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Refere David Pye, designer que irá examinar a ideia de que cada material
possui propriedades inerentes, que podem ser exprimidas ou suprimidas no
seu uso (p. 63-64)
Como ser fiel a um material se este possui propriedades que variam de
acordo com seu manuseio? = Pye: o que o artista explora e expressa não
são propriamente as propriedades dos materiais, sim suas qualidades, as
quais são subjetivas (p. 64)
Diferença entre o projeto de um engenheiro e a prática de um artífice
(pedreiro, carpinteiro, etc.): conhecimento deste “[...] vem da experiência de
uma vida de trabalho com o material. Esse é um conhecimento nascido da
percepção sensorial e do engajamento prático, não com uma preocupação
com o mundo material [...] mas da participação de um profissional
qualificado de um mundo de materiais.” (p. 65)
Pye: propriedade x qualidade = retoma a dicotomia mente x matéria. Por
isso, Ingold retoma Gibson na definição que faz dos componentes do
ambiente: substâncias, meios e superfícies entre eles (p. 65)
No interior de um ambiente, os materiais não existem, mas sim,
ocorrem: “[...] Portanto, as propriedades dos materiais consideradas como
constituintes de um ambiente, não podem ser identificadas como atributos
essenciais fixos de coisas, mas são, ao contrário, processuais e relacionais.
Elas não são nem objetivamente determinadas nem subjetivamente
imaginadas, mas praticamente experimentadas. Nesse sentido, toda
propriedade é uma estória condensada. Descrever as propriedades dos
materiais é contar as histórias do que acontece com eles enquanto fluem,
se misturam e se modificam.” (p. 65)
Retoma novamente Christopher Tilley e o arqueólogo Joshua Pollard para
apresentar os limites do conceito de materialidade, uma vez que este
contrapõe materialidade bruta x agência humana (p. 66-67)
Ingold opta pela expressão “mundo de materiais” ao invés de
“mundo material” justamente para escapar dessa oscilação, de forma tanto a
recolocar as pessoas no continuum da vida orgânica, como de reconhecer
que esta sofre contínuas transformações (p. 67)
“[...] Mas no mundo dos materiais, os humanos figuram tanto no
contexto das pedras quanto as pedras no contexto dos humanos. E esses
contextos, longe de mentirem sobre os níveis díspares de existência,
respectivamente social e natural, são estabelecidos como regiões
sobrepostas do mesmo mundo. [...]” (p. 67)