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O objetivo é que motivar e instigar a buscar mais informações e conhecimento sobre os tópicos deficiência e educação
especial.
2. Aspectos científicos
Referências
Ficha Técnica
1. Aspectos históricos
Olá!
Você sabia que ela não é recente e passou por diversas transformações durante os
séculos XVIII, XIX, XX e XXI? Muitas das mudanças foram impulsionadas por
movimentos sociais e científicos que reivindicavam mais igualdade entre todos os
cidadãos, assim como a superação de qualquer tipo de discriminação e exclusão das
pessoas com deficiência.
As autores Roberta Jannuzzi (1992) e Eniceia G. Mendes (1995) assinalam períodos
distintos caracterizados por mudanças na concepção de deficiência. Processos
históricos que produziram e significaram, em diferentes etapas da constituição da
nossa sociedade e cultura, uma relação repleta de preconceitos, estereótipos,
estigmas, os quais desencadearam os tão conhecidos extermínios, exclusão, expulsão
e segregação como tentativa de eliminação de tal problemática.
Na Idade Antiga, as pessoas com deficiência eram abandonadas, caçadas e abolidas
devido às suas condições atípicas. Uma exclusão radical daqueles que não
representavam o ideal de perfeição cultuado nas sociedades existentes. Segundo
Aranha (2001), em Esparta, os fracos, imaturos e os defeituosos eram eliminados
propositalmente, pois a sociedade não tinha lugar para os improdutivos, estando fora
dos dois grupamentos sociais existentes os senhores, poderosos político, econômico e
socialmente e os serviçais e escravos.
Já, na Idade Média, a maneira como lidavam com a deficiência variava conforme as
concepções de filantropia ou punição predominantes na comunidade em que a pessoa
com deficiência estava inserida, o que era também uma forma de exclusão. A criação
e o desenvolvimento do Cristianismo e as tentativas de propagar a crença de que
todos são filhos de Deus não alteraram muito a situação de exclusão, até porque os
maiores desmandos foram causados pela própria Igreja. A sociedade ainda se
relacionava com o diferente segundo a organização sócio-política-econômica
dominante (Estado e Igreja), associando-se às crenças religiosas e metafísicas, que
ora exterminavam as pessoas vistas como diferentes, ora as puniam por serem
representações de possessões demoníacas, ora mantinham com elas uma convivência
amistosa.
Fonte: https://www.timetoast.com/timelines/historia-da-educacao-especial-no-brasil
Sobre a Revolução Burguesa (por volta de 1640), podemos considerá-la como uma
possibilidade de transformação da relação da sociedade para com a pessoa com
deficiência. Uma nova visão de Homem e Sociedade propõe resgatar o direito à vida.
Ideias começam a ser construídas e pautadas nas transformações no sistema de
produção, na derrubada das monarquias, na queda da hegemonia religiosa e as novas
classes sociais constituídas a partir da divisão social do trabalho. A própria revolução
da burguesia desencadeia o acesso a outras formas de conhecimentos e ideias quanto
aos aspectos orgânicos da deficiência e, consequentemente, meios e modelos de
tratamento baseados na alquimia, magia e astrologia. A deficiência passa a ser vista
como doença e surgem os primeiros hospitais psiquiátricos e asilos onde devem
receber tratamento todos aqueles diferentes do restante da população. Temos a
instalação do paradigma da institucionalização em relação à deficiência.
Lembra que antes pessoas doentes, com problemas psíquicos e com deficiência, eram
segregadas no mesmo local? Até no Brasil tivemos o reflexo dessa percepção.
Segundo Tezzari (2010), pioneiros como Jean Itard (1774-1838), Edouard Séguin
(1812-1880) e Maria Montessori (1870-1952) contribuem com suas propostas de se
educar crianças com deficiência, ainda que para tal ação façam uso de procedimentos
e práticas inspiradas em modelos de compensar e substituir o déficit que o sujeito
apresenta em seu desenvolvimento e aprendizagem. A tese de Tezzari, Educação
especial e ação docente: da medicina à educação, traz com detalhes esses pioneiros.
Fonte: https://sites.google.com/site/debatinginclusion/pioneers
Fonte: https://prosped.com.br/noticias/filme-uma-historia-de-vida/
Por muitas décadas conviveram modelos assistencialistas, higienistas e excludentes
em relação ao atendimento da pessoa com deficiência. Somente por volta da década
de 1970 identificamos na literatura, de uma forma mais explícita, um movimento de
integração social dos indivíduos que apresentavam deficiência, cujo objetivo era
integrá-los em ambientes escolares, o mais próximo possível daqueles oferecidos às
“pessoas normais”. No entanto, ainda persistia um movimento voltado para uma
ideologia da normalização do sujeito com deficiência. Para os integracionistas
interessava pensar, planejar e desenvolver meios para que pessoas com deficiência
pudessem ingressar nos serviços menos restritivos da Educação Especial a fim de se
inserirem na sociedade como pessoas adaptadas e produtivas. Esse processo de
integração propunha identificar no sujeito o alvo de mudança, embora também a
sociedade devesse se transformar para inserir tal sujeito.
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Referências
DÉA, Vanessa Helena Santana Dalla, 1972 - Se inclui / Vanessa Helena Santana Dalla. – Dados
eletrônicos. – Goiânia : Gráfica UFG, 2017. Ebook : 35 p.
5. As Políticas Educacionais para as pessoas com deficiência no
Brasil
As Políticas Educacionais Brasileiras em relação à Educação Especial têm início a partir
de documentos como a Constituição Federal Brasileira, que define, no artigo 205, a
Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa,
o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No artigo 206, inciso I,
institui a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos
princípios para o ensino, e garante como dever do Estado, a oferta do atendimento
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208). E
também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90, no artigo 55,
reforça os dispositivos legais da Constituição Federal de 1988 ao definir que “os pais
ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino”.
Nossas politicas também buscam apoio na Declaração Mundial de Educação para
Todos (1990), em Jomtien, que reafirma o direito básico à Educação para todos e, em
1994, divulga-se a Declaração de Salamanca, na Espanha, todas passando a
influenciar a formulação das políticas públicas da Educação Especial.
Com o objetivo de reforçar a obrigação do país em prover a Educação, é publicada,
em dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei
nº 9.394/96.
Essa lei expressa alguns avanços importantes, tais como: a oferta da Educação
Especial na faixa etária de 0 a 6 anos; a ideia de melhoria da qualidade dos serviços
educacionais para os alunos e a necessidade de o professor estar preparado e com
recursos adequados de forma a atender à diversidade dos alunos. O capítulo V dessa
lei trata especificamente da Educação Especial, expressando que ela deve ser
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino e, quando necessário, deve
haver serviços de apoio especializados.
Percebeu que a história da Educação Especial brasileira até a década de 1990
apresenta conquistas em relação à Educação dos indivíduos com deficiência? Porém,
as mudanças mais significativas têm início com movimentos de inclusão social no
mundo, a partir de conferências e documentos que trazem à tona os direitos das
pessoas, independente de sua condição física, cognitiva, psíquica, econômica e
social.
Em relação ao surgimento do movimento de inclusão na Educação, estudiosos da área
concordam em que os países considerados desenvolvidos como Estados Unidos,
Canadá, Espanha e Itália foram os pioneiros e influenciadores na implantação de
classes e de escolas inclusivas, mas não apontam um marco para o início desse
processo.
No Brasil, as discussões em torno do novo modelo de atendimento escolar
denominado inclusão escolar acontecem por volta ainda da década de 1990, como
uma reação contrária ao processo de integração. Porém, sua proposição e efetivação
prática têm gerado muitas controvérsias. Ou seja, não temos acompanhado tão de
perto o resto do mundo no que se refere aos avanços na área da Educação Especial.
A proposta de uma educação inclusiva requer que ocorram transformações estruturais
no sistema educacional. Embora existam documentos legais garantindo o
atendimento educacional especializado aos sujeitos da Educação Especial,
preferencialmente na rede regular de ensino, sabemos que não se concretiza sem que
se garanta, enquanto responsabilidade do Estado, recursos humanos, físicos,
materiais, entre outros, sendo urgente maior compromisso político e investimento
financeiro com a Educação brasileira.
No processo de inclusão escolar brasileiro, os envolvidos - escolas, pais, alunos e
profissionais da área - podem e devem, de acordo com o texto da lei, contar com o
apoio do atendimento educacional especializado no caso da matrícula de alunos com
deficiência em escolas regulares.
Em meio a diferentes impasses conceituais e sociais, o Brasil instituiu a Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - PNEE (2008),
para esclarecer e definir o aluno da Educação Especial e seu direito à escolarização.
Ressalta-se que o trabalho da Educação Especial necessita ser articulado com o
ensino comum, tendo em vista o atendimento das necessidades educacionais
especiais do alunado abaixo definido.
Consideram-se alunos com deficiência aqueles que têm impedimentos de longo prazo,
de natureza física, mental, intelectual e sensorial, que em interação com diversas
barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na
sociedade.
III. Formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação inclusiva;
Referências
ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência, transcrição de artigo
da revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, n. 21, Março de 2001, p. 160-173.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal,
1988.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 23 de dez. 1996. Seção 1.
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Acesso em: 20 de abril de 2011.
_____. SECADI. Nota técnica nº 002: Orientações para preenchimento das informações dos estudantes
público alvo da educação especial do Censo Escolar INEP/MEC – modalidade educação especial. MEC,
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_____. Decreto nº 3.076/1999. Instituiu a Política Nacional para Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível
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JANNUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. Campinas: Editores Associados,1992.
MAZZOTTA, M. J. S.. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996.