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"Deus revelou-se progressivamente a seu povo com "Todo o que quiser ser salvo, antes de tudo é ne-
diversos nomes, mas é a revelação do nome divino cessário que se mantenha a fé católica. Se alguém
feita a Moisés, na teofania da sarça ardente, pouco não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida,
antes do Êxodo e da Aliança do Sinai, que se tornou a perecerá para sempre. A fé católica é que venere-
revelação fundamental para a Antiga e a Nova Alian-
ça." (204) mos um só Deus na Trindade e a Trindade na uni-
dade, não confundindo as pessoas e nem separan-
do as substâncias, pois uma é a pessoa do Pai,
O Deus inefável (infalável, impronunciável, que não
cabe em palavra humana) deu-se a conhecer. "Eu sou outra é a pessoa do Filho, outra a pessoa do Espí-
aquele que sou", este foi o nome dado a Moisés. Im- rito Santo, mas uma só é a divindade do Pai, do
portante recordar que naquela época, as pessoas cri- Filho e do Espírito Santo igual a glória coeterna e
am que invocar o nome do deus significava a presença majestade. Qual o Pai, tal o Filho e tal o Espírito
dele, então, o nome quer dizer "eu sou aquele que está
convosco". Saber o nome do deus, de certa forma ser- Santo, incriado o Pai, incriado o Filho e incriado o
Espírito Santo, incomensurável o Pai, incomensu-
via também para que os homens os controlassem. Porém,
causou fortes controvérsias teológicas. De- Deus diz a Moisés: 'eu sou aquele que está contigo, confie
pois que o uso desse acréscimo já estava na minha presença, eu ouvi o clamor do meu povo'.
amplamente difundido, o sínodo de Aachem
em 809, pediu a Leão III que o 'Filioque' fos- Assim Deus, embora escondido, mergulhado no mistério, se
se acolhido no Símbolo de toda a Igreja. O faz próximo aos homens. E presente ao longo da história.
Papa não acolheu o pedido, não porque re- Sua presença real, concreta e encarnada é Jesus Cristo.
pudiasse a fórmula, mas porque não queria Desta forma, dizer que Jesus Cristo é o Senhor é fazer a
acrescentar algo ao Símbolo transmitido identificação entre Jesus e Adonai, Javé, o Deus do Antigo
pela tradição. Mais tarde, o imperador Henri- Testamento.
que II, por ocasião de sua coroação no ano
1014, obteve de Bento VIII que, em Roma,
durante a missa se cantasse o Símbolo da "A revelação do nome inefável "Eu sou aquele que sou" con-
fé com o acréscimo do 'Filioque'. Enfim, nos tém, pois, a verdade de que só Deus é. É neste sentido que
concílios ecumênicos de Lião II (1274) e de já a tradução dos Setenta e, na rasteira deles, a Tradição da
Florença (1439), foi reconhecido tanto pelos Igreja compreenderam o nome divino: Deus é a plenitude do
latinos como por alguns gregos."
A dificuldade está no verbo usado pelos gregos. O Cre-
do original, em grego, traz o verbo proceder, que os
latinos traduzem por proceder (descender, ter origem
em), mas, em grego, ele significa uma espécie de fonte
primeira. Desta forma, os gregos não aceitam dizer que
o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, pois isto
equivaleria a dizer que Deus tem duas fontes. E a Re-
velação traz claramente que o Pai é a fonte de tudo, é
ele que manda o Filho e o Espírito Santo. Nesse senti-
do, os gregos têm razão quanto ao Filioque.