Você está na página 1de 13

synaptique

Cartografia colonial do São


Francisco 2
No post anterior sobre a cartografia colonial do Rio São Francisco, os mapas
utilizados não mostravam muita coisa do interior das terras, sendo basicamente
limitadas ao litoral. As informações encontradas remontavam, no melhor dos
casos, algumas dezenas de milhas marinas, e a partir da atual cachoeira de
Paulo Alfonso, todos ficavam confusas.

O mapa desenhado por Louis Stanislas d’Arcy de la Rochette e publicado por William Faden em
1807 mostra uma outra realidade. Destinado a fazer parte de um atlas mundial e baseado em
relatos oficiais, a América do Sul é representada em oito folhas. A quarta folha representa boa
parte do Brasil, do Mato Grosso para o leste, e do Ceará até o Espírito Santo.

William Faden, Londres, 1807 (ver original)

« Colombia Prima / or / South America / In which it has been attempted to


delineate the Extent of our Knowledge of that Continent / Extracted chiefly /
from the original manuscript maps of / His Excellency the Late Chevalier Pinto /
likewise from those of João Joaquim da Rocha, João da Costa Ferreira / El
Padre Francisco Manuel Sobrevida / and from the most authentic edited
account of those countries / Digested and constructed / by the late eminent and
learned geographer / Louis Stanislas d’Arcy de la Rochette / London /
Published by William Faden / Geographer to His Majesty and to His Royal
Highness the Prince of Wales, June 4th 1807. » Colombia Prima ou América do
Sul, na qual foi tentado delimitar o nosso conhecimento deste continente.
Extraído principalmente dos mapas manuscritos originais da Sua Excelência o
falecido Cavaleiro Pinto, bem como dos mapas de João Joaquim da Rocha,
João da Costa Ferreira, El Padre Francisco Manuel Sobrevida, e dos mais
autênticos relatos publicados sobre estes países. Reunido e elaborado por o
falecido eminente e culto geógrafo Louis Stanislas d’Arcy de la Rochette.
Londres. Publicado por William Faden, geógrafo de Sua Majestade e de sua
Real Alteza o Príncipe de Gales, 4 de Junho de 1807.

Uma nota de advertência segue com mais referências para os mapas e as


fontes que foram utilizadas na elaboração do mapa, redigida por William
Faden. Os principais foram possivelmente fornecidos por Luis Pinto de Sousa
Coutinho, Visconde de Balsemão, que foi governador da capitania de Mato
Grosso entre 1769 e 1772. Está mencionado numa missão diplomática em
Londres em 22 de dezembro de 1792 (Dantas da Cruz 2008: 26). João
Joaquim da Rocha foi engenheiro militar e serviu em Minas Gerais. São
conhecidos diversos mapas, datando entre 1777 e 1798. Trabalhou para o
então Governador da Capitania, Rodrigo de Sousa Coutinho – provavelmente
parente do primeiro (Furtado 2010). João da Costa Ferreira, outro engenheiro militar,
trabalhou na capitania de São Paulo, onde morreu em 1822. O Padre Francisco Manuel
Sobrevida, por outro lado, foi utilizado para as partes referentes ao Peru.
William Faden, Londres, 1807 (ver original)

Existem relações, contudo, entre o trabalho de Guillaume de l’Isle, um século


antes, e este mapa. Algumas pequenas descrições, ou partes delas, podem ter
sido importadas:

« Obacatiaras / a Small Nation of Hunters & Fishermen / who dwell chiefly / in


the Islands of R. S. Francisco » (Faden 1807) e « Obacatiares / habitans dans
les / Isles et aux environs / de la R. St. Francois » (De L’Isle 1703)
« Mariquites / a Ferocious Wandering Nation of Cannibals » (Faden 1807) e «
Mariquites / peuples / errans » (De L’Isle 1703)

No entanto, De La Rochette e Faden oferecem uma quantidade enorme de


detalhes concernente o interior, que De L’Isle, na sua época, provavelmente
não tinha a disposição. Com as informações das Minas Geraes [sic], o curso do
Rio São Francisco é muito detalhado da Serra da Canastra até a Villa do
Urubu. Mais ao nordeste, apesar dos largos espaços vazios, foram
incrementadas novas informações.
A atual Serra do Espinhaço, incluindo a sua parte baiana, a Chapada
Diamantina, recebe os nomes de Serra de Mangaveira (a palavra Chappada
aparece num mapa de 1828, desenhado por Sidney Hall – hoje, a Serra da
Mangabeira está limitada ao noroeste, a partir de Seabra). Mais ao norte,
continua como Serra do Salitre, na bacia do rio que hoje tem o mesmo nome.
Ao redor, estão indicadas a Serra da Lapa, a Serra de Tabatinga, a Serra de
Piauhi e a Serra do Aracau ou dos Aracuyas.

Nesta região, diversos afluentes do São Francisco estão mencionados: Rio das
Correntes, Rio Para-merim, Rio Grande, Rio Preto, Rio do Pilão Arcado e Rio
Verde. Cidades tem nomes antigos ou grafias alteradas: desde a Villa do Urubu
(Paratinga), encontra-se a Villa do Rio Grande (Barra), Santoce (Sento Sé),
Villa da Jacobina (Jacobina), Passaje, Frexas, João Carneiro, Campo Largo e
Joazeiro (Juazeiro), João Ribeiro e Saldenha.

Três missões, fundadas pelos capuchinos franceses no século XVII, são também mencionadas,
duas delas em ilhotes: Missam do Salitre, Missam do Rey Matracia e Missam do Aracapa.
William Faden, Londres, 1807 (ver original)

Interesse também notar que os Tapuyas, antigamente inseridos na região logo


ao norte do São Francisco, foram recuados mais para o norte, na Capitania do
Piaui, cujo nome eles portam:

« Piauhis / called in the maps Ta-puyas / whose language / divided in many


dialects / is the most common in Brasil » Piauhis, chamados de Ta-puyas nos
mapas, cuja língua, dividia em numerosos dialetos, é a mais comum do Brasil.

No seu lugar, aparecem os Aracuyas, do outro lado da Serra do mesmo nome.

« Aracuyas / a Numerous Nation very little Known / they live chiefly on Tigers
Flesh and are remarkable / for the Ornaments which hang from their / Ears,
their Lips and their Pudenda » Aracuyas, uma nação numerosa pouco
conhecida. Eles vivem basicamente de carne de onça e são remarcáveis pelos
ornamentos que penduram em seus ouvidos, lábios e partes íntimas.

A informação foi visivelmente tirada da obra do Padre Giandomenico Coleti,


Dizionario Storico Geografico dell’America Meridionale, publicado em Veneza, em
1771, e que menciona também a carne de tigre [sic].

« Aracuyes (Aracuites, Aracuntii) N.B. poco conosciuta nel Brasile nelle selve a
Ponente di Pernambuco. Solamente si sa, ch’ è numerosa, vagabonda, e che si
pasce con especial gusto della carne delle tigri . Vanno tutti nudi, e dalle
orecchie, dalle labbra, e dal prepuzio portano pendenti alcune tavolette di figura
ovale per aggiunger bellezza , e grazia. Si dipingono tutto il corpo di rosso e
giallo , e nella tetta, nelle braccia, e nelle gambe portano legate le penile degli
uccelli di più colori . Le loro armi sono le frecci, e le macane, cioè grosse mazze
di pesantissimo legno. » Aracuyes (Aracuites, Aracuntii) Nação bárbara pouco
conhecida do Brasil, que habita ao oeste de Pernambuco. Apenas se sabe que
é numerosa, vagabunda, e que se alimenta com um gosto especial da carne de
onça. Vão inteiramente nudos, e nos seus ouvidos, lábios e prepúcio, portam
pendentivos de forma oval para aumentar a beleza e a graça. Eles pintam o
corpo inteiro com vermelho e amarelo, e no peito, nos braços e nas pernas
portam as penas dos pássaros os mais coloridos. Suas armas são as flechas e
a macana, que é uma maça de madeira pesada.

O nome do Padre Giandomenico Coleti está escrito no próprio mapa de Faden,


do lado da Serra do Piauhi, com a simbologia de um lago e a menção
“According to Padre Coleti”. Um outro mapa, publicado em 1816 por Brue,
complementa dizendo “Lac selon le Padre Coleti”. No entanto, não parece que
haja referência a um lago nesta área no livro do Italiano, e pode ser um
exemplo de localização.

Enfim, existe a menção de duas estradas indígenas. A primeira, chamada


“Indian Road followed by the Traders” liga Oeiras a Saldenha, no Rio São
Francisco. A segunda, “Indians and Traders Road”, vai de Saldenha em direção
à Vila de Ico, na Capitania do Seara. Enfim, um terceiro trecho aparece, a
pouca distância de Saldenha, na altura do Rio Verde, partindo para o leste,
com a nota “Indian Road to Pernambuco which has been followed by some
Missionaries.” É provável que estes missionários sejam jesuítas ou padres
capuchinos, como Martin e Bernard de Nantes, que permaneceram durante
anos nas Missões do São Francisco. Bernard, por exemplo, escreveu uma
Catequese em Língua Kariri, publicado em Lisboa em 1709. Na sua Relation
succinte et sincère, Martin declarava:

« Je ne soumets pas à Votre Grandeur une description exacte du fleuve de


Saint-François, ni des Indiens qui habitent sur ces rivages: le Père François de
Lucé en a fait une fort exacte. » Eu não submito à sua Grandeza uma descrição
exata do rio de São Francisco, nem dos Índios que moram nestas margens: o
Padre François de Lucé fez uma muito exata.

A Relação de François de Luce, infelizmente, não parece ter sobrevivido até


hoje. Que pena.
 Home
 Análises
o Toca da Figura

o Toca do Pepino

 Tutoriais
o GRASS

o NodeXL

o R

 Sobre
 Flux RSS
synaptique

Cartografia colonial do São


Francisco
A cartografia colonial do Rio São Francisco mostra diversas configurações
fluviais, que evoluem no tempo. Estão ligadas à evolução do conhecimento do
território e, sobretudo, do interior das terras, que era sempre dependente de
novas expedições (armadas ou não).

Uma particularidade está registrada num mapa inglês datando de 1747, em


plena guerra de sucessão austríaca (uma história assombrosa de herança com
dimensões continentais, como os Habsburgos gostavam). « A very new and
accurate map of Brasil » foi realizada por Emanuel Bowen (1714-1769),
cartógrafo real de Jorge II, a partir de cartas e mapas muito conceituadas e de
observações astronómicas. Aparecem dois rios principais nesta região do
Nordeste: o Rio Real e o Rio São Francisco. Perto de um pacote de três ilhas,
o curso do São Francisco parece interrompido, com a indicação de que « Here
the River St. Francis runs underground « , o que quer dizer « Aqui o Rio São Francisco
corre de baixo do solo ».
Emanuel Bowen, 1747 (ver original) Pierre van der Aa, 1729 (ver original)

A informação parece hoje enorme. O maior rio da região passando de baixo da


terra? A possibilidade de informações falaciosas contida nos mapas da época é
melhor exemplificada por um texto impresso em baixo do mesmo mapa:

« We have purposely omitted Inserting the imaginary Island of Ascension, upon
the Authority of the late very ingenious and learned Dr. Halley, who affirms, that
tho Mr. Frezier, following the Old Dutch Maps, has Inserted it; yet, in reality,
there is no such Island. Notwithstanding this, all or most of the French Maps
and Charts have placed it in Lat. 20′ 30″ South, and about 31′ West from Paris;
and our English Maps and Charts, have generally Copied the same Error; either
as prefering Monsr. Freziers account, or not knowing Dr. Halley’s reason for
omitting of it in his general Chart of the World. » Omitimos propositalmente de
inserir a imaginária Ilha da Ascenção, com base na autoridade do muito
ingenioso e sabido Dr. Halley, que afirme que, embora Mr. Frezier, a partir dos
Antigos Mapas Holandeses, a tenha inserida, na realidade, não existe. Apesar
disso, todas ou a maioria dos Mapas e Chartas Franceses a colocaram em 20′
30″ de latitude sul e cerca de 31′ no oeste de Paris; e os nossos Mapas e
Cartas Ingleses geralmente copiaram o mesmo erro; seja porque preferiram a
opinião de Monsr. Frezier ou desconhecendo as razões do Dr. Halley em tirá-la
da sua grande Carta do Mundo.

A ironia deste trecho quer que a Ilha existe verdadeiramente: foi descoberta em
1501 por João da Nova e tomada pelos próprios Ingleses em 1815 (hoje é
quase exclusivamente uma base militar). O trecho informa, contudo, da
existência de outros mapas nos quais este foi baseado. Encontramos um mapa
de Pierre van der Aa, datando de 1729 e chamada « Le Brésil suivant les
Observations de Messieurs de l’Académie Royale des Sciences, etc.
Augmentée de Nouveau. » La même information est présence: « Icy la Rivière
St. François se perd sous terre » (Aqui o Rio São Francisco se perde de baixo
da terra). Algumas décadas antes, em 1703, Guillaume de l’Isle publicou um
« Carte de la terre ferme du Pérou et du Pays des Amazones. » Le sous-titre
est plus intéressant, puisqu’il indique les sources qui ont servi à son
élaboration: « Dressée sur des Descriptions de Herrera, de Laet, et des PP
d’Acuña, et M. Rodriguéz, et sur plusieurs Relations et Observations
postérieures » (Elaborada a partir das descrições de Herrera, de Laet, das PP d’Acuña e de
M. Rodriguéz, e de diversas Relações e Observações posteriores). Apresenta a mesma frase
que a versão de 1729, com as mesmas três ilhas. Existem ainda versões em latim e em
espanhol, sempre baseadas no mesmo molde, o que denota a importância relativa desta
matriz para o conhecimento da época.
Guillaume de l’Isle, 1703 (ver original)

A informação fica ainda mais estranha se comparada com os mapas anteriores. Nestes, existe a
teoria de um grande lago interior (Eupana), ou de vários lagos menores no curso do próprio
São Francisco:
Hendrik Hondius, 1630 (ver original) Jan Jansson, 1635 (ver o original

O termo « Old Dutch Maps » presente na versão inglesa de 1747, e a menção


de Johan de Laet neste mapa francês, podem indicar que a informação sobre a
passagem subterranea do Rio São Francisco tenha vindo deste autor. A
presença dos Holandeses no Nordeste, sobretudo entre 1624 e 1658, com a
publicação pelo mesmo Johan de Laet de várias obras científicas (entre elas, a
magnífica Historia Naturalis Brasiliae), constitui um forte indício de que seja ele
uma das principais fontes de informação. No seu « Nieuwe Wereldt ofte
Besschrijvinge van West-Indien », publicado em 1625 (um ano após a breve
tomada de Salvador por Jacob Willekens, nas contas da Geoctroyeerd West
Indische Compagnie, da qual De Laet era acionista), ele descreve a faixa
litoranea do Brasil. Nas páginas 426 e 431, faz algumas menções ao Rio São
Francisco, com indicações marítimas, sobretudo.

« Tusschen deze Capitania ende de Bahia zijn twee machtighe rievieren: die
van Sant Francisco legghende op de hooghte van thien graden ende een half /
welck met zulcken ghewelt in Zee loopt / dat men zeghe dat zy haer water
behout op de twintich mijlen in Zee. » Entre essa Capitania e a da Bahia se
encontram dois rios podereosos: o do São Francisco vem na altura de 10 graus
e meia / e se joga no mar / dizem que as suas águas chegam até 20 milias
dentro do mar (426);
« Van Rio Reyal tot de rieviere Rio de San Francisco zijn zeventhien leguas,
ende het landt kreckt Noort-oost ende Zuidt-west / ende leght op de elf graden.
Herrera zeght (als op de recht voor-gaende plaetse is aengheroert) dat zy leght
op de hooghte van thien graden ende een half. » Do Rio Real até o Rio São
Francisco são dezessete leguas, e a terra se orienta de nordeste para sudoeste
/ e se encontra à 11 graus. Herrera disse (seguindo ele a partir deste ponto
adiante) que está em 10 graus e meia (431);
« [...] ende voor Rio St. Francisco steeckt een hoeck leegh landt voor uyt; ende
de rieviere gheeft versch-water. Van de Rio St. Francisco tot het punt Gurra,
hebt ghy vijfthien leguas, ende het lant streckt Noort-noort-oost ende Zuydt-
zuydt-west / leght op thien graden ende twintich minute. «  [...] O Rio São
Francisco faz uma curva antes de entrar no mar; e o rio tem água doce. Do Rio
São Francisco até a ponta Gurra, há quinze leguas e a costa está orientada de
norte-nordeste para sul-sudoeste / se encontra à 10 graus e 20 minutos (431).

Constam apenas informações sobre o local onde o rio desemboca no mar. Não
há nada sobre a sua configuração anterior. Na edição de 1648 da Historia
Naturalis Brasiliae, redigida por Marcgrave e Piso e organizada por De Laet, há
uma breve descrição do Rio São Francisco.

“Caetera Indigenarum & Lusitanorum fide ita se habere dicuntur, circiter


quinquaginta milliaribus à mari, ipsum de altissimis rupibus seu cataractis,
Cacoeras vocant, praeceps ruere, itaque altius ab iis qui è mari veniunt ascendi
non posse.” Outros Indígenas e Portugueses afirmam que a cerca de 50 milhas
do mar, há cataractas muito altas, que eles chamam de cacoeras, e que são
altas de mais para ser passadas vindo do mar (263);
“Supra cataractas fluminis alveum porro pergere versus Corum ad aliquod
milliaria, dein ingentem lacum sequi, in quo multae insulae amaenissimae sint
sparsae, quae à barbaris habitantur, uti & ora universi Lacus.” Além das
cataractas, o rio corre em direção ao noroeste por algumas milhas. La, tem um
lago, no qual há muitas ilhas dispersas, muito agradáveis. As ilhas e as costas
do lago são habitadas por bárbaros (263).

No livro “De nieuwe en onbekende weereld, of, Beschryving van America en ‘t


zuid-land”, publicado por Jacob van Meurs e Arnoldus Montanus em 1671, há
uma discussão similar sobre as origens do rio (e da maioria dos rios
brasileiros):

“d’Hollanders, die voor eenige tijd de stroom opvoeren tot veertig mijl, vonden
de zelve allenthalven wijd en diep, vol eilandekens en rotzen. De Portugeesen,
tien mijlen hooger gevaeren, ontdekten de yzelijkeklippen Cacoeras, van welke
steil neder stort: boven de Cacoeras, strekt zich de stroom na ‘t noord-westen.
Os Holandeses, que por um tempo percorreram o rio até quarenta milhas,
sempre o encontraram largo e profundo, cheio de ilhéus e rochas. Os
Portugueses, que foram dez milhas mais longe, descobriram as falésias da
Cacoera, que cai para baixo: depois da Cacoera, o rio se dirige para o
noroeste.

Ausentes dos primeiros, a cachoeira e as ilhas aparecem finalmente no mapa


de Guillaume de l’Isle em 1703, e nos outros subsequentes. Os habitantes são
chamados Obicatiares, “habitans dans les Isles et aux environs de la R. St.
Francois”. Neste caso particular, é possível localizar a fonte que serviu à
inclusão destes detalhes nos mapas a partir de Guillaume de l’Isle. Os
cartógrafos copiavam regularmente as informações contidas em outras edições
contemporâneas, e o acréscimo de novos dados é sempre notável – inclusive
em relação às discussões que produzem (cfr. a nota de Bowen sobre a Ilha da
Ascenção). A fonte que serviu para a inclusão de um trecho subterrâneo do
São Francisco, porém, permanece desconhecida – é bem possível que tenha
sido perdida. Pode ser um relato de um viajante (Louis Éconches Feuillée e
Amédée François Frézier, citado por Bowen, são bons exemplos) ou informações
da WIC.

Você também pode gostar