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Resumo do texto “Rousseau: Da servidão à liberdade” de Milton M.

Nascimento.

Aluno: Eudes Gomes Azevedo


Matricula. 20170142599

O pensamento do filósofo Rousseau possui na sua essência um tom de


natureza incômoda para seus contemporâneos. De início, sua crítica tem como
objetivo questionar a verdadeira função das artes e das ciências de sua época.
Segundo Rousseau, tais áreas não estariam, de certo modo, desempenhando um
papel positivo no tocante às suas influências na sociedade. As ciências e as artes
deveriam proporcionar um espirito mais voltado à moral e à virtude. Teria
acontecido, segundo o filosofo, uma corrupção produzida pelas ciências e pelas
artes no tocante a uma prática recheada de orgulho e presunção por parte daquele
que difundiam “as luzes do conhecimento”. Surgiram assim, uma proliferação de
vícios, e a partir desses, uma série de crimes promovidos pela forma equivocada
que os detentores do saber praticavam. Rousseau propunha não uma extinção das
instituições artísticas e cientificas, mas sim, um olhar voltado que desperte um
pensamento estruturado numa natureza baseada no bem comum, e não no
egoísmo de um bem individual.
Esse, portanto, é o perfil que delimita a atividade de escritor do filósofo
Rousseau. Uma proposta centrada na virtude ante à reputação, objeto de título e
honraria dos seus contemporâneos. Nessa mesma linha de raciocínio, o pensador
inicia a base de suas ideias. Elege como ponto de partida a questão da liberdade,
ou melhor, da servidão à ela. Sua infância, visto os fatores que lhe ocorreram,
contribuíram para a estruturação de seu pensamento. Identificando, desde cedo, as
desigualdades que permeiam as relações humanas desde sua origem. Como
também, observando a presença de tal elemento nas conjunturas políticas e a
corrupção da moral como produto da cultura de sua época. A partir de seu contato
com a realidade política e social de seu tempo, Rousseau inicia sua obra sob
influencias, também, de pensadores como Voltaire, o qual ele se envolve em ideias
que polemizam a relações dos dois.
Em 1755, Rousseau publica a obra “Discurso sobre a origem e os
fundamentos da desigualdade entre os homens”. Nessa obra, o pensador apresenta
um método bem distinto para estruturar a sua ideia sobre a origem da história da
humanidade. Porque a distinção? Tal distinção reside nas relações de seu
pensamento com os de Espinosa e Hobbes, nesses, a base de suas ideias levavam
em consideração o homem imerso no universo de sua realidade civil, com todos os
deveres que as instituições estatais lhe impuseram, como também, todos os fatos
advindos consequentemente dessas relações produzidas por tal realidade.
Rousseau, pelo contrário, destitui o homem de todos os fatos e hábitos, deixa-o
despido de todos os acessórios que a sociedade lhe coloca. Segundo ele, todos
esses fatores não agregam nada à pesquisa a qual se propõe a iniciar. Sabe ele
que, ao ignorar as condições de transformação do homem, estaria o homem
reduzido apenas ao seu estado natural, ou seja, a verdadeira liberdade, a qual, hoje
se encontra à serviço da servidão do homem às consequências de sua própria
concessão. Pois, no estado civil que o homem se encontra, ele se depara com a
questão da propriedade, efeito esse, que contribui, segundo o autor, para sua
servidão, quando a formação da sociedade lhe trouxe outros desafios, e com esses,
a constituição da desigualdade entre seus semelhantes.
Rousseau, desenvolve tal ideia com uma natureza hipotética sobre a
humanidade. Portanto, apenas com essa suposta ideia do homem no seu estado
natural, se é possível compreender o problema da liberdade humana. Ao viver em
sociedade por uma livre concessão, como antes dito, o homem conheceu a
propriedade, e com ele, a ambição surgiu de forma automática. Foi posto à prova, a
necessidade de igualdade, fator imprescindível para a convivência em sociedade,
porém, essa tentativa foi sucumbida pela diferença provocada entre as condições de
fortes e fracos, ambas, produto natural da perda da liberdade que existia na
condição do estado natural do homem. Dessa forma, segundo Rousseau, surge um
domínio do rico sobre o pobre, um estado de sujeição hierárquica e social,
legitimando assim, a desigualdade. Isso se deu a partir de um suposto pacto
proposto pelo rico.
Para Rousseau, o homem natural possui duas faculdades naturais
predominantes para a formação da sociedade, são elas a necessidade de
sobrevivência e a comiserabilidade, ambas, condicionam o homem a uma possível
segunda natureza, ou seja, aquela que pela passagem para natureza civil, se
desenvolve a partir de uma racionalidade necessária e, consequentemente, origina
a moral. Legitimando nesse sentido, a formação da sociedade, em seguida, a
criação do Estado e suas instituições.
Diante dessas consequências, as quais, segundo Rousseau, produziram a
desigualdade a partir do surgimento da propriedade, o pensador lança sua obra
“Contrato social”, nela, ele admite que o homem natural realmente “nasce livre”,
porém, “por toda parte se encontra a ferros”. A partir desse pensamento, Rousseau
propõe uma solução para o problema da desigualdade entre os homens. Na sua
hipótese quanto à história da humanidade ele pensou o homem na sua condição
natural de liberdade, destituído da sua condição social. Agora, com o Contrato
social, ele busca reorganizar as relações sociais do homem e propor um dever
mútuo para todo o funcionamento político da sociedade. Segundo ele, existe sim,
uma servidão à liberdade, porém, ainda não possui uma resposta quanto ao
momento que tal evento surgiu, mas, se diz apto a resolver a questão dessa
“legitimação” da desigualdade. Para ele, o que falta é um pacto realmente legitimo.
Aquela capaz de devolver ao homem uma liberdade agora civil, a qual, lhe foi
subtraída na sua condição no estado de natureza. Agora, existe um corpo soberano,
o mesmo tem no contrato social a função de ordenar o funcionamento do organismo
político, gerir a estruturação da propriedade, condicionando assim, a autonomia da
liberdade civil, devido a alienação de toda propriedade de cada contratante. A
soberania emanaria do próprio povo. O povo, portanto, seria o instrumento de
elaboração das leis e, em contra partida, o próprio regulado por essas leis criadas.
Estaria assim, instituída a autêntica liberdade civil, aquela em consonância com os
anseios do próprio povo. Estando a igualdade no topo da pirâmide hierárquica das
leis, reinaria a soberania não de um só indivíduo, ou de alguns, mas de todos.
A vida política na sociedade, a partir desse pacto legítimo, estaria também
pautada na igualdade oriunda do corpo político agora fundado. Por outro lado, o
Estado e suas instituições não teriam um status autônomo, seria esse segundo
Rousseau, um funcionário do soberano. Onde o povo estaria no controle da
máquina política, essa, funcionando a partir de uma alienação completa da
propriedade, de modo que qualquer que fosse o modo de governo, a soberania do
povo não seria afetada. Entretanto, o pensador atenta para o risco permanente da
degeneração dessa estrutura, pois, ele reconhece uma constante existência de uma
vontade particular ameaça a vontade geral. Portanto, a questão central para solução
da desigualdade, consiste em promover a manutenção soberana da liberdade civil,
em detrimento à força da propriedade. Como também, o tênue limite que separa a
soberania do povo com o papel do estado como, apenas, funcionário desse
soberano.
Por fim, o contrato social carece de constante renovação e, ao mesmo tempo,
manutenção de seus fundamentos. Principalmente, se tratando do funcionamento
político numa sociedade. Teria que ser assim, antes de mais nada, uma pratica
política também legitima. Onde a liberdade jamais pudesse sucumbir à propriedade,
e assim, retorná-la à servidão.

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