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utilizada pelos atores, em Roma, para ressoar melhor a voz, significando soar
com intensidade (GOMES, 2007).
Na Idade Média, esse conceito foi adotado para designar o papel desen-
volvido pelo ser humano enquanto ator de sua própria vida.
Direito Público:
Conceito e capacidade
O artigo 1.º do Código Civil (CC) disciplina que
Art. 1.º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres [...]
Dessa forma, pelo simples fato de uma pessoa humana existir, em tese,
ela já é dotada da capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações.
Das incapacidades
A incapacidade para a lei brasileira é apenas de fato e nunca de direito,
sendo dividida da seguinte forma.
Absolutamente incapazes
São as pessoas que possuem a proibição total da prática da capacidade
de fato, devendo o ato ser praticado por alguém que o represente. Sendo
que o ato praticado sem a representação, quer por alguém não habilitado ou
somente pelo absolutamente incapaz, é nulo.
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Menores de 16 anos
Critério estritamente biológico. São conhecidos como menores impúbe-
res, classificados como as pessoas que não atingiram ainda a maturidade su-
ficiente para a prática de atividade jurídica.
Importante
Para que seja declarada a incapacidade absoluta, nesse caso, é necessá-
2
Esse processo segue o rio um processo de interdição2.
rito dos artigos 1.177 e ss.
do CPC e da Lei 6.015/73,
sendo a sentença de na-
tureza meramente decla- A legislação brasileira não contempla o que a ciência médica denomina
ratória de uma situação
ou estado anterior, de- intervalo lúcido, dessa forma, uma vez declarada a incapacidade absoluta,
vendo ser registrada no
Cartório do 1.º Ofício de todos os atos praticados posteriormente ao registro da decisão no Cartório
Registro Civil da comarca
em que foi proferida para de Pessoas Naturais serão considerados sempre nulos, até que a decisão de
ter efeito erga omnes (Lei
6.015/73, art. 92). interdição seja alterada.
Dessa forma, “é nulo o ato jurídico exercido por pessoa de condição psíqui-
ca normal, mas que se encontrava completamente embriagada no momento
em que praticou e que, em virtude dessa situação transitória, não se encon-
trava em perfeitas condições de exprimir a sua vontade” (GONÇALVES, 2008).
Atenção
O surdo-mudo somente é considerado absolutamente incapaz se
não puder manifestar sua vontade. Se puder, poderá ser conside-
rado relativamente incapaz ou mesmo plenamente capaz, depen-
dendo do grau de sua expressão, sendo impedido, em regra, ape-
nas de praticar atos que dependam de audição (testemunho).
Relativamente incapazes
A capacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar, por si
só, certos atos da vida civil, e outros atos apenas podem ser praticados se
assistidos.
IV - os pródigos.
Caso pratiquem atos sem a assistência, estes podem ser anulados, caso o
lesado tome providências ou se o vício não for sanado posteriormente ao ato.
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá
lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
[...]
Art. 1.772. Pronunciada a interdição das pessoas a que se referem os incisos III e IV do art.
1.767, o juiz assinará, segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os
limites da curatela, que poderão circunscrever-se às restrições constantes do art. 1.782.
[...]
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que
não sejam de mera administração.
Importante
São considerados relativamente incapazes apenas os surdos-mudos que
não receberam educação adequada e permanecem isolados da sociedade. Se
puderem exprimir a sua vontade, são considerados capazes, o mesmo vale
para todos os outros excepcionais.
Os pródigos
Os pródigos são as pessoas que dilapidam, dissipam o próprio patrimô-
nio e seus bens, fazendo gastos excessivos e anormais.
Pode praticar por si só, sem a presença do curador, os demais atos da vida
civil, como casar, fixar domicílio do casal, dar autorização para casamento de
filhos etc.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
O falido para a lei brasileira não é considerado incapaz, tendo apenas res-
trições em âmbito mercantil.
Do início da capacidade
Começa a capacidade plena quando cessam as condições que levam à
incapacidade. Segundo o artigo 5.º do CC:
Art. 5.º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil.
II - pelo casamento;
menor púbere;
oitiva do tutor;
Para produzir efeitos devem ser registradas em cartório (CC, art. 9.o
c/c arts. 107, §1.o, e 91, parágrafo único, da Lei 6.015/73).
pelo casamento:
requisitos:
Consequências:
A pessoa natural, para a lei brasileira, somente será considerada como tal se
houver o nascimento com vida, passando então a ter personalidade jurídica.
CC,
Art. 2.o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Outrossim, caso esse ser nasça e respire, ainda que uma única vez, ele
adquire a personalidade jurídica e, consequentemente, passou a ter a capa-
cidade de direito. Dessa forma, o ser que nasce, mas não respira, não é uma
pessoa, sendo considerado como tal apenas aquele que respirou, mesmo
que uma única vez.
Aquele que não respirou, ao não adquirir personalidade jurídica não ad-
quiriu capacidade e, dessa forma, será registrado em livro próprio dos nasci-
dos mortos (natimorto), apenas para finalidade de registro e estatística.
Contudo, aquela pessoa natural que respirou, mesmo que uma única vez,
ao adquirir personalidade e capacidade, adquiriu os direitos civis, inclusive
hereditários, dessa forma, obrigatoriamente, deve ser registrada, possuir cer-
tidão de nascimento e de óbito e, caso venha a falecer logo depois da mãe,
herdou seus bens, mesmo que momentaneamente.
Art. 6.º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Para que seja declarada presumidamente morta a pessoa natural por au-
sência é necessário que se cumpram três fases:
ausência;
pessoa se ausenta com administrador para gerir seus bens, mas que
não quer ou não pode fazer a gestão; ou
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz,
a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus
poderes forem insuficientes.
Sucessão provisória
Um ano depois da decisão que nomeou curador, ou três anos depois se
deixou procurador, solicita-se a declaração da ausência e abertura da suces-
são provisória.
CC,
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer
que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Sucessão definitiva
Passados 10 anos da sentença transitada em julgado da sucessão provi-
sória ou provando que o ausente conta com 80 anos e faz 5 anos que não se
tem notícia dele, solicita-se a sucessão definitiva.
CC,
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura
da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o
levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta
oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 7.º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.
Comoriência
Se duas ou mais pessoas morrem ao mesmo tempo, na mesma ocasião,
sem poder precisar qual delas morreu primeiro, tem-se a comoriência.
CC,
Art. 8.º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar
se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente
mortos.
Importante
Não há transferência de bens entre comorientes.
Nome
É o primeiro elemento de individualização da pessoa natural, designação
pela qual a pessoa é conhecida em seu meio social e familiar, sendo que a
expressão “nome” compreende o nome completo, que é composto pelo pre-
nome e sobrenome:
CC,
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome.
CC,
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Qualquer pessoa natural pode buscar ter o seu direito ao nome em qual-
quer época. Disso, por exemplo, uma pessoa natural com 80 anos de idade,
pode requerer ao Judiciário que acrescente ao seu nome o “sobrenome” de
seu ascendente, mesmo que este já tenha sido falecido há mais de 20 anos,
pois é imprescritível o seu direito ao nome. Contudo, o direito ao nome não
necessariamente estará atrelado aos direitos hereditários, pois estes podem
prescrever.
Estado
O estado é a soma das qualificações da pessoa, no intuito de enquadrá-la
socialmente.
Domicílio
O domicílio é, em regra, o lugar em que a pessoa natural estabelece a sua
residência com vontade de lá permanecer. Disso, a pessoa pode ter várias
residências, mas somente terá um único domicílio.
CC,
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.
CC,
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o
lugar onde for encontrada.
Direitos da personalidade
Os direitos da personalidade são direitos inerentes à pessoa natural, es-
tando ligados a ela de forma permanente, sem conteúdo econômico imedia-
to, por isso se distinguem totalmente dos direitos patrimoniais.
54 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Pessoa natural
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
Disso, pode a pessoa natural exigir que cesse qualquer lesão ou ameaça
aos seus direitos da personalidade, podendo exigir indenizações e ainda
outras sanções cabíveis.
CC,
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até
o quarto grau.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na
forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica.
Importante salientar que, nesses casos, essa regra obriga que os médicos
não atuem sem a anuência do paciente, sob pena de responsabilidade civil.
Direito de nome
Como já foi esboçado anteriormente, apresentamos nesta parte apenas a
legislação pertinente.
CC,
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.
Proteção da intimidade
Em conformidade com o artigo 5.º, X, da Constituição da República,
o Código Civil protege a intimidade da pessoa natural, sendo inviolável a
sua vida privada, sendo que a parte interessada pode requerer ao juiz que
impeça ou cesse a violação.
CC,
Resolução de questão
1. (Esaf ) Assinale a opção errada.
Assertivas:
Atividades de aplicação
1. (Esaf ) Assinale a opção falsa.
a) Uma pessoa pode ter o gozo de um direito sem ter o seu exercício.
Dica de estudo
Caros alunos, é necessário para as provas de Direito Civil o amplo conhe-
cimento das Incapacidades, assunto “badaladíssimo” nas provas.
Referências
BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. 4. ed. Brasília: Ministério da Jus-
tiça, 1972.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral do Direito
Civil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 1.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – parte geral. 13. ed. São Paulo: Saraiva,
2003. (Coleção Sinopses Jurídicas).
______. Direito Civil – parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. (Coleção Sinop-
ses Jurídicas).
LIMONGI FRANÇA, R. Forma do Ato Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1977, p. 192.
(Enciclopédia Saraiva do Direito). v. 38.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil – parte I. 32. ed. São
Paulo: Saraiva, 2003.
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. São Paulo: Sa-
raiva, 2008.
SILVA PEREIRA, Caio Mário da. Instituições de Direito Civil. 18. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1996.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
WALD, Arnold. Direito Civil: introdução e parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
Gabarito
1. D
2. B
3. D