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SÃO PAULO
2005
MARLENE GOMES DE FREITAS
SÃO PAULO
2005
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pelo Centro de Documentação – Coordenadoria de Controle de Doenças/SES
SES/CCD/CD-083/05
Dedico este trabalho ao meu pai, Raimundo (in memorian) e a
minha mãe, Lindaura, aos quais devo a oportunidade de estar
neste mundo e por me mostrarem o caminho do amor e do
respeito ao outro.
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Ana Lúcia da Silva, pelas orientações, pela paciência nos
momentos difíceis e por acreditar em meu potencial.
À amiga Fernanda da Silva, pelo incentivo e por estar sempre disponível nos
momentos de conflitos.
À Dra Ruth Miranda e Dra. Akiko kanazawa pela atenção e pelo apoio.
As amigas Karen e Juliana, pelo apoio e fiel dedicação.
Freitas, Marlene Gomes de. The care in Nursing Graduate Course under
the Edgar Morin’s Theory of Complexity. São Paulo, 2005 122 pages.
Dissertation (Master Degree) – Post-graduate program in Sciences Diseases
Control Coordination - CCD – Concentration Area Collective Health – São
Paulo State Health Secretary.
APRESENTAÇÃO.........................................................................................11
3 - OBJETIVOS.......................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................72
A enfermagem tem o cuidado como seu foco principal e não deve ser
analisada isoladamente de suas raízes. Historicamente, a Enfermagem
sempre se caracterizou por cuidar de pessoas.
Mas, que cuidar é esse? Consideramos que a essência da profissão
de Enfermagem é o “cuidar” e envolve dimensões do ser humano com
ênfase na promoção da saúde física e mental.
O enfermeiro lida diretamente com o processo saúde-doença, portanto
deve em todos os momentos promover a saúde, repensando o cuidar físico
como o psíquico. O cuidar, enquanto prática, é tão antigo quanto a
existência humana, mas, no entanto, apenas na segunda metade do século
XIX se estabelece como profissão, a partir de Florence Nigthingale na
Inglaterra, que proporcionou melhores condições de higiene, contribuindo
para o funcionamento dos hospitais e a cura das pessoas. Seus
ensinamentos foram aplicados, resultando na diminuição do índice de
mortalidade da época.
Passados 150 anos do marco Nigthingaleano e por mais que a
tecnologia material avance nas instituições de saúde, será difícil inventar
máquinas que consigam substituir os profissionais de enfermagem que
prestam cuidado com o olhar, o sorriso, o toque e a escuta, permitindo às
pessoas cuidadas falarem de suas vidas, suas famílias, seus passados,
seus medos da morte, de não se recuperarem, seus arrependimentos,
mágoas, esperanças e planos.
Horta (1979, p.3) afirma que cuidar é atender às necessidades
humanas básicas intrinsecamente ligadas ao ser humano, que necessita de
cuidados de outros seres humanos. Desse encontro do Ser-enfermeiro com
o Ser-cliente surge uma interação resultante das percepções, ações que
levam ao cuidar em enfermagem.
Nunes (1995) refere que cuidar é o resultado de um momento anterior
que se caracteriza por se estabelecer um estado interior, um sentir-se “estar
com o outro”. Para a autora compreender o cuidar é o enfoque central do
fazer do enfermeiro.
Com relação ao cuidar em enfermagem, Silva AL. (1996) refere que o
cuidar é um processo de interação dinâmica, única, intuitiva e criativa.
Gamboa (1997) afirma que cuidar é o resultado de um processo no
qual, delicadamente, se conjugam sentimentos, valores, atitudes e princípios
científicos com o objetivo de satisfazer os indivíduos nele relacionados.
Para Boff (1999) o cuidado se opõe ao descuido e ao descaso, pois
cuidar é mais que um ato é uma atitude. O cuidar abrange mais que um
momento de atenção, de zelo e de desvelo, o cuidado representa uma
atitude de ocupação, preocupação, de responsabilidade e de envolvimento
afetivo com o outro. Afirma que o cuidado se encontra na raiz primeira do ser
humano, antes que ele faça qualquer coisa, sem o cuidado, ele deixa de ser
humano. Se não receber cuidado, desde o nascimento até a morte, o ser
humano desestrutura-se, perde sentido e morre.
O cuidado humano consiste em uma forma de viver, de ser, de se
expressar. É uma postura ética e estética frente ao mundo. “É um
compromisso com o estar no mundo e contribuir com o bem estar geral, na
preservação da natureza, da dignidade humana e da nossa espiritualidade.
É contribuir na construção da história, do conhecimento, da vida” (Waldow,
2001, p.129).
Se, ao longo da vida, não fizer com cuidado tudo o que empreender,
acabará por prejudicar a si mesmo e por destruir o que estiver à sua volta.
Por isso, o cuidado deve ser entendido na linha da essência humana; o
cuidado há de estar presente em tudo. Nas palavras de Martin Heidegger:
“cuidado significa um fenômeno ontológico-existencial básico. Traduzindo:
um fenômeno que é a base possibilitadora da existência humana enquanto
humana” (Boff, 1999, p. 34).
Para Constanaro (2001, p. 29) “ter cuidado com alguém ou alguma
coisa é um sentimento inerente ao ser humano, ou seja, é natural da espécie
humana, pois faz parte da luta pela sobrevivência e percorre toda a
humanidade”.
Após esse conjunto de pensamentos, retomamos a reflexão sobre o
“cuidar”. Todo ser humano deve ser cuidado para continuar a existir.
Devemos buscar na educação, enquanto formação para o profissional
enfermeiro, recursos pedagógicos que caminhem para o cuidar humano.
A realidade nos coloca a necessidade de reflexão sobre novos
pensamentos, novas posturas e comportamentos, em encontro a grandes
mudanças decorrentes da globalização e do desenvolvimento tecnológico
científico. Compreendemos que é necessário o ganho de habilidades,
capacidades físicas e biológicas para acompanharmos o avanço da
tecnociência e a evolução humana.
Nesse novo século, novos paradigmas são questionados, levando a
necessidade da transdisciplinaridade, que visa incentivar a comunicação
entre as diversas áreas do saber e a busca por relações entre os campos de
conhecimento. Nesse sentido, percebemos nos docentes de enfermagem
pouco interesse por saberes transdisciplinares; por conseguinte,
intervenções são necessárias para caminharmos rumo à essência da
Enfermagem enquanto profissão do Cuidar Humano.
.
CAPÍTULO 2
MARCO TEÓRICO
Francisco Varela
________________
1
O termo dialógico quer dizer une que duas lógicas, dois princípios que deviam excluir-se
reciprocamente, mas, são indissociáveis em uma mesma realidade. ... a dialógica permite assumir
racionalmente a inseparabilidade de noções contraditórias (Morin, 2004, 9.96).
2
Paradigma de complexidade ao conjunto dos princípios de intelegibilidade que, ligados uns aos
outros, poderiam determinar as condições de uma visão complexa do universo (físico, biológico,
antropossocial (Morin, 2003b, p.330).
Um aspecto importante da Teoria da Complexidade é percebermos
que a complexidade incorpora as noções de ordem, desordem e
organização presentes em todos os sistemas. Ordem-desordem é uma
relação inseparável, é um processo fundamental para a evolução do
universo e é norteador da relação dialógica e ao mesmo tempo una,
complementar, concorrente e antagônica (Morin, 2003a, p. 195).
A noção de complexidade dificilmente pode ser conceituada. Por um
lado porque está emergindo e por outro porque não pode deixar de ser
complexa (Morin, 2003b, p.305). Podemos comprovar na resposta de uma
criança quando em sua escola foi questionada se sabia o que era
complexidade, ela respondeu: - “Complexidade é uma complexidade que é
complexa” (Morin e Lê Moigne, 2000).
Edgar Morin propõe uma reforma da maneira de pensar das pessoas.
Uma reforma que supere o reducionismo, pois esse impende às pessoas de
compreender a complexidade da realidade, incluindo aí o próprio homem.
Ele propõe o que se denomina Pensamento Complexo3 (Morin, 2002).
A reforma necessária do pensamento é aquela que gera um
pensamento do contexto e do complexo. Segundo Morin,
_____________
4
Sujeito supõe um indivíduo, mas a noção de indivíduo só ganha sentido ao encontrar a noção de
sujeito. A definição primeira do sujeito deve ser bio-lógica. Trata-se de uma lógica de auto-afirmação
do indivíduo vivo, pela ocupação do centro do seu mundo, o que corresponde literalmente à noção de
egocentrismo. Ser sujeito implica situar-se no centro do mundo para conhecer e agir... Como cada
indivíduo vive e experimenta-se como sujeito, essa unicidade singular é coisa humana mais
universalmente partilhada. Ser sujeito faz de nós seres únicos, mas essa unicidade é o aspecto mais
em comum. (Morin, 2003a, p.74-75).
Para restaurar a noção de sujeito é preciso pensar que toda
organização biológica necessita de uma dimensão cognitiva, onde os genes
constituem um patrimônio hereditário de natureza cognitiva/informativa da
célula.
Morin (2003a, p. 53) fala em todo comportamento humano: atividades
biológicas, espirituais e corporais. Faz analogia do indivíduo com o ponto do
holograma5 que conserva o todo da espécie, da sociedade, porém mantêm
sua singularidade.
A definição biológica do que é sujeito, faz comparação do egocentrismo
inato à condição humana e que este é, em parte, responsável pela
singularidade do “sujeito” humano. De forma quase poética podemos viajar
pelas inúmeras variáveis que subsidiam a idéia de que mesmo o todo
humano é composto por milhões de partes que se integram e combinadas
dão a forma total.
O todo é a forma direta de expor as partes, o homem somente se realiza
como ser humano pela cultura e na cultura “Não há cultura sem cérebro
(aparelho biológico de competência para agir, perceber, saber, atender, mas
não há mente (mind) isto é, a capacidade de consciência e pensamento sem
cultura” (Morin, 2003c. p. 52).
O fator cultura, torna a discussão ainda mais ampla e complexa, se
analisada sobre diversas óticas religiosas, várias concepções para o
fundamento humano. As culturas surgiram e influenciaram suas sociedades,
mesmo em caso de grandes miscigenações, como ocorre no Brasil. Isso
define a idéia de que “O outro é virtual em cada um e deve atualizar-se para
que cada um se torne si mesmo”, “A necessidade do outro é radical”; mostra
a incompletude do Ego/Eu sem reconhecimento, amizade, amor
(Morin,2003a, p.78).
_______________
5
Holograma é a imagem física cujas qualidades de relevo, de cor e de presença são devidas ao fato
de cada um dos seus pontos incluírem quase toda a informação do conjunto que ele representa
(Morin, 2003b, p.181).
Diante disso o indivíduo torna-se irredutível, sendo aberrante qualquer
tentativa de dissolvê-lo na espécie e na sociedade. O indivíduo humano
dispõe das qualidades do espírito, de uma superioridade em relação à
espécie e sociedade, pois tem consciência e a plenitude da subjetividade.
Atrelado a essas idéias, Morin (2003c, p. 63) fala que é preciso
compreender a condição humana no mundo como a condição do mundo
humano. A compreensão humana chega quando sentimos e concebemos os
humanos como sujeito. O sujeito humano é complexo por natureza e por
definição.
Trata-se de compreender que a unidade é múltipla e que o múltiplo é
uno. O ser humano apresenta uma unidade genética comum a todos por
isso é uno e múltiplo simultaneamente. E nesse contexto concordamos com
Morin quando define o homo complexus.
3.1 Geral
¾ Reconhecer como o graduando e recém-graduado de enfermagem
compreendem o ensino do cuidar na óptica da complexidade de Edgar
Morin .
3.2 Específicos
Ao mesmo tempo há uma unidade humana, e esta por sua vez traz
em si os princípios de suas múltiplas diversidades. Assim, de acordo com
Morin (2003c, p.55): “... compreender o humano é compreender sua unidade
na diversidade, sua diversidade na unidade”. É preciso conceber a unidade
do múltiplo, a multiplicidade do uno”.
Embora o sujeito individual seja singular, é um ponto de holograma
contendo toda a trindade ele não está sozinho porque o Outro e Nós
moramos nele.
1 – “... a gente via as pessoas, no chão deitadas porque tem sono por causa
da medicação, as vezes a gente queria ... que isso seria o lado humano...
levantar a pessoa, colocar no banco ou sentado e você não podia ...”
(Betânia).
2 – “...amplitude da pessoa como ser humana as necessidades que ela têm
como ser humano ...” (Gilson)
3 – “... que o ser humano é uma máquina complexa ... mas a gente têm que
saber que nós também somos...” (Elis)
Para Morin (2003c, p.59) o ser humano é um ser racional e irracional,
capaz de medida e desmedida; sujeito de afetividade intensa e instável.
Sorri, chora é sábio e louco, é rico, contraditório, ambivalente; de fato, é
demasiado complexo e trazem em si, caracteres antagonistas, portanto,
Homo complexus, que integra o processo evolutivo do universo e é parte
constitutiva dele. O homem evolui com o universo e não no universo.
Os entrevistados, assim como o ser humano, é um ser ao mesmo
tempo singular e múltiplo diverso e uno sendo ao mesmo tempo biológico,
psíquico, social, espiritual, ou seja, um ser complexo. Para Morin (2003a,
p.78) “... A relação com o outro se inscreve virtualmente na relação consigo
mesmo para o cuidar”.
Da mesma forma Silva e Conversani (2002) falam: o ser humano não
é só um ser biológico. É também um ser psico-sócio-cultural e espiritual. É
um todo complexo que interage consigo mesmo, com sua família e com a
sociedade.
As frases selecionadas demonstram a necessidade de se colocar no
lugar do outro para o cuidar.
1 – “... falo bom dia, me apresento. Porque (...) como ele vai querer que uma
pessoa cuide dele se não sabe quem é que está cuidando dele, perguntando
como foi a noite, se não foi boa o que a gente pode fazer para melhorar,
está com fome, o senhor quer banho, o senhor quer café, gosta de escovar
os dentes antes ou após o café...” (Luana).
2 – “... ao chegar no paciente, dar atenção, perguntar como está se sentindo,
se teve uma boa noite, dúvidas referentes algum procedimento...”(Clarice).
3 – “... o meu cuidar além de tudo, ver, conversar, deixar ele falar é
ouvir...”(Solange).
1 – “... o todo é um ser humano, têm os problemas, têm uma família um lar,
ele foi ou é importante para alguém...” (Ana).
2 – “... uma enfermeira: ela sabia cuidar, ela podia dizer alguma
coisa...”(Magali).
Segundo Boff (1999), o ser humano vive distendido entre a utopia e a
história. Ele está no tempo onde as duas se encontram. O ser humano
constrói a sua existência no tempo, precisa do tempo para crescer,
aprender, madurar, ganhar sabedoria e até a para Morrer.
Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas; 1991.
Nunes DM. Linguagem do cuidado [Tese]. São Paulo (SP): Escola Paulista
de Medicina - Universidade Federal de São Paulo; 1995.
Silva AL. A vida por um fio: a doença que ataca silenciosamente [Tese]. São
Paulo (SP): Escola de Enfermagem – Universidade São Paulo; 2000.
Atenciosamente
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), de uma
pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de
aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas
vias. Uma delas é sua e a outra é da pesquisadora responsável. Em caso de não
concordar você não será penalizado (a) de forma alguma. Você tem liberdade de
retirar-se da pesquisa a qualquer momento, sem prejuízo algum. Em caso de
dúvida você pode procurar o Comitê de Ética do Instituto de Saúde, pelo telefone
(011) 3105-9047 r. 209, posgradcolet@isaude.sp.gov.br, ou a pesquisadora
responsável pelo telefone (011) 3858-6289 e-mail gomes.freitas@uol.com.br
B) QUESTÕES NORTEADORAS
ENTREVISTAS NA ÍNTEGRA
P – Pergunta
R - Resposta
R – Bom, eu percebi que o cuidar do curso do... 1º ao 3º ano você não tem
como cuidar do paciente porque você não tem acesso ao paciente né...
Você só vai ter acesso ao paciente a partir do 4º ano e ai você não tem
tempo pra você poder colocar em prática, o que você apreendeu na teoria,
então, assim um resumo o curso ele tem muita teoria e pouca parte prática.
R – É ... essa experiência que eu tive assim é também... não da pra você
cuidar holisticamente é tudo muito rápido, então você ta fazendo um
procedimento de repende você para e passa para outra pessoa e vai porque
esta acontecendo outra coisa que é mais importante né, então, isso também
dificulta né, porque você pode assim, parar você esta arrumando uma cama
você para e vai pra uma outra coisa. Vai passar uma sonda nasogástrica é
mais importante então você passa para outra pessoa para o próprio auxiliar
que trabalha no hospital né e vai ver o outro procedimento, né e isso
também dificulta o cuidar holístico do paciente que tanto se fala nas aulas.
R - É teve; teve vários dias que às vezes até você quer fazer alguma coisa,
mas como você e graduando você não pode né. No psiquiátrico mesmo
assim agente via as pessoas, no chão deitadas porque tem sono por causa
da medicação, às vezes agente queria que isso seria o lado humano
levantar a pessoa colocar no banco ou sentado e você não podia você fica
assim intimidada de fazer isso e será que eu posso né então você não
pode praticar o que você quer ser no futuro você entendeu..
P - Pergunta como você faria esse cuidar, como ele seria para você.
R - Ali se eu pudesse fazer eu faria muita coisa acho eu faria muita coisa eu
passaria o dia inteiro eu conversaria sabe eu, eu acho teria que ter mais
atividades para ele, inclusive eu sugerir né, para a professora junto com o
meu grupo né e ele falaram que não porque ai possa ser que o hospital
passa a ser um clube, né se tiver, futebol, vôlei eu já não concordo com isso
né que as pessoas iriam lá internar porque lá tem futebol vôlei, tem sei lá
desenho, né preencher aquele tempo né aquele tempo todo ali parado, mas
não a conduta é diferente o que mais me chocou foi esse hospital.
P – (4 e 5) Fale das facilidades e das dificuldades que encontra no cuidar em
enfermagem
R - É isso... não poder fazer nada porque eu sou graduanda, então espero
assim na hora que eu tiver o meu COREN que eu for tipo num hospital,
desse eu tentar colocar em prática o que eu tenho na minha cabeça o que
eu aprendi né.
P - Perguntando novamente você acha que se você fosse fazer isso mesmo
como graduando alguém iria te proibir de fazer
R - Eu acho que não, embora todo mundo fala que é hierárquico que você
vai ter que passar eu acho que não, eu acho que sim né porque acho que
humanização é o principal né principalmente para esse tipo de patologia né
no caso e diferente de você numa uti cuidar fazer um curativo é totalmente
diferente isso na maioria das vezes o paciente são sedados então fica mais
difícil né.
P-(6) Sinta-se à vontade para comentar, outros fatos que julgar necessário.
R - É muito difícil definir o cuidar, porque o cuidar é... Abrangente é você ver
realmente o ser humano em toda sua essência. Cuidar é isso é tudo
depende de quem presta o cuidado.
P – (4 e 5) Fale das facilidades e das dificuldades que encontrou no cuidar
em enfermagem
P - (6) Sinta-se à vontade para comentar, outros fatos que julgar necessário.
R - Silêncio por alguns segundos e fala: Não tenho nada para complementar;
R - Ela passou adoecer, não me recordo à idade correta dela 77/78 anos
com osteoporose e outras doenças que eu não me lembro ele morando no
interior ela aqui em São Paulo e várias vezes ele largava tudo na cidade em
que mora que é Araraquara interior e corria pra São Paulo, a internava aqui
e ficava todo o período de internação, ela o melhorava ai ele voltava para
residência dele com minha mãe, ficava um certo tempo longe, dependia das
necessidades que ele tinha na vida particular dele lá e principalmente parte
financeira que é muito importante, hoje em dia se você tem uma parte
financeira boa é o que corresponde ao seu tipo de tratamento, ele se desfez
de carro que ele tinha, de terreno de casa, tudo pra cuidar da mãe dele no
que foi preciso e sem nenhum tipo, sem pensar ele não queria saber se iriam
causar danos a ele ou não, o principal foi cuidar da mãe, se dedicou de
corpo e alma a cura da mãe aos cuidados tanto que ele posterior a isso dois
anos já nessa correria vem para São. Paulo volta pro interior ele resolveu
levar a mãe pra o interior morar junto com ele, isso causou danos
particulares ao casamento dele, quase teve um período de separação
porque essa minha avó era muito complicada e várias vezes ele teve que
levar ela para São José do Rio Preto hospital de base ficou internada lá
várias vezes e nenhum momento ele pensou em desistir desse cuidar da
mãe dele né, porque as pessoas fraqueza é simplesmente interna, larga
como a gente vê muito nos hospitais que eu tive oportunidade de passar e
em nenhum momento ele fraquejou, muito religioso e dedicado a Deus,
então ele retirou forças da fé que ele tem pra tratar sempre, sempre levando
a mãe dele para qualquer tipo especialista que ele pode para tentar a cura
dela, mas devido às complicações das doenças uma hora chegou e ela não
resistiu teve parada renal, disfunção renal e parada total de funcionamento
dos órgãos ela teve hiper edema, assim absurdo e aconteceu que ela
chegou ao óbito. Mais mesmo assim ele sentiu-se muito confortável porque
fez o que pode por ela enquanto vida.
P - Solicitando que fale de algum campo que foi possível fazer o cuidar e
como fez
R - Dentre os hospitais que passei, teve acho que dois lugares só que foi
possível que foi nos aberto à vontade para ficar com o paciente, eu tentei
mudar conversando muito com o paciente, ouvindo ele principalmente
ouvindo ele tem necessidade de falar e alguém para ouvir ele precisa
conversar e que alguém ouça ele e às vezes não é agente fazendo muitas
perguntas a ele que ele se senti a vontade é deixando ele falar, ele fala das
necessidades da família do tio do cachorro que ele ta com vontade de ir pra
casa, teve paciente que se abriu totalmente ele até palavrão ele falou ele
falou que estava de saco cheio de estar ali dentro que ele só iria sentir se
bem hora que saísse dali e voltasse pra casa. Eu senti que isso é uma coisa
que o paciente senti necessidade realmente, mas, é um ato que não ocorre.
E em outros hospitais agente nem teve a oportunidade de ter essa relação
com os paciente e também não ouve tempo também.
P - (6) Sinta-se à vontade para comentar, outros fatos que julgar necessário.
R - Eu tenho a relatar uma queixa quanto ao ensino, nos temos muita parte
teórica, lógico isso é extremamente necessário, mas deveria combinar com a
parte prática, o que foi passado em sala de aula ser cobrado e ser passado
na parte prática, você aprendi muito mais, do que você ter uma carga teórica
enorme durante um ou dois anos e se for ver a parte prática, só no último
ano e de repente você já esqueceu alguma coisa, não recorda direito e ser
cobrado, muitas vezes nós não fomos cobrados e quem não é dá área como
eu, eu me senti muito prejudicado na parte de estágio, teve muitas coisas
que eu não tive oportunidade de ver aprender, sei porque o colega que já
trabalhava passou ou o professor teve oportunidade de conversar e passar
como que é, mas, na prática mesmo não pude apreender. Eu acho que a
universidade deveria associar o teórico com o prático e uma vez mais poder
cobrar muito mais desta forma.
R – Para mim, meus professores de uma forma geral, eles passam esse
cuidar de uma maneira muito assim intensificada, e principalmente agora
com esse negócio de humanização, agente esta vendo muita coisa sobre
isso e eu acho que falta um pouco de interesse dos alunos e não dos
professores de está ali exemplificando, de está sempre explicando de uma
forma correta, porque acho que a grande dificuldade que agente tem aqui é
o professor mostrar e falar da maneira que tem que ser e os alunos falarem
do hospital que trabalham que não acontece assim. Porque o papel do
professor é mostrar o que tem que ser feito, não o que hospital X não
acontece.
R - Temos que cuidar, observar drenos, curativos é, anotar sinais vitais, mas
assim o cuidado banho, troca de fraldas essas coisas agente não tem,
porque geralmente ele sai sondado, conversar é mais complicado, dar apoio
psicológico ele não pode deambular.
P – (3) Expresse o significado de cuidar em enfermagem
P -(6) Sinta-se à vontade para comentar, outros fatos que julgar necessário.
R – Falta, acho que o erro ainda é a comunicação né você não para pra
ouvir o paciente você vê o histórico, esta mais preocupado hoje em ta lá
administrando medicação esta fazendo outra coisa de natureza mecânica
né, deixando de ouvir o paciente, sentir o paciente de você ta avaliando
melhor.
R- Esse cuidar seria, você avaliar o paciente vê que tipo de cuidado você
estaria prestando pra ele, né ... Dentro do próprio da avaliação de
enfermagem do próprio SAE né, do que você vai ta fazendo com ele quais
são os cuidados que vai ser dispensado pra esse paciente de acordo com a
patologia do paciente que você vai ta aplicando.
P- Explique melhor quais são esses cuidados, quando você fala em cuidar.
R – Cuidar pra mim, mais uma vez assim eu venho até enfocar, é a
comunicação como sua linguagem terapêutica é você saber ouvir, é você
saber entender que o cliente, o paciente precisa é você ter assim, colocar
em prática todo o conhecimento durante assim esse quatro anos que você
passa em um a universidade, todo esse conhecimento teórico que você
adquiriu e você vai poder colocar em prática que você muda esse quadro
que está aí. A enfermagem tem muito a contribuir nesse processo de
mudança de cuidar,...de...do paciente.
R - Silêncio por alguns segundos, sendo colocado algo mais para comentar,
nada sendo falado foi encerrado a entrevista.
R – Eu acho que o cuidar foi posto pra nós de alguma forma por alguns dos
professores. Alguns se preocupam com o paciente e não só em dá o
cuidado com o paciente, outros já não, eles queriam que você realizasse a
técnica, que você soubessem teoria, mas, esquecia o lado do paciente, a
importância que o paciente têm, o importante é que você tinha que dar
atenção pra esse paciente. As vezes até você chegar no paciente era melhor
do que você fazer procedimento, um toque no paciente, um bom dia, um
diferencial para o paciente isso era muito importante, alguns professores
nunca, nunca tocou nisso, alguns sim eles destacavam isso pra mim, eles
me passaram. Tínhamos professores que passaram muito isso, outros só
passaram mesmo na minha vida não acrescentaram nada.
R - Eu tive uma professora, por exemplo, que antes de a gente entrar para
reconhecer o campo ela falava: olha aqui as pessoas são é carentes, elas
precisam de atenção tem pessoas que estão aqui sem acompanhante que
estão com alguns problemas, de financeiros do tratamento aqui não é, então
vamos dar mais atenção as essa pessoa, vamos dar é vamos direcionar o
nosso tratamento, mas nunca esquecendo de vê o lado da pessoa, do
paciente eles têm os traumas deles com alguns procedimentos, vamos
começar a tirar, vamos esclarecer essas dúvidas, a enfermeira sempre tem
que esclarecer dúvida do paciente não tem que conta toda a patologia, mas
sempre tem que esclarecer, nunca pode deixar o paciente inseguro, a gente
tem que falar isso é nosso dever falar com o paciente o que esta
acontecendo, por que alguns médicos, entram faz o exame dele (batida na
mão) e rua, aí o paciente você entra lá ta com aquele olho, você fala o que
aconteceu ele não é que o Doutor passou aqui o que será que ele achou de.
mim, será que eu vou ter alta ou alguma coisa assim, olha eu sempre falo
vou verificar eu vou olhar o relatório do médico, e depois eu do uma posição
pra o senhor ou pra quem fosse, então isso ajudou muito assim meu
relacionamento com os paciente demais, mas foi alguns professores que me
passaram, mas agora outros.
R – Acho não eu tenho certeza que iria orientá-la como vai processo daqui
por diante, encaminhar ela pro um outro órgão né que vai cuidar dela, quais
os procedimentos dela com o bebê agora, o que ele vai ter fazer, né pra
criança, maioria das vezes não é HIV positivo, você tem que tomar algum
cuidado, medicação que tem que da pra ela própria, com certeza vou
instruir e encaminhar essa pessoa
R – O cuidar que o professor passa pra gente é aquilo que eu falei, é mais a
técnica, não mexe muito com o emocional do paciente eles até falam pra
gente observar, mas a gente não aprende a lidar é mais diretamente a
patologia é mais o cuidar daquele paciente, da gente preparar ele pra ele
passar pela aquela situação. O paciente no pré-operatório, vou conversar
com ele diminuir a ansiedade, explicar como vai ser feito, mas é dessa forma
que elas explicam desse jeito, a gente tem que ficar apresentando para o
paciente né, elas acabam passando, mas eu acho que vai além dessa fase
que eu te falei, porque a gente percebe alguma coisa extra que não é só
falado.
P – Você falou que o paciente tem que ser visto como o todo, explique o que
significa pra você esse todo.
R – Eu acho o todo é um ser humano né, eles tem os problemas deles, acho
que no hospital ele é um simples paciente, mas ele tem uma família ele tem
um lar, ele foi importante pra alguém ou esta sendo então a gente tem que
dar bastante valor a isso, eu acho.
R – O cuidar é muito mais técnica né, pra gente fazer a coisa assim na forma
de evitar infecção hospitalar, passar pro paciente, tudo aquilo que vai ser
feito, é mais baseado nisso, mais científico mais...diante de cada patologia
desenvolver cada função. A matéria de um todo o curso, o foco acho que é
mais esse, é essa preocupação de saber o diagnóstico, que a gente de
saber de enfermagem, de cuidar, levantamento de dados até envolve na
história né que a gente busca do paciente quando a gente vai colher a
coleta de dados, mas eu acho que não entra aí nessa parte como um todo,
acho que acaba fugindo bastante, acho que é mais a parte de patologia, da
técnica tudo aquilo, bem técnico mesmo.
R - Cuidar pra mim pessoalmente é o que eu havia falado vai além desses
cuidados prestados pela enfermagem, é uma profissão, a gente tem uma
função de chegar fazer o nosso papel da melhor forma possível né,
agradando o paciente, que ele é a prioridade dentro do hospital e a gente
esta aprendendo para cuidar de alguém, mas eu acho que é pra gente
perceber mais no olhar do paciente, do que ele esta sentindo, ir mais ao
fundo, conversar, os paciente são muito sozinhos sabe. As vezes o médico
passa, a gente fala aí Dr. é isso e eles pedem esperam um pouquinho, a
enfermeira talvez por falta de tempo não é nem por propósito, porque é
muito corrido, mas eu acho que vale muito apenas, a gente parar perguntar
o que esta acontecendo, conversar porque diante dessa conversa a gente
busca mais informações o paciente reage, a ansiedade diminui , ele acaba
confiando no profissional então as pessoas tem que perceber mais isso,
porque isso passa batido.
R – Cuidar pra mim é tudo ele é todas as funções que o paciente pode
demonstrar, o que ele esta sentindo no momento, tudo interfere.
R – Dentro do hospital você dizer ser humano ele é uma pessoa, a gente
não pode vê-lo só como um paciente que teve AVCI ou AVCH, ele tem uma
história de vida né, a gente tem que prevenir ele quando ele sai daquele
hospital pra que não aconteça novamente, orientar a família, conversar,
acho que é isso que falta, falta de orientação de conversar com o paciente
de esclarecer mais, que as vezes é por falta de conhecimento que os
pacientes acabam tendo tanto patologias, por falta de orientação então acho
que, precisava mais disso.
P - 4 e 5) Fale das facilidades e das dificuldades que encontrou para cuidar
em enfermagem
P – O que dificulta.
R – Acho que é você gosta do que faz, ta bastante relacionado a isso, acho
que fica mais fácil quando você faz uma coisa é gosta, acho que tudo é
anda mais rápido né fica mais a vontade de trabalhar, eu particularmente
adoro o que eu faço, não me vejo em outra profissão então pra mim as
vezes por mais tumultuado que esta o plantão por mais intercorrência que
tenha eu consigo me sair bem né, eu converso eu vou dando risada eu
brinco e faço meu serviço da melhor forma possível e as vezes eu percebo
que tem pessoas que não gosta do que faz, parece que tudo acontece com
aquelas pessoas, nada dão certo, eu acho que também vai desse lado,
acho que a enfermagem é uma profissão que deve ser muito respeitada,
mais infelizmente acho que não é todos, acho que tem muito haver da
pessoa, do ser humano da gente, da sua personalidade eu acho que vai
além daquilo o que diferencia das outras profissões, tem que merecer, igual
o advogado vai defende, a gente é diferente por que a gente está lidando
com vida, com ser humano você não pode erra, não pode rasgar um papel e
jogar no lixo, está brincando com a vida de uma pessoa, então eu acho que
isso diferencia bastante.
P-6) Sinta-se a vontade para comentar, outros fatos que
P – Explique desumanização
R - Não, não depende muito do professor, tem professor que passa mais o
lado humano e outros professores, passa mais o lado técnico. Mas o que a
gente a prende mais é o lado técnico, banho na técnica, pressão na técnica,
medicação na técnica, lavagem das mãos na técnica, mas, o cuidar do
paciente a gente na aprende, o cuidar do paciente como ser humano, como
pessoa, a gente aprende as técnicas nas práticas pra poder ir para um
campo de estágio, ou depois profissionalmente ter as técnicas a prática não
é bem assim .
R – Ai, eu acho que eu vou entrar em mais detalhe, se fosse meu pai, eu
trato os pacientes como alguém da minha família e se fosse meu pai, como
ele iria sair do hospital e como ele iria se sentir em casa, sabe, do lado
assim da família como será que ele iria se comportar perante a família,
depois de uma seqüela, eu acho que a gente age muito teoricamente, vou
te dar um banho, vou virar o senhor, estou limpando as suas costas, vou
puncionar uma veia, mas ninguém explica pra ele o que é puncionar um
acesso o que o banho pra ele o porque ele ta tomando aquele banho,
ninguém pergunta pra ele o senhor que tomar banho agora, não a gente vai
lá e faz como se fosse uns robozinhos, olha estou fazendo isso, não vê o
lado do paciente será que eu vou querer que uma menina cuida de minha eu
sendo homem, eu sendo pai de uma menina quase da mesma idade dela
eu penso assim.
R- Alerta mais não com as palavras, eu acho assim que pra quem não
trabalho em hospital, que ta na área da enfermagem é muito difícil vê esse
outro lado. Por isso, nós temos enfermeiras robozinhos.
R – Então, ele precisa de cuidado, mas ele não aceita o cuidar; tem alguns
pacientes que não aceitam. Eu já tive pacientes que me mandaram “sai do
quarto, não quero falar com ninguém” sabe, que no primeiro momento ele te
agride e não aceitam o cuidar. Então alguma patologia dificulta, mas, se
você se demonstrar presente, vamos supor, ele me mandou embora agora,
mas daqui a meia hora, uma hora eu volto e me apresento de novo e falo as
mesmas coisas para ele. Será que se eu começar a falar as mesmas coisas,
falar que eu estou ali pra ajudar ele, ele vai regredindo, ele vai assim,
progredindo, regredindo não, progredindo. Ele vai começar a aceitar mais,
mas tem pessoas que acham assim: ai, porque não me aceitou uma vez...é
a doença que faz isso com ele. Muita gente fala, eu acho que a patologia
dificulta, mas se você, você tem que tentar melhorar. Eu acredito que se a
gente gosta do que faz, a gente consegue melhorar, porque a enfermagem
às vezes tem gente meio ruim. Eu acho, eu to me formando, eu to
estudando, fazendo graduação em enfermagem pra ser diferente, não quero
ser igual, quero ser diferente, quero ser A enfermeira. Eu acredito que você
tem estudar muito pra isso, que a faculdade, ela não te mostra tudo, não
adianta você vir aqui ficar 4 horas, 3 horas e a professora fica falando e
você: ah! essa aula ta chata, ah! Ela não está me ensinando cuidar, tudo
bem, ela não está te ensinando, mas porque quando você vai pra prática,
você não faz diferente do ela te ensinou?. Você tem a teoria e você tem o
seu “eu acho” que eu queria ser cuidado assim, mas dentro dos princípios
científicos, é claro, não saindo fora. Com a teoria, mas com pouquinho mais
de carinho com as pessoas que tão ali.
R - Alguns tentam cuidar dessa parte. Alguns olham pro paciente como se
ele fosse só patologia, só doença...é um IAM, esquece que ele também não
come direito, não consegue conversar, às vezes tem dificuldades, às vezes
chora. Não consegue ver esse outro lado, só consegue ver que é uma
doença que a gente tem que tratar assim, assim, assim. Alguns conseguem
ver o paciente como um todo e não só como uma doença, mas uma pessoa
que tem família, que tem casa, que tem emprego, que precisa voltar pra
esse emprego, que não vai mais poder voltar pra esse emprego
P-6) Sinta-se a vontade para comentar, outros fatos que julgar necessário
R – Olha, tem um que é assim, minha mãe fala que meu avô sentiu muito
quando aconteceu isso, agora ele não é mais vivo. Mas meu avô estava
internado e eu fui visitá-lo e meu avô não gostava de ficar barbudo e eu falei:
“avô, não fizeram a sua barba? “ Isso é uma forma de você demonstrar pra
gente que você está cuidando dele, sabe e ele começou a chorar na hora,
porque ele percebeu, porque eu sei que meu avô não gosta, não gostava de
ficar barbudo. Então, ele ficou 15 dias no hospital e não fizeram a barba dele
e não custava que uma pessoa perdesse meia hora, ir lá e aparar a barba
dele, não vai cair sua mão, você não vai morrer por perder 15 minutos. Ah !
a paciente gosta de tirar o esmalte, você não vai perder de ir lê e tirar o
esmalte dela. Ah! Ela gosta de passar um batom, você pede pra família:
“você não pode trazer um batom para eu passar nela?” sabe não custa, ele
gostava de fazer isso antes dela estar no hospital, porque ele não pode
passar batom quando ele ta ali dentro? Eu penso assim, que você deve
pensar: “se eu estivesse lá?” Eu adoro ficar com meus brincos e se não
deixasse eu por meus brincos, eu iria querer por meus brincos, ia querer
pentear meu cabelo, passar um batom, não custa ver o paciente como uma
pessoa, não só como um paciente. E eu comecei a enfermagem por causa
do meu avô, ele foi atendente durante 30 anos sem ganhar nada. Ele
morava na roça, ele aplicava a injeções, instalava um soro e não ganhou
nada por isso.
Toda vez que eu cuido de um velhinho, eu penso: poderia ser meu avô. Por
isso que não deixo nenhum velhinho barbudo...(risadas)
P – Então quando você fala desse lado humano, explique melhor se a sua
família interferiu no lado humano.
R – Então como eu disse, é tentam porque na aula que a gente tem, a gente
aprende a técnica e todos os professores falam desse lado humano de você
tocar o paciente, ter cuidado com o paciente, mas como eu te disse, isso
depende na, no trabalho, no dia-a-dia na prática, a gente vai depender de
cada pessoa, mesmo com a fala do professor eu acho que o lado humano
depende de cada pessoa.
R – Existe o cuidar dentro das técnicas isso é, eu acho que tem a técnica e
o que eu estou falando é o lado pessoal, que ninguém já te falei, o seu
lado pessoal aquele que você aprende na faculdade, eu acho que você vai
desenvolver ou não quando você tiver trabalhando, porque você ta
trabalhando, você seguir sua técnica e não importa o paciente, ele ta lá,
você fez a sua parte mas este lado humano que eu acho o que vêm , que
você tem nasceu com ele, sei lá você se envolve.
R - Olha é como eu te falei eu acho que uma coisa pessoal, então é difícil
você é do lado pessoal é difícil você fala como por exemplo uma outra
pessoa, é você vê o seu colega de trabalho, você eu por exemplo tenho
muitos colegas de trabalho que eles trabalham corretamente, mas que eu
não gostaria que um familiar meu tivesse com ele, porque eles fazem o
trabalho só, mas então é difícil você lidar com pessoa, você falar tentar, é
como eu já vi é funcionária, amiga minha é responder a idoso, respondendo
é sabe, sendo grossa eu acho que não sei, eu tenho uma personalidade
que eu não consigo ser grossa com ninguém, principalmente , então esse
lado humano então é muito difícil você falar o que facilitaria ou não, se você
tivesse tempo se eu tivesse tempo suficiente no meu horário de trabalho
nossa eu daria atenção a todos, eu faria eu daria um, eu faria o meu trabalho
como eu realmente gostaria de fazer, tendo tempo suficiente pra fazer a
técnica, você dando uma atenção pra o paciente, Conversando com o
paciente esse lado assim do trabalho em si o tempo eu achei importante,
mas pelo lado humano é difícil de falar porque é a personalidade de cada
pessoa ta.
P-6) Sinta-se a vontade para comentar, outros fatos que julgar necessário
A vontade tem que despertar isso no aluno tanto no lado técnico quanto o
lado pessoal de cada pessoal, mas como eu te disse pra desenvolver o lado
pessoal da pessoa eu acho é difícil porque é uma coisa que já nasce, talvez
não seja assim de nascença, mas, você desenvolve no decorrer da sua vida,
depende o que aconteça na sua vida de como é a sua vida é difícil você
expressar com outra pessoa.
R – Eu tenho uma coisa que, eu não sei que, eu não sei como que, como
que seria assim a legislação, como que é né, a gente da saúde da área
pra se contratar um funcionário na área da saúde, eu acho que ela não faz
muita exigência, é eu trabalhei numa empresa e nessa empresa tinha um
refeitório e o pessoal que trabalhava no refeitório, como fazia comida pra
todo mundo da empresa, eles faziam um teste de sanidade mental nas
pessoas, porque eles faziam comida pra todos, então quando você ta numa
cozinha, você não sabe o que aquela pessoa é capaz de fazer de colocar na
comida, de se vingar por algum motivo então faziam isso porque mesmo
você passando por um psicólogo, ele, acho que ele não vai detectar, coisas
da sua personalidade eu acho que na área da saúde também deveria ter,
porque principalmente na área da saúde, porque acho que se contrata
bastante pessoas, você trabalha com pessoas aquelas pessoas você não
conhece realmente quem são e na área de enfermagem as vezes na UTI
Onde eu trabalho, tem paciente assim grave e o auxiliar, o enfermeiro
qualquer um que seja na área da saúde, ele entra no quarto para trabalhar
com o paciente, ele fecha a porta você não sabe o que ele ta fazendo ali
dentro é um trabalho de confiança eu acho que você tem que despertar
confiança pras pessoas confiarem naquilo que você faz, e porque a partir do
momento que eu tiver dentro de um quarto do paciente, se você quiser jogar
medicação no lixo você joga e fala que não faz, não é verdade? Então você
não conhece realmente, você não conhece a personalidade das pessoas,
então isso dificulta o cuidar, então não tem um critério assim psicológico pra
contratar um, um funcionário na área da saúde, não importa que seja
auxiliar, enfermeiro em que área que seja na da área da saúde, mas eu eu
acho que não basta só conhecimento aquele conhecimento que você tem
com a outra pessoa, porque enquanto você esta com a porta fechada, você
não sabe do que aquela pessoa é capaz de fazer.
R Eu sempre tive essa percepção olhando pra dentro de mim mesmo nas
poucas vezes que eu fui hospitalizada eu queria mais do que uma pessoa ir
no meu quarto do que simplesmente uma pessoa é me fala o que ela ia
fazer né, a minha vida tava ali eu estava totalmente aberta então é uma
troca não é simplesmente uma pessoa chegar, e não te conhece né não
sabe nada de você então assim não é só isso então quando você é paciente
porque no meu caso foi um dos momentos que eu mais me peguei assim
eu quero ser enfermeira se eu for enfermeira eu tenho que ser assim porque
eu vi em mim essa necessidade como ser humano tem essa necessidade
de atenção então eu nunca achei que uma auxiliar, seja técnico ou até
mesmo enfermeiro o trabalho dele fosse simplesmente de ir lá e fazer uma
injeção claro que ele não é um psicólogo,ele não é um psicólogo pra saber
disso mas ele pode usar aquele pequeno tempo com qualidade mas ver
além do paciente.
R - Eu creio que esse cuidar ele só é possível quando o ser humano se auto
avalia, quando você se olha pra dentro de você mesma quando você procura
entender e o porque eu estou aqui né. Então você se avalia dia após dia
você se melhora então quando você faz isso com você , é você falar estou
trabalhando muito, deixa eu parar um pouco, quando você prioriza as coisas,
mas sem se mutilar porque muitas vezes a gente acaba se mutilando, né e
quando você vai se mutilando, vai trabalhando muito você vai se
estressando e ai você não para nem pra pensa, que espécie de ser humano
estou sendo o que eu estou fazendo com toda essa grandeza né de poder
cuidar de pessoas, porque isso é uma grandeza pra poucos, isso é uma
grandeza, então eu falo o que dificulta no meu ponto de vista, isso não tenho
dúvida pode ser que eu mude amanhã, mas hoje é falta de conhecimento da
pessoa dela própria, então ela esta doente muitas vezes . E como uma
pessoa doente ela vai conseguir cuidar de pessoas que também esta
doente, por que muitas vezes você vê pessoas que ela deveria estar
deitado em uma cama sendo cuidada e não cuidando e aí o processo fica
mais difícil pra aquela pessoa que esta recebendo o cuidado, porque ele fica
com o que sobro ele fica com as migalha, com restos porque você já esta
enfadado. Silêncio ... com relação o que podia ser feito pra melhorar, isso é
só se conhecendo é acreditando que agente não esta aqui por acaso,
acreditando que tem alguma coisas que nos move, têm que ter, a gente, nós
somos uma potência, nossa nós somos capazes de motivar, capazes de
mudar as pessoas, as pessoas muitas vezes que estão lá, mas eu nasci
assim vou morrer assim, mas tarde ela esta se avaliando e não quer mudar,
você nunca deve mudar se você esta no caminho certo, se você esta
fazendo o que é certo, você esta com paz de espírito, você não deve mudar
por que nos precisamos influenciar pessoas e não deixar ser influenciado
por esse tipo, por esses modelos de pessoas sequeladas pela vida.
(Silêncio)
R – É a verdade que a três anos atrás eu tive um irmão que teve morte
cefálica e foi um processo muito doloroso pra gente, muito difícil por que a
gente vive em um país onde a nossa mídia ela se preocupa muito com
coisas que nem sempre enaltece o ser humano né, Nós não sabíamos de
todo o processo que era, que ele teve morte cefálica, eu já estava cursando
enfermagem era desejo dele doação dos órgãos e nós fizemos tudo
direitinho e nesse momento nós fomos assistido por uma enfermeira e
aquela mulher me marcou muito, foi uma pessoas assim que em enquanto
eu viver ela vai ta, talvez ela nem lembre mais ela vai ter um lugar muito
especial aqui no meu coração porque ela era uma pessoa humana, ela
soube entender toda a nossa dor ela não tentou nos coagir, já era uma
decisão tomada mas mesmo assim ela reunião nós membros da família nos
assistiu, ela ligava pra gente isso foi uma coisa marcante, ele preciso ficar 72
horas, isso foi uma agonia pra gente porque você imagina, quando você
recebe Diagnóstico de morte a pessoa morreu, então você que enterrar
aquele seu amado porque você fala, poxa , você fala ele precisa descansar
e ai nos tivemos que ter a paciência de esperar 72 h, então isso foi muito,
assim desumano pra gente, mas ao mesmo tempo eu tentava, eu e meu
marido que também é enfermeiro, nos tentávamos acalmar a família,
explicando que a partir dele duas pessoas iriam enxergar e que a partir
dele uma duas pessoas iriam receber rim, sabe a gente precisa ser forte
naquele momento, pra que outras pessoas pudessem ser felizes e se Deus
deu tanta inteligência pro homem ao ponto de detectar uma morte cefálica
ao ponto de ser capaz de retirar os órgãos, pra que outra pessoa pudessem
seguir sua vida, então a gente ia ser muito pequena de não esperar 72h e
pra nos foi muito difícil, mas essa enfermeira assistência que ela nos deu, foi
fora de série, elas nos ligava, sabe foi maravilhoso, independente não tem
nada a ver o que eles fizeram com relação a toda a parte de Velório, não é
nada disso que contou pra gente, porque quando você perde a pessoa, onde
ela vai ser enterrada isso tipo de coisa é importante, porque é um corpo de
uma pessoa que você ama, mas é pequeno mas agora o que ela fez a
postura dela, sabe a comoção pela família nos deu um tempo pra ficar
sozinho, você querem doar tudo, você não querem, como que é então foi um
trabalho tão bonito e não foi o médico, porque muitas vezes no nosso país o
médico é valorizado, foi uma enfermeira então eu fico com muito prazer, eu
estava no primeiro ano de faculdade e assim eu sempre pego um pouco de
cada pessoa, eu gosto eu nunca gosto de olhar só os defeitos eu os vejo e
deixo de lado eu sou assim uma catalisadora de bons exemplo, então assim
mesmo que ela não saiba mas ela tem uma contribuição toda especial, para
o perfil da enfermeira que eu quero ser, porque eu quero ser uma enfermeira
que deixa as marcas que ela deixou , marcas boa pra as pessoas poder
lembrar de você e falar pausa, Conhecido a Maria Aparecida, foi tão bom
tão bom né, de repente os desfecho da nossa história não foi boa, mas ela
nos assistiu, ela pode nos dizer alguma coisa e esse poder dizer alguma
coisa, volta lá para o cuidar é só quando você sabe cuidar é que você tem
alguma coisa pra dizer
R - Bom é, o cuidar foi passado pra mim de maneira, bem rígida e bem
insistente por todos os professores que eu tive, que tinham oportunidade de
abordar esse tema o cuidar. Eles sempre enfatizaram a importância do
cuidar e como cuidar respeitando sempre o cliente.
R – Bom eles usavam muito assim pra gente se pôr no lugar do cliente que
estava sendo cuidado por nos ou se agente não se conseguisse colocar no
cuidar, imaginar que ali poderia estar algum ente querido, alguém que
agente queira bem, imaginar como a gente gostaria que essa pessoa fosse
tratada e a partir daí agente elaborar o que agente fosse fazer de
tratamento pra esse pessoa, de cuidar dessa pessoa, imaginando que
pudesse ser alguém mais próximo da gente e não uma pessoa estranha.
P Agora como recém formada como você faz o cuidar, houve mudança
R - Não mudou é assim como foi uma coisa bem intensa em todo sos quatro
anos de graduação e antes disso eu tinha feito curso técnico que também
batia nessa tecla do cuidar que é uma coisa importante, ficou enraizado em
mim isso, então eu sempre olho as pessoas como se pudesse ser um
parente meu e eu faço por ele o que eu posso fazer de melhor, porque se
fosse um parente meu eu queria que fosse feito o melhor por ele.
R – Bom eu acho que uma coisa que vale apenas acrescentar, é que nos da
equipe de enfermagem somos cuidadores, só que muitas vezes a própria
equipe ou o próprio enfermeiro que é um membro direcionador dessa
equipe, ele esquece que cuidar não é cuidar só daquele cliente, ele também
têm cuidar e preservar a equipe dele e esse cuidar e preservar a equipe é
difícil, porque as pessoas saudáveis são difíceis, as pessoas que estão ali
trabalhando com a doença muitas vezes elas têm momento de depressão ou
de alegria, porque elas muitas não consegue separar a vida profissional da
vida pessoal e as vezes o enfermeiro como direcionado e educador ele
também esquece dessa parte de cuidar de sua equipe, ele lembra de cuidar
do doente, mas ele não lembra de preservar o bom humor, o bom astral um
equilíbrio da própria equipe, eu acho que isso é uma coisa que vale apenas
se reforçada nas Universidades.
R – Ele falava que a gente tinha que conversar com ele, colher informações
que fizesse com que a gente pudesse fazer um plano assistencial, colhendo
informações com ele esta, as vezes uma pergunta que você faz ele vai te
dar uma resposta, você vê a ansiedade nas palavras, o gesto que você
percebe esse tipo de coisa, a partir disso você vai montar seu plano
assistencial, tanto da patologia clínica, como do psicológico da pessoa né ,a
gente acaba esquecendo isso, ou vai lá no mecânico ou cópia do colega
muitas vezes na evolução da enfermagem você percebe assim no seu dia-a-
dia, inclusive na atuação que o colega tava repetindo as vezes a demanda é
muito grande ele repete o plano assistencial do outro, ele não se dá não
trabalho de ao leito conversar com o paciente, ouvi momento no estágio que
o professor, ele pediu que nos fossemos, chegássemos ao paciente e
comprar o plano assistencial com o nosso e comparasse as diferenças.
Porque às vezes no contato direto com o paciente, consegue desenvolver
um trabalho melhor.
Então meu cuidar como aluno, eu buscava assimilar o que foi de melhor eu
procurava distinguir o certo do errado e agir da melhor forma possível pra
dar o melhor plano assistencial, formular esse plano de uma forma coerente
correta, porque de acordo com as minhas expectativas, com os resultados
que viesse de encontro com o que eu queria, quanto para o paciente, quanto
para minha, evolução profissional e isso foi muito gratificante, porque nesse
momento eu tive esse contato direto com o paciente eu pude perceber que
foi a escolha certa na minha profissão e eu sei que vou levar muita coisas
boas para os alunos que eu espero ter um dia e ensinar o que é certo e o
que é errado, enfatizar que o errado ele têm que ser aprendido e não
assimilado, pra que a gente não faça por onde acontecer os erros
R – Olha eu quero dizer que, é uma profissão que tenho muito orgulho de
exercê-la é a todos aqueles que chegarem até a um bom número de
pessoas, eu peço que abrace a profissão, tirem grandes lições por que eu
tiro a cada dia, eu adquiro mais experiência, tiro só coisas boas e só levo
pra minha vida, pro meu dia-a-dia espero que isso aconteça na vida de cada
um também.