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e
Seqüestro de Carbono.
conceitos
e
cenário brasileiro
Claudio Fraenkel
julho de 2000.
ÍNDICE
1. Apresentação.......................................................................... 3
2. A Convenção de Mudanças Climáticas (UNFCCC).............. 4
3. O desenvolvimento das negociações - Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo.............................................................. 6
4. Projetos Energéticos X Projetos Florestais - Seqüestro de
Carbono...................................................................................... 11
5. Alguns Projetos Florestais......................................................13
6. Projetos Florestais com espécies nativas ou monocultura......15
7. Conservação de Florestas e Soberania Nacional.................... 16
8. O Brasil capacitado, mas........................................................ 17
9. Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas............................ 18
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1. Apresentação.
Este documento tem dois objetivos propostos: 1 - divulgar o cenário de Mudanças Climáticas
através de uma abordagem ampla e 2 - provocar fóruns e atores para a discussão sobre o
tema. Pretendemos apresentar elementos e processos componentes dos cenários nacional e
internacional, enfocando o desenvolvimento das negociações internacionais e apresentando
algumas manifestações de atores nacionais. Também estaremos destacando alguns conceitos
e definições do conteúdo, para apoiar o entendimento dos mecanismos correntes agregados,
principalmente no cenário brasileiro. Apresentaremos alguns projetos propostos dentro destas
negociações que, associados às manifestações de atores nacionais, nos darão um panorama
do atual cenário brasileiro de Mudança do Clima.
De forma nenhuma o autor pretende esgotar o tema devido a extrema complexidade do
assunto, complexidade esta que é apontada e reconhecida por todos os interlocutores com que
o autor mantém contato.
“As questões de mudança do clima, conhecidas também pelo aquecimento global do planeta -
um de seus efeitos, são bastante complexas, tanto do ponto de vista científico quanto nos
aspectos políticos referentes à mitigação de suas causas e conseqüências.” (Rubens Born –
Vitae Civilis – Formulação e Implementação de Políticas da Convenção de Mudança do Clima)
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2. A Convenção de Mudanças Climáticas (UNFCCC).
“O objetivo final desta Convenção e de quaisquer instrumentos jurídicos com ela relacionados
que adote a Conferência das Partes é o de alcançar, em conformidade com as disposições
pertinentes desta Convenção, a estabilização das concentrações de gases efeito estufa na
atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático.
Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas
adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos
não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira
sustentável.”
Para induzir a discussão sobre a última frase do artigo 2, “... permita ao desenvolvimento
econômico prosseguir de maneira sustentável”, transcrevemos um parágrafo do artigo
“entendendo o protocolo de Quioto”, de Eliezer Martins Diniz (FEA-USP, informações fipe, junho
de 1999).
A questão das Mudanças do Clima Induzidas pela Ação Humana já é discutida há muito tempo,
sendo que durante a década de 80, as evidências desta realidade de degradação ambiental e
global tornaram-se quase consenso na comunidade científica internacional.
Em resumo, os cientistas afirmam que, devido a excessiva industrialização do mundo moderno
e também devido a mudanças no uso da terra (em menor escala), houve, e continua havendo,
uma exagerada emissão de determinados gases na atmosfera que realçam o conhecido Efeito
Estufa sendo, este, responsável pelo Aquecimento Global, induzindo, por si, Mudanças do
Clima além da capacidade de adaptação natural dos indivíduos (humanos e não humanos) e
ecossistemas de todo o planeta.
Dentre os gases responsáveis pelo Efeito Estufa e conhecidos como Gases Efeito Estufa
(GEE), o Dióxido de Carbono (CO2) participa com aproximadamente 50% do efeito final e é
relativo às emissões e formas de redução e/ou seqüestro deste gás, que grande parte das
discussões são realizadas.
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O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização
Meteorológica Mundial (OMM) criaram então (1988) o Painel Intergovernamental sobre
Mudança do Clima (IPCC), que hoje reúne mais de 2.500 cientistas em todo o mundo, para
desenvolver e apoiar com trabalhos técnico-científicos uma negociação internacional para
combater a emergente Mudança do Clima.
No fim de 1990 a Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu o Comitê Internacional de
Negociação, que preparou a Convenção de 1992, no Rio de Janeiro.
Na Convenção foi estabelecido o seu órgão máximo com poder de decisão, que é a
Conferência das Partes, integrada por todas as nações (partes) signatárias da Convenção
(artigo 7).
Também foi definido um Mecanismo Financeiro (artigo 11) “para a provisão de recursos
financeiros a título de doação ou em base concessional, inclusive para fins de transferência de
tecnologia. Esse mecanismo deve funcionar sob a orientação da Conferência das Partes e
prestar contas à mesma, a qual deve decidir sobre suas políticas, prioridades programáticas e
critérios de aceitabilidade relativos a esta Convenção.”
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3. O desenvolvimento das negociações - Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo.
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das potencialidades de mitigação do Efeito Estufa. Também citaremos alguns critérios e
indicadores para a elegibilidade de Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Os dados e as observações abaixo foram transcritos do “Summary for Policymakers - Land Use,
Land Use Change and Forestry”, aprovado no XVI Plenário do IPCC (Canadá - maio de 2000).
“A dinâmica dos ecossistemas terrestres depende de interações entre uma certa quantidade de
ciclos biogeoquimicos, particularmente o ciclo do carbono, ciclos de nutrientes e o ciclo hídrico,
todos passíveis de alteração por ações humanas. Ecossistemas terrestres, nos quais o carbono
é estocado em biomassa viva, matéria orgânica em decomposição e solo, tem um importante
papel no ciclo de carbono global.
O carbono é trocado naturalmente entre estes sistemas e a atmosfera através da fotossintese,
respiração, decomposição e combustão. As atividades humanas alteram o estoque de carbono
nestes reservatórios e realizam trocas entres estes reservatórios e a atmosfera através do uso
da terra, da alteração do uso da terra e atividades florestais, entre outras atividades.”
“Grandes quantidades de carbono foram lançadas pelo rareamento de florestas em médias e
altas latitudes durante os últimos séculos e nos trópicos durante a última parte do século 20.”
“O carbono é estocado nos ecossistemas terrestres tanto na vegetação, como no solo. De
forma geral, os estoques de carbono são maiores no solo do que na vegetaçào, particularmente
nos ecossistemas não-florestados em médias e altas latitudes (tabela 1).”
Tabela 1
Estoques de carbono nos reservatórios de vegetação e solos até 1 m de profundidade.
“nota: existe considerável incerteza nos dados apresentados, entretanto a tabela fornece uma
visão da magnitude dos estoques terrestres de carbono.”
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nota do autor: 1ha = 10.000 m2 ; 109 ha = 1 milhão de ha ;
1 GtC = 1 Gigatonelada de Carbono = 1 bilhão de toneladas de carbono
“A partir de 1850 até 1998, foram emitidas aproximadamente 270 (+/- 30) GtC na atmosfera, em
forma de dióxido de carbono (CO2) a partir da queima de combustíveis fósseis e produção de
cimento. Foram emitidas em torno de 136 (+/- 55) GtC como resultado das mudanças do uso
da terra, predominantemente ecossistemas florestais. Estes fatos levaram ao incremento de
176 (+/- 10) GtC no conteúdo de dióxido de carbono da atmosfera. As concentrações de dióxido
de carbono aumentaram de 285 para 366 ppm (partes por milhão), aproximadamente 28%, dos
quais 43% estão retidos na atmosfera. O restante, em torno de 230 (+/- 60) GtC, estima-se que
foram absorvidos em quantidades iguais pelos ecossistemas oceânicos e terrestres. Portanto,
em termos líquidos, os ecossistemas terrestres mostram-se comparativamente uma fonte
pequena de dióxido de carbono neste período.”
“As contas médias anuais do carbono global para os períodos 1980-1989 e 1989-1998 são
mostradas na tabela 2.”
tabela 2
( em GtC por ano)
4. aumento líquido terrestre = 1. - (2. + 3.) 0,2 +/- 1,0 0,7 +/- 1,0
5. emissões da mudança do uso da terra 1,7 +/- 0,8 1,6 +/_ 0,8
“Esta tabela mostra que as taxas e tendências do aumento de carbono nos ecossistemas
terrestres são muito incertas. Entretanto, durante estas duas décadas, os ecossistemas
terrestres podem ter servido como um pequeno sumidouro líquido para dióxido de carbono.
Este sumidouro terrestre parece ter ocorrido apesar das emissões líquidas para a atmosfera
das mudanças do uso da terra. principalmente nos trópicos., sendo respectivamente 1,7 +/- 0,8
GtC e 1,6 +/- 0,8 GtC por ano, durante estas duas décadas respectivamente.”
“O aumento de carbono terrestre, que balanceia aproximadamente as emissões das mudanças
do uso da terra nos trópicos, é resultante de práticas do uso da terra e reflorescimento natural
nas médias e altas latitudes, de efeitos indiretos das atividades humanas (p.e. fertilização
atmosférica por CO2 e deposição de nutrientes) e mudança do clima (natural e antropogenica).
Atualmente não é possível determinar a importância relativa destes diferentes processos, que
também variam de região para região.”
O texto e as tabelas transcritos acima nos dão uma idéia da complexidade de análise dos
dados referentes às emissões de dióxido de carbono e das incertezas envolvidas nas medições
e avaliações de todo o processo envolvido.
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Na tabela 2 podemos verificar o total de emissões nos períodos analisados (1980-1989 e 1989-
1998), somando-se os ítens 1. (emissões de combustíveis fósseis e produção de cimento) e 5.
(emissões da mudança do uso da terra).
Desconsiderando o fator de incerteza, obtemos emissões de 7,2 GtC e 7,9 GtC,
respectivamente, o que representa um incremento total de emissões da ordem de 10% de um
período para o outro.
Observamos ainda que no primeiro período, as emissões devido à queima de combustíveis
fósseis e produção de cimento representam 76,4% do total, enquanto que no período
subsequente esta participação sobe para 79,7%.
Verificamos então que as emissões devido à queima de combustíveis fósseis e produção de
cimento são, de longe, as que mais contribuem para o aumento do Efeito Estufa.
Uma das referências citadas para a elaboração da Convenção é:
“Observando que a maior parcela das emissões globais, históricas e atuais, de gases efeito
estufa é originária dos países desenvolvidos, que as emissões per capita dos países em
desenvolvimento ainda são relativamente baixas e que a parcela de emissões globais originária
dos países em desenvolvimento crescerá para que eles possam satisfazer suas necessidades
sociais e de desenvolvimento.”
Os dois parágrafos anteriores são conseqüência dos inventários de emissões apresentados
pelas partes e comprovam, ser o alto índice de industrialização dos países desenvolvidos, o
fator que mais agrega emissões líquidas de dióxido de carbono ao Efeito Estufa global.
Vemos, a grosso modo, que o combate ao Aquecimento Global deve ser centrado na questão
da produção de energia (queima de combustíveis fósseis) como forma de mitigação das
emissões de dióxido de carbono, em particular, nos países industrializados.
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Critério 14: “Participação nacional e local no CDM - o desenvolvimento de uma política nacional
de CDM e a capacidade institucional devem ser empreendidas antes do engajamento em
projetos CDM. Onde não existem uma política habilitada e instituições efetivas, o Conselho
Executivo CDM deve apoiar eqüitativamente o seu desenvolvimento, dando prioridade a países
com menor capacidade.”
2.2.4. Aceitação e tempos de Projetos CDM.
2.2.5. Perda de Soberania.
O diagrama abaixo é uma simplificação do Ciclo de Carbono, com ênfase nos aspectos
abordados no texto e com vistas às possibilidades de Projetos Específicos para o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo.
O PROBLEMA
ATMOSFERA
e
CONCENTRAÇÃO de CO2
(EFEITO ESTUFA)
1. QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS
FÓSSEIS (PETRÓLEO, 1. ECOSSISTEMAS
CARVÃO, GÁS NATURAL) – OCEANICOS ~ 50%.
70 a 80%.
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renováveis (p.e. eólica, solar) ou pela otimização do consumo de energia nos processos
industriais, comerciais e domésticos.
Os Projetos Florestais podem ser projetos de substituição de carbono (p.e. uso de madeira
como material de construção ao invés de cimento, uso de combustíveis a base de biomassa ao
invés de combustíveis fósseis),projetos de conservação de florestas (altamente polêmico) ou
projetos para o Seqüestro de Carbono (árvores em crescimento capturam carbono da
atmosfera) - (Silvia Llosa - CDM e florestas - abril de 2000).
Existem projetos que são ao mesmo tempo energeticos e florestais.
A avaliação destes projetos depende dos critérios e indicadores a serem aprovados para o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (possivelmente na Holanda em novembro de 2000).
Foram criados alguns mecanismos para proposta e execução de projetos piloto para orientarem
as discussões sobre possíveis critérios e indicadores. Por exemplo, as Atividades de
Implementaçào Conjunta (AIJ - Activities Implemented Jointly) durante a COP 1 em 1995, em
Berlim / Alemanha); que são projetos de cooperação internacional sem direito a obtenção de
créditos de Redução de Emissões de Carbono (CER’s - Carbon Emission Reduction credits).
O Banco Mundial também criou uma linha de crédito para a experimentação deste projetos,
conhecido como PCF (Prototype Carbon Fund). Em julho de 1999, o Banco Mundial aprovou
verba de U$ 150 milhões para projetos piloto CDM, sendo que 10% desses recursos poderão
ser destinados a projetos de reflorestamento (informe da SBS).
Paralelamente tem-se notícia sobre a iniciativa de grupos privados e alguns países para a
proposta e execução de projetos com o intuito de adquirir e desenvolver os meios e as técnicas
para a implantação futura de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM).
Apesar da extrema importância dos projetos energéticos, passaremos a nos concentrar nos
projetos florestais que são tema de inúmeras controvérsias no cenário nacional brasileiro.
Observa-se ainda que muitos atores questionam radicalmente o Seqüestro de Carbono como
forma de mitigação do Efeito Estufa, justificando o seu questionamento com argumentos de
falta de capacidade técnico-científica para o cálculo de emissões e seqüestro; enquanto outros
questionam aspectos de soberania nacional quando é considerada a inclusão da conservação
de florestas maduras no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Neste documento procura-se apontar algumas questões a serem resolvidas e colaborar para o
incremento das discussões junto a sociedade civil de forma organizada, a fim de colaborar para
uma posição brasileira na próxima Conferência das Partes.
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5. Alguns Projetos Florestais.
Este projeto localiza-se na APA do Cantão, no Estado do Mato Grosso e foi apresentado na
Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos (São Paulo) em julho de 1999.
Objetivos: - reflorestamento e seqüestro de carbono.
Meta: - seqüestro de 6 MtC (milhões de toneladas de carbono) em 25 anos.
Recursos financeiros: - AES Barry (distribuidora de energia elétrica do País de Gales) - 600.000
Libras nos 4 primeiros anos.
Empresas e organizações associadas: - Ecológica (empresa criada para este fim pelo
coordenador do projeto Divaldo Rezende); IBAMA; Naturatins e Gaia.
Plantios previstos: - 120.000 mudas de espécimes nativos por ano através de produção
participativa com as comunidades (Gaia).
O projeto prevê atividades de Educação Ambiental, Manejo Florestal e Pesquisa.
Este projeto localiza-se no Município de Curvelo no Estado de Minas Gerais e foi apresentado
na Câmara de Comércio Brasil Alemanha (São Paulo) em agosto de 1999 e na Câmara de
Comércio Brasil Estados Unidos (São Paulo) durante o Aspen Forum CDM em junho de 2000.
Características: - substituição de carvão mineral por carvão vegetal na produção do ferro-gusa
(1 tonelada de ferro-gusa produzidos com carvão mineral emite 1,8 toneladas de dióxido de
carbono, enquanto que a mesma produção com carvão vegetal, neste projeto, seqüestra 1,1
toneladas de dióxido de carbono).
- produção de carvão vegetal pelo manejo de florestas de eucaliptos com
clones de alta produtividade para o seqüestro de carbono.
- manejo florestal realizado de forma a obter mais seqüestro de carbono
devido ao crescimento dos espécimes do que as emissões do processo industrial.
- certificação pelo FSC (Forest Steward Council) para futura comercialização
de créditos de carbono.
Apoio: - Winrock Foundation International.
- Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA).
Financeiro: - investimentos previstos de U$ 12.000.000,00
- retorno: estimativa de U$ 75.000.000,00 após 24 anos de vida útil.
Recursos: - solicita suporte financeiro ao Banco Mundial através do PCF / projeto “pré-
selecionado” pelo BM (informe SBS).
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as emissões do coque mineral importado e substituirá o carvão derivado do desmatamento de
florestas tropicais na amazônia oriental. O projeto beneficiará diretamente os pequenos
produtores agroextrativistas e proprietários de terras em áreas degradadas nos babaçuais
nativos do Maranhão, como uma contribuição aos esforços para combater o aquecimento
global, melhorar as condições de vida e renda locais e permitir o uso sustentável da
biodiversidade.”
“O Department for International Development (DFID - UK) está no momento analisando
propostas para assistência técnica e financeira com vistas a um programa plurianual para
desenvolver o manejo e o uso dos babaçuais e agroecossistemas extrativistas de pequenos
produtores no Maranhão (abril de 2000).”
“Para os propósitos deste projeto, estima-se que os benefícios da proteção e manejo de
babaçuais existentes irão gerar um seqüestro de carbono líquido mensurável de 175.000
toneladas de carbono por ano, na área do projeto.”
“Em 1998, o Pró-Natura foi pioneiro no seqüestro de carbono no Brasil, através da implantação
do primeiro grande “poço de carbono” do mundo, baseado no plantio de espécies nativas no
noroeste de Mato Grosso, onde esteve envolvido com pequenos produtores e madereiras
durante a última década, desenvolvendo práticas sustentáveis de uso da terra para a floresta
tropical amazônica. Com o apoio da Peugeot, o Pró-Natura e suas organizações parceiras
estão determinando os parâmetros técnicos para estabelecer e monitorar o seqüestro de
carbono, próximo ao seu centro agro-ambiental de Juruena, na floresta amazônica. Os
parceiros se comprometeram a seqüestrar 50.000 toneladas de carbono por ano (10 toneladas
por hectare por ano) por um período de 40 anos, através de reflorestamento intensivo e
estimulação de regeneração natural da floresta. Os produtores locais no entorno da área do
projeto recebem capacitação técnica em recuperação de terras degradadas, e agora
conservam suas florestas remanescentes como um estoque de sementes para futuros “”poços
de carbono””.”
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6. Projetos Florestais com espécies nativas ou monocultura.
84. “Devem ser tecidas considerações a respeito das sinergias e negociações relacionadas às
atividades de uso da terra, mudanças do uso da terra e florestas sob a UNFCCC e o seu
Protocolo de Quioto no contexto do desenvolvimento sustentável, incluindo um largo espectro
de impactos ambientais, sociais e econômicos, tais como; (i) biodiversidade; (ii) a quantidade e
qualidade de florestas, campos de agricultura, solos, pesqueiros e recursos hídricos; (iii) a
habilidade de provisão de alimentos, fibras, combustíveis e moradia; (iv) emprego, saúde,
pobreza e equidade.”
Podemos avaliar que os projetos voltados à monocultura são, em geral, mais simples para
formatação e demonstração de adicionalidades (principalmente financeiras), enquanto que
projetos de reflorestamento e manejo de nativas exigem uma melhor definição do conceito de
desenvolvimento sustentável e de seus critérios e indicadores.
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7. Conservação de Florestas e Soberania Nacional.
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8. O Brasil capacitado, mas...
Observamos que em julho de 1999 foi criado, por decreto presidencial, a “Comissão
Interministerial de Mudança Global do Clima, com a finalidade de articular as ações do governo
decorrentes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e seus
instrumentos subsidiários de que o Brasil seja parte.”
“A Comissão é integrada por representantes dos seguintes Ministérios: Relações Exteriores,
Agricultura e do Abastecimento, Transportes, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia,
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Casa Civil da Presidência da República.”
A Secretaria Executiva da Comissão é exercida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, sendo
o Secretário Executivo Responsável, o Dr. José Domingos Miguez - Coordenador de Pesquisas
em Mudanças Climáticas - MCT.
Embora seja um panorama preocupante, o Brasil tem escondidos, em toda a sua extensão
territorial, diversos nichos e centros capacitados em variados temas coadjuvantes no cenário
das mudanças climáticas.
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9. Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Em 20 de junho de 2000, foi criado, pelo decreto presidencial No 3.515, o Fórum Brasileiro de
Mudanças Climáticas, “com o objetivo de conscientizar e mobilizar a sociedade para a
discussão e tomada de posição sobre os problemas decorrentes da mudança do clima por
gases efeito estufa, bem como sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM) definido
no artigo 12 do Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima, ratificada por meio de Decreto Legislativo no 1, de 3 de fevereiro de 1994.”
O Decreto foi publicado na página 2, da seção 1, do Diário Oficial - No 119, de 21 de junho de
2000. Vejamos os artigos 5 e 6:
artigo 5: “o apoio administrativo e os meios necessários à execução dos trabalhos do Fórum e
das câmaras temáticas serão providos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.”
artigo 6: “o Fórum estimulará a criação de Fóruns Estaduais de Mudanças Climáticas, devendo
realizar audiências públicas nas diversas regiões do País.”
Verificamos que há uma certa preocupação do governo federal (Presidência), em promover e
incentivar as discussões sobre o cenário em pauta.
No Brasil tem ocorrido muitos eventos setoriais e regionais para discutir as políticas referentes
à Mudança do Clima e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, não havendo entretanto um
organismo capaz de absorver e redistribuir as colaborações e manifestações que ocorrem
durante os mesmos.
“Dentre os assuntos-chave a serem discutidos na próxima rodada internacional de discussões,
estão justamente aqueles referentes às decisões a serem tomadas no tocante aos projetos de
CDM. O essencial para nós aqui é que se possa ter certeza de que as regras que governarão o
CDM e os projetos que subseqüentemente dele advirão, sejam social e ambientalmente justas.
Por isso que as ONG’s não devem observar passivamente as decisões serem feitas neste
campo, e atuar somente quando as mesmas já tiverem sido tomadas. Nós devemos, ao revés,
tomar posições, coordenar nossas ações, e participar na formulação da política brasileira para
este tema. Nós devemos, da mesma forma, participar das discussões internacionais em torno
deste assunto. Por isso que, mais do que nunca, o tempo urge para nós. Atualmente, vários
fóruns públicos estão acontecendo ao redor do Brasil e do mundo, mas sem contar com a
participação de quase nenhuma ONG brasileira. O governo quase sempre ouve somente o
setor privado e o meio acadêmico. A nível internacional, o Brasil conta com a representação de
duas ONG’s, ECOAR e VITAE CIVILIS, e nenhuma representação setorial nos pontos-chave.
Em alguns encontros (como em Aspen, FGV, USP), os méritos de alguns projetos brasileiros de
CDM são analisados. Membros da comunidade acadêmica apresentam propostas (como é seu
dever!), os quais são apoiados pela delegação. Assim é a idéia “fast-track” de se criar um
conselho nacional que iria pré-certificar “projetos precoces”. José Goldemberg o propõe pela
imprensa e o Dr. Machado (1999), do MCT, o descreve ipsis literis em uma conferência
internacional sobre CDM em Senegal, por exemplo.” (Silvia Llosa)
“As posições e respostas dos atores, inclusive ONG’S, frente às questões de mudança do clima
irão determinar em que medida o Brasil poderá avançar rumo a padrões de produção, consumo
e conservação de maior qualidade e eficácia ambiental e social.” (Rubens Born)
A tardia, efetiva e transparente implementação do Fórum, decretado no dia 20 de junho de
2000, é condição necessária da participação da sociedade civil brasileira no delineamento dos
seus rumos a curto, médio e longo prazos.
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