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ESCOLA ESTADUAL DA AMAZÔNIA

CURSO DE BACHARELADO EM ODONTOLOGIA

OS RISCOS DA BACTÉRIA BUCAL NA CORRENTE


SANGUÍNEA

ALUNA

BELÉM - PA
2021
ALUNA

OS RISCOS DA BACTÉRIA BUCAL NA CORRENTE


SANGUÍNEA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


coordenação do curso de Odontologia da Escola
Superior da Amazônia, como requisito para obtenção do
título de Bacharel em Odontologia.

Orientador: Prof. Msc.

BELÉM - PA
2021
ALUNA

OS RISCOS DA BACTÉRIA BUCAL NA CORRENTE


SANGUÍNEA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à coordenação do curso de


Odontologia da Escola Superior da Amazônia, como requisito para obtenção do
título de Bacharel em Odontologia.

Orientador: _______________________________
Prof. Msc. Ademir Ferreira da Silva Jr
Escola Superior da Amazônia

Banca examinadora: _______________________________


Prof. Dr. Rafael Moreira dos Santos
Universidade Federal do Pará

_______________________________
Profa. Dra. Maria Socorro Aguiar
Universidade do Estado do Pará

Belém, de Setembro de 2021.


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OS RISCOS DA BACTÉRIA BUCAL NA CORRENTE SANGUÍNEA

ALUNA1

ORIENTADOR2

Resumo
A presente pesquisa detém como tema os riscos da bactéria bucal na corrente sanguínea, visto
que as doenças da cavidade oral não se restringem somente a boca, a falta de cuidado pode
desencadear desordens sistêmicas. O objetivo geral consiste em compreender como a saúde
bucal e a saúde geral estão interligadas, além de entender melhor como o cirurgião dentista
atua em ambas. Quanto a metodologia utilizada para desenvolver este estudo, trata-se de uma
pesquisa bibliográfica, com revisão de livros, artigos, revistas e de sites de bancos de dados
sobre o referido tema. Ao final da pesquisa apurou-se que as doenças desencadeadas pelas
bactérias bucais que adentram a corrente sanguínea, são de grande risco a saúde geral das
pessoas, pois podem afetar desde sistema respiratório ao coração, e em muitas ocasiões
levando o indivíduo a morte. Concluindo-se que é fundamental os cuidados que o cirurgião
dentista deve ter no consultório e como orientar o paciente sobre as formas de higiene oral e
quando procurar um profissional para que a doença não chegue a um estado de extrema
complexidade.

Palavras chave: Bactéria Bucal, Doenças Sistêmicas, Bacterimia, Higiene


Bucal.

Abstract
The subject of this research is the risks of oral bacteria in the bloodstream, as diseases of the
oral cavity are not restricted to the mouth, lack of care can trigger systemic disorders. The
overall objective is to understand how oral health and general health are interconnected, in
addition to better understanding how the dental surgeon works in both. As for the methodology
used to develop this study, it is a bibliographical research, with a review of books, articles,
magazines and database sites on the subject. At the end of the research, it was found that
diseases triggered by oral bacteria that enter the bloodstream are of great risk to people's
general health, as they can affect from the respiratory system to the heart, and in many
occasions leading to death. It is concluded that the care that the dental surgeon must have in
the office and how to guide the patient about the forms of oral hygiene and when to look for a
professional is essential so that the disease does not reach a state of extreme complexity

Keywords: Oral Bacteria, Systemic Diseases, Bacterimia, Oral Hygiene.

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2orientadora
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1. INTRODUÇÃO
A endocardite corresponde à inflamação do endocárdio, camada mais interna
do coração, podendo ser infecciosa quando os agentes causadores são fungos,
vírus ou bactérias. Na endocardite bacteriana temos um estado de bacteremia, cujos
agentes infecciosos podem atingir e colonizar a área cardíaca com defeitos ou
doenças pré-existentes, especialmente nos pacientes com próteses valvares.
Apesar de apresentar alto grau de morbidade e mortalidade, nos dias atuais, tal
patologia é curável e prevenível.
Desde o início do século XIX, acredita-se que dentes infectados possam ser
os causadores de doenças sistêmicas. Miller (2017), em seus estudos sobre a
microbiota oral, ressaltou a relação entre infecções orais e doenças sistêmicas,
dando início, possivelmente, a outros estudos que evidenciavam essa relação.
A importância do controle de infecções locais nas áreas de saúde, no que se
refere a manifestações sistêmicas, desencadeou inúmeros estudos com o objetivo
de melhor esclarecer os mecanismos de patogenicidade e apontar alternativas mais
eficazes no controle dos microrganismos. Na Odontologia, esses estudos estão bem
evidentes namedicina periodontal, principalmente os relacionados à doença
periodontal como agente etiopatogênico de manifestações sistêmicas, muito
embora, apesar da Endodontia estar intrinsecamente relacionada à Periodontia,
estudos que elucidem com embasamento científico, a forma como a infecção
endodôntica pode se manifestar sistemicamente, ainda são muito tímidos.
Com base isso, o objetivo deste trabalho é consiste em compreender como a
saúde bucal e a saúde geral estão interligadas, além de entender melhor como o
cirurgião dentista atua em ambas, baseada em uma metodologia bibliográfica, com
fundamentações de obras de cinco anos atrás.

2. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para elaboração do presente artigo, se deu por
intermédio de uma revisão bibliográfica descritiva, enquadrando-se a uma
abordagem qualitativa. A pesquisa bibliográfica no entendimento de Prodanov e
Freitas (2013, p. 54 e 57) “É a elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de livros, revistas, publicações em periódicos [...] com objetivo de
colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto
da pesquisa”. Deste modo, o instrumento destinado à coleta de dados consistiu na
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pesquisa em plataformas oficiais, tais como Scielo – Scientific Electronic Library;


portal regional da BVS; Lilacs – Literatura Latino- Americana.
Segundo a descrição proposta por Prodanov e Freitas (2013), quanto a
abordagem qualitativa, está visa primordialmente compreender as relações
humanas, por meio do estudo das particularidades e experiências, nesse método de
pesquisa os resultados obtidos não são contabilizados em números exatos.
As palavras-chaves que serão empregadas na elaboração do projeto,
consistem em: Bactéria Bucal; Doenças Sistêmicas; Bacterimia; Higiene Bucal.
Quanto aos critérios de inclusão da pesquisa foram utilizadas obras no idioma
português e inglês, assim como, deu-se prioridade a obras literárias publicadas nos
últimos 05 anos, referentes a 2017 a 2021. Os critérios de exclusão envolveram
trabalhos que não se interligaram aos objetivos propostos.

3. DESENVOLVIMENTO
Diversas bactérias vivem na boca do ser humano e algumas são importantes
para o processo de digestão dos alimentos, no entanto, outras podem causar
infecções caso o organismo esteja vulnerável. Se não for tratada corretamente, uma
infecção na gengiva ou no dente pode virar um problema mais grave e se espalhar
pelo corpo humano, chegando a afetar pulmões, cérebro, coração e até mesmo
levar a morte (CYMBALUK, 2017).

3.1 Infecções Bucais e Doenças Sistêmicas


As doenças bucais mais comuns são cáries, periodontites, gengivites e
periapicopatias e são causadas pelas bactérias. As periapicopatias estão associadas
a mais de 200 espécies de bactérias e as doenças periondontais, a mais de 400
espécies de bactérias (CYMBALUK, 2017).
O processo de bacteremia, o movimento das bactérias no sangue, pode
ocorrer por meio de infecção em uma determinada área do corpo. Se essas
bactérias caírem na corrente sanguínea, podem se estabelecer em outro lugar
devido à velocidade com que o sangue circula no corpo. Normalmente, os focos de
infecções orais de uma pessoa não são notados porque não apresentam sintomas.
O descuido com a higiene bucal, lesões são fatores que podem contribuir para um
quadro infeccioso (BARBOSA, 2018).
A bacteremia pode causar infecções metastáticas, incluindo endocardite,
especialmente nos pacientes com anormalidades valvares cardíacas. A bacteremia
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transitória é, muitas vezes, assintomática, mas pode causar febre. O


desenvolvimento de outros sintomas geralmente sugere infecções mais sérias, como
sepsia ou choque séptico (SOBREIRO et al, 2017).
A bacteremia pode causar infecções metastáticas, incluindo endocardite,
especialmente nos pacientes com anormalidades valvares cardíacas. A bacteremia
transitória é, muitas vezes, assintomática, mas pode causar febre. O
desenvolvimento de outros sintomas geralmente sugere infecções mais sérias, como
sepsia ou choque séptico (BUSH, 2020).
A boca é um lugar propicio para infecções. Infecções odontológicas e
periondontal da boca podem abrigar até 500 espécies de microflora, que se
introduzem na corrente sanguínea e podem causar bacterimia, levando a infecção
sistêmica. Estas incluem endocardite infecciosa, miocardite aguda bacteriana,
abscesso cerebral, trombose do seio cavernoso, sinusite, abscesso pulmonar,
infecção de angina, celulite orbitária, úlceras na pele, infarto agudo, uma gravidez
anormal, febre persistente e urticária crônica (GLÓRIA, 2017).
A endocardite bacteriana já foi fatal antes de ser tratada com antibióticos.
Hoje é uma doença curável e aparentemente mantém uma incidência estável, com
25 a 50 novos casos por milhão de habitantes. É mais comum em homens entre 45
e 70 anos. Caracteriza-se pelo crescimento de bactérias, plaquetas, fibrina
infectada, leucócitos, glóbulos vermelhos e restos de células na válvula. Ainda
hoje, a taxa de mortalidade é muito elevada e varia de acordo com patógenos
associados a fatores epidemiológicos específicos (BARROSO et al, 2017).
Dentre as principais causas de endocardite bacteriana, o principal vilão
causador de bacteremia sistêmica que pode levar a infecções endocárdicas são as
infecções orais, principalmente as orais. De acordo com dados da OMS
(Organização Mundial da Saúde), Mortalidade, cerca de 20% dos pacientes
afetados não podem sobreviver, mas quando a endocardite bacteriana vem de uma
infecção relacionada à arcada dentária, pode ser responsável por cerca de 10%
das mortes de pacientes com doenças cardíacas em todo o mundo (BARROSO et
al, 2017).
Fornecer informações técnicas específicas e suficientes para diagnosticar (e
muito menos tratar) alterações cardiovasculares não faz parte da base de
conhecimento do dentista, mas vale ressaltar que a interdisciplinaridade é pré-
requisito para o trabalho em equipe de profissionais que se dedicam ao cuidado da
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saúde do paciente. De forma integrada, qualquer profissional de saúde, incluindo


dentistas, precisa saber como conduzir um registro médico cuidadoso,
principalmente para pacientes com doenças cardiovasculares e testar o nível de
risco que pode desenvolver endocardite bacteriana, e comunicar com o
cardiologista que o acompanha para obter mais informações técnicas e científicas
no gráfico, pois os instrumentos de intervenção odontológica devem ser duplicados
(BARROSO et al, 2017).
Pacientes com história de doença cardíaca reumática ou congênita, história
de válvulas cardíacas artificiais e história de episódios anteriores de endocardite
apresentam risco aumentado de infecção, bacteremia e sepse. Quando esta
infecção ocorre, geralmente, envolve apenas o lado esquerdo do coração (válvula
mitral e válvula aórtica), exceto para pacientes que recebem injeção de drogas ou
têm válvulas de cateter pulmonar danificadas e possível infecção do lado direito
(válvula tricúspide ou válvula pulmonar) (HAMMER et al, 2017).
Depois de instalada no coração a bactéria pode causar endocardite, doença
que provoca inflamação das válvulas cardíacas e se não for tratada a tempo pode
levar à morte. O índice de mortalidade por endocardite É de mais de 20% em
pacientes com má formação cardíaca e 50% em pacientes com próteses. Essas
bactérias podem entrar na corrente sanguínea por algum procedimento dentário
durante a mastigação ou na hora de passar o fio dental. A endocardite infecciosa é
uma doença extremamente letal ela se situa hoje quando nós computamos as
doenças infecciosas com risco de vida doenças graves ela é a terceira ou quarta
síndrome infecciosa mais comum com risco de vida só perde para sepse pneumonia
e abscesso intra-abdominal (SILVA et al, 2018).
Os principais microrganismos envolvidos nos casos de endocardite
bacteriana são Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus. De acordo com
Rosa et al. (2018) essas bactérias podem entrar na corrente sanguínea através do
hábito como mastigar e escovar os dentes. A bacteremia nesses eventos pode ser
causada pela movimentação de pequenos dentes na alveolar. Esses movimentos
se originam das pressões positivas e negativas que ocorrem nos alvéolos e causa
doença vascular microscópica.
Stujet et al. (2019) fizeram uma revisão retrospectiva de prontuários médicos
de pacientes adultos com Endocardite Infecciosa (EI), entre janeiro de 2007 a
dezembro de 2017, e observaram um número crescente de internações por EI de
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origem não odontogênica em paralelo com um número crescente de EI


estafilocócica. Em 91,2% dos casos, a endocardite infecciosa odontogênica não foi
precedida de procedimento odontológico, 51,5% dos pacientes apresentaram uma
higiene bucal deficiente e 47,1% não apresentaram problemas cardíacos que
aumentassem o risco de EI. Os pesquisadores concluíram que a profilaxia antibiótica
deve ser considerada independente dos fatores de risco cardíacos em pessoas com
saúde bucal precária e que a melhora da higiene bucal deve ser a base da
prevenção da EI.

3.2 Bactérias e Fungos


Acredita-se que sejam reconhecidas mais de 750 espécies de bactérias
presentes na cavidade oral, embora o número preciso de bacilos seja ainda maior. A
assimilação dessas espécies é lesada pelo fato de que muitas delas não são
cultiváveis em laboratórios nos dias atuais e por proporcionarem analogias genéticas
que impedem sua importância (AVILA, 2018).
A composição da microbiota bucal é única em cada sujeito, mas de modo
geral, os filos de micro-organismos dominantes são Firmicutes, Bacteroidetes,
Proteobacteria, Actinobacteria e Fusobacteria. Enquanto que os gêneros de agentes
de maior prevalência em uma boca profícua são Streptococcus, Actinomyces,
Veillonella, Fusobacterium, Porphyromonas, Prevotella, Treponema, Neisseria,
Haemophilis, Lactobacillus, Capnocytophaga, Eikenella, Leptotrichia,
Peptostreptococcus, Staphylococcus e Propionibacterium (Jenkinson & Lamont,
2017).
Os fungos presentes no alvéolo oral, embora em abundância comprimida,
exercem um papel expressivo na conservação do balanceamento da microbiota, por
meio de sua influência mútua com outras bactérias. Na cavidade oral podem ser
calhados fungos dos gêneros Candida, Cladosporium, Aureobasidium,
Saccharomyces, Aspergillus, Fusarium e Cryptococcus (Ghannoum, 2017).

3.3 Doenças Relacionadas A Cavidade Oral


A microbiota oral é efetiva para a conservação do bem-estar do organismo de
um sujeito como um todo. Isto porque, enquanto essa microbiota conservar-se em
estado de estabilização, os microrganismos residentes estão em estado de simbiose
com organismo hospedeiro. Quando há adulteração na abundância, ou na proporção
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populacional dessas espécies, ocorre uma disbiose, o que favorece o evento de


doenças (Cho & Blaser, 2017).
Tanto os microrganismos patogênicos, quanto os comensais, formam
biofilmes complexos nas superfícies dos dentes, gengiva e língua. Em 80% dos
casos, esses agregados biológicos são iniciados por bactérias Streptococcus. A
quantidade de biofilmes e sua composição variam de acordo com fatores
ambientais, como composição da saliva e condições de higiene bucal (AVILA, 2018).
A saliva desempenha um formidável papel na disposição do biofilme, uma vez
que nela estão contidas substâncias antimicrobianas, bem como nutrientes que são
imprescindíveis ao aumento dos microrganismos da cavidade oral. A higiene bucal
deficiente, agravada pela presença de fatores retentivos de biofilme, por sua vez,
pode afetar a composição da microbiota oral, beneficiando a formação e
manutenção de biofilmes que levam ao desenvolvimento de doenças, tais como a
cárie e periodontite (AVILA, 2018).
Microrganismos podem adentrar na corrente sanguínea, quando a mucosa
oral é danificada por traumas, ou procedimentos cirúrgicos, ou devido a doenças
periodontais. A disseminação de patógenos oportunistas orais pelo corpo pode
causar problemas sistêmicos, como infecções respiratórias, cerebrais e cardíacas.
Pesquisas sugerem que há uma relação entre higiene oral deficiente e doenças
periodontais, com maior incidência de endocardite bacteriana (Lockhart, 2019).

Evidências sugerem que a microbiota oral também pode estar relacionada


com o aumento do risco de desenvolvimento de infecções nosocomiais
(Staphylococcus aureus), e câncer oral, esofágico (Fusobacterium nucleatum) ou
pancreático (Porphyromonas gingivalis), pela entrada de microrganismos na corrente
sanguínea, onde eles podem atingir outros órgãos (AHN, 2021).
Problemas gestacionais, como parto antecipado, pré-eclâmpsia, aborto
espontâneo, baixo peso neonatal e sepse neonatal são classes que também podem
ser relacionadas com microrganismos orais e as toxinas lançadas por eles. Estudos
mostram um cooptação entre o evento de complicações gestacionais e a
apresentação de espécies exclusivas da microbiota oral no líquido amniótico, como
Streptococcus spp. e Fusobacterium nucleatum, sendo essa última a de maior
prevalência nos tecidos placentários e fetais (BEARFIELD et al, 2018).
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Indivíduos com doença periodontal apresentam um maior risco de


desenvolver doenças cardiovasculares. Vários microrganismos da cavidade oral,
como Streptococcus spp., Veillonella spp., P. gingivalis, A. actinomycetemcomitans,
T. denticola, F. nucleatum, T. forsythia e Neisseria spp, foram identificados
colonizando placas ateroscleróticas. Bactérias presentes na cavidade oral também
são um dos principais agentes causadores de infecção nosocomial e
desenvolvimento de pneumonia em paciente internados em unidades de terapia
intensiva (CHIMENOS-KÜSTNER, GIOVANNONI & SCHEMEL-SUÁREZ, 2017).

3.4 Etiologia e Procedimentos


A American Heart Association (AHA), preocupada em sustentar e controlar o
índice de casos da endocardite bacteriana, que uma vez instalada, se não tratada a
tempo extingue a válvula cardíaca arremetida, desviando o paciente a um quadro de
carência cardíaca aguda e grave, normatizou, em 1997 com uma reavaliação em
2007 um protocolo de recomendações para a prevenção da Endocardite Bacteriana
fundamentado na antibioticoterapia preventiva em pacientes considerados de alto
risco , com indicação de intervenções clínicas ou cirúrgicas que podem soltar-se a
um quadro de bacteremia transitória (MARRA et al, 2019).
Entre os principais fatores etiológicos da endocardite bacteriana, o grande
vilão para o desencadeamento de uma bacteremia sistêmica que pode levar a uma
infecção do endocárdio, são as infecções de origem bucal, principalmente dentária.
Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) demonstraram uma alta taxa de
mortalidade, em torno de 20% dos pacientes acometidos não sobrevivem, porém,
quando a endocardite bacteriana provém de infecções relacionadas com as arcadas
dentárias pode chegar a ser responsável por cerca de 10% dos casos de morte, de
vítimas de doenças no coração, em todo o mundo (BRANCO DE ALMEIDA et al,
2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A microbiota oral é formada por vários microrganismos convivas e patógenos
oportunistas. Normalmente, esses seres microscópicos não acarretam danos ao
hospedeiro. Entretanto, sob algumas condições de disbiose ou imunossupressão,
eles podem se tornar agentes etiológicos de doenças orais e sistêmicas. As
principais patologias motivadas por esses microrganismos são a cárie, periodontite,
candidíase e endodocardite bacteriana. Sendo assim, o equilíbrio da flora endógena
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da cavidade bucal é um fator decisivo para a manutenção da saúde do sujeito com


um todo.
O endodontista deve estar ciente da sua ação na interdisciplinaridade
profissional, tendo muitas vezes que atuar como agente principal na ascensão de
saúde, estando sempre atento para medidas terapêuticas adequadas, incluindo a
profilaxia antibiótica em pacientes estimados de alto risco a complicações
sistemáticas, quando da abordagem de dentes próprios de infecção endodôntica.
A visão do paciente de forma coesa exige do profissional de saúde um
protocolo de acolhimento onde a apreensão com a anamnese delineada torna-se
extremamente admirável, com a finalidade de extrair o maior número de dados
possíveis do paciente, propiciando o aumento de um planejamento adequado de
condutas e procedimentos respeitando-se os limites interdisciplinar e
multiprofissional na busca de uma assistência à saúde mais efetiva, equânime e de
qualidade.
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