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1.

Texto de Apoio da Disciplina: Epigénese, Desenvolvimento Humano e


Ciclo de Vida
1.PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

Psicologia do Desenvolvimento é o estudo científico das mudanças de comportamento


relacionadas à idade durante a vida de uma pessoa. Este campo examina mudanças
através de uma ampla variedade de tópicos, incluindo habilidades motoras, habilidades
em solução de problemas, entendimento conceitual, aquisição de linguagem,
entendimento da moral e formação da identidade.
Assim, pelas questões acima citada consideremos que uma melhor definição de

Psicologia de Desenvolvimento seria “ O estudo, através de metodologia espécifica

e levando em consideração o contexto sócio histórico, das múltiplas variáveis,

sejam elas cognitivas, afectivas, biológicas ou sociais, internas ou externas ao

indivíduo que afectam o desenvolvimento humano ao longo da vida”

1.1 Objecto de Estudo da Psicologia do desenvolvimento


Estuda as mudanças comportamentais referentes à idade no decurso da vida, os
processos de ensino-aprendizagem, diferenças de género e ciclo vital, bem como,
descobre os motivos pelos quais as mudanças ocorrem e como ocorrem.

Considera também que o desenvolvimento é um processo onde a pessoa assume um


papel actuante em contínua interacção com outras nos diversos contextos em que
participa.
Estuda o desenvolvimento Psíquico do Homem, investiga as leis objectivas segundo as
quais decorrem o desenvolvimento Psíquico do Homem em diferentes fases ou etapas
ou períodos etários.
Actualmente o objecto de estudo da Psicologia do desenvolvimento consiste nos
processos intra-individuais e ambientais que levam a mudanças de
comportamentos.

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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1.2. Métodos da Psicologia do Desenvolvimento
Para compreender, avaliar e interpretar as pesquisas em Psicologia de
Desenvolvimento, isto, o conteúdo desse campo, é necessário saber algo sobre o
modo como os cientistas planificam as suas investigações, colectam os dados e
analizam os resultados.
Exposto o acima os métodos de estudo do Desenvolvimento Humano podem ser
classificados como: Observações Longitudinais, Observações Transversais.
1.2.1 Na abordagem Longitudinais – efectua-se com o mesmo grupo de
participantes, que são da mesma idade, são investigados por um periodo relativamente
longo.
1.2.2 Na abordagem Transversais - são efectuados em tempos muito menor,
empregando sujeitos de diferentes idades, grupos heterogéneos.
1.3. Objectivos da Psicologia do Desenvolvimento
A Psicologia de Desenvolvimento sendo uma ciência ela tem objectivos por alcançar,
os alvos ou objectivos gerais do campo, expressos de modo bastante sucinto, são os
seguintes:
Ø  Descrever com precisão e objectividade, as mudanças que ocorrem com a idade nas
capacidades sensoriais e motoras, na percepção, nas funções intelectuais e nas
respostas sociais e emocionais.

Ø  Explicar essas mudanças e diferenças individuais em termos de capacidade e


funcionamento.O psicologo do desenvolvimento procura descobrir como e porque
essas mudanças ocorrem, o que determina os processos subjacentes ou os
mecanismos de crescimento e desenvolvimento.

1.4. BREVE RESENHA HISTÓRICA DO SURGIMENTO DA PSICOLOGIA DO


DESENVOLVIMENTO
A psicologia do desenvolvimento, ou o estudo da génese e evolução dos processos
psicológicos é vulgarmente associado ao estudo da infância e da adolescência. Com
efeito, desde os finais do século XIX que se constata uma preocupação em estudar a
evolução da criança desde que nasce até que atinge a adolescência., mas se a infância

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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tem sido o período da vida mais estudado pelos psicólogos, nos últimos anos anos tem
se verificado mudança de perspectiva, ao considerar-se como pertinente o estudo
evolutivo do indivíduo desde o período de vida intra-uterino até ao final da sua vida.

Hoje em dia, com uma organização familiar centrada na criança, com informações e
debates constantes sobre problemáticas ligadas a infância e a adolescência, não só
provenientes de circulos científicos, como também dos media, é-nos difícil imaginar que
nem sempre foi assim: o interesse pela infância e a curiosidade sobre o
desenvolvimento infantil é extremamente recente.

Ao longo da história, a infância e a adolescência não tiveram o estatuto que tem nos
nossos dias. “crianças e adolescentes” são uma invenção socio-cultural relactivamente
recente. (Ariés,1973). Durante séculos, as crianças foram consideradas como adultos
em miniaturas, embora mais pequenos, frágeis e menos inteligentes. A partir do
momento em podiam sobreviver sem os cuidados das mães, integravam a grande
comunidade e partilhavam o dia a dia dos adultos. É possível constactarmos a
existência desta concepção nas obras de arte. Por exemplo: até ao século XIII são
raras as representações de crianças, transparecendo a ideia de que a imagem da
infância não tinha interesse ou não constituía parte da realidade. Apesar disso, quando
as crianças são representadas, vestem roupas e assumem atitudes e tarefas
tipicamente adultas.

É durante os séculos XVII e XVIII ( século das grandes transformações políticas,


económicas e religiosas), que a infância e a adolescência começam a ser
descobertas e consideradas como etapas diferenciadas. Esta nova visão transparece
por exemplo na pintura: a criança torna-se o centro da composição, assistindo-se a
uma proliferação de cenas familiares e de retratos de família, onde a criança
representa traços de uma certa doçura e graciosidade.
Evidenciam-se, assim, sinais de que se começa a dar atenção a educação centrada na
criança. Na verdade este fenómeno constitui o reflexo de certos movimentos culturais e
religiosos, que tendem a substituir uma concepção fatalista e pré-determinada da vida

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humana, por uma concepção que se acreditava que é possivel modificar o curso da
vida. (Ariés, 1973)

.
Durante o século XIX, o interesse pela criança e pelo seu desenvolvimento é
crescente. Em consequência da Revolução Industrial, a Europa e os Estados Unidos
da América sofrem grandes alterações sociais. Aparecem as grandes cidades,
verificam-se alterações nos modos de sobrevivência das populações, e
consequentemente, mudanças no modo de educação das crianças. Até aqui estas
viviam com os familiares numa sociedade alargada, participando nas actividades e em
pequenos trabalhos. Ao reduzir-se o horário de trabalho das crianças e ao libertá-las da
realização de trabalhos pesados, foi necessário, em virtude da indisponibilidade dos
pais, criar espaços adequados-as escolas-que assumissem a educação das crianças.

Dá-se assim um avanço fundamental na consideração da infância como idade


especial, começando a famíla a organizar-se em redor das crianças e atribuir-lhes
importância (Candeias, 1987,1994, 1995).
Um outro marco de grande importância foi a obra de Charles Darwin (1809-1882),
nomeadamente, a publicação em 1895 de the origin of species. as teses de Darwin
conduziram a uma alteração fundamental na mentalidade científica no que respeita a
infância. Segundo esta perspectiva, os seres humanos haviam evoluído de espécies
primitivas. Neste quadro, as crianças passam a ter interesse científico por si, já que a
sua observação e estudo poderia contribuir para esclarecer questões relacionadas com
a evolução das espécies e evidenciar a origem de características psicológicas do
adulto.

No século XX assistimos a consideração definitiva da infância como um período


claramente diferenciado e ao aparecimento do conceito da adolescência. A aceitação,
na nossa cultura, da adolescência como uma etapa diferente da infância e da idade
adulta, explica-se por uma conjugação de diferentes factores, tais como: a diminuição
da mortalidade infantil, o prolongamento da vida, o aumento da extensão do ensino

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obrigatório, a difusão do ensino unioversitário e o excesso de mão-de-obra adulta para
trabalhos que requerem cada vez mais especialização (Candeias,1987,1994,1995)

A infância e a adolescência, marcadas por grandes alterações biológicas e


psicológicas, permaneceram durante muito tempo como as idades de estudo da
psicologia de desenvolvimento.

Progressivamente verifica-se o abandono da ideia de imutabilidade associada à


idade adulta. Reconhece-se a importância do estudo das adaptações necessárias as
grandes transformações psicossociais a que o indivíduo está sujeito durante esta fase
da vida, tais como, o acesso ao mundo de trabalho, a progressão nas carreiras
profissionais, adaptação a novos instrumentos e tecnologias, a construção de relações
afectivas diferenciadas que requerem o desempenho de novos papéis sociais estáveis.

Também as concepções sobre a terceira idade se tem vindo a distanciar da concepção


da velhice, mais associada a uma degradação de funções psicobiológicas. Tal
alteração prende-se com um conjunto de factores, nomeadamente, o prolongamento do
tempo de vida, a grande variabilidade individual, o equilíbrio entre a deterioração de
algumas capacidades cognitivas e a evolução de outras e, finalmente, porque o tempo
de reforma chega quando as pessoas ainda estão perfeitamente aptas. Assim
enquanto o indivíduo mantiver a sua capacidade de adaptação a novas situações,
estará aberto mudança e ao desenvolvimento.

1.5. A Psicologia do desenvolvimento e a Actividade dos Profissionais de Saúde.


A Psicologia do desenvolvimento é útil para os de Profissionais de Saúde porquê em
cada idade, a criança vai apresentando características diferentes, novas maneiras de
ser, tanto fisicamente, quanto em seus aspectos emocionais, intelectuais e sociais.
O modo do profissional de saúde dirigi-la, motiva-la, relacionar-se com ela também
precisa mudar, para ir adaptar-se as novas características, o que lhe permitirá, a
compreensão do desenvolvimento da criança, prever suas novas características,
atenuar-lhe aos conflitos e reduzir-se as frustrações.

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Se os Profissionais de Saúde não tiver o mínimo de compreensão do desenvolvimento
da criança, corre o risco de lhe adiantar certas coisas enquanto prematuro.

1.6 Relação da Psicologia do Desenvolvimento com Outras Ciências


Qualquer ciência por si só teria imensas dificuldades em perceber o seu campo de
actuação, razão pela qual a Psicologia de Desenvolvimento recorre as outras ciência
para perceber o seu objecto de estudo.
As explicações sobre mudanças etárias e diferenças individuais, os com os e porque
do desenvolvimento, são tremendamente complexas e baseiam-se em descobertas de
várias ciências como a Genética, Fisiologia, Antropologia, Sociologia e Pediatria. A
Psicologia da Aprendizagem, Social, e da Personalidade.
Certas caractériscas físicas ( como altura e velocidade do crescimento), a inteligência e
algumas espécies de deficiência e doenças mentais são, pelo menos em parte,
heriditariedades determinadas. Para comprendê-las completamente, o Psicólogo de
Desenvolvimento deve saber algo sobre Genética. As notavéis mudanças físicas e
comportamentais da adolescência são fortemente influenciadas por processos
fisiológicos que implicam a actividade das glandulas endócrimas e a bioquimica do
sistema sanguíneo. Ao investigar este fenômeno, o psicólogo deve extrair subsídios da
Fisiologia e Endocrinologia .
Quando estudamos distúrbios de comportamentos, suas origens na infância e métodos
de terapia visando remediá-los estamos a interagi-la com a Psicopatologia.

II - Desenvolvimento Humano

2. Conceito de Desenvolvimento Humano

O desenvolvimento humano tem vindo a ser estudado por diversas áreas da psicologia.
O desenvolvimento humano é um processo complexo e em constante evolução, sendo
o resultado de múltiplos factores – psicológicos, biológicos, sociais e culturais – tem
início no momento da concepção e evolui ao longo todo o ciclo da vida.

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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Por desenvolvimento entende-se as mudanças que vão ocorrendo ao longo da vida do
indivíduo, na sua estrutura, pensamento ou comportamento, como resultado da
interacção entre factores biológicos e ambientais.
Estas mudanças são progressivas (ocorrem ao longo da vida do individuo), contínuas
(não são estanques), cumulativas (estruturas novas são integradas nas estruturas
anteriores) e resultam de uma reorganização interna.

O desenvolvimento humano se estabelece através da interacção do indivíduo com o


ambiente físico e social. Se caracteriza pelo desenvolvimento mental e pelo
crescimento orgânico.
O desenvolvimento mental se constrói continuamente e se constitui pelo aparecimento
gradativo de estruturas mentais.
As estruturas mentais são formas de organização da actividade mental que vão se
aperfeiçoando e se solidificando, até o momento em que todas elas, estando
plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior em relação
à inteligência, à vida afectiva e às relações sociais.
Algumas estruturas mentais podem permanecer ao longo de toda a vida, como, por
exemplo: a motivação. Outras estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do
indivíduo. A obediência da criança é substituída pela autonomia moral do adolescente.
A relação da criança com os objectos que, se dá primeiro apenas de forma concreta se
transforma na capacidade de abstracção.

2.2 Importância do estudo do desenvolvimento humano

Cada fase do desenvolvimento humano: pré-natal, infância, adolescência, maturidade e


senescência; apresentam características que as identificam e permitem o seu
reconhecimento. O seu estudo possibilita uma melhor observação, compreensão e
interpretação do comportamento humano. Distinguindo como nascem e como se
desenvolvem as funções psicológicas do ser humano.

2.3 Princípios do desenvolvimento humano

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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O ser humano, no seu processo de desenvolvimento, apesar das diferenças


individuais, segue algumas tendências que são encontradas em todas as pessoas. Seis
delas serão destacadas:
1.            O desenvolvimento humano é um processo ordenado e contínuo, dividido em
quatro fases principais: infância, adolescência, idade adulta e senescência;
2. O desenvolvimento humano realiza-se da cabeça para as extremidades;
sequência céfalo-caudal: a criança sustenta primeiro a cabeça, para só então levantar
o tronco, sentar e andar; progride do centro para a periferia do corpo; sequência
próximodistal: a criança movimenta primeiro os braços, para depois movimentar as
mãos e os dedos;
3. O indivíduo tende a responder sempre de forma mais específica ás estimulações
do meio. Cada vez mais vão se especializando os movimentos do corpo para respostas
específicas. A fala se torna mais abrangente em relação aos objetos a serem
designados etc. O desenvolvimento se dá do geral para o específico;
4. Os órgãos não crescem de maneira uniforme. Enquanto o cérebro, por exemplo,
se desenvolve rapidamente na infância, as outras partes do corpo seguem ritmos
diferenciados, as vezes de forma lenta em outras aceleradamente;
5. Cada indivíduo se desenvolve de acordo com um ritmo próprio que tende a
permanecer constante segundo seus padrões de hereditariedade, se não for
perturbado por influências externas, como má alimentação; ou internas, como doenças;
6. Todos os aspectos do desenvolvimento humano são inter-relacionados, não
podendo ser avaliados sem levar em conta essas mútuas interferências.
2.4 Aspectos do desenvolvimento humano
O desenvolvimento deve ser entendido como uma globalidade; mas, em razão de sua
riqueza e diversidade, é abordado, para efeito de estudo, a partir de quatro aspectos
básicos:
 Aspecto físico-motor - Refere-se ao crescimento orgânico, à maturação
neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objectos e de exercício do
próprio corpo.

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 Aspecto intelectual - Inclui os aspectos de desenvolvimento ligados ás
capacidades cognitivas do indivíduo em todas as suas fases. Como quando, por
exemplo, a criança de 2 anos puxa um brinquedo de baixo dos móveis ou o
adolescente planeia os seus gastos a partir da sua mesada.
 Aspecto afetivo emocional- É a capacidade do indivíduo de integrar suas
experiências. São os sentimentos quotidianos que formam a nossa estrutura
emocional.
 Aspecto Social - Maneira como o indivíduo reage diante de situações que
envolvem os aspectos relacionados ao convívio em sociedade.
Todos esses aspectos estão presentes de forma simultânea no desenvolvimento do
indivíduo. Uma criança com dificuldades auditivas poderá apresentar problemas na
aprendizagem, repetir o ano lectivo, se isolar e por esta causa se tornar agressiva.
Após tratada pode voltar a ter um desenvolvimento normal.

Todas as teorias do desenvolvimento humano partem deste pressuposto de


indissociabilidade desses quatro aspectos, mas, podem estudar o desenvolvimento
global a partir da ênfase em um dos aspectos.
Exemplo: a psicanálise, por exemplo, toma como princípio o aspecto afetivo-emocional.
Piaget, o desenvolvimento intelectual.
2.5 Factores de Desenvolvimento e de Crescimento

Vários factores indissociados e em permanente interacção afectam todos os aspectos


do desenvolvimento. São eles: factores internos e externos

a) Factores internos: a hereditariedade e a maturação neurofisiologica.

A hereditariedade consiste na herança individual que cada criança recebe de seus


pais ao ser concebida. A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode
ou não desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da
inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu
potencial, dependendo das condições do meio que encontra.

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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Maturação neurofisiologica - esse factor consiste no processo de mudanças do


organismo determinado de dentro para fora: tamanho dos órgãos, a forma que
assumem com o crescimento, o desenvolvimento de habilidades de andar, correr, e.t.c.
É evidente que nenhuma dessas mudanças ocorre sem qualquer contribuição do
ambiente.
A alfabetização das crianças depende da maturação. Para segurar o lápis e maneja-lo
como nos, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2,3 anos
não tem.

b) factores externos:
O grupo social em que a pessoa vive é um factor externo que vai influenciar de maneira
muito acentuada o comportamento da criança.
Alem do grupo social ( a família, escola, e a classe social), existe também a
alimentação, a preservação da natureza e o crescimento orgânico.

Ambiente social ( meio)- o conjunto de influencias e estimulações ambientais altera


os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for
intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a
media das crianças de sua idade, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com
facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito parte de sua
experiência de vida.

Alimentação - para um desenvolvimento saudável e integral, a criança precisa de ar


fresco, e alimentos naturais. Existem dezenas de crianças desnutridas no mundo. As
poucas que vão a escola muitas acabam por desistir, as outras enfrentam inúmeras
dificuldades para apreender, tudo isto resultante da falta de alimentação adequada. Os
produtos químicos, utilizados na fabricação de alimentos ( corantes, antioxidantes,
conservantes), tem a longo prazo efeitos nocivo para a saúde.

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Preservação da natureza - a poluição ambiental( dos rios, mar, lagos, atmosfera),
afecta o desenvolvimento.
Nas grandes cidades, a criança é prejudicada em seu desenvolvimento físico e mental
e em seu aproveitamento escolar, pela poluição atmosférica, o excesso de barulho
dificulta a concentração e o estudo e prejudica o aparelho auditivo, a poluição do ar
provoca doenças respiratórias, e.t.c.

Crescimento orgânico — refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a


estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do
mundo que antes não existiam. Ex: pense nas possibilidades de descobertas de uma
criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando esta
criança estava no berço, com alguns dias de vida.

III TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO PSIQUICO

3.1 Teoria de Desenvolvimento Psíquico de Freud


Os principais aspectos da teoria de desenvolvimento de Freud são:
A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento, e não só a
partir da puberdade como afirmavam as ideias dominantes;
O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar a
sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção do prazer podem
estar associadas, tanto no Homem como na Mulher. Esta afirmação contrariava as
ideais predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente a reprodução.

A Libido, nas suas palavras, é “ a energia dos instintos sexuais e só deles”.


No processo de desenvolvimento Psicossexual, o individuo têm, nos primeiros tempos
de vida, a função sexual ligada a sobrevivência, e portando o prazer é encontrado no
próprio corpo. O corpo é herotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em
partes do corpo.
Depois o prazer sexual fica localizado no corpo de outra pessoa, e preferencialmente
de sexo oposto.

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3.2 Modelo estrutural da personalidade

Freud desenvolveu mais tarde (1923) um modelo estrutural da personalidade, em que o


aparelho psíquico se organiza em três estruturas:
Id (al. es, "ele, isso"): O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas
pulsões - instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo
o princípio do prazer (al. Lustprinzip), ou seja busca sempre o que produz prazer e
evita o que é aversivo, e somente segundo ele. Não faz planos, não espera, busca uma
solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele
não tem contacto com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo
efeito de uma atingida través de uma acção. O id desconhece juízo, lógica, valores,
ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional, anti-social, egoísta e dirigido
ao prazer. O id é completamente inconsciente.

Ego (al. ich, "eu"): O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que
seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o
chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planeamento
e a espera ao comportamento humano: a satisfação das pulsões é retardada até o
momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um
mínimo de consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma
harmonização inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, posteriormente, entre
esses e as exigências do superego.

Superego (al. Überich, "super-eu"): É a parte moral da mente humana e representa


os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição
ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados
(2) forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional) e (3) conduzir
o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se
após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e
da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por acções praticadas, mas também
por pensamentos; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada;
certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o ego
ideal, que dita o bem ser procurado, e consciência (al. Gewissen), que determina o mal
a ser evitado.

3.3 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSEXUAL


AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSEXUAL

Uma importante parte da teoria freudiana é dedicada ao desenvolvimento da


personalidade. Duas hipóteses caracterizam sua teoria:
* Freud foi o primeiro a afirmar que os primeiros anos das vida são os mais
importantes para o desenvolvimento da pessoa e o desenvolvimento do indivíduo se dá
em fases ou estádios psico-sexuais. Freud foi, assim, o primeiro autor a afirmar que as
crianças também têm uma sexualidade.

Freud descreve quatro fases distintas, pelas quais a criança passa em seu
desenvolvimento. Cada uma dessas fases é definida pela região do corpo a que as
pulsões se direcionam. Em cada fase surgem novas necessidades que exigem ser
satisfeitas; a maneira como essas necessidades são satisfeitas determina como a
criança se relaciona com outras pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo
mesma. A transição de uma fase para outra é biologicamente determinada, de tal forma
que uma nova fase pode iniciar sem que os processos da fase anterior tenha se
completado. As fases se seguem umas às outras em uma ordem fixa e, apesar de uma
fase se desenvolver a partir da anterior, os processos desencadeados em uma fase
nunca estão plenamente completos e continuam agindo durante toda a vida da pesso.

A fase oral

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento
até aproximadamente um ano de vida. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor
através da satisfação (ou frustação) de pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa
satisfação se dá independente da satisfação da fome. Assim, para a criança sugar,
mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer, além de
servirem à alimentação. Ao ser confrontada com frustações a criança é obrigada a
desenvolver mecanismos para lidar com tais frustações. Esses mecanismos são a base
da futura personalidade da pessoa. Assim, uma satisfação insuficiente das pulsões
orais pode conduzir a uma tendência para ansiedade e pessimismo; já uma excessiva
satisfação pode levar, através de uma fixação nessa fase, a dificuldades de aceitar
novos objetos como fonte de prazer/dor em fases posteriores, aumentando assim a
probabilidade de uma regressão.

A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes.
Até então a criança se encontra em uma fase passiva-receptiva; com os primeiros
dentes a criança passa a uma fase sádica-ativa através da possibilidade de morder. O
principal objeto de ambas as fases, o seio materno, se torna, assim, um objeto
ambivalente. Essa ambivalência caracteriza a maior parte dos relacionamentos
humanos, tanto com pessoas como com objetos.

A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se


desenvolver em características da personalidade adulta:
1. O incorporar do alimento se mostra no adulto como um "incorporar" de saber ou
poder, ou ainda como a capacidade de se identificar com outras pessos ou de se
integrar em grupos;
2. O segurar o seio, não querendo se separar dele, se mostram posteriormente como
persistência e perseverança ou ainda como decisão;
3. Morder é o protótipo da destrutividade, assim do sarcasmo, cinismo e tirania;
4. Cuspir se transforma em rejeição e
5. O fechar a boca, impedindo a alimentação, conduz a rejeição, negatividade ou
introversão.

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho.

A Fase anal

A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro
ao terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao
controle da tensão intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender a controlar sua
defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de
satisfazer suas necessidades imediatamente. Como na fase oral, também os
mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da
personalidade. O defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos ataques de raiva;
já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a uma
tendência ao caos, aos descuido, à bagunça quanto a uma tendência a uma
organização compulsiva e exageradamente controlada. Se a mãe faz elogios demais
ao fato de a criança conseguir esperar até o banheiro, pode surgir uma ligação entre
dar (as fezes) e receber amor, e a pessoa pode desenvolver generosidade; se a mãe
supervaloriza essas necessidades biológicas, a criança pode se desenvolver criativa e
e produtiva ou, pelo contrário, se tornar depressiva, caso ela não corresponda às
expectativas; crianças que se recusam a defecar podem se desenvolver como
colecionadores, colectores ou avaros.

A Fase fálica

A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo Freud
pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pénis; nessa
fase prazer e desprazer estão, assim, centrados na região genital. As dificuldades
dessa fase estão ligadas ao direccionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor
do sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução desse conflito está
relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com o genitor de mesmo sexo.

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


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Freud desenvolveu sua teoria tendo sobretudo os meninos em vista, uma vez que, para
ele, estes vevenciariam o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e
ameaçadora. Segundo Freud o menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e não
partilhá-la mais com o pai; ao mesmo tempo ele teme ser que o pai se vingue,
castrando-o. A solução para esse conflito consiste na repressão tanto do desejo
libidinoso com relação à mãe como dos sentimentos agressivos para com o pai; em um
segundo momento realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os aproxima
e conduz, assim, a uma internalização por parte do menino dos valores, convicções,
interesses e posturas do pai. O complexo de Édipo representa um importante passo na
formação do superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende
a seguir os valores dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o ego
(através da diminuição do medo) e o id (por o menino poder possuir a mãe
indirectamente através do pai, com o qual ele se identifica) sejam parcialmente
satisfeito.

O conflito vivenciado pelas meninas é parecido, mas menos intenso. A menina deseja o
próprio pai, em parte devido à inveja que sente por não ter um pénis (al. Penisneid); ela
sente-se castrada e dá a culpa à própria mãe. Por outro lado, a mãe representa uma
ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é possível. Devido a essa
situação diferente, a identificação da menina com a própria mãe é menos forte do que a
do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma consciência menos
desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela pesquisa empírica. Freud usou o
termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores posteriores limitaram o uso
da expressão aos meninos, reservando para as meninas o termo "complexo de
Electra".

A apresentação do complexo de Édipo dada acima é, no entanto, simplificada. Na


realidade o resultado da resolução do complexo de Édipo é sempre uma identificação
como ambos os pais e a força de cada uma dessas identificações depende de
diferentes factores, como a relação entre os elementos masculinos e femininos na
predisposição fisiológica da criança ou a intensidade do medo de castração ou da

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua


1. Texto de Apoio da Disciplina: Epigénese, Desenvolvimento Humano e
Ciclo de Vida
inveja do pénis. Além disso, a mãe mantém em ambos os sexos um papel primordial,
permanecendo sempre o principal objecto da libido.

A Fase de latência

Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que
se estende até a puberdade. Nessa fase as fantasias e impulsos sexuais são
reprimidos, tornando-se secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de
valores e normas sociais se tornam a actividade principal da criança, continuando o
desenvolvimento do ego e do superego.

A Fase genital

A última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá durante a


adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e
acompanhando as mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se
dirigem a uma pessoa do sexo oposto. Como se depreende da explanação anterior, a
escolha do parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento
anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases anteriores. Além disso, apesar
de continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos
das fases anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a
pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta.

Elaborado por: Mestre Lord Aníbal Chissiua

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