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MODELAGEM HIDRÁULICA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO

OPERACIONAL E EFICIÊNCIA OPERACIONAL

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Modelagem hidráulica como ferramenta de Gestão e
Eficiência Operacional

Categoria: Automação e Eficiência

Autor(es):

Adriana Cardoso – Cadastro/Projetos


Higor Casteglione – Cadastro/Projetos
Jocimar de Assis Alves – Operação de Redes
Marcus Vinícius Pereira Barrêto – Cadastro/Projetos.

Nome da Unidade de Negócio:


DS: Guilherme Paschoal
DC: Denis Lacerda

Resumo:
Operar um sistema de abastecimento de água de uma cidade de forma eficiente e organizada é algo complexo, que
exige conhecimento do sistema, busca por soluções inovadoras e acertadas decisões para cada evento. Distribuir
água tratada aos clientes é algo importante por ser um Processo de Negócio da organização. Para tanto, o
abastecimento contínuo se dá pela realização de boas práticas e inovações que contribuem para que o negócio e
objetivo da organização sejam alcançados. O sistema de abastecimento de água de Cachoeiro de Itapemirim possui,
em sua malha de redes, a extensão de 610,8 km de redes de água, distribuídas em níveis de altimetria diferenciadas
que aumentam o cuidado da operação. Operar este sistema exige soluções rápidas. Antes, para qualquer
eventualidade que fosse necessário intervir no sistema, contava-se com a experiência de integrantes e aplicação
direta no sistema sem a devida apuração dos impactos nas áreas de influências. Após o início da análise operacional
pela modelagem e simulação hidráulica de forma dinâmica, foi possível visualizar e saber os impactos que surgiriam
por determinadas ações necessárias e agir com a melhor solução para cada caso. A gestão operacional do sistema
de abastecimento traz importantes contribuições para que objetivos estratégicos da organização sejam alcançados.

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1. Situação anterior

Anteriormente, a análise e gestão operacional do sistema de abastecimento de água de Cachoeiro de


Itapemirim eram limitadas ao conhecimento prático, empírico, individualizado. Não havia utilização de um
ferramental que possibilitasse respostas mais eficazes e rápidas às situações de emergência como, por
exemplo, vazamentos, desabastecimentos, perdas, ou possíveis melhorias operacionais como
reconfiguração de áreas, instalação e reavaliação de sistemas de bombeamento, instalação de válvulas e
outros dispositivos, dentre outros identificados no sistema.

Os estudos de modelagem hidráulica para melhorias dos sistemas focavam áreas específicas e melhorias
globais em termos de perdas e eficiência operacional para cenários futuros.

As ocorrências do dia-a-dia ainda eram avaliadas e tratadas pontualmente por meio do empirismo,
experiência e conhecimento prático das equipes na tentativa de solucionar os problemas da melhor forma
possível. Dessa forma, era comum o gasto prolongado de tempo na busca por solução ou causa raiz de
problemas relacionados a vazamentos ou desabastecimentos pontuais.

Por exemplo, as ações de manobras de registros (abertura e/ou fechamento), para eventuais manutenções
ou reconfigurações de áreas, o rastreio de possíveis pontos de vazamentos, a identificação de uma possível
falta d’água eram realizadas a partir do conhecimento prático.

2. Melhorias e ações incorporadas

A utilização de um software gratuito de modelagem e simulação hidráulica que permite simular as mais
diversas condições operacionais e em tempos diferentes é a ferramenta que passou a ser utilizada para, de
forma dinâmica, conhecer o comportamento hidráulico do sistema de abastecimento de água de Cachoeiro e
servir de base para tomada de decisões.

Conhecer o comportamento hidráulico do sistema pela utilização do software, que gera informações, por
exemplo, de pressão e vazão, permite que, em toda operação necessária que seja feita no sistema real, os
possíveis resultados sejam visualizados mesmo antes de serem executadas as intervenções.

A modelagem e a simulação do sistema tornaram-se uma ferramenta para gestão e análise operacional do
sistema de abastecimento de água, a partir da modelagem hidráulica produzida para o Programa de
Redução de Perdas e estudos de melhorias.

3. Origem do conhecimento

• Interna: Pela educação pelo trabalho. Para utilizar a ferramenta para gestão e análise operacional
do sistema, após utilizar o software para a modelagem e simulação a fim de propor melhorias, com
o conhecimento adquirido pela prática destes estudos, foi possível desenvolver competência,
capital intangível, para proceder com análises que, aplicadas, trazem benefícios para a operação
do sistema.

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4. Descrição

O processo de gestão e análise do sistema de abastecimento de água acontece pelo surgimento das
necessidades de operação. A Figura 1 descreve as etapas deste processo.

ETAPA DESCRIÇÃO
Conferência da configuração do sistema de abastecimento correspondente à área de análise
no software de modelagem matemática (redes de distribuição, reservatórios, conjuntos
ETAPA 01
moto-bombas, mini booster's) bem como de todas as informações inerentes importantes
(diâmetro da tubulação, comprimento, cotas de nível)
Identificação e localização da interferência (vazamento, perdas, novo empreendimento) na
ETAPA 02 operação do sistema
Inserção no modelo hidráulico a informação (interferência) da ser avaliada. Após a
ETAPA 03 simulação da nova condição, o modelo fornecerá uma série de dados a serem analisados.
Com o resultado da simulação dada, verificação do impacto daquela interferência no
sistema (desabastecimento, aumento de pressão, redução de pressão, configuação de áreas
ETAPA 04 de influência).
Proposição de melhorias (setorização de áreas, inserção de válvulas redutoras de pressão,
construção de redes, instalação de registros, reconfiguração de área de influência,
ETAPA 05 instalação de mini booster, etc.)
Figura 1: Processo de gestão e análise do SAA.

Quando se faz necessário reduzir a pressão, em função das pressões estarem acima da capacidade nominal
da tubulação, faz-se o lançamento de uma válvula controladora de pressão que simule a pressão reduzida
para, com o resultado da simulação, verificar se a área de influência desta válvula continua atendendo dentro
dos requisitos estabelecidos em norma para o sistema de abastecimento de água.

Ao ser necessário proceder com uma manutenção de redes de água e ter que paralisar o abastecimento,
para saber quais ruas ficarão sem água bastará, informar qual válvula será fechada, realizar a simulação e
logo após será possível ver quais ruas ficarão sem água para realização da manutenção. Este procedimento
é importante para deixar os clientes informados sobre um possível desabastecimento em função do tempo de
parada para manutenção de redes.

Ao querer utilizar a água de outro Centro de Reservação que não o utilizado ou mesmo de reservatórios
diferentes dentro do mesmo Centro de Reservação, com o lançamento dos devidos comandos e informações
na modelagem, após a realização da simulação, já será possível proceder com as análises.

A análise é possível também quando se faz necessário avaliar um potencial cliente, seja, uma nova indústria,
um novo loteamento, um hospital, ou um aumento da demanda é possível verificar qual impacto trará para o
sistema.

A utilização da modelagem hidráulica no sistema de abastecimento de água, com a aplicação para análise do
sistema, tornou-se um mecanismo de resposta às diversas situações operacionais.Descrever objetivamente
a metodologia, etapas de execução, prazos, equipe de trabalho, etc.

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5. Composição da equipe

A equipe é formada por integrantes da área de Cadastro/Projetos, composta pelo Coordenador de Redes,
por dois Analistas de Planejamento de Redes e um Desenhista que recebem as demandas da área
operacional para análise das intervenções pelo sistema de modelagem e simulação conforme demonstra a
Figura 2.

Figura 2: Composição da equipe

6. Equipamentos, insumos e instalações envolvidas

Para análise operacional do sistema são utilizados os equipamentos de informática, como computador e
softwares específicos.

Os equipamentos utilizados, Figura 3, para análise do sistema são:

• Computador;
• Programa de modelagem e simulação hidráulica;
• Programa para sistema de informações geográficas;
• Programa para elaboração de planilhas e gráficos.

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Figura 3: Equipamentos utilizados

7. Problemas observados

A principal dificuldade apresentada com relação ao trabalho foi de consolidar e dar credibilidade ao uso de
uma ferramenta de modelagem hidráulica como apoio eficiente à tomada de ação operacional, quebrando o
paradigma do conhecimento prático/empírico (por vezes tentativa/erro).

Obviamente, a empresa preza muito pela experiência de cada um dos seus integrantes para andamento e
solução das atividades e problemas do dia-a-dia. Contudo, é cada vez mais necessária a agilidade e
eficiência, frente às demandas atuais.

Com os resultados positivos apresentados pelas situações solucionadas a partir da modelagem hidráulica, a
prática tem ganhado cada vez mais força junto às equipes operacionais como forma de resolver questões
cotidianas de maneira mais eficiente e produtiva.

8. Desenhos, esquemas, quadros, tabelas

A Figura 4 refere-se ao Mapa de Processo da Odebrecht Ambiental Unidade Cachoeiro de Itapemirim. Dentre
os Processos do Negócio, a Distribuição de água tratada indicada por uma elipse em vermelho contribui de
forma significativa para servir aos clientes e aliado ao processo a gestão operacional do sistema de
abastecimento de água traz importantes contribuições para que objetivos estratégicos da organização sejam
alcançados.

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Figura 4: Mapa de Processos

A Figura 5 apresenta os elementos essenciais para uma análise operacional de sistemas de abastecimento
de água. A composição da operação necessária a ser realizada, com a alimentação dos dados no software
de modelagem e a simulação hidráulica, vai apresentar os resultados que serão analisados resultando na
gestão operacional do sistema de forma eficiente e eficaz pelas decisões tomadas.

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Figura 5: Composição dos elementos de uma análise operacional

9. Custos incorridos

Para início do processo de análise operacional do sistema de abastecimento de água de Cachoeiro de


Itapemirim, com a utilização da ferramenta de modelagem e simulação hidráulica, além de comprovadamente
apresentar resultados condizentes do sistema, não houve custos incorridos e/ou investimentos com a
aquisição do software por se tratar de um software livre e confiável.

10. Produtividades alcançadas

A Figura 6 mostra uma área de configuração do sistema existente do Centro de Reservação do Aquidaban.

Figura 6: Configuração atual do CR Aquidaban

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A fim de proceder com uma possível reconfiguração do sistema, anteriormente seria necessário realizar
várias operações em campo até que se chegasse à configuração desejada. Estas operações poderiam gerar
um desabastecimento temporário no sistema, mas que seriam suficientes para provocar reclamações e
insatisfações por parte dos clientes.

Em vez de, in loco, proceder com as operações diversas para saber como o sistema iria funcionar pela nova
configuração, pelas ações que seriam feitas em campo, ao lançar na modelagem hidráulica e realizar a
simulação foi possível, após a análise se chegar a uma nova configuração ideal do sistema como mostra a
Figura 7 sem mesmo ter feito nenhuma intervenção, de fato, no sistema.

Figura 7: Nova configuração do CR Aquidaban

A nova configuração do sistema, analisada através da simulação, é definida pelo estudo e, por meio desta
análise, foi elaborado o planejamento para realizar as interferências no sistema. Os recursos e materiais são
alocados e, com o startup das ações, é possível realizar o controle de cada operação verificando,
comparando e analisando se os resultados esperados pelo planejamento estão sendo alcançados. O nível de
informação que se tem para operacionalização do sistema é muito maior que se tivesse que in loco proceder
com todas as operações sem saber quais resultados alcançar.

Na Figura 8 e Figura 9 pode-se visualizar o comportamento de duas válvulas redutoras de pressão operando
no sistema. Observa-se que as válvulas não estão operando de acordo com o que se espera de uma válvula
redutora de pressão. Estes gráficos indicam as pressões de montante, em azul, e jusante, em cor vinho, das
válvulas. As pressões de jusante indicam que estas válvulas estão desreguladas.

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Figura 8: Comportamento da VRP 1 – Rua Luíza Barbuth, bairro Parque das Laranjeiras.

Figura 9: Comportamento da VRP 2 – Rua Luíza Barbuth, bairro Parque das Laranjeiras.

Foi observada a necessidade de proceder com alguma melhoria para que estas válvulas pudessem voltar a
operar dentro de suas normalidades. Após a realização da simulação, foi verificado do comportamento do
sistema, a área de influência destas válvulas e o modo esperado de operação da válvula. Assim, após a
simulação e análise do sistema, vimos que poderíamos trabalhar apenas com uma válvula, podendo
desativar a outra sem prejuízo para o sistema.

11. Resultados obtidos

11.1 Imagem da organização

A pesquisa de satisfação para avaliação da imagem referente ao ano de 2014 da Odebrecht Ambiental
unidade Cachoeiro de Itapemirim teve um resultado de 92%, conforme mostra a Figura 10. Este resultado era
buscado e é muito positivo por ser o Relacionamento Institucional um dos Processos Estratégicos da
organização.

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Figura 10: Avaliação geral da Odebrecht Ambiental Cachoeiro de Itapemirim (Fonte Ibope).

A análise operacional do sistema, sem a necessidade de realizar intervenções em campo, contribui para que
a consolidação da atuação e imagem da empresa seja positiva na pesquisa de satisfação, realizada
anualmente junto aos clientes, uma vez que permite o planejamento das ações, de forma a evitar transtornos
excessivos aos mesmos.

11.2 Operação de válvulas de controle de pressão

Ao proceder com os devidos monitoramentos em campo, após a realização das intervenções sugeridas pela
análise operacional do sistema, é possível verificar e comparar os resultados obtidos dos dados simulados.

Havia em campo um caso de duas válvulas redutoras de pressão instaladas em paralelo em duas redes que
se conectavam por um barrilete a jusante das válvulas. Após realizar a simulação e análise do sistema, foi
proposta a ação dos procedimentos para operação de apenas uma válvula, quando antes eram duas. A
Figura 11 mostra o comportamento da válvula após o início da operação sugerida. Pode-se observar a
pressão de montante em azul e a pressão de jusante em cor vinho. Após o início da operação, foi feito
monitoramento da válvula, que verificou funcionou conforme esperado.

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Figura 11: Comportamento da VRP 1 após o início da operação indicada.

Para este caso, haviam duas válvulas inoperantes que poderiam ser desativadas sem conhecer as devidas
causas, impactos no sistema e ainda com a possibilidade de gerar custos com a substituição das válvulas.
Com a análise operacional do sistema pela modelagem e simulação hidráulica, foi possível ter, neste caso,
uma economia ao deixar de substituir duas válvulas redutoras de pressão de 200 mm, sem ter sido
necessário realizar nenhum investimento, e ainda com a possibilidade de reutilização da válvula que foi
desativada em outro sistema.

11.3 Reconfiguração do sistema

A reconfiguração do sistema ocorre em função de ter uma melhor operação do sistema podendo ser por
diferentes razões.

Operando por distribuição em marcha, a adutora que envia água, por sistema de bombeamento do
reservatório Pulmão na Ilha da Luz para o Centro de Reservação do Aeroporto, abastece os clientes ao
passar pelos bairros, Teixeira Leite, Valão e parte do bairro Vila Rica. A nova configuração, proposta pela
análise do sistema, distribui água para estes bairros por gravidade a partir do reservatório Km 90.1, conforme
mostra a Figura 12, proporcionando economia com os custos de manutenção de redes, em função de
vazamentos, e de energia, uma vez que a nova configuração reduz a vazão bombeada e elimina uma
unidade de bombeamento no bairro valão.

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Figura 12: Distribuição gravidade dos bairros Teixeira Leite, Valão e parte do Vila Rica

Outra importante reconfiguração do sistema, analisada, foi retirar a distribuição em marcha operada pelo
conjunto de bombeamento do reservatório Pulmão e pelo conjunto de bombeamento do Centro de
Reservação do Aquidaban, conforme mostra a Figura 13. Na nova configuração, há apenas a distribuição por
gravidade, que proporciona redução do consumo de energia, redução de pressões nas redes e redução no
número de vazamentos, aumentando a eficiência do sistema.

Figura 13: Comparativo da configuração atual e a nova configuração do CR Aquidaban.

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11.4 Operacionalização de reservatórios

Com o início da operação do reservatório de 1.500m³, construído no Centro de Reservação Km 90 para


operar em conjunto com os dois reservatórios de 500m³, conforme mostra a Figura 14, foi avaliado o
comportamento dinâmico e definida a operação conjunta destes reservatórios.

Figura 14: Operacionalização dos reservatórios Km 90.1

11.5 Eficiência operacional

A análise operacional, pela utilização da modelagem hidráulica como ferramenta de gestão, contribui para a
eficiência operacional no processo de distribuição de água tratada, que é um dos Processos do Negócio da
organização. É eficaz no que diz respeito ao saber o que teria que ser feito de forma correta, e eficiente em
permitir maximizar a utilização dos recursos com economia.

A análise operacional do sistema é uma verificação feita por parte dos integrantes, capital intangível da
organização, sendo que os resultados podem ser verificados pela operação a cada necessidade, podendo
gerar economia de recursos financeiros e tempo na operação do sistema de abastecimento de água, fazendo
com que a cada intervenção necessária os recursos sejam utilizados eficientemente, maximizando as ações
operacionais.

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12. Áreas de aplicação

A utilização da modelagem e simulação hidráulica como ferramenta de gestão e análise operacional é


aplicável nas diversas unidades da Organização Odebrecht, nos sistemas de abastecimentos de água pelas
áreas de manutenção e operação de redes.

“Servir, criar e inovar exigem a busca permanente de


alternativas (variantes) que satisfaçam as
necessidades do Cliente e, ao mesmo tempo,
ampliem a contribuição de cada Pequena Empresa à
Sobrevivência da Organização.”

Norberto Odebrecht - 1997

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