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e modalidades
Obrigações em geral
O Direito Obrigacional e o Direito Real se diferenciam porque no primeiro (Di-
reito Obrigacional) os sujeitos são determinados ou determináveis, e o direito do credor
é o de exigir o cumprimento de uma prestação em relação ao devedor, enquanto no
segundo (Direito Real) o titular do direito pode exigi-lo contra todas as pessoas da
sociedade.
As obrigações propter rem, por sua vez, são aquelas em que os sujeitos são de-
terminados, a cada momento, em função da titularidade de um direito real. É o
caso, por exemplo, da obrigação de pagar a taxa de condomínio, na qual o devedor, a
cada momento, será identificado com o proprietário do imóvel, ou seja, se o imóvel
for alienado, o adquirente passará a responder ao condomínio (CC, art. 1.345). Da
mesma forma, as obrigações do direito de vizinhança (por exemplo, a obrigação de
concorrer para a construção do muro divisório – art. 1.297, §1.º) demonstram casos
de obrigações propter rem.
Em relação ao risco, deve ser observada a regra res perit domino, ou seja, se a coisa
foi destruída ou deteriorada sem culpa de alguém, quem deve sofrer o prejuízo é o dono,
pouco importando se este é o credor ou o devedor. Há, contudo, algumas exceções, nas
quais não cabe aplicar a regra res perit domino: na venda com reserva de domínio (CC,
art. 524) e na propriedade fiduciária (art. 1.363).
Dentre todas as coisas do gênero, deverão ser escolhidas as unidades que serão
entregues ao credor. Essa escolha, em princípio, será feita pelo devedor, salvo se houver
ajuste em sentido contrário. Mas o devedor está obrigado a escolher um meio-termo
de qualidade, ou seja, não pode ser exigido pelo melhor e nem poderá entregar o pior
(CC, art. 244). Não há essa vinculação ao meio-termo quando o direito de escolha foi
atribuído ao credor.
É importante ressaltar que o gênero não perece (CC, art. 246), o que significa que o
devedor não pode alegar a perda ou a impossibilidade antes da escolha, pois competirá
a ele buscar a coisa em outro lugar, caso venha a perder aquela que pretendia entregar
ao credor.
descumprimento ocorreu com culpa do devedor, poderá o credor exigir que o devedor
desfaça, sob pena de ser desfeito à sua custa. Esse desfazimento às custas do deve-
dor depende da obtenção de ordem judicial, sendo que, em caso de urgência, poderá
ser desfeito pelo próprio credor, independente de ordem judicial, discutindo depois
apenas a indenização a ser paga pelo devedor.
Se for impossível desfazer o que já foi feito (por exemplo, foi divulgado um se-
gredo que não deveria ser revelado), a solução depende de ter ou não havido culpa do
devedor: se não houve culpa, simplesmente se extinguirá a obrigação; se houve, trans-
forma-se em perdas e danos.
Nas alternativas (disjuntivas), por sua vez, também existem várias prestações
convencionadas, mas o devedor se libera cumprindo apenas uma dessas prestações, e
não todas. Em algum momento terá de ser feita a escolha da prestação específica, a qual
será entregue ao credor.
A escolha (ou concentração) será feita pelo devedor, se nada foi ajustado em con-
trário. Mas o credor não pode ser obrigado a receber parte em uma prestação e parte em
outra se assim não foi ajustado.
Obrigações solidárias
As principais características das obrigações solidárias estão a seguir.
■■ A solidariedade não se presume: decorre da lei ou da vontade das partes (esta é
a principal característica e a mais cobrada no Exame de Ordem). São casos
de solidariedade legal, por exemplo, o artigo 154 (na coação por terceiro, se
o beneficiário sabia, ele e o terceiro respondem solidariamente pelos danos
causados ao paciente); e o artigo 1.752, parágrafo 2.º (o tutor, o protutor e o
terceiro causador do dano ao menor sob tutela, todos respondem solidaria-
mente pelo dano).
■■ Cada um dos devedores é responsável por toda a dívida, e cada credor o é de
toda a dívida, o que significa que cada devedor pode ser chamado para o paga-
mento total, assim como cada credor, independentemente do consentimento
dos demais, pode exigir toda a dívida. Disso decorrem diversas consequências
jurídicas:
■■ cada um dos credores, sendo credor do todo, pode receber ou perdoar a
dívida toda (CC, arts. 269 e 272), mas em tal caso responderá aos demais
pela cota de cada um;
■■ o devedor que paga pode cobrar a cota de cada um dos demais, sendo que
todos rateiam entre si a cota do insolvente, inclusive o que tiver sido liberado
da solidariedade pelo credor (CC, arts. 283 e 284);
Nas obrigações de resultado, por sua vez, o devedor só se libera caso atinja o
resultado esperado, não sendo suficiente que seja cuidadoso e diligente. É o caso, por
exemplo, da empreitada, na qual o empreiteiro só é liberado de sua obrigação se efetiva-
mente entregar ao comitente a obra que foi ajustada, não sendo suficiente ser diligente
e zeloso. Assim, por mais cuidadoso que seja o empreiteiro, se antes de entregar a obra
(o resultado do seu trabalho) a outro contratante, por acaso essa obra venha a se perder,
destruída por uma tempestade, o empreiteiro não cumpriu sua obrigação e, portanto,
não terá direito ao recebimento de sua contraprestação. Pouco importa que a obra tenha
sido destruída por uma tempestade, sem que se possa imputar culpa ao empreiteiro,
pois o que interessa é que a obra não foi entregue.
Leia atentamente os artigos 252 a 256 (obrigações alternativas) e 264 a 285 (obri-
gações solidárias), pois costuma haver alta incidência de questões referentes a eles.