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Atividade assíncrona

Teorias da História II | 2021/2 | Docente: Profa. Dra. Renata Dal Sasso Freitas
Eduarda Fernandes Jaime Leão
HARTOG, François. A testemunha e o historiador. In: Evidência da história: O que os
historiadores veem. Coleção História & Historiografia. Belo Horizonte: Editora Autêntica,
2011. pp. 203-228
WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: Trópicos do discurso:
ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: Edusp, 1992. pp. 97-116

1. Como Hayden White caracteriza a narrativa historiográfica e quais suas


características?
A caracterização sobre a narrativa historiográfica gira em torno de “artefatos verbais”.
Considerando-se tal caracterização, é perceptível entender a narrativa historiográfica como
um modelo de estruturas e processos que vêm do passado e do presente, desconsiderando
então os controles observacionais e experimentais. Em outras palavras, as narrativas
históricas são uma estrutura verbal de modo a ser visto como um discurso narrativo em prosa,
onde tais conteúdos podem ser ficcionais. Ao trazer argumentos de outros historiadores,
Hayden White faz um contraponto na questão da “imaginação construtiva” que Collingwood
costumava pontuar. Neste sentido, Hayden White afirma que Collingwood não percebeu que
os dados de acontecimentos históricos não constituem uma estória, podendo, no máximo,
oferecer elementos da estória. A partir disso, então, os acontecimentos serão convertidos em
estória, seja por “caracterização, repetição do motivo, variação do tom e do ponto de vista,
estratégias descritivas alternativas…” (WHITE, 1992, p. 100). O autor aponta que uma das
maneiras de analisar acontecimentos que sejam abstrusos, é ponderar aspectos como crenças
religiosas e formas de estória. Então, para White, os historiadores costumam examinar
acontecimentos que foram deixados de lado por serem eventos considerados “traumáticos” e
“problemáticos”, tendo em vista o fornecimento de mais informações sobre as circunstâncias.
White aponta argumentos que decorrem da ideia de que as narrativas históricas são moldes de
acontecimentos passados e afirmações metafóricas que propõe um panorama entre os
acontecimentos, processos e tipos de estória que são utilizados para “para conferir aos
acontecimentos de nossas vidas significados culturalmente sancionados” (WHITE, 1992, p.
105). Portanto, a narrativa histórica além de ser uma reprodução de acontecimentos relatados
é, também, um complexo de símbolos que dispõem de direções na intenção de encontrar um
ícone da estrutura dos acontecimentos na tradição literária.
2. Qual a função do testemunho na historiografia contemporânea, de acordo com
François Hartog?
A partir do capítulo A testemunha e o historiador de Hartog, percebe-se que há testemunhos
que são transcritos, reescritos, gravados e até mesmo filmados, e as testemunhas são
percebidas como um portador de memória, chegando até mesmo a ser considerado um
“sobrevivente”. Os testemunhos, então, narram acontecimentos da historiografia para o
espectador sem intermédio de outras pessoas que não vivenciaram os acontecimentos.
Segundo Hartog, a história torna-se a ciência do passado no século XIX, sendo composta por
vestígios escritos. Os testemunhos fornecem respostas, mas tratando-se de testemunhas de
primeiro nível, somente o historiador ou um especialista em ciências sociais poderá decifrar e
reconstruir as mensagens que foram transmitidas pelas testemunhas. Analisando a
contemporaneidade, Hartog fala sobre o interesse pela história oral que deu-se a partir da
década de 1970, mas não garante que a expressão “fontes orais” seja suficiente. Neste
sentido, o historiador irá abordar menos de memória, mas sim, de história, pautando arquivos
de textos escritos, de críticas das fontes e do ofício do historiador. Podemos concluir que
segundo Hartog, a historiografia do século XX é vista em um paradigma de vestígio, com
contribuição da testemunha onde a voz deve ser levado em consideração, mas do ponto de
vista epistemológico, o testemunho serve como um complemento para auxiliar na
compreensão sobre questões que ainda são sem respostas.

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