Você está na página 1de 52

[Digite texto]

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – DOM ALBERTO

POLÍTICAS E TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO

SANTA CRUZ DO SUL - RS


SUMÁRIO
1 POLÍTICAS ANTIDROGAS......................................................................... 2
1.1 A política de atenção integral a usuários de álcool e outras drogas ..... 2
2 O BRASIL NO CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL ....................... 7
3 ABSTINÊNCIA ............................................................................................ 9
3.1 Abstinência como critério de dependência ........................................... 9
4 PREVENÇÃO ........................................................................................... 15
4.1 Níveis de prevenção ........................................................................... 15
4.2 A importância da prevenção: a prevenção na e pela sociedade ........ 18
4.3 Princípios básicos de prevenção do uso de substâncias ................... 21
4.4 A importância da prevenção nos serviços de saúde: instrumentos que
auxiliam na detecção dos problemas decorrentes do uso de drogas .................... 24
5 TRATAMENTO ......................................................................................... 31
5.1 Tratamento da síndrome de abstinência ............................................ 32
5.2 Permanecer em tratamento ................................................................ 32
5.3 Prevenção da recaída ........................................................................ 33
6 USO DO CANABIDIOL ............................................................................. 35
6.1 Onde comprar Canabidiol................................................................... 35
6.2 Efeitos do Canabidiol.......................................................................... 36
7 RESOLUÇÃO CFM Nº 2.113/2014 ........................................................... 36
8 RESOLUÇÃO CFM nº 2.113/14 CFM regulamenta o uso do canabidiol no
tratamento de epilepsia ............................................................................................. 39
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 45

1
1 POLÍTICAS ANTIDROGAS

FONTE:http://www.portalmariana.org

1.1 A política de atenção integral a usuários de álcool e outras drogas

De acordo com o Ministério da Saúde, a saúde pública brasileira não vinha se


ocupando devidamente com o grave problema da prevenção e tratamento dos
transtornos associados ao consumo de álcool e outras drogas. Havia o predomínio
de “alternativas de atenção” de caráter total, fechado, baseadas em práticas de
natureza medicamentosa, disciplinar ou de cunho religioso-moral, reforçando o
isolamento social e o estigma.
Somente a partir de 2003, o Ministério da Saúde formulou uma Política
Nacional Específica para Álcool e Drogas, que assume o desafio de prevenir, tratar e

2
reabilitar os usuários, segundo a Lei 10.216/01, marco legal da Reforma Psiquiátrica
Brasileira.
Os Centros de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (CAPSad) passaram
a ser considerados a principal estratégia de tratamento, bem como a estratégia de
redução de danos; ambos tidos como ferramentas também nas ações de prevenção
e promoção da saúde.
Esses dispositivos passaram a ser implantados, principalmente em grandes
regiões metropolitanas com indicadores epidemiológicos relevantes, assim como
várias experiências de manejo dos problemas de álcool e outras drogas na atenção
básica, redes de suporte social, estrutura de atendimento hospitalar de urgência e
emergência, e rede hospitalar de retaguarda para esses usuários. Atualmente,
existem aproximadamente 160 CAPSad funcionando em todo o país, entretanto,
essa rede ainda é insuficiente para atender à demanda cada vez mais crescente
(MS/BRASIL, 2007).
Os Centros de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas têm por finalidade
prestar atendimento à população, em uma área de abrangência definida, oferecendo
atividades terapêuticas e preventivas à comunidade.
Para o Ministério da Saúde, uma política de prevenção, tratamento e de
educação para o uso de álcool e outras drogas necessariamente deve ser
construída na interface de programas do Ministério da Saúde com outros ministérios,
bem como com setores da sociedade civil organizada, especialmente na discussão
sobre a restrição de propagandas de bebidas alcoólicas.
No ano de 2006 foi sancionada a nova lei sobre drogas no país (Lei
11.343/2006) que, embora não tenha abarcado toda a complexidade do tema,
conseguiu avançar na garantia dos direitos com a supressão da pena de prisão para
os usuários de drogas (MS/BRASIL, 2007).
Em virtude da característica de heterogeneidade que predomina a
dependência das drogas, uma vez que afeta as pessoas de distintas maneiras e por
diferentes razões, nos mais diversos contextos e circunstâncias, uma política de
atenção deve privilegiar as necessidades dos usuários, que, muitas vezes, não
correspondem às expectativas dos profissionais de saúde com relação à
abstinência, fator esse que dificulta a adesão ao tratamento, bem como as práticas

3
preventivas ou de promoção voltadas aos usuários que não se sentem acolhidos em
suas diferenças (MS/BRASIL, 2004).
Reconhecer o consumidor, suas características e necessidades, assim como
as vias de administração de drogas, exige a busca de novas estratégias de contato e
de vínculo com ele e seus familiares, para que se possa desenhar e implantar
múltiplos programas de prevenção, educação, tratamento e promoção, adaptados às
diferentes necessidades. Para que uma política de saúde seja coerente, eficaz e
efetiva, deve-se levar em conta que as distintas estratégias são complementares e
não concorrentes, e que, portanto, o retardo do consumo de drogas, a redução dos
danos associada ao consumo e a superação do consumo, são elementos
fundamentais para sua construção. (MS/BRASIL, 2004)
A Lei 11.705 de 19 de junho de 2008 que proíbe a venda de bebidas
alcoólicas nas áreas rurais das rodovias federais e determina que não será aceito
qualquer teor alcoólico no sangue dos motoristas em qualquer via é outra medida
radical que se tornou necessária.
Cabe destacar as diretrizes da nova Política Nacional sobre o Álcool, tamanha
sua importância em direção à diminuição dos acidentes.

4
FONTE:http://imagem.vermelho.org.br

São diretrizes da Política Nacional sobre o Álcool:

13 - Estimular e fomentar medidas que restrinjam, espacial e

temporalmente, os pontos de venda e consumo de bebidas alcoólicas,

observando os contextos de maior vulnerabilidade às situações de violência

e danos sociais;

14 - Incentivar a exposição para venda de bebidas alcoólicas em locais

específicos e isolados das distribuidoras, supermercados e atacadistas;

15 - Fortalecer sistematicamente a fiscalização das medidas previstas em lei

que visam coibir a associação entre o consumo de álcool e o ato de dirigir;

ANEXO II
5
Conjunto de medidas para reduzir e prevenir os danos à saúde e à vida, bem
como as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de
bebidas alcoólicas na população brasileira:
1. Referente ao diagnóstico sobre o consumo de bebidas alcoólicas no

Brasil:

1.2. Apoiar pesquisa nacional sobre o consumo de álcool, medicamentos e

outras drogas e sua associação com acidentes de trânsito entre motoristas

particulares e profissionais de transporte de cargas e de seres humanos.

4. Referente à realização de campanhas de informação, sensibilização e

mobilização da opinião pública quanto às conseqüências do uso indevido e

do abuso de bebidas alcoólicas:

4.1. Apoiar o desenvolvimento de campanha de comunicação permanente,

utilizando diferentes meios de comunicação, como, mídia eletrônica,

impressa, cinematográfico, radiofônico e televisivo nos eixos temáticos

sobre álcool e trânsito, venda de álcool para menores, álcool e violência

doméstica, álcool e agravos da saúde, álcool e homicídio e álcool e

acidentes.

7 . Referente à associação álcool e trânsito:

7.1. Difundir a alteração promovida no Código de Trânsito Brasileiro pela Lei

n o 11.275, de 7 de fevereiro de 2006, quanto à comprovação de estado de

embriaguez;

7.2. Recomendar a inclusão no curso de reciclagem previsto no artigo 268

do Código de Trânsito Brasileiro, de conteúdo referente às técnicas de

intervenção breve para usuários de álcool;

7.3. Recomendar a revisão dos conteúdos sobre uso de álcool e trânsito

nos cursos de formação de condutores e para a renovação da carteira de

habilitação;

7.4. Recomendar a inclusão do tema álcool e trânsito na grade curricular da

Escola Pública de Trânsito;

6
7.5. Elaborar medidas para a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas

faixas de domínio das rodovias federais.

9. Referente ao estabelecimento de parceria com os municípios para a

recomendação de ações municipais:

9.2 Apoiar os Municípios na implementação de medidas de proibição da

venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina.

2 O BRASIL NO CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL

O Brasil mereceu destaque no relatório anual sobre consumo e produção de


drogas da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado dia 19 de fevereiro de
2009, pois muito embora o país não apareça como produtor de drogas pesadas
(cocaína ou heroína), acabou se tornando rota de passagem para traficantes rumo
aos Estados Unidos e à Europa, e se transformou em grande consumidor
(PLATONOW, 2009).

7
FONTE:http://www.blogdovalente.com.br

Por fazer fronteira com quase todos os países sul-americanos, o país é mais
vulnerável à ação de traficantes, que ingressam com maconha e cocaína pelas
cidades do interior até os grandes centros urbanos. A ONU elogiou a legislação
adotada no país a partir de 2006, que propõe penas mais brandas para os usuários,
ao mesmo tempo em que endurece a ação contra traficantes.
Mas, o documento alerta o país para a necessidade de se criar infraestrutura
capaz de atender aos viciados em drogas, para tratamento e reabilitação. Também
enfatiza ser preciso haver políticas públicas de prevenção.
Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ), Jairo Werner, é exatamente esse o ponto a ser perseguido pelo
governo brasileiro. Médico e especialista em saúde mental, ele trabalha diretamente
com a questão do uso de drogas, principalmente por crianças e adolescentes
(PLATONOW, 2009).

8
“É preciso abrir centros de tratamento, inclusive formando consórcios entre
municípios. Depois é preciso haver acompanhamento social do usuário e também de
sua família”, afirmou.
Ele citou o caso do Rio de Janeiro, onde só existem 60 vagas para atender
pacientes nessa faixa etária. “Seriam preciso pelo menos 10 centros de tratamento
na região metropolitana, com 20 leitos cada um”, calculou (PLATONOW, 2009).
Werner disse estar especialmente alarmado com o aumento “exponencial” no
uso de crack, droga feita a partir da cocaína, muito usada por pessoas de baixo
poder aquisitivo. “De forma geral, 90% [dessas pessoas] vivem nas ruas, têm entre
sete e 16 anos e estão fora da escola”. Os outros 10%, de acordo com ele, são
jovens de classe média, que começam a usar o crack fumando junto com cigarros
de maconha (PLATONOW, 2009).
Segundo o médico, com um grama de cocaína é possível fazer pelo menos
dez pedras de crack, o que torna o produto mais barato. “Os usuários ficam pedindo
moedas até completar R$ 1 para comprar a pedra. Mas como o efeito passa logo,
em seguida eles precisam consumir mais”, relatou.
Pelos dados que dispõe, calcula-se que existam cerca de 3 mil crianças e
adolescentes viciados em crack na região metropolitana do Rio de Janeiro. “Estão
se formando mini-cracolândias. Algumas chegam a ter até 200 jovens circulando por
dia”, denunciou.
Werner considera insuficientes os esforços dos governos para enfrentar o que
ele chama de “epidemia do crack”, que deve continuar a aumentar. “Isso é apenas a
ponta do iceberg. O Brasil tem um potencial de crescimento muito grande para todas
as drogas”, alertou (PLATONOW, 2009).

3 ABSTINÊNCIA

3.1 Abstinência como critério de dependência

9
Qualquer discussão sobre drogas psicoativas inevitavelmente desemboca na
questão sobre a dúvida se uma droga em particular causa ou não dependência, e se
essa dependência é física ou psicológica.
Em essência, essa questão gira em torno de se ocorrem ou não sintomas
físicos relativos à síndrome de abstinência quando o usuário para de consumir a
droga, o que é tipicamente chamado de dependência física pelos profissionais da
área. Havendo abstinência, considera-se um sinal de que há dependência.
O que frequentemente se acreditava era o seguinte; quanto mais graves e
exuberantes os sintomas físicos da síndrome da abstinência, mais séria ou perigosa
deveria ser a dependência da droga em questão. Mas isso não é verdade. Os
sintomas de abstinência que ocorrem, quando ocorrem, atualmente não mais
constituem uma questão clinicamente relevante. Clinicamente falando, vejamos por
exemplo, os seriíssimos sintomas de abstinência da heroína. Apesar de muito
dramáticos eles podem, agora, ser controlados com medicação apropriada.
Por outro lado, é bom saber que muitas das substâncias mais perigosas e
causadoras de forte dependência não costumam provocar sintomas físicos graves
na abstinência. O craque e a metanfetamina são exemplos disso. As duas drogas
provocam alto grau de dependência, mas a suspensão do uso causa poucos
sintomas físicos de abstinência, muitíssimos menores que os sintomas da síndrome
de abstinência do álcool e da heroína.
Na realidade, interessa à psiquiatria moderna saber se a droga causa ou não
sua busca e uso compulsivo, mesmo diante de consequências sociais negativas e
de saúde. Essa tem sido, atualmente, a essência da dependência química. Não
interessa mais delimitar territórios entre a dependência física e psíquica, pois ambas
exercem papel primordial na manutenção do vício.
Os esforços terapêuticos devem ser dirigidos não à droga em si, nem
tampouco deve ser exclusivamente dirigido às condições existenciais do drogadicto1,
mas sim, à pessoa do paciente. Que pessoa é essa sobre a qual se abateu a
doença da dependência?
Devemos considerar a dependência à luz da abstinência, ou seja, só
podemos considerar dependente a pessoa que experimenta algum tipo de mal-estar
quando abstinente. É por isso que o estudo da dependência química sempre
1 Adicto aqui é entendido como escravo, aquele que depende de algo.
10
enfocou, conjuntamente, a manifestação da síndrome de abstinência produzida pela
interrupção abrupta da administração da droga. Essa síndrome se caracteriza por
sinais físicos, como por exemplo, o tremor e alterações do sistema nervoso
autônomo nos casos de alcoolismo, ou o desconforto e dor associados à abstinência
dos opiáceos, cocaína e heroína e assim por diante.
Mas, para conceituarmos a abstinência em si, seja ela devida à supressão da
maconha ou da heroína, devemos observar quais são os aspectos clínicos comuns à
abstinência de todas as drogas. Talvez a expressão mais adequada para se referir a
esse aspecto comum às abstinências em geral seja um estado afetivo negativo.
Dentro desse estado afetivo negativo encontram-se várias emoções negativas, como
disforia, depressão, irritabilidade e ansiedade.
Nesses últimos anos, férteis para a neurociência, têm sido analisados
minuciosamente as alterações bioquímicas que ocorrem dentro da célula após a
ativação dos receptores por drogas. Essas pesquisas vêm revelando importantes
diferenças entre os cérebros das pessoas adictas e das não adictas.
Não obstante, paralelamente aos avanços científicos em relação à questão
das drogas, tem havido um dramático descompasso entre tais avanços científicos e
sua repercussão e/ou aplicação junto ao público geral, junto à prática médica, ou
junto às políticas de saúde pública.
Um dos fatos que pode constatar a defasagem entre os fatos científicos e a
percepção do público geral sobre o abuso de drogas é, por exemplo, as muitas
pessoas que veem o abuso de drogas e a adição como problemas sociais a serem
resolvidos apenas com soluções sociais. Algumas insistem exclusivamente numa
maior atuação do sistema de justiça criminal. A consequência dessa defasagem é
um atraso significativo no processo de se ter sob controle o problema do abuso de
drogas.
Dia-a-dia a ciência vem nos mostrando que o abuso de drogas e a adição são
também problemas de saúde. Uma importante barreira à compreensão da
drogadição sob um modelo médico e de saúde é o tremendo estigma associado ao
usuário de drogas ou ao drogadicto. Quando a opinião pública é mais benevolente
sobre um adicto em drogas, considera-o vítima da sua situação social. Quando não
benevolente, a sociedade clama por punições contundentes ao “drogado”.

11
A visão popular mais comum sobre os drogadicto é que são pessoas fracas e
más, que não querem levar uma vida norteada por princípios morais nem controlar
seu comportamento e a satisfação de seus desejos. Há muitas pessoas que acham
que pessoas adictas não merecem nem receber tratamento ou, o que é pior ainda,
algumas pessoas consideram aquelas que trabalham na prevenção do abuso de
drogas, como também portadoras de ideologias diferentes do público geral, portanto,
passando a ser igualmente problemáticas e indesejáveis.
A divergência entre a maneira de ver o usuário de drogas como uma “pessoa
má” e de vê-lo como um “portador de doença crônica” é de fundamental importância
para a compreensão e atuação junto ao problema.

O Aspecto Social

A drogadição não é apenas uma doença a nível cerebral. Melhor seria vê-la
como uma doença cerebral onde os contextos sociais em que se desenvolveu e se
manifestou têm importância crítica. Um dos elementos sociais envolvidos na
drogadição é a exposição a estímulos condicionantes. Esses estímulos podem ser
importantes fatores na vontade de consumir drogas e mesmo nas recaídas que
acontecem depois de tratamentos bem-sucedidos.
A importância dos contextos sociais (estímulos ambientais) no
desenvolvimento da drogadição pode ser exemplificada pelos drogadicto em heroína
que adquiriram o vício na guerra do Vietnã. Depois da guerra e de volta aos seus
lares, o tratamento dessas pessoas foi muito mais fácil e com muito mais êxito que o
tratamento de drogadicto por heroína que adquiriram o vício nas ruas e longe da
guerra.
Para os soldados viciados os estímulos ambientais (que não existiam mais
depois da guerra) foram prioritários sobre os elementos pessoais. Para os viciados
nas ruas talvez não se possa dizer o mesmo.

12
FONTE:http://www.minasnofoco.com.br

Devemos entender a dependência química como uma doença bio-psíco-


social, formada por componentes biológicos, psicológicos e de contexto social. É
claro que as estratégias de abordagem do problema devem incluir, igualmente,
elementos biológicos, psicológicos e sociais.
Por isso não deve ser tratada apenas a doença cerebral subjacente a
drogadição, mas tratar, sobretudo, as alterações emocionais do paciente, bem como
abordar os problemas sociais.
As entidades sócio-comunitárias que lidam com o assunto, muitas vezes
preferem não se envolver nessa discussão. Entretanto, faz parte da compreensão
dos “Narcóticos Anônimos” que a adição é, de fato, uma doença.
De fato, nas instituições grupais que lidam com esse problema, quando se
aceita o fato de tratar-se de uma doença, sobre a qual somos impotentes (como
costumam dizer), tal aceitação fornece uma base para a recuperação através de
programas de ajuda mútua, como é o caso dos Doze Passos dos Narcóticos
Anônimos.
13
Para esses grupos de autoajuda, a pessoa com Drogadição se apresenta
ativamente (usando a droga) ou não, mas sempre será apropriada a utilização da
palavra “doença” para descrever a condição do adicto.
Como a questão das drogas ultrapassou em larga escala os limites da
medicina, os profissionais das diversas áreas, desde a medicina, religião, psiquiatria,
legislação, até o direito penal, definem a adição em termos que são apropriados
para suas atuações.

O Aspecto Psicológico

Estudando psicologicamente a formação de hábitos, veremos que, como


comprovam estudos experimentais de psicólogos comportamentais, todos os
comportamentos reforçados por uma recompensa positiva (agradável) tendem a ser
repetidos e aprendidos. As futuras e sucessivas repetições tendem a fixar não só
esse comportamento que conduz à recompensa, mas, também, pode fixar os
estímulos, sensações e situações eventualmente associados a esse
comportamento. Os usuários de drogas referem, por exemplo, que ao ver certos
lugares ou pessoas, ao ouvir certas músicas, etc., experimentam grande vontade de
usar a droga.
A psicologia social identifica elementos importantes que podem estar
envolvidos na falta de autocontrole para o consumo de drogas, bem como em outros
comportamentos descontrolados, tais como fazer apostas, comer de forma
compulsiva, etc. É de interesse formular conceitos que expliquem como essas falhas
de regulação levam, em última instância, a adição no caso do uso de drogas ou a
um padrão de tipo aditivo em comportamentos não relacionados ao consumo de
drogas.
Um dos conceitos é o chamado “sofrimento em espiral”. O sofrimento em
espiral é um conceito segundo o qual, em alguns casos, uma primeira falha de
autocontrole levaria a um sofrimento emocional, sofrimento este que inicia um ciclo
de falhas repetidas de autocontrole, onde cada falha traz mais sentimentos
negativos à pessoa, como sentimentos de culpa, por exemplo.
14
Assim, a primeira experiência de consumo de drogas pode se repetir de
acordo com as circunstancias pessoais e sociais, ocasionando uma recaída e dando
surgimento a falhas no autocontrole. Nesse caso, o conceito de sofrimento em
espiral será utilizado para descrever o desregular progressivo do sistema cerebral de
recompensas no contexto dos ciclos repetidos de adição.
Um dos elementos psicológicos muito provavelmente implicados na
manutenção da dependência seria o grande desconforto das síndromes de
abstinência. Essa crise de mal-estar seria uma das bases explicativas para o uso
compulsivo e continuado das drogas.
Embora a ideia da abstinência como favorecedora da manutenção da
dependência seja motivo de controvérsias, existem evidências cada vez maiores
sobre a presença de estado afetivo negativo (comum nas abstinências) pode
favorecer o início do desenvolvimento de dependência, bem como contribuir para a
vulnerabilidade (BALLONE, 2001).

4 PREVENÇÃO

4.1 Níveis de prevenção

Trabalho de Henrique et al (2004) retirado quase na íntegra no site scielo nos


mostra a importância dos testes de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e
outras substâncias.
Em geral, os usuários de substâncias psicotrópicas procuram, ou são
encaminhados aos serviços especializados já em uma fase muito grave do distúrbio
(FORMIGONI, 1992), assim a detecção precoce do uso dessas substâncias e suas
consequências, tem sido de grande importância para se fazer uma intervenção nas
fases iniciais do problema, melhorando muito o prognóstico (JEKEL et al., 1996;
RUBIN, 1996; WHO ASSIST WORKING GROUP, 2002).

15
Alguns pacientes também distorcem as informações referentes ao uso de
drogas por terem vergonha e medo da estigmatização levando os usuários a evitar o
tratamento formal com medo que as informações interfiram no emprego e no
relacionamento familiar e com amigos, e, por esse motivo, nem todos os que
precisam de tratamento realmente querem enfrentar isso (MCLELLAN; MEYERS,
2004). Isto pode levar a omissões de informações sobre condições médicas e/ou
psiquiátricas, potencializando complicações cirúrgicas, sintomas de síndrome de
abstinência, interações com outros medicamentos e a perda de oportunidades para
prevenção, incluindo intervenções durante a gestação para prevenir efeitos danosos
para o feto.

FONTE:http://files.drogaefamilianaocombinam.com

É muito frequente o paciente estar sendo tratado de um problema médico


geral sem que tenha sido reconhecido ou detectado o problema real de base, ou
seja, o uso inadequado de drogas, principalmente entre os pacientes mais velhos
16
(ENOCH; GOLDMAN, 2002), e assim, muitas pessoas que necessitam de cuidado
para os problemas com álcool e outras drogas acabariam por não receber o cuidado
específico para o problema (HARWOOD et al., 2001; WOODWARD et al. 1997).
Acrescenta-se a isso, o fato de muitos usuários de drogas apresentarem
comorbidades psiquiátricas importantes, como a ocorrência de transtornos de
ansiedade e do humor e de transtornos de personalidade, que complicam muito a
abordagem terapêutica e o seu sucesso (KESSELER et al., 1997).
Historicamente, ações preventivas foram praticadas através de métodos
mágicos e empíricos em várias sociedades, tanto espontaneamente pela população
em geral como através da recomendação dos responsáveis pela saúde. Entretanto,
o conceito científico de intervenção preventiva foi desenvolvido como resultado de
avanços no conhecimento médico tendo-se por base a descoberta de agentes
etiológicos específicos e de imunizadores (BUCHER, 1995).
A prevenção na área de drogas visa a adoção de uma atitude responsável
fundamentada no conhecimento científico com relação aos psicotrópicos. O objetivo
último da prevenção, no campo dos problemas relacionados ao consumo de drogas
psicotrópicas, é procurar que pessoas de uma dada população não abusem de
drogas e, consequentemente, não causem danos a si mesmas e à sociedade nas
mais diferentes esferas de interação (CARLINI et al., 1990).
Adotar medidas preventivas também pode encorajar o paciente a procurar um
tratamento específico que normalmente é mais efetivo quando é mais precoce
(BABOR et al., 2004).
A modificação de comportamentos alcançada com medidas de prevenção
pode trazer benefícios não só para a saúde das pessoas, mas também economizar
gastos para a sociedade (BERLINGUER, 1996), como por exemplo, no setor de
saúde os custos decorrentes do uso indevido de substâncias no Brasil ocupam 7,9%
do PIB por ano (28 bilhões de dólares). Somente entre 1995 e 1997 foram gastos
mais de 310 milhões de reais em internações decorrentes do uso abusivo e da
dependência de drogas.
No Brasil, durante muitos anos, havia uma clara separação entre as ações
preventivas e as ações curativas. A nova legislação é muito clara na definição: não
deve mais haver essa separação; as ações de caráter individual e coletivo devem
ser financiadas e estar articuladas no mesmo sistema, gerando atendimento da

17
demanda espontânea da população, sem que sejam esquecidos os programas pré-
estruturados para atender às necessidades epidemiologicamente definidas pelo
gestor do serviço de saúde. O atendimento segundo a diretriz da integralidade
também pressupõe acesso a serviços de saúde em todos os níveis de complexidade
do sistema, e considera o indivíduo na sua totalidade, respeitando as peculiaridades
individuais e coletivas (RONZANI et al., 2005).
Segundo BABOR et al. (2004), há várias maneiras de promover
comportamentos saudáveis e um dos direcionamentos é a implantação de serviços
preventivos em locais de cuidado à saúde.
Aos pacientes que visitam os locais de atenção primária à saúde dever-se-
iam oferecer oportunidades para identificação do uso de álcool e drogas e promover
a cessação ou estabilização dos problemas decorrentes deste uso e direcionar para
o tratamento especializado somente aqueles que necessitassem de cuidados mais
intensivos (DUSZYNSKI et al., 1995). Assim, a detecção precoce do uso de
substâncias e suas consequências, tem sido sugerida como de grande importância
para se intervir nas fases iniciais do problema, melhorando muito o prognóstico
(JEKEL et al., 1996; WHO ASSIST WORKING GROUP, 2002; STEWART;
CONNORS, 2004/2005).
Segundo RONZANI et al., (2005), as ações preventivas podem ocorrer em
momentos diferentes na história da doença, o que permite sua classificação em
prevenção primordial, primária, secundária e terciária, como veremos adiante.

4.2 A importância da prevenção: a prevenção na e pela sociedade

A prevenção primordial objetiva evitar a instalação dos fatores de risco, que


variam muito de acordo com a cultura de um povo ou de um grupo de indivíduos.

Prevenção primária visa evitar a instalação da doença (RONZANI et al.,


2005;), no domínio das substâncias psicoativas, o objetivo é impedir que se produza

18
um consumo problemático antes mesmo do primeiro uso. Pode-se incluir nesse nível
de prevenção, a educação para a promoção da saúde, a informação sobre as
drogas e as consequências do seu uso e as medidas sociais e legais para efetivar
essas ações (LIMA; AZEVEDO, 2006).

A prevenção secundária visa detectar e intervir precocemente na doença,


faz parte deste nível de intervenção uma variedade de técnicas: aquisição de
conhecimento mais adequado a respeito das drogas que o indivíduo está usando e
dos seus problemas decorrentes; conscientização da pessoa em relação ao seu
comportamento de risco, às suas reações para as diversas circunstâncias e ao
significado que a droga ocupa em sua vida (IMESC, 2006). Caracteriza-se por ser
um prolongamento da prevenção primária, quando essa não atingiu os objetivos
propostos. No âmbito da questão do uso indevido de drogas, trata-se, portanto, de
intervenções que tem como objetivo principal reduzir danos e evitar que um quadro
de dependência se estabeleça (SENAD, 2006).

Prevenção terciária, é a reabilitação e o tratamento das complicações no


indivíduo já doente (IMESC, 2006). Consiste em quaisquer atos destinados a
diminuir a prevalência das incapacidades crônicas numa população, reduzindo ao
mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença. Aplicada ao universo do
uso indevido de drogas, seu objetivo principal é evitar a recaída e promover a
reinserção social dos indivíduos que se encontram numa perspectiva de
dependência. Isto é, atua no sentido de possibilitar ao indivíduo uma reintegração no
contexto social, na família e no trabalho, contemplando todas as etapas do
tratamento (antes, durante e depois) (SENAD, 2006).
Exemplificando: se aplicarmos um programa na escola dirigido a todos os
alunos, este se classificaria como universal. Se direcionarmos a um subgrupo
seletivo (como filhos de pais usuários ou alunos com baixo rendimento), teremos um
programa seletivo, mas se aplicarmos esse programa a alunos que se envolveram
em acidentes relacionados ao uso de substâncias, teríamos então um programa
indicado.
A prevenção ao uso indevido de drogas, dentro do contexto mais amplo da
valorização da vida e da pessoa humana, se deixa conceber de várias maneiras.

19
Sanitarista pensa em termos epidemiológicos ou de saúde pública, jurista em
medidas legais ou punitivas, o economista em medidas visando à redução da oferta
ou da demanda, a intelectual pensa na liberação dos costumes acompanhada pela
responsabilização de cada um, a religiosa na renúncia em prol de valores
“superiores”, a moralista na pregação da abstinência em benefício do “bem” coletivo,
a educadora em informações integrando o curriculum habitual de formação do aluno,
a psicológica em mensagens capazes de induzir mudanças de atitudes, etc.
(SHINYASHIKI, 1992).
Para que um programa de prevenção seja bem-sucedido é necessário que
atenda aos valores humanos, levando em conta características psicológicas e
sociais do público alvo, e se tenha definido o que se quer prevenir ou remediar.
Também é necessário que esse programa não seja muito técnico - apenas
operacional - mas que tenha maleabilidade. O referencial científico é importante,
para que se possa ter credibilidade em relação ao público alvo, mas esse
conhecimento não pode servir como instrumento para manipulação do executor do
programa sobre o público-alvo. Atitudes de repressão e confinamento em
manicômios demonstram falta de competência intelectual e não produzem efeitos
desejados.
Efetuar projetos de prevenção às drogas requer muita habilidade, pois são
muito complexos, é necessário levar em conta a relação entre o sujeito -
personalidade, valores e crenças - a droga - efeitos no organismo e o contexto sócio
cultural e não apenas os dados epidemiológicos - o que seria uma grande
ingenuidade (BUCHER, 1995; SHINYASHIKI, 1992).
A prevenção, segundo as novas tendências, deve enfocar a informação como
um meio de resgatar, principalmente, a autoestima, a autorrealização e a valorização
da vida, formando jovens para construírem atitudes e valores construtivos,
encorajando o desenvolvimento de sua personalidade, da sua identidade sexual e
social, de sua criatividade e valores filosóficos (APA, 1995).
A nova prevenção, para ser eficaz, deve utilizar estratégias integradas que
harmonizam as diversas medidas de prevenção, que sejam atrativas e positivas.
É fundamental que ocorram mudanças no enfoque da prevenção e que o
Brasil recupere o tempo desenvolvendo programas voltados ao adolescente e não
às drogas (APA, 1995).

20
Na abordagem interacionista o enfoque central é o indivíduo, suas ações e
seus aspectos genéticos. O indivíduo adquire sua personalidade constantemente, e
ela não é imutável. Sua maneira de agir diante de situações é diferente de indivíduo
para indivíduo, quanto maior a sua autonomia, maior a sua capacidade de agir
diante de situações do seu dia-a-dia. A droga sozinha não causa danos, mas sim a
relação entre ela, o indivíduo e o meio.

4.3 Princípios básicos de prevenção do uso de substâncias

FONTE:http://www.portalrolandia.com.br

 Devem ser planejados para facilitar os fatores de proteção e reverter ou


reduzir fatores de risco conhecidos;
 Devem dirigir-se a todas as formas de drogas de abuso (incluindo
álcool, tabaco, maconha e solventes);
21
 Devem promover habilidades sociais, além de atitudes contrárias às
drogas;
 Quando dirigidos ao público adolescente, devem incluir métodos
interativos (como discussões em grupo), ao invés de técnicas didáticas
convencionais (como palestras) isoladamente;
 Devem incluir os pais ou responsáveis;
 Devem ser de longo prazo;
 Quando dirigidos à família, tem maior impacto do que estratégias
voltadas aos pais ou jovens isoladamente;
 Devem fortalecer as normas sociais contra o uso de drogas em
diversos contextos, tais como a família, a escola e a comunidade;
 Devem ser adaptados para atender à natureza específica do problema
com drogas da comunidade local;
 Devem ser mais intensivos se os riscos para o uso de substâncias
forem mais elevados;
 Devem ser específicos para as diferentes idades e culturas
(SLOBODA; DAVID, 1997).

Para a experimentação e dependência é necessário que o indivíduo esteja


vulnerável, motivado ao uso e que fatores como baixa autoestima, miséria, falta de
habitação, entre outros colaborem. Não existe droga leve ou pesada, não existe
faixa etária de segurança para o consumo, pois a droga em si, apenas colabora ou
facilita a dependência. Torna-se necessário analisar quais as condições que
favorecem o uso, quais as necessidades supridas pelo consumo e quais os fatores
que motivam os seus usos (O MUNDO DA SAÚDE, 1999; SEIBEL; TOSCANO,
2001).
Segundo o modelo da Ecologia Humana, a valorização da vida mais ampla
possível, deve ser o foco principal que norteia um programa de prevenção,
independente da faixa etária a que se destina. E nesse processo podemos comparar
o programa de prevenção às drogas com a ecologia, no caso humana.
Assim como ocorre a poluição ambiental na natureza provocada pela ação
destrutiva do homem, temos a poluição mental provocada pelo uso das drogas,

22
portanto é necessário que as intervenções feitas ao usuário sejam conscientes e
baseadas na reflexão ética sobre os valores humanos.
Com a evolução tecnológica, depois da revolução industrial, o homem passou
a produzir mais e melhorar cada vez mais sua obra, substituindo, sempre que
possível, o trabalho braçal pelo mecânico e nesse processo esqueceu de pensar em
si mesmo - deixou de querer e passou a executar suas tarefas e “obrigações”,
tornando-se um escravo de seu próprio trabalho, sendo controlado por ele. Hoje
podemos perceber o homem em crise, privado de sua intimidade e de seus valores
secretos e sagrados, lutando pela sobrevivência, comprometendo sua saúde e a
comunicação entre os homens, agredindo seu ecossistema e sua própria vida, um
dos exemplos dessa agressão é a utilização das drogas. No entanto não adianta
condenar a sociedade moderna ou mudar radicalmente sua posição em relação à
vida, é necessário que ocorra um equilíbrio adquirido através de uma postura
realista e construtiva. É necessário que se resgate a realização pessoal,
abandonado pela luta pelo progresso (SWADI, 1999, 1996).
A abordagem preventiva deve, no entanto, enfocar principalmente a
valorização da vida, em parceria com a produtividade tecnológica e a criatividade
artesanal ou ainda da valorização da verdade científica com a verdade existencial -
para que a liberdade de opção de cada um (em particular do jovem) não seja
manipulada pelo homem. Segundo Weber se fazem necessárias novas formas de
encantamento pelo mundo e consequentemente pela vida, pela vida moderna,
sustentada pelo tripé, proposto por Weber: ciência, arte e princípios éticos. Porém
nesse processo a instrumentalização deve fazer parte da vida e não a dominar
(BUCHER, 1995; SHINYASHIKI, 1992; RAMOS; BERTOLOTE, 1997).
Utilizando o modelo de liberdade no processo educacional para a prevenção
ao uso indevido de drogas, poderemos encontrar profissionais envolvidos e
conscientes de seu papel, retomando, quem sabe, à educação afetiva, filosófica e
valorativa, substituindo a mera transmissão de conteúdos (O MUNDO DA SAÚDE,
1999).
Os modelos de prevenção calçados nos modelos jurídicos, moral, e de saúde
pública foram utilizados no Brasil, por um longo período, e baseavam-se no
“combate” às drogas, como uma luta contra a droga, como objeto; para isso utilizava
técnicas de abordagem repressiva e calçada na pedagogia do terror, ou seja, quanto

23
mais se puder assustar ou mostrar imagens de pessoas morrendo, se injetando ou
deploradas pelo consumo, melhor. O combate só era feito às drogas ilícitas e as leis
decorrentes do uso do tráfico eram bem exploradas. A marginalização vinha, muitas
vezes, associada ao consumo e tráfico. A droga era mal falada, assim como os
usuários e traficantes (BUCHER, 1995; SHINYASHIKI, 1992; O MUNDO DA
SAÚDE, 1999).

4.4 A importância da prevenção nos serviços de saúde: instrumentos que


auxiliam na detecção dos problemas decorrentes do uso de drogas

Detectar não é o mesmo que diagnosticar. O diagnóstico serve para


estabelecer definitivamente a presença de uma doença, sendo que a detecção é
usada para identificar os prováveis indivíduos com um problema. A detecção,
também chamada de screening, refere-se à aplicação de um teste em indivíduos de
uma população, para estimar a probabilidade de ele ter um problema específico. As
pessoas identificadas são frequentemente encaminhadas para uma avaliação
diagnóstica mais detalhada para confirmar se possui ou não o problema (BABOR;
HIGGINS-BIDDLE, 2001; STEWART; CONNORS, 2004/2005).
Durante os últimos 25 anos, a prática de screening e de intervenção precoce
na saúde pública têm ganhado popularidade nos locais médicos, em parte por causa
do sucesso das ações preventivas realizadas após a detecção precoce de doenças
como hipertensão, diabete, câncer cervical e fenilcetonúria. Por isso, tem aumentado
o interesse na detecção de pacientes com comportamentos de risco que levam a
desenvolver doenças (BABOR et al., 2004; FLEMING, 2004).
A partir de tais constatações, tem-se observado um crescente número de
pesquisas em relação ao desenvolvimento de instrumentos de detecção válidos,
confiáveis e de baixo custo para a realização de ações preventivas ao uso de
substâncias psicotrópicas (BABOR et al., 1989; BABOR et al., 2001; GORENSTEIN

24
et al., 2000; RIBEIRO et al., 1998a; RIBEIRO et al., 1998b; RIBEIRO, 1999;
RIBEIRO et al., 2000a; RIBEIRO et al., 2000b; RIBEIRO et al., 2002).
Existem alguns instrumentos já validados no Brasil para triagem da
dependência de álcool, como o CAGE (MASUR; MONTEIRO, 1983) e para
problemas relacionados ao álcool, como o AUDIT (MÉNDEZ, 1999; MENDOZA-
SASSI; BÉRIA, 2003), entre outros.
O AUDIT é um instrumento que objetiva a detecção precoce de pessoas com
padrões de uso excessivo de álcool e possibilita fazer intervenções preventivas. Foi
desenvolvido por um grupo internacional de pesquisadores incentivados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) (BABOR et al., 2001).
Existe uma vasta literatura que utiliza o AUDIT como instrumento de detecção
em serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), demonstrando sua aplicabilidade
(BABOR et al., 2001). Esse instrumento possui níveis de sensibilidade de 87,8%
para o uso nocivo de álcool, apresentando desempenho satisfatório em serviços de
APS, além disso, na validação brasileira, o AUDIT apresentou uma confiabilidade
satisfatória e capacidade de responder às mudanças de consumo do álcool por parte
dos usuários (MÉNDEZ, 1999).
Para detecção do uso de risco e abusivo e da dependência, além do álcool,
mas também de outras substâncias, a OMS e um grupo internacional de
pesquisadores desenvolveram em 1997 o ASSIST (Alcohol, Smoking and Substance
Involvement Screening Test). Esse instrumento é um questionário de triagem breve,
constituído por oito questões referindo-se ao uso do álcool, tabaco, maconha,
cocaína, anfetaminas, inalantes, hipnóticos e sedativos, alucinógenos, opiáceos e
outras drogas, assim como seus derivados. É um instrumento de fácil administração
e exige pouco tempo para ser respondido, cerca de 7 a 9 minutos no máximo (WHO
ASSIST WORKING GROUP, 2002, HENRIQUE et al., 2004).
O ASSIST foi desenvolvido principalmente para ser usado pelos profissionais
que trabalham em locais de APS como, por exemplo, Unidades de Saúde e
ambulatórios, em suas rotinas de trabalho. Nesses locais de APS é onde acontece o
primeiro contato dos indivíduos, família e comunidade com o sistema de saúde,
gerando um fluxo grande de pessoas e possibilitando maiores chances de detecção
do uso abusivo de drogas.

25
FONTE:http://1.bp.blogspot.com

No entanto, pode ser útil também para outros profissionais que trabalham em
outros ambientes nos quais pessoas que tenham problemas relacionados ao uso de
drogas tenham acesso (p.ex. escolas, empresas, presídios e outros). Nesses outros
ambientes o uso do ASSIST ainda não foi validado, mas se a sua aplicação for feita
dentro de um contexto de promoção da saúde ele pode apresentar a mesma
utilidade. O uso de substâncias pode ser muitas vezes a causa de uma doença e o
ASSIST pode ajudar a identificar e alertar as pessoas que podem estar sob risco de
desenvolver problemas relacionados ao seu uso no futuro e também propicia o início
de uma discussão com o paciente sobre seu uso de drogas atual (HUMENIUK;
POZNYAK, 2004).
A detecção do beber problemático, um fenômeno de consumo que antecede a
instalação de um transtorno propriamente dita, é essencial para ações de prevenção
do alcoolismo. Estudos anteriores demonstram que uma situação de beber
problemático pode ser detectada em 8 a 20% dos pacientes atendidos em serviços
de Atenção Primária à Saúde (RIBEIRO et al., 2001).

26
Outros estudos demonstram que 2 a 9% desses pacientes estão no nível de
abuso ou de dependência de álcool (REID et al., 1999). Além disso, a maior parte da
morbidade e da mortalidade relacionada ao álcool, na população geral, incide sobre
sujeitos não-dependentes, que habitualmente não chegam a procurar serviços
especializados em tratamento de alcoolistas (RIBEIRO et al., 2001).
De acordo com o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA),
homens podem estar sob risco de desenvolverem problemas relacionados com o
uso de álcool, se o consumo exceder 14 doses por semana ou quatro doses por dia
e mulheres, sete doses por semana ou três doses por dia (NIAAA, 2003). Em um
estudo, 20% dos pacientes de locais de APS reportaram níveis de consumo que
excederam essas quantidades. Além disto, 35% dos homens e 16% das mulheres
que participaram desse estudo reportaram intoxicação aguda (embriagues) durante
os 90 dias antes da detecção (FLEMING et al., 1998).
Juntamente com instrumentos validados e adequados de detecção para
álcool e outras drogas, procura-se desenvolver estratégias terapêuticas simples,
acessíveis a profissionais de diversas formações. A Intervenção Breve (IB) surgiu
como uma alternativa, podendo ser utilizada por diferentes profissionais,
despendendo pouco tempo, tanto no atendimento quanto no número de sessões
necessárias para finalizar o processo. Estudos anteriores sugerem que a efetividade
da IB é superior a outras intervenções que demandam maior tempo, principalmente
para o uso de álcool (BABOR; HIGGINS-BIDDLE, 2001; FORMIGONI, 1992).
O ASSIST pode ser associado a uma IB, que consiste em uma orientação
baseada na entrevista motivacional, com duração de 5 a 30 minutos, para ajudar
usuários de risco a diminuir ou parar seu uso de drogas e então evitar os danos
consequentes deste uso. A IB objetiva convencer o indivíduo que seu uso da
substância está colocando-o em risco de saúde, social e/ou financeiro e o encoraja a
reduzir ou parar o uso da droga, imediatamente após a identificação dos seus
problemas atuais ou potenciais decorrentes desse uso (BABOR; HIGGINS-BIDDLE,
2001). As IBs devem ser personalizadas e oferecidas na forma de apoio, sem pré-
julgamento do usuário.
A entrevista motivacional, na qual a IB está baseada, é uma interação do tipo
diretiva, centrada no indivíduo e que objetiva em primeiro lugar identificar o estágio
de comportamento no qual ele se encontra, de acordo com o modelo de mudança

27
proposto por Prochaska e DiClemente, para ajudá-lo a explorar e a resolver suas
ambivalências sobre seu uso da substância e mover-se através dos estágios de
comportamento. Estes estágios propostos no modelo são: pré-contemplação,
contemplação, ação e manutenção, sendo que de acordo com as características
específicas apresentadas pelo indivíduo ele será enquadrado em um dos estágios.
Esse modelo é especialmente útil quando se trabalha com indivíduos nos estágios
de pré-contemplação e contemplação, mas os princípios e as habilidades são
importantes em todos os estágios (MILLER; ROLLNICK, 2002; MILLER; SANCHEZ,
1993; MILLER et al., 1992; PROCHASKA et al., 1992).
Existem evidências substanciais dos benefícios da utilização de instrumentos
de detecção e IB em serviços de APS em países como os Estados Unidos,
Inglaterra e Espanha (BIEN et al., 1993; HEATHER, 1996; WHO BRIEF
INTERVENTION STUDY GROUP, 1996; SENFT et al., 1997; CORDOBA et al.,
1998; MAISTO et al., 2001; MILLER; WILLBOURNE, 2002). Além disto, a eficácia
das IBs, particularmente nos serviços de APS, tem sido sustentada por inúmeros
estudos, revisões sistemáticas e meta-análises (BALLESTEROS et al., 2004;
D'ONOFRIO; DEGUTIS, 2002; MOYER et al., 2001; WHITLOCK et al., 2004).
Senft et al. em 1997, observaram uma redução da frequência do consumo de
álcool em um período de 6 a 12 meses em bebedores problemáticos, com idade
média de 42 anos, que receberam a IB por quinze minutos e materiais explicativos
em serviços de APS. O WHO Brief Intervention Study Group em 1996, demonstrou
também que 5 minutos de simples aconselhamento foram tão efetivos quanto 20
minutos, com usuários de álcool. Além disso, a IB tem se mostrado uma forma
efetiva em relação ao custo para a redução do consumo de álcool e problemas
associados (FLEMING et al., 2000; WUTZKE et al., 2001).
Uma revisão reportou que a existência de intervenção fez com que o
consumo de álcool fosse reduzido em 34% dos participantes do estudo (USPSTF,
2004). E ainda, uma recente meta-análise concluiu que intervenções breves podem
reduzir taxas de mortalidade entre bebedores problemáticos numa estimativa de 23
a 26% (CUIJPERS et al., 2004).
Pesquisas sugerem que a IB pode ser efetiva em serviços de APS para a
redução do uso de outras drogas que não o álcool, se uma intervenção
culturalmente apropriada for desenvolvida. Embora haja uma escassez de estudos

28
analisando a eficácia da IB para outras drogas que não o álcool ou tabaco (DUNN et
al., 2001), alguns resultados sugerem que a IB pode ser útil para usuários de
maconha (LANG et al., 2000; STEPHENS et al., 2000; COPELAND et al., 2001;
DENNIS et al., 2004), benzodiazepínicos (BASHIR et al., 1994), anfetaminas
(BAKER et al., 2001), opiáceos (SAUNDERS et al., 1995), heroína (BERNSTEIN et
al., 2005) e cocaína (STOTTS et al., 2001; BERNSTEIN et al., 2005).
Lang et al., em 2000, estudaram pacientes com problemas decorrentes do
uso de maconha, recrutados em centros de saúde, com idade média de 29 anos.
Esses pacientes receberam IB e manual de autoajuda. Foi observado que metade
dos participantes do estudo reduziu substancialmente a frequência, assim como a
quantidade de uso de maconha, numa avaliação de seguimento por telefone após 1
a 3 meses. Stephens et al. em 2000, concluíram que o uso de maconha e os
problemas decorrentes desse uso foram significativamente reduzidos após um,
quatro, sete, 13 e 16 meses de seguimento em relação à época da detecção em que
os pacientes receberam IB. Outro estudo realizado com usuários de maconha entre
15 e 16 anos, demonstrou efetividade das intervenções para manutenção da
abstinência e recuperação de adolescentes que apresentavam problemas
decorrentes desse uso (DENNIS et al., 2004). Babor et al. em 2004, também
reportaram a eficácia das intervenções em adultos dependentes de maconha.
Bashir et al., em 1994, estudaram pacientes com problemas de uso crônico
de benzodiazepínicos que passaram por poucos minutos de aconselhamento e
receberam material educativo, como parte da visita de rotina médica. Eles
concluíram que aconselhamentos breves em grupo, reduziram significativamente o
uso de benzodiazepínicos, além de ter melhorado o quadro de saúde geral entre 3 e
6 meses após o início da intervenção.
Baker et al., em 2001, estudaram usuários regulares de anfetaminas, entre os
quais alguns usuários de várias drogas, com idade próxima a 30 anos. Estes autores
demonstraram a efetividade da intervenção através da manutenção do período de
abstinência e da redução do uso de anfetaminas em pacientes que receberam IB e
material de autoajuda.

29
FONTE:http://www.elciudadano.gob.ec

Bernstein et al., em 2005, fizeram um estudo de pacientes usuários de


cocaína e heroína, detectados em clínicas médicas de Boston, durante as consultas.
Eles demonstraram que, após terem recebido a intervenção breve, os pacientes
diminuíram seu uso de cocaína em 22,3%, de heroína em 40,2% e ambas as drogas
em 17,4%. Stotts et al., em 2001, que também aplicaram IB em usuários de cocaína,
observaram que este tipo de intervenção incentiva não apenas os pacientes a
procurar tratamento, mas incentiva também aqueles pacientes em desintoxicação e
tratamento a não terem recaída.
Todas essas evidências fundamentaram o estudo da Fase III do Projeto
ASSIST, no qual foi avaliada a eficácia da IB aplicada imediatamente após a
detecção do problema pelo ASSIST em serviços de APS em vários países (Austrália,
Brasil, Estados Unidos e Índia).
Esse estudo corroborou essas evidências para as drogas focalizadas:
cocaína/crack, anfetaminas e opióides, sendo que no Brasil também foi focalizado o

30
álcool, para o qual também a mesma eficácia foi observada (WHO ASSIST
WORKING GROUP, 2008).

5 TRATAMENTO

As pesquisas mostram que combinar medicações que auxiliem na resposta


terapêutica com psicoterapia é a melhor maneira de garantir sucesso para a maioria
dos pacientes.
As abordagens terapêuticas devem ser planejadas para cada paciente,
considerando-se seu padrão de uso, seus problemas médicos relacionados à droga,
tanto orgânicos como psiquiátricos, e seus problemas sociais. A recaída deve ser
sempre considerada, como em outros problemas médicos crônicos.

FONTE:http://www.diariodamanha.com

31
Tratar problemas crônicos envolve mudar profundamente comportamentos
que estão “cristalizados”, ou seja, difíceis de mudar.
A recaída não significa que o tratamento falhou. Para pacientes adictos,
deslizes ou recaídas ao uso da droga demonstram a necessidade de ajustes ou re-
planejamento das estratégias terapêuticas.
As medicações têm um papel importante como suporte terapêutico e podem
ser úteis em diferentes estágios do tratamento, ajudando o paciente a parar de usar,
permanecer em tratamento e evitar a recaída.

5.1 Tratamento da síndrome de abstinência

Quando os pacientes param de usar a droga, eles experimentam uma


variedade de sintomas físicos e emocionais, incluindo depressão, ansiedade, outros
transtornos do humor, inquietação e insônia. Alguns medicamentos atuam nestes
sintomas, tornando mais fácil ficar sem a droga.
Outros atuam substituindo os efeitos das drogas e assim evitando a
manifestação da síndrome de abstinência, como por exemplo, o uso de adesivos de
nicotina para manter os níveis plasmáticos desta substância.

5.2 Permanecer em tratamento

Alguns medicamentos são usados para auxiliar o cérebro a se adaptar


gradualmente à ausência da droga. Essas medicações agem diminuindo o craving
ou diminuindo as propriedades reforçadoras das drogas.
Elas podem ajudar os pacientes a acompanhar a psicoterapia minimizando os
efeitos da urgência em usar a droga e a compreender as mudanças que ocorreram e
as que devem ainda ocorrer no seu sistema nervoso central.

32
5.3 Prevenção da recaída

A ciência tem demonstrado que o estresse, as pistas relacionadas à droga e a


exposição às drogas acionam o gatilho da recaída. Alguns medicamentos ajudam a
enfrentar essas situações e ajudam a remodelar o aprendizado sem a droga. Muitas
substâncias estão sendo investigadas para esse propósito.
A psicoterapia da adição ajuda os pacientes a modificar seus
comportamentos e atitudes em relação às drogas e promove o treinamento de
habilidades para enfrentar situações estressantes e as pistas ou estímulos
relacionados à droga que podem desencadear o craving ou compulsão pela droga
levando à recaída. A psicoterapia também aumenta a aderência à medicação e
ajuda os pacientes a permanecer em tratamento por períodos mais longos.
Os princípios das psicoterapias que funcionam incluem:
 Aumentar o valor da saliência de reforçadores naturais (inclusive
suporte social);
 Fortalecer o controle inibitório e a função executora;
 Diminuir respostas condicionadas através de monitoramento e
enfrentamento.
As principais modalidades de psicoterapia que funcionam baseadas em
evidências científicas são:
 Terapia cognitiva comportamental - objetiva ajudar o paciente a
reconhecer, evitar e enfrentar as situações nas quais provavelmente
ele usaria as drogas.
 Terapia com incentivos motivacionais - utiliza reforços positivos, como
fornecer recompensas (até em dinheiro) ou privilégios, para se manter
sem droga, para frequentar e participar de sessões de aconselhamento
ou para tomar os medicamentos como foram prescritos.
 Entrevista motivacional - emprega estratégias para evocar rápidas
mudanças de comportamento motivadas internamente para parar de
usar a droga e para facilitar a entrada num tratamento mais
prolongado.
 Terapia de grupo - ajuda os pacientes a encarar seu abuso de droga de
maneira realística, identificando-se com outros usuários e percebendo
33
os problemas enfrentados por ele e pelos outros participantes. Os
pacientes aprendem com a experiência dos outros, formas de resolver
seus problemas emocionais e interpessoais. Funciona como uma rede
de apoio e para alguns pacientes promove a continuidade da
abstinência.

FONTE:http://www.diariodamanha.com

Nenhuma destas modalidades psicoterapêuticas nem tampouco as


medicações auxiliares funcionam para todos os indivíduos e de maneira totalmente
eficiente. O importante é garantir diferentes abordagens terapêuticas para que os
diferentes indivíduos se adaptem e usufruam delas. Além disso, o tema não está
elucidado ainda, e assim novas abordagens devem ser investigadas e incentivadas
para que o problema das drogas tenha resolutividade num futuro próximo.
Por enquanto, a melhor estratégia é a PREVENÇÃO.

34
6 USO DO CANABIDIOL

FONTE:http://blogelseviersaude.elsevier.com.br

O Canabidiol é o nome de um medicamento feito com Maconha. Um dos


principais componentes é deste remédio é a planta Cannabis sativa, a maconha,
que, segundo alguns estudos, poderá ser utilizado para fazer remédios que ajudam
no tratamento de alguns problemas de saúde, como ansiedade, insônia, epilepsia,
dor neuropática e crises convulsivas, por exemplo.
Geralmente, a maconha é mais conhecida pela sua ação psicótica e viciante.
Porém, o Canabidiol (CBD) tem uma ação contrária, podendo ser utilizado com
poucos efeitos colaterais.

6.1 Onde comprar Canabidiol

35
Os remédios com Canabidiol na composição não são vendidos nas farmácias
e, por isso, quando o médico considera a necessidade de utilizar o composto no
tratamento de alguma doença, deve fazer um pedido especial à Anvisa para que
autorize a importação do remédio para esse caso em específico.

6.2 Efeitos do Canabidiol

Os efeitos do Canabidiol ainda não são completamente conhecidos, no


entanto, no Brasil, alguns remédios com a substância já foram utilizados devido às
suas propriedades ansiolíticas e anticonvulsivantes para tratar epilepsia, sob
supervisão da Anvisa.
No entanto, estudos em animais também demonstraram que o Canabidiol tem
ação antipsicótica, neuroprotetora e anti-inflamatória que pode servir para ajudar no
tratamento de outras doenças, como Mal de Parkinson, Esquizofrenia ou Autismo,
por exemplo.
Segundo a Anvisa, ainda devem ser feitos mais estudos sobre o Canabidiol
para confirmar os seus benefícios, definir os seus efeitos colaterais e esclarecer as
dosagens, permitindo a legalização do produto no Brasil.

7 RESOLUÇÃO CFM Nº 2.113/2014

(Publicada no D.O.U., 16 de dezembro de 2014, seção I, p. 183)

Aprova o uso compassivo do canabidiol para o tratamento de

epilepsias da criança e do adolescente refratárias aos tratamentos

convencionais.

36
O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas pela

Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, alterada pela Lei nº 11.000, de 15 de

dezembro de 2004, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958,

e;

CONSIDERANDO que, nos termos do inciso II dos Princípios Fundamentais do

Código de Ética Médica, o alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser

humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua

capacidade profissional;

CONSIDERANDO que, na história da Medicina e da Farmácia, o uso empírico de

extratos vegetais no tratamento de inúmeras doenças humanas evoluiu para o

isolamento e a síntese de princípios ativos terapêuticos, e que estes, submetidos a

ensaios clínicos cientificamente controlados, podem expressar o seu perfil de

eficácia e tolerância;

CONSIDERANDO que a Cannabis sativa contém, dentre seus inúmeros

componentes, ora designados canabinoides, o canabidiol (CBD) e que este pode ser

isolado ou sintetizado por métodos laboratoriais seguros e confiáveis;

CONSIDERANDO que um reduzido número de estudos tem demonstrado ação

terapêutica do canabidiol em crianças e adolescentes com epilepsia refratária aos

tratamentos convencionais, embora até o momento sem resultados conclusivos

quanto à sua segurança e eficácia sustentada, o que exige a continuidade de

estudos;

CONSIDERANDO a ausência de critérios padronizados para o uso medicinal do

canabidiol e a inexistência de critérios mínimos para o seu uso compassivo e,

portanto, há necessidade de autorização do CFM para tal fim;

37
CONSIDERANDO a necessidade de controle tanto dos pacientes quanto dos

médicos envolvidos com a terapêutica compassiva do uso do canabidiol;

CONSIDERANDO o artigo 7º da Lei nº 12.842, de 10 de julho de 2013, que confere

ao Conselho Federal de Medicina a competência para editar normas para definir o

caráter experimental de procedimentos em medicina no Brasil, autorizando ou

vedando a sua prática pelos médicos;

CONSIDERANDO a Resolução CFM nº 1.982, de 27 de fevereiro de 2012, que

normatiza a aprovação de novos procedimentos e terapias no Brasil pelo CFM;

CONSIDERANDO, finalmente, o que ficou decidido na Sessão Plenária do Conselho

Federal de Medicina realizada em 30 de outubro de 2014,

RESOLVE:

Art. 1º Regulamentar o uso compassivo do canabidiol como terapêutica médica,

exclusiva para o tratamento de epilepsias na infância e adolescência refratárias às

terapias convencionais;

Art. 2° Restringir a prescrição compassiva do canabidiol às especialidades de

neurologia e suas áreas de atuação, neurocirurgia e psiquiatria;

Parágrafo único. Os médicos prescritores do uso compassivo de canabidiol

deverão ser previamente cadastrados no CRM/CFM especialmente para este fim

(anexo I);

Art. 3° Os pacientes submetidos ao tratamento compassivo com o canabidiol

deverão ser cadastrados no Sistema CRM/CFM para o monitoramento da segurança

e efeitos colaterais. (Anexos II e III);

§ 1º Os pacientes submetidos ao tratamento com o canabidiol deverão preencher os

critérios de indicação e contraindicação para inclusão no uso compassivo e doses

adequadas a serem utilizadas (anexo IV).

38
§ 2º Os pacientes submetidos ao tratamento compassivo com o canabidiol, ou seus

responsáveis legais, deverão ser esclarecidos sobre os riscos e benefícios

potenciais do tratamento por Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

(Anexo V);

Art. 4º É vedado ao médico a prescrição da cannabis in natura para uso medicinal,

bem como quaisquer outros derivados que não o canabidiol;

Parágrafo único. O grau de pureza do canabidiol e sua forma de apresentação

devem seguir as determinações da Anvisa.

Art. 5° Esta resolução deverá ser revista no prazo de 2 (dois) anos a partir da data

de sua publicação, quando deverá ser avaliada a literatura científica vigente à

época;

Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data da sua publicação.

Brasília, 30 de outubro de 2014.

CARLOS VITAL TAVARES CORRÊA LIMA / HENRIQUE BATISTA E SILVA

Presidente Secretário-Geral

8 RESOLUÇÃO CFM Nº 2.113/14 CFM REGULAMENTA O USO DO


CANABIDIOL NO TRATAMENTO DE EPILEPSIA

O uso compassivo do canabidiol (CBD), um dos 80 derivados canabinoides

da cannabis sativa, foi autorizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para

crianças e adolescentes portadores de epilepsias refratárias a tratamentos


39
convencionais. A decisão faz parte da Resolução CFM nº 2.113/2014,

encaminhada para publicação no Diário Oficial da União (DOU) nesta quinta-

feira (11). A regra, que detalha os critérios para emprego do CBD com fins

terapêuticos no País, veda a prescrição da cannabis in natura para uso medicinal,

bem como de quaisquer outros derivados, e informa que o grau de pureza da

substância e sua apresentação seguirão determinações da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (Anvisa).

O plenário do CFM apenas aprovou a Resolução 2.113/14 após profunda

análise científica, na qual foram avaliados todos os fatores relacionados à

segurança e à eficácia da substância. A avaliação de vários documentos

confirmou que ainda não há evidências científicas que comprovem que os

canabinoides são totalmente seguros e eficazes no tratamento de casos de

epilepsia.

Assim, a regra restringe sua prescrição – de forma compassiva - às situações

onde métodos já conhecidos não apresentam resultados satisfatórios. O uso

compassivo ocorre quando um medicamento novo, ainda sem registro na Agência

Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), pode ser prescrito para pacientes com

doenças graves e sem alternativa terapêutica satisfatória com produtos registrados

no país. A decisão do CFM deverá ser revista em dois anos, quando serão avaliados

novos elementos científicos. “O CFM age em defesa da saúde dos pacientes, o que

exige oferecer-lhes abordagens terapêuticas confiáveis.

No caso do canabidiol, até o momento, os estudos realizados em humanos

têm poucos participantes e não são suficientes para comprovar sua segurança e

efetividade. Diante desse quadro, é importante desenvolver urgentemente pesquisas

que possam vir a fornecer evidências robustas, de acordo com as normas

40
internacionais de segurança, efetividade e aplicabilidade clínica do CBD”, ressaltou o

presidente do CFM, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima. Cadastro em sistema - A

Resolução ainda estabelece que apenas as especialidades de neurologia e suas

áreas de atuação, de neurocirurgia e de psiquiatria estão aptas a fazer a prescrição

do canabidiol, sendo que os médicos interessados em o recomendar devem estar

previamente cadastrados em plataforma online desenvolvida pelos Conselhos de

Medicina.

Os pacientes que realizarem o tratamento compassivo com a substância

também deverão ser inscritos no sistema. Esse cuidado permitirá o monitoramento

do uso para avaliar a segurança e possíveis efeitos colaterais da medicação. Além

de cadastrado, o paciente submetido ao tratamento compassivo com o canabidiol

(ou seus responsáveis legais) deverá ser informado sobre os problemas e benefícios

potenciais do tratamento. Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

terá de ser apresentado e assinado pelos interessados. No documento, entre outros

pontos, o paciente reconhece que foi informado sobre as possíveis opções de

tratamento e que, de forma autônoma, optou pelo CBD. Também admite ciência de

que o canabidiol não é isento de riscos ou agravos à saúde.

Entre os efeitos indesejáveis mais conhecidos, até o momento, estão

sonolência, fraqueza e alterações do apetite. Não são descartadas outras reações,

como alergias. “Com a resolução, o CFM se manifesta defensor das pesquisas com

quaisquer substâncias ou procedimentos para combater doenças, desde que regidos

pelas regras definidas pelo Sistema de Ética em Pesquisa (CEP/CONEP) e

desenvolvidos em centros acadêmicos de pesquisa. A aplicação do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido é fundamental como maneira de expressar o

41
respeito à autonomia dos pacientes e de ressaltar as obrigações dos médicos e

pesquisadores”, salientou Emmanuel Fortes Cavalcante, 3º vice-presidente do CFM.

Critérios para uso - Para serem submetidos ao tratamento com o canabidiol,

os pacientes deverão preencher critérios de indicação e contraindicação. Isso

permitirá o uso compassivo da substância em doses adequadas. A seleção levará

em conta a resistência da criança ou do adolescente aos tratamentos convencionais,

segundo definição proposta pela International League Against Epilepsy (ILAE).

Em síntese, significa que no tratamento do transtorno tem havido falha de

resposta com dois anticonvulsivantes tolerados e apropriadamente usados para

alcançar remissão de crises de modo sustentado. “A epilepsia é um distúrbio

cerebral que acomete em torno de 1% da população mundial, prejudicando

gravemente a qualidade de vida e podendo provocar danos cerebrais,

especialmente no período de desenvolvimento. Há indícios de que, dentre os

pacientes refratários a tratamento, se encontra um grupo específico, correspondente

às epilepsias da infância e da adolescência, tais como as encontradas nas

Síndromes de Dravet, Doose e Lennox-Gastaut”, explicou o 1º vice-presidente do

CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro. O protocolo para uso do canabidiol prevê, ainda,

que deverá ser utilizado em adição às medicações que o paciente vinha utilizando

anteriormente. Ou seja, ele não deve substituir completamente outros

medicamentos, devendo ser administrado de forma associada. A dose mínima, por

via oral, será de 2,5 mg por quilo, divididas em duas vezes ao dia. O médico poderá

ajustar a recomendação e aumentá-la, segundo os parâmetros previstos na

Resolução CFM nº 2.113/14.

O CFM recomenda que o médico assistente fique atento às possíveis

interações medicamentosas com o uso do CBD. A autarquia determina também que,

42
após a introdução do canabidiol, o profissional responsável deverá encaminhar ao

Conselho Federal, por via eletrônica, relatório de acompanhamento com uma

periodicidade de quatro a seis semanas (no primeiro ano) e de 12 semanas após

esse período.

Contribuição com debate - Com a publicação da Resolução nº 2.113/14, o

CFM oferece importante contribuição ao debate quanto à liberação da importação do

canabidiol, tema discutido no âmbito da Anvisa, que é a autoridade federal que

registra produtos e substâncias para uso em pesquisa ou comercial, obedecendo a

rigorosos critérios de segurança. O canabidiol circula entre as substâncias vetadas

pela Agência, no Brasil. Em maio, uma reunião da Diretoria Colegiada da Anvisa se

discutiu se o CBD seria retirado da lista de substâncias de uso proscrito para entrar

na de substâncias de controle especial (comercializado com receita médica, em

duas vias). Porém, um dos diretores pediu vistas do processo, adiando a decisão.

Contudo, a Anvisa já permite a importação do CBD mediante prescrição e laudo

médico, termo de responsabilidade e formulário de solicitação de importação para

remédios controlados.

Diferença com maconha – O canabidiol (CBD) é um dos 80 canabinoides

presentes na planta cannabis sativa e não produz os efeitos psicoativos típicos da

planta. Ou seja, não se pode confundir o uso medicinal de ‘canabinoides’ com o uso

do produto in natura. Por isso, na Resolução 2.113/14, o CFM veda sua prescrição

para tratamento de doenças. Apesar da liberação do uso do canabidiol no país, o

Conselho Federal de Medicina reitera sua posição contrária sobre a

descriminalização e a legalização das “cannabis indica e sativa” e seu consumo

“recreativo”. Esta posição está alinhada com a postura da autarquia com relação às

políticas de combate ao tabagismo e alcoolismo e ao seu compromisso com a

43
defesa do bem-estar de todos. “Nós, médicos, estamos preocupados com a da

saúde da população. Existem substâncias da cannabis sativa que têm propriedades

medicinais, para essas nós somos favoráveis que sejam pesquisadas em centros

adequados. Não apoiamos a liberação para uso recreativo, pois sabemos o tanto

que substâncias psicoativas fazem mal à saúde”, defende o psiquiatra Salomão

Rodrigues, conselheiro federal por Goiás.

Confira os principais destaques da Resolução CFM nº 2.113/14 -

Aprovação: Está autorizado o uso compassivo do canabidiol no tratamento de

epilepsias em criança e adolescentes que sejam refratárias aos tratamentos

convencionais.

Restrito aos especialistas: Apenas as especialidades de neurologia e suas

áreas de atuação, de neurocirurgia e de psiquiatria poderão prescrever o canabidiol.

 Cadastro: Os médicos prescritores deverão ser previamente


cadastrados em plataforma online criada pelo Conselho Federal de
Medicina para este fim. O mesmo deverá ocorrer com os pacientes.
 Pré-requisito: Para receber a prescrição, o paciente necessita
preencher os critérios de indicação e contraindicação para inclusão no
uso compassivo.
 Acompanhamento: Os pacientes submetidos ao tratamento com o
canabidiol deverão ser acompanhados, de acordo com relatórios
enviados pelos médicos prescritores.
 Esclarecimento: Os pacientes, ou seus responsáveis legais, deverão
ser informados sobre os riscos e benefícios potenciais e assinar Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
 Proibição: A regra veda a prescrição da cannabis in natura para uso
medicinal, bem como quaisquer outros derivados, que não o
canabidiol. O grau de pureza da substância e sua apresentação
seguirão determinações da Anvisa.

44
 Revisão: A decisão do CFM deverá ser revista em dois anos, quando
serão avaliados novos elementos científicos.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, R. N. Psicofarmacologia Fundamentos práticos. Guanabara Koogan,

2006.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA) - Manual diagnóstico e

estatístico de transtornos mentais - DSM - IV. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

BALLONE, G. J. Dependência Química e Transtornos da Personalidade. In:

PsiqWeb Psiquiatria Geral, 2001. Disponível

em:<http://sites.uol.com.br/gballone/psicossomatica/drogas4.html >. Acesso em: 10

set. 2010.

BERLINGUER, G. Ética da prevenção. Em: Ética da saúde. 1.ed. São Paulo:

Hucitec, 1996.

BRASIL. Lei n. 11.343 de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de

Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad e dá outras providências. Disponível em:

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11343.htm Acesso em: 10

set. 2010.

45
BRASIL. Ministério da Saúde. A Política do Ministério da Saúde para Atenção

Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas. Brasília: Ministério da Saúde,

2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Relatório de Gestão

2003-2006: saúde mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de

atenção. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos

Administrativos. Coordenação-Geral de Documentação e Informação. Centro

Cultural da Saúde. Memória da loucura: apostila de monitoria. Brasília: Ministério

da Saúde, 2004.

BUCHER, R. Prevenindo contra as drogas e DST/AIDS: populações em

situação de risco. Ministério da Saúde, Brasília, 1995.

CARLINI EA, CARLINI-COTRIM BHRS, SILVA FILHO AR. Sugestões para

programas de prevenção ao abuso de drogas no Brasil. EMP/CEBRID, São

Paulo, 1990.

CARLINI, E. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; et al. II Levantamento

Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo

as 108 maiores cidades do país - 2005 / Supervisão E. A. Carlini; Coordenação Jose

Carlos F. Galduroz; Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), 2007.

46
CARLINI, E. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; NAPPO, S. A. I Levantamento

Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil. Centro Brasileiro de

informações sobre drogas (CEBRID)/ Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas

(SENAD), 2002.

FORMIGONI, M. L. O. S. A Intervenção Breve na Dependência de Drogas. A

Experiência Brasileira. Contexto, São Paulo, 1992.

GALDURÓZ JCF, NOTO AR, FONSECA AM, CARLINI EA. V levantamento sobre

o uso de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino médio da rede

pública de ensino nas 27 capitais brasileiras - 2004. CEBRID/Escola Paulista de

Medicina; São Paulo. 2004.

GALDURÓZ, J. C. F.; CARLINI, E. A.; NOTO, A. R.; NAPPO, S. A. I Levantamento

domiciliar nacional sobre o uso de drogas psicotrópicas. Parte A: estudo

envolvendo as 24 maiores cidades do estado de São Paulo - São Paulo:

CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre drogas Psicotrópicas: UNIFESP -

Universidade Federal de São Paulo, 2000.

GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; CARLINI, E. A. IV Levantamento de uso de

drogas psicotrópicas em estudantes brasileiros - 1997. CEBRID - Centro

Brasileiro de Informações sobre drogas Psicotrópicas: UNIFESP - Universidade

Federal de São Paulo, 1997.

47
GONÇALVES, P. S. Avaliação das Barreiras para Implementação do Projeto

Detecção Precoce e Intervenção Breve para o Uso de Risco de Drogas na

Atenção Primária à Saúde em Curitiba - PR. 74f. Dissertação (Mestrado em

Farmacologia) - Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná.

Curitiba, 2005.

GORENSTEIN, C.; ANDRADE, L. H. S. G.; ZUARDI, A. W. Escalas de Avaliação

Clínica em Psiquiatria e Farmacologia. São Paulo, Lemos, 2000.

HENRIQUE, I. F. S.; MICHELI, D.; LACERDA, R. B.; LACERDA, L. A.; FORMIGONI,

M. L. O. S. Validação da versão brasileira do teste de triagem do envolvimento com

álcool, cigarro e outras substâncias (ASSIST). Revista da Associação Médica

Brasileira. 50(2), p. 1-8, 2004.

HENRIQUE, Iara Ferraz Silva et al. Validação da versão brasileira do teste de

triagem do envolvimento com álcool, cigarro e outras substâncias (ASSIST).

Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2004, vol.50, n.2, pp. 199-206. ISSN 0104-4230.

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n2/20784.pdf Acesso em: 20 set.

2010.

HUMENIUK, R.; POZNYAK, V. ASSIST Teste de triagem para álcool, tabaco e

substâncias: guia para uso na atenção primária à saúde: Versão preliminar 1.1 /

Rachel Humeniuk; Vladmir Poznyak; tradução Telmo Mota Ronzani; supervisão da

tradução Maria Lucia O. Souza Formigoni, Roseli Boerngen de Lacerda; revisão

Úrsula Bueno do Prado Guirro. São Paulo: OMS, 60p, 2004.

48
IMESC. Info Drogas. Disponível em www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/tipoprev.htm.

Acesso em 11/05/2006.

LACERDA, Roseli Boerngen de. As drogas na sociedade: Informações sobre as

drogas psicotrópicas: ações e efeitos no organismo, neurobiologia da adição, bases

do tratamento e prevenção Disponível em:

http://www.mp.go.gov.br/drogadicao/htm/drg_art01.htm Acesso em: 22 set. 2010.

LESSA, M. B. M. F. Os paradoxos da existência na história do uso das drogas.

1998. Disponível em http://www.ifen.com.br/artigos.htm. Acesso em 31/01/2006.

LIMA E, AZEVEDO RCS. Programa de prevenção ao uso de substâncias

psicoativas lícitas e ilícitas na Unicamp. Disponível em

www.prdu.unicamp.br/vivamais/Projeto.pdf. Acesso em 11/05/2006.

MÉNDEZ, E. B. Uma Versão Brasileira do AUDIT (Alcohol Use Disorders

Identification Test). Dissertação (Mestrado em Medicina Social) - Faculdade de

Medicina, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1999.

PINHO, Paula Hayasi; OLIVEIRA, Márcia Aparecida de; ALMEIDA, Marilia

Mastrocolla de. A reabilitação psicossocial na atenção aos transtornos associados

ao consumo de álcool e outras drogas: uma estratégia possível?. Rev. psiquiatr.

clín. [online]. 2008, vol.35, suppl.1, pp. 82-88. ISSN 0101-6083

http://www.scielo.br/pdf/rpc/v35s1/a17v35s1.pdf Acesso em: 21 set. 2010.

49
PLATONOW, Vladimir. Estudo recomenda que Brasil invista mais no

atendimento a usuários de droga. Agência Brasil, 2009.

RIBEIRO, M. S. Alcoolismo, Personalidade e Transtornos de Personalidade:

possibilidades diagnósticas e tipológicas. Medicina 32(Supl 1), p. 17-25, 1999.

RIBEIRO, M. S.; ALVES, M. J. M.; FREITAS, P. S. C.; MARRA, A. C.; MENDONÇA,

E. B.; LINHARES, F. F.; CRESPO, F. L. Validação de Instrumentos de

Rastreamento e Estudo da Prevalência do Alcoolismo no Hospital Geral.

Relatório final do Programa de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC/CNPq, 2001.

RIBEIRO, M. S.; TEIXEIRA, L. S.; ALVES, M. J. M.; CASTRO, L. S. Alcoolismo e

MMPI: Escala de MacAndrew e perfil de personalidade. Rev bras Neurol, 34(5), p.

181-192, 1998.

RIBEIRO, M. S.; TEIXEIRA, L. S.; ALVES, M. J. M.; CASTRO, L. S. Aplicabilidade e

motivos de invalidação do MMPI em abusadores e dependentes de etílicos. Rev

bras Neurol 34(6), p. 209-218, 1998.

RIBEIRO, M. S.; TEIXEIRA, L. S.; ALVES, M. J. M.; RONZANI, T. M. Construção e

validação de escalas para identificação de alcoolistas derivadas do MMPI. Rev bras

Neurol 36(2), p. 57-66, 2000a.

RIBEIRO, M. S.; TEIXEIRA, L. S.; ALVES, M. J. M.; RONZANI, T. M.

Desenvolvimento e validação de instrumentos de rastreamento de alcoolistas a partir

50
de dados de personalidade: resultados preliminares. Rev bras Neurol, 36(4), p. 119-

125, 2000b.

RIBEIRO, M. S.; TEIXEIRA, L. S.; ALVES, M. J. M.; RONZANI, T. M. A utilidade de

escalas derivadas de instrumento de avaliação de personalidade na identificação do

uso disfuncional de substâncias psicoativas. HU-Rev, 26(2/3), p. 253-258, 2002.

RONZANI, T.M.; RIBEIRO, M.S.; AMARAL, M.B.; FORMIGONI, M.L.O.S.

Implementação de rotinas de rastreamento do uso de risco de álcool e de uma

intervenção breve na atenção primária à saúde: dificuldades a serem superadas.

Cad Saúde Pública, v.21, p.109-118, 2005.

SEIBEL, S. D.; TOSCANO, A. Dependência de Drogas. São Paulo: Atheneu, 2001.

SENAD. Prevenção - Prioridades na área de prevenção. Disponível em

www.senad.gov.br/paginas/prevencao.htm. Acesso em 21 set 2010.

SHINYASHIKI, R. Pais e filhos, companheiros de viagem. São Paulo: Gente,

1992.

TIBA, I. Anjos Caídos: Como prevenir e eliminar as drogas na vida do

adolescente. São Paulo: Gente, 1999.

YAMADA, Renato Kenji. A Prevenção do Uso de Drogas que Causam

Dependência e as Novas Tendências Relativas à Política Nacional de Drogas.

Florianópolis: UFSC, 1999.

51

Você também pode gostar