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Curso Impactos da pandemia do coronavírus nas relações de trabalho: analisando

as MPs 927, 928 e 936


Texto complementar – Aula 01
Henrique Correia

1. Medida Provisória nº 936/2020


Em Edição Extra do Diário Oficial de 1º de abril de 2020, foi publicada a MP nº
936/2020, que institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda
e dispõe sobre medidas trabalhistas complementares para enfrentamento do estado de
calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020,
e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus
(covid-19).
O parágrafo único do art. 3º da MP nº 936/2020 excepciona expressamente da
aplicação das medidas do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda
os órgãos da Administração Pública direta e indireta, as empresas públicas e sociedades
de economia mista, inclusive suas subsidiárias e aos organismos internacionais.
De acordo com o art. 15, as disposições da MP são aplicadas aos contratos de
aprendizagem e de jornada parcial.

2. Medidas previstas no programa


O art. 3º da Medida Provisória elenca as 3 medidas adotadas com o programa:
I - o pagamento de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda;
II - a redução proporcional de jornada de trabalho e de salários; e
III - a suspensão temporária do contrato de trabalho
As medidas previstas na MP nº 936/2020 somente poderão ser aplicadas aos:
1) Empregados com salário inferior a R$ 3.135,00. Esse valor corresponde ao empregado
que recebe até 3 salários mínimos. De acordo com o governo, a limitação nesse valor seria
importante, pois a parcela do seguro-desemprego paga pelo governo a título de benefício
emergencial não compensa para aqueles que recebem remuneração maior e poderá trazer um
impacto maior na vida desses trabalhadores. Lembre-se de que o teto pago a título de seguro-
desemprego é de R$ 1.813,03 em 2020.
2) Empregados com salário superior a R$ 3.135,00 e que não são empregados
hipersuficientes: SOMENTE é possível a adoção das medidas por meio de acordo ou
convenção coletiva, ressalvada a possibilidade de redução de jornada e salário em 25% por
meio de acordo individual.
3) Empregados hipersuficientes: aqueles que são portadores de diploma de nível superior
e que percebam salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social. Em 2020, o limite do INSS é de R$ 6.101,06. Assim,
poderá estabelecer as medidas da MP nº 936/2020, o emprego que receber salário igual ou
superior a R$ 12.202,12.

3. Redução de jornada de trabalho e de salário (art. 5º e 6º da MP nº 936/2020)


Como uma das medidas de enfrentamento à crise, a MP nº 936/2020 permite a
redução proporcional de salários e jornadas, desde que respeitados os seguintes requisitos:
1) Duração máxima da redução: poderá ocorrer pelo prazo máximo de 90 dias enquanto
perdurar o estado de calamidade pública em decorrência da pandemia do coronavírus.
2) Preservação do valor do salário-hora de trabalho;
3) Pactuação por acordo individual escrito entre empregador e empregado: note-se,
portanto, que a MP nº 936/2020 permite a redução salarial por acordo individual entre
empregado e empregador e exige a comunicação ao trabalhador com antecedência de, no
mínimo, dois dias corridos.
4) Limites de redução da jornada de trabalho e de salário: o salário e a jornada do
empregado poderão ser reduzidos, exclusivamente, nos seguintes percentuais: 25%, 50% e
70%. O percentual deverá constar expressamente do acordo individual escrito entre
empregado e empregador.

- Esquematizando:

Quem pode reduzir salário e jornada?

Pode reduzir por Pode reduzir por


Salário do empregado
acordo individual? negociação coletiva?
Empregados que recebam até
Sim (Redução de 25%, Sim (Redução definida
3 salários mínimos (R$
50% ou 70%) em negociação)
3.135,00)
Empregados que recebem
mais de 3 salários mínimos Em regra, não. Somente Sim (Redução definida
(R$ 3.135,00) e não são redução de 25% em negociação)
hipersuficientes
Empregados hipersuficientes
Sim (Redução de 25%, Sim (Redução definida
(R$ 12.102,12 e ensino
50% ou 70%) em negociação)
superior completo)

A jornada de trabalho e o salário pago serão restabelecidos ao valor original sem a


redução no prazo de 2 dias corridos, contado:
1) da cessação do estado de calamidade pública: se o estado de calamidade pública
terminar antes do fim do prazo pactuado de redução de salário, o salário e a jornada devem
ser restabelecidos no prazo de 2 dias corridos.
2) da data estabelecida no acordo individual como termo de encerramento do período e
redução pactuado: lembre-se de que a redução poderá ocorrer pelo prazo máximo de 90
dias.
3) da antecipação do fim do período de redução pelo empregador: a MP faculta ao
empregador antecipar o fim do período de redução. Verifica-se, portanto, a hipótese de “jus
variandi”, pois cabe ao empregador modificar unilateralmente o contrato de trabalho.

3.1. Benefício emergencial de preservação do emprego e da renda na hipótese de


redução de salários e de jornada
Os art. 5º e 6º da MP nº 936/2020 versam sobre o Benefício Emergencial de
Preservação do Empregado e da Renda, que será pago com recursos da União nas
seguintes hipóteses:
I - redução proporcional de jornada de trabalho e de salário; e
II - suspensão temporária do contrato de trabalho.
O benefício será pago mensalmente e devido a partir da data do início da redução da
jornada de trabalho e de salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho,
observadas as seguintes disposições:
1) Prazo para empregador informar as medidas: Empregador deve informar ao
Ministério da Economia a redução da jornada e do salário no prazo de 10 dias, contado da
data da celebração do acordo;
2) Prazo para pagamento do benefício: A primeira parcela será paga no prazo de 30 dias,
contado da data da celebração do acordo, desde que o prazo de comunicação acima seja
respeitado.
É indispensável que o empregado comunique o Ministério da Economia no prazo de
10 dias sob pena de:
1) Responsabilidade do empregador pelo pagamento das verbas trabalhistas: o
empregador ficará responsável pelo pagamento da remuneração no valor anterior à redução
da jornada de trabalho e de salário, inclusive dos respectivos encargos sociais, até que a
informação seja prestada;
2) Data de início do Benefício Emergencial: ocorrerá na data em que a informação tenha
sido efetivamente prestada e o benefício será devido somente pelo restante do período
pactuado;
3) Pagamento da 1ª parcela: ocorrerá no prazo de 30 dias, contado da data em que a
informação tenha sido efetivamente prestada.
De acordo com o § 5º do art. 5º da MP nº 936/2020, o recebimento do benefício
emergencial de preservação do empregado e da renda não impede a concessão e não altera
o valor do seguro-desemprego devido aos empregados que cumpram os requisitos da Lei
nº 7.998/1990 (Lei do Seguro-Desemprego) na hipótese de dispensa sem justa causa ou
rescisão indireta.

3.2. Valor do Benefício emergencial na hipótese de redução de salários e de jornadas


O valor do benefício será calculado aplicando-se sobre a base de cálculo o percentual
da redução correspondente e corresponderá ao valor devido do seguro-desemprego.

Valor do Benefício Emergencial em caso de redução de salário e jornada

Valor do Benefício Emergencial de


Percentual de redução do salário
Preservação do Emprego e da Renda
25% 25% do seguro-desemprego

50% 50% do seguro-desemprego


70% 70% do seguro-desemprego

O pagamento do benefício será realizado ao empregado independentemente do


cumprimento de qualquer período aquisitivo, do tempo de vínculo empregatício e do
número de salários recebidos. Não terão direito ao benefício:
1) Emprego que esteja ocupando cargo ou emprego público, cargo em comissão de livre
nomeação e exoneração ou titular de mandato eletivo; ou
2) Empregado em gozo:
a) de benefício de prestação continuada do Regime Geral de Previdência Social ou dos
Regimes Próprios de Previdência Social, ressalvado o recebimento de pensão por morte ou
auxílio-acidente. Por exemplo: o empregado em gozo de auxílio doença ou aposentadoria por
invalidez não terá direito ao recebimento desse benefício emergencial.
b) do seguro-desemprego, em qualquer de suas modalidades; e
c) da bolsa de qualificação profissional para o empregado que estiver com o contrato
suspenso em virtude de participação em curso ou programa de qualificação profissional
oferecido pelo empregador, em conformidade com o disposto em acordo ou convenção
coletiva.
Além disso, o empregado com 2 ou mais empregos poderá receber cumulativamente
um Benefício emergencial para cada vínculo com redução proporcional de jornada e
salário, ressalvado o trabalhador intermitente, que não cumulará o direito ao recebimento
de mais de um benefício emergencial.

3.3. Estabilidade provisória no emprego (art. 10 da MP nº 936/2020)


É assegurada garantia provisória no emprego ao empregado que receber o benefício
emergencial em decorrência da redução da jornada de trabalho e de salário ou suspensão
temporária do contrato de trabalho.
A garantia provisória no emprego será devida durante todo o período de redução de
salário e jornada e estendida, após o fim dessas restrições por período equivalente ao
acordado para a redução. Lembre-se de que a redução de salário e de jornadas pode
ocorrer por no máximo 90 dias.
Na hipótese de dispensa sem justa causa durante a estabilidade, o empregador ficará
responsável pelo pagamento além de todas as verbas rescisórias devidas em razão da
dispensa sem justa causa a uma indenização no valor de:
1) 50% do salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória no
emprego: na hipótese de redução de jornada e de salário igual ou superior a 25% e inferior
a 50%;
2) 75% do salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória no
emprego: na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário igual ou superior a 50%
e inferior a 70%; ou
3) 100% do salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória
no emprego: nas hipóteses de redução de jornada de trabalho e de salário em percentual
superior a 70% ou de suspensão temporária do contrato de trabalho.

4. Suspensão temporária do contrato de trabalho (art. 5º, 6º e 8º da MP nº 936/2020)


A MP nº 936/2020 permitiu também como medida trabalhista de enfrentamento ao
coronavírus a suspensão temporária do contrato de trabalho. Note-se que, durante a
suspensão do contrato, não há prestação de serviços pelo empregado e também não ocorre
o pagamento dos salários do trabalhador. Para isso, devem ser observados os seguintes
requisitos:
1) Prazo máximo de suspensão: a suspensão poderá ocorrer pelo prazo de até 60 dias, que
poderá ser fracionado em até 2 períodos de 30 dias.
2) Acordo individual escrito: Assim como é exigido para a redução de salários e jornadas,
a suspensão do contrato de trabalho poderá ocorrer por acordo individual escrito entre
empregador e empregado, que será encaminhado ao empregado com antecedência de, no
mínimo, 2 dias corridos.
3) Manutenção de benefícios: Durante o período de suspensão temporária do contrato de
trabalho, o empregado terá direito a todos os benefícios concedidos pelo empregador aos seus
empregados.
4) Segurado facultativo: durante a suspensão, o empregado fica autorizado a recolher para
o Regime Geral de Previdência Social na qualidade de segurado facultativo.

Quem pode ter os contratos suspensos?

Pode suspender por Pode suspender por


Salário do empregado
acordo individual? negociação coletiva?
Empregados que recebam até 3
Sim Sim
salários mínimos (R$ 3.135,00)
Empregados que recebem mais
de 3 salários mínimos (R$
Não Sim
3.135,00) e não são
hipersuficientes

Empregados hipersuficientes
(R$ 12.102,12 e ensino superior Sim Sim
completo)

As hipóteses de restabelecimento do contrato de trabalho são as mesmas já


discorridas para a redução de salários e de jornada. Remetemos o leitor ao tópico
correspondente.
Além disso, de acordo com o § 4º do art. 8º da MP nº 936/2020, se durante o período
de suspensão temporária do contrato de trabalho o empregado mantiver as atividades de
trabalho, ainda que parcialmente, por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou trabalho à
distância, ficará descaracterizada a suspensão temporária do contrato de trabalho. Nesse
caso, o empregador estará sujeito:
1) ao pagamento imediato da remuneração e dos encargos sociais referentes a todo o período;
2) às penalidades previstas na legislação em vigor; e
3) às sanções previstas em convenção ou em acordo coletivo.

4.1. Benefício emergencial de preservação do emprego e da renda na hipótese de


suspensão contratual (art. 5º e 6º da MP nº 936/2020)
Os art. 5º e 6º da MP nº 936/2020 versam sobre o Benefício Emergencial de
Preservação do Empregado e da Renda, que será pago com recursos da União nas
seguintes hipóteses:
I - redução proporcional de jornada de trabalho e de salário; e
II - suspensão temporária do contrato de trabalho.
Os requisitos para o recebimento do benefício emergencial e as consequências da
ausência de informação do empregador sobre as medidas adotadas dentro do prazo são os
mesmos previstos para a hipótese de redução de salário e de jornadas já discorridos
anteriormente.

4.2. Ajuda compensatória mensal


Ao contrário da hipótese em que a ajuda compensatória mensal é sempre facultativa,
a MP nº 936/2020 trouxe hipóteses em que a ajuda compensatória deve ser obrigatória se
houver suspensão do contrato temporariamente.
Se a empresa tiver auferido no ano-calendário de 2019, a receita bruta superior a R$
4.800.000,00, somente poderá suspender o contrato de trabalho de seus empregados
mediante o pagamento de ajuda compensatória mensal no valor de 30% do salário do
empregado, durante o período da suspensão temporária de trabalho pactuado.

Ajuda compensatória mensal na suspensão do contrato


Receita bruta anual da empresa Ajuda compensatória mensal
Empresas com receita bruta de 2019 de
Não obrigatória
até R$ 4.800.000,00
Empresas com receita bruta de 2019 de Obrigatório no valor de 30% do salário do
mais de R$ 4.800.000,00 empregado

4.3. Valor do benefício emergencial na hipótese de suspensão do contrato de trabalho


O benefício emergencial na hipótese de suspensão do contrato de trabalho terá o
valor equivalente a 100% do valor do seguro-desemprego para as empresas com receita
bruta de até R$ 4.800.000,00 e de 70% do valor do seguro-desemprego para as empresas
que tem receita bruta anual superior a esse valor.

Valor do benefício emergencial em caso de suspensão contratual


Receita bruta anual da Ajuda compensatória Valor do Benefício
empresa mensal
Empresas com receita bruta
100% do valor do seguro-
de 2019 de até R$ Não obrigatória
desemprego
4.800.000,00
Empresas com receita bruta Obrigatório no valor de
70% do Valor do Seguro-
de 2019 de mais de R$ 30% do salário do
Desemprego
4.800.000,00 empregado

Assim como na hipótese de redução de salários e de jornada, o pagamento do


benefício será realizado ao empregado independentemente do cumprimento de qualquer
período aquisitivo, do tempo de vínculo empregatício e do número de salários recebidos.
Ademais, as hipóteses de empregados que não terão direito ao benefício emergencial
são as mesmas aplicadas à hipótese de redução de salários e jornada.

4.4. Estabilidade provisória no emprego na suspensão contratual (art. 10 da MP nº


936/2020)
É assegurada garantia provisória no emprego ao empregado que receber o benefício
emergencial em decorrência da redução da jornada de trabalho e de salário ou suspensão
temporária do contrato de trabalho.
Essa garantia provisória no emprego será devida durante todo o período suspensão
contratual e estendida, após o fim dessas restrições por período equivalente ao acordado
para a redução ou a suspensão. Lembre-se de que a suspensão contratual pode ocorrer por
até 60 dias.
Na hipótese de dispensa sem justa causa durante a garantia de emprego, o
empregador ficará responsável pelo pagamento além de todas as verbas rescisórias
devidas em razão da dispensa sem justa causa a uma indenização no valor de 100% do
salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória no emprego: na
hipótese de suspensão temporária do contrato de trabalho.
5. Negociação coletiva na redução salarial e na suspensão temporária do contrato
(art. 11 e 17, II e III da MP nº 936/2020)
As medidas de redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão do
contrato de trabalho poderão ser celebradas por meio de negociação coletiva.
No tocante à redução de salários e de jornada, os percentuais de redução podem serão
diversos do previstos na MP nº 936/2020. No entanto, é importante destacar que o valor
do benefício emergencial não é alterado se houver previsão diversa de redução de salários.
Na prática, o sindicato não efetuará uma redução superior aos limites previstos em lei.
Confira na tabela abaixo:
Benefício Emergencial e redução salarial por negociação coletiva
Percentual de Redução Salarial Valor do Benefício Emergencial
Inferior a 25% Não será devido benefício emergencial
Igual ou superior a 25% e inferior a 50% Valor fixo de 25% do seguro-desemprego
Superior a 50% e inferior a 70% Valor fixo de 50% do seguro-desemprego
Redução igual ou superior a 70% Valor fixo de 70% do seguro-desemprego
Ressalta-se que os Instrumentos coletivos firmados antes da MP nº 936/2020 poderão
ser renegociados para adequação de seus termos no prazo de 10 dias corridos, contado da
data de publicação desta MP, ou seja, até o dia 12/04/2020.
Ademais, os acordos individuais de redução de jornada de trabalho e de salário,
deverão ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato laboral, no prazo
de até dez dias corridos, contado da data de sua celebração.

6. Trabalho intermitente e benefício emergencial (art. 18 da MP nº 936/2020)


A Reforma Trabalhista acrescentou o § 3º ao art. 443 da CLT para prever nova
hipótese de contrato de trabalho: a prestação de trabalho intermitente. De acordo com o
art. 443, § 3º da CLT, o trabalho intermitente compreende o contrato de trabalho, cuja
prestação dos serviços ocorre com subordinação, mas não é contínua, havendo alternância
de períodos de prestação de serviços e de inatividade. A prestação dos serviços pode ser
determinada em horas, dias ou meses, independentemente da atividade desenvolvida pelo
empregado ou pelo empregador.
No caso desses trabalhadores, o benefício emergencial será pago no valor fixo
mensal de R$ 600,00 pelo período de 3 meses. O benefício será devido a partir da data de
publicação da MP e será pago em até 30 dias.
A MP não traz nenhum dispositivo que menciona que o benefício será pago somente
aos intermitentes que não estiverem sendo convocados para trabalharem. Portanto,
concluímos que será devido a todo e qualquer trabalhador intermitente, esteja ele
trabalhando ou não.
Ressalta-se que o valor do benefício será custeado pela União, operacionalizado e
pago pelo Ministério da Economia. Nesse caso, o recebimento indevido ou além do
devido, será inscrito em dívida ativa e processado em execução fiscal.
Por fim, a existência de mais de um contrato de trabalho intermitente não gerará
direito à concessão de mais de um benefício emergencial mensal e o benefício
emergencial mensal do trabalhador intermitente não poderá ser acumulado com o
pagamento de outro auxílio emergencial.

7. Decisão do STF acerca da MP nº 936/2020


O Partido Político Rede Sustentabilidade ingressou no STF com a Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 6.363 em face da Medida Provisória nº 936/2020. Nesse sentido,
foi requerida medida liminar para suspender o uso de acordo individual para dispor sobre
as medidas de redução de salário e suspensão de contrato de trabalho. Argumentou-se que
o art. 7º da CF/88 exige a participação do sindicato para a redução de salários.
No dia 06/04/2020, o Relator Min. Ricardo Lewandowski deferiu, em parte, a
cautelar para determinar que o acordo individual de redução de jornada e salários e de
suspensão contratual somente seriam convalidados e produziriam efeitos se fossem
comunicados ao sindicato da categoria profissional para que deflagrasse negociação
coletiva.
No entanto, no dia 17/04/2020, o plenário do STF, por maioria de 7 votos a 3, não
referendou a liminar concedida. Foram vencidos os Min. Ricardo Lewandowski, Edson
Fachin e Rosa Weber. O Min. Celso de Mello não participou do julgamento.
Ao indeferir a Medida Cautelar, o STF mantém intacta a redação da MP nº 936/2020
com validade imediata dos acordos individuais de redução de jornada e de suspensão
contratual. Para o STF, em sede liminar, não é necessária a negociação coletiva com os
sindicatos para a validade dos acordos individuais.

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