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Processos de Tratamento do Gás Natural

Conference Paper · August 2016

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3 authors:

Lucas Freitas de Lima e Freitas Ronney Oliveira


Wayne State University Universidade Tiradentes
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Marília R. Oliveira Santos


Universidade Tiradentes
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PROCESSOS DE TRATAMENTO DO GÁS NATURAL
Lucas Freitas de Lima e Freitas1; Ronney José Oliveira Santos2; Marília Rafaele Oliveira Santos3

Universidade Tiradentes, Graduação em Engenharia de Petróleo – flfreitas.lucas@hotmail.com


1
2
Universidade Tiradentes, Mestrado em Engenharia de Processos – ronneyoliveira_@outlook.com
3
Universidade Tiradentes, Mestrado em Engenharia de Processos – marilia-oliveiras@hotmail.com

RESUMO
Mistura de hidrocarbonetos gasosos como metano, etano, hexano e alguns contaminantes que são
encontradas nos reservatórios são também conhecidas por gás natural, fonte de energia não
renovável encontrada de forma abundante em rochas reservatórios, que tem se mostrado uma
importante fonte de energia na economia mundial. O gás natural ao fim das operações de
exploração e produção passa por processos de tratamentos para retirada de contaminantes como
CO2 e H2S, e separação das frações leves e pesadas no intuito de conseguir produtos finais que se
encontrem dentro das especificações que o mercado exige para uma futura comercialização. Os
principais processos aplicados no tratamento do gás natural são a desidratação e a dessulfurização
ou adoçamento, para retirada da água e remoção dos gases ácidos, respectivamente. O presente
trabalho tem como objetivo apresentar a cadeia de produção do gás natural, em específico os
processos de tratamentos necessários para atingir as especificações para comercialização, e como
também apresentação da sua demanda atual e logística de distribuição.

Palavras-chave: gás natural, tratamento, desidratação, dessulfurização.

1. INTRODUÇÃO O gás natural é uma mistura de


hidrocarbonetos gasosos, sendo composto quase
Considerada uma energia não renovável, o inteiramente por metano. Apresenta, também,
gás natural é mais leve do que o ar, não tem cor e hexano, nitrogênio, vapor d’água e alguns
nem cheiro. É um combustível fóssil que podemos contaminantes (gás sulfídrico – H2S e dióxido de
encontrar na natureza, normalmente no subsolo carbono – CO2). É considerado rico quando a
em grandes reservatórios, associado ou não ao soma das percentagens de todos os componentes
petróleo. Assim como o petróleo, o gás natural mais pesados que o propano (C3) é maior que 7%
resulta da degradação da matéria orgânica, fósseis (THOMAS, 2001). Entretanto, o gás natural que
de plantas e animais que estão acumulados em se encontra na boca do poço embora ainda
rochas a milhares de anos, sua retirada da terra é constituído por metano, não é puro. O gás natural
através da perfuração. bruto vem de três tipos de poços: poços de
petróleo, poços de gás e poços condensados.

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Segundo (MELO et al., 2011) o gás natural 2002). No Brasil e no mundo ocorre uma
dissolvido no campo Lula no Pré-Sal apresenta aceleração do aumento da demanda do gás
concentrações de CO2 entre 8 e 12%. Como esses natural, devido à preocupação ambiental, já que
valores ultrapassam os previstos para comparado a outros combustíveis fósseis, é
comercialização do gás no Brasil (entre 0 e 2%), o considerado uma energia limpa. Na demanda
mesmo deve ser removido e descartado. atual, o gás natural enfrenta o carvão, a
O gás natural, que vem a partir de poços de hidroeletricidade e o óleo combustível. Na
petróleo é geralmente denominado “gás geração de energia e na área de transporte, surge
associado”. Este gás pode existir separadamente como forte concorrente à gasolina, diesel e outros.
do óleo na formação (gás livre), ou dissolvido no De forma indispensável o desenvolvimento de
óleo bruto (gás dissolvido). O gás natural a partir tecnologias de produção e transporte deste gás,
de poços de gás e poços condensados em que campos marginais vêm sendo desenvolvidos de
existe pouco ou nenhum óleo bruto é denominado forma segura e econômica para que esta demanda
“gás não associado”. A proporção em que o seja correspondida (SANTOS et.al. 2002;
petróleo e o gás natural se encontram misturados BAIOCO et.al., 2007; DOS, ROSA, 2010).
na natureza varia muito (RIGOLIN, 2007; ROSA, A média diária de produção de gás natural no
2010). Brasil do ano de 2014, segundo o relatório final
O gás natural inicialmente era usado como (BEN, 2015) foi de 87,4 milhões de m3/dia e o
fonte de luz, porém com avanço da energia volume de gás natural importado foi de 52,9
elétrica, foi substituído em 1890. No início do milhões de m3/dia. Com estes dados, a
século XX, o gás natural ingressou como participação do gás natural na matriz energética
atividade econômica no cenário mundial, usado nacional atingiu o patamar de 13,5%, como
para aquecer as casas, cozinhar alimentos, como mostra a figura 1.
combustível para veículos e em células de energia.
Estas aplicações têm aumentado o uso de gás
natural, e a procura deve aumentar até 2020
(COELHO, 2007; DO BRASIL et al., 2014).

2. GÁS NATURAL

2.1. Demanda atual do gás natural


Uma das principais vantagens do gás natural é
a sua versatilidade. A sua utilização o faz um Figura 1: Oferta interna de energia no
competidor potencial de quase todos os demais cenário nacional (BEN, 2015).

combustíveis alternativos (DOS SANTOS et al.,

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Em 2014 o gás natural destinado à geração de passar dos anos. De acordo com a tabela 1 as
energia elétrica alcançou na média 51,7 milhões reservas provadas de gás natural, que incluem
de m3/dia. Como pode ser visto na figura 2, a campos em desenvolvimento referente ao ano de
participação do gás natural destinado aos centros 2014 foram de 471,1 bilhões de m3, representando
de transformação supera o consumo setorial um aumento de 7,9% ao ano anterior e 30,8% a
atingindo 51% do total, sendo 8% destinado à 2004.
produção de derivados e 43% para geração de
energia elétrica – EE (BEN, 2015). Tabela 1: Reservas Provadas de Gás Natural
(BEN, 2015).
Anos Gás Natural (106 m3)

2004 326.084

2005 306.395

2006 347.903

2007 364.991
Figura 2: Consumo de gás natural no
Brasil (BEN, 2015). 2008 364.236

2009 366.467
O gás natural ofertado ao mercado nacional
tem origem na produção do país, no gás 2010 416.952

importado da Bolívia e no gás natural liquefeito 2011 434.376


(GNL). Até o início de 2030, a oferta média
2012 436.430
estimada de gás natural será de 168 milhões de
m3/dia, cujo crescimento será impulsionado pelo 2013 433.958
gás natural produzido no Brasil. Em temos de
2014 471.148
capacidade, suficiente para atender à demanda de
todos os compromissos assumidos. Para isso,
haverá investimentos na eficiência das operações, A tabela 2 mostra as reservas provadas de
principalmente do gás produzido no pré-sal gás natural de acordo com cada região no Brasil
(PETROBRAS, 2015). nos últimos dois anos. A região Sudeste é a maior
em reservas provadas. Já a região Centro-Oeste
2.2. Reservas provadas de gás natural não possui nenhuma reserva provada de gás

Com o desenvolvimento de novas tecnologias natural. Comparando 2013 com 2014, pode-se

e a descoberta de novos poços, as reservas observar o desaparecimento das reservas de gás

provadas de gás natural vêm crescendo com o

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natural na região Sul e o crescimento nas regiões OESTE
Norte, Nordeste e Sudeste.

2.3. Infraestrutura de transporte e


Tabela 2: Reservas Provadas de Gás Natural por
distribuição
Região no Brasil (BEN, 2014/2015).
No Brasil, existe uma dupla instância
Região Gás Natural (106
regulatória no segmento de transporte e
m3)
distribuição de gás natural. A regulação da
2013 2014 atividade de transporte de gás natural cabe à
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
NORTE 50.522 52.383
Biocombustíveis (ANP). Já os governos estaduais
Amazonas 50.522 52.383 ficam responsáveis pela atividade de distribuição
NORDESTE 45.195 45.329 deste gás (PRATES et al., 2006).
O atendimento pleno às demandas desse
Maranhão 6.300 7.770
importante mercado do gás natural é garantido
Ceará 458 325 desde matérias-primas para indústrias e refinarias
até a entrega, por meio de distribuidoras locais
Rio Grande 6.940 6.615
para termelétricas, indústrias, casas e postos. As
do Norte
etapas de transporte e distribuição de gás natural
Alagoas 3.071 2.589 caracterizam-se como uma “indústria de rede”,

Sergipe 4.489 4.463 visto que têm grandes custos de implantação,


baixos custos de operação e manutenção e grandes
Bahia 23.936 23.566
ganhos de escala, na qual ofertas e demandas
SUDESTE 337.445 373.383 devem ser conectadas pela malha de gasodutos
(PRATES et al., 2006, EPE, 2013; PETROBRAS,
Espírito 43.171 44.280
2015).
Santo
A construção de gasodutos de transporte no
Rio de 237.868 274.685 Brasil teve seu início nos anos 70, porém o marco
Janeiro zero do desenvolvimento de uma malha de
gasodutos de transporte foi à conclusão do
São Paulo 56.406 54.418
Gasoduto Bolívia-Brasil (GASBOL) em
SUL 834 0 1999/2000 e sua interligação em Guararema/SP

Paraná 834 0 com a malha Sudeste do Sistema Petróleo


Brasileiro S.A. (Petrobras) de gasodutos.
CENTRO- 0 0
Posteriormente, a conclusão dos demais gasodutos
brasileiros. Atualmente, a extensão total de

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gasodutos de transporte no Brasil é de 9.244 km, qual as moléculas de água
sendo 8.582,2 km de malha integrada (EPE, encapsulam moléculas de gás, ou seja,
2013). o GN é aprisionado formando um
Segundo (BRITTO, 2002; MOURA, 2007; composto cristalino sólido.
ROSA, 2010), na fase de transporte, as  Gas to Wire (GTW): utilização do GN
tecnologias de aproveitamento do gás natural são como fonte de combustível para
limitadas e caras, sendo as mais utilizadas o Gás geração de energia elétrica;
Natural Liquefeito e o Gasoduto. Classificadas Além de transformações físicas, destaca-se
como transformações do tipo físicas, o gasoduto como transformação química o GTL (gas to
(pipelines) transporta o GN no estado gasoso liquid) que consiste na conversão de GN em
através de sistemas de compressão, redução de hidrocarbonetos líquidos estáveis como gasolina,
pressão, medição, superfície e controle, lubrificante, diesel e etc. Essas tecnologias de
armazenamento, com a finalidade de distribuição aproveitamento, tanto de transformações físicas,
desse gás. Para o escoamento do gás em dutos, o como químicas necessitam de enormes reservas
transporte por dutos utiliza uma pressão de 70 a provadas de gás natural (BRITTO, 2002;
100 bar, com uma redução de volume de 60 a 90 MOURA, 2007; ROSA, 2010).
vezes em relação ao volume inicial. Já o gás Em termos de infraestrutura do gás natural, a
natural liquefeito (GNL) transporta o GN no fase de armazenagem engloba a escolha do local
estado líquido por meio de navios, barcaças e para armazenar o GN e a fase de distribuição é o
caminhões criogênicos na forma de gás natural momento em que o gás chega ao consumidor final
liquefeito a temperaturas inferiores a -160ºC, para uso industrial, automotivo, comercial ou
visando transferência e estocagem como líquido. residencial (BRITTO, 2002). De acordo com
Este processo de liquefação é bastante complexo e (PRATES, 2006), no Brasil a malha de
caro, pois requer uma quantidade de energia distribuição é duas vezes mais extensa que a
satisfatória para que possa ser concluído. malha de transporte, ultrapassando 13 mil km.
Outras tecnologias, com o tipo de
transformação física são (BRITTO, 2002; 3. PROCESSAMENTO DO GÁS
MOURA, 2007; ROSA, 2010):
NATURAL
 Gás Natural Comprimido (GNC):
transporte de GN no estado gasoso
O gás natural, livre da fase líquida é
por meio de navios e caminhões em
enviado a uma Unidade de Processamento de Gás
cilindros de alta pressão próxima ao
Natural (UPGN), onde é promovida a separação
fator de compressibilidade do gás;
das frações leves (metano e etano que constituem
 Hidrato de Gás Natural (HGN): o chamado gás residual) das pesadas, que
transporte de GN no estado sólido, na apresentam um maior valor comercial. O gás

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natural antes de ser processado é denominado de condições de mercado (TALAVERA, 2002;
“gás úmido”, por conter líquido de gás natural BRASIL et.al., 2014). As restrições de
(LGN), enquanto o gás residual é o “gás seco”, composição controladas por especificações de
pois não possui hidrocarbonetos condensáveis mercado limita o CO2 e o H2S para 2% e 4 ppm
(THOMAS, 2001). (BAKER, 2002).
O objetivo do processamento de gás é Segundo (OXITENO, 2006; COELHO,
separar gás natural, condensados, gases não 2007) no Brasil, a remoção de gases ácidos é
condensáveis, gases ácidos e água e condicionar realizada em refinarias e campos produtores de
esses fluidos para venda ou alienação. As gás natural, sendo mais presente nas refinarias,
unidades de processamento ficam responsáveis pois poucos campos brasileiros apresentam gases
por recuperar, na forma líquida, o GLP e a ácidos.
gasolina natural e especificar o gás natural seco Assim, o processamento e tratamento de
para os seus diversos usos (MOKHATAB et.al., gás natural devem ser realizados antes de passar
2006; BRASIL et.al., 2014). pelos gasodutos, por envolver principalmente os
O condicionamento, ou tratamento é o processos de separação do gás (SUN et.al., 2015).
conjunto de processos (físicos e/ou químicos) a No tratamento dos gases, primeiramente os gases
qual o gás natural deve ser submetido de modo a ácidos devem ser removidos num processo que é
remover ou reduzir os teores de contaminantes conhecido como adoçamento ou dessulfurização.
(teores máximos de compostos de enxofre, de Posteriormente, água líquida ou em forma de
dióxido de carbono e de água, ponto de orvalho e vapor, tem que ser removida num processo de
poder calorífico). Plantas de processamento de gás desidratação. Estes processos são fundamentais
natural são, usualmente, projetadas para remoção para o tratamento do gás e sua comercialização
dos componentes indesejáveis, como o H2S e CO2, (TALAVERA, 2002).
que são gases de caráter ácido, tornando-se
corrosivos na presença de água líquida e que 3.1. Adoçamento ou Dessulfurização
apresentam grandes riscos de segurança A remoção de gases ácidos (CO2 e
(THOMAS, 2001; TALAVERA, 2002; BRASIL H2S) pode ser efetuada através dos processos
et.al., 2014).
de separação por membrana, absorção com
H2S quando combinado com água forma
aminas e adsorção em solventes sólidos
ácido sulfúrico fraco, enquanto que CO2 e água
(SRAVANTHI, 2014). Para processos que
forma carbônico ácido, daí o termo “gás ácido”.
envolvem apenas a retirada de CO2, a escolha
Mesma nomeação quando ocorre a mistura gás
natural e H2S (ou outro composto de enxofre)
deve considerar a quantidade de CO2 na

(MOKHATAB et.al., 2006). A remoção desses entrada e a eficiência da qualidade de


contaminantes é necessária para produzir o gás em remoção (THOMAS, 2001; COELHO, 2007).

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Separação por membrana é bastante Para execução de tecnologias de primeira
competitiva em termos de menor consumo de geração, processos de absorção de líquidos são

energia, menor espaço e de fácil escala. utilizados inicialmente para um sistema de pós-
combustão. Devido à baixa pressão parcial de CO2
Membranas poliméricas hidrófilas mostram
no gás de combustão (50-150 mbar), estes
uma permeabilidade inferior aos gases no
sistemas utilizarão soluções à base de amina
estado seco, mas quando ocorre a
alcalina aquosa, seja a MEA ou DEA. No entanto,
umidificação da água, a permeabilidade das
estes purificadores a base de amina exigem
membranas aumenta substancialmente (LI quantidades satisfatórias de energia para a
et.al., 2015). regeneração de solventes, possuem impactos
Verificou-se que a água tem um papel ambientais, têm preocupação de degradação e
fundamental no transporte rápido de CO2 corrosão e sofrem com as perdas de evaporação
através de membranas. Por um lado, a água devido ao grande consumo de solventes.
pode inchar matrizes de polímero, (LINNEEN et.al., 2014)

aumentando assim significativamente a A absorção química com aminas líquidas


apresenta algumas desvantagens por ser
permeabilidade do CO2 devido ao aumento da
dispendiosa e gerar rejeitos na sua recuperação,
flexibilidade das cadeias de polímero. Em
além da necessidade de uma baixa temperatura
contrapartida, a água em si pode atuar como
para a absorção de CO2 e uma elevada
corredores de transporte de CO2 em
temperatura (250 – 500 ºC) para regeneração de
membranas. Por conseguinte, o contato do solventes. O uso da adsorção gás-sólido seletiva
ambiente de água combinada nas membranas de CO2 apresenta muitas vantagens sobre a
parece ser uma estratégia promissora para absorção com aminas, como manipulação sem
satisfazer com eficiência o desempenho de riscos ao ambiente e recuperação do material
separação de CO2 (LI et.al., 2015). adsorvente (OLIVEIRA et.al., 2014; HANIF
Absorção é uma tecnologia no que et.al., 2015).

concerne maturidade no contexto de pós- Como os processos de absorção com


aminas líquidas expõem algumas desvantagens, o
combustão para a captura de CO2. Os
processo de adsorção em solventes sólidos é um
processos químicos reversíveis que utilizam
método de baixo custo e bastante promissor,
soluções de aminas (monoetanolamina –
aplicável para captura de CO2. Um grande número
MEA, dietanolamina – DEA, trietanolamina –
de adsorventes sólidos tais como a sílica, os
TEA) são os mais usados (HANIF et.al., carvões ativados e as zeólitas têm sido
2015). investigados para captura desse gás (TSUYOSHI
e KATSUNORI, 2013).

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Em alguns debates sobre a captura de CO2 das impurezas mais comuns nas correntes de gás,
por adsorção, pode ser entendido que para porém o principal problema é a água no estado
desenvolver uma captura apropriada, o adsorvente líquido ou sólido, que pode precipitar nas
deve satisfazer: elevada capacidade de adsorção tubulações de transporte (THOMAS, 2001).
de CO2, baixo custo de matérias-primas, Para prevenir tais problemas, as correntes
capacidade calorífica baixa, uma cinética rápida e de gás devem ser desidratadas. Portanto as
elevada seletividade de CO2 (YU et.al., 2012). propriedades chaves nas unidades de desidratação
Na captura de CO2 por tecnologia de estão relacionadas à quantidade de água no gás
adsorção, a coluna empacotada é preenchida tratado e as condições de temperatura e pressão
principalmente por esferas adsorventes. O CO2 é (COELHO, 2007).
atraído para o adsorvente e adere sobre a Segundo (MOKHATAB et.al., 2006) as
superfície do adsorvente. Depois de atingido o principais razões para a remoção da água do gás
equilíbrio, a dessorção ocorre para obter CO2 na natural são as seguintes:
forma pura e regenerada (MONDAL et.al., 2012).  O gás natural combinado com a água livre
Os adsorventes sólidos funcionalizados forma hidratos (solução sólida constituída
com amina têm se destacado no cenário científico de hidrocarbonetos de baixa massa molar
devido suas propriedades, como a capacidade e água, apresentada em forma de cristais)
elevada de adsorção de CO2 e a tolerância à que provocam obstrução de válvulas e
umidade (TSUYOSHI e KATSUNORI, 2013). tubulações e entupimento das condutas;
Dentre os materiais existentes, sílica  A água pode se condensar na calha,
mesoporosa ordenada se consagra um excelente causando golfadas e possível erosão e
adsorvente devido a sua elevada área superficial, corrosão;
volume de poro elevado e boa estabilidade  O vapor de água aumenta o volume e
térmica e mecânica. No entanto, a capacidade de diminui o valor de aquecimento do gás;
adsorção de CO2 não é abastadamente elevada  A especificação de mercado do gás
para permitir sua funcionalidade, principalmente à natural, permite um teor máximo de água
pressão atmosférica (YU et.al., 2012). (H20) de 7 lb/MMscf.
Entre os diferentes processos de
3.2. Desidratação desidratação de gás natural, absorção é a técnica
Gás natural, associado ou residual contém mais comum onde esse processo é realizado em
normalmente água no estado líquido e/ou na um vaso onde o gás flui em contracorrente a uma
forma de vapor, na fonte ou como um resultado de solução de glicol de grande poder higroscópico,
edulcorantes com uma solução aquosa passando após por uma regeneração através de
(MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI e aquecimento, retornando ao processo (THOMAS,
VUTHALURU, 2009). O vapor de água é uma

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2001; MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI e investimento e de operação. Capacidade
VUTHALURU, 2009). de reconcentração em 170 – 205 ºC em
Glicóis são os líquidos de absorção mais alta pureza.
utilizados, pois suas propriedades se enquadram a 4. Tetraetilenoglicol (TREG) é mais caro
aplicações comerciais (MOKHATAB et.al., 2006; que o TEG e sua capacidade de
BAHADORI e VUTHALURU, 2009). Eles são reconcentração é em 205 – 225 ºC.
muito bons absorvedores de água porque os Para remoção de água das correntes de gás
grupos hidroxila em glicóis formam associações natural por absorção, o trietilenoglicol (TEG) é o
similares com as moléculas de água (BAHADORI mais usado pelos produtores, pois exibe a maior
e VUTHALURU, 2009). Segundo (COELHO, parte dos critérios desejáveis de adequação
2007) o processo com glicóis consiste comercial. Normalmente é escolhido porque é
basicamente num absorvedor onde o glicol entra mais facilmente regenerável, alcançando teores
em contato com o gás úmido e um regenerador maiores que 98%, devido a seu maior ponto de
onde o glicol será separado da água absorvida. ebulição e à sua maior temperatura de degradação
De acordo com (KATZ, 1959; térmica (MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI
MOKHATAB et.al., 2006) os glicóis disponíveis e VUTHALURU, 2009; BRASIL et.al., 2014).
e a suas utilizações são descritas da seguinte Inicialmente o trajeto do fluxo de gás
forma: natural em uma unidade de desidratação
1. Monoetilenoglicol (MEG) possui utilizando TEG se resume na entrada do gás
equilíbrio de vapor elevado, assim tende a natural úmido pela primeira vez em um separador
perder a fase gasosa no absorvedor. O uso de entrada a fim de remover todos os
como inibidor de hidrato pode ser hidrocarbonetos líquidos a partir da corrente de
recuperado a partir da separação do gás a gás. Logo após, o gás flui para um absorvedor em
temperaturas inferiores a 10ºC. contracorrente e seco pela TEG magra. TEG
2. Dietilenoglicol (DEG) possui alta pressão também absorve compostos voláteis orgânicos
de vapor, levando a perdas elevadas no (VOC), que são voláteis com a água no re-
absorvedor. Possui baixa temperatura de ebulidor (MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI
decomposição, que requer baixa e VUTHALURU, 2009).
temperatura de reconcentração e, portanto A desidratação do gás natural está
não pode ficar totalmente puro para a relacionada ao armazenamento de GN. Os
maioria das aplicações. principais motivos para armazenamento de gás é
3. Trietilenoglicol (TEG) é o glicol mais que pode diminuir a dependência do fornecimento
comum. Possui menor pressão de vapor o e que ele pode explorar a capacidade máxima das
que causa menor perda por evaporação. O linhas de distribuição. O GN é armazenado no
processo exige menores custos de verão, devido a menor demanda, e é retirado no

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inverno em que quantidades significativas são gás natural no Brasil, 4º PDPETRO,
utilizadas para aquecimento (NETUSIL e DITL, Campinas, SP; 21–24 de Outubro de 2007.
2011). BAKER, R. W. Future directions of membrane
gas-separation technology, Ind. Eng. Chem.
4. CONCLUSÕES Res., 41, p. 1393 – 1411, 2002.
BEN - Balanço Energético Nacional 2014, ano

O trabalho apresentado consistiu em base 2013. Empresa de Pesquisa

determinar sobre a cadeia produtiva, a demanda e Energética. Relatório Final. Disponível em

infraestrutura e os processos de tratamento do gás <www.ben.epe.gov.br> acessado em 14 de

natural (GN). Foram abordados tópicos Setembro de 2015.

conceituais como sua história, definição, BEN - Balanço Energético Nacional 2015, ano

composição e utilização. Através de dados base 2014. Empresa de Pesquisa

bibliográficos, a demanda atual do gás foi Energética. Relatório Final. Disponível em

detalhada e toda sua infraestrutura de transporte e <www.ben.epe.gov.br> acessado em 08 de

distribuição. Setembro de 2015.

A pesquisa deu continuidade com o BRASIL, N. I.; ARAÚJO, M. A. S.; SOUSA, E.

processamento do GN e seus processos de C. M. Processamento de petróleo e gás, 2ª

tratamento, que subdividem em adoçamento e ed., Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Editora

desidratação. No adoçamento do GN, que consiste LTC, 2014.

em remover os gases ácidos (principalmente o BRITTO, M. P. T. Desenvolvimento da Indústria

CO2), foi abordado algumas técnicas, como de Gás Natural no Brasil: Estratégia

separação por membranas, absorção com aminas Empresarial e seus Desafios, Dissertação de

líquidas e adsorção em sólidos. Já na desidratação Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,

do GN, que compreende em remover a água do RJ, Brasil, 2002.

gás, a técnica utilizada foi à absorção com glicóis. COELHO, A. M. Simulação e Otimização dos
processos de adoçamento e desidratação de
gás natural e de refinaria, Dissertação de
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Mestrado, Faculdade de Engenharia
BAHADORI, A.; VUTHALURU, H. B. Simple
Química/UNICAMP, Campinas, SP, Brasil,
methodology for sizing of absorbers for
2007.
TEG (triethyleneglycol) gas dehydration
EPE – Empresa de Pesquisa Energética – Plano
systems, Energy, 34, p. 1910 – 1916, 2009.
decenal de expansão da malha de transporte
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