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Escola do SESI Três Lagoas

Comp. Curricular: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


Prof.: Me. GRECHIA, Luciano
JORNADA: SESI em código binário
EXPERIÊNCIA 1: Onde os fracos não têm vez
Atividade – A Geografia do mundo atual

GEOGRAFIA DO MUNDO ATUAL

Moderno e modernização
Os conceitos de moderno e de modernização são fundamentais nas ciências humanas. Por isso,
começaremos tratando um pouco deles, o que nos dará base para as próximas aulas.
Não devemos entender moderno por aquilo que é mais novo ou mais desenvolvido. Essa é a visão do
senso comum. Cada modelo social tem seus pontos positivos e negativos e a sociedade moderna é só um
desses modelos, que começou a se formar na Europa por volta do século XV e se expandiu para o mundo.
Para que fique mais claro como é esse modelo de sociedade ao qual se atribui o nome de moderna,
falemos de três de seus aspectos marcantes: sua economia, sua política e sua cultura.
Em termos econômicos, a sociedade moderna é caracterizada pelo Capitalismo industrial (ou pelo
Socialismo real, também industrial, que existiu na União Soviética e no Leste Europeu). Esse modelo
econômico é marcado:
• pela predominância do trabalho assalariado;
• pela prioridade dada à busca do lucro;
• pelo uso das técnicas industriais (principalmente das máquinas);
• pelo fato de o mercado ser o mais importante mediador das relações materiais entre as pessoas;
• pela separação entre o poder político (que fica nas mãos do Estado) e o econômico (que fica nas mãos dos
capitalistas).
O trabalho assalariado é a relação existente entre os capitalistas, detentores dos meios de produção,
e os assalariados, que não têm meios de produção e, portanto, trocam sua força de trabalho pelo salário pago
pelos capitalistas. A maior importância do salário é justamente o fato de o mercado ter se tornado o maior
mediador entre as pessoas, pelo menos quando se trata do intercâmbio de bens materiais. Isso significa que,
na sociedade moderna, a principal forma de as pessoas terem acesso à maioria dos bens é por meio da
compra.
A busca do lucro é que define o Capitalismo, e podemos explicar sua grande força pela necessidade
que todos os capitalistas têm de constantemente melhorar ou ampliar suas empresas para enfrentar a
concorrência. O investimento dos lucros nas empresas promove a constante melhoria dos meios de
produção, principalmente das máquinas, o que marca o Capitalismo como um modelo econômico de
contínuo aumento de produtividade (velocidade da produção).
Em termos políticos, a sociedade moderna é marcada pela existência do Estado moderno, que, por
sua vez, pode ser caracterizado:
• pela centralização política em um Estado-nação-povos;
• por um sistema burocrático;
• por um sistema político (democrático ou não) de massa, podendo tender ao populismo.
A centralização em um Estado-nação significa que cada Estado representa, ou tende a representar,
um grupo de pessoas que se identifica como uma nação, portanto com identidade nacional marcada por
elementos como a língua, a religião, a cultura e a história nacional.
A burocracia pode ser entendida como um sistema administrativo marcado por forte hierarquia,
ampla divisão de tarefas, conjunto de normas e procedimentos padronizados. Assim sendo, o Estado
burocrático, com sua imensidão de órgãos, normas e funcionários, transforma-se em uma grande “máquina”
que administra a sociedade, em parte de acordo com seus próprios interesses e necessidades.
Em termos culturais, a sociedade moderna é marcada:
• pelo declínio da tradição;
• pela ascensão da cultura de massa;
• pela laicização;
• pela ascensão dos valores ligados ao Capitalismo e ao individualismo.
Territorialidade
O declínio da tradição se deve, principalmente, à diminuição do isolamento cultural de cada
comunidade, o qual, anteriormente, colaborava para a valorização da cultura local. No entanto, pode-se
afirmar que o processo é reforçado pela ascensão da cultura de massa veiculada pelo Estado, principalmente
por meio da educação oficial e pelos meios de comunicação de massa, com forte destaque para o rádio e a
televisão.
A supremacia da cultura de massa sobre a cultura tradicional assume inúmeras formas particulares ,
entre elas o desaparecimento de línguas, manifestações artísticas, histórias e conhecimentos técnicos de
pequenos grupos. Além disso, podemos verificar um processo de laicização no campo público, que significa
que cada religião passa a ter validade apenas entre os seus adeptos, tendendo a ficar em segundo plano
quando se trata de um contexto mais geral, como a política ou mesmo a própria cultura de massa.
O declínio de valores tradicionais e também os ligados à religião, que em tempos passados (séculos e
até mesmo milênios) eram responsáveis pelo entendimento do indivíduo sobre questões de extrema
importância, como o seu papel na sociedade ou seus objetivos de vida, fortalecem os valores ligados ao
Capitalismo (principalmente a valorização do poder aquisitivo) e ao individualismo (priorizando a realização
individual).
Entendido o conceito de moderno como modelo de sociedade, basta dizer que modernização é o
processo pelo qual uma sociedade que tinha menos características modernas passa a apresentá-las em maior
quantidade. Lembrando que isso pode se dar apenas em um ou dois dos aspectos destacados anteriormente,
podendo haver uma modernização apenas econômica, por exemplo.

CATEGORIAS GEOGRÁFICAS

Paisagem
A paisagem não é simplesmente o que se vê, mas, principalmente, a seleção que o olhar de cada um
faz sobre a realidade para gerar a concepção de cada paisagem, ou seja, é o resultado de um processo seletivo
de apreensão. A seleção vai depender da visão de mundo do indivíduo, a qual, por sua vez, guarda relações
diretas com sua formação, sua classe social, suas posições políticas e seus valores culturais.
Além disso, a paisagem não reflete exatamente a realidade, mas sim a sua aparência. Por um lado,
isso significa que ela sempre será um importante começo para se entender determinada área, afinal as
relações entre o ser humano e o meio formaram o que é observado agora. Por outro lado, é preciso ir além da
aparência para entender os processos sociais e naturais que dão origem a cada paisagem. Essa busca se dá,
sobretudo, por meio do conceito de espaço.

Espaço
A Geografia procura estudar a realidade por meio do espaço. Ele pode ser visto de duas formas,
como espaço absoluto e como espaço relativo. A visão do espaço como absoluto considera apenas as
dimensões e a distribuição dos objetos naturais e sociais, não dando importância às relações entre os seres
humanos e tais objetos.
A concepção de espaço como relativo, ao contrário, procura identificar as características de cada
espaço como resultantes das relações entre os objetos que o formam e os seres humanos que o ocupam e o
transformam. Essa concepção é mais rica, por nos possibilitar pensar o espaço como produto e condição da
ação humana.
Entre meados do século XIX e as primeiras décadas do século XX, concepções simplistas sobre o
espaço e sobre as relações dos seres humanos com ele levaram à formação de visões deterministas. Segundo
tais visões, a ação humana seria determinada pelo meio, principalmente pelo meio físico.
Como contraponto das visões deterministas, surgiram as concepções possibilistas, segundo as quais
o ser humano não precisaria ser determinado pelo meio, podendo, na realidade, transformá-lo. O principal
representante dos possibilistas foi o geógrafo francês Vidal de La Blache. Ele acusava o alemão Friedrich
Ratzel de ser determinista, por ter criado a teoria do espaço vital.
Segundo Ratzel, que vivera décadas antes de La Blache, para se desenvolver, cada povo necessitava
de um espaço, no qual encontraria lugar para plantar, minérios para explorar etc. Alguns seguidores desse
geógrafo alemão simplificaram essa ideia e elaboraram o determinismo, defendendo ideias como a de que
apenas em climas frios o homem poderia se desenvolver.
Hoje em dia, distantes daquela polêmica entre deterministas e possibilistas, e deixando de lado as
visões mais simplistas que defenderam cada um dos lados, pode-se perceber que Ratzel e La Blache não
eram tão diferentes. No fundo, para ambos, o ser humano poderia transformar o espaço, mas não poderia
viver sem ele.
Milton Santos, um dos maiores destaques da chamada Geografia Crítica (escola que, a partir dos
anos 1970, inseriu a visão crítica em relação à sociedade capitalista atual nos conhecimentos geográficos),
gostava muito de trabalhar com o conceito de técnica. A técnica é tudo aquilo que o ser humano produz de
acordo com suas heranças culturais e suas necessidades sociais. Desde ler e escrever até construir grandes
cidades ou sistemas de produção e distribuição de energia elétrica.
Com base no conceito de técnica, Milton Santos propõe uma concepção de espaço como sendo um
conjunto indissociável de sistemas de ações e sistemas de objetos . Um ponto interessante dessa concepção
é a ideia de que as técnicas funcionam como sistemas de ações – ou seja, cada ação depende das ações dos
outros agentes – e sistemas de objetos, isto é, cada objeto técnico é parte de um todo, do qual depende seu
funcionamento.

As diferentes escalas
Há dois sentidos de escala em Geografia. O de escala cartográfica, que determina quantas vezes a
realidade foi diminuída para ser desenhada no mapa; o outro é o de escala geográfica, que determina a
abrangência espacial da análise a ser feita.
Há três níveis de escala geográfica: o global, o regional e o local.
A escala local refere-se ao lugar, que, por sua vez, pode ser definido como a porção de espaço com a
qual estabelecemos relação direta em nosso dia a dia. Relação direta, nesse caso, envolve contato dos
sentidos com a paisagem. O lugar é onde as pessoas vivem suas vidas, tanto no sentido de estabelecerem
suas identidades, como também no de sofrerem os problemas sociais e ambientais, como a violência urbana
ou a desertificação.
A escala regional evidentemente se relaciona com a região, que é uma porção de espaço que vai
além do lugar, mas é limitada de acordo com um parâmetro que a análise considere importante; por exemplo,
a economia. Regiões de produção de soja ou de laranja podem ser identificadas, assim como regiões
especializadas em indústrias metalúrgicas ou químicas. O conceito de região também pode ser aplicado a
fenômenos naturais, como a região de clima tropical úmido do Brasil.
A escala global envolve o planeta como um todo e é hoje importante para compreender muitos dos
fenômenos que atingem as regiões ou os lugares. Crises econômicas que levam milhares a perder o emprego
em uma região do mundo podem ter sido originadas em outra muito distante. A problemática do
aquecimento global é um bom exemplo para se pensar na relação local-global. É no local que as pessoas
provocam tal aquecimento e também sofrem suas consequências, mas é no global que ele se dá como
fenômeno.
EXERCÍCIOS

1) O modo de produção capitalista, como outro qualquer, é formado por forças produtivas e relações de
produção. Esses seus elementos definem suas regras de funcionamento. Essas regras, por sua vez, são
contraditórias, levando às conhecidas crises econômicas. Considerando os fundamentos do Capitalismo e
suas contradições, assinale a alternativa incorreta.

a) A propriedade privada é um elemento fundamental do Capitalismo, uma vez que é sobre ela que se apoia a
divisão de classes sociais e, consequentemente, a produção da mais-valia por meio do trabalho assalariado.
b) Por ser uma economia na qual todos são livres para vender sua força de trabalho e comprar a dos outros,
existe no Capitalismo uma grande concorrência, com a qual todos são beneficiados e que, necessariamente,
leva à diminuição da desigualdade social.
c) Na economia de mercado, característica do Capitalismo, cada trabalhador produz mercadorias para serem
utilizadas por outros, que as consomem.
d) Uma das formas de verificarmos a luta de classes no Capitalismo é na disputa entre capitalistas e
proletários pela distribuição do excedente produzido, isto é, enquanto as outras condições de produção
continuarem as mesmas, quanto maior o salário dos trabalhadores, menor a mais-valia por ele produzida,
portanto menor o lucro do empresário.
e) A desigualdade é uma característica constante no Capitalismo, gerada pela busca necessária de lucros.

2) (Unimontes 2011) Para o entendimento dessa categoria geográfica, Santos (1986) sugere que deve ser
considerada “como um conjunto de relações realizadas através de funções e de formas que se apresentam
como testemunho de uma história escrita por processos do passado e do presente”.
Milton Santos. Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1986.

A qual categoria geográfica se refere o texto?

a) Lugar.
b) Espaço.
c) Território.
d) Paisagem.

3) (Enem 2011) A introdução de novas tecnologias desencadeou uma série de efeitos sociais que afetaram os
trabalhadores e sua organização. O uso de novas tecnologias trouxe a diminuição do trabalho necessário que
se traduz na economia líquida do tempo de trabalho, uma vez que, com a presença da automação
microeletrônica, começou a ocorrer a diminuição dos coletivos operários e uma mudança na organização dos
processos de trabalho.
Revista Eletrônica de Geografia Y Ciências Sociales. Universidad de Barcelona. n. 170(9), 1 ago. 2004.

A utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras alterações no mundo do trabalho. Essas mudanças
são observadas em um modelo de produção caracterizado:

a) pelo uso intensivo do trabalho manual para desenvolver produtos autênticos e personalizados.
b) pelo ingresso tardio das mulheres no mercado de trabalho no setor industrial.
c) pela participação ativa das empresas e dos próprios trabalhadores no processo de qualificação laboral.
d) pelo aumento na oferta de vagas para trabalhadores especializados em funções repetitivas.
e) pela manutenção de estoques de larga escala em função da alta produtividade.
4) (UPE 2013) Considere o texto a seguir.
O espaço geográfico, ao contrário do espaço natural, é um produto da ação do homem. O homem, sendo um
animal social, naturalmente atua em conjunto, em grupo, daí ser o espaço geográfico eminentemente social.
[...] A ação do homem não ocorre de forma uniforme no espaço e no tempo. Ela se faz de forma mais
intensa em determinados momentos e nas áreas, onde se pode empregar uma tecnologia mais avançada ou
em que se dispõe de capitais mais do que naquelas em que se dispõe de menores recursos e conhecimentos.
Daí a necessidade de uma visão do processo histórico, levando-se em conta tanto o processo evolutivo linear
como os desafios que se contrapõem a este processo e que barram ou desviam da linha por ele seguida. Para
melhor compreender o processo de produção do espaço geográfico, é indispensável a utilização de conceitos
hoje largamente aceitos nas ciências sociais, como os de modo de produção e de formação econômico-
sociais. Ao analisarmos a evolução da humanidade e da conquista da natureza pelo homem, temos que
admitir que esse começou a produzir o espaço geográfico na ocasião em que pôde abandonar as atividades de
caça, pesca e coleta como principais e passou a realizar trabalhos agrícolas e de criação de animais. Claro
que a passagem foi feita lentamente e que o homem, transformado em agricultor e criador de animais,
continuou a caçar e a pescar, como faz até os dias atuais, mas essas atividades, antes exclusivas, tornaram-se
complementares.
Manuel Correia de Andrade. Geografia Econômica. São Paulo: Atlas, 1987. (Adapt.).

É correto afirmar que o autor, no texto que você acabou de ler:

a) opõe-se à posição filosófica assumida pelos geógrafos que defendem a Geografia Crítica.
b) estabelece os mais importantes princípios que norteiam o Determinismo Geográfico, uma das correntes
fundamentais da Geografia Clássica, que explica a produção do espaço geográfico.
c) defende que o espaço natural, por suas características particulares, assemelha-se ao espaço social e que
deve ser estudado pela História e pela Geografia.
d) advoga que a produção do espaço geográfico é uma função dos níveis técnico e econômico em que se
encontra a sociedade.
e) propõe que, para o equilíbrio do Sistema Terra, é necessário os seres humanos retornarem às atividades
extrativas, especialmente a caça e a pesca, e também à agricultura tradicional.

5) (Uerj 2014)

As mesmas forças produtivas engajadas no desenvolvimento


extensivo e intensivo do capitalismo produzem tanto a integração
como a fragmentação. As muitas variações de formas sociais de
vida e de trabalho, compreendendo grupos e classes, etnias e
minorias, nações e nacionalidades, religiões e línguas, são
frequentemente recriadas.
Octavio Ianni. Sociedade global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1999.
(Adapt.).

A ilustração e o texto expressam diferentes pontos de vista acerca do processo de globalização. Essa
diferença se manifesta pela contradição entre:

a) polarização e dispersão econômica.


b) elitização e popularização financeira.
c) homogeneização e diversidade cultural.
d) especialização e flexibilidade profissional.
e) heterogeneização e concentração econômica.

Autoavaliação

Critério de avaliação desta aula 


( ) Compreender as mudanças na geografia do mundo atual sendo geopolítica, geofísica e/ou geohumana.
( ) Relacionar as mudanças técnicas e científicas que alteraram “as formas das coisas”.
( ) Explicar as categorias geográficas: Paisagem; Espaço; Território; Lugar; Região.

Capacidade socioemocionais

( ) Capacidade de se adaptar a situações novas, assimilando mudanças.


( ) Sou capaz de me adaptar a situações novas.
( ) Sou capaz de internalizar mudanças.
( ) Sou capaz de encarar as mudanças.

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