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As palavras da língua portuguesa podem ser analisadas segundo diferentes critérios:

a. critério morfológico – que se fundamenta no estudo da forma, ou seja, em


“propriedades da forma gramatical que podem apresentar” (CÂMARA JR., 1975,
p.67);

b. critério funcional – que aborda a função na frase, ensina o nome de partes do discurso
dado às classes de vocábulos (CÂMARA JR, 1977, p. 72). Por exemplo, a distinção
entre substantivo e adjetivo é funcional: o adjetivo determina o substantivo.

c. critério semântico – que trata da natureza da significação. Por exemplo, a distinção


entre substantivo e verbo é mórfica e semântica.

As gramáticas tradicionais costumam usar em suas análises da língua três critérios, a saber: o
formal ou morfológico, o semântico e o sintático.

1. Critério formal ou mórfico - propriedades gramaticais dos vocábulos;


2. Critério sintático ou funcional - função que o vocábulo exerce na frase;
3. Critério semântico - significado, de modo geral, que o vocábulo apresenta
(MACAMBIRA, 1982).

De acordo com Perini (1998), pode-se afirmar que a classificação das palavras tem como
objetivo agrupar aquelas que têm comportamento gramatical semelhante. Assim, a
classificação é em relação aos seus traços formais: comportamentos morfológico, sintático e
também semântico.
O critério formal é amplamente utilizado em gramáticas voltadas para o ensino fundamental
no passado, mas ainda presente em gramáticas atuais para o mesmo nível em que o sujeito é
aquele que pratica a ação expressa pelo verbo da oração, identificando, dessa forma, o sujeito
com o papel temático de agente.

O critério sintático traduz bem a gramática internalizada de um falante escolarizado,


principalmente em relação à língua escrita formal, mas não pode ser considerado como isento
de problemas, principalmente se formos levar em conta a língua oral informal. É preciso
reconhecer que, na língua oral, há certas construções de tópico em que a concordância se dá
com o SN tópico e não com o SN sujeito, conforme apontado por Pontes (1987).

Assim, se a palavra pode ou não receber flexão dentro de uma frase, é uma preocupação que
se enquadra no critério morfológico ou formal. Havendo o enfoque da função ou distribuição
da palavra dentro de unidades maiores o critério será sintático.

Já o critério semântico leva em consideração as diferenças de significado.

CEGALLA
Segundo Cegalla (2005, p. 325), “[...] o período composto por subordinação consta de
uma, ou mais de uma oração principal e de uma ou mais orações dependentes ou
subordinadas“.
Apesar de usar um critério semântico, o autor não o faz claramente, pois não explicita
que tipo de dependência ou subordinação consta nessas orações. Em seus exemplos, diria que
o autor usa de um critério formal, já que dá ênfase aos elementos formais das orações,
conforme se vê abaixo:
Malha-se o ferro/enquanto está quente.
Malha se o ferro – OP
enquanto está quente – OS.

NAPOLEÃO
Almeida define o período composto por sua subordinação, doravante PCS, em sua
gramática, ao tratar do tópico sobre as conjunções, visto que para o autor, só é possível
compreender as conjunções subordinativas, se se entender, primeiramente, o que é um período
composto por subordinação.
Assim, para ele, o PCS é aquele “[...] que se constitui de uma oração principal e de
uma ou mais subordinadas [...]” (ALMEIDA, 2001, p. 347), conforme apontado abaixo.
Exemplo: Não quero / que ele vá.
Para definir o período composto por subordinação, a gramática aplica o critério
formal, o qual não leva em conta a significação, nem a fonética dos elementos existentes no
contexto oracional, mas apenas se reserva a tratar da sintaxe destes (DUBOIS, 2004, p. 289).
Embora não explore o PCS com profundidade, o estudioso deixa subtendido que o
PCS é composto de uma oração principal (OP), a qual não encerra sentido completo, de modo
que necessita de outras orações para completar-lhe a significação, o que ocorreria por meio
das orações subordinadas apontadas em sua definição.
Como se pode notar, o autor ao usar o critério formal para definir o PCS, esquece-se
que este implica relações de natureza semântica, já que a OP que o compõe não encerra
sentido completo.

Nesse sentido, durante nossa análise, foi possível observar que Almeida diferencia-se de
Cegalla ao considerar que o período composto por subordinação é constituído apenas de
uma oração principal.

“Por gramática funcional entende-se, em geral, uma teoria da organização gramatical


das línguas naturais que procura integrar-se em uma teoria global de interação social.
Trata-se de uma teoria que assenta que as relações entre as unidades e as funções das
unidades têm prioridade sobre seus limites e sua posição, e que entende a gramática
como acessível às pressões do uso”. (Neves, 2001: 15)

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