UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

EEL410.2 – ELETRICIDADE II - PRÁTICA

Laboratório 2 – Medição de Tensão e Corrente em Circuitos Monofásicos

Turma Matrícula Nome

02 2018011474 Leonardo Elias Pereira

1. Objetivos

• Montar circuitos monofásicos em corrente alternada, realizando medições de tensão e corrente;

• Familiarizar-se com a utilização de instrumentos de medição;
• Identificar o tipo de carga conectada.

2. Revisão Teórica

2.1. Fasores e Diagramas Fasoriais

2.1.1. Fasores

Considere uma forma de onda de tensão senoidal representada por:

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝜙) (1)

Pode-se observar que esta onda, representada por (1), na frequência angular 𝜔, fica completamente

determinada por sua amplitude 𝑉𝑚 e sua fase 𝜙.

Da fórmula de Euler, tem-se:

𝑉𝑚 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝜙) = 𝑉𝑚 [cos(𝜔𝑡 + 𝜙) + 𝑗sen (𝜔𝑡 + 𝜙)] (2)

Assim:

𝑣(𝑡) = Im{𝑉𝑚 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝜙) } = Im{𝑉𝑚 [cos(𝜔𝑡 + 𝜙) + 𝑗sen(𝜔𝑡 + 𝜙)]} (3)

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𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝜙) (4)

Conclui-se, assim, que a senoide pode ser associada a um número complexo. Para uma
frequência 𝜔 fixa, a tensão senoidal fica completamente determinada por meio de sua amplitude 𝑉𝑚

e sua fase 𝜙. Esta tensão pode ser representada por meio de um número complexo, 𝑉̇ , de forma
que:

• 𝑉𝑚 é o módulo do número complexo, |𝑉̇ |;

• 𝜙 é a fase do número complexo, ∠𝑉̇.
Ao número complexo associado à representação de uma tensão (ou corrente) senoidal se dá
o nome de fasor.
Uma representação comum para um fasor representando a tensão senoidal expressa por (1)
é dada por:

𝑉̇ = 𝑉𝑚 ∠𝜙 (5)

Na expressão (5), chegou-se a um fasor utilizando a amplitude de pico da tensão. Porém,

para grandezas elétricas, o valor eficaz (ou RMS) é mais representativo que o valor de pico. Nas
atividades realizadas na disciplina, recomenda-se a utilização do valor eficaz, inclusive, por ser o tipo
de valor de tensão e corrente a ser lido com os multímetros.
Destaca-se a vantagem do uso de fasores para análise de circuitos em corrente alternada.
Isso porque a soma algébrica de qualquer número de senoides de mesma frequência angular 𝜔 com

suas derivadas de qualquer ordem é também uma senoide de frequência angular 𝜔. Assim, as
operações envolvendo senoides passam a consistir em operações algébricas utilizando números
complexos, quando do uso de fasores.

2.1.2. Diagramas Fasoriais

É comum a representação gráfica de fasores, que pode auxiliar na resolução de circuitos em

regime permanente e visualização de fenômenos importantes envolvidos nos mesmos. Esta
representação é chamada de diagrama fasorial. A Figura 2.1 apresenta o exemplo de um diagrama

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fasorial de um fasor de corrente. Vale destacar que é comum realizar a representação considerando
o instante 𝑡 = 0.

Figura 2.1. Exemplo de diagrama fasorial de corrente (Fonte: [3])

Note que os ângulos entre os fasores representados em um mesmo plano complexo

correspondem às defasagens entre eles. Além disso, se todos forem multiplicados por por 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ,
todos estarão girando juntos à mesma velocidade e suas defasagens permanecem inalteradas.
Finalmente, é possível fixar arbitrariamente o ângulo de um dos fasores e os outros terão
defasagens relacionadas a este (referência angular).

2.2. Impedância Complexa e Triângulo de Impedâncias

2.2.1. Impedância Complexa

A impedância elétrica 𝑍̇ é a oposição que um circuito elétrico faz à passagem de corrente

elétrica, quando submetido a uma tensão. Por definição, a impedância complexa em uma dada
velocidade angular 𝜔 corresponde à razão entre a tensão fasorial 𝑉̇ e a corrente fasorial 𝐼 ,̇ e é dada
em [Ω]:

𝑉̇ 𝑉∠𝜃𝑣
𝑍̇ = 𝑍∠𝜃 = = (6)
𝐼̇ 𝐼∠𝜃𝑖

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Tem-se as seguintes relações entre módulo e fase da impedância com módulo e fase dos
fasores:

𝑉 (7)
𝑍=
𝐼

𝜃 = 𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 (8)

A impedância também pode ser representada na forma retangular, como apresentado em (9).
Note que a parte real da impedância é a resistência (𝑅 ) e a parte imaginária da impedância é a

reatância (𝑋), que serão mencionadas nos próximos itens.

𝑍̇ = 𝑅 + 𝑗𝑋 (9)

Há diferentes tipos de impedância, que serão vistos a seguir.

• Impedância Resistiva

Para um dispositivo puramente resistivo, a tensão e a corrente que atravessam o dispositivo

estão em fase, com seus valores de pico (ou RMS) relacionados pela lei de Ohm. Neste caso, a
impedância é igual ao próprio valor de resistência do circuito, dada em [Ω]:

𝑍=𝑅 (10)

Na forma complexa:

𝑍̇ = 𝑅 + 𝑗0 = 𝑅∠0° (11)

A Figura 2.2 apresenta o diagrama fasorial para uma carga resistiva.

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Figura 2.2. Diagrama fasorial para uma impedância resistiva

• Impedância Indutiva

O indutor é um componente de circuito elétrico, cujo parâmetro L, indutância, representa uma

medida da oposição à variação de corrente. A relação tensão-corrente em um indutor é dada por:

𝑑𝑖(𝑡) (12)
𝑣(𝑡) = 𝐿
𝑑𝑡

Quando se está lidando com tensões e correntes CA, tem-se o parâmetro chamado reatância
indutiva, que representa o módulo da impedância imposta ao circuito pelo indutor. A reatância
indutiva é dada, em [Ω], por:

𝑋𝐿 = 𝜔𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 (13)

A impedância indutiva é um valor complexo dado por:

𝑍̇𝐿 (𝜔) = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗𝑋𝐿 = 𝑋𝐿 ∠90°

(14)

Note que neste caso a tensão está 90° adiantada da corrente (ou a corrente está 90° atrasada
da tensão).
A Figura 2.3 apresenta o diagrama fasorial para uma carga indutiva.

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Figura 2.3. Diagrama fasorial para uma impedância indutiva

Vale comentar que um indutor real possui perdas, ou seja, parte da energia é dissipada em
forma de calor. Assim, o modelo de um indutor real inclui uma resistência de perdas, que, a princípio,
pode ser considerada em série ou em paralelo. A Figura 2.4 representa o modelo de um indutor real
consistindo de uma resistência e uma indutância em série.

Figura 2.4. Indutor com perdas representado pela associação série

• Impedância Capacitiva

O capacitor é um componente de circuito elétrico, cujo parâmetro C, capacitância, representa

uma medida da oposição à variação de tensão. A relação tensão-corrente em um capacitor é dada
por:

𝑑𝑣(𝑡) (15)
𝑖(𝑡) = 𝐶
𝑑𝑡

Quando se está lidando com tensões e correntes CA, tem-se o parâmetro chamado reatância
capacitiva, que representa o módulo da impedância imposta ao circuito pelo capacitor. A reatância
capacitiva é dada, em [Ω], por:

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1 1
𝑋𝐶 = = (16)
𝜔𝐶 2𝜋𝑓𝐶

A impedância capacitiva é um valor complexo dado por:

1 1
𝑍̇𝐶 (𝜔) = = −𝑗 = −𝑗𝑋𝐶 = 𝑋𝐶 ∠ − 90° (17)
𝑗𝜔𝐶 𝜔𝐶

Note que neste caso a tensão está 90° atrasada da corrente (ou a corrente está 90° adiantada
da tensão).
A Figura 2.5 apresenta o diagrama fasorial para uma carga capacitiva.

Figura 2.5. Diagrama fasorial para uma carga capacitiva

• Impedância Mista

Impedância mista é uma impedância que consiste na conexão de diferentes elementos,

podendo incluir elementos resistivos, indutivos e capacitivos, conectados em série ou em paralelo.
Seja considerar para análise o caso genérico de um circuito RLC série, cuja impedância é ilustrada
na Figura 2.6.

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Figura 2.6. Impedância mista RLC série

A impedância total desta configuração é dada por:

1
𝑍̇ = 𝑅 + 𝑗𝜔𝐿 − 𝑗 = 𝑅 + 𝑗𝑋𝐿 − 𝑗𝑋𝐶 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 ) (18)
𝜔𝐶

O módulo da impedância complexa é dado por:

𝑍 = √𝑅2 + (𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )2 (19)

O ângulo da impedância complexa é dado por:

𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 (20)
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
𝑅

Note que neste caso −90° < 𝜃 < 0° ou 0° < 𝜃 < 90° e o ângulo 𝜃 é indicativo da
característica predominante da carga (ângulo negativo indica uma carga resistiva-capacitiva e ângulo
positivo indica carga resistiva indutiva).

2.2.2. Triângulo de Impedâncias

É comum a representação da impedância de um circuito através de um triângulo de

impedâncias, como ilustrado na Figura 2.7.

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Figura 2.7. Triângulo de impedâncias (Fonte: [3])

Pode-se analisar a impedância através das relações geométricas do triângulo de

impedâncias, que são correspondentes às relações vistas no item 2.2.1.

3. Material Utilizado

• Fonte de tensão ajustável CC;

• Fonte de tensão CA (bancada);
• Variac (variador de tensão CA);
• Multímetros;
• Módulos de carga (componentes):
o Resistores;
o Indutores;
o Capacitores.

4. Procedimentos Experimentais

4.1. Configuração dos Módulos de Carga e Medição de Resistência

• Configure os resistores do módulo de carga resistiva para se obter uma resistência de 40 [Ω] (três
resistências de 120 [Ω] em paralelo).

• Configure os indutores do módulo de carga indutiva para se obter uma indutância de 200 [mH]
(três indutâncias de 600 [mH] em paralelo).

• Configure os capacitores do módulo de carga capacitiva para se obter uma capacitância de 30

[μF] (três capacitâncias de 10 [μF] em paralelo).

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• 41,5 [Ω].
Meça, com um multímetro, o valor da resistência dos resistores configurados: RR = _______

• 6,5
Meça, com um multímetro, o valor da resistência dos indutores configurados: RL = _______ [Ω].

4.2. Fonte de Corrente Contínua

• Monte o circuito série como indicado na Figura 4.1, onde uma fonte de corrente contínua alimenta
uma carga do tipo 𝑍̇ = 𝑅 + 𝑗𝑋𝐿 . Considere os valores configurados anteriormente de R = 40 [Ω]
e L = 200 [mH]. Ajuste VCC = 30 [V].

40

30 200

Figura 4.1. Montagem com fonte de corrente contínua – carga RL

• Meça a tensão aplicada e a corrente que flui no circuito: V = _______ 0,64 [A].
30,01 [V], I = _______

• 46,7 [Ω].
Calcule: Z = V/I = _______

Impedância resistiva
• Qual é o tipo da impedância obtida? ___________________________________.

4.3. Fonte de Corrente Alternada

• Monte o circuito série como indicado na Figura 4.2, onde uma fonte de corrente alternada
alimenta uma carga do tipo 𝑍̇ = 𝑅 + 𝑗𝑋𝐿 (mesma carga utilizada no item anterior). Ajuste VCA =
50 [V].

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40

50 200

Figura 4.2. Montagem com fonte de corrente alternada – carga RL

• 50,3 [V], I = _______

Meça a tensão aplicada e a corrente que flui no circuito: V = _______ 0,51 [A].

• 98,24 [Ω].
Calcule: Z = V/I = _______

• Impedância Mista: RL Série; Resistiva indutiva.

Qual é o tipo da impedância obtida? ___________________________________.

4.4. Fonte de Corrente Alternada II

• Monte o circuito série como indicado na Figura 4.3, onde uma fonte de corrente alternada
alimenta uma carga do tipo 𝑍̇ = 𝑅 − 𝑗𝑋𝐶 . Considere os valores configurados anteriormente de
R = 40 [Ω] e C = 30 [μF]. Ajuste VCA = 50 [V].

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40

50 30

Figura 4.3. Montagem com fonte de corrente alternada – carga RC

• 50,5
Meça a tensão aplicada e a corrente que flui no circuito: V = _______ 0,52 [A].
[V], I = _______

• 96,56 [Ω].
Calcule: Z = V/I = _______

• Impedância Mista: RL Série; Resistiva capacitiva.

Qual é o tipo da impedância obtida? _______________________________.

5. Análise

• Obtenha os valores de R, XL, XC, L, C e ângulo de 𝑍̇ (θ) para os circuitos dos itens 4.3. e 4.4.

Note que 𝜔 = 2𝜋𝑓 = 377 [rad/s] para 60 [Hz]. Utilize a expressão (21) para o cálculo da reatância.

𝑋 = √𝑍 2 − 𝑅 2 (21)

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Item 4.3 Item 4.4

48
R = RR + RL = _______ [Ω] R=41,5+6,5 41,5 [Ω]
R = RR = _______
Xl=Raiz((98,24)²-(48)²) Xc=Raiz((96,56)²-(41,5)²)
85,72 [Ω]
XL = _______ 87,18 [Ω]
XC = _______
C=85,72/377 C=1/(87,18*377)
0,227 3,04X10^-5
L = _______ [H] (o valor obtido é próximo do C = _______ [F] (o valor obtido é próximo do
esperado?) Próximo ao esperado. esperado?) Próximo ao esperado.

60,74°
θ = _______ θ = _______
-64,54°

• Para cada tipo de carga, desenhe o diagrama de impedâncias e o diagrama fasorial. Qual é a
conclusão que se tem sobre a corrente da carga em cada caso (adiantada ou atrasada em
relação à tensão)?

Item 4.3 Item 4.4

Diagrama de Impedâncias: Diagrama de Impedâncias:

96,56 41,5

85,72 64,54°
60,74° 87,18
60,74° 90,56
48

Diagrama Fasorial: Diagrama Fasorial:

Vr=R*I Vr=21,70
Vr=48*0,512 21,70
48,88 Vr=24,58
64,54°
60,6°
50,5
24,58
Vt=Raiz((Vr)²-(Vl)²) Vt=Raiz((Vr)²-(Vl)²)
Vt=Raiz((24,58)²+(42,25)²) Vt=Raiz((21,70)²+(45,10)²)
Vt=48,88 Vt=50,5
Conclusão sobre a corrente: Conclusão sobre a corrente:

Adiantada em realação a tensão.

______________________________________ Atrasado em realação a tensão.
______________________________________

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6. Referências

[1] M. Gussow, “Eletricidade Básica”, Editora Bookman, 2ª edição, 2009.

[2] R. L. Boylestad, “Introdução à Análise de Circuitos”, Editora Pearson, 12ª edição, 2012.
[3] C. Ferreira, “Eletrotécnica I” (apostila).
[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Imped%C3%A2ncia_el%C3%A9trica (Acesso em 20/09/2021).
[5] A. Violin, “Eletricidade II”, 2017.

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