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Capítulo 1
CAPÍTULO III
— Oi!
— Que é que está fazendo aqui?
— Pescando. — Jake fez um gesto com a cabeça,
mostrando a vara de pescar. — Você chegou mais
cedo hoje.
Ela ficou vermelha de emoção e baixou os olhos.
Saíra de casa com meia hora de antecedência na
esperança de tornar a vê-lo. Preparara-se com mais
cuidado do que de costume: vestira suas melhores
roupas, escovara os cabelos até fazê-los brilhar
como mogno polido. Na noite anterior, depois que
ele a beijara, correra imediatamente para casa. Não
esperava vê-lo novamente. Mas ele estava ali,
parecendo tão confiante e bonito quanto um artista
de cinema. O short e a camiseta sem mangas
punham em evidência seus braços e pernas
musculosos.
Jake sorriu, os dentes muito brancos contrastando
com a tez , bronzeada.
— Trouxe alguns sanduíches de casa. Gosta de peito
de peru defumado?
— Não sei. Nunca comi peru defumado.
— Então, está na hora de experimentar — comentou
ele, estendendo uma toalha no gramado.
Conversaram enquanto comiam.
— Que gostoso este sanduíche, Jake!
Ele sorriu, satisfeito.
— Que bom que tenha gostado.
— Que é que você faz? Trabalha na fábrica de seu
pai?
— Ainda não, mas pretendo. Isto é, se entrarmos
num acordo, — Ao perceber-lhe o olhar interrogativo,
explicou: — Ele quer que tudo continue na mesma.
Eu, ao contrário, acho que deveríamos investir parte
dos lucros na modernização da fábrica.
Obteríamos um produto de melhor qualidade e
daríamos melhores condições de trabalho aos nossos
empregados.
— Pode ser que vocês cheguem a um acordo.
— É. . . pode ser. . . — disse ele com ar de dúvida,
passando-lhe um refrigerante. — Estou morrendo de
vontade de tomar unia cerveja gelada. Mas, se me
virem bebendo em companhia de uma garota como
você, não sei não. . .
Se fossem vistos junto.,, o que estariam bebendo
seria de
pouca importância diante dos aborrecimentos que
teriam de enfrentar. Ambos sabiam disso.
Depois que terminaram de comer, ela encostou-se
no tronco de uma árvore e passou os braços em
torno dos joelhos erguidos. Ele reclinou-se a seu lado
e observou-a. Uma brisa suave e morna agitava-lhe
os cabelos e seus olhos azuis estavam úmidos de
emoção. . — No que está pensando?
— Em sua mãe.
— Minha mãe? — Ele não pôde esconder a surpresa.
— Soube que ela morreu. Sinto muito, Jake. Ela era
muito simpática e distinta.
— Você a conhecia?
— De vista. Ela costumava fazer compras no
supermercado onde trabalho. Sempre a admirei.
— Mamãe era uma verdadeira dama.
— Era linda e elegante. Do que ela morreu? Ele ficou
sério de repente.
— De coração partido — murmurou, laconicamente.
Liv percebeu a profunda tristeza que havia nele e
teve
vontade de abraçá-lo, de passar-íhe as mãos pelos
cabelos.
—- Como alguém pode ficar de coração partido
morando numa casa tão bonita quanto a sua?
Jake mudou de assunto.
— Você gosta do "Retiro"?
— É a casa mais linda do mundo!
— Acha mesmo? Já a conhece por dentro?
— Oh, não. Mas, quando passo por ela, não me
canso de admirá-la. Daria qualquer coisa para morar
numa casa assim.
— Você me acha boba?
— Não. Eu também gosto muito do "Retiro". Algum
dia vou convidar você para conhecer a casa por
dentro.
Ambos sabiam que não era verdade e, por um
instante, ficaram constrangidos. Liv quebrou o
silêncio:
— Sua irmã é muito bonita. Eu a vi algumas vezes
com sua mãe.
— Ela se chama Laura Jane.
— Nunca a vi no colégio. Ela frequenta alguma
escola particular?
Rínk arrancou uma haste de grama e mordiscou-a.
— Sim, freqiienía uma escola para excepcionais. A
mente dela está se desenvolvendo muito
lentamente. Não aprende as coisas tão depressa
quanto as outras crianças.
Liv sentiu o rosto arder de vergonha.
— Sinto muito. . . Não pretendia. . .
— Tudo bem — disse ele, tomando-lhe a mão. —
Laura Jane é uma garota maravilhosa. Gosto muito
dela.
— Ela tem sorte de ter um irmão como você.
— Acha?
— Sim.
Ele apertou-lhe a mão e levou-a carinhosamente aos
lábios. Sua boca suave e quente provocou-lhe um
arrepio de prazer e uma sensação diferente nos
seios, cujos bicos se endureceram.
— Tenho de ir — disse ela, num sussurro quase
inaudível.
— Gostaria que não fosse — murmurou Jake em voz
baixa. — Gostaria que passasse o dia comigo,
conversando.
O coração dela batia desconsoladamente. Havia
tamanho zumbido em seus ouvidos que Liv mal pôde
ouvir a própria voz quando disse:
— Você deve ter muitos amigos com quem
conversar.
— São amigos que só sabem falar. Nenhum deles
sabe ouvir como você, Liv.
Os olhos dourados de Jake brilhavam. Ele sentou-se
lentamente, o rosto bem próximo ao dela. Abraçou-a.
Ela passou-lhe os braços em volta do pescoço e as
bocas se uniram. Ele beijou-a tão ternamente quanto
na noite anterior, mas a doce aceitação dela excitou-
o. Sua boca tornou-se ávida e exigente.
Liv sentiu a força dos músculos das coxas que a
apertavam e fechou os olhos. Era como se estivesse
flutuando no ar. Os lábios dele moviam-se sobre os
seus, abrindo caminho para língua. Mas dessa vez
ela já sabia. Aceitou-a com um gemido, enterrando
os dedos nos espessos cabelos escuros.
Jake afastou o corpo, ofegante.
— Liv, lute comigo, diga não! Não me deixe continuar
— murmurou, abrindo o decote da blusa dela e
insinuando a mão em seu interior. — Você é ainda
uma criança! Estamos brincando com fogo, doçura.
Não me deixe continuar, por favor.
Ao sentir a mão dele em seus seios, ela foi tomada
de incontrolável excitação. Acariciou-lhe o peito,
fazendo correr os dedos do estômago até as coxas.
Ele era forte e viril!
Mas Jake afastou-se de chofre e respirou fundo.
— Você me deixa louco, Liv, mas não podemos
continuar. Se não pararmos já, as coisas fugirão do
nosso controle. Sabe do que estou falando, não
sabe?
Liv fez que sim com a cabeça, desejando que Jake a
tomasse novamente nos braços e que lhe tocasse o
corpo excitado. Soltando um suspiro, ele levantou-se,
ajudando-a a levantar-se também. Ela se apoiou
nele, com o corpo todo vibrando. Era tão bom!
Sentia-se aquecida, confortável, segura.
— Vai perder a hora — murmurou ele em seu
ouvido. Ela levantou automaticamente a cabeça.
— Oh, meu Deus! Que horas são?
— Ainda está em tempo. Vá depressa! -— Até logo.
Ela deu-lhe as costas, mas ele a deteve pelo braço.
—- Não posso ir buscá-la hoje à noite. Desculpe.
—-Não tem importância, Jake.
— Pretendia ir, mas tenho um compromisso
importante. Não vai se incomodar?
— Tudo bem. Não se preocupe. Obrigada pelo
sanduíche. Ele ficou como que paralisado, quando a
viu partir.
— Liv! — chamou. Ela parou e voltou-se.
— Que foi? -
— Amanhã, aqui neste mesmo lugar. Está bem? O
sol inundava-lhe o rosto radiante de felicidade.
— Sim — gritou, rindo. — Sim. . . sim...
Haviam se encontrado no dia seguinte e nos que
vieram depois, durante algumas semanas. Quando
ele podia, ia encontrá-la no caminho de volta para
casa.
Liv rolou na cama e fitou a lua que brilhava entre os
ramos dos carvalhos do bosque. Que dias cheios de
felicidade haviam sido aqueles! Ela vivia num
contínuo êxtase, saboreando os beijos de Jake e
ansiando por algo mais.
Ele fazia planos para um futuro ao lado dela e ela,
por sua vez, confiava-lhe seus mais íntimos
segredos. Comunicavam-se como ninguém. As horas
que costumavam passar juntos, no começo da tarde,
eram sempre iluminadas pelo dourado sol de verão,
Mas, um dia, o mais glorioso de todos, choveu.
Soluços sacudiram o peito de Liv, enquanto as
lágrimas lhe inundavam o rosto. Pediu perdão a
Deus, mas não acreditava que pudesse ser
absolvida. Porque queria chorar por Roscoe, seu
marido, mas as lágrimas que derramava eram por
Jake, seu amor.
CAPITULO V
— Oi, Steve.
— Oi, Laura Jane.
— Jake acha que esta torradeira não funciona mais e
quer que Haney compre uma nova. Mas ela não quer
saber, diz que esta tem conserto. Como Jake está
muito ocupado na fábrica, vim lhe pedir para
consertá-la. Não se importa?
— Claro que não. Vou consertá-la num minuto —
disse ele, procurando as ferramentas adequadas na
prateleira.
— Está zangado comigo, Steve?
Ele ergueu os olhos e a fitou. Laura Jane estava
usando um vestido de verão decotado e sua pele
parecia suave e cremosa, como pétalas de magnólia,
O desejo que tinha por ela golpeou-o com a força de
um malho.
— Por que acha que estou zangado com você? —
murmurou, desviando os olhos.
Ela soltou um profundo suspiro e baixou o rosto, até
que seu queixo quase tocou o peito.
— Porque beijei você. Percebi que está zangado
comigo desde aquele dia,
— Mas não estou.
— Então, por que não olha para mim?!
Steve a fitou, boquiaberto, sem poder falar. Nunca a
vira tão exaltada assim. Aquela que o fitava tão
desafiadoramente não era uma criança, mas uma
mulher. Ele engoliu o nó que se formara em sua
garganta e respondeu:
— Estou olhando.
— Mas está evitando os meus olhos. Por que não me
olha diretamente? Não me acha mais bonita?
Ele a examinou lentamente, da cabeça aos pés.
— Você é muito bonita, Laura Jane.
Ela sorriu, mas o sorriso congelou-se quase que
imediatamente em seu rosto.
— Não gostou da maneira como o beijei? Não é
assim que se faz?
Steve contraiu os punhos, procurando manter a voz
distante e impessoal.
— Você fez tudo direitinho.
Laura Jane franziu o cenho, aborrecida,
— Acho que não. Os beijos das artistas de televisão
duram muito tempo. Acho que elas abrem a boca
quando beijam.
— Laura Jane — disse ele com voz rouca. — Você não
devia falar dessas coisas com um homem.
— Você não é um homem qualquer. Você é Steve.
— Bom. . . você não deveria falar do beijo que me
deu. Laura Jane o olhou, sinceramente intrigada.
— Por quê?
— Há certas coisas que um homem e uma mulher
que não são casados não devem discutir.
— Você acha certo não falar dessas coisas?
Ele soltou uma gargalhada, apesar da seriedade da
situação.
— Mais ou menos isso.
Ela se aproximou e pousou as mãos no peito dele.
Erguendo a cabeça, esboçou um sorriso maroto.
— Então, não vamos falar, vamos fazer.
— Não é direito, Laura Jane — disse Steve,
suspirando fundo e afastando as mãos dela.
— Mas, por quê?
— Pelo amor de Deus, garota! Não podemos e está
acabado! Desconsolada, ela o observou sair da
garagem e atravessar o
pátio quase correndo. Pegando a torradeira, Laura
Jane tomou o caminho da casa. Liv, que acabava de
chegar, viu-a e foi ao encontro dela.
— Oi, Laura Jane. O que está fazendo aqui?
— Trouxe a torradeira para Steve consertar. Seu tom
abatido chamou a atenção de Liv.
— E Steve? Não o vejo há vários dias.
— Acho que ele está bem. Mas às vezes não o
entendo. —- Como assim?
— Ele não quer mais ser meu amigo.
— Duvido.
— É verdade! Desde o dia em que o beijei. Liv
engoliu em seco.
— Você. . . você o beijou?
— Sim. — Os olhos de Laura Jane eram puros e
inocentes. — Sabe, eu o amo.
— Disse isso a ele?
— Disse. Está errado?
— Não exatamente. — Liv escolhia as palavras com
muito cuidado. Não queria magoar Laura Jane. —
Talvez não fosse o momento certo, ou quem sabe
você pegou Steve de surpresa. Às vezes, os homens
querem ser os primeiros a tomar a iniciativa.
— Não acho que Steve quisesse tomar a iniciativa. E
eu não consegui esperar.
Liv sorriu.
— Dê-lhe algum tempo. Acho que ele vai criar
coragem.
— E Jake vai criar coragem também?
— Para fazer o quê?
— Beijar você. É o que ele está com vontade de
fazer. Liv estremeceu.
— Laura Jane, não deve fazer uma afirmação
dessas! Jake não quer nada disso.
— Então, por que ele fica olhando para você o
tempo todo? Liv passou a língua pelos lábios.
— Ele olha?
— Sem que você perceba. E está trabalhando na
Beneficiadora por você.
— Por todos, Laura Jane: empregados, plantadores
que se servem das nossas máquinas, seu pai, você...
— Mas foi você quem pediu. Jake não tomaria a
iniciativa, se não fosse você.
Liv pôs-se a recordar o dia em que Jake consertara a
máquina, Ela empregara todos os meios para
estabelecer entre ambos um relacionamento
baseado apenas na amizade. Pensava que tinha
conseguido. Mas à noite, na hora do jantar, Jake se
mostrara mais hostil do que nunca. E no dia
seguinte, durante o almoço, olhara-a com tal frieza,
congelando as tentativas de conversa. Por fim, ela
tomara coragem e pedira-lhe que. verificasse todas
as máquinas da fábrica. Ele consentira de má
vontade, mas, desde então, tinha se dedicado ao
trabalho de corpo e alma.
— Fico contente que Jake esteja se interessando
pelos negócios, enquanto seu pai está doente. Ele
está trabalhando duro.
— Você também, Liv. Parece muito cansada.
De fato, ela estava exausta. A luta que travava
consigo mesma por causa de Jake roubava-lhe todas
as forças. E havia Roscoe. As explosões de cólera do
marido eram cada vez mais frequentes, Nada que
fazia o agradava. Ele a criticava pelas menores
coisas, tornando um verdadeiro suplício as horas que
passava a seu lado.
— Estou cansada — admitiu em voz alta. Depois,
sacudindo o desânimo, acrescentou: — Mas não se
preocupe com Steve, Laura Jane. Ele deve estar de
mau humor, só isso. Não corra atrás dele. Em geral,
os homens não gostam disso. E, da próxima vez que
o beijar, deixe-o pensar que a iniciativa foi dele.
— Está bem — murmurou a jovem, baixando a
cabeça. Liv podia imaginar qual era a causa da frieza
de Steve.
Ele provavelmente estava apaixonado por Laura
Jane, mas não queria encorajá-la, porque temia Jake,
— Vamos jantar, Laura Jane, e deixe de se
preocupar.
— E Jake?
— Não sei onde ele está. Disse que. . .
O som de uma buzina interrompeu-a. Quando se
voltou, viu
Jake saltar de uma caminhonete nova em folha,
acenando alegremente para elas.
— O que acham disso?
— É sua, Jake? — perguntou Laura Jane, batendo
palmas. — Gosto desse tom de azul.
— Eu precisava de uma condução enquanto
estivesse aqui. O jantar está pronto? Estou morrendo
de fome! — Ele ofereceu o braço a ambas. —
Permitem-me que as acompanhe, minhas belas
jovens?
Mal haviam dado dois passos quando viram Haney
aproximar-se correndo, com as feições alteradas.
— Liv, Jake! Graças a Deus que vocês chegaram!
Acabaram de telefonar do hospital. O sr. Gyllenhaal
piorou.
CAPITULO VII
CAPITULO VIII
— Bom dia.
Liv entrou na cozinha e serviu-se de uma generosa
xícara de café. Caminhou para a mesa evitando olhar
para Jake, que tomava sua refeição matinal.
— Vou telefonar para o médico — anunciou de
repente Haney, despejando os ovos mexidos numa
travessa.
Liv surpreendeu-se.
— Por quê? Alguém está doente?
— Você está abatida, cheia de olheiras. Vê-se logo
que não dormiu. Precisa tomar um calmante. Não
acha, Jake?
Ele permaneceu calado. Liv respondeu prontamente:
— De maneira nenhuma!
— Não seja teimosa — voltou a insistir Haney. —
Deixe as lágrimas correrem. Chorar faz bem.
— Não preciso de médicos — murmurou ela, ao
perceber que Jake a observava.
Haney suspirou, sem esconder sua exasperação.
— Coma, então, pelo amor de Deus! — Ela colocou a
travessa de ovos mexidos diante de Liv. — Vamos,
comece vou subir e acordar Laura Jane.
— Ela não está dormindo — afirmou Liv, despejando
creme no café. — Passei para chamá-la, mas o
quarto estava vazio,
Jake parou, enquanto Haney voltava-se lentamente,
com um prato de torradas na mão.
— Onde está Laura Jane? — perguntou ele. — Você
não a viu, Haney?
— Não. Pensei que estivesse dormindo.
Jake levantou-se, atirou o guardanapo em cima da
mesa e caminhou para a porta dos fundos a passos
decididos.
— Jake! — gritou Liv, correndo atrás dele. — Aonde
pensa que vai?
Ele encaminhou-se para a estrebaria com ar resoluto.
— Não se meta!
— Não tem o direito de surpreendê-los!
— Já lhe disse para ficar fora disso!
— Laura Jane não é mais uma criança.
— Para certas coisas ainda é!
Ele abriu devagar a porta da estrebaria e entrou no
recinto em penumbra, seguido de perto por Liv.
Quando suas botas rangeram no chão de tábuas,
Steve e Laura Jane viraram-se, assustados, e
separaram-se imediatamente. Contudo, Jake já vira
mais que o suficiente. Soltando um grito que fez
gelar o sangue de Liv, ele se atirou sobre Steve e o
agarrou pela camisa.
— Cachorro, covarde!
O murro de Jake atingiu o estômago de Steve, que
cambaleou. Quando conseguiu recuperar-se, Jake
avançou de novo, enchendo-lhe a cara de socos.
Laura Jane gritava sem parar, tentando intrometer-se
entre os dois, mas Liv segurou-a de lado.
O instinto de guerrilheiro de Steve despertara. Ele
enfrentou o adversário com fúria, acertando-lhe logo
um soco no queixo.
Ao ver o sangue espirrar do rosto do irmão, Laura
Jane gritou de novo e saiu correndo da estrebaria.
— Parem! — gritou Liv. — Parem, por favor!
Mas os dois voltaram a engalfinhar-se, sem dar
mostras de querer parar. Foi só depois de muitos
murros que ela conseguiu se interpor.
— Parem! Será que vocês ficaram loucos?
Jake ficou imóvel, mas ainda com a respiração
arfante. Quando conseguiu se recuperar, olhou Steve
com ódio.
— Você vai embora hoje mesmo! Liv voltou-se e
enfrentou-o. ,
— Ele vai ficar, Jake! Era a vontade de Roscoe e eu
vou respeitá-la. Tenho esse direito. Pelo menos até a
leitura do testamento, quando você terá a posse do
"Retiro".
— Vá para o diabo! — grunhiu Jake. — Isso não tem
nada a ver com o "Retiro". Diz respeito a Laura Jane
e ela é minha irmã!
— Concordo. Isso diz respeito a Laura Jane e só a
ela. — Os seios de Liv arfavam de cólera mal contida.
— Steve não está se aproveitando dela, como você
pensa. Ele ama Laura Jane, Jake! E ela o ama
também.
— Ela não sabe o que está fazendo.
— Sabe, sim. Será que só você não percebe o que é
tão evidente? A pobrezinha vai ficar de coração
partido se Steve for embora. Não faça isso, por favor.
— Eu só quero o bem de Laura Jane.
— Como sabe o que é melhor para ela?
— Porque sei.
— Do mesmo modo como Roscoe sabia o que era
melhor para você? Quer separá-los, como ele fez
conosco?
Jake olhou-a, sem demonstrar nenhuma emoção, e
permaneceu assim durante longo tempo. Afinal, saiu
da estrebaria sem dizer palavra.
Os olhos de Liv encheram-se de lágrimas. Tinha
encostado Jake na parede e ele iria odiá-la por isso.
Soltando um longo suspiro, voltou-se para Steve.
— Você está bem?
Ele fez um sinal afirmativo, pressionando o lenço
contra o lábio ferido.
— Já enfrentei coisas piores.
— Vou pedir a Haney que lhe faça um curativo.
Quando já estava na porta, ele a chamou.
— Sra. Gyllenhaal! Obrigado por tudo.
Ela sorriu e encaminhou-se para a casa. Quando
entrou na cozinha, viu Laura Jane sentada no colo de
Jake, chorando sem parar.
— Você está zangado comigo, eu sei — dizia ela,
entre soluços.
— Não, não estou. Não quero que lhe aconteça nada
de mau, só isso.
— Steve não estava fazendo nada de errado. Eu o
amo, Jake. Os olhos de Jake encontraram os de Liv,
que permanecia imóvel junto à porta.
— Não acho que você saiba o que é o amor, Laura
Jane. E também não tenho certeza se Steve a ama
de verdade.
— Mas eu sei que ele me ama!
— Falaremos disso mais tarde, Laura Jane. Me
desculpe, sim? Perdi a cabeça,
Mas Laura Jane não se deixou convencer assim tão
fácilmente.
— Promete que nunca mais vai brigar com Steve?
Jake não pôde esconder a surpresa, mas fez. um
sinal afirmativo.
— Prometo, Laura Jane.
Ela saltou para o chão e o beijou com doçura.
— Obrigada, Jake! Vou ajudar Haney com as
ataduras. Para ela, o caso estava encerrado. Saiu
da cozinha e foi
à procura da governanta. Assim que se viu a sós com
Liv, Jake levantou-se e, olhando-a com absoluta
indiferença, anunciou:
— Não vou embora hoje.
O coração de Liv pulou de alegria, mas ela não
deixou transparecer nada. Encarou-o com ar de
desafio.
— O que é, Jake? Pensa que vou corromper sua irmã
na sua ausência? Ou que vou arruinar a preciosa
reputação da família?
Um brilho rápido passou nos olhos de Jake.
— Mais ou menos isso.
Liv sentiu a raiva crescer no peito. Falou com uma
voz tão fria quanto a dele:
— Ainda me julga a garota fácil de outros tempos,
não é? Sirvo para os seus beijos, quando você tem
vontade, mas não tenho moral suficiente para fazer
parte da família!
— Não vou partir — foi só o que ele respondeu,
antes de deixá-la sozinha.
CAPITULO IX
CAPITULO X
CAPITULO XII
CAPÍTULO XIV
— Já acordou?
Jake inclinou-se e deu um beijo na testa de Liv,
— Você ficou aqui durante esse tempo todo? —
perguntou ela, que adormecera segurando-lhe a
mão.
— Não larguei você nem por um minuto. —- Dormi
muito?
— Algumas horas, mas não o suficiente. Você tem
de ficar na cama durante alguns dias, pelo menos.
Ela se espreguiçou languidamente.
— Dormindo o tempo todo?
— Entre outras coisas.
Jake a apertou contra si, enterrou a cabeça nos
cabelos sedosos e beijou-a na boca com ternura. Liv
passou os braços pelo pescoço dele, aconchegando-
se mais, fazendo renascer o desejo que Jake sufocara
durante horas para não perturbar-lhe o sono.
Jake deitou ao lado dela e enlaçou-a, sem deixar de
beijá-la.
— Quando pretendia me contar tudo, Liv? —
indagou-lhe num mumúrio.
Liv insinuou a mão por dentro da camisa de Jake e
deixou-a sobre seu peito.
— Neste fim de semana. Se você não tivesse vindo
para o Festival, eu teria lhe telefonado.
— Verdade?
— Se eu não ligasse, Haney o faria.
— Ela sabia?
— Acho que suspeitava. É Steve também. Não
fizeram nenhum comentário, mas eu percebi que
estavam sempre me observando.
— Percebi que alguma coisa diferente tinha
acontecido. Você
emagreceu.
— O médico disse que é normal. Não tenho apetite
por causa dos enjoos.
— Por que não me contou logo? Não sei se lhe dou
uma surra ou um beijo.
— Prefiro que me beije.
Ele atendeu ao pedido, depois tocou-lhe o ventre
com respeito.
— Meu filho está aqui. Deus! É um milagre!
Seus lábios se encontraram novamente num beijo
profundo, possessivo, que lhes atiçou a chama do
desejo. Jake apertou-lhe os seios sobre a camisola de
seda. Haney trocara as roupas dela quando a
puseram na cama. Agora, a seda estava quente com
o calor de seu corpo.
— Quer casar comigo, Liv?
Ela suspirou. As mãos de Jake se insinuaram dentro
da camisola, arrancando-a com violência. Sua boca
ávida moveu-se sobre a carne palpitante, até
encontrar os bicos intumescidos.
— Como poderia recusar? Você tem um jeitinho todo
especial de pedir as coisas — murmurou ela.
Jake tornou-lhe o rosto entre as mãos.
— Quero que você saiba de uma coisa que só
percebi hoje. —Ele olhou-a profundamente. —
Mesmo que o seu casamento com meu pai tivesse
sido consumado, ainda assim eu continuaria a querê-
la tanto quanto agora.
Os olhos dela encheram-se de lágrimas.
— Eu te amo, Jake. E quero me casar logo com você,
— Já? Faz apenas quatro meses que papai morreu, O
povo vai falar — disse ele, só para provocá-la.
Liv soltou uma sonora gargalhada.
— Depois da cena desta manhã, não me importo
com mais nada. Quanto mais cedo, melhor!
— Esta semana?
— Amanhã — sussurrou ela. — O que pretende fazer
depois do casamento? Onde vamos morar?
— Aqui no "Retiro". Irei de avião a Atlanta quando os
negócios exigirem.
— Irei com você.
— Não tem medo de voar comigo?
— Com você, não tenho medo de nada.
— Será que terei de correr de um quarto para outro,
como antigamente? — perguntou ele.
— Podemos ficar com o seu quarto e fazer deste o
quarto do bebé.
— Mamãe teria gostado.
Quando suas bocas se encontraram de novo, Jake
suspirou.
— Como senti a sua falta!
Tocou-lhe os seios ainda úmidos de suas carícias e
mordeu-lhe de leve a orelha, seguindo os contornos
com a língua, excitando-a até a loucura. Ela gemeu,
em profundo abandono.
— Jake. .. Por favor, tire a roupa. Ele se sentou e
ficou vermelho.
— Com os diabos! Não podemos. Prometi a Haney
que desceríamos para jantar assim que você
acordasse.
—- Meu Deus! — exclamou Liv, arremessando as
cobertas para o lado. — Foi bom você ter lembrado.
Temos um convidado para o jantar.
— Convidado? Quem?
— É surpresa. Não quer escolher um vestido para
mim, enquanto me arrumo? — Liv sentou-se à
mesinha de toalete e começou a escovar
vigorosamente os cabelos. — Será que está
parecendo que nós.. . você sabe. . .
Jake tirou um vestido do armário e estendeu-o sobre
a cama. Depois, chegando por trás dela, tomou-lhe
os seios nas mãos e apertou os bicos entre os dedos.
Quando ficaram rijos, ele exclamou:
— Ah, agora você parece alguém que. .. Você sabe!
- Jake, não vou conseguir ficar pronta a tempo, se
não parar com isso!
Jake pressionou a rija masculinidade de encontro ao
corpo dela.
— Pois eu já estou pronto. Aliás, estou pronto há
horas. Sabe que você fica linda quando dorme?
— Não brinque, Jake. Você sabe que eu quis dizer
pronta para o jantar.
— Ah, o jantar. Droga!
Ao descerem, encontraram Steve e Laura Jane na
sala, preparando os drinques.
— Obrigado — disse Jake, aceitando o bourbon que o
cunhado lhe oferecia.
Se ainda tivesse alguma dúvida sobre o acerto do
casamento de Laura Jane, bastaria dar uma olhada
no casal. Sua irmã irradiava felicidade e Steve
parecia mais tranquilo; não era mais o homem tenso
e desconfiado de outrora.
Nesse instante, a campainha tocou e Liv levantou-se
de um salto.
— Acabe de tomar o seu drinque — disse a Jake. —
Volto num instante.
— Liv tem de parar de se agitar tanto — comentou
ele com a irmã. — Espero que, nos próximos meses,
ela aja com mais calma.
— Nem posso acreditar que Liv esteja esperando um
bebê! — comentou Laura Jane.
Jake olhou significativamente para Steve.
— E eu não posso acreditar que fui o último a saber ,
Steve encolheu os ombros.
— Não cabia a mim tomar qualquer atitude.
Quando Jake ia responder, Liv reapareceu
acompanhada de uma garota.
— Jake, visita para você.
A garota percorreu a sala com os olhos e mordeu
nervosamente o lábio, que, para alívio de Liv, não
estava pintado. Ela não usava maquilagem nem
enfeites extravagantes; pelo contrário, estava
discretamente vestida e escovara seus cabelos
rebeldes.
— Foi Liv que me convidou — disse Alyssa, na
defensiva. — Eu sabia que você não se lembrava de
mim.. .
Depois do choque inicial, Jake parecia
agradavelmente surpreso. De braços estendidos, foi
ao encontro da garota, parando a poucos passos
dela.
Os lábios de Alyssa tremeram, seus olhos encheram-
se de lágrimas. Sem nenhum vestígio de rebeldia, ela
deu um passo para a frente e jogou-se nos braços de
Jake, enterrando o rosto no peito dele.