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Sistema de Ensino A DISTÂNCIA

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA bacharelado

CARLOS NEI DA CONCEIÇÃO BESSA

O KICKBOXING NA COMUNIDADE: POSSIBILIDADES DE


INTRODUÇÃO DE LUTAS E ARTES MARCIAIS E SUA
CONTRIBUIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DOS
ADOLECENTES QUE VIVEM EM COMUNIDADE
PROJETO DE ENSINO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
BACHARELADO

Nova Friburgo
2020
CARLOS NEI DA CONCEIÇÃO BESSA

O KICKBOXING NA COMUNIDADE: POSSIBILIDADES DE


INTRODUÇÃO DE LUTAS E ARTES MARCIAIS E SUA
CONTRIBUIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DOS
ADOLECENTES QUE VIVEM EM COMUNIDADE
PROJETO DE ENSINO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
BACHARELADO

Projeto de Ensino apresentado à Unopar, como


requisito parcial à conclusão do Curso de Educação
Física Bacharelado

Orientadores: Prof. Carlos Mario Welin Balvedi

Tutor à distância: Jhenephan Macedo da Silva

Nova Friburgo
2020
BESSA, Carlos Nei da Conceição. O Kickboxing na comunidade: possibilidades de
introdução de lutas e artes marciais e sua contribuição no desenvolvimento social dos
adolecentes . 2020 17 folhas. Projeto de Ensino (Graduação em Educação Física) – Centro de
Ciências Exatas e Tecnologia. Universidade Norte do Paraná, Cidade, 2020

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo identificar e evidenciar possibilidades de introdução do


Kickboxing e suas submodalidades nas comunidades através de projetos sociais . Discutir se o
esporte é uma arte marcial ou uma luta, e qual a diferença entre os dois conceitos. Bem como
apresentar possibilidades de atividades lúdicas para a compreensão do esporte, apresentar sua
história e discutir a problemática da introdução dos conteúdos de artes marciais na
comunidade, desmistificando algumas impressões prévias acerca do tema.

Palavras-chave: Kickboxing. Artes Marciais. Conceitos. Educação Física. Esporte.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................6
1.1 TEMA DO PROJETO........................................................................................................8
1.2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................8
1.3 O PROJETO SE DESTINA.............................................................................................10
1.4 PROBLEMATIZAÇÃO...................................................................................................10
1.5 OBJETIVOS......................................................................................................................10
1.6 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................11
1. Desporto de Combate.........................................................................................................13
1.7 DESENVOLVIMENTO (METODOLOGIA)..............................................................15
1.8 TEMPO PARA A REALIZAÇÃO DO PROJETO - CRONOGRAMA...................15
1.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................16
2. REFERÊNCIAS..............................................................................................................17
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1 INTRODUÇÃO
O seguinte projeto tem por objetivo incluir no processo de formação dos adolescentes
das comunidades a prática do Kickboxing, modalidade criada nos EUA na década de 1970.
Ao mesmo tempo, a elaboração deste projeto destinará parte da sua discussão à prática
docente, carente, no Brasil, de capacitação e introdução à outras práticas esportivas que não o
Voleibol e o futebol – esportes mais populares nas comunidades brasileiras atualmente – e
que estão entre as dez modalidades esportivas mais praticadas no país, segundo Batista:
De acordo com a pesquisa do Ministério do Esporte realizada em
2013, os dez esportes mais praticados no Brasil são, em ordem:
futebol; caminhada e corrida; voleibol; academia e musculação;
natação; futsal; musculação; ciclismo; handebol; e basquetebol.
(Batista, 2013)

Ao mesmo tempo, será apresentada uma breve introdução ao esporte, à sua história e
popularidade pelo mundo. A apresentação de suas sete modalidades, características principais,
competições, regras de cada modalidade, principais ícones do esporte e etc.

Parte da discussão será em torno da diferenciação entre arte marcial e briga, formação
do caráter do adolescente , comportamento e sua problematização no contexto comunidade na
construção de um ambiente de disciplina, diminuição da violência, cooperação e superação
das limitações e o convívio pacífico entre os adolescentes .
Dessa forma, faz-se necessário aos professores de Educação Física,
saber e ensinar a diferença entre lutas e brigas para seus alunos,
independente da modalidade. Enquanto a primeira trata-se de uma
prática esportiva ou alternativa de atividade física com regras
determinadas, a segunda é vista como uma forma de provocar
confusões, desrespeito ao próximo, gerando violência excessiva.
(Mazini Filho, 2014)

Além de, nas comunidades, desenvolver um trabalho psicomotor, aumento da


concentração; estabelecendo assim uma abertura para a interdisciplinaridade. Outrossim, ao
pensar na prática do esporte nas substâncias lícitas e ilícitas pelos praticantes do Kickboxing
quando essa modalidade é praticada para fins competitivos, ou seja, esporte profissional de
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alto rendimento. Além de questionar se o esporte de alto rendimento em si tem relação direta
com a saúde ou ao comprometimento dela.
A escolha do tema reside na problemática que é a introdução de lutas nas comunidades
Existe certo preconceito, talvez, mas mesmo um receio com a introdução das artes marciais
no dito contexto pois há a idealização de uma possível difusão da violência, da agressão. Mas
nos diz Filho que:
Todavia deixamos claro que não é a modalidade que é responsável
pela violência e sim o fator social que anda muito conturbado dentro
das famílias e dentro da própria sociedade, de uma maneira geral.
(Mazini Filho, 2014)

Acredita-se que muito mais do que propriamente recrudescer um ambiente violento


(sobretudo em periféricas e no entorno de bairros com alto índice de pobreza), o receio com as
práticas, modalidades de luta, se dá muito mais pela falta de estrutura dessas comunidades ,do
que exatamente o aumento da violência em âmbito social. A prática das mais variadas
modalidades do esporte ao contrário, aumentam a capacidade de cooperação, o conhecimento
pleno de suas capacidades corporais, a integração social, o senso de comunidade, ao
autoconhecimento psicomotor, a mediação de conflitos. Pois segundo Silva Santos:
Além disto, ressalta-se que as lutas propiciam momentos de integração
social, o que estimula a formação de um cidadão adaptado ao convívio
social salutar, e com possibilidades de aproveitar o espetáculo
esportivo desta modalidade (Gonçalves e Silva, 2013) e contribuem na
capacitação dos alunos numa arte marcial, já que, aprendem técnicas
de defesa pessoal. (apud Gonçalves e Silva, 2016)

Os objetivos, portanto, deste projeto são discutir a capacitação ou a falta desta, na


formação do profissional, discutir a estrutura das comunidades para viabilizarem as práticas
esportivas; entender porque essas práticas podem mudar o contexto de violência na
comunidade e fazendo com que aja uma aproximação entre comunidade e escola , conhecer a
modalidade de arte marcial do Kickboxing e suas sub-modalidades, diferenciar briga de arte
marcial, mostrar que a influência da arte marcial tende a contribuir para uma maior
capacidade psicomotora de quem o pratica, bem como aumento da concentração e do
rendimento escolar.
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Apresentar algumas discussões entre autores especializados em pensar as artes


marciais no âmbito sociedade, de forma que algumas comparações e distanciamentos sejam
identificados irão viabilizar o sucesso deste projeto, pois a teoria será introduzida à prática em
conformidade com as acepções já estabelecidas devido à algumas experiências já concebidas,
mas que podem avançar empreendendo uma análise mais detida, como será feito a seguir.

1.1 TEMA DO PROJETO

O tema proposto neste trabalho é desenvolver com os adolescentes o conhecimento e


as práticas do Kickboxing e suas submodalidades. Compreender o contexto histórico em que
nasce essa arte marcial, durante os primeiros anos da década de 1970 nos Estados Unidos da
América, antes conhecida como Karatê Full Contact, que praticada por antigos caratecas que
desejavam criar uma nova modalidade, essencialmente norte-americana – o que configura
uma espécie de nacionalismo – em um ambiente, o das artes marciais, amplamente dominado
por artes criadas no Oriente.
Portanto, o projeto se baseia em conhecer essa luta, praticá-la e utilizá-la como forma
de integração, cooperação, o controle da agressividade, respeito mútuo e ainda contribuir com
o aumento do desempenho do adolescente na escola, bem como diminuir a evasão; sobretudo
em escolas de periferia.

1.2 JUSTIFICATIVA
A escolha do tema lutas e por isso a opção pelo Kickboxing é que, em primeiro lugar,
é um tema de onde existe um domínio e um trabalho já desenvolvido em estágios, atividades e
em carreira profissional. Em segundo lugar, essa escolha passa pela percepção de que nas
comunidades brasileiras a maioria dos esportes praticados através de projetos , como os
dados descritos acima em outro item, são o Futsal, o Voleibol e o Basquete. No entanto, as
lutas são opções viáveis e ainda que não existam (em comunidades) condições estruturais
plenas, é possível desenvolver a prática dessas modalidades. Existe uma demanda, pois nem
todos os adolescentes realizam essas práticas descritas acima, ou será necessário também
desenvolver outras aptidões, outros conhecimentos. A ideia consiste, portanto, em ampliar o
leque de possibilidades e não se furtar de tentar outras práticas, alternativas ao que já está
consolidado nos projetos trabalhos em comunidades
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A autora Suel Luz (2014), apresenta alguns aspectos importantes para compreender a
necessidade de uma “pedagogia da cultura corporal”. Muito mais do que desenvolver a
prática, é envolver-se a ela, compreendê-la e discuti-la. O esporte diz muito sobre a sociedade
em que vivemos, afinal o Brasil é “o país do futebol”. O esporte é um tentáculo da cultura
formadora de um país. Mas esse discurso está congelado, ao menos nas práticas de sala de
aula. As atividades se resumem a apenas jogar, sem quaisquer discussões críticas acerca dos
conhecimentos teóricos do esporte. E então, introduzir outras práticas, além de diversificar o
que se pratica nas escolas, é interessante também levar para o espaço escolar o conhecimento
teórico dessa nova modalidade, apresentar seu contexto de criação, sua história, seu alcance e
assim desenvolvê-la tornar esse “objeto novo” uma alternativa, uma nova perspectiva, uma
outra visão de mundo. E concomitantemente, contribuindo para o desenvolvimento do escopo
teórico-metodológico .Não é um movimento para o adolescente , apenas, mas sim para o
profissional, para a comunidade que abrigará esta nova alternativa ao que já está posto
comumente.
Outro aspecto abordado neste projeto está em torno do que aponta Hugo Nunes
(2013): a falta de conhecimento e vivência de parte dos profissionais em Educação Física e
também a preocupação com o recrudescimento da violência no ambiente social . Outrossim, é
necessário, segundo o autor, diferenciar o que é luta do que é arte marcial. Semanticamente
são duas coisas evidentemente diferentes, mas há o equívoco de deixar de conceituar esses
termos. A própria palavra “luta” tem pelo menos duas dimensões polissêmicas. Por exemplo,
“luta de classes”, luta dos sem-terra; expressam uma dimensão genérica da palavra. Ao passo
que “arte” remete a algo lúdico, plástico, subjetivo por vezes. E “marcial” remete ao deus
greco-romano Marte, deus da guerra, do conflito. Somente neste interim, está deflagrada uma
discussão filosófica muito pertinente, pois todas as artes marciais possuem alguma filosofia
que as caracterizam, que conduzem a forma de agir de seus praticantes; uma discussão
antropológica ao mesmo tempo. Eis um momento propício para a promoção da
interdisciplinaridade no ambiente escolar.
Do mesmo modo é uma discussão que, segundo o autor, deflagra uma condição de
“risco” por parte dos professores que se lançam a possibilitar esse conhecimento aos alunos,
em detrimento do que já vem comumente sendo praticado, como Voleibol, Basquete e Futsal;
ou até mesmo corrida, atletismo. Ao passo que esse projeto se consolidar, haverá caminho
para a consolidação, talvez, da disseminação que contribuirá para uma formação plena do
profissional de Educação Física que não se furtar em levar esportes que não estão no “cânone”
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da educação brasileira. Sobretudo nas escolas periféricas, onde o acesso a diversos conteúdos
é bastante limitada e limitante.

1.3 O PROJETO SE DESTINA

O projeto se destina para as comunidades Brasileiras onde índice de criminalidade entre os


adolescentes e muito grande e o envolvimento com as drogas assim fazendo com que os
adolescentes saem das ruas

1.4 PROBLEMATIZAÇÃO

Projetar métodos e aulas que consistem no ensino, na aplicação de conhecimentos


relativos às artes marciais.O que, de certa forma, é um reducionismo das modalidades, das
suas filosofias e sua história. No mundo atual, observamos eventos, como o The Ultimate
Fighter (UFC); que são eventos que englobam todas as artes marciais (MMA) mas que as
promovem com esses objetivos competitivos, de disputa e que são usados por um viés
mercadológico para vender seu produto e associar com marcas esportivas visando o lucro e a
propaganda. Um aspecto normal do modus operandi dos esportes na atualidade. Mas que em
nada ou quase nada contribui para o conhecimento das artes marciais, sua história e suas
filosofias, subjetividades. No entanto o conceito genérico de “luta” segue aparecendo. E além
disso, são apenas quatro as modalidades propostas: Judô, Karatê, Capoeira e Kung Fu. É
possível aumentar esse leque, diversificar, contextualizar e constatar que muitas outras artes
são praticadas e vivenciadas no Brasil.

1.5 OBJETIVOS
O objetivo do projeto é elaborar e desenvolver com os adolescentes o conhecimento e a
prática do Kickboxing. Refletir seu contexto de criação, o que reflete para a cultura norte-
americana e quais os caminhos que essa modalidade percorreu até chegar ao Brasil e sua
penetração na nossa sociedade. Reconhecer os grandes atletas da modalidade, os principais
eventos e qual impacto sócio-econômico.
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Outros objetivos mais específicos deverão ser alcançados:

 A apreensão dos golpes, sua nomenclatura e sua técnica, o reconhecimento e


diferenciação das sete modalidades do Kickboxingo (Full Contact, Musical Forms,
Light Contact, Kick Light, Point Fight, Low Kicks e K1 Rules);
 Promover o conhecimento que uma arte marcial pode proporcionar, evidenciar em
uma discussão um amante do Kickboxing deve se posicionar, agir e mediar conflitos
 Criar jogos e brincadeiras para potencializar a compreensão dos movimentos e do
conhecimento do esporte.

1.6 REVISÃO DE LITERATURA

À princípio de apresentar neste item alguns aspectos teóricos relacionado ao


Kickboxing, ou ao ensino de artes marciais nas comunidades , principalmente nas
comunidades rurais , é justo e necessário iniciarmos pelos benefícios que a aplicação desse
esporte traz para o seu praticante que vai muito além de aplicar golpes, de aprender a se
defender em uma situação de conflito. Essa análise versa muito mais sobre identificar,
compreender e alterar comportamentos agressivos. Trata-se de combater já na aplicação dos
ensinamentos da arte marcial alguns paradigmas sociais e de gênero, por exemplo.

Segundo Dos Santos (2013), é possível afirmar que:


Através de revisões bibliográficas realizadas nesta área, implementando
estudos aprofundados sobre todos os aspectos trabalhados nas artes marciais,
denominadas lutas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, é possível
denotar que as artes marciais trazem grandes ensinamentos em todas as
esferas que compõem o ser humano tais como o físico, o motor, o cognitivo,
o social e o psicoafetivo. (Dos Santos 2013)
Do mesmo modo, desenvolver trabalhos ensejando os alunos a praticarem a
arte, a partir de jogos, brincadeiras, lhes apresentando as teorias e filosofias dessa arte forma-
se indivíduos capazes de apreender um pensamento crítico acerca da constituição de uma arte
marcial e não simplesmente ensina eles a “bater” ou a se defender. Os exercícios propostos
possibilitam a tentativa e o erro dos alunos, a reconhecer seus limites e buscar formas de
superá-los, conhecendo-se a si mesmos. Tornarem-se melhores e criarem visões de mundo
onde possam eles posicionarem para resolverem conflitos, buscar mecanismos para que no
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futuro oportunizem a outros indivíduos, sendo eles professores ou não, outras perspectivas.
No Brasil, o esporte é um meio de ascensão social também. Quando não econômica, a
capacidade de influência na vida de outros indivíduos é evidente, ainda mais em locais onde
estão escancaradas as desigualdades.
Para Dos Santos, quando este autor se utiliza do exemplo da prática do Judô,
a arte marcial contribui para um desenvolvimento moral dos alunos praticantes. Estimulando a
cooperação, propõe desafios físicos e mentais. Como acertar um golpe, como defender-se de
outro, como se posicionar para aplica-los, como proteger-se de lesões. Tudo isso, para o autor,
é parte do desenvolvimento intelectual, diante da prática, que faz com que o aluno que está
em desenvolvimento tem de pensar no ato da atividade.
Atacando o problema da falta de conhecimento e aptidão de parte dos
profissionais de Educação Física no que tange a elaboração e ensino das artes marciais, Dos
Santos propõe que os ensinamentos das técnicas sejam feitos a partir de uma adaptação das
técnicas a práticas lúdicas. E acredita-se que mesmo o profissional em Educação Física seja
um especialista em lutas, é necessário elaborar os conteúdos dessa forma.
O comportamento é outro conceito que deve ser visto neste projeto. Pois
segundo Dos Santos:
Tais sessões de aulas pautadas na arte marcial trouxeram resultados
positivos em relação à melhora do comportamento de bullying, como o aumento do espírito
defensor entre os colegas, aumento da capacidade de raciocinar tanto durante a prática quanto
durante o estudo das outras áreas de conhecimento na escola e foi verificado o aumento da
empatia com as vítimas da prática do bullying. (Dos Santos apud Twemlow, 2008)
Não é raro as artes marciais pregarem postura e respeito para com seus pares. No
Kickboxing não é diferente. A princípio, tido como esporte de combate, é imprescindível
mudar esse quadro no trabalho escolar. Sendo uma arte que fundada na década 1970 com a
ressignificação de técnicas de várias outras artes marciais, como Karatê, Boxe e Taekwondo,
o Kickboxing fez um apanhado de suas filosofias. Não há registro documental ainda sobre
uma filosofia própria do esporte, mas este projeto visa contribuir para a formulação de uma
filosofia educacional dessa prática. Estabelecer alguns objetivos comportamentais e de
aumento do rendimento escolar, será possível alcançar o objetivo de formular uma filosofia
propriamente educacional desse esporte. O cumprimento antes e após os embates e os
treinamentos, o respeito para com o professor são um ritual comum desse esporte, assim como
existe em outras artes marciais. Seguem algumas definições, da diferenciação entre esporte de
combate, desporto marcial e jogo de combate.
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1. Desporto de Combate

É um esporte como o próprio nome evidencia, é portanto, essencialmente competitivo (como


definido no conceito de “esporte”), que se utiliza de técnicas de contato marciais para simular
um combate real de corpo a corpo. São utilizadas especialmente as técnicas de socar, chutar,
agarrar, arremessar e a utilização de armas, conforme a modalidade (apud ACEVEDO e
CHEUNG, 2010). Exemplos: MMA, Boxe, Esgrima.

2. Desporto Marcial

É uma modalidade que possui algumas remanescentes da filosofia mística característica das
artes marciais, de desenvolvimento do praticante, porém o objetivo principal é a competição,
é vencer o seu adversário. O praticante passa por todo tipo de treinamento a fim de se preparar
física e psicologicamente para subjugar o oponente utilizando as técnicas de combate de uma
determinada arte marcial, com a ressalva de buscar sempre a vitória mais justa e honesta
possível. Exemplos: Karatê competitivo, Judô competitivo.

3. Jogo de Combate

Também chamado de 'jogos de oposição' (apud JUNIOR e SANTOS, 2010), contém as


mesmas características de um esporte (ou desporto) de combate porém com a diferença de não
haver contato direto agressivo. Mantém-se as regras porém não tão rigorosas, o respeito entre
adversários, o espaço adequado, as técnicas, mas o jogo de combate é de cunho lúdico, pois
procura educar os praticantes nas principais valências físicas das diferentes lutas, como o
equilíbrio e desequilíbrio, força resistente, flexibilidade, sem necessariamente ferir ou
sobrepujar o adversário, sendo assim uma ótima ferramenta pedagógica. Exemplos de jogo de
combate: cabo de guerra, mini Sumô, pé com pé.
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4. Sistema de Combate Defensivo (Defesa Pessoal)

As principais características do sistema de defesa pessoal diferem em poucos pontos do


desporto de combate. É comumente utilizada pelas forças armadas, por seguranças, militares
(apud OLIVEIRA, GOMES e SUZUKI, 2009). Contém técnicas de combate como o soco,
chute, quedas, imobilizações, porém não engloba a competição esportiva pois o objetivo
primordial é vencer o oponente num combate onde a vida está em jogo. Podemos dizer que se
trata de uma modalidade de luta de sobrevivência. Exemplos: Krav Magá, Kombato.

5. Artes Marciais

As artes marciais tem como características o desenvolvimento espiritual, físico e


técnico do praticante, o estudo da filosofia mística própria da arte, a ausência de competição.
O praticante de uma arte marcial nunca deve ferir o outro intencionalmente, mas deve estar
“pronto para a guerra” por assim dizer. O objetivo primordial é o desenvolvimento pessoal e
espiritual do praticante, sem nenhum tipo de competitividade com outros, apenas consigo
mesmo (apud SIMPKINS e SIMPKINS, 2007). Exemplos de artes marciais: Wu Shu Kung
Fu1, Aikido.

Um exemplo significativo e que também é extremamente relevante para identificar a


peculiaridade de definição do Kickboxing enquanto arte marcial, mas que permite
ressignificar essa modalidade enquanto arte, está justamente em uma de suas submodalidades,
o Musical Forms.
O Musical Forms é a mais bela modalidade do Kickboxing. É considerada a Ginástica
Olímpica Marcial. Os atletas executam movimentos de várias artes marciais que formaram o
Kickboxing, podendo ser executada com armas ou não, com uma música de fundo escolhida
pelo atleta que deseja executá-la. Este por sua vez também cria a coreografia com base nesses
movimentos. É perfeitamente possível aplica-lo e desenvolver essa submodalidade com os
alunos.1

1.7 DESENVOLVIMENTO (METODOLOGIA)

1
A História do Kickboxing. Federação de Kickboxing do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo. Acesso em
10/05/2019. Disponível em <http://www.fkberj.com.br/historia.php?id=1>
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A idealização e aplicação desse projeto passa pela utilização de diversos materiais


disponíveis para o ensino do Kickboxing aos adolescentes. Para a introdução da arte marcial
Será interessante também já incentivá-los a repetir esses conceitos de forma discursiva, para
fazer com que eles compreendam melhor esses conceitos. A partir daí a ideia fica em
apresentar de forma lúdica os movimentos do Kickboxing, criar alguns circuitos onde esses
adolescentes possam familiarizar-se com os golpes.
Bem como refletir sobre os conceitos de luta, e arte marcial promovendo debates sobre
a modalidade e discutir se o Kickboxing constitui-se enquanto luta ou arte marcial e buscar
justificar cada conclusão. Ao mesmo tempo, pretende-se explicar aos adolescentes o contexto
de criação da modalidade, sua criação enquanto um “produto nacional norte-americano”
(evidenciando o que é nacionalismo), introduzindo o nome dos golpes, pois são todos em
termos da língua inglesa, aspectos biológicos que constituem o corpo do atleta de alto
rendimento e amadores; o que pode ser consumido ou não para aumentar o desempenho, a
resistência e discutir até que ponto o esporte de alto rendimento é saudável. Além de
estabelecer conexões com a filosofia e a filosofia do esporte.
Tudo isso sendo feito a partir de vídeos, artigos e proposição de exercícios escritos
sobre o esporte.
Um problema caro das comunidades é a falta de estrutura financeira para a compra dos
materiais para a realização do esporte. Luvas, capacetes, escudos, sacos de pancada e etc. são
objetos caros. Porém, é possível fazer algumas adaptações e é necessário o empenho do
professor em tentar realizar a fabricação de alguns materiais com os alunos. Por exemplo: é
possível confeccionar sacos de pancada com retalhos de materiais sintéticos ou de algodão.

1.8 TEMPO PARA A REALIZAÇÃO DO PROJETO - CRONOGRAMA

Estima-se que um período de um ano, seja interessante para que os adolescentes


conheçam o Kickboxing e suas submodalidades, desenvolvam atividades e materiais. Em um
ano será apresentada cada submodalidade do Kickboxing, além da história de criação do
esporte e seu contexto histórico. Apresentar seus fundadores, os grandes lutadores da
modalidade no passado e na atualidade, mostrar alguns vídeos com as técnicas que eles vão
aprender no segundo momento, Por sua vez, no decorrer do ano , a ideia é ensinar-lhes os
movimentos, explicar-lhes o nome já fazendo a tradução para a Língua Portuguesa e começar
a aplicar as técnicas. Promover circuitos com bonecos de papelão para que os alunos possam
aplicar os movimentos, ou se possível, tendo disponíveis os materiais profissionais para a
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prática dos movimentos. Desenvolver circuitos para exercícios de força e resistência para
possibilitar um maior rendimento dos alunos na execução dos movimentos. No de correr dos
anos , promover competições . Saber se houve um aumento do desempenho desses
adolescentes, e se houve uma diminuição da agressividade dos mesmos com maior tendência
a esse comportamento.

1.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS


O projeto apresentado até aqui pretendeu discutir o ensino do Kickboxing e suas
submodalidades para adolescentes de comunidades e deflagrar uma crítica ao “congelamento”
e até mesmo falta de percepção de muitos profissionais de Educação Física em trabalhar com
a temática artes marciais na comunidade.A ainda alguma resistência em trabalhar com as artes
marciais, sobretudo em comunidades
Mas com a abordagem metodológica e adequada a realidade dos adolescentes, o que
foi apresentado até aqui mostrou ser suficientemente interessante para iniciar a discussão
acerca do ensino das artes marciais, sua história e sua filosofia de forma a garantir uma
diversidade cultural aos adolescentes. E ao mesmo tempo, conduzi-los de forma que possam
aumentar o desempenho escolar, estar mais concentrados em suas atividades, dar-lhes mais
senso de cooperação e respeito ao próximo. Bem como mostrar que a cultura de movimento
corporal é uma cultura de saúde, física e também mental, que apazigua em certa medida as
mazelas em que muitos desses alunos de áreas carentes vivem diariamente em nosso país. E
ainda, ao fim e ao cabo, oportunizar a eles alguma forma de ascensão social. Se não através
das artes marciais, de toda a formação humana que essa prática pode ofertar a eles.

2. REFERÊNCIAS

DOS SANTOS, Lucas Baêta Leal. Benefícios das artes marciais nas aulas de Educação
Física Infantil. Artigo de Revisão. Faculdade de Ciências da Educação e Saúde – FACES –
Curso de Licenciatura em Educação Física. Brasília-DF, JUNHO/2013.
17

FILHO, Mazini Lúcio Mauro; SIMÕES, Michel Resende; VENTURINI, Gabriela Resende de
Oliveira; SAVÓIA, Rafael Pedroza; AIDAR, Felipe José; COSTA, Saulo Paula. O ensino de
lutas nas aulas de Educação Física Escolar. In: Revista do departamento de Educação
Física e Saúde e do Mestrado em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul /
Unisc. Ano 15 – vol.14 -número 4 – Outubro/Dezembro 2014. Disponível em:
http://online.unisc.br/seer/index.php/cinergis. Acesso em: 09 mai. 2019.

LUZ, Suel. Artes Marciais na escola: um olhar diferente para Educação Física escolar na
perspectiva do Currículo Cultural. E. E. Caetano de Campos. São Paulo, 2013.

NUNES, Hugo Cesar Bueno. Lutas e artes marciais: possibilidades pedagógicas na


Educação Física Escolar. In: EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº
183, Agosto de 2013. Disponível em: <http://www.efdeportes.com.>. Acesso em: 09 mai.
2019.

SANTOS, Lara Lavyne Silva Santos; VEIGA, Igor Nascimento; JÚNIOR, Adenilson Targino
de Araújo. Projeto de arte marcial na escola: um relato de experiência sobre a produção
de sinais em LIBRAS para o Jiu-Jitsu. II Congresso CINTEDI, Educação Inclusiva. II
Jornada Chilena Brasileira de Educação Inclusiva. Campina Grande, 16 a 18 nov. 2016.

SUETAKE, Nádia Sary. Comportamentos-problema de alunos da educação infantil:


análise das concepções dos professores e elaboração de lista descritiva. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Filosofia e Ciências. Marília,
p.95. 2007.

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