Disciplina: Física 2
Iremos discorrer sobre o estudo de uma única espira transportando corrente imersa
num campo magnético. A figura 1 mostra um motor elétrico simples, formado por uma
única espira transportando corrente imersa em um campo magnético B. As duas forças F
e -F produzem um torque sobre a espira, tendendo a girá-la em torno do seu eixo central.
Figura 1
Figura 2
Figura 3
𝐹2 = 𝑖 ∗ 𝑏 ∗ 𝐵 ∗ sen(90° − 𝜃) = 𝑖 ∗ 𝑏 ∗ 𝐵 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜃
O torque tende a girar a espira de modo a alinhar o seu vetor normal n com a direção
do campo magnético B. Esse torque possui um braço de alavanca igual (b/2)*sinθ, em torno do
eixo central da espira. A intensidade do torque devido à F1 e F2.
𝑏 𝑏
𝜏 ′ = (𝑖 ∗ 𝑎 ∗ 𝐵 ∗ ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃) + (𝑖 ∗ 𝑎 ∗ 𝐵 ∗ ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃) = 𝑖 ∗ 𝑎 ∗ 𝐵 ∗ 𝑏 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃
2 2
Suponha que seja substituída agora a única espira de corrente por uma bobina de N
espiras - bobina plana. O torque total sobre a bobina é:
𝜏 = 𝑁 ∗ 𝜏 ′ = 𝑁 ∗ 𝑖 ∗ 𝑎 ∗ 𝐵 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = (𝑁 ∗ 𝑖 ∗ 𝐴) ∗ 𝐵 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃
Figura 4
1.1) Momento de Dipolo Magnético
Uma bobina que transporta corrente pode ser descrita pelo vetor momento de
dipolo magnético µ. A direção de µ é a mesma do vetor normal ao plano da bobina:
𝜇 = 𝑁 ∗ 𝑖 ∗ 𝐴;
𝜏 = 𝜇 ∗ 𝐵 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃;
⃗⃗ .
𝜏⃗ = 𝜇⃗ ∗ 𝐵
⃗⃗
𝑈(𝜃) = −𝜇⃗ ∗ 𝐵
Figura 5
2. Lei de Biot-Savart
Figura 6
𝜇0 𝑖 ∗ 𝑑𝑆 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃
𝑑𝐵 = ∗
4𝜋 𝑟²
𝜇0 𝑖 ∗ 𝑑𝑆 𝑥 𝑟⃗
𝑑𝐵 = = ∗
4𝜋 𝑟²
𝜇0 ∗ 𝑖 𝑑𝑆 x 𝑟⃗
𝐵= ∮ (𝑙𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐵𝑖𝑜𝑡 − 𝑆𝑎𝑣𝑎𝑟𝑡)
4𝜋 𝐶 𝑟 2
Hans Christian Oersted publicou os seus resultados, mas limitou-se a uma análise
qualitativa do fenômeno. Após a publicação, outros cientistas foram incentivados a
pesquisar sobre o assunto e então dois físicos franceses Jean-Baptiste Biot e Félix Savart
foram capazes de deduzir uma lei que descrevia matematicamente o campo magnético
que era gerado, lei essa que passou por vários estudos e modificações e quando foi
finalizada, passou a ser conhecida por Lei de Biot-Savart.
Vamos usar a lei de Biot- Savart para mostrar que o módulo do campo magnético
a uma distância perpendicular R de um fio retilíneo longo (infinito) percorrido por uma
corrente i é dado por:
𝜇0 ∗ 𝑖
𝐵=
2𝜋𝑅
Existe uma regra da mão direita para determinar a orientação do campo magnético
produzido por um elemento de corrente. Para aplicarmos a regra da mão direita devemos
apontar o dedo polegar na direção do condutor, para onde a corrente elétrica estiver
correndo, e em seguida fechamos a nossa mão. A direção e também o sentido em que os
dedos se fecharem apontam também a direção e o sentido do campo magnético.
3. Lei de Ampère
Com base nos estudos de Oersted, o físico André Marie Ampère desenvolveu uma
lei sobre a interação magnética entre dois fios transportando correntes paralelas.
Figura 7
Como div B = 0, as linhas de força magnéticas são necessariamente fechadas
(possivelmente no infinito). Um exemplo são as linhas de forças circulares em torno de
um fio retilíneo com corrente como na figura 7. Logo, a circulação de B ao longo de uma
linha de força fechada é necessariamente ≠ 0 (positiva ou negativa conforme a orientação
que se dê ao elemento de linha dl). Para uma curva fechada C qualquer orientada (mesma
orientação da figura 8), a circulação (que pode ser chamada de força magnetomotriz) é:
∮ 𝐁 ∗ 𝒅𝒍 > 𝟎
𝐶
∮𝐁 ∗ 𝒅𝒍 = 𝒌 ∗ 𝒊
𝐶
𝑁
[B] = 𝑚
𝐶∗
𝑠
𝐶
[i] = 𝑠
𝑁 𝑁
[k] ➔ 𝐶 2
= 𝐴²
( )
𝑠
∮𝐁 ∗ 𝒅𝒍 = 𝝁𝟎 ∗ 𝒊
𝐶
𝑁
Onde, 𝝁𝟎 é a constante de permeabilidade no vácuo e vale 4π ∗ 10−7 𝐴²
Figura 8
Aplicando a lei de Ampère no interior da distribuição de corrente, a uma superfície
S limitada pelo contorno C, teremos:
̂ ∗ 𝒅𝒔
∫ 𝒋∗𝒏
𝑺
̂ ∗ 𝒅𝑺
∮ 𝐁 ∗ 𝒅𝒍 = ∫ 𝒓𝒐𝒕𝑩 ∗ 𝒏
𝐶 𝑺
Onde a convenção sobre a orientação da normal 𝑛̂ é a mesma nos dois casos. Logo,
̂ ∗ 𝒅𝑺 = 𝝁𝟎 ∫ 𝒋 ∗ 𝒏
∮ 𝐫𝐨𝐭𝐁 ∗ 𝒏 ̂ ∗ 𝒅𝑺
𝐶 𝑺
O que tem de valer qualquer que seja o S, somente se rot B = 𝜇0 * j. Essa restrição
a correntes estacionárias está embutida na forma local da lei de Ampére. Com efeito, para
qualquer vetor vale a identidade.
𝑑𝑖𝑣 𝑟𝑜𝑡 𝐵 = ∇ ∗ (∇ x v) = 0
Logo,
4. Indução eletromagnética
O uso em larga escala da energia elétrica, que revolucionou toda a sociedade
industrial, tornou-se possível graças à descoberta, por Faraday, do fenômeno da
indução eletromagnética.
Consideremos uma única espira C de fio, imersa num campo magnético B e orientada
como mostra a figura 9.
Figura 9
O fluxo de B através da espira é:
Φ
̂ 𝒅𝑺
𝒄 = ∫𝒔 𝑩∗𝒅𝑺 = ∫𝒔 𝑩∗𝒏∗
Figura 10
As superfícies das bases 𝑆𝑡 , 𝑆𝑡+𝑑𝑡 e 𝑆𝑙 , formam um cilindro fechado, então
temos, desenvolvendo cálculos a equação final seguinte da lei da indução:
𝑑𝛷𝑐
∮𝑐 𝐸 (𝑒) ∗ 𝑑𝑙 = 𝜀 = −
𝑑𝑡
Situação 2: Circuito C fixo e B variável
Se o circuito C permanece fixo e é B que varia com o tempo, não há mais
força de Lorentz sobre os elétrons, mas a experiência mostra que o resultado
permanece válido:
𝑑 𝑑 𝑑𝐵
𝜀=− Φ𝑐 = − ∫ 𝐵 ∗ 𝑑𝑆 = − ∫ ∗ 𝑑𝑆
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑆 𝑆 𝑑𝑡
∮𝑐 𝐸 ∗ 𝑑𝑙 = ∫ 𝑟𝑜𝑡 𝐸 ∗ 𝑑𝑆
𝑆
Como o resultado vale para qualquer que seja o circuito C, temos que:
𝑑𝐵
𝑟𝑜𝑡 𝐸 = − (𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑢çã𝑜)
𝑑𝑡
Interpretando esse resultado, temos que um campo magnético variável com
um tempo produz um campo elétrico não mais eletroestático.
Tais conhecimentos sobre esses comportamentos distintos descritos acima
contribuiu para a formular a teoria da relatividade restrita onde usou-se o exemplo
da ação recíproca entre um imã um condutor onde descrevia tais comportamentos. O
fenômeno só depende, neste caso, do movimento relativo entre o condutor e o imã,
mas descrição usual estabelece uma distinção marcante entre os dois casos, conforme
um ou outro destes corpos se mova. Se o imã se move e o condutor está em repouso,
surge na vizinhança do imã um campo elétrico com uma energia definida, que produz
uma corrente no condutor. Mas, se o imã estiver parado e o condutor em movimento,
não aparece um campo elétrico na vizinhança do imã. Entretanto, no condutor,
aparece uma força eletromotriz, a qual produz (supondo que o movimento relativo é
o mesmo em ambos os casos) correntes elétricas idênticas às que aparecem no caso
anterior.
5. Corrente de Focault
Se uma espira condutora é solta em queda livre sobre um imã permanente, a corrente
i induzida criará um dipolo magnético que tenderá a ser repelido pelo imã,
produzindo uma força F de freiamento da espira (figura 11), análoga a uma força de
atrito viscoso.
Figura 11
Na figura 12, temos um pêndulo metálico suspenso de um ponto P que ao oscilar
penetra em uma região com um campo magnético, perpendicular ao papel e dirigido para
baixo.
Figura 12
Podemos observar que em (a) serão induzidas no disco metálico correntes que
tendem a se opor à variação do fluxo através dele. Essas correntes, denominadas correntes
do Foucault, equivalem a uma força de atrito viscoso tendente a freiar o disco, como se
ele estivesse penetrando um fluído viscoso (como o mel).
É possível diminuir esse efeito cortando uma série de fendas no disco do pêndulo,
com vemos em (b). Assim, reduzimos muito o fluxo nas partes metálicas, e ao mesmo
tempo obrigamos cada corrente a percorrer um caminho mais longo, aumentando a
resistência e, consequentemente, diminuindo a intensidade das correntes de Foucault
induzidas.