas”, apenas 13,33% (N=2)
dos 100% (N=15) dos professores o assinalou.
O item nº 23, “Tenho prazer em trabalhar num grupo”,foi escolhido por 20%
(N=3) dos docentes.
Quanto ao nº 24, “Tenho muito cuidado com os registos das faltas”, 13,33%
(N=2) dos docentes considerou-o.
Relativamente ao nº 25, “Normalmente repreendo os alunos que chegam
atrasados”, apenas 6,6% (N=1) assinalou.
Os itens nº26, “Fico tenso quando alguém vem a minha aula” e nº 27, “Às vezes
permito que os meus alunos me enganem”, não fora considerados pelos prfessores.
O item nº 28, “Gosto de ser amigo dos meus alunos”, foi escolhido por 20%
(N=3) dos docentes.
Em relação ao item nº 29, “Normalmente cumpro os meus planos de aula”
apenas 13,33% (N=2) dos docentes o seleccionou.
Apenas 6,6% (N=1) dos professores assinalaram o item nº30, “Os alunos têm de
me pedir licença para sair da sala”.
Não foram obtidas respostas nos itens nº31, “Permito que os alunos vão às
instalações sanitárias quando querem”, nº32, “Os meus alunos mascam pastilha elástica
e comem na aula frequentemente”, nº33, “Marco lugares fixos aos meus alunos”, nº 34,
“Ameaço com castigos diversos as faltas de disciplina”, nº 35, “Contacto
frequentemente com os pais dos meus alunos”, nº 36, “Não tolero que digam piadas” e
nº 37, “Frequentemente toco nos meus alunos”.
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Problemas de comportamento na sala de aula
O item nº 38, “Espero que os meus alunos me respeitem”, foi assinalado por
6,6% (N=1) dos docentes.
Foi obtido 20% (N=3) de respostas ao item nº 39, “Revejo cuidadosamente o
trabalho feito anteriormente pelos meus alunos”.
Os itens nº 40, “Sinto e actuo de modo diferente dentro ou fora das aulas”, nº
41, “Quando os alunos se portam mal, mando-os para o Concelho Directivo ou ao
Orientador Escolar”, nº 42, “Por vezes utilizo o sarcasmo com os alunos para ficar em
pleno de superioridade” e nº 43, “Sirvo-me do currículo para reflectir sobre o que os
alunos querem e têm necessidade nas aulas”, não foram considerados pelos professores.
Apenas 6,6% (N=1) dos professores seleccionaram o item nº 44, “Procuro arranjar
tempo para partilhar a estima com os meus alunos e fazer com que eles partilhem a
felicidade e o ressentimento comigo e uns com os outros”.
Deste modo, o encorajamento dos alunos a trabalharem independentemente em
actividades autodirgidas (40% (N=6)), o feedback aluno/professor (26,67 % (N=4)),
aconselhar a grupos alunos de um modo formal ou informal e a demonstração de afecto
(amizade) 20% ((N=3)) foram os aspectos a melhorar mais referenciados pelos
docentes.
A aplicação do questionário com o objectivo de atribuir a cada professor uma
categoria de estilo de gestão da sala de aula (autoritário, permissivo, persuasivo e
indiferente) (Grupo II), permitiu-nos constatar que a totalidade (100% (N=15)) dos
docentes da nossa amostra tinham um estilo persuasivo de gestão da sala de aula.
Contudo, consideramos importante mencionar que 13,33% (N=2) dos discentes,
apesar de terem obtido pontuação para o estilo persuasivo, ficaram muito próximos
(com uma diferença de dois pontos) dos estilos autoritário e indiferente.
O Grupo III, composto por quatro questões de resposta livre, teve como finali –
dade obter a opinião dos professores acerca do comportamento indisciplinado, das suas
causas bem como das estratégias mais utilizadas quando confrontados com alunos com
comportamentos disruptivos.
Apesar da ambiguidade do conceito “indisciplina”, na resposta à questão nº 1
“Enquanto professor, o que considera ser um aluno indisciplinado?”, há unanimidade
(100% (N=15)) entre os docentes no que se refere à noção de indisciplina enquanto a
transgressão das regras de comportamento estabelecidas.
Ainda no contexto da noção/representação de indisciplina, colocamos aos
docentes a questão nº2 “A partir de que momento considera que um aluno tem
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Problemas de comportamento na sala de aula
Discentes
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Problemas de comportamento na sala de aula
Relativamente à atenção nas aulas, 54,54% (N=12) alunos referiram que “às
vezes” estão atentos. O “sim” foi assinalado 40,9% (N=9) vezes enquanto o “não”, não
foi assinalado pelos alunos. Apenas 4,54% (N=1) alunos não responderam à questão.
No terceiro item deste conjunto, 63,63% (N=14) dos alunos referem que no final
do dia se lembram da matéria que deram nas aulas enquanto os restantes mencionam
que só “às vezes” se lembram. O “não” não foi assinalado pelos inquiridos.
No que diz respeito às expectativas de futuro, 54,54% (N=12) alunos referem
que “talvez” prossigam os estudos depois de terminar o ensino básico. Dos 100%
(N=22) alunos, 36,36% (N=8) referem que tencionam prosseguir com os estudos
enquanto 4,54% (N=1) dos aluno pretendem ficar pelo 9ºano de escolaridade. 4,54%
(N=1) dos inquiridos não responderam.
Na questão nº5, “Na tua opinião o que são comportamentos indisciplinados?”, a
falta de respeito aos professores é considerada por 68,18% (N=15) dos alunos como
uma das condutas típicas do aluno indisciplinado. A falta de respeito para com os
colegas é também apontada por 31,82% (N=7) dos discentes.
As questões nº6 e nº6.1 tiveram como finalidade não só perceber como é que os
alunos se sentem perante os comportamentos indisciplinados dos colegas, mas também
como reagem.
Assim, perante um colega que manifesta um comportamento indisciplinado,
40.91% (N=9) dos alunos responderam que não ligam, uma vez que é uma situação
recorrente, 22,72% (N=5) afirmam sentir-se mal, 22,72% (N=5) responderam que não
sentem nada, 4,54% (N=1) são da opinião de que os colegas deviam alterar o
comportamento e 9,10% (N=2) não responderam à questão.
Quanto à forma como reagem perante esta situação, 36,36% (N=8) dos alunos
pedem ao colega para alterar o comportamento, 22,72% (N=5) não regem, 22,72%
(N=5) responderam que depende da situação 4,54% (N=1) não reagem por temer
represálias e 13,63% (N=3) não responderam à questão.
À questão nº 7, “Já tiveste comportamentos indisciplinados?”, 59% (N=13) dos
alunos responderam que não, 36,36% (N=8) dos alunos reconheceram que já tinham
sido indisciplinados e 4,54% (N=1) não respondeu.
A questão nº8 teve como objectivo perceber a opinião dos alunos, relativamente
ao modo como os seus professores se sentem e quais as suas reacções, quando um aluno
tem comportamentos indisciplinados.
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Problemas de comportamento na sala de aula
As respostas dos docentes ao Grupo III, que teve com objectivo perceber não só
o que os professores entendem por indisciplina, mas também as estratégias a que
recorrem quando deparados com esta problemática, vão de encontro ao defendido no
enquadramento teórico deste trabalho. Apesar da dificuldade e definir indisciplina em
virtude das diversas representações que lhe são atribuídas, os docentes são unânimes na
definição do comportamento disruptivo enquanto o não cumprimento das regras
estabelecidas.
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Problemas de comportamento na sala de aula
“Não se sentir bem consigo mesmo, não se sentir bem no meio familiar e outras
bem mais profundas.”
Professora do 3º ciclo do Ensino Básico
Silva (2001) aponta a classe socioeconómica do aluno como uma das variáveis
em jogo no comportamento indisciplinado, uma vez que os valores adquiridos pelos
alunos no seio de famílias pertencentes a classes menos favorecidas, nem sempre vão de
encontro aos defendidos pela escola e professores; Lopes (2003), salienta diversas
características dos alunos com problemas de realização escolar que poderão dar origem
a comportamentos indisciplinados; De acordo com Estrela, 1996 (cit. in Silva, 2001) a
faixa etária entre os 13 e os 17 anos é a que revela maiores de problemas de
comportamento (Gáfico 1) .
Embora a variável sexo não tenha sido referida pelos docentes da nossa amostra,
36,4% dos alunos afirmaram que pelo menos uma vez já foram indisciplinados, dos
quais 25% são raparigas e 75% são rapazes.
Esta constatação vai de encontro ao referido no enquadramento teórico: os
rapazes são mais indisciplinados que as raparigas. Isto deve-se sobretudo ao facto dos
agentes de socialização atribuírem uma maior agressividade e rebeldia aos rapazes
(Veiga, n.d., cit. in, Silva, 2001).
100,0%
80,0%
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Problemas de comportamento na sala de aula
Esta perspectiva dos professores vai de encontro à opinião de alguns autores que
defendem que também os alunos devem estabelecer regras para os professores
cumprirem (Carita & Fernandes, 1997). Como se refere na revisão de literatura, o
professor é um modelo do aluno e os maus comportamentos são mais bem aprendidos
que os bons comportamentos (Good & Brophy, cit. in Lopes & Rutherford, 1993). O
estabelecimento de regras funciona como uma estratégia de prevenção do
comportamento disruptivo.
Outra estratégia bastante referida pelos professores é o diálogo com o aluno,
logo após este ter manifestado um comportamento menos aceitável, questionando-o
sobre a sua atitude.
Os nossos resultados permitem verificar que os professores parecem ter modos
diferentes de comunicar com os alunos com comportamentos disruptivos.
De acordo com alguns professores o final da aula é a altura mais indicada para
estabelecer este diálogo. O diálogo poderá promover um bom entendimento professor-
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7
comportamentos
indisciplinado
não
sim
6
4
Count
0
fraco médio bom muito bom
Aproveitamento escolar
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Projecto de Intervenção
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O facto de 40,91% (N= 9), dos alunos terem respondido que não ligam aos
comportamentos de indisciplina na sala de aula, uma vez que é uma situação recorrente,
vem demonstrar a necessidade crescente que tanto teóricos como professores têm
sentido ao longo das últimas décadas de compreender e controlar os comportamentos
indisciplinados. A avaliação e intervenção em alunos com problemas de comportamento
ou aprendizagem, de uma forma coerente e precisa, torna-se deste modo fundamental
para a regularização do ambiente na sala de aula.
A maioria dos professores sabe quem são os alunos perturbadores, mas a simples
consciência do facto não basta. É preciso conhecer melhor o aluno e o seu
comportamento. (Lopes & Rutherford, 1993)
Por outro lado a própria identificação do aluno perturbador não é igual para
todos os professores, o que conduz a que muitos comportamentos sejam identificados
para uns professores como indisciplinados, mas não para outros (Jesus, 1997)
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Problemas de comportamento na sala de aula
Por exemplo quando o professor diz ao aluno “ acaba o teus trabalhos e depois
odes ir lá para fora brincar está a utilizar este princípio.
A utilização deste principio tanto pode ser utilizada para controlar os
comportamentos de cada individuo, como da turma inteira, cabendo ao professor definir
qual dos casos será mais útil para diminuir os problemas e melhorar o ambiente da sala
e consequentemente aumentar a motivação e o rendimento dos alunos.
Para uma utilização eficaz deste principio no combate é fundamental:
É ainda bastante útil em todo este processo que o professor procure moldar passo
a passo o comportamento do aluno e não ser demasiado exigente no inicio, de forma a
que os alunos identifiquem estas como possíveis de realizar, e não como uma tarefa
herculiana.
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Problemas de comportamento na sala de aula
parte integrante do processo, sentindo que têm algum poder ou controlo sobre a
situação.
Para o sucesso da utilização deste tipo de contractos, o professor deve seguir
algumas linhas base de orientação:
O contracto deve ser um documento formal e escrito (anexo 2), especificando
todas as responsabilidades e privilégios das partes envolvidas.
O contracto deve ser assinado e receber o acordo de ambas as partes.
Os termos do contracto devem ser positivos e claros: “ Quando o Pedro
passar uma manhã na aula sem andar à bulha pode ficar mais dez minutos lá fora, no
recreio”, em vez de “se o Joel andar à bulha não pode ter recreio”. O objectivo deste
tipo de contractos é a moldagem de comportamentos através da utilização de reforços
positivos. É sem dúvida possível utilizar contractos prevendo a utilização de reforços
negativos, “se fizeres os trabalhos de casa deixo de implicar contigo”, porém é
preferível formular as questões em termos positivos “se fizeres os trabalhos de casa,
podes sair dez minutos mais cedo para o recreio”), já que isso promove claramente a
relação professor-aluno.
O contracto deve apelar e recompensar a realização e não a obediência. O
que se pretende dizer claramente à criança é que será recompensado pela realização
de uma determinada tarefa e não por obedecer a uma determinação “superior”. Esta
situação, tal como todas as situações de aprendizagem, deve orientar-se para a tarefa e
não para a obediência a uma pessoa, sob pena de, na ausência dessa pessoa, o
comportamento se extinguir rapidamente.
A recompensa deve seguir-se imediatamente ao comportamento contratado.
Os termos de contracto devem ser justos, realistas (isto é possíveis de
cumprimento) e satisfatórios para ambas as partes. Se a tarefa que se exige ao aluno
for complicada e implicar o dispêndio de grande quantidade de energia, a recompensa
deverá corresponder ao esforço exigido.
Apesar de os contratos serem geralmente iniciados pelos adultos, o
envolvimento dos alunos é precioso. Estes deverão dar informação sobre até que ponto
está interessado em levar a cabo a modificação e sobre o tipo de recompensa pelo qual
se dispõe a lutar. (Lopes&Rutherford,1993)
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Problemas de comportamento na sala de aula
Treino Auto-Instrucional
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simuladas, similares às que o aluno interpreta como hostis: um modelo (escolhido pelo
aluno), faz as respectivas atribuições alternativas em voz alta. Seguidamente, o aluno
realiza a mesma tarefa, até compreender quais os tipos de atribuições que deverá fazer
relativamente às diferentes situações propostas (Silva, Nossa & Silvério, 2000 op. cit.).
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Problemas de comportamento na sala de aula
Outra das limitações encontradas, refere-se ao facto dos alunos, poderem não
ter interiorizado o facto dos questionários serem a anónimos, tendo por isso receio que
os resultados fossem dados a conhecer aos professores.
Quanto a erros metodológicos, as questões de resposta aberta fez com que
obtivéssemos respostas muito boas, mas também muito diferentes umas das outras pelo
que o tratamento de dados foi muito trabalhoso.
Para suplantar estas limitações e para prevenir possíveis erros no futuro,
sugerimos a utilização de uma amostra maior, de forma a obter uma maior diversidade,
bem como, uma melhor gestão do tempo para que os instrumentos de recolha de dados
sejam aplicados numa altura propicia e conveniente para todos os intervenientes no
estudo.
Concluindo, consideramos que este trabalho foi uma mais valia para a nossa
formação académica pois para além de termos tido oportunidade de contactar
directamente com a realidade que iremos enfrentar futuramente enquanto psicólogos,
também nos deu uma preparação extra para as futuras tarefas que serão realizadas até à
conclusão do curso.
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Problemas de comportamento na sala de aula
Bibliografia
Carita, A., Fernandes G. (1997) Indisciplina na sala de aula: Como prevenir? Como
remediar?.Editorial Presença. Lisboa
64
Problemas de comportamento na sala de aula
Papalia, D. E.; Olds, S. W.; Feldman, R.D. (1999). O Mundo da Criança. 8ª edição,
Editora McGraw-Hill. Portugal
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