Você está na página 1de 7

Teorias da conduta no direito penal

Cláudio Brandão

Sumário
1. A conduta na teoria do delito. 2. Evolu-
ção dogmática do conceito de ação. a) Teoria
causalista da ação. b) Teoria finalista da ação. c)
Teoria social da ação. 3. Considerações críticas
sobre as teorias da ação.

1. A conduta na teoria do delito


A conduta humana é a pedra angular
da teoria do delito. É com base nela que se
formulam todos os juízos que compõem o
conceito de crime: tipicidade, antijuridici-
dade e culpabilidade. A tipicidade é a ade-
quação da conduta com a norma; a antijuri-
dicidade é o juízo de reprovação da conduta
e a culpabilidade é o juízo de reprovação
sobre o autor da conduta.
As modalidades de conduta humana são
a ação e a omissão. Muitas vezes, toma-se o
termo ação como sinônimo de conduta, o
que ao nosso ver está correto. Isso se dá por-
que o termo ação envolve a comissão, que se
identifica com a ação positiva, e a omissão,
que se identifica com a ação negativa.
O direito penal não cria o conceito de
ação, ele o retira do mundo fenomênico dos
fatos. Ainda que não houvesse o Direito, é
obvio que se realizariam ações. Não se pode,
pois, pensar em vida humana sem o agir. E
esse conceito de ação, retirado do mundo
dos fatos, funciona como um elo de ligação
Cláudio Brandão é Professor da Faculdade
de Direito do Recife – UFPE, da Faculdade de entre os elementos do crime, possibilitando
Direito de Olinda e da Escola Superior da Ma- a sistematização desses ditos elementos.
gistratura de Pernambuco. Portanto, deve-se enfatizar, todos os elemen-
Brasília a. 37 n. 148 out./dez. 2000 89
tos do crime referem-se, de um modo ou de ratura e pressão, dar-se-á a fervura da água;
outro, à ação. pode-se dizer que a fervura da água foi efei-
A necessidade da existência de uma ação to da situação de ela estar a cem graus cen-
para a constituição do conceito de crime, fato tígrados. Nesse mesmo raciocínio, transmu-
que hoje parece óbvio, é uma grande con- dando-o para a ação, pode-se dizer que a
quista de um direito penal liberal, voltado modificação do mundo exterior é efeito da
para a proteção dos bens jurídicos vitais para volição do sujeito1.
o homem e a sociedade. Todavia, em tem- Para a teoria causalista,, a ação é o movi-
pos remotos, o direito penal prescindiu do mento corpóreo voluntário que causa modifica-
conceito de ação para aplicar a pena, desse ção no mundo exterior.Ateoriacausalistalimi-
modo até coisas e animais poderiam ser ta a função da ação à atribuição de uma mo-
punidos. dificação no mundo exterior a uma volição.
Grandes expoentes dessa teoria foram
2. Evolução dogmática do Franz von Lizt e Ernst von Beling.
conceito de ação Lizt definia ação como “conduta volun-
tária no mundo exterior; causa voluntária
a)Teoriacausalistadaação ou não-impediente de uma modificação no
mundo exterior”2. A conceituação de Lizt
No século XIX, a ciência jurídica estava
tem três elementos: vontade, modificação no
impregnada das idéias do positivismo. Isso
mundo exterior e o nexo de causalidade, que
significa que se adotava no Direito a mesma
liga a ação ao resultado. A vontade e a mo-
metodologia das ciências da natureza, ao
dificação no mundo exterior podem ser uni-
invés de se compreender o Direito, procura-
das em um único conceito: a manifestação da
va-se explicá-lo. Com efeito, nessa época o
vontade3. Deve-se entender a manifestação
homem estava deslumbrado com os progres-
de vontade como toda realização ou omis-
sos, advindos das ciências da natureza (fí-
são voluntária de um movimento corpóreo
sica, química, etc.), que possibilitaram a in-
que, livre de qualquer violência, está moti-
dustrialização, o desenvolvimento dos trans-
vada pelas representações mentais do agen-
portes por meio de vários meios, como, por
te; em poucas palavras, é a vontade objeti-
exemplo, com a construção das estradas de
vada. Lizt dizia, ainda, que a manifestação
ferro, entre outros.
de vontade deve realizar uma modificação
Para que um ramo do conhecimento hu- no mundo exterior e que “nós chamamos de
mano ganhasse status de ciência, precisava resultado esta modificação, perceptível pe-
ter leis gerais, de validade universal, a exem- los sentidos”4. Completa-se o conceito de
plo do que acontecia nas ciências da natu- vontade com o liame que possibilita a im-
reza. A sociologia, inclusive, surge nessa putação de um resultado como conseqüên-
época como a física social, com leis gerais, cia de uma manifestação de vontade, isto é,
válidas para todas as sociedades. com onexo de causalidade5.
É nesse panorama que surge o conceito Beling, seguindo a mesma linha de raci-
causalista de ação. ocínio, define ação como “um comportamen-
O nome dessa teoria (causalista) deriva to corporal voluntário”6. O comportamento
do nome causalidade. A lei da causalidade, corporal corresponde à fase externa da ação;
que rege as ciências da natureza, baseia-se a voluntariedade indica que essa fase exter-
numa relação de causa e efeito, que não é na é produzida pelo domínio sobre o corpo,
compreendida, mas simplesmente explica- pela liberdade de inervação muscular7. A ação
da pelo homem. Um exemplo da causalida- pode constituir-se em um fazer, que é uma
de é a fervura da água: a cem graus centí- ação positiva, ou um não-fazer, que é uma
grados, nas condições naturais de tempe- omissão, isto é, a distensão dos músculos8.

90 RevistadeInformaçãoLegislativa
Para Beling, como a ação tem uma fase tágio dogmático anterior ao nazismo, mas
objetiva e uma fase subjetiva, exclui-se do era preciso modificar a própria dogmática.
seu conceito aqueles fenômenos humanos Dizia Welzel que
que são somente objetivos ou somente sub- “se nós desejamos, porém, superar a
jetivos, como: corrupção do direito operada pelo to-
a) uma mera propriedade do homem talitarismo, não podemos simples-
(sua perigosidade não-manifestada); mente retornar ao estado existente
b) um mero estado do homem (enfermi- antes de sua aparição, mas devemos
dade); examinar a doutrina precedente, que
c) um simples querer ou pensar pura- em parte nós mesmos tínhamos defen-
mente interno; dido, ou na qual crescemos, recercan-
d) os estados de inconsciência (por do os seus limites”10.
exemplo, um dano causado por um des- O finalismo vem revalorizar o caráter éti-
maio); co-social do direito penal, rompendo definiti-
e) aqueles comportamentos que são pro- vamente com a concepção nazista11, a qual
venientes de excitações irresistíveis (por afirmava ser o direito penal, por meio da pena,
exemplo, os movimentos reflexos)9. o meio de purificar biologicamente o povo12.
A crítica que deve ser feita a essa teoria é Todavia, Welzel iniciou os estudos de
que o conteúdo da volição não deve ser ana- sua teoria antes do fim da segunda grande
lisado na ação, mas na culpabilidade. Des- guerra. Córdoba Roda, fazendo uma análi-
tarte, não se deve investigar no âmbito da se magistral sobre a evolução do pensamen-
multirreferida ação se a modificação no to do criador da teoria finalista da ação, afir-
mundo exterior foi produto da finalidade ma que as primeiras idéias sobre essa teoria
do agente (dolo) ou se a finalidade foi diri- surgiram em 1931, com a publicação da obra
gida para um fato lícito, sendo censurados Kausalität und Handlung (Causalidade e
os meios que o agente utilizou (culpa). Ação). Outra obra relevante surge em 1935,
A falha da teoria causalista da ação é intitulada Naturalismus und Wertphilosophie
que ela esvazia o conteúdo da vontade. A im Strafrecht (Naturalismo e Filosofia dos
intenção dos causalistas é imputar todos os Valores em Direito Penal), em que Welzel
juízos objetivos à ação típica e antijurídica e utiliza o conceito de finalidade, inspirado
todos os juízos subjetivos à culpabilidade, nas idéias de Nicolai Hartmann. A doutri-
como se pudesse haver uma separação per- na de Welzel, contudo, somente aparece de
feita e peremptória entre o objetivo e o subje- modo completo em 1939, no livroStudien zur
tivo. Se todo o subjetivo deve ser analisado System des Strafrechts (Estudos para o Siste-
na culpabilidade, deve-se deslocar o estudo ma de Direito Penal)13.
do conteúdo da vontade da ação para a cul- A ação humana é exercício de uma ativi-
pabilidade, esvaziando-se, enfatize-se, o dade final, não de uma mera atividade cau-
conteúdo da própria ação. sal. A finalidade é presente, portanto, em
toda conduta humana. Ela pode ser inferi-
b)Teoriafinalistadaação da do fato de poder o homem, por força de
A teoria finalista da ação foi criada por seu saber causal, prever dentro de certos li-
Hans Welzel, na primeira metade do século mites as conseqüências possíveis de sua
XX, e aperfeiçoada logo em seguida à queda conduta. Assim, pode orientar seus distin-
do nacional-socialismo alemão, na segun- tos atos à consecução do fim desejado14.
da grande guerra. Welzel propõe um exemplo para diferen-
Por meio da teoria finalista, Welzel obje- ciar a finalidade da causalidade. Se um raio
tivava romper com o direito penal nazista. eletrocuta um homem que trabalha no cam-
Para isso, não era suficiente retornar ao es- po, esse fato se baseia na lei da causalidade,

Brasília a. 37 n. 148 out./dez. 2000 91


visto que entre o homem e a nuvem se deu a fim, diz-se na verdade que o dolo reside na
máxima tensão necessária para a descarga ação. Essa é a fundamental diferença entre
elétrica. Essa tensão também poderia ter a teoria causalista, e a teoria finalista: na
sido originada por qualquer outro objeto que teoria causalista, não se analisa o conteúdo
estivesse a certa altura da nuvem. Não exis- da vontade que está presente na ação, por-
te, pois, um acontecer final para determinar tanto não se reconhece que o dolo está na
a descarga elétrica. A situação, nas ações ação; para essa teoria, o dolo deve ser es-
humanas, é totalmente diversa; quem dese- tudado na culpabilidade; já no finalismo,
ja matar outrem elege, conscientemente para reconhece-se que a vontade dirigida a um
atingir esse fim, os fatores causais necessá- fim dirige a causalidade, logo o conteúdo
rios, como a compra da arma, averiguação da vontade, isto é, o dolo, é integrante da
da oportunidade, disparar ao objetivo15. ação.
A finalidade, portanto, baseia-se na ca- No mesmo sentido de nossa explicação
pacidade de a vontade prever, dentro de cer- posiciona-se Marcello Gallo, afirmando que
tos limites, as conseqüências de sua inter- “A ação humana é, saliente-se, por
venção no curso causal e dirigi-lo conforme sua essência finalística; propõe-se os
a consecução desse dito fim. “A espinha fins, escolhem-se os meios necessári-
dorsal da ação final é a vontade, consciente os para o alcance do fim e se aplicam
do fim, reitora do acontecer causal”16, sem segundo um plano pré-estabelecido.
ela a ação seria rebaixada a um aconteci- O momento da finalidade, se se tratar
mento causal cego17. de uma ação penalmente relevante: o
Em resumo: pode-se diferenciar a ação dolo; pertence, pois, a ação e não pode
causal da final porque a final é um agir ori- ser dela legitimamente separado.”20
entado conscientemente a um fim, enquan- Surge, todavia, uma importante indaga-
to o causal não é um agir orientado a um ção: se toda ação é dirigida a um fim, como se
fim, sendo resultante da constelação de cau- solucionaraproblemáticadoscrimesculposos?
sas existentes em cada momento. Dito de Com efeito, sabe-se que no crime culpo-
forma gráfica, a finalidade é vidente e a cau- so a finalidade do agente não é contrária ao
salidade é cega18. Direito. Todavia no crime culposo também
A direção final da ação debruça-se em existe vontade dirigida a um fim, só que o
duas fases. A primeira fase ocorre na esfera fim será um fim conforme o Direito. A repro-
do pensamento e abarca três elementos: o vação jurídica nos crimes culposos não re-
primeiro é o fim que o agente almeja; o se- cai na finalidade do agente, mas nos meios
gundo são os meios que o mesmo deve ado- que o agente elegeu para a consecução de
tar para a consecução dos fins e o terceiro seu fim21, sendo eles qualificados como im-
são as conseqüências secundárias coligidas prudentes, negligentes ou imperitos.
ao emprego dos próprios meios. Assim, ressalte-se, na culpa, o direito não
A segunda fase ocorre no mundo real, é reprova a finalidade do agente, mas repro-
a realização concreta da ação que se opera. va os meios que o agente elegeu para a
É um processo causal dominado pela deter- consecução de seus fins. Por exemplo, se o
minação do fim, dos meios e dos efeitos con- agente dirige a sua vontade para chegar logo
comitantes na esfera do pensamento. “Se ao seu trabalho, dirige a sua vontade para
não se alcança este domínio final no mun- um fim lícito, mas se para galgar esse fim o
do real – por exemplo, o resultado não se agente elege um meio imprudente, como di-
produz por qualquer causa – a ação final rigir seu veículo acima da velocidade per-
correspondente fica somente tentada”19. mitida, o Direito reprovará o meio elegido e
Quando se diz que a ação humana tem imputará ao sujeito uma responsabilidade
em sua estrutura a vontade dirigida a um penal a título de culpa.

92 RevistadeInformaçãoLegislativa
Quando projetamos a nossa reflexão na tamento humano e omundo circundante,sendo
teoria finalista da ação, vemos que nela te- açãotodocomportamentosocialmenterelevante26.
mos todos os elementos da teoria causalista Atualmente, os defensores dessa teoria
(manifestação de vontade no mundo exteri- afirmam que ela superou a antítese entre fi-
or e nexo de causalidade) e um elemento a nalismo e causalismo. Veja-se, por exemplo,
mais: a vontade dirigida a um fim. É por o pensamento de Jescheck. Para ele, a estru-
isso que já se afirmou que a teoria finalista tura fundamental da conduta ativa é a fina-
apareceu como uma conclusão dos sistemas lidade, pois a capacidade de conduzir pro-
de Lizt e Beling22. cessos causais fundamenta a posição espe-
Destarte, reafirmando que a teoria fina- cífica do homem na natureza; mas a finali-
lista transferiu o dolo e a culpa da culpabi- dade não é hábil para fundamentar a estru-
lidade para a ação, concluímos esta exposi- tura da conduta omissiva. Existe uma omis-
ção com as felizes paravras de Gimbernat são quando não se produz um fazer ativo,
Ordieg: que era esperado segundo as normas da
“O finalismo não abandona a tra- Moral ou do Direito27. Só se pode unir a ação
dicional tripartição: tipicidade, anti- e a omissão num conceito superior à luz da
juridicidade e culpabilidade. Nem se- teoria social da ação, pois tanto a ação quan-
quer introduz ou suprime novos dados, to a omissão são comportamentos social-
mantém os mesmos, mas os separa e os mente relevantes, enquadrando-se na já refe-
redistribui de outro modo entre os três rida síntese entre o comportamento humano
estados da teoria do delito”23. e o mundo circundante. Segundo o autor,
“Se entende por comportamento
c)Teoriasocialdaação toda resposta do homem a uma exi-
O conceito social de ação tem sua ori- gência situacional reconhecida, ou, ao
gem em 1932, por meio de Eberhard Schmidt, menos reconhecível, mediante a reali-
que, ao atualizar o tratado de von Lizt, procu- zação de uma possibilidade de rea-
rou dar uma nova feição ao conceito causa- ção, de que dispõe graças a sua liber-
lista de seu mestre, livrando-o da excessiva dade”28.
influência do positivismo naturalista24. Assim, o comportamento tanto pode con-
O conceito social de ação tem, entretan- sistir numa atividade final, quanto numa
to, várias vertentes, que ora se prestam a inatividade frente a uma expectativa de
defender o finalismo, ora se prestam a de- ação. Concluímos a exposição dessa teoria
fender o causalismo. Como visto, essa teo- afirmando que o conceito social é um con-
ria surge a partir do causalismo, mas Welzel ceito valorativo, que reúne as categorias fi-
também afirma que o conceito social de ação nalidade e causalidade, as quais são con-
não é antagônico à teoria finalista, in verbis: traditórias no plano do ser29.
“Parece haver-se esquecido, hoje,
quando se contrapõe à doutrina da 3. Considerações críticas
ação finalista um conceito social, que
sobre as teorias da ação
um dos propósitos fundamentais do
finalismo, desde seu começo, foi a Entre as teorias formuladas, a que me-
compreensão da ação como um fenô- lhor explica a essência da ação é a teoria
meno social. A ação, como um fenô- finalista.
meno social, não pode ser compreen- A teoria causalista investiga o objeto
dida senão sobre a base da doutrina ação com o método das ciências da nature-
da ação finalista”25. za, procurando simplesmente explicá-la, ao
A idéia central da teoria social da ação é invés de compreendê-la. Com efeito, a expli-
buscar a síntese da relação entre o compor- cação é o ato gnosiológico próprio das ci-

Brasília a. 37 n. 148 out./dez. 2000 93


ências naturais, mas não serve para investi- 7
Idem, ibidem, p. 19.
gar as ciências do homem, que tem um ato
8
Idem, ibidem, p. 20.
9
Idem, ibidem, p. 20.
gnosiológico apropriado: a compreensão. 10
Wezel, 1951, p. 2.
Essa teoria, portanto, deve ser rechaçada por 11
Idem, ibidem, p. 6.
apresentar um erro metodológico. 12
Idem. Ibidem, p. 2.
A teoria social, por sua vez, procura um 13
Roda, 1963, p. 41,42,46.
conceito valorativo de ação,valorando sua re-
14
Welzel, 1997, p. 39.
15
Idem, ibidem, p. 40.
levância social. Ora, foi dito que o conceito de 16
Welzel, 1964, p. 25-26.
ação serve como elo de ligação entre os ele- 17
Welzel, 1997, p. 40.
mentos do crime, possibilitando sua siste- 18
Welzel, 1964, p. 25.
matização. Por isso o conceito de ação deve 19
Idem, ibidem, p. 26.
ser valorativamente neutro, pois os juízos
20
Gallo, p. 16.
21
Nesse mesmo sentido, pronuncia-se Cerezo
de valor serão feitos por meio da tipicidade Mir (1982, p. 19): “En la acción culposa el fin es, sin
e da antijuridicidade. Se nós utilizamos um duda, juridico-penalmente irrelevante. El contenido de
conceito que não seja valorativamente neu- la voluntad en relacción al medio aplicado y la forma de
tro, poderemos até mesmo pré-julgar a tipi- su aplicacción, es, al contrario, juridicamente relevante”.
cidade e a antijuridicidade, o que não cor-
22
“La teoria final de la acción aparece, considerada
en su vinculacción historica, como la conclusión provisi-
responde às exigências de um direito penal onal de una evolución caracterizada por la progresiva
liberal. Por isso, a teoria social também não descomposición y tranformación del sistema de Lizt y
é hábil para revelar a substância da ação Beling.” Gallas, 1959.
humana. 23
Ordieg, 1990, p. 164.
Quando refletimos sobre a ação huma-
24
Nesse sentido veja-se: Zaffaroni, v. 3, p. 111;
Mir, 1993, p. 272.
na, podemos facilmente constatar que ela é 25
Welzel, 1964, p. 34.
dirigida à consecução de fins. Aristóteles, já 26
Jescheck, 1993. p. 201.
na antigüidade grega, elencava entre as cau- 27
Idem, ibidem, p. 200.
sas primeiras do ser a causa final. Por isso, 28
Idem, ibidem, p. 201.
quando o finalismo atribuiu a finalidade ao
29
Idem, ibidem, p. 201.
conceito de ação, ele compreendeu que a ati-
vidade humana tem um motor propulsor,
que, enfatize-se, é a finalidade. Bibliografia
Portanto, quando falamos em ação hu- BELING, Ernst von. Esquema de derecho penal. Bue-
mana, estamos dizendo que o homem se nos Aires : Depalma, 1944.
propõe a fins, elege os meios para a obten- BITENCOURT, Cezar. Manual de direito penal. São
ção de seus fins e modifica o mundo exteri- Paulo : RT, 1999.
or. Concluímos, por conseguinte, dizendo GALLAS, Wilhelm. La teoria del delito en su momen-
to actual. Barcelona : Bosch, 1959.
que a ação humana é finalista. GALLO, Marcello. La teoria dell´azione finalistica nella
piú recente dottrina tedesca. Milano : Giuffré, 1967.
JESCHECK, Hans-Heinrich. Tratado de derecho pe-
Notas nal: parte general. Granda : Comares, 1993.
LIZT, Franz von. Tratado de derecho penal. Tomo 2.
1
A doutrina soa uníssona em identificar a in- Madrid : Reus, s./d.
fluência determinante do positivismo na teoria cau- MIR, José Cerezo. Curso de derecho penal español.
salista, veja-se, por exemplo, Stratenwert (p. 51); Tomo 1. Madrid : Tecnos, 1993.
Zaffaroni (v.3, p. 100); Gallo (p. 6); Bitencourt (p. MIR, Jose Cerezo. El concepto de la accion finalista
187). como fundamento del sistema del derecho pe-
2
Lizt, Tomo 2, p. 297. nal. In: Problemas Fundamentales del Derecho Pe-
3
Idem, ibidem, p. 297. nal. Madrid : Tecnos, 1982.
4
Idem, ibidem, p. 300. ORDIEG, Enrique Gimbernat. El sistema de dere-
5
Idem, ibidem, p. 301-2. cho penal en la actualidad. In: Estudios de dere-
6
Belig, 1944, p.20. cho penal. Madrid : Tecnos, 1990.

94 RevistadeInformaçãoLegislativa
RODA, Juan Córdoba. Uma nueva concepción del una introducción a la doctrina de la acción fina-
delito: la doctrina finalista. Barcelona : Ariel, lista. Barcelona : Ariel, 1964.
1963. WELZEL, Hans. La posizone dogmatica della dot-
STRATENWERT, Günter Derecho penal: parte ge- trina finalista dell’azione. Rivista Italiana de Di-
neral I. Madrid : Edersa, 1982. ritto Penale. Milano : Guiffrè, a. 4, n. 1 e 2, gen./
WELZEL, Hans. Derecho penal alemán. Santiago : apr. 1951.
Editorial Juridica del Chile, 1997. ZAFFARONI, Eugenio Raul. Tratado de derecho pe-
WELZEL, Hans. El nuevo sistema de derecho penal: nal. Buenos Aires : Ediar, 1981.

Brasília a. 37 n. 148 out./dez. 2000 95

Você também pode gostar