Abrir portas onde se erguem muros Director: Manuel Carvalho Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • Ano XXXII • n.º 11.

1.494 • Edição Lisboa • Assinaturas 808 200 095 • 1,80€

MÁRIO CRUZ/LUSA

Patricia
Highsmith
O diário de
uma grande
intimidade
com o mal
Ípsilon

Orçamento
Governo cede
à esquerda
na contratação
colectiva
Esta poderá ser a medida emblemá-
tica para o PCP viabilizar o Orçamen-

PSD to do Estado Política, 8/9

Paulo Rangel AMANHÃ

é candidato VINHOS & SABORES
à liderança O maior evento
Política, 11 vínico de Portug
Portugal
gal
está de volta
16 a 18
de Outubro
ro
Editoras com problemas
na impressão atrasam a
Fome
Até os ossos
se tornaram
entrega de manuais escolares valiosos nos
talhos do Brasil
Associação Portuguesa de Editores e Livreiros justiÄca atrasos na impressão Há perto de 20 milhões de pessoas
com fome no país, por causa da crise
e distribuição devido ao prolongamento do último ano lectivo Sociedade, 12 económica Destaque, 2/3

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2 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Destaque Centenário da revista mais influente do século XX português
Seara Nova:
a vitória póstuma
da imprudência
Câmara Reys atribuiu à imprudência a duração e o carácter da
revista. Proença, Sérgio e tantos outros pagaram caro essa
temeridade. Mas o país que se reinventou na Constituição de
1976 era em boa medida a concretização do ideário seareiro
Luís Miguel Queirós
O
primeiro número da Seara
Nova, que iria tornar-se a
mais duradoura e inÇuente
revista de ideias do século
XX português, foi lançado há
precisamente cem anos, no
dia 15 de Outubro de 1921, por um
grupo de intelectuais apostados em
resgatar o espírito republicano de
1910, que se fora esvaindo entre clien-
telismos partidários e golpadas mili-
tares. Raul Proença, Luís da Câmara
Reys, Jaime Cortesão, Augusto Casi-
miro, Aquilino Ribeiro, José Rodri-
gues Miguéis, Mário de Azevedo
Gomes ou Emílio Costa são alguns
dos nomes que compuseram a pri-
meira direcção da revista, à qual se
associaria António Sérgio, regressado
em 1923 do Brasil.
Para assinalar o centenário deste
monumento democrático feito de
papel — mais precisamente de 31.500
páginas distribuídas pelos 1604
números publicados até 1984 —, a
própria Seara Nova, hoje propriedade
da associação Intervenção Democrá-
tica, e o Centro de Humanidades da
Universidade Nova de Lisboa, que já
fora responsável, em 2017, pela her-
cúlea tarefa de colocar toda a publi-
cação online, no portal Revistas de
Ideias e Cultura (RIC), estão a promo-
ver um programa de colóquios, expo-
sições e outras iniciativas, incluindo
a produção de um extenso documen-
tário realizado pela jornalista Diana
Andringa — Há 100 anos, a Seara Nova
—, cuja primeiro episódio foi transmi-
tido ontem na RTP2, que exibe hoje,
pelas 20h30, a segunda parte.
Depois do colóquio Os Seareiros,
que decorreu na Gulbenkian no dia
12, começa no dia 19 um programa de
três dias no Museu do Aljube, cenário
adequado para lembrar que foram
muitos os seareiros que passaram
pelas prisões do Estado Novo. “Esta
gente sofreu com a integridade que
manteve ao longo de décadas”, subli-
nha o investigador Luís Andrade,
coordenador cientíÆco das comemo-
rações e responsável pelo portal RIC.
“O Sérgio e o Cortesão foram banidos
do país, e muitíssimos seareiros foram
presos, incluindo o Agostinho da Sil-
va”. Para se ter uma ideia mais nítida,
entre os 50 autores com mais artigos
publicados na revista, há 21 identiÆ#
cados como presos políticos.
Num livro dedicado à Seara Nova a
ser lançado em breve na Imprensa
Nacional, Luís Andrade nota que os
intelectuais que fundaram a revista
“nem conseguiram regenerar a Repú-
blica, nem ver a ditadura salazarista
derrubada”, mas que essa “sucessão
Se há uma constante
que atravessa toda
a história da Seara
Nova é a defesa
de uma sociedade
justa, instruída
e plural
de batalhas perdidas”, que destruiu
mentalmente António Sérgio, acabou
por conduzir a uma vitória póstuma
após o 25 de Abril, quando a Assem-
bleia Constituinte, presidida pelo
seareiro Henrique de Barros, instituiu
“uma ordem política liberal e uma
organização económica de fundo
socialista, como Raul Proença havia
requerido logo no editorial da aber-
tura da revista”.
Se há uma constante que atravessa
toda a história da Seara Nova, pelo
menos até ao início dos anos 70,
quando a presença do PCP começa a
tornar-se dominante, é essa defesa
intransigente de uma sociedade justa,
instruída e plural, repudiando quer
um liberalismo económico que pro-
movia a desigualdade, quer um diri-
gismo autocrático que cerceasse as
liberdades individuais, fosse ele de
direita ou de esquerda. Uma fonte de
inspiração, assumida por Proença,
veio a ser o Partido Trabalhista inglês,
que chegou ao Governo em 1929.
Idealista no mundo real
Quando a revista foi criada, em 1921,
o diagnóstico negro que os seareiros
faziam do rumo que a República esta-
va a tomar, com os governos a caírem
uns atrás dos outros e movimenta-
ções militares constantes, não tardou
a ver-se tragicamente conÆrmado. A
19 de Outubro, apenas quatro dias
após o lançamento do primeiro
número, estalava o golpe militar a
que se chamou “noite sangrenta”,
levado a cabo por republicanos radi-
cais da marinha e da GNR, e que
resultou no assassinato do chefe de
Governo (o 27.º desde a queda da
monarquia!), António Granjo, e de
dois protagonistas do 5 de Outubro,
José Carlos da Maia e Machado dos
Santos, o “herói da Rotunda”, entre
outras Æguras.
Neste cenário, como Raul Proença
escrevia no editorial fundador, “A
Seara Nova representa o esforço de Em cima, fotografia de grupo de militantes, críticos militantes, econo-
alguns intelectuais, alheados dos par- alguns dos fundadores da Seara mistas e pedagogos militantes”.
tidos políticos mas não da vida políti- Nova. Na fila de trás, as duas Um dos aspectos que distinguiam
ca, para que se erga, acima do mise- figuras à direita são Raul a Seara Nova da Águia de Teixeira de
rável circo onde se debatem os inte- Proença, de laço, e Câmara Pascoaes e do movimento da Renas-
resses inconfessáveis das clientelas e Reys. À frente, da esquerda para cença Portuguesa, onde quase todos
das oligarquias plutocráticas, uma a direita, Jaime Cortesão, os principais seareiros tinham feito o
atmosfera mais pura em que se faça Aquilino Ribeiro e Raul Brandão. seu tirocínio, era justamente esta
ouvir o protesto das mais altivas cons- Em baixo, duas capas da revista consciência de que o intelectual já
ciências, e em que se formulem e não se podia conÆnar às coisas do
imponham, por uma propaganda espírito e tinha o dever moral de
larga e profunda, as reformas neces- intervir na vida política, de ser um
sárias à vida nacional”. Para tanto, “idealista no mundo real”, formula-
prometiam os seareiros ser “poetas ção crismada por Proença num exten-

so ciclo de artigos iniciado em 1928.
E embora a Renascença Portugue-
sa e a Seara Nova comungassem no
objectivo de “dotar a República de
uma cultura própria”, diz Luís Andra-
de ao PÚBLICO, os seus programas
eram opostos. Se no grupo do Porto
prevalecera “uma certa noção de que
os portugueses só se reencontrariam
se regressassem às suas origens e à
sua identidade étnica e histórica, des-
prendendo-se de tudo o que era pos-
tiço, uma visão que tinha na saudade
o seu emblema”, resume o investiga-
dor, “os seareiros achavam, pelo con-
trário, que o problema de Portugal
era ter passado ao lado da moderni-
dade e precisar de se pôr a par da
Europa do seu tempo”.
Planeada nos gabinetes da Biblio-
teca Nacional, que Cortesão dirigia e
onde Proença cheÆava os serviços
técnicos, a primeira fase da Seara
Nova teve neste último a sua indiscu-
tível Ægura de destaque. A ele se
devem os textos fundamentais para
a deÆnição doutrinária da revista, e é
também Proença quem persuade
António Sérgio a regressar do Brasil.
Combatendo o jacobinismo dos
partidários de Afonso Costa à esquer-
da e os integralistas à direita, Raul
Proença acredita que só uma mudan-
ça de mentalidades e uma opinião
DR
pública esclarecida, promovidas por
uma elite capaz de inÇuenciar a gover-
nação, poderiam desbloquear o país.
Ainda sonha com um jornal diário,
mas o grupo não tem recursos para
tanto, e cria uma revista quinzenal
(que em vários períodos foi semanal),
distinta da generalidade das suas con-
géneres da época por dar primazia ao
pensamento e à crítica, secundarizan-
do um pouco as colaborações literá-
rias e artísticas, que só mais tarde
vieram a ganhar um espaço mais
amplo na revista.
O objectivo de regenerar a I Repú-
blica gorou-se deÆnitivamente em
1926 com a instauração da ditadura
militar, que a revista combaterá desde
a primeira hora. Vários dos seus fun-
dadores envolveram-se na revolta de
3 de Fevereiro de 1926, lançada no
Porto, a primeira grande tentativa de
derrubar a ditadura, que provocou
centena e meio de mortos. E tanto nas
subsequentes conspirações contra o
Estado Novo como nas candidaturas
da oposição democrática, os seareiros
marcaram sempre presença.
Após o 3 de Fevereiro, Proença e
Cortesão foram banidos e exilaram-se
em Paris. O primeiro ainda escreveu
na revista até 1931, mas no ano seguin-
te, quando regressou a Portugal, já
sofria da doença mental que o consu-
miu até à sua morte, em 1941. Coube
então a Sérgio substituí-lo como rosto
da Seara Nova ao longo dos anos 30.
Em 1939, o autor dos Ensaios dei-
xou a revista, que passou a ser dirigi-
da por Câmara Reys, que fora desde
o início o seu editor e o seu esteio
administrativo e Ænanceiro. No seu
longo consulado, que durou até à sua
morte, em 1961, a Seara Nova aproxi-
mou-se um pouco mais do modelo da
revista cultural. E também nesse pla-
no é uma fonte incontornável para a
história dos vários campos da criação
artística portuguesa no século XX. Só
na música, pense-se nos 281 artigos
assinados por Fernando Lopes-Graça,
ou nos 199 escritos pelo crítico de arte
Adriano de Gusmão, ou ainda nas
muitas dezenas de textos de Roberto
Nobre ou José-Augusto França sobre
cinema, ou nos 183 que João Pedro
de Andrade dedicou ao teatro.
E o património da Seara Nova inclui
ainda um vasto programa editorial,
com centenas de livros publicados,
incluindo algumas notáveis colecções
de divulgação cultural e cientíÆca.
A nova geração de seareiros
Em 1958, numa fase em que a revista
perdia leitores e enfrentava graves
problemas Ænanceiros, Câmara Reys
teve ainda a energia e o rasgo neces-
sários para promover uma reformu-
lação radical, conÆando a Seara Nova
a uma nova geração de colaborado-
res, encabeçada pelo advogado
Manuel Sertório, e que veio a incluir
nomes como Nikias Skapinakis,
Augusto Abelaira, Lopes Cardoso ou
Sottomayor Cardia. “Em Janeiro de
1959, saem com Fidel Castro na capa,
no mês em que ele tinha tomado o
poder”, lembra Luís Andrade para
salientar a nova orientação.
Esses anos até ao 25 de Abril são
um período áureo de expansão da
revista, que chega a ter quase 20 mil
assinantes. Uma espécie de canto do
cisne, já que no pós-25 de Abril, numa
fase em que é já controlada pelo PCP,
perde rapidamente inÇuência e na
prática desaparece em 1978, embora
continue a publicar um número por
ano até 1984. Regressa depois com
uma nova série que já não prossegue
a numeração original, e é hoje uma
publicação trimestral.
Num balanço da herança deixada
pelos fundadores da Seara Nova, Luís
Andrade assinala não apenas “a aÆni-
dade de fundo” entre o socialismo
liberal seareiro e a Constituição de
1976, mas também o modo como a
democracia concretizou em muitos
aspectos o sistema educativo defen-
dido na revista, ou cumpriu “o grande
desígnio seareiro de integração de
Portugal na Europa do seu tempo”.
E nestes tempos pandémicos vale
a pena lembrar que, em 1958, vários
seareiros tentaram trazer a Portugal
o criador do Serviço Nacional de Saú-
de britânico, Aneurin Bevan, o que
levou o regime a prender Cortesão e
Sérgio, ambos já então com mais de
70 anos.
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 3
As mulheres que também fizeram a revista
Irene Lisboa e as seareiras:
uma história que se começa
a desbravar
Luís Miguel Queirós
E
ntre 1929 e 1955, Irene Lisboa
(1892-1958) publicou 234 tex-
tos na Seara Nova, uns assina-
dos com o seu nome, outros
com o seu pseudónimo mais
conhecido, João Falco, outros
ainda como Manuel Soares (no cam-
po da pedagogia) ou Maria Moira.
“É uma quantidade impressionan-
te de textos, que abrange todos os
géneros que ela praticou: a crónica,
a narrativa, a poesia, a crítica literá-
ria, os artigos de pedagogia”, salien-
ta a ensaísta Paula Morão, especialis-
ta na obra de Irene Lisboa .
Foi também com a chancela da
Seara Nova que a escritora e pedago-
ga publicou muitos dos seus livros,
incluindo os volumes de poesia Um
Dia e Outro Dia (1936) e Outono
Havias de Vir (1937).
A revista encarregou-a ainda, no
início dos anos 40, de promover um
Inquérito ao Livro em Portugal,
gigantesco empreendimento a que
se abalançou sozinha e cujos resul-
tados foram parcialmente publica-
dos na Seara Nova, e depois compi-
lados em livro em dois volumes.
Na sua comunicação ao colóquio
Os Seareiros, que teve lugar no início
desta semana na Gulbenkian, Morão
chamou a atenção para o muito
material relacionado com este inqué-
rito que continua inédito e por estu-
dar. “Além das respostas que rece-
beu, há entrevistas que fez directa-
mente a editores e livreiros, e que
tem materiais interessantíssimos”,
diz a investigadora, que espera que
os especialistas da sociologia do livro
e da leitura venham agora a ocupar-
se desta documentação.
Irene Lisboa publicou mais de
200 artigos na Seara Nova
Banida do ensino pelo regime, Ire-
ne Lisboa viu assim cerceada a sua
vocação docente e encontrou na Sea-
ra Nova não apenas um lugar onde
podia publicar os seus trabalhos,
mas uma segunda família. “Traba-
lhava de manhã em casa e ia quase
todas as tardes para a redacção da
Seara Nova, diz Paula Morão. “O seu
nome não está creditado na direcção
da revista, mas, além dos seus textos
que publicou, fez certamente muitas
outras tarefas de redacção.”
Feminismo em 1928
Mas se Irene Lisboa foi, por assim
dizer, a seareira por excelência, mui-
tas outras mulheres se destacaram
na revista. A investigadora Cecília
Honório contabilizou 171 autoras,
ainda que só 14 tenham publicado
cinco ou mais artigos.
Se a primeira autora representada
nas páginas da revista é Florbela
Espanca, que ali publica um soneto
logo em 1922, pelo Æm da década
havia já algumas colaboradoras
recorrentes, como Irene Lisboa, mas
também Ana de Castro Osório ou
Elina Guimarães (1904-1991), que em
1928, sublinha Cecília Honório, “está
já a escrever na Seara Nova um texto
muito arrojado sobre o Congresso
Feminista” que nesse ano decorria
em Lisboa. A escritora e jurista
denuncia no seu artigo essa “injusta
e revoltante situação actual, em que
qualquer homem inconsciente e
analfabeto tem na vida pública uma
intervenção directa, que é negada à
mais culta, mais inteligente, mais
altruísta das mulheres”.
“Publicando criações próprias,
divulgando livros de outros autores,
denunciando, muitas vezes a partir
das suas próprias experiências
docentes, um sistema de ensino
estruturalmente atávico”, ou ainda
“abordando as lutas das mulheres
pelo direito ao trabalho e à educa-
ção”, enumera Cecília Honório,
mulheres como Cristina Torres (1891-
1975), Maria Lamas (1893-1983),
Maria Archer (1899-1892), Manuela
Porto (1908-1950), Alice Gomes
(1910-1983), Ilse Losa (1913-2006), ou
Ema Quintas Alves (1915-1993) são
outros nomes que a história da Seara
Nova não pode esquecer. E aos quais
se soma uma jornalista como Helena
Neves, que nos anso 70 “publicou
trabalhos notáveis de crítica à
modernização conservadora do mar-
celismo, como um artigo sobre o
peso do turismo na economia do
Algarve”, elogia a investigadora. Um
tema, diga-se, que não perdeu pro-
priamente actualidade.
4 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021

Espaço público

Os riscos de uma escalada na tensão política

A
inda faz sentido acreditar
Editorial que na vigésima quinta
hora o Orçamento do
Estado acabará por ser
aprovado com o apoio de
um ou dos dois parceiros eleitos pelo
PS para viabilizar a governação. O
Manuel Carvalho Orçamento, como aÆrmou a ministra
Mariana Vieira da Silva, “tem uma
marca de esquerda bem visível”;
parte do caderno de encargos do
Bloco e do PCP está lá transcrita; as
exigências em matéria laboral estão
a ser estudadas e algumas serão
certamente atendidas; as Finanças
Mesmo que o Governo se ainda dispõem de margem para
desdobre em palavras atender a outras reivindicações; e,
questão crucial, Bloco e PCP não
mansas e promessas de deixarão de avaliar os riscos do
negociação sobre o OE, chumbo num momento tão crucial
pressente-se uma para o futuro do país.
obstinação nos seus Apesar deste cenário, começou a
emergir um novo e imprevisível
parceiros que ameaça perigo: o do agravamento das
destruir as pontes de palavras e da escalada da tensão
entendimento política. Como já aqui escrevemos,
há sete orçamentos que o ritual da
contestação e a ameaça do chumbo
por parte do Bloco e do PCP se
repetem. Este ano, com o desgaste
do Governo, com as contas do
Estado mais “folgadas” e com as
feridas abertas pelos maus
resultados nas autárquicas, não
admira que essa teatralização se
repita. O problema é o grau dessa
teatralização, que está rapidamente
a passar do drama para o prenúncio
da tragédia.
Na política, como na vida, o que se
diz por vezes diÆculta, ou impede,
recuos. O que o Bloco e o PCP vão
repetindo entra nessa categoria.
Mesmo que o Governo se desdobre
em palavras mansas e promessas de
negociação, pressente-se uma
obstinação nos seus parceiros que
ameaça destruir as pontes de
entendimento.
No actual momento do país, esse
cenário é preocupante. Não que a
derrota de um Orçamento isento de
horizonte estratégico e marcado pela
velha obsessão de distribuir riqueza
sem apostar na sua criação fosse por
si só um mal para o país. O problema
é que, no presente contexto, com
fundos europeus para executar, vale
mais um Orçamento assim do que
uma crise política com a vida em
duodécimos. Mesmo os que
pressentem que Portugal está uma
vez mais a passar ao lado de uma
oportunidade única podem
entender que, vivendo à luz do mal
menor, um chumbo do Orçamento
seria uma irresponsabilidade
política.
Ainda é cedo para admitir o pior,
mas no espaço de uma semana o
pior deixou de ser impossível.
Depois de uma soberba vitória
(mesmo que o futuro a mostre como
temporária) sobre a pandemia, o
país nunca conseguirá entender e
aceitar uma magníÆca derrota
imposta pelos partidos ao país que
dizem representar.

CARTAS AO DIRECTOR
Direito ao rigor
Em notícia divulgada no PÚBLICO,
com o título “Filipa Roseta foi
eleita vereadora de Moedas mas
não renuncia a lugar de
deputada”, a jornalista SoÆa
Rodrigues aÆrma que “um
deputado eleito para vereador que
aceite pelouros, sejam essas
funções remuneradas ou não, terá
de optar entre uma das duas
funções”. De acordo com o que
tem sido o entendimento da
Comissão da Assembleia da
República competente para o
efeito (14.ª Comissão de
Transparência e Estatuto dos
Deputados), só há
incompatibilidade, à luz da alínea
g) do n.º 1 do artigo 20.º do
Estatuto dos Deputados, no caso
de se tratar do cargo de vereador a
tempo inteiro ou em regime de
meio tempo. Não há
incompatibilidade se o cargo de
vereador for exercido em regime
de não permanência, ou seja, sem
direito a remuneração e apenas
com direito a uma senha de
presença por cada reunião
ordinária ou extraordinária do
respectivo órgão e das comissões a
que compareça e participe, como
determinado pelo n.º 1 do artigo
10.º do Estatuto dos eleitos locais.
Acrescento que dei entrada na 14.ª
Comissão de um pedido especíÆco
para esclarecer a situação
particular, além do entendimento
existente, para que não haja
qualquer dúvida antes de tomar
uma decisão.
Filipa Roseta, deputada do PSD
O “Big Brother” ainda
toma conta das estradas
Tem imensa razão o leitor Eduardo
Fidalgo de Linda-a-Velha no reparo
feito no PÚBLICO de 14 de Outubro
nas Cartas ao Director. Também eu
me vi “premiado” com uma coima
de moldura entre 120 (cento e
vinte euros) e 300 (trezentos
euros) por ter cometido grave
maldade automobilística, com
pena acessória de inibição de
conduzir.
A Polícia Municipal de Lisboa
detectou-me no dia 1 do corrente
pelas 20h26m, quando seguia no
túnel bifurcando para a Avenida
António Augusto de Aguiar,
conduzindo o decrépito veículo de
2009 à louca e criminosa
velocidade de 72 (setenta e dois)
km horários quando o limite no
local era o de 50km!
O radar é inexorável e vou ter de
esportular talvez o mínimo da
coima pois não sou partidário de
velocidades em condução
automóvel. A partir de agora, se
tiver o azar de me servir desse
itinerário ou semelhante, irei
sempre, como se dizia antigamente
nas feiras, com “um olho no burro
e outro no cigano”, a olhar para
todos os lados — frente, atrás,
laterais, correndo o risco de
esbarrar num dos muitos carros
que no mesmo local no futuro
seguirem à minha frente…
Oxalá o engenheiro Carlos
Moedas possa ter algum tempo
também (ele que queria um teatro
em cada freguesia…) para refrear
os ímpetos pidescos destes
“radares-fantasmas” que decerto
proporcionam ao município
belíssimas e chorudas receitas…
Sílvio Bairrada, Elvas
Taxas bancárias e saúde
mental
O sistema bancário é tão
complexo que não é acessível a
todos os que achamos que devia
ser para não o sentirmos causa
do nosso mundo desigual.
Mundo onde os bancos
concorrem entre si no assédio
aos “bons” clientes, a quem
oferecem vantagens nos custos
correntes e emprestam “montes”
de dinheiro que, conÆadamente,
neles depositam os “maus”
clientes pobres ou remediados.
Assim criando progresso ao
estimularem o
empreendedorismo apesar dos
calotes de dimensão
pornográÆca que de vez em
quando se tornam conhecidos
desses “maus” clientes. Por isso
têm de compensar estas perdas
brutais aplicando aos muitos
“maus” clientes elevadas taxas
mensais, penalizações várias por
não cumprirem certas normas de
consumo que promovem,
modelos de endividamento pelo
uso descontrolado de cartões
que vendem Ængindo oferecê-los.
Estas manobras não bastam para
recuperar o que desbaratam com
os “bons” clientes mas garantem
aos gestores os pornográÆcos
salários e prémios que pagam a si
mesmos.
Vejo nisto algo de sinistro ou até
criminoso porque hoje há
milhares de desempregados,
milhares de assalariados que
recebem mensalmente 500 a 700
euros, milhares que vivem do
apoio de terceiros porque a sua
situação Ænanceira se degradou
dependendo, os que as têm, das
misérrimas economias que
acumularam durante anos. São
estes coitados que estão
obrigados a pagar aos bancos,
mensalmente, taxas de mais ou
menos 1% do seu rendimento ou,
para os “ricos”, com salários
exorbitantes de 1000 euros, 0,5%.
Mas para os que nada recebem
mas juntaram alguns euros que
não podem colocar debaixo do
colchão, essas taxas são mais de
100% do seu nulo rendimento. É
isto justiça social?
M. M. Camilo Sequeira, Algés

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ESCRITO NA PEDRA Ela por ela
A única
dignidade Ainda ontem
realmente
autêntica é a
que não diminui
ante a indiferen-
ça dos outros
Q
Miguel Esteves Cardoso
Dag ue eu saiba, a coisa em que
mais gente acredita é o
Hammarskjold, karma. Mais do que
qualquer outro princípio
diplomata religioso, o karma é a
superstição dominante,
mesmo entre pessoas que se orgulham
de não ser supersticiosas.
O NÚMERO Posto doutra maneira, não conheço
2
ninguém que não acredite no karma,
incluindo a minha própria pessoa, por
muito que me custe admiti-lo. O êxito do
karma é tanto maior por ser divorciado
de qualquer conhecimento das
religiões, sobretudo indianas, em que
Ægura.
É esse o sinal de um êxito religioso: é
O preço da gasolina ultimate nacionalizado e simpliÆcado por cada
chegou aos 2€/litro, na terça- cultura em que é absorvido, ao ponto de
-feira, numa bomba de se tornar ubíquo e, por conseguinte,
combustível da BP em Beja invisível.
ZOOM PLANTAÇÃO DE CHÁ EM TAIWAN
Nesta plantação de chá em Taiwan, os trabalhadores são pagos de acordo com o peso das folhas de chá que conseguem
recolher, mas a seca reduziu o tamanho das folhas, o que teve repercussão no dinheiro que recebem
Tendo-se enfraquecido as certezas
religiosas que ajudavam as pessoas a
enfrentar as injustiças e arbitrariedades
da existência, acabaram as consolações
dos castigos cósmicos para os
pecadores. Já ninguém acreditava que
os maus iam parar ao inferno e, como
tal, foi preciso arranjar um pagamento
mais terreno e mais plausível.
Daí o karma: cá se fazem e cá se
pagam. A ênfase é no “cá”, no aqui na
terra, nesta vida — e não daqui a muito
tempo. O karma continua a acreditar no
castigo mas já não é Deus que trata disso
— é o cosmos, o azar, uma espécie de
equilíbrio metafísico que mantém uma
coluna de “deve” e outra de “haver”.
É a mesma fé que tem o jogador: que a
sorte só pode estar escondida atrás de
uma sucessão de azares e que, mais
tarde ou mais cedo, tudo acaba por Æcar
“ela por ela”. É a mesma fé que nos leva
a dizer que não acreditamos em
bruxas... pero que las hay, las hay.
Claro que haverá sempre
coincidências que se arranjam para
provar que o karma existe — nem os
maiores patifes se livram dos maiores
azares — mas o karma simplesmente não
existe.
É pena e está mal... mas é assim.
ANN WANG/REUTERS
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 5
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6 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Espaço público
Fascismo nunca mais!
Escrever
Direito
“O
Francisco Teixeira da Mota
s advogados
portugueses saberão,
porém, resistir a este
ataque, assim como
resistiram durante
o Estado Novo à
tentativa de transformação da Ordem dos
Advogados num sindicato integrado num
sistema corporativo, tendo, pelo contrário,
a Ordem dos Advogados estado sempre ao
lado dos grandes advogados que se bateram
contra a ditadura.”
Graças a um projecto de lei do Partido
Socialista, que está a ser discutida na
Assembleia da República e que respeita a
algumas mudanças nos estatutos das ordens
proÆssionais, Æcámos a conhecer esta épica
faceta antifascista do professor doutor Luís
Menezes Leitão, que dirige a Ordem dos
Advogados (OA).
Contudo, no meu entender, uma boa parte
das medidas apresentadas na proposta de lei,
não só não é fascizante, como é positiva e
poderá contribuir para uma maior
transparência e democraticidade das ordens
Desencanto orçamental
O
Pedro Filipe Soares
aumento do custo de vida
entra-nos pelos depósitos de
combustível dentro,
transformando em produtos de
luxo os que antes eram banais.
E não é uma política ambiental,
é uma forte arma de desigualdade, pois
pesará sempre mais nas carteiras menos
recheadas do que nas quais uns euros a mais
ou a menos não fazem diferença. Num país
em que uma grande parte do território não
tem transportes públicos adequados (ou nem
sequer tem transportes públicos), essa
desigualdade aprofunda fatores de atraso.
Várias empresas Æzeram soar alertas para
a falta de componentes e a rápida subida de
preços de matérias-primas. Basta uma breve
visita à mercearia ou ao supermercado e
somos assaltados pelos aumentos de preços
dos produtos expostos nas prateleiras. Há já
e da nossa própria sociedade. Como é
natural, as reformas suscitam sempre
resistências dos poderes instalados, sendo
particularmente cómico ver os paladinos do
liberalismo e da necessidade de reformas
assumirem-se como os encarniçados
defensores do statu quo e dos poderes e
opacidade das corporações.
Há aspectos desta reforma que são
discutíveis e que poderão ser alterados, de
forma a afastar-se o espectro do estatismo
que, desta vez, não andará pela Europa, mas
por São Bento. Mas também não duvido de
que esta sistemática acusação de o Estado de
direito estar a ser posto em causa quando são
postos em causa os interesses da classe dos
advogados, ou de uma certa classe de
advogados, ou, ainda, de uma certa OA,
começa a ser, no mínimo, ridícula.
A mim, parece-me, evidentemente,
louvável e desejável que haja um provedor
dos utentes/clientes, exterior à OA, que
possa intervir em defesa dos interesses dos
clientes para combater um natural
corporativismo interno. É evidente que esse
provedor não pode ser nomeado pelo Estado
e será preciso pensar em instituições da
sociedade civil credíveis para poderem
indicar, em conjunto, as pessoas que
poderiam ocupar esse lugar. As faculdades,
por exemplo, ou a Deco?
Por outro lado, há muito que defendo a
necessidade de os órgãos disciplinares da OA
integrarem cidadãos que não sejam
advogados, como consta da proposta de lei.
quem preveja um “cocktail explosivo” que
nos será colocado no sapatinho pelo Natal. O
aumento do custo de vida é real e ameaça os
rendimentos das famílias.
Os alertas para esta escalada de preços e
escassez de produtos não são apenas
nacionais, surgem pelo mundo. É matéria de
destaque em todos os jornais de referência e
preocupação de inúmeras instituições. No
entanto, fazendo lembrar aquela pequena
aldeia gaulesa onde viviam Astérix e Obélix (e
eu sempre preferi o carregador de menires),
há pontos de resistência onde parece que
esta preocupação mundial não entra, que
vivem uma outra realidade. É o que faz
lembrar o Ministério das Finanças e a sua
política — só que, ao contrário dos intrépidos
gauleses, não temos nenhuma poção mágica
que nos livre dessas ameaças. São as políticas
públicas que têm de as prever e de lhes
responder, mas é aí que começam as
desilusões com a proposta de Orçamento do
Estado para 2022 (OE2022) apresentada no
início da semana pelo Governo.
Há questões que não precisam de esperar
pelo Orçamento do próximo ano para terem
uma resposta. O combate à especulação nos
preços dos combustíveis é um desses
exemplos. Não quis o PS (e a direita toda) que
fosse Æxado um preço máximo para a venda
Sinceramente, creio que seria uma vantagem
para a sociedade e uma mais-valia para a
imagem pública dos advogados. Eu sei que é
uma visão idealista, mas persisto na crença
de que é possível sermos um país moderno e
que não é inevitável sermos saloios, tacanhos
e desconÆados.
A forma como se procura restringir a
entrada na proÆssão de advogado
também me incomoda e envergonha,
nomeadamente através dos custos dos
estágios e da sua duração. Em tempos, tive
algum contacto com essa realidade e Æquei
com uma ideia muito triste do nível desse
ensino, tanto quanto à qualidade pedagógica
de muitos advogados convertidos em
formadores como do teor das aulas
leccionadas que me pareceu repetirem as
matérias estudadas nas faculdades.
Esta acusação de o
Estado de direito estar
em causa quando são
postos em causa os
interesses de uma certa
OA começa a ser ridícula
de gasolina e do gasóleo como o Bloco de
Esquerda propôs ainda há umas semanas no
Parlamento. Chumbaram essa proposta em
nome da saúde de um mercado que nos está
a pôr doentes a todos. Foi um erro. Mas o
euromilhões que o Ministério das Finanças
está a levar inesperadamente com a subida
explosiva dos preços dos combustíveis devia
ser usado para reduzir o ISP. Aliás, como o
próprio Governo garantia há anos que ia
fazer. Não responder a esta realidade é falhar
no apoio às famílias e à economia, continuar
a colocar o déÆce à frente das necessidades
do país.
É essa política de dar prioridade ao déÆce e
não à economia que fez com que Portugal
fosse dos países que menos gastaram no
apoio a famílias e empresas no período da
pandemia. E, como se vê, se esse apoio fosse
mais forte seria também mais rápida e capaz a
recuperação económica, como se percebe na
comparação com outros países europeus. Um
Governo poupadinho nas soluções acaba por
acrescentar problemas, como se vê.
A proposta de OE2022 é Ælha do mesmo
raciocínio pequenino, falhando em matérias
essenciais. Faz promessas de baixas de IRS
para milhões com valores individuais
irrisórios — no total pouco mais é do que a
borla Æscal que a EDP teve com a venda
Pode ser que, hoje em dia, não seja assim, e
não quero desmerecer os colegas advogados
e formadores, mas, lamentavelmente, a OA
nunca promoveu nenhuma avaliação externa
da qualidade e eÆcácia das muitas milhares
de horas e de euros despendidos nessa
formação, pelo que só podemos dizer que
não sabemos o que qualitativamente por lá se
passa, o que já é muito mau.
A OA, ou aqueles que a ocupam
democraticamente eleitos, tal como
qualquer sindicato em relação aos seus
associados, parece não querer Æscalização,
auditorias, avaliações: prefere manter as
rotinas, os interesses e os poderes
estabelecidos. A actual OA foge da ideia de
entrarem na instituição pessoas da sociedade
civil como o diabo foge da cruz. Como
advogado, só posso dizer que tenho muita
pena que seja assim.
Mas podem os dirigentes das ordens estar
descansados quanto aos resultados da sua
cruzada: na república de advogados em que
vivemos, a discussão desta proposta de lei na
especialidade, na Assembleia da República,
irá, seguramente, esvaziá-la de quaisquer
veleidades reformistas.
P.S. Entretanto, recebi um email com um
comunicado do Conselho Regional da Ordem
dos Advogados de Lisboa com o título:
“Diploma do PS vai ‘matar’ a proÆssão de
advogado”. É caso para dizer: “Aux armes ...
maîtres!”
Advogado. Escreve à sexta-feira
milionária das barragens. Rejeita valorizar
quem trabalhou uma vida inteira e tem direito
a uma reforma digna mantendo um corte pelo
“fator de sustentabilidade”, um mecanismo
perverso usado pela direita para penalizar as
reformas antecipadas das longas carreiras
contributivas - Æcam lesados os mais velhos e
os mais novos que estariam disponíveis
trabalhar, bem como o combate à pobreza
que se faz com esta política. Mantém os cortes
indiretos que a troika deixou nos salários dos
trabalhadores, seja nas indemnizações por
despedimento ou na redução do valor das
horas extraordinárias. Falha no investimento
público que defende os serviços que nos são
fundamentais e que têm uma manta
demasiado curta para cobrir todas as
necessidades, como é o caso do SNS.
Não é só por nenhuma das propostas que o
Bloco de Esquerda fez ao Governo estar
prevista na proposta de OE2022 que ela é má,
é mesmo porque falha em respostas
essenciais para corrigir problemas estruturais
do país. Podia o Governo fazer diferente?
Podia, bastava perceber que quem não está
em maioria tem de ter disponibilidade para
dialogar. Ganhará essa vontade?
Presidente do Grupo Parlamentar do
Bloco de Esquerda. Escreve à sexta-feira

Gritaria orçamental
Susana Peralta
Mais crise política,
menos crise política,
vamos continuar a ter
um processo orçamental
que é um insulto aos nossos
F
direitos de cidadania
oi você que pediu um processo
orçamental todo inquinado?
Parabéns, está no país certo.
Não me canso de escrever que o
debate do Orçamento é um
elemento fundamental da nossa
democracia. Trata-se de perceber onde o
Estado vai buscar o dinheiro e onde o gasta.
Não há orçamentos do Estado certos ou
errados — qualquer decisão tomada de forma
democrática, transparente e informada é boa.
Só que para isso acontecer há um calendário e
processos de decisão a respeitar, que cá no
burgo são displicentemente ignorados. Por
todos os responsáveis políticos.
Em primeiro lugar, pelo Governo. Falta
informação sobre quanto gastamos. Por
exemplo, Pedro Freitas lembrou no PÚBLICO
esta semana que não conhecemos a execução
orçamental do Ministério da Educação desde
2018. Estamos com isso condenados a
comparar montantes orçamentados, sem
saber o que foi efetivamente gasto em cada
domínio. Falta informação sobre como o
dinheiro é gasto. Como aqui lembrei há um
mês, não há decreto-lei de execução
orçamental dos anos de 2020 nem de 2021, o
que impede o Parlamento e o Conselho das
Finanças Públicas de fazerem o necessário
trabalho de escrutínio e Æscalização em
nosso nome. Não sabemos, igualmente, em
que é que o dinheiro é gasto. Uma coisa é
saber a dotação orçamental do Ministério do
Ambiente, outra é saber que parte desse
dinheiro é gasto, digamos, na limpeza de
rios, na reintrodução ou proteção de
espécies animais ou vegetais, na prevenção
de incêndios Çorestais.
Este tipo de informação exige que
implementemos a eternamente adiada
orçamentação por programas, que foi
deÆnida pela Lei de Enquadramento
Orçamental de 2015 e devia ter sido
implementada no Ænal de um período de
transição de três anos. Em 2018, o desígnio
foi adiado para 2021. Estamos a orçamentar
2022 sem nada que se pareça com isto. E não
é por falta de aviso de instituições
internacionais como a OCDE ou nacionais
como o Tribunal de Contas.
Em segundo lugar, pelo Parlamento. A
gritaria orçamental que anualmente se segue
à entrega do projeto de OE a Ferro Rodrigues
não digniÆca o debate orçamental nem serve
a nossa democracia. Não estou a falar do
papel da Unidade Técnica de Apoio
Orçamental, que com recursos limitados e
com informação em falta por parte do
Governo faz um trabalho meritório na
produção de informação para representantes
políticos e eleitores. Estou mesmo a
referir-me aos nossos representantes eleitos
que utilizam estas poucas semanas para
aparecerem na televisão com reivindicações
várias, em vez de procurarem debater com
elevação e de forma construtiva o
instrumento fundamental de política
económica do país.
Quem ouve a gritaria de outubro até pensa
que o debate começou agora. Mas não. O
debate orçamental inicia-se em abril, quando
o Governo submete ao Parlamento uma
proposta de Lei das Grandes Opções. A LGO,
tal como o OE, são da competência do
Parlamento. É por isso que o Governo
submete uma proposta e que há depois um
debate do qual surgem alterações e uma
aprovação parlamentar que compromete o
Parlamento e vincula o Governo. A Lei de
Enquadramento Orçamental explica no seu
artigo 32.º que a LGO, em conjunto com a
atualização anual do Programa de
Estabilidade, constituem o início do processo
orçamental. Esta ideia de ter um debate
orçamental no Parlamento em duas etapas
não é original. É uma boa prática aconselhada
pela OCDE e implementada em 15 países,
incluindo Canadá, França, Irlanda, Suécia,
Dinamarca e Espanha. O objetivo desta etapa
inicial é (citando em tradução livre do site da
OCDE) “promover a consciencialização e o
debate acerca dos agregados do orçamento,
as implicações de manter as leis existentes, as
interações com a economia em sentido mais
abrangente, delimitar as expetativas para o
orçamento e preparar o terreno para um
escrutínio informado do orçamento.“ No
fundo, andar mais tempo a pensar nisto para
evitar a gritaria.”
A LGO tem duas partes: a identiÆcação e
planeamento das opções de política
económica e os tetos de despesa plurianuais.
De facto, fui ver ao site do Parlamento e
encontrei o PDF da proposta de Lei das
Grandes Opções 2021-2025, e nela o Quadro 2
com os “Limites da Despesa por Missão de
Base Orgânica” que é como quem diz, por
ministério, para cada ano. Se tivesse havido o
tal debate, os partidos da oposição podiam ter
dirimido argumentos com o partido do
Governo até chegarem a tetos de despesa que
reunissem um apoio parlamentar suÆciente
para serem aprovados. Os tetos de despesa,
como é natural, decorrem de opções de
política. Teríamos então um debate mais
prolongado no tempo, que garantiria que
chegássemos a outubro com os partidos mais
ou menos alinhados no que ia surgir no OE. E
comprometidos com os tetos de despesa, o
que os obrigaria a explicar, para cada
alteração de política exigida no debate
orçamental, onde cortar para a poder pagar.
Na prática, o que aconteceu foram
adiamentos sucessivos do debate da Lei das
Grandes Opções, a pedido do PS. Primeiro a
O debate orçamental
não se inicia em
outubro mas em abril,
quando o Governo
submete ao Parlamento
uma proposta de Lei das
Grandes Opções
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 7
MIGUEL A. LOPES/LUSA
29 de abril, depois a 29 de junho, e mais tarde
a 7 de setembro. Por mais 45 dias. Isto quando
a Lei de Enquadramento Orçamental
determina que as Grandes Opções sejam
votadas no prazo de 30 dias. Portanto, a
primeira fase do debate orçamental ainda não
ocorreu e já estamos na segunda fase. Assim,
realmente, ninguém se entende. O último
adiamento foi votado pelo PS, BE e PCP que
assim prepararam, em conjunto com o
partido do Governo, o terreno para a gritaria
onde estamos agora metidos.
O terceiro responsável é o Presidente da
República. Se é ele o garante da Constituição,
é também a ele que compete garantir que não
caímos neste no man’s land orçamental.
Decreto-lei de execução orçamental não há,
LGO também não. Seria mau em qualquer
ano, mas neste em particular: depois da
brutal crise em que nos vimos metidos, com
tanta miséria por aí espalhada e com o PRR
para implementar. Exigia-se de Marcelo
Rebelo de Sousa mais do que apelos ao bom
uso dos fundos europeus e ao não desperdício
da última oportunidade do nosso país.
Exigia-se mais do que a discussão na praça
pública de cenários hipotéticos de eleições
antecipadas e previsões sobre um orçamento
que daqui a seis meses iria ser semelhante ao
que temos agora — já em plena gritaria
(expectável depois dos sucessivos adiamentos
da Lei das Grandes Opções). Era preciso ter
garantido que o Parlamento e o Governo
faziam o seu trabalho.
Eu não sei que Orçamento teremos em abril
se houver eleições em janeiro, mas sei que
mais crise política, menos crise política,
vamos continuar a ter um processo
orçamental que é um insulto aos nossos
direitos de cidadania. Com a conivência de
todos os responsáveis políticos.
Professora de Economia na Nova SBE.
Escreve à sexta-feira
8 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Política Orçamento do Estado para 2022
Governo
cede na
caducidade das
contratações
colectivas
O executivo do PS quer exclusividade
dos médicos a arrancar em 2022
com os proÄssionais dos Centros
de Responsabilidade Integrados
Ana Sá Lopes
O Governo adiou para a próxima
quarta-feira a reunião da concerta-
ção social que estava marcada para
hoje. Até lá, vai ultimar a proposta
de alteração na caducidade dos con-
tratos colectivos, matéria essencial
para o PCP e o Bloco de Esquerda
viabilizarem o Orçamento do Esta-
do.
Na nova proposta, o Governo
introduz a possibilidade dos traba-
lhadores e os empregadores accio-
narem os tribunais arbitrais antes do
Ænal do prazo do contrato colectivo,
suspendendo o prazo e prevenindo
a caducidade, já que o tribunal pode
decretar a continuidade do contrato
colectivo quando não há acordo
entre as partes, como explicou ao
PÚBLICO uma fonte do Governo. O
regime vigente só permite que seja
accionado um tribunal arbitral
depois da caducidade do contrato
colectivo e por iniciativa de um mem-
bro do executivo.
No texto que o Governo vai apre-
sentar à concertação social, uma
nova redacção limitará a possibilida-
de, introduzida em 2019, do acordo
colectivo ser extinto após a dissolu-
ção da associação de empregadores
com que foi assinado. Não será um
regresso tout-court ao pré-2019 — que
os patrões não aceitam —, mas uma
tentativa de impedimento de falsas
extinções de associações patronais,
decididas apenas com o objectivo de
caducar os contratos colectivos,
abrindo uma nova associação na
porta do lado.
Médicos exclusivos em 2022
O Governo prefere a expressão
“dedicação plena” à mais popular
palavra “exclusividade”, quando se
fala do estatuto proÆssional dos
médicos. Nas negociações com vista
à viabilização do Orçamento do Esta-
do para 2022 na generalidade pelo
PCP e/ou Bloco de Esquerda, o
Governo apresentou uma proposta
para que a dedicação plena dos
médicos se inicie em 2022, começan-
do com os médicos dos CRIS – Cen-
tros de Responsabilidade Integrados,
já constituídos ou a constituir.
Esta proposta vai tentar ultrapas-
sar uma das exigências do Bloco de
Esquerda e do PCP, que têm bata-
lhado pela exclusividade dos médi-
cos no Serviço Nacional de Saúde
(SNS). Ontem, em entrevista ao
“Interesse Público”, um programa
do PÚBLICO transmitido no site do
jornal, Mariana Mortágua insistia na
medida da exclusividade “que apa-
rece na redacção da lei do Orçamen-
to do Estado como norma progra-
mática há anos” e que “nunca foi
concretizada”.
“Está no programa do PS. O proble-
ma é que temos de chegar a acordo Governo adiou conversações ao seu eleitorado, que tem vindo a do PCP”. Mas o deputado comunista
sobre uma redacção”, disse. Durante com a concertação social para diminuir desde que, em 2015, o PCP deixou claro que enquanto houvesse
o debate sobre o Orçamento do Esta- a próxima semana assinou com o executivo minoritário estrada para andar, o PCP iria conti-
do para 2021, tanto o PCP como o BE do PS as célebres “posições conjun- nuar a tentar a viabilização: até 27 de
apresentaram propostas tendo em tas” para viabilizar os orçamentos do Outubro, data da votação na genera-
vista a generalização da exclusivida- Estado. lidade, ainda “é tempo de encontrar
de, mas foram chumbadas. Quando anunciou o voto contra na soluções” e “é tempo de veriÆcar se
votação na generalidade do Orça- o PS e o Governo recusam em deÆni-
PCP estica a corda mento do Estado tal como está, João tivo os compromissos que permitam
Os comunistas decidiram, este ano, Oliveira, líder parlamentar do PCP, sinalizar o caminho da resposta que
forçar o Governo a maiores exigên- deixou bem claro que o caminho o país precisa”.
cias, ao contrário do que tinha acon-
[Exclusividade dos estava agora a começar, que a deci- O esticar da corda do PCP fez com
tecido no Orçamento de 2021. Há médicos] está no são não era irreversível e que uma que os comunistas decidissem este
uma explicação lógica: o PCP sabe mudança de posição do PCP até ao ano incluir as leis laborais como con-
que sem Orçamento não há execu-
programa do PS. voto na generalidade era possível. dição para viabilizar o Orçamento do
ção do PRR — como Marcelo já disse O problema é que “Na situação actual, considerando Estado, ao contrário do que tinha
— e que não será tão fácil ao Governo a resistência do Governo até este acontecido no ano passado, na dis-
explicar uma opção pela crise políti-
temos de chegar momento em assumir compromissos cussão do último OE, em que recu-
ca, demitindo-se, governando com a acordo sobre em matérias importantes além do sou terminantemente misturar as
duodécimos até às eleições e atra- Orçamento e também no conteúdo duas questões.
sando a aplicação dos fundos euro-
uma redacção da proposta de Orçamento que está Ainda em Julho passado, em
peus. O que tem é que ter um ganho Mariana Mortágua apresentada, ela conta hoje com a entrevista ao PÚBLICO e à Rádio
de causa substancial para apresentar Deputada do Bloco de Esquerda nossa oposição, com o voto contra Renascença, o líder parlamentar do
 Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 9

DANIEL ROCHA

Programa de Recuperação e Resiliência

Bloco quer
“acordo político”
para viabilizar OE
M
ariana Mortágua diz que
para o Bloco de Esquerda
viabilizar o Orçamento —
“e assim viabilizar a
governação do Partido
Socialista” — “precisa de ter
um acordo político com o PS”.
Em entrevista ao programa
Interesse Público, que foi
transmitida em directo ontem
no site do PÚBLICO, a
deputada do BE afirma que
“esse acordo político inclui
medidas orçamentais, mas
inclui medidas da organização
da sociedade e da economia”.
As outras medidas “não têm
de estar no Orçamento, mas
Por que razão Marcelo diz que chumbo
do Orçamento comprometeria o PRR
Marta Moitinho Oliveira
O Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, tem colocado em
cima da mesa a possibilidade de elei-
ções antecipadas no caso de o Orça-
mento do Estado ser chumbado. A
tese de Marcelo Rebelo de Sousa não
é nova este ano, nem em anos ante-
riores. Mas o argumento que a justi-
Æca tem sido apresentado com maior
pormenor. Para o chefe de Estado,
“diÆcilmente o Governo poderia con-
tinuar a governar com o Orçamento
deste ano dividido por 12, sem fundos
europeus”. E porquê? Segundo o
gadas por lei, se esse tecto for violado
no caso de empréstimos Ænanciados
com fundos reembolsáveis do PRR,
destinados ao parque de habitação a
custos acessíveis. Sem o Orçamento
aprovado, este artigo não existe, dei-
tando por terra a possibilidade de os
municípios poderem usar estes fun-
dos para políticas de habitação, um
dos objectivos do PRR.
Outro dos pontos relevantes incluí-
dos no Orçamento tem que ver com
o valor jurídico no próximo ano para
as regras de aplicação das verbas do
PRR. Está neste momento em vigor
um decreto-lei, de Junho de 2021, que
contém as normas de execução do
PRR. Na proposta de Orçamento para
2022, o Governo especiÆcou que
estas normas — que permitem agilizar
o uso dos fundos do PRR — não
podem ser prejudicadas por outras
normas de âmbito de controlo orça-
mental ali contidas também. A ideia
do Governo foi evitar eventuais dúvi-
das jurídicas sobre o valor reforçado
de normas: as que estão no Orçamen-
to ou as que estavam apenas em
decreto-lei. E assim deu mais força a
estas últimas, que servem de guia
sobre como aplicar os fundos do
PRR.

PCP aÆrmava, em modo interrogati-
vo: “Passa pela cabeça de alguém
que o voto do PCP no Orçamento do
Estado fosse condicionado pela legis-
lação laboral?”. Quinze dias antes,
em entrevista ao Observador, Olivei-
ra aÆrmava que misturar OE e leis
laborais não era nem “responsável
nem digno”.
Uma alteração na caducidade da
contratação colectiva poderá ser a
medida emblemática necessária para
o PCP viabilizar o Orçamento na
generalidade. Resta saber como os
comunistas vão avaliar a proposta do
Governo. Nas negociações com os
partidos de esquerda, além da exclu-
sividade dos médicos dos CRI, o
Governo admite rever o regime da
gratuitidade das creches — não a gra-
tuitidade universal, mas progressiva
— e avançar nas carreiras dos técni-
cos auxiliares de saúde.
têm de estar acordadas”. “Não
basta o Partido Socialista e o
primeiro-ministro dizerem que
têm disponibilidade para
discutir. O que nós queremos é
que as três propostas que
colocámos em cima da mesa
— os dias de férias que foram
cortados durante a troika, a
questão da indemnização por
despedimento que foi cortada
durante a troika e a questão da
contratação colectiva que
impede a subida dos salários —
sejam aprovadas.” Para o BE,
não basta o “diálogo do
Governo”, mas tem de se
“traduzir em acordo, em
redacções, em legislação”.
Mortágua afirma que o
acordo que o BE pretende “é
um acordo político”: “Quando
se aprova um Orçamento
está-se a apoiar politicamente
o projecto e um documento
que é muito mais que uma
folha de Excel. É óbvio que
para haver acordo tem de
haver acordo em torno de
redacções de projectos de lei,
propostas concretas, porque
senão o acordo acaba por ser
um acordo de intenções e
quando vamos verificar como
ele se concretiza na prática
vamos chegar à triste
conclusão que os partidos que
aceitaram o acordo tinham
pensamentos distintos sobre
aquilo que estavam a acordar”.
Segundo a deputada, “o
mínimo” que o BE pode fazer é
“exigir que cada acordo, cada
medida, seja negociada com
muito pormenor e com muita
capacidade técnica e que fique
muito bem desenhada no final
para que depois não tenhamos
um problema de
interpretações diferentes
sobre aquilo que estávamos a
acordar”. Ana Sá Lopes
4340
PÚBLICO apurou, em causa não está Esta argumentação poderá ser usa-
qualquer regra que impeça o país de da hoje nas audiências que o Presi-
receber os fundos do Plano de Recu- dente da República promove com os
peração e Resiliência (PRR) no cená- partidos e com o Orçamento do Esta-
rio de um orçamento chumbado, mas do na agenda. A esquerda ainda não
sim a capacidade que o país teria para milhões de euros que a proposta deu a mão a Costa, mas as negocia-
os executar. do Governo para OE2022 prevê ções continuam nos bastidores. Para
Isto, porque um chumbo do Orça- de execução de verbas oriundas já, Marcelo Rebelo de Sousa vai pres-
mento — além de “muito provavel- do Programa de Recuperação e sionando com o papão das eleições
mente” conduzir à dissolução do Resiliência antecipadas.
Parlamento e a eleições antecipadas, RODRIGO ANTUNES/LUSA
com “seis meses de paragem na vida
nacional”, como disse o Presidente
— poria o país em regime de duodé-
cimos, ou seja, com tectos de despe-
sa iguais aos de 2021 e, por isso, mais
apertados do que aqueles que estão
previstos no Orçamento para 2022 e
que têm em conta a chegada dos fun-
dos do PRR. No Orçamento, com que
o Governo quer convencer a esquer-
da, está prevista a execução de 4340
milhões de euros do PRR, o que
determina o impulso de quase 30%
no investimento público.
A importância do papel do PRR
enquanto Ænanciador das políticas
públicas é notória ao longo de toda a
proposta de lei. O programa de está-
gios na administração pública, pre-
visto para o primeiro semestre de
2022, é Ænanciado pelo PRR, a inova-
ção e transição digital é Ænanciada
pelo PRR e até o programa de integra-
ção de pessoas sem-abrigo avança,
sendo “passível de ser enquadrado
no PRR”.
Mas se o Estado — que teria um exe-
cutivo de gestão à frente — Æcaria
limitado na forma como usa os fun-
dos, o mesmo aconteceria aos muni-
cípios. Estes têm sido apontados
como fundamentais na utilização dos
fundos do PRR. Contudo, sem um
orçamento aprovado Æcariam de
mãos atadas na utilização dos mes-
mos — por exemplo, no artigo 90.º da
proposta de lei que o Governo entre-
gou na segunda-feira no Parlamento,
sobre investimento em habitação por
parte das câmaras, está previsto que
as autarquias possam ir além do limi-
te ao endividamento a que estão obri- O Presidente tem alertado para a necessidade de executar o PRR
10 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021

Política Orçamento do Estado para 2022

Governo

Costa põe na agenda bandeiras da esquerda: estatuto

do SNS e trabalho digno no Conselho de Ministros
Liliana Borges
Com a esquerda a resistir
sinalizar a aprovação
do OE2022, Costa acena
com dois temas-bandeira
do PCP e do BE
O primeiro-ministro anunciou ontem
que o estatuto do Serviço Nacional de
Saúde (SNS) e a agenda de trabalho
digno serão aprovados no próximo
Conselho de Ministros, dando assim
um calendário a dois temas-bandeira
da esquerda, que resiste em dar a
mão ao Governo no Orçamento do
Estado para 2022.
A declaração de António Costa foi
feita no início de uma reunião entre
o primeiro-ministro, o ministro das
Finanças e o grupo parlamentar do
PS. Costa deixou claro que o Governo
está disponível para chegar a acordos
com os parceiros de esquerda, só que
os mesmos não serão feitos nas nego-
ciações do OE2022, mas sim num
tabuleiro que corre paralelamente.
“O tema da caducidade não se trata
na lei do Orçamento, mas trata-se na
agenda do trabalho digno, que iremos
aprovar no próximo Conselho de
Ministros. E o mesmo se diga em rela-
ção ao estatuto do SNS”, aÆrmou.
O próximo Conselho de Ministros
está agendado para a próxima quinta-
feira, 21 de Outubro. Na agenda para
aprovação está também o estatuto
proÆssional dos artistas (destinado
aos trabalhadores da Cultura).
Já ontem, em entrevista ao PÚBLI-
CO e à Renascença, a ministra de
Estado e da Presidência, Mariana
Vieira da Silva, tinha adiantado: “Uma
parte das exigências [dos parceiros]
não são orçamentais, mas integram
outro conjunto de discussões que
temos em curso. Elas não podem apa-
O primeiro-ministro ensaiou
nova aproximação à esquerda
recer no Orçamento, porque o OE taformas digitais, sabe o PÚBLICO.
não é o lugar delas.” Na sua intervenção no plenário de
“Temos em negociação em Concer- ontem, José Soeiro aÆrmou que “o
tação Social a agenda do trabalho documento que o Governo pretende
digno e em preparação o estatuto do brandir nas próximas semanas é mar-
SNS que decorre da Lei de Bases da cado sobretudo por intensas e notó-
Saúde. São dois instrumentos funda- rias ausências”.
mentais, duas reformas muito impor- Também ontem, o Presidente da
tantes. (...) Ao Orçamento o que é do República voltou a alertar para a
Orçamento. Temos um calendário importância de assegurar a aprova-
suÆcientemente próximo para que as ção do OE2022 e, desse modo, evitar
conversas possam decorrer, mas são a abertura de uma crise política.
necessariamente documentos sepa- Citado pela agência Lusa, Marcelo
rados”, resumiu. Rebelo de Sousa coloca o ónus nos
Mas para o BE, até agora os sinais partidos, que “têm a faca e o queijo”
de disponibilidade que o Governo nas mãos uma vez que são eles a
insiste em dar ainda não foram con- “votar o Orçamento”.
cretizados. Os bloquistas não vêem a Seja como for, à margem de uma
proposta actual como resultado de visita a uma escola na Amadora, Mar-
uma negociação. E ainda que concor- celo disse estar “convencido de que
dem com algumas medidas, há pon- o natural é o Orçamento ser viabiliza-
tos de discórdia, como é o caso das do”, acrescentando que “o bom sen-
regras em relação ao período experi- so aponta para que não haja crise
mental ou a regulamentação das pla- política em Portugal”.

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REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

GOVERNO REGIONAL
SECRETARIA REGIONAL DAS FINANÇAS
DIREÇÃO REGIONAL DO PATRIMÓNIO

EDITAL N.º 4/2021/DRPA

AQUISIÇÃO POR VIA DE DIREITO PRIVADO DAS PARCELAS DE TERRENO NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DA OBRA PREVENÇÃO E MITIGAÇÃO
DO RISCO DE DERROCADAS NAS ESCARPAS SOBRANCEIRAS À ER 223 – TROÇO ESTREITO DA CALHETA/JARDIM DO MAR – FASE B
Em cumprimento do estatuído no n.º 4 do artigo 11.º do Código das Expropriações, Anexo I
torna-se pública a existência, nos serviços da Direção Regional do Património, sita à Obra de Prevenção e Mitigação do Risco de Derrocadas nas Escarpas Sobranceiras à ER 223
Rua Alferes Veiga Pestana, n.º 3D, no Funchal, das propostas de aquisição por via - Troço Estreito da Calheta/Jardim do Mar - Fase B

de direito privado das parcelas de terreno identificadas nos anexos I e II do presente Lista com a identificação dos prédios a expropriar e dos proprietários/interessados aparentes
edital, aplicáveis aos proprietários e demais interessados não conhecidos e àqueles
cujos ofícios, enviados sob registo com aviso de receção, foram devolvidos. Proprietário e demais interessados Área a
Freguesia/
Parcela expropriar
Nos termos do disposto no artigo 10.º do C.E. foi proferida a Resolução de expropriar, Nome Morada Código Postal
Concelho
(m2)
sendo que a previsão do montante dos encargos a suportar com a expropriação teve
por base a quantia previamente determinada 6 Angelina Jardim Casimiro Caminho da Ribeira Funda 9370-249 Estreito da Calheta
Estreito da Calheta
34,90
Calheta
em avaliação efetuada por perito da lista
oficial, para o efeito designado. Manuel Pedro Parau Caminho da Ribeira Funda 9370-249 Estreito da Calheta Estreito da Calheta
8 67,80
Pelo presente edital informa-se ainda que, nos Herdeiros de David de Jesus Caminho da Ribeira Funda 9370-249 Estreito da Calheta Calheta

termos do preceituado n.º 5 do mencionado Estreito da Calheta

artigo 11.º, os proprietários e demais 10 Sem elementos de identificação
Calheta
47,60

interessados nas condições acima indicadas

dispõem do prazo de 30 dias, a contar da data 12 Herdeiros de António Pereira Jardim Caminho da Ribeira Funda 9370-249 Estreito da Calheta
Estreito da Calheta
Calheta
1 082,30

da última publicação nos jornais a que se refere

o n.º 4 do referido artigo, para dizerem o que se 14 Herdeiros de Manuel Sardinha Parau Caminho da Ribeira Funda 9370-249 Estreito da Calheta
Estreito da Calheta
149,60
lhes oferecer sobre a proposta apresentada, Calheta

podendo apresentar contraproposta tendo

Estreito da Calheta
como referência o valor que for determinado 15 Luísa Joana Teixeira da Fonte Caminho da Ribeira Funda 9370-249 Estreito da Calheta
Calheta
103,00

em avaliação documentada por relatório

elaborado por perito da sua escolha. 20 Sem elementos de identificação
Prazeres
Calheta
391,30

Funchal, 11 de outubro de 2021

Prazeres
21 Vicente Rodrigues Araújo e Outros Caminho da Ribeira Funda 9370-249 Estreito da Calheta 133,10
A Diretora Regional Calheta

Élia Ribeiro
 Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 11

Política

Sociais-democratas queriam ter um “Ticão”

no Porto e outro em Lisboa mas o PS recusou
Maria Lopes
Socialistas também
chumbaram o reforço
de competências
do “Ticão” que foi
proposto pelo PSD
Foi aprovada na comissão de Assuntos
Constitucionais, Direitos, Liberdades
e Garantias, a fusão do chamado
“Ticão”, o Tribunal Central de Instru-
ção Criminal que trata dos megapro-
cessos de criminalidade económico-
Ænanceira, com o Juízo de Instrução
Criminal de Lisboa (assumindo-se
apenas a designação do primeiro).
Com esta medida, para além dos
actuais dois juízes de instrução (Carlos
Alexandre e Ivo Rosa), os futuros gran-
des processos poderão ser atribuídos
a outros sete juízes e serem despacha-
dos com maior celeridade e evitando
“incertezas” sobre distribuição de
processos e personalização da inter-
pretação judicial.
A proposta de lei foi conÆrmada na
quarta-feira pelos votos a favor do PS,
PCP e da deputada Joacine Katar
Moreira — como, aliás, acontecera na
generalidade, em Julho —, mas o PSD
voltou a abster-se (assim como BE e
CDS) porque viu o PS e o PCP chum-
barem as suas propostas de alteração
para que o “Ticão” fosse “desdobra-
do” em dois tribunais centrais, um a
norte (Porto) e outro a sul (Lisboa), e
que lhe fossem alocadas uma série de
novas competências que incluíam,
por exemplo, o tráÆco internacional
de estupefacientes e armas, o tráÆco
de pessoas e associação criminosa e
Ænanciamento de terrorismo.
O PS recusou argumentando que
esse acréscimo de competências colo-
cava em causa a sua repartição com
outros tribunais, que o desdobramen-
to do “Ticão” contrariava a lógica de
um “tribunal central único que con-
Mónica Quintela lamenta chumbo às alterações propostas pelo PSD
centra a criminalidade de elevada
complexidade, que tem ampla terri-
torialidade” e que “diÆcilmente exis-
tirá nível de serviço que justiÆque”
dois tribunais. Já o PCP alegou que a
proposta do PSD, apesar de ter lógica,
MIGUEL MANSO
o PSD a conseguir que sejam incluídos
nas competências do “Ticão” os cri-
mes de recebimento indevido de van-
tagem, tráÆco de inÇuência e prevari-
cação punível com pena superior a
dois anos — a par dos já existentes de
corrupção, peculato e participação
económica em negócio.
O texto deve ir ao plenário para
votação Ænal global já hoje para se
apressar o resto do processo legislati-
vo — remessa a Belém, promulgação
e publicação em Diário da República
—, pois a intenção é que entre em vigor
a 4 de Janeiro, data da retoma dos tra-
balhos depois das férias judiciais.
“Perdeu-se a oportunidade de fazer
uma melhoria grande no sistema jurí-
dico e estabelecer uma justiça de
se afasta do espírito inicial com que a maior proximidade, com um tribunal
maioria tinha concordado — incluindo central a sul e outro a norte porque
as entidades consultadas — e também não haveria conÇito de competências
considerou não haver movimento nem perda de especialidade”, lamen-
processual que o justiÆque. tou ao PÚBLICO a social-democrata
Mas houve um ligeiro reforço, com Mónica Quintela.

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Rangel é candidato
à liderança do PSD
Paulo Rangel seguiu o conselho que
recebeu nos últimos dias e anunciou
que é candidato à liderança do PSD
no conselho nacional realizado na
noite passada, e que ainda decorria
à hora de fecho desta edição, segun-
do conÆrmou ao PÚBLICO fonte
próxima do eurodeputado já depois
de vários órgãos de comunicação
social terem avançado com a notí-
cia.
O anúncio era esperado já há algu-
mas semanas, mas acabou por ser
atrasado por causa dos resultados
das autárquicas que foram favorá-
veis à actual direcção de Rui Rio.
O eurodeputado era uma Ægura
próxima de Rui Rio — é aliás o núme-
ro um da lista ao conselho nacional
subscrita pela actual direcção do
partido — mas tem-se vindo a afastar
desta liderança. Logo em Janeiro,
após as presidenciais, Paulo Rangel
defendeu que o PSD deveria fazer
uma oposição ao Governo mais aÆr-
mativa. Nesse mesmo mês, o euro-
deputado rejeitou uma candidatura
à Câmara do Porto, o que foi lido
pela liderança de Rui Rio como um
posicionamento para uma disputa
interna.
No início de Setembro, em pré-
campanha autárquica, Paulo Rangel
deu uma entrevista à SIC em que
assumiu a sua homossexualidade.
Nas últimas semanas tornou-se evi-
dente a aliança entre o eurodeputa-
do e Miguel Pinto Luz que concor-
reu à liderança do partido em 2020,
mas que desta vez apoia Rangel.
As movimentações do eurodepu-
tado social-democrata e também
vice-presidente do PPE no Parla-
mento Europeu acabaram por afas-
tar Luís Montenegro na corrida
eleitoral interna.
Agora, os apoiantes do antigo
líder parlamentar estão inclinados
para Æcar ao lado de Rangel, embo-
ra nem todos.
Era amplamente antecipado que
o conselho nacional da noite de
ontem servisse para medir forças
entre os apoiantes de Paulo Rangel
e os de Rui Rio, apesar de, até então,
o actual líder ainda não ter assumi-
do que é candidato a um novo man-
dato.
Eleito eurodeputado pela primei-
ra vez em 2009, Paulo Rangel foi
também líder parlamentar do PSD
entre 2008 e 2009 na liderança de
Manuela Ferreira Leite. Em 2010, foi
candidato à liderança do PSD, con-
seguindo 34,4% dos votos contra os
61% de Pedro Passos Coelho, numas
eleições a que também concorreram
José Pedro Aguiar Branco (3,42%) e
Castanheira Barros (0,27%). SoÄa
Rodrigues
AVISO
ALTERAÇÃO DA CONVOCATÓRIA
ASSEMBLEIA GERAL ELEITORAL QUADRIÉNIO 2022 / 2025
SESSÃO ORDINÁRIA
Estatutos do Montepio Geral – Associação Mutualista, Alínea a), do número 2 do Artigo 22.º
No passado dia 15 de Setembro de 2021 foi, nos termos legais e estatutários, publicada a Convocatória para a
Assembleia Geral Eleitoral – Sessão Ordinária, de acordo e com o conteúdo previsto nos artigos 19.º e 20.º do
Regulamento Eleitoral.
Nos termos do artigo 12.º n.º 1 do Regulamento Eleitoral, a obtenção de Registo Prévio junto da ASF é um requisito
essencial para a apresentação de listas de candidatura ao Conselho de Administração e ao Conselho Fiscal.
Na presente data, não é previsível que no prazo limite para a apresentação de candidaturas, estabelecida na
Convocatória de acordo com o previsto no artigo 21.º n.º 1 do Regulamento Eleitoral (15 de Outubro de 2021), esteja
concluído o processo de obtenção de registo prévio junto a ASF - Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos
de Pensões por qualquer das listas que, nos termos do Aviso Inicial, iniciaram aquele processo.
Tendo em consideração o supra exposto, comunica-se a todos os Associados efectivos do Montepio Geral –
Associação Mutualista que o prazo para a apresentação das listas de candidaturas é alterado para o dia 29 de
Outubro de 2021, devendo os candidatos ao Conselho de Administração e Conselho Fiscal, ter obtido registo
prévio junto da ASF até essa data. Mais se informa que, com efeitos a partir da presente data, não serão aceites
mais pedidos de alteração da composição das listas e, ou, das Certidões e, ou, dos Relatórios previstos nos
artigos 13.º e 18.º do Regulamento Eleitoral.
Comunica-se, também, que, tendo-se verificado um atraso significativo na expedição e, ou, na recepção pelos
associados, das cartas informativas e destinadas a requerer a possibilidade de exercer o direito de voto por
correspondência, nos termos estabelecidos no artigo 29.º n.º 1 do Regulamento Eleitoral, o prazo para o
requerer é alargado até ao mesmo dia 29 de Outubro de 2021.
Mantêm-se todos os restantes termos da Convocatória publicada a 15 de Setembro de 2021, designadamente as
datas de exercício do direito de voto.
Lisboa, 15 de Outubro de 2021
O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL
Vítor Melícias Lopes
Montepio Geral – Associação Mutualista
Rua Áurea, 219-241. 1100-062 Lisboa, Registado na DGSS, inscrição nº 3/81, a fls. 3 verso e 4 do livro 1 das ASM, NIPC nº 500766681
12 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021

Sociedade Livros ainda não chegaram a todos os alunos

Falta de manuais escolares deve-se

a atrasos na impressão e distribuição
Associação Portuguesa de Editores e Livreiros aÄrma que prolongamento do ano lectivo passado criou
constrangimentos na impressão, mas garante que processo estará concluído “muito em breve”
NUNO FERREIRA SANTOS

Clara Viana
Um mês após o início do ano lectivo
ainda há alunos que não têm os
manuais adoptados pelas suas escolas
devido a diÆculdades na impressão e
distribuição destes livros, conÆrmou
a Associação Portuguesa de Editores
e Livreiros (APEL) em respostas ao
PÚBLICO ontem.
“Os casos que ainda subsistem
serão já em menor número, pelo que
acreditamos que todo este exigente
processo, feito em circunstâncias
excepcionalmente adversas, estará
concluído muito em breve”, garante
a APEL. O Ministério da Educação
refere apenas que do seu lado “está
tudo em dia” e que “o processo decor-
reu com normalidade”.
Num comunicado datado de 18 de
Agosto, a APEL já tinha alertado para
a eventualidade de se registarem atra-
sos na disponibilização dos manuais
escolares. “Infelizmente, conÆrma-
ram-se os receios. O facto de o ano
lectivo passado ter sido prolongado
em duas semanas, devido aos cons-
trangimentos provocados pela pan-
demia, atrasou a emissão dos vou-
chers (que ocorreu entre meados e
Ænal de Agosto, em vez de ser ainda
em Julho, como nos anos anteriores),
deixando assim um escasso período
de tempo para a impressão e distri-
buição dos livros escolares”, refere
agora a associação.
No ano passado, os vouchers tam-
bém só começaram a ser emitidos em As falhas verificam-se do 1.º ciclo, como os do 7.º e 10.º anos penalizados com uma “falta de resgates é já de cerca de 80%”, espe-
Agosto, mas então não acarretou principalmente nos 5.º, 6.º, 8.º, estavam já em Agosto nas livrarias. material”, mas não é isso que estará ciÆcou o ministério.
constrangimentos para as editoras, já 9.º, 11.º e 12.º anos Faltavam todos os outros, como aler- a acontecer agora. “As escolas estão O último ano com atrasos signiÆ#
que, por decisão do Parlamento, em tava então a associação: “Apesar dos atentas e quando a responsabilida- cativos na entrega de manuais foi o
Junho desse ano, não houve reutiliza- sucessivos apelos, os editores conti- de não é do aluno ninguém marca de 2019/2020, devido a problemas
ção, tendo todos os alunos recebido nuam a aguardar da parte do Ministé- falta”, assegura o presidente da com a plataforma Mega, onde, desde
manuais novos. rio da Educação a informação quanto Associação Nacional de Directores 2018, são disponibilizados os vou-
No seu comunicado de 18 de Agos- ao número de vouchers que emitirá de Agrupamentos e Escolas Públicas chers para o levantamento dos livros
to, a APEL destacava precisamente a para cada manual escolar daqueles (ANDAEP), Filinto Lima. escolares nas livrarias, caso sejam
demora no processo de reutilização anos de escolaridade, aspecto essen- E acrescenta não ter dado pela novos, ou nas escolas, quando são
dos manuais, que, segundo o Minis- cial para que se possa adjudicar a res- falta de manuais no seu agrupamen- reutilizados.
tério da Educação, teve uma taxa de pectiva produção às gráÆcas e, depois, to: “Não é disso que os pais se têm A atribuição de manuais gratuitos
cerca de 70%. Em causa, segundo assegurar a distribuição pelo país.” queixado.” estreou-se em 2016/2017 com a sua
aquela associação, estão os livros do Acreditamos que E reforça agora o seguinte: “Impri- As datas para o início da distribui- distribuição aos alunos do 1.º ano de
5.º, 6.º, 8.º, 9.º, 11.º e 12.º anos. mir os livros e distribuí-los por todo o ção dos vouchers foram marcadas escolaridade. No ano seguinte foi alar-
No 1.º ciclo, estes livros não são todo este exigente país, chegando a mais de 600 mil pelo Ministério da Educação para 16 gada a todos os estudantes do 1.º
devolvidos às escolas. E no 7.º e 10.º processo, feito em famílias através de milhares de pontos de Agosto no que toca aos anos de ciclo, em 2018/2019 passou também
ano foram adoptados novos manuais de venda, é um processo logístico continuidade (6.º, 8.º, 9.º, 11.º e a abranger o 2.º ciclo de escolaridade
a todas as disciplinas à excepção de circunstâncias extremamente complexo que requer 12.º). E para 23 de Agosto no que res- (5.º e 6.º ano), beneÆciando cerca de
Matemática, pelo que a sua impressão adversas, estará mais tempo do que as duas a três peita aos de início de ciclo (5.º, 7.º e 530 mil estudantes. E em 2019/2020
não Æcou dependente do balanço semanas de que as editoras dispuse- 10.º). No seu último balanço, feito a foi alargada ao 3.º ciclo e ao ensino
apresentado pelas escolas. Os concluído muito ram este ano.” 23 de Setembro, o Ministério da Edu- secundário), passando assim a cobrir
manuais têm um prazo de validade em breve cação deu conta que tinham sido já toda a escolaridade obrigatória, com
de seis anos, Ændo o qual são substi- Faltas de material emitidos cerca de seis milhões de mais de um milhão de alunos abran-
tuídos por outros. Assoc. Portuguesa de Editores e Por norma, os alunos que compare- vouchers. Cada voucher corresponde gidos. Esta medida só beneÆcia os
Segundo a APEL, tanto os manuais Livreiros cem nas aulas sem os manuais são a um manual. “A percentagem de estudantes do ensino público.

Mulher de Rendeiro encontrou um
dos quadros perdidos na garagem
Sónia Trigueirão
Maria de Jesus Rendeiro
informou o tribunal que já
encontrou metade das 15
obras que a PJ deu como
desaparecidas
AÆnal, parte das obras arrestadas que
estavam em falta não estão desapare-
cidas. A garantia foi dada pela mulher
do ex-banqueiro que informou o tri-
bunal que, na companhia dos seus
advogados, Joana Fonseca e Abel Mar-
ques, já terá encontrado metade das
15 obras que a Polícia Judiciária (PJ)
deu como desaparecidas. E até deu
como exemplo um quadro assinado
por Robert Loncher, que foi encon-
trado no hall da garagem junto ao
intercomunicador, e outro de Noro-
nha da Costa, que não terá sido iden-
tiÆcado pelo facto de a assinatura se
encontrar no verso da tela.
Haverá ainda outras obras fora da
residência, alega Maria de Jesus Ren-
deiro, que está a tratar da sua restitui-
ção. A mulher de Rendeiro justiÆca a
ausência das obras dizendo que, de
2010 a esta parte, é normal que algu-
mas tenham sido mudadas de local e
outras tenham entrado na casa. Pediu
por isso ao tribunal que lhe seja for-
necido o registo fotográÆco do auto
de apreensão de 2010 para as poder
procurar.
Na condição de Æel depositária,
Maria de Jesus Rendeiro arrisca um
crime de descaminho ou destruição
Igreja prefere “levantar a poeira” a lidar com
os abusos sexuais, acusa secretário de Estado
Natália Faria
A Igreja Católica portuguesa prefere
incorrer na “falácia do espantalho”
no que respeita aos abusos sexuais de
menores cometidos por clérigos,
optando por “levantar a poeira nou-
tros sectores”, em vez de “olhar para
dentro e agir”. Foi num tom inusita-
damente duro que o secretário de
Estado adjunto e da Educação, João
Costa, reagiu no Facebook à posição
assumida pelo bispo D. Américo
Aguiar, coordenador da comissão de
protecção de menores do Patriarcado
de Lisboa, que admitiu a realização
de um levantamento retrospectivo
sobre os abusos de menores em Por-
tugal, desde que o mesmo não se res-
de objectos, se faltar algum elemen-
to da lista, uma vez que os bens
foram dados como perdidos a favor
do Estado. Mas enquanto procura o
que falta, há uma ordem judicial para
cumprir: no dia 11 de Outubro, a juíza
ordenou que as 124 obras fossem reti-
radas da residência do ex-banqueiro.
Um processo que também não será
fácil, uma vez que exige transporte e
armazenamento especial.
Os advogados do BPP, por seu lado,
requereram à juíza do processo em
que João Rendeiro foi condenado a
dez anos de prisão por crimes de frau-
de Æscal qualiÆcada, abuso de con-
Æança e branqueamento de capitais,
que diligencie no sentido de serem
feitas buscas domiciliárias ao aparta-
João Rendeiro continua fugido em parte incerta
trinja aos membros do clero.
“A Igreja é a única instituição que,
apesar de todos os arrastamentos e
diÆculdades, está a levar isto a sério.
Vêem o Ministério da Educação a
fazer alguma coisa? As ordens proÆs-
sionais a fazer alguma coisa?”, argu-
mentara D. Américo Aguiar, ao
PÚBLICO. Na reacção, João Costa lem-
brou que, ao contrário do que se pas-
sa na Igreja, “nas escolas, quando há
indícios de abuso por parte de algum
proÆssional, abrem-se de imediato
processos de averiguações, suspen-
sões preventivas e reporte às autori-
dades. Não há silêncio ou deslocação
do proÆssional para outra escola”.
O governante diz ter “uma esperan-
ça quase nula” quanto à efectiva capa-
mento que terá sido comprado pelo
motorista do ex-banqueiro por 1,15
milhões de euros e cedido, por pouco
mais de 200 mil euros, para usufruto
de Maria de Jesus Rendeiro durante
um período de 15 anos.
No requerimento, os advogados do
BPP referem a importância de se fazer
uma busca minuciosa ao apartamen-
to, que inclui também uma cave e
uma garagem. “Atendendo ao facto
de ter havido obras, deverá ser veriÆ#
cada a existência de compartimentos
ocultos, cumprindo assim que se
autorize o recurso a todos os meios
necessários para aceder, mesmo com
recurso à força, destruição ou arrom-
bamento a tais locais”, lê-se no reque-
rimento.
RUI GAUDÊNCIO
cidade de actuação das comissões
que as 21 dioceses criaram por impo-
sição do Papa Francisco para prevenir
e lidar com eventuais queixas de abu-
so sexual perpetrado por padres e
outros membros da Igreja. João Costa
lamenta ainda que o bispo auxiliar de
Lisboa pareça ignorar que “a todos os
proÆssionais que trabalham com
crianças nas escolas e que as acompa-
nham é exigido registo criminal como
João Costa foi
duro com bispo e
lembrou que nas
escolas se age de
imediato quando
há indícios de
abusos
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 13
Os advogados do BPP estão preo-
cupados em garantir que os bens
arrestados a João Rendeiro não foram
dissipados. Isto, porque, no âmbito
do processo em que o ex-banqueiro
foi condenado a dez anos de prisão,
fez-se um pedido de indemnização
civil de mais de 29 milhões de euros
que os arguidos terão de pagar. Além
de João Rendeiro, também foram
condenados neste processo os ex-
administradores do banco Salvador
Fezas Vital e Paulo Guichard, ambos
a nove anos e seis meses de cadeia, e
Fernando Lima a seis anos.
Guichard libertado
O Supremo Tribunal de Justiça man-
dou libertar ontem o ex-administra-
dor do BPP Paulo Guichard, dando
assim provimento ao pedido de
habeas corpus entregue pela defesa.
Á saída da cadeia de Custóias, onde
estava detido desde a semana passa-
da, Paulo Guichard disse à SIC que
“fugir é um ato de cobardia”, comen-
tando assim a fuga de João Rendeiro.
“Estive 12 anos no Brasil, evoluí muito
como ser humano, quero continuar
a evoluir e é isso que eu vou fazer.” O
gestor disse ter Æcado “estupefacto”
com a detenção, mas que respeita “as
decisões das autoridades”, estando
pronto para assumir as suas respon-
sabilidades, “alguns erros que tenha
feito e enfrentar o futuro com digni-
dade”. Paulo Guichard garantiu ter
entregue o passaporte às autoridades,
aÆrmando também não ter passapor-
te brasileiro. com Lusa
parte do que atesta da sua capacidade
para trabalhar com menores”.
De resto, o secretário de Estado
sublinha que quaisquer sinais que
podem indiciar situações de abuso
“são sempre encaminhados para as
CPCJ [comissões de Protecção de
Crianças e Jovens em risco], onde
trabalham centenas de proÆssionais
que asseguram esta ligação”. E faz
questão de lembrar que, “em todas
as escolas, por vezes contra ventos e
marés e contra sectores ultraconser-
vadores, é promovida uma educação
sexual que contempla nos referen-
ciais a tomada de consciência por
parte dos alunos do facto de que os
outros não têm direitos sobre o seu
corpo e as formas de pedir ajuda”.
Sociedade
Lusófona
e ex-dux
absolvidos no
caso do Meco
Famílias dos seis jovens
que morreram na praia
do Meco vão recorrer
para o Supremo
Tribunal de Justiça
O Tribunal Cível de Setúbal absolveu
o ex-dux João Miguel Gouveia e a Uni-
versidade Lusófona e considerou
improcedentes os pedidos de indem-
nização dos familiares dos seis jovens
que morreram na praia do Meco, em
Sesimbra, a 15 de Dezembro de
2013.
“Declaram-se totalmente improce-
dentes os pedidos deduzidos nos
autos pelos autores, absolvendo-se os
réus”, refere uma nota de imprensa
divulgada ontem pelo juiz presidente
do Tribunal Judicial da Comarca de
Setúbal, adiantando que também foi
declarado “improcedente o pedido
de condenação dos autores por liti-
gância de má-fé”. As famílias dos
jovens, que responsabilizam o ex-dux
João Gouveia e a Cofac — Cooperativa
de Formação e Animação Cultural,
CRL (Universidade Lusófona), pela
morte dos seis alunos, não foram sur-
preendidas pela decisão, mas prome-
tem recorrer para o Supremo Tribu-
nal de Justiça.
“Eu já estava à espera. Aliás, aqui a
nível de Portugal outra coisa não
podia esperar. Sempre foram prote-
gidos [o ex-dux João Gouveia e a Uni-
versidade Lusófona]. Para mim, este
julgamento deu para demonstrar, a
quem quis ouvir, que há ali contradi-
ções e que nunca houve interesse em
esclarecer”, disse à Lusa Fernanda
Cristóvão, mãe de Ana Catarina Soa-
res, uma das jovens alunas que mor-
reram na praia do Meco.
“Se não foi possível reunir provas,
não foi por nossa culpa. O Tribunal
Europeu dos Direitos do Homem fez
chegar que houve incompetência da
parte da Justiça, dos órgãos da Justiça
portuguesa. Eles é que têm que se
entender, têm que ir ver, dentro da
própria Justiça, quem é que procedeu
mal. (...) Agora penso que nos resta
recorrer para o Supremo”, acrescen-
tou Fernanda Cristóvão.
No processo cível estavam em cau-
sa seis petições (uma por cada um dos
jovens) contra João Gouveia e a Cofac,
em que as famílias reclamavam cerca
de 225 mil euros de indemnização
por cada uma das petições. Em 2015,
o Tribunal de Instrução Criminal de
Setúbal decidira não enviar o proces-
so-crime para julgamento e a Relação
de Évora, e, após recurso da defesa,
manteve a decisão.
14 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Sociedade
IdentiƊca-se mais como asiático, branco,
cigano, negro? INE começa a perguntar dia 18
Joana Gorjão Henriques
Inquérito-piloto às
Condições, Origens e
Trajectórias vai ser feito em
vários municípios da Área
Metropolitana de Lisboa
São questões que há muito alguns
sociólogos, responsáveis por políticas
públicas, activistas e as próprias
Nações Unidas queriam ver respon-
didas sobre a sociedade portuguesa,
de modo a ter uma fotograÆa da com-
posição étnico-racial da população.
Houve até um grupo de trabalho for-
mado para reÇectir sobre a sua inclu-
são no Censos 2021 que o apoiou.
Mas, por não ser consensual, o Insti-
tuto Nacional de Estatística (INE) aca-
bou por chumbar a ideia em 2019,
apresentando a realização de um
inquérito como alternativa.
Agora — mais de dois anos depois e
ainda em fase de teste — moradores
da Área Metropolitana de Lisboa vão
ser chamados a responder a pergun-
tas sobre a que grupo étnico-racial
pertencem ou como se deÆniriam,
caso não se revejam nos grupos suge-
ridos: “Asiático, branco, cigano/roma,
negro, origem ou pertença mista.”
A partir de dia 18 de Outubro, e até
Ænal de Janeiro, vai assim ser feito um
inquérito-piloto às Condições, Ori-
gens e Trajectórias da População, ao
qual o PÚBLICO teve acesso. Será
aplicado nos municípios de Cascais,
Lisboa, Loures, Sintra, Amadora, Odi-
velas e Seixal, e pretende servir de
teste ao inquérito Ænal. “Portugal é
uma sociedade com pessoas de diver-
sas origens. Pretende-se melhorar a
informação sobre essa diversidade na
sociedade portuguesa, pelo que gos-
taríamos que respondesse a algumas
questões sobre a forma como se iden-
tiÆca relativamente à sua origem,
pertença, história ou percurso fami-
liar. Qual ou quais das seguintes
opções melhor deÆnem o grupo a que
considera pertencer?”, perguntarão
os questionadores.
O INE irá fazer o inquérito por tele-
fone, Internet e presencial. As fregue-
sias escolhidas são União das Fregue-
sias de Cascais e Estoril, Alvalade,
Avenidas Novas, União das Freguesias
de Camarate, Unhos e Apelação,
União das Freguesias de Agualva e
Mira-Sintra, Águas Livres, União das
Freguesias de Póvoa de Santo Adrião
e Olival Basto e Amora.
A hipótese de a pessoa não respon-
der está sempre em cima da mesa.
Consoante a resposta dada, o inqui-
ridor poderá então perguntar: “Por-
que é que não se revê nestes grupos?
Então como se deÆniria?” Depois há
mais perguntas, por exemplo, sobre
a forma como a pessoa se vê a si pró-
pria “no dia-a-dia, e como os outros
o vêem a si”. “Das seguintes caracte-
rísticas, quais são as que melhor o
descrevem e quais acha que as outras
pessoas mais identiÆcam em si?”
Estas são duas questões separadas
que têm a possibilidade de escolha de
três entre as 18 opções: a cor da pele,
grupo étnico, origem ou nacionalida-
de, estatuto migratório ou religião,
mas também sexo, estado de saúde,
classe social, identidade de género e
orientação sexual, sotaque ou forma
de falar.
Com 46 páginas, e perguntas de
contexto sobre a condição socioeco-
nómica e percurso escolar do inquiri-
HUGO DELGADO/LUSA
RUI GAUDÊNCIO
do, o inquérito continua: “Indepen-
dentemente das suas respostas às
questões anteriores, quando pensa na
sua história familiar, pertença ou per-
curso, como é que descreveria a sua
origem ou origens?” Aqui pedem-se
respostas por palavras próprias. “Diria
que tem ou pertence a alguma reli-
gião, independentemente de ser ou
não praticante? Qual a sua religião?”
Há outras questões sobre identida-
de e sentimento de pertença (que vão
do bairro à Europa), mas o inquérito
também quer saber se os cidadãos se
sentiram discriminados, com que
frequência, onde, em que situações,
se Æzeram queixa, quais os motivos
da discriminação. “Por discriminação
entende-se qualquer situação em que
alguém é tratado desfavoravelmente
Perguntar a origem relativamente a outras pessoas por
étnico-racial da população é um causa da cor da pele, idade, sexo,
tema polémico: uns defendem orientação sexual, incapacidade, ori-
que é essencial para o combate gem étnica, religião ou crença”, diz o
ao racismo, outros que agudiza INE. Também se pergunta se as pró-
o problema prias pessoas já discriminaram
alguém e se viram outros fazê-lo.
Quem vive em determinado aloja-
mento, qual a condição socioeconó-
mica, estado civil, quantos Ælhos tem,
Inquérito será o grau de escolaridade, se está empre-
gado e qual o tipo de relação contra-
feito em freguesias tual, de que nacionalidade é (bem
dos municípios como os pais e avós), se já pediu a
nacionalidade portuguesa e por que
de Cascais, razão, porque veio para Portugal (no
Lisboa, Loures, caso de ser estrangeiro) e qual o esta-
do de saúde vão ser questões cruza-
Sintra, Amadora, das com aquelas.
Odivelas e Seixal O questionário-piloto põe algumas
perguntas idênticas à sondagem ela-
borada pelo Centro de Estudos e Son-
dagens de Opinião da Universidade
Católica, a pedido do grupo de traba-
lho em 2019, em que 84% disseram
que respondiam a essa pergunta. Per-
guntar a origem étnico-racial da popu-
lação é um tema polémico: de um lado
está quem defende que é essencial
para mostrar a fotograÆa do país e as
condições de desigualdade de deter-
minados grupos para se desenharem
medidas de combate ao racismo; do
outro quem considere que a própria
questão reforça divisões raciais.
Este ainda não será um inquérito
do qual nascerão resultados. Fazer
um inquérito-piloto justiÆca-se, por-
que, segundo explicou o INE ao
PÚBLICO, os inquéritos às famílias
“são, em geral, operações estatísticas
de grande complexidade, no que se
refere, sobretudo, à preparação do
questionário e ao desenho da amos-
tra”. Este inquérito-piloto adoptou
uma metodologia de selecção da
amostra especíÆca: restringiu-a à
Área Metropolitana de Lisboa, que
tem “uma população suÆcientemen-
te heterogénea para testar o questio-
nário” e seleccionou uma amostra
não probabilística, direccionada para
as freguesias onde se sabe que exis-
tem pessoas de diferentes nacionali-
dades e naturalidades.
Um milhão contra o racismo
Este inquérito faz parte das activida-
des da responsabilidade da Presidên-
cia do Conselho de Ministros no Plano
Nacional de Combate ao Racismo e à
Discriminação 2021-2025 — Portugal
contra o racismo. O Orçamento do
Estado para 2022 prevê uma verba
superior a 1 milhão de euros para as
acções deste plano, o primeiro nacio-
nal deste género, que envolve mais
áreas do Governo, mas em que cada
uma terá um orçamento e actividades
próprias. De acordo com o gabinete
do PCM o plano terá ainda fundos
europeus, designadamente no âmbi-
to do próximo quadro Ænanceiro plu-
rianual para o período de programa-
ção 2021-2027.
O orçamento da PCM irá servir para
diversas actividades, como acções
dirigidas aos trabalhadores munici-
pais, apoio a organizações da socie-
dade civil que desenvolvam projectos
que prestem serviços às comunidades
afectadas, autonomização e reforço
da Comissão para a Igualdade e con-
tra a Discriminação Racial, que está
sob alçada do Alto Comissariado para
as Migrações (ACM), campanhas con-
tra o racismo e a discriminação. O
ACM tem um orçamento próprio de
19,4 milhões para 2022.
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16 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Sociedade
Menores de 16
anos proibidos
de assistir
a touradas
A decisão foi tomada com
base num relatório da ONU
sobre direitos das crianças.
Idade mínima em vigor era
12 anos
O Conselho de Ministros aprovou
ontem o decreto-lei que altera a clas-
siÆcação etária para assistir a espec-
táculos tauromáquicos, Æxando-a
nos maiores de 16 anos, “à semelhan-
ça do que acontece para o acesso e
exercício das actividades de artista
tauromáquico e de auxiliar de espec-
táculo tauromáquico”.
“Esta medida surge na sequência
do relatório do Comité dos Direitos
da Criança das Nações Unidas de 27
de Setembro de 2019, que defende o
aumento da idade mínima para assis-
tir a espectáculos tauromáquicos em
Portugal”, informou o Conselho de
Ministros em comunicado.
Os 16 anos são também a idade
mínima para “o acesso e exercício
das actividades de artista tauromá-
quico e de auxiliar de espectáculo
tauromáquico”, acrescenta o Gover-
no. Até aqui a idade mínima para
assistir a uma tourada era 12 anos.
O comité das Nações Unidas para
os Direitos das Crianças tinha reco-
mendado a Portugal a alteração da
idade mínima para assistir a touradas
para os 18 anos. O aumento da idade
mínima para se assistir a touradas
tem sido também uma exigência de
partidos como o PAN e o BE, que
apresentaram no passado propostas
nesse sentido na Assembleia da
República e directamente ao Gover-
no, no caso do Pessoas-Animais-Na-
tureza, no âmbito de negociações do
Orçamento do Estado. Por outro
lado, a medida aprovada pelo Con-
selho de Ministros constava do pro-
grama do Governo, aprovado em
2019.
A legislação até agora em vigor, um
decreto de Fevereiro de 2014, deter-
mina que “estão sujeitos a classiÆca-
ção etária os espectáculos de natu-
reza artística e os divertimentos
públicos”, sendo os tauromáquicos
para maiores de 12 anos. O aumento
da idade mínima para ir a touradas
tem tido a oposição pública de asso-
ciações de defesa da tauromaquia e
de municípios onde se realizam
espectáculos tauromáquicos.
Na legislatura anterior, este tema
motivou divergências entre o Gover-
no e o grupo parlamentar do PS, que
acabou a aprovar a inclusão das tou-
radas no IVA reduzido de 6%, contra
a vontade do executivo. PÚBLICO
Quem foi vacinado contra a covid-19
com a AstraZeneca ou a Janssen
levará dose de reforço da Pfizer
Inês Chaíça
As doses administradas
nesta fase de vacinação
serão todas Comirnaty.
Ministra da Saúde diz que
há vacinas suficientes
Se foi vacinado, num primeiro
momento, com uma dose das vaci-
nas da AstraZenec a ou da
Johnson&Johnson ( Janssen), saiba
que a dose de reforço será da PÆzer.
É esta a informação que consta na
norma da Direcção-Geral da Saúde
(DGS) relativa à vacinação, actuali-
zada no dia 8 de Outubro.
Ainda que a “evidência cientíÆca
relativa à necessidade de vacinação
com doses de reforço” seja, por
enquanto, limitada, “os dados dispo-
níveis sugerem que possa apresentar
um benefício na prevenção da doen-
ça grave, hospitalização e morte em
populações mais vulneráveis”. Foi
com este pressuposto que a vacina-
ção de reforço já começou no dia 11,
segunda-feira, junto dos residentes
e utentes de Estruturas Residenciais
para Pessoas Idosas, como lares, e
das pessoas com mais de 65 anos.
No que toca à vacina usada nesta
“terceira dose” (no caso de quem
levou Janssen será a segunda), a nor-
ma da DGS é clara: “A vacinação das
pessoas elegíveis para uma dose de
reforço deve ser realizada com uma
vacina de mARN (Comirnaty), com
um intervalo de, pelo menos, seis
meses após a conclusão do esquema
vacinal primário, independentemen-
Mais de mil queixas no Portal do Ambiente
Sónia Trigueirão
Em 2020 chegaram ao portal das
reclamações da Inspecção-Geral da
Agricultura, do Mar, do Ambiente e
do Ordenamento do Território (IGA-
MAOT) 1100 participações, quando
em 2015 tinham sido apenas 650.
Do total de reclamações, a maioria
estava relacionada com o ambiente
(526), seguindo-se as questões de
ordenamento do território e conser-
vação da natureza (72), existindo
também reclamações em matéria
administrativa e Ænanceira (9), de
radiações ionizantes (6), de apoios
nacionais e europeus à agricultura,
Çorestas, desenvolvimento rural e
A dose de reforço começou a ser dada na segunda-feira
te da vacina utilizada no esquema
vacinal primário”. A Comirnaty é a
vacina anticovid-19 desenvolvida
pela PÆzer e pela BioNTech.
Há vacinas suÆcientes para garan-
tir este reforço, garantiu a DGS em
resposta ao PÚBLICO. Já no dia 17 de
Setembro, em declarações aos jorna-
listas, a ministra da Saúde disse que
existem até doses suÆcientes para,
se necessário, revacinar toda a popu-
lação: “Estamos a preparar tudo
para a possibilidade de haver neces-
sidade de vacinar uma população
mais frágil pela sua imunidade natu-
ral, designadamente em função da
idade”, aÆrmou Marta Temido.
Há vários países que optaram por
administrar uma dose de reforço aos
grupos mais vulneráveis. É o caso da
República Checa, França, Finlândia
política do mar (4) e na área da audi-
toria aos sistemas de regulação e aos
sistemas de controlo oÆcial no âmbi-
to da segurança alimentar (2).
Em matéria ambiental, destacam-
se as denúncias referentes a resíduos
(197), ao ruído (87), às emissões
atmosféricas (76), águas residuais
(74), recursos hídricos (73) e licencia-
mento e avaliação de impacte ambien-
tal (19).
Como exemplos, a IGAMAOT des-
taca o caso de uma denúncia recebida
em 2020 relativa à chegada, por
navio, de resíduos provenientes de
outros países e destinados a aterros
nacionais, quando vigorava o regime
excepcional de controlo em contexto
NELSON GARRIDO
ou Suécia que têm estratégias seme-
lhantes à portuguesa. Este processo
de vacinação de reforço é justiÆcado
pela perda de eÆcácia gradual das
vacinas ao longo do tempo – o objec-
tivo é estimular a imunidade confe-
rida anteriormente.
Contudo, a Organização Mundial
da Saúde opôs-se, desde o primeiro
momento, à administração de uma
dose de reforço para pessoas saudá-
veis: justiÆca-o com a necessidade de
continuar a distribuição de vacinas
nos países mais pobres. No início
desta semana, abriu uma excepção,
e passou a recomendar uma terceira
dose para imunodeprimidos.
Portugal registou na quarta-feira
seis mortes e 777 casos de covid. Há
321 pessoas internadas, 56 em cuida-
dos intensivos.
A maior fatia das
denúncias incidiu
sobre situações
que envolviam
resíduos, e logo a
sair problemas
de ruído
de pandemia, que suspendera (entre
17 de Maio e 31 de Dezembro de 2020)
as autorizações de entrada em Portu-
gal de resíduos para eliminação,
quando destinados à deposição em
aterro.
Essa denúncia permitiu à IGAMAOT
investigar a situação e interditar a
entrada de 108 contentores no Porto
de Sines e de 36 do Porto de Leixões,
Luz verde para
medicamento
contra atrofia
muscular
A Autoridade Nacional do Medica-
mento (Infarmed) anunciou ontem
que foi aprovado o Ænanciamento
público do medicamento Zolgens-
ma para a atroÆa muscular espinal
tipo 1, que Æcou conhecido em Por-
tugal através do caso de Matilde,
uma bebé que sofria desta patologia
e cujos pais promoveram em 2019
uma angariação de fundos.
“Foi aprovado o financiamento
público do medicamento Zolgens-
ma, uma nova opção terapêutica
para as crianças com atroÆa muscu-
lar espinal tipo 1, uma doença gené-
tica rara que atinge cerca de uma
em cada 11 mil crianças”, adiantou
o regulador nacional em comunica-
do. Segundo o Infarmed, trata-se de
um medicamento cujo mecanismo
de acção se “encontra direccionado
para a causa da doença”, com um
esquema de administração de dose
única.
“Com esta aprovação Æcam regu-
lados os termos e as condições em
que o medicamento é adquirido no
Serviço Nacional de Saúde (SNS)”,
explicou o Infarmed, ao adiantar
que a decisão de Ænanciamento des-
te medicamento foi tomada após a
avaliação da sua mais-valia para os
doentes e o impacto na sustentabi-
lidade do SNS.
Durante este processo de avalia-
ção, o acesso a todos os doentes que
podiam beneÆciar com este medi-
camento “foi assegurado através de
autorizações excepcionais de utili-
zação”, ao abrigo de um Programa
de Acesso Precoce, tendo sido con-
cedidas 17 autorizações. Lusa
correspondendo a cerca de 3590
toneladas de resíduos, provenientes
de Itália e com destino aos aterros
nacionais, o que, em virtude do regi-
me restritivo em vigor, conÆguravam
transferências ilegais.
Também foi pela Net que chegaram
queixas relativas ao licenciamento e
construção de uma unidade hoteleira
em Gondomar: referiam que o pro-
jecto estava em zona inundável, de se
inserir em zona de reserva ecológica
nacional e de não respeitar o plano
de urbanização. A IGAMAOT concluiu
que vários dos actos administrativos
praticados deviam ser declarados
nulos e participou a situação ao Minis-
tério Público.
 Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 17
Médicos, enfermeiros
e farmacêuticos: greves
marcadas na saúde
José Volta e Pinto
Desde a apresentação do
Orçamento do Estado
foram anunciadas quatro
greves. Paralisações em
Outubro e Novembro
O desgaste dos proÆssionais de saúde
e o descontentamento com o Orça-
mento do Estado para 2022 estão
motivar a marcação de greves por
parte das várias estruturas sindicais.
Desde a inédita união de sete sindica-
tos de enfermeiros até à primeira
greve em 20 anos marcada pelos far-
macêuticos, multiplicam-se os protes-
tos na área da saúde.
Os enfermeiros foram o primeiro
sector a convocar uma greve nacio-
nal, anunciada na terça-feira, para a
primeira semana de Novembro. Além
disso, agendaram também uma con-
centração para o dia 28 deste mês em
frente à Assembleia da República.
A greve foi acordada numa reunião
que teve início na tarde de segunda-
feira e terminou na terça-feira de
madrugada. Junta de forma inédita
sete sindicatos, na sequência de uma
carta reivindicativa entregue ao
Ministério da Saúde há mais de duas
semanas, que não teve qualquer res-
posta. Os enfermeiros elencam vários
problemas, desde a progressão na
carreira e valorização salarial até à
antecipação da idade de aposentação,
exigindo também a integração ime-
diata de todos os enfermeiros com
contratos precários no Serviço Nacio-
nal de Saúde (SNS) e a abertura de um
canal de negociações para a deÆnição
da carreira de enfermagem.
O protesto vai juntar o Sindicato
dos Enfermeiros Portugueses (SEP),
a Associação Sindical Portuguesa dos
Enfermeiros (ASPE), o Sindicato dos
Enfermeiros (SE), o Sindicato dos
Enfermeiros da Região Autónoma da
Madeira (SERAM), o Sindicato Demo-
crático dos Enfermeiros de Portugal
(Sindepor), o Sindicato Independen-
te ProÆssionais de Enfermagem
(SIPEnf ) e o Sindicato Independente
de Todos os Enfermeiros Unidos
(SITEU).
No dia seguinte os médicos anun-
ciaram uma paralisação nacional de
três dias, a 23, 24 e 25 de Novembro.
A Federação Nacional dos Médicos
(Fnam) e o Sindicato Independente
dos Médicos (SIM) avançam num pro-
testo conjunto. “Fomos obrigados a
avançar para esta medida tão gravosa
porque estamos exaustos. As ruptu-
ras que têm sido anunciadas são
exemplo claro e indisfarçável de
Sociedade
REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA
GOVERNO REGIONAL
SECRETARIA REGIONAL DAS FINANÇAS
DIREÇÃO REGIONAL DO PATRIMÓNIO
EDITAL N.º 5/2021/DRPA
AQUISIÇÃO POR VIA DE DIREITO PRIVADO DAS PARCELAS DE TERRENO
NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO
DO TELEFÉRICO DO PAREDÃO
Em cumprimento do estatuído no n.º 4 do artigo 11.º do Código das Expropriações, torna-se pública a existência, nos serviços
da Direção Regional do Património, sita à Rua Alferes Veiga Pestana, n.º 3D, no Funchal, das propostas de aquisição por
via de direito privado das parcelas de terreno identificadas nos anexos I e II do presente edital, aplicáveis aos proprietários e
demais interessados não conhecidos e àqueles cujos ofícios, enviados sob registo com aviso de receção, foram devolvidos.
Nos termos do disposto no artigo 10.º do C.E. foi proferida a Resolução de expropriar,
sendo que a previsão do montante dos encargos a suportar com a expropriação teve por
base a quantia previamente determinada em avaliação efetuada por perito da lista oficial,
para o efeito designado.
Pelo presente edital informa-se ainda que, nos termos do preceituado n.º 5 do mencionado
artigo 11.º, os proprietários e demais interessados nas condições acima indicadas dispõem
do prazo de 30 dias, a contar da data da última publicação nos jornais a que se refere o
n.º 4 do referido artigo, para dizerem o que se lhes oferecer sobre a proposta apresentada,
podendo apresentar contraproposta tendo como referência o valor que for determinado em
avaliação documentada por relatório elaborado por perito da sua escolha.
Funchal, 12 de outubro de 2021
A Diretora Regional, Élia Ribeiro
Anexo I
Obra de Construção do Teleférico do Paredão
Lista com a identificação dos prédios a expropriar e dos proprietários/interessados aparentes
Os médicos anunciaram uma Proprietário e demais interessados Prédio Rústico Área a
Freguesia/
paralisação de três dias Parcela
Concelho
expropriar
Nome Morada Código Postal Artigo Secção (m2)
como está o Serviço Nacional de Saú- 1 Comissão da Levada do Poço do Lombo e Paredão Rua 31 de Janeiro, n.º 15B 9050-011 Funchal 1 B
Santo António
Funchal
6 515,00 m2
de (SNS). Para grandes males, grandes
Curral das Freiras
reivindicações”, justiÆcou o presiden- 4 Comissão da Levada do Poço do Lombo e Paredão Rua 31 de Janeiro, n.º 15B 9050-011 Funchal 4 F
Câmara de Lobos
14 082,00 m2
te da Fnam, Noel Carrilho.
O anúncio de greve surge numa
altura em que vários hospitais têm
denunciado situações de pré-ruptura
por falta de proÆssionais para garan-
tir escalas, principalmente nos servi-
ços de urgência. As reivindicações são
as mesmas que já haviam motivado
outras paralisações antes da pande-
EDITAL
mia, desde a “melhoria das condições
CANDIDATURA AO CARGO DE PRESIDENTE DO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO
de trabalho” à “defesa da carreira
1. O Instituto Politécnico do Porto procede, desta forma, ao 6. As candidaturas deverão ser entregues junto do secre-
médica” e melhores salários, mani-
festando também a vontade de reunir anúncio público da abertura do procedimento de candidatu- tariado do Conselho Geral, nos Serviços da Presidência do
com os grupos parlamentares para ras ao cargo de Presidente do Instituto. P.PORTO, na Rua Dr. Roberto Frias, 712, 4200-465 Porto.
apelar ao reforço do SNS. 2. O Presidente do Instituto é o órgão superior de governo e 7. O processo de candidatura é regulado pela seguinte legis-
Neste mesmo dia os técnicos de de representação institucional externa, exercendo as suas lação:
emergência pré-hospitalar anuncia- funções em regime de dedicação exclusiva. - Decreto-Lei nº 62/2007, de 10 de Setembro (Regime Ju-
ram outra greve para o dia 22, exigin- 3. A eleição do Presidente do Instituto compete ao Conselho rídico das Instituições de Ensino Superior);
do também a revisão da carreira e
Geral, nos termos da lei e dos Estatutos. - Despacho Normativo n.º 17/2019, de 19 de junho de 2019
melhores condições de trabalho. Foi
também marcada uma manifestação 4. Podem candidatar-se professores e investigadores do (Estatutos do Instituto Politécnico do Porto);
em Lisboa. O Sindicato dos Técnicos Instituto Politécnico do Porto ou de outras Instituições de - Regulamento Eleitoral para a Eleição do (a) Presidente do
de Emergência Pré-Hospitalar Ensino Superior ou de Investigação, nacionais ou estrangei- P.PORTO,
(STEPH) aÆrma que os motivos para ras, ou individualidades de reconhecido mérito e experiência que se encontra disponível para consulta em www.ipp.pt>
o protesto são os que têm vindo a ser profissional relevante. Ligações Úteis > ELEIÇÃO - PRESIDENTE
reivindicados e que continuam sem 5. As candidaturas deverão ser apresentadas através de
resposta, apesar de uma reunião em
envelope fechado, dirigido ao Presidente do Conselho Geral,
Julho em que foram assumidos com-
promissos. O STEPH sublinha o Acor- entre os dias 19 de outubro e 19 de novembro de 2021, em O Presidente do Conselho Geral
do Colectivo de Carreira Especial, suporte digital, integrando: Francisco José Pereira de Assis Miranda
concluído em 2018 e que continua - o Requerimento de candidatura;
sem ser publicado. - o Curriculum Vitae; Instituto Politécnico do Porto
Ontem, o Sindicato Nacional de - o Programa de Ação proposto pelo candidato para o perío- Conselho Geral
Farmacêuticos (SNF) convocou uma do de duração do mandato;
paralisação de seis dias, a partir de
- a Estimativa orçamental para o exercício do cargo, asso- M Rua Dr. Roberto Frias, 712 | 4200-465 Porto
dia 28, exigindo a concretização da
residência farmacêutica (formação ciada aos objetivos concretos do programa de ação; T 22 557 10 00 F 22 502 07 72 W conselhogeral@ipp.pt
prévia à entrada na carreira), a revi- - o compromisso de honra declarando que não se encontra Horário: 9h às 12h / 14h às 17h
são dos salários e a abertura de con- em nenhuma das situações de inelegibilidade ou incompa- Nota o presente anúncio não dispensa a consulta do regula-
curso para progressão de carreira. O tibilidade previstas na lei, nos Estatutos e no regulamento. mento eleitoral
presidente do SNF, Henrique Reguen-
go, diz que será “a primeira greve que
o sindicato convoca em 20 anos”.
18 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021

Local Apresentado na 19.ª Semana Europeia das Regiões e das Cidades

Há um Transporte a Pedido a encurtar

as distâncias entre os mais isolados
O projecto em marcha desde 2013 é o único Änalista português dos Prémios RegioStars 2021. O objectivo
deste modelo é garantir deslocações a custos controlados em zonas onde o transporte público escasseia
DR

André Borges Vieira

Se não há transporte público onde
vive, o transporte público vai até si.
Este é o princípio do projecto Trans-
porte a Pedido, promovido pela
Comunidade Intermunicipal do
Médio Tejo (CIM MT), desde 2013,
que está no grupo de Ænalistas dos
prémios RegioStars — este ano o úni-
co português que faz parte da lista
dos 25 projectos Ænanciados por fun-
dos europeus, destacados pela
Comissão Europeia por serem
demonstradores de novas aborda-
gens no âmbito do desenvolvimento
regional.
Os vencedores só serão anuncia-
dos a 2 de Dezembro, em Dubrovnik,
Croácia, mas, na quarta-feira o pro-
jecto português foi apresentado na
19.ª Semana Europeia das Regiões e
das Cidades — que encerrou ontem
em Bruxelas — em conjunto com os
outros Ænalistas.
O Transporte a Pedido arrancou
como projecto-piloto em 2013, ainda
só a funcionar em Mação. Explica ao
PÚBLICO Miguel Pombeiro, secretá-
rio-executivo da CIM MT, que este
concelho não foi escolhido por aca-
so. “Com cerca de 400 quilómetros
quadrados, metade da ilha da Madei-
ra, vivem lá 7 mil pessoas, sendo que
há 17 habitantes por quilómetro qua-
drado. Tínhamos aqui o contexto
perfeito de escassez de transporte
público regular nestes territórios de
baixa densidade. Simultaneamente
tínhamos também uma população O público alvo do Transporte a Pedido é sobretudo população idosa que vive em zonas com escassez de transporte público regular
mais envelhecida”, aÆrma.
A pensar nas deslocações pendula- determinada paragem, o percurso social”, acrescenta. Ao mesmo tem- mente em transportes, muito bai-
res feitas pelos habitantes desta é mais rápido. po é também num projecto susten- xo”, diz.
região, desde há muitos anos realiza- A garantir que o serviço funcione tável quer a nível económico, quer a Nos últimos tempos o projecto
das sem grandes alternativas ao nível estão um ou dois táxis (dependendo nível ambiental. “Há uma diminui- alargou-se a ligações feitas entre as
do transporte público ou a custos ele- dos pedidos). Em cada um deles ção de cerca de 90% do número de sedes do concelho, mas para um
vados — muitas vezes feitas de táxi —, podem ir até quatro pessoas. A via- quilómetros que seriam feitos se público alvo diferente, mais jovem,
desenha-se este projecto. Se no início Havia pessoas que gem custa entre 1 a 4 euros. “Havia estes circuitos fossem explorados da dentro da população activa, que
existiam apenas cinco circuitos, hoje para ir a um centro pessoas que para ir a um centro de forma tradicional, quer existisse ou assim deixam de usar transporte
chega a 12 concelhos do Médio Tejo, saúde pagavam 50 euros de táxi. não clientes”, aÆrma. individual próprio. Designado por
com “mais de 70 circuitos e mais de de saúde pagavam Hoje pagam 2 euros”, sublinha. De outra forma seria difícil imple- Link, funciona operado por viaturas
1300 paragens”. Só o Entroncamento 50 euros de táxi. Actualmente o projecto tem contra- mentar uma rede de transporte de nove lugares, com capacidade
é que Æca de fora, por ser um “conce- to com 35 operadores de táxi. público nestas zonas. Assim, garan- para oito passageiros. Aqui, os valo-
lho de cidade”, embora lá termine um Hoje pagam te-se que a população do Médio Tejo res pagos estão entre os 2,5 euros e
dos percursos. 2 euros Inclusão social consegue deslocar-se e a custos con- os 4 euros. A factura mensal para as
Por mês, usam este serviço mais O público alvo do Transporte a Pedi- trolados. A factura é paga pelas autarquias ronda os 8 mil euros.
de 1200 pessoas. Para o fazerem, Miguel Pombeiro do é sobretudo população idosa que autarquias via CIM MT, que compen- Chegar aos Ænalistas dos prémios
explica Miguel Pombeiro, apenas Secretário-executivo da vive em zonas com escassez de trans- sam os operadores com o montante RegioStars é para Miguel Pombeiro
têm de ligar no dia anterior para Comunidade Intermunicipal do porte público regular. “Mais de 50% correspondente ao diferencial dos o reconhecimento de que este mode-
requisitar o serviço. Feitas as mar- Médio Tejo dos pedidos tem a ver com desloca- valores pagos pelos utentes e prati- lo é viável e “replicável”. De resto,
cações, o percurso é feito por algu- ções para aceder a serviços da área cados pelas empresas. “Estamos há exemplos de outras zonas do país
mas paragens assinaladas, em fun- da saúde”, assinala. “Este não é ape- com um custo mensal médio na casa que o estão a adoptar: “Já há projec-
ção das necessidades dos utilizado- nas um projecto de mobilidade. É dos 7 mil euros, o que é um valor, tos semelhantes nas regiões de Coim-
res. Se não for necessário parar em também um projecto de inclusão para aquilo que se gasta normal- bra e Viseu.”
 Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 19

Local

Pólo de inovação social na Mitra

deve abrir portas em 2023 081,&Ì3,2'(2(,5$6
$66(0%/(,$081,&,3$/

empresas virados para a sustentabili- vista a manutenção do lar de idosos

Instalação da Assembleia Municipal
João Pedro Pincha
dade ambiental para posicionar Lis- que já ali existe e a abertura ao públi- e Câmara Municipal de Oeiras
boa como Capital Europeia do co de um jardim. Há alguns anos,
Antigo albergue está em
obras e acolheu o terceiro
Empreendedorismo com Impacto. quando a posse dos edifícios passou EDITAL Nº 32/2021
O actual projecto para a Mitra, que da câmara para a Santa Casa, havia a
aniversário da Casa do “no fundo vai ser uma pequena vila”, intenção de criar novas respostas
ELISABETE MARIA DE OLIVEIRA MOTA RODRIGUES DE OLIVEIRA,
Impacto, uma incubadora nas palavras de Ana Azevedo, con- sociais para pessoas vulneráveis, mas
templa uma academia sobre econo- essa ideia foi abandonada.
Presidente da Assembleia Municipal cessante, faz saber que tem
da Santa Casa lugar no próximo dia 15 de outubro, sexta-feira, às 17 horas, no
mia social, uma creche com capaci- Nos debates e discursos de quarta-
“Vai para a Mitra” é um insulto lisboe- dade para 83 crianças e uma quinta feira foi dominante a ideia de que AUDITÓRIO DO TAGUSPARK, em PORTO SALVO, a INSTALAÇÃO
ta que começa a ter pouca razão de comunitária para fornecer produtos economia e economia social serão da ASSEMBLEIA MUNICIPAL e a INSTALAÇÃO da CÂMARA
ser. O antigo albergue para mendigos alimentares à própria Mitra. Está pre- sinónimos no futuro. “Temos de dei- MUNICIPAL DE OEIRAS, eleitas no dia 26 de setembro de 2021.
e sem-abrigo, que deu ao Poço do Bis- xar de entender a responsabilidade
po a fama de lugar pouco recomen- social [das empresas] como meros Para constar se publica este Edital e outros de igual teor, que vai ser
A antiga Mitra
dável, está a ser transformado num está em obras episódios de ligação com a comuni- afixado nos lugares de estilo.
pólo de empreendedorismo e inova- exteriores há dade”, defendeu Edmundo Martinho.
ção social que, sabe-se agora, deve algum tempo, “Uma empresa não pode achar que é Oeiras e Assembleia Municipal, aos 8 dias do mês de outubro do
mas faltam ainda ano 2021
abrir portas em meados de 2023. muito responsável ambientalmente
trabalhos
A previsão foi revelada na quarta- no interior e, ao mesmo tempo, ser socialmente
feira, na Mitra, por Ana Azevedo, poluidora”, acrescentou. A PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL, Cessante
administradora da Santa Casa da Elisabete Maria de Oliveira Mota Rodrigues de Oliveira
Misericórdia de Lisboa (SCML) com o
pelouro da gestão imobiliária e patri-
mónio. “Estamos com os projectos de
especialidades e de execução em cur-
so”, aÆrmou, estimando que em
Dezembro seja possível lançar con-
curso para as obras da primeira fase.
Quanto à segunda, com abertura pre-
vista para 2024, está ainda dependen-
te de candidatura ao PRR e ao Fundo
Social Europeu.
As obras já decorrem há meses,
mas apenas no exterior dos pavilhões
alinhados perpendicularmente à Rua
do Açúcar. A ideia do projecto Lisboa
Social Mitra é que no futuro, quando
os trabalhos interiores terminarem,
sirvam de casa a projectos de econo-
mia social, como a recém-lançada
Valor T, uma agência de emprego
para pessoas com deÆciência.
Ou como a Casa do Impacto, uma
incubadora de empreendedorismo
social da Santa Casa que celebrou o
terceiro aniversário e foi para a Mitra
festejar. “Espero que daqui a dois
anos, no máximo, estejamos aqui já
num ambiente completamente dife-
rente, a fervilhar”, desejou Edmundo
Martinho, provedor da SCML.
A Casa do Impacto, cuja sede é
hoje no Convento de São Pedro de
Alcântara, vai ocupar uma grande
parte da futura Mitra com o objectivo
de ajudar startups da área social a
desenvolverem as suas ideias e
ganharem escala. Em três anos, o
projecto alavancou 48 empresas e
investiu cerca de dois milhões de
euros em projectos com impacto
social. “Ao princípio, os empreende-
dores sociais eram vistos como acti-
vistas, pessoas com muito boas inten-
ções, mas que não tinham estrutura
de negócio”, comentou Inês Sequei-
ra, directora da Casa do Impacto,
convicta de que essa já não é a per-
cepção dominante.
O novo objectivo da instituição pas-
sa por apoiar também projectos e
20 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Mundo Insegurança alimentar disparou nos últimos anos
No Brasil
da fome
até os ossos
se tornaram
valiosos
Há perto de 20 milhões de pessoas com
insegurança alimentar grave no Brasil,
mas o problema não começou com
a pandemia e requer soluções radicais
João Ruela Ribeiro
A fome é um nevoeiro que vai cercan-
do a família. O dinheiro começa a
escassear, as primeiras contas Æcam
por pagar para se poder ter comida
na mesa todos os dias. Fazem-se
alguns ajustes que começam por ser
incómodos para se tornarem insus-
tentáveis. Algumas das refeições
começam a ser ignoradas, noutras a
carne começa a ser substituída. Do
bife passa-se aos miúdos de frango e
daí para os ossos cozidos e a memória
da carne que os rodeava. É este o ciclo
da fome que se abate hoje sobre
milhões de brasileiros e que muitos
julgavam ser um capítulo dramático
já vencido.
A imagem de pessoas embrenhadas
num enorme monte de ossadas de
animais à procura de algum resto de
carne divulgada recentemente por
um jornal brasileiro tornou-se o maior
símbolo da fome no Brasil. A pande-
mia acentuou o problema, mas a inse-
gurança alimentar era já uma das
chagas do maior país da América do
Sul, onde há 20 milhões de pessoas
com fome.
A cena foi captada por um fotojor-
nalista do jornal Extra no Rio de Janei-
ro no Ænal de Setembro. O motorista
do camião que transportava os ossos
disse ao jornal que geralmente as pes-
soas procuravam as sobras para dar
de comer aos cães, mas nos últimos
tempos passaram a ser destinadas ao
seu próprio consumo.
As imagens correram o país e o
mundo e relançaram o debate sobre
o aumento da pobreza extrema no
Brasil. Um inquérito extensivo publi-
cado esta semana concluía que perto
de 20 milhões de brasileiros diziam
ter passado mais de 24 horas sem ter
o que comer em alguns momentos
dos últimos meses. No geral, mais de
metade dos inquiridos pelo estudo
realizado pela Rede Brasileira de Pes-
quisa em Soberania e Segurança Ali-
mentar e Nutricional (Penssan) disse
ter sofrido algum tipo de insegurança
alimentar ao longo de 2020.
Estes dados têm tradução na reali-
dade das ruas, como a que foi captada
no Rio de Janeiro, mas não só. A dieta
de grande parte das famílias que
sofrem de insegurança alimentar foi
profundamente alterada. Nos talhos,
a procura por partes menos nobres
das carnes de frango, vaca e porco
disparou tanto que até essas subiram
de preço, de acordo com uma consul-
tora. No estado de Santa Catarina, a
Procuradoria de Protecção e Defesa
do Consumidor pediu aos proprietá-
rios de talhos para deixarem de cobrar
pelas ossadas dos animais de forma a
atenuar a fome da população.
A socióloga Letícia Bartholo, espe-
cializada em políticas públicas de
combate à pobreza, descreve uma
“população em completa privação”,
mas realça que este “é um fenómeno
mais antigo do que a pandemia”. “A
pandemia chega ao Brasil já num con-
texto de deterioração das condições
de bem-estar da população mais
pobre”, diz ao PÚBLICO.
O Äm do optimismo
Em 2014, o Brasil festejava a saída do
Mapa da Fome das Nações Unidas. Na
altura, os dados apontavam para pou-
co mais de 20% de agregados familia-
res em situação de insegurança ali-
mentar e o país era um exemplo na
aplicação de políticas públicas para a
redução da pobreza extrema. Os
méritos são atribuídos ao programa
Bolsa Família, que congrega vários
subsídios num só pacote e que injecta
directamente nas famílias mais caren-
ciadas milhões de reais, para assegu-
rar as condições mínimas de existên-
cia, com a garantia de que as crianças
vão à escola e são vacinadas.
A fome tem crescido Mas esse optimismo embateu con-
rapidamente no Brasil, onde tra o turbilhão de crises que nos
20 milhões de pessoas últimos anos envolveu o Brasil. “A
sofrem de graves carências partir de 2015, o Brasil enfrenta uma
alimentares recessão económica que se une a
um grau elevado de instabilidade
política que colabora para a pioria
desse contexto de bem-estar entre
os mais pobres”, observa Bartholo.
“Com as diÆculdades orçamentais,
boa parte das políticas públicas
direccionadas para os mais pobres
diminui intensamente.”
O quadro arrepiante da fome hoje
no Brasil é produto de uma sucessão
de infortúnios de que a pandemia é
A pandemia chega apenas mais um capítulo. A recessão
económica de 2015 destruiu milhões
ao Brasil já de empregos, atirando a população
num contexto mais pobre, sobretudo nos subúrbios
das grandes metrópoles, para a pro-
de deterioração cura de pequenos trabalhos informais
das condições — um factor apontado por todos os
estudos como um dos que mais pro-
de bem-estar piciam a fome.
da população A acentuar ainda mais o empobre-
cimento está a inÇação que tem feito
mais pobre disparar os preços e a crescente des-
Letícia Bartholo valorização do real (em Janeiro de
Socióloga 2020 um dólar valia 4,02 reais e agora
está acima dos 5,5). Em consequên-
cia, o rendimento médio das famílias
caiu abruptamente. De 249 reais per
capita, em meados de 2014, o rendi-
mento real médio proveniente do
trabalho passou a 172 reais no segun-
do trimestre deste ano, segundo a
Fundação Getúlio Vargas.
Pelo meio, a instabilidade política
associada à crise orçamental quase
permanente retirou força ao papel do
Bolsa Família. A imposição do chama-
do “tecto de gastos” em 2017, que
impede o aumento de despesa públi-
ca durante 20 anos, veio travar boa
parte das medidas de combate à
pobreza. Mas o próprio funcionamen-
to administrativo do Bolsa teve impac-
to sobre esta realidade. “Ao longo dos
últimos dois anos o que se vê é uma
Æla de espera no Bolsa Família, e os
benefícios já desfasados em valor
foram corroídos pela inÇação”, expli-
ca Letícia Bartholo.
População nas ruas aumenta
Nas ruas das grandes cidades brasilei-
ras, o retrato da pobreza extrema é
cada vez mais evidente. Rubem César
Fernandes fundou a Viva Rio, uma

organização social de apoio às comu-
nidades mais desfavorecidos do Rio
de Janeiro, em 1993, e desde então
tem estado numa posição privilegiada
para observar a evolução da pobreza
na cidade mais famosa do Brasil. A
Viva Rio especializou-se no forneci-
mento de cuidados de saúde e actua
em mais de cem favelas, onde atende
dois milhões de utentes.
Ao PÚBLICO, o antropólogo diz que
a “população de rua aumentou mui-
to, a olhos vistos” e é aí que a fome se
concentra. “A rua é o lugar para
garimpar pequenos recursos, as
migalhas da sociedade. As pessoas até
podem ter onde morar, mas vivem na
rua durante a semana e voltam a casa
ao Æm-de-semana”, explica.
Fernandes nota que a falta de
emprego formal foi um dos factores
que atiraram mais pessoas para a
pobreza durante a pandemia por cau-
sa do encerramento das actividades.
Privados dessa fonte de rendimento,
muitas famílias foram obrigadas a
cortar de imediato na alimentação.
“As pessoas em geral pagam uma ren-
da, mas dá para negociar a situação.
Com a comida não se negoceia, é pre-
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 21
FERNANDO SOUZA
68
milhões: na fase mais abrangen-
te, o auxílio emergencial de
apoio às famílias atingidas pela
pandemia alcançou 68 milhões
de pessoas, um recorde mundial
ciso comer todos os dias”, aÆrma.
Nos primeiros meses de pandemia,
o antropólogo recorda uma onda de
solidariedade como nunca tinha visto
até então. Quando as medidas de con-
Ænamento começaram a surtir os
primeiros efeitos negativos sobre os
rendimentos das famílias, a popula-
ção, em articulação com diversas
organizações sociais, começou a dis-
tribuir comida e bens de primeira
necessidade entre os mais pobres.
Um inquérito feito pela Viva Rio em
várias favelas concluiu que mais de
60% da população apoiou famílias
durante os meses mais duros da pan-
demia em 2020.
“Não temos nenhum exemplo des-
sa magnitude de mobilização de
recursos porque aconteceu em todos
os níveis da sociedade”, diz Fernan-
des, sublinhando que até os próprios
beneÆciários das ajudas as partilha-
vam com outras famílias. “É a multi-
plicação dos pães pela divisão dos
pães”, observa.
O auxílio
A reacção do Governo federal ao
aumento da pobreza é muito criticada
pela generalidade dos observadores,
mas há igualmente unanimidade em
classiÆcar a criação do “auxílio emer-
gencial” como fundamental durante
a pandemia. Trata-se de um subsídio
que foi criado em Abril do ano passa-
do pelo Governo brasileiro destinado
às famílias mais pobres afectadas pela
pandemia e que até ao Æm do ano
podia chegar a 1200 reais (185 euros)
mensais. Foi prolongado até Outubro
deste ano, mas com um valor máximo
de 375 reais (58 euros). Na sua fase
mais abrangente chegou a 68 milhões
de pessoas, fazendo do auxílio emer-
gencial o programa social com mais
beneÆciários em todo o mundo.
Letícia Bartholo considera que a
medida foi “importantíssima” duran-
te a fase mais aguda da pandemia,
embora admita que não fosse um
programa com possibilidade de ter
uma duração mais longa, dado o seu
“custo proibitivo”. No entanto, a
especialista aponta a ausência de um
projecto para o período que segue ao
seu término. “Faltou ao Brasil cons-
truir uma saída do auxílio que permi-
tisse alguma transição e que amplias-
se as transferências de rendimento
para os mais pobres de modo que as
pessoas que caíram na pobreza
pudessem ser acolhidas num modelo
mais amplo”, explica.
Já Rubem César Fernandes nota
que muitas pessoas Æcaram privadas
do acesso ao auxílio emergencial por
não cumprirem alguns requisitos
operacionais, como ter uma conta na
Caixa Económica Federal.
O Governo de Jair Bolsonaro quer
criar um novo programa social que
substitua o Bolsa Família, considera-
do demasiado colado à herança dei-
xada pelos governos do Partido dos
Trabalhadores, e que pretende bap-
tizar de “Auxílio Brasil”. No entanto,
o plano tem sofrido avanços e recuos,
parece estar enterrado em discussões
no Congresso e é provável que venha
a ser fortemente limitado pelo tecto
de gastos orçamentais.
Num país de dimensões continen-
tais como o Brasil e de contrastes
gigantes, a solução para a pobreza
nunca seria fácil de encontrar, mas os
especialistas coincidem no seu enten-
dimento como um fenómeno com
várias dimensões e que é reÇexo de
deÆciências noutras áreas, como a
Saúde ou a Educação. Fernandes
defende a aplicação de um modelo
de rendimento básico — “um dinheiro
que não se perde”, aÆrma —, mas não
alimenta muitas esperanças numa
inÇexão do rumo do combate à
pobreza. “No Brasil, as políticas
sociais são o Æm da linha”, lamenta.
22 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Mundo
Suspeito do ataque com arco e ƍecha
na Noruega era conhecido da polícia
Diana Baptista Vicente
As autoridades ainda não
sabem a motivação por trás
do ataque que vitimou
cinco pessoas. O suspeito
converteu-se ao Islão
Um homem armado de arco e Çecha
matou cinco pessoas e feriu outras
duas, na quarta-feira, em Kongsberg,
na Noruega, num aparente “acto de
terrorismo”. Ontem, as autoridades
indicaram que o suspeito se conver-
tera ao islamismo e que havia preo-
cupações sobre a sua eventual radi-
calização.
“Os acontecimentos em Kongsberg
parecem tratar-se de um acto de ter-
rorismo, mas a investigação (…) irá
determinar com mais detalhe quais
as motivações”, disseram os serviços
secretos noruegueses PST.
O chefe regional da polícia, Ole
Bredrup Saeverud, avançou na
manhã de ontem que as autoridades
tinham contactado com o suspeito
em 2020, conÆrmando ter havido
“anteriormente preocupações sobre
a sua radicalização”. Contudo, o che-
fe da polícia referiu não ter recebido
informações em 2021 em relação ao
seu extremismo. Questionado sobre
se o agressor tinha sido inÇuenciado
por uma ideologia religiosa extremis-
ta, disse não saber.
O suspeito foi identiÆcado pela
polícia norueguesa como Espen
Andersen Braathen, cidadão dina-
marquês de 37 anos. Segundo o seu
advogado, é Ælho de mãe dinamar-
quesa e de pai norueguês e vivia há
já alguns anos em Kongsberg, uma
vila a 68 quilómetros da capital da
Noruega, Oslo.
De acordo com a emissora norue-
guesa NRK, o suspeito tem cadastro
criminal por furto, posse de droga e
foi-lhe imposta uma ordem de restri-
ção que o proibia de se aproximar de
dois familiares depois de ter amea-
çado matar um deles.
Na quarta-feira, ao Ænal da tarde,
atacou mortalmente com arco e Çe-
cha quatro mulheres e um homem,
com idades compreendidas entre os
50 e os 70 anos, informou o chefe da
polícia. Outras duas pessoas também
Æcaram feridas no ataque, mas estão
fora de perigo.
O primeiro alerta sobre um
homem armado de arco e Çechas a
andar pelas ruas foi dado às 18h12
horas, tendo este atacado em vários
locais da vila até ser detido 35 minu-
tos depois. Porém, Saeverud reco-
nheceu que o mais “provável” é que
“todas as mortes tenham ocorrido
depois de os primeiros polícias o
terem confrontado”. Após a deten-
ção, foi interrogado várias horas
durante a noite.
As autoridades acreditam que
Espen Braathen agiu sozinho e que
está a cooperar e a confessar os “fac-
tos” — temos de ver se se declara cul-
pado”, disse à televisão norueguesa
TV2 a procuradora Ann Irén Svane
Mathiassen, acrescentando que no
ataque foram usadas outras armas,
sem adiantar mais pormenores.
Na vila de Kongsberg, onde “nada
acontece”, nas palavras da residente
Novo executivo tomou ontem posse
Sobreviventes de Utoya no Governo norueguês
O novo primeiro-ministro da Norue-
ga, o trabalhista Jonas Gahr Store,
apresentou ontem os membros do
seu Governo de coligação, que inclui
uma maioria de mulheres e dois
sobreviventes dos ataques em Oslo e
na ilha de Utoya, em 2011.
A nova coligação governamental
— entre o Partido Trabalhista, de cen-
tro-esquerda, e os eurocépticos do
Partido do Centro — tomou posse um
dia depois do ataque mais mortífero
na Noruega desde Utoya. Na quarta-
feira, um homem armado com um
arco e Çechas matou cinco pessoas e
feriu outras duas com gravidade na
cidade de Konsberg.
britânica Fiona Herland citada pela
BBC, os acontecimentos de quarta-
feira foram recebidos com especial
choque, num país onde a taxa de
homicídio é baixa. Em 2020, num
país com mais de cinco milhões de
habitantes, registaram-se 31 homicí-
dios, a maioria envolvendo pessoas
que se conheciam, escreve o New
York Times.
O ataque também trouxe lembran-
ças do atentado de 2011, quando
Anders Behring Breivik, um lobo
solitário da extrema-direita, matou
77 pessoas. E apesar da raridade des-
O novo executivo, que tem um
apoio minoritário no Parlamento
norueguês, saiu da eleição de 13 de
Setembro e reúne os trabalhistas e os
centristas, estes em representação
dos interesses regionais.
Outra particularidade do novo
Governo prende-se com a nomeação
de dois sobreviventes do ataque na
A ministra do
Conhecimento,
Tonje Brenna,
é uma das
sobreviventes
do massacre de
Utoya, em 2011
te tipo de crime, as autoridades
norueguesas têm manifestado a sua
preocupação, argumentando não
estar a ser feito o suÆciente para con-
ter na raiz a extrema-direita, espe-
cialmente entre os mais novos.
Aliás, em Julho, analistas dos ser-
viços de inteligência do país alerta-
ram para a ascensão da extrema-di-
reita a nível mundial. No plano
nacional, avisaram para a possibili-
dade de a Noruega ser um alvo no
futuro e chamaram a atenção para a
tendência dos jovens para idolatra-
rem Breivik.
HAKON MOSVOLD/NTB/VIA REUTERS
O homem terá assassinado as
pessoas já depois de ter sido
confrontado pela polícia
ilha de Utoya. No dia 22 de Julho de
2011, 69 pessoas que participavam
num acampamento de Verão da
juventude do Partido Trabalhista, na
ilha de Utoya, foram mortas pelo neo-
nazi Anders Breivik. Horas antes,
Breivik tinha provocado uma explo-
são em Oslo que fez oito mortos.
Os sobreviventes são a ministra do
Conhecimento, Tonje Brenna, de 33
anos; e Jan Christian Vestre, de 35
anos, ministro do Comércio e da
Indústria. “Estes jovens responsáveis
e talentosos políticos carregam um
fardo. Sinto que demos um passo
importante”, disse o novo chefe do
Governo.
Confrontos em
Beirute fazem
pelo menos
seis mortos
Vítimas eram todas xiitas e
dirigiam-se a um protesto
contra o juiz responsável
pelas investigações à
explosão no porto em 2020
Pelo menos seis pessoas morreram
e cerca de 30 Æcaram feridas depois
de uma manifestação organizada
ontem pelo Hezbollah em Beirute ter
sido atacada. Durante a manhã, uma
multidão começava a juntar-se nas
imediações do Palácio da Justiça na
capital libanesa para participar num
protesto convocado pelo Hezbollah
e pelo movimento xiita Amal que
exigia o afastamento do juiz Tarek
Bitar, que está à frente do inquérito
à explosão no porto da cidade, ocor-
rida no ano passado. Enquanto se
dirigiam para o local da concentra-
ção, alguns dos participantes na
manifestação começaram a ser alve-
jados por tiros de metralhadora.
Sucederam-se imagens de caos no
centro da capital libanesa com pes-
soas a correrem pelas ruas enquanto
tentavam procurar um local onde
Æcassem a salvo, descrevem os jor-
nalistas no local. A violência obrigou
à intervenção do Exército, mas os
confrontos prolongaram-se ao longo
de quatro horas, diz a Al-Jazeera.
O Exército estabeleceu um perí-
metro de segurança em torno dos
bairros onde os confrontos ocorre-
ram, uma zona politicamente sensí-
vel dividida entre as comunidades
cristã e xiita e que já tinha sido palco
de incidentes semelhantes durante
a Guerra Civil libanesa entre 1975 e
1990. As vítimas foram todas identi-
Æcadas como xiitas.
O Hezbollah e o movimento Amal
acusam as Forças Libanesas, um
partido cristão com relações próxi-
mas com a Arábia Saudita (que dis-
puta com o Irão, apoiante do
Hezbollah, uma guerra surda em
todo o Médio Oriente), de estarem
por trás do ataque. O Ministério do
Interior diz que havia atiradores fur-
tivos em telhados que dispararam
sobre as pessoas que se deslocavam
para o Palácio da Justiça.
O primeiro-ministro, Najib Mikati,
deixou apelos à calma e pediu à
população que “não se deixe atrair
pela sedição seja por que razão for”.
As cenas de violência estão a ser des-
critas como as mais graves entre
grupos religiosos e políticos rivais
desde o Ænal da Guerra Civil e tor-
nam evidente a profunda polariza-
ção no país, agravada com a explosão
do ano passado.

Por António Rodrigues
es
Jornalista. Escreve à sexta-feira
ra
Fetiches literais Apologias
Gold Coast slave A literalidade tomou
conta de nós. Estes
ship bound for tempos em que se cita
avulsamente, em que se
cotton Äelds/ Sold in descontextualiza e se
despe do fato crítico aquilo que
the market down in jogando com a ironia e a
New Orleans/ inteligência sempre se teve como
vontade denunciar, Æzeram mais
Skydog slaver uma vítima: Brown Sugar. Os
Rolling Stones retiraram a canção
knows he’s doin’ all do alinhamento para a primeira
right/ Hear him digressão pós-Charlie Watts,
morto a 24 de Agosto. “Será que
whip the women just não percebem que esta é uma
canção sobre os horrores da
around midnight escravatura?”, perguntava Keith
Brown Sugar Richards em entrevista ao LA
Times. Desde os anos 1970 que a
Canção dos canção faz parte do repertório da
banda britânica, mas não resistiu
Rolling Stones a estes tempos de cruzadas nas
redes sociais, em que muitas vezes
se assinam petições, se alinham
opiniões, se carrega pesadamente
sobre objectos culturais sem
qualquer reÇexão, tomando tudo
pelo seu valor literal. Que se
imagine Brown Sugar como uma
apologia do passado esclavagista
da América, um hino à defesa da
violação e do açoitamento de
mulheres negras pelos seus
proprietários mostra que, no meio
de tanto que há a fazer para que
os antigos impérios reconheçam o
mal que Æzeram em nome de uma
civilização dita superior, se perde
tempo a disparar em múltiplas
direcções, ferindo com balas
perdidas o trabalho sério que se
vem fazendo nesse sentido.
Mesmo que haja quem, como
Daphne Brooks, directora de
pós gr
pós-graduação no Departamento
de Est
Estudos Afro-Americanos da
Univer
Universidade de Yale, aplauda a
decisã
decisão por considerar que Brown
Sugarr transforma as mulheres
negras em fetiches. “É a canção
mais ppopular sobre a violação
sistem
sistemática de mulheres negras e
um hino
hin celebrativo deste crime
indesc
indescritível”, refere, citada pela
NBC News.
N Como se todas as obras
que de
denunciassem os crimes do
passad
passado se tornassem tão odiosas
c
como os crimes que
d
denunciam. E calar o
passad
passado não será um convite a que
se repita?
repi
Em Julho, a presidente
da Câmara de
Amesterdão, Femke
Halsema, pediu
perdão pelos crimes
coloniais cometidos pelos Países
Baixos, desatando um debate
sobre o passado esclavagista do
país. Agora, uma equipa de
historiadores e teólogos começou
a analisar o papel da Igreja
protestante, a religião oÆcial no
século XVIII, na justiÆcação
espiritual da propriedade de
escravos e a sua cumplicidade nos
crimes cometidos no passado. Não
só a Igreja beneÆciou de grandes
doações dos comerciantes de
escravos, como alguns dos seus
pastores chegaram a ser pagos
com escravos pelo seu trabalho de
predicação nos territórios
ultramarinos neerlandeses. O
projecto de investigação tem
como horizonte temporário 2023,
ano em que se assinalam os 150
anos da abolição da escravatura
no país. A Igreja Protestante dos
Países Baixos, que hoje conta com
1,8 milhões de Æéis, decidiu
abrir-se ao escrutínio da sociedade
sobre o seu passado, num tempo
“em que as próprias ideias
religiosas apoiaram a escravatura
com teorias sobre a inferioridade
dos homens negros”, aÆrmou ao
El País Heleen Zordgrager, da
Universidade Teológica
Protestante, que lidera a
investigação. “Embora hoje já
tenhamos afastado da nossa
religião, cultura e teologia a ideia
da superioridade branca, o desaÆo
laciona a
consiste em como se relaciona
mada pelos
Igreja protestante formada
antigos donos de escravosvos com
os seus descendentes”,
acrescenta a professora,a,
salientando que se trata a
de um debate que
nunca foi feito na
sociedade neerlandesa..
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 23
4 esquinas
África e a
modernidade
Se olharmos de perto,
escreve Howard
French no Guardian,
“torna-se claro que
África teve um papel
central” na primeira globalização
do mundo e o que acontece, ao
negar esse papel do continente, é
que temos gerações de gente a
quem foi ensinada “uma história
profundamente enganosa sobre as
origens da modernidade”. A
“elisão” de três décadas
fundamentais do Ænal do século
XV, nomeadamente o papel do
ouro do Gana, então chamado
bem a propósito Costa do Ouro,
diz French, é apenas um exemplo
de muitos num “processo de
séculos de menorização,
trivialização e apagamento dos
africanos e de pessoas de
ascendência africana da história
do mundo moderno”. E não se
trata de ignorância, de não se
saber o que tinha realmente
acontecido, mas de uma atitude
propositada para manter essa
parte da história longe das
historiograÆas oÆciais: os factos
essenciais foram isolados,
negligenciados ou escondidos em
cantos escuros”. A ascensão da
Europa não se deveu a uma
questão de superioridade inata
como propalado pelas
historiograÆas oÆciais do
Ocidente, refere o professor da
Universidade de Colúmbia, mas
foram os encontros com africanos
que levaram os europeus, até
então mais orientados para o
Atlântico, “num caminho que
eventualmen
eventualmente haveria de
impulsio
impulsionar o continente a
sup
superar os grandes
ccentros civilizacionais
da Ásia e do mundo
islâmico em riqueza e
ppoder”. Teria sido,
e
então, esse encontro
en
entre a Europa e a que
ho
hoje se denomina como
Áfr
África subsariana a
traz
trazer profundas
tran
transformações, a ponto
de, olhando hoje para
trás
trás, se perceber que
ess
esse encontro marcaria
um antes e um depois.
Mundo
O mundo que se conta
a partir do que se diz
O sistema
Kafala ou
os escravos
de hoje
Dezenas de milhões
de migrantes no
Médio Oriente têm a
vida controlada pelo
sistema Kafala, sem
direitos e à disposição dos
patrões, que através do
“patrocínio” da viagem do
trabalhador para o país de
trabalho, principalmente a Arábia
Saudita e as monarquias do Golfo,
ganham controlo total sobre a vida
de quem empregam durante o
tempo que duram os contratos.
Violência, abusos, pressão
psicológica, exploração laboral,
condições de vida deploráveis já
levaram à loucura e ao suicídio. O
sistema Kafala é um regime legal
de escravatura disfarçado de
contratação laboral que tira
partido do desespero de muita
gente em África e na Ásia com a
falta de trabalho para sujeitar
seres humanos aos caprichos
vexatórios de quem os contrata.
Como refere à France 24 Brenda
Drama, uma empregada
doméstica queniana na Arábia
Saudita, “é escravatura moderna”.
Brenda Drama tornou-se
conhecida pelos seus vídeos
irónicos no Tik Tok destinados a
motivar todas as outras
domésticas que sofrem às mãos de
patroas despóticas abusadoras
que, muitas vezes, as tratam pior
do que aos seus animais de
estimação. “Vi pessoas
enlouquecer. Obviamente por
aquilo que passam aqui. Mesmo
quando és mentalmente forte,
alguém que venha para aqui pode
Æcar maluco depois de algum
tempo”, explica a queniana.
Apesar da pressão para reformar
este sistema legal de migração e
de algumas medidas tomadas, o
Kafala resiste na sua forma de
exploração, sobretudo porque se
mantém na esfera dos ministérios
do Interior (migração) e não dos
de Trabalho (relação laboral), e
deixa o trabalhador sem defesas
perante o poder de quem
contrata: abandonar o patrão,
mesmo que este seja abusador,
leva ao cancelamento automático
da autorização de residência, à
deportação (muitas vezes sem
receber o devido pelo seu
trabalho) e até à prisão.
24 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Economia Orçamento do Estado para 2022
Surpresa nos
juros é pouco
provável e teria
efeito reduzido
no Orçamento
Governo antecipa cenário de taxas de juro
quase inalteradas em 2022. Há motivos
para pensar que falhar a previsão ainda
é um risco baixo para as contas públicas
Sérgio Aníbal
Uma subida a pique das taxas de juro
já a partir do próximo ano que
pudesse colocar em causa as metas
deÆnidas na proposta de Orçamento
do Estado (OE) entregue esta segun-
da-feira é vista como um cenário
improvável e que, a acontecer, teria
no curto prazo mais impacto nas
contas das famílias e das empresas
do que nas do Estado, onde não se
assistiria a um agravamento severo
do serviço da dívida.
No Orçamento do Estado que pro-
pôs para votação no Parlamento, o
Governo assume como pressuposto
do seu cenário macroeconómico para
2022 a manutenção praticamente ao
mesmo nível de 2021 das taxas de juro
de curto e longo prazo.
De acordo com o documento, é
estimado que a média anual da Euri-
bor a três meses (uma referência para
a taxa de juro de curto prazo), depois
de cair de -0,4% para -0,5% entre
2020 e 2021, se mantenha nos -0,5%
em 2022. Já no que diz respeito à taxa
de juro de longo prazo, a medida uti-
lizada diz respeito ao custo de Ænan-
ciamento médio do Estado na zona
euro a 10 anos, que passa de um valor
positivo de 0,2% em 2020 para um
valor negativo de 0,3% em 2021, sen-
do agora projectada apenas uma ligei-
ra subida para -0,2% em 2022.
É portanto evidente que o cenário
macroeconómico do OE parte do
princípio que não se assistirá, nem
nas taxas de juro de referência do BCE
(que inÇuenciam fortemente as Euri-
bor), nem nas taxas de juro da dívida
europeias, a uma subida signiÆcativa
em 2022, mantendo-se os níveis míni-
mos históricos que tanto ajudaram as
economias (e as contas públicas)
durante a pandemia.
Estará o Governo a ser excessiva-
mente optimista? Há alguns meses a
resposta seria deÆnitivamente não.
A retoma da economia da zona euro
ainda estava rodeada de muitos fac-
tores de incerteza e, antes do Verão,
o BCE anunciou uma revisão da sua
estratégia que tornava ainda mais
claro que, depois de vários anos em
que a taxa de inÇação Æcou abaixo
de 2%, não iria começar rapidamen-
te a subir taxas de juro a uma veloci-
dade muito acentuada.
Nas últimas semanas, contudo, há
mais dúvidas a circular nos mercados.
A economia da zona euro está agora
bem mais segura na sua retoma e o
ressurgimento da inÇação dá sinais de
poder ser mais persistente do que
aquilo que se previa. Com a ajuda da
subida de preços nos mercados petro-
líferos e nos transportes internacionais
de mercadorias, as taxas de inÇação
na Europa e especialmente nos EUA
subiram de forma signiÆcativa, fazen-
do com que mais investidores come-
çassem a questionar quando é que a
Reserva Federal começará a subir
taxas de juro e se o BCE será pressio-
nado a, depois, seguir-lhe as pisadas.
Será somente em Dezembro que
os membros do Conselho de Gover-
nadores do BCE irão discutir e anun-
ciar qual será o rumo a seguir na
retirada dos estímulos durante o ano
de 2022. Para já, o cenário conside-
rado mais provável pelos mercados,
apesar das dúvidas criadas pela infla-
ção, é ainda que o banco central
comece, a partir de Março, a reduzir
as suas compras de dívida pública,
mas que não o faça forma total, o que
poderá limitar a tendência, que se
tem vindo a sentir de forma modera-
da nas últimas semanas, de subida
das taxas de juro da dívida. Eventuais
subidas das taxas de juro de referên-
cia do BCE, com reflexos imediatos
nas taxas de juro de curto e de longo
prazo nos mercados, só acontecerão
bastante mais tarde, espera-se.
“As previsões dos juros de curto o banco central quer continuar a
prazo da dívida alemã não mudam manter os juros baixos mesmo peran-
muito face aos níveis actuais pelo te a subida da inÇação”, o que mostra
menos até ao Æm de 2022. Pelo con- que “o risco de aumentar cedo de
trário, as previsões para os juros com mais os juros ainda é visto como o
maturidade longa aumentam já 50 maior perigo”.
pontos-base até ao Æm de 2022. É Ricardo Cabral, professor no ISEG,
muito difícil prever se o aumento irá reconhece que “o maior risco é a
acontecer mais cedo do que o espe- inÇação, e que o BCE reaja com uma
rado nestas previsões”, aÆrma Fran- alteração da política brusca”. De qual-
cesco Franco, professor da Nova SBE. quer modo, este economista vê sinais,
O economista, ainda assim, assinala entre os produtores de petróleo, de
que “as compras brutas do BCE nas quererem limitar a subida dos preços,
últimas semanas parecem indicar que o que pode beneÆciar o cenário para
Juros mais baixos beneficiam orçamentos
Custo do stock da dívida (em %) Taxa de juro da dívida a 10 anos
portuguesa (em %)
4 radares dos mercados e sofrer com
3,5 1,5
3 1,2
0,9
2 1,8
0,6
1 0,381
0,3
0 0 0,177
2010 2022
-0,3
Custo do stock da dívida calculado como o rácio
Out. 2020 2021 13 Out.
entre os juros pagos pelo Estado e a média dos
dois últimos anos da dívida directa do Estado 2019 2021
Fontes: IGCP até 2020; cálculos Público em 2021 e 2022; Reuters PÚBLICO
a inÇação. “Além disso, a solução mais
razoável face ao choque energético é
reagir com controlo e com prudência,
não reagir a quente. E essa parece ser
a opinião maioritária dentro do con-
selho de governadores do BCE”, diz.
Já João Borges de Assunção, profes-
sor da Católica, aÆrma que o Governo
“parece ignorar os riscos de inÇação
na Alemanha e na zona euro, bem
como nos EUA, e a necessidade de
introduzir condições monetárias
menos acomodatícias”.
A imagem de Portugal
Para além do risco de o BCE mudar
mais rapidamente a sua política,
outro risco a ter em conta é o de
Portugal, por si só, voltar a Æcar nos
uma subida do diferencial dos seus
juros da dívida face aos parceiros
europeus.
A este nível, contudo, não têm havi-
do sinais de alerta durante os últimos
meses. É verdade que as taxas de juro
da dívida portuguesa a 10 anos têm
vindo a registar uma tendência de
subida, passando de 0,217% no início
de Setembro para 0,381% agora (che-
gando a superar os 0,4% esta sema-
na). No entanto, essa subida é feita
em companhia de todos os outros
países da zona euro, sendo que Por-
tugal até tem vindo a registar um

VINCENT KESSLER/REUTERS
melhor desempenho do que países
como a Itália ou a Espanha.
Do lado das agências de rating
internacionais, que têm um papel
importante na evolução da conÆança
dos mercados na dívida de cada país,
os sinais dados relativamente a Por-
tugal também são positivos. A
Moody’s subiu recentemente a clas-
siÆcação atribuída a Portugal.
E, em declarações ao PÚBLICO, Kit
Yeung, analista da agência Fitch reve-
lou conÆança nas metas traçadas na
proposta de OE, aÆrmando acreditar
que, “embora enfrente a desaÆante
tarefa de fazer uma consolidação
orçamental sem colocar em causa a
retoma económica”, “o Governo con-
tinua comprometido a trazer os níveis
de dívida pública para baixo”.
Mas e se os juros subirem?
O cenário de uma subida signiÆcativa
das taxas de juro de curto e longo pra-
zo em Portugal já durante o próximo
ano parece, portanto, não ser o cená-
rio mais provável neste momento.
Mas se acontecesse? A execução do
OE agora proposto pelo Governo esta-
ria posta em causa?
Neste caso, também há motivos
para acreditar que o impacto poderia
ser relativamente moderado no curto
prazo. De acordo com as contas apre-
sentadas pelo executivo na proposta
de OE, o impacto de um aumento
imediato e permanente das taxas de
juro de mercado em um ponto per-
centual sobre os juros da dívida direc-
ta do Estado em 2022 (o que signiÆca-
ria que as taxas de juro a dez anos
saltariam dos actuais 0,4% para 1,4%)
seria um aumento da despesa pública
BCE, liderado por Christine com juros de 344 milhões de euros.
Lagarde, discute em Dezembro Ou seja, as contas públicas seriam
plano de retirada de estímulos afectadas num valor equivalente a
cerca de 0,15% do PIB, o que só por si
não seria motivo para uma alteração
radical de estratégia.
Este efeito relativamente modera-
do num país com uma dívida pública
que se encontra perto dos 130% do
PIB é explicado pelo facto de as novas
taxas de juro eventualmente mais
altas apenas se aplicarem à nova dívi-
da que vier a ser emitida. “Neste
As compras momento estamos a substituir dívida
brutas do BCE nas com taxas mais altas por dívida com
taxas mais baixas e, mesmo que estas
últimas semanas subissem um pouco, isso poderia
parecem indicar continuar a acontecer. — A taxa de
juro implícita da dívida continuaria a
que o banco descer”, explica Ricardo Cabral.
central quer A taxa de juro do stock da dívida
pública portuguesa tem, revela a
continuar Agência de Gestão da Tesouraria e da
a manter os jjuros Dívida Pública — IGCP, vindo a descer
de forma ininterrupta desde 2011,
mo
baixos mesmo passando ded 4,1% nesse ano para 2,2%
perante a em 2020. No OE, de acordo com os
cálculos d do PÚBLICO, o executivo
subida está a assumir
assu que essa taxa continue
da inÅação a descer em 2021, para 2%, e em 2018,
para 1,8%, precisamente por
Francesco Franco causa da substituição de dívi-
ca
BE
Professor da Nova SBE da antiga mais cara por dívi-
d “Situação inédita”
da emitida mais barata
d O Sindicato Nacional do Pessoal de
rrecentemente.
TAP finaliza despedimento
colectivo de 72 trabalhadores
Luís Villalobos
Companhia não evitou o
despedimento colectivo,
num processo que entra
agora em fase de
contestação nos tribunais
A TAP Ænaliza hoje o processo de des-
pedimento colectivo, que envolve
mais de 70 trabalhadores da empresa
pública. A nova presidente executiva
da TAP, Christine Ourmières-Wide-
ner, referiu na sua ida ao Parlamento,
no dia 14 de Setembro, que nessa
altura estavam abrangidos 78 traba-
lhadores, mas em entrevista ao
Expresso, publicada no sábado pas-
sado, afirmou que eram 72.
Desconhece-se, no entanto, a divi-
são por grandes grupos proÆssionais
(como pilotos, tripulantes de cabina
ou técnicos de manutenção).
No dia 8 de Julho, na primeira
mensagem escrita aos trabalhadores,
Christine Ourmières-Widener deu
conta de que a empresa ia avançar
com o despedimento colectivo e que,
na altura, envolvia 124 pessoas. Des-
tes trabalhadores, 35 eram pilotos,
28 eram tripulantes de cabina, 38
eram da área de manutenção e enge-
nharia e outros 23 estavam alocados
à sede. O PÚBLICO enviou várias
questões à TAP e ao Ministério das
Infra-Estruturas, liderado por Pedro
Nuno Santos, mas ambos se remete-
ram ao silêncio.
Um dos objectivos do plano de
recuperação da empresa, que tem
registado fortes perdas e aguarda
ainda “luz verde” de Bruxelas a mais
ajudas do Estado, é o de reduzir de
forma profunda o número de fun-
cionários, tendo como objectivo o
corte de 2000 trabalhadores dos
quadros da TAP.
Em Março de 2020, mês em que foi
declarada a pandemia de covid-19, a
TAP tinha 9143 trabalhadores, quan-
do em Junho deste ano esse número
tinha encolhido para 6804. Assim,
nesse período saíram da transporta-
dora aérea 2339 trabalhadores, o que
equivale a 25% do total, entre contra-
tos não renovados e saídas negocia-
das. Só no segundo trimestre deste
ano, segundo os dados da TAP, saí-
ram 722 trabalhadores.
A maioria acabou por aceitar um
acordo de rescisão voluntária —
incluindo alguns que inicialmente
foram confrontados com a ameaça
do despedimento —, tendo outros
aderido a medidas como pré-refor-
mas ou reformas antecipadas.
Voo da Aviação Civil (SNPVAC) já deu
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 25
Economia
nota de que o despedimento colecti- sindical, acrescentando que o SITAVA
vo é “uma situação inédita na história “vai impugnar nos tribunais a cessa-
da empresa”, e também não há ção do contrato de trabalho de todos”
memória recente de uma acção idên- os associados que o queiram fazer.
tica por parte de uma empresa públi- No caso dos pilotos, fonte oÆcial do
ca em Portugal. Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil
Ao PÚBLICO, o secretário-geral do (SPAC) diz que inicialmente estavam
Sindicato dos Trabalhadores da Avia- abrangidos 34 destes proÆssionais,
ção e Aeroportos (SITAVA), José Sou- “tendo já existido acordos com
sa, refere que “a efectivação do des- alguns deles”. SPAC está “a prestar
pedimento colectivo acontece em apoio jurídico a 14 destes pilotos”, e
função da antiguidade da empresa”. vai recorrer aos tribunais para impug-
Hoje “concretiza-se o dos trabalha- nar os despedimentos.
dores com mais de 10 anos de anti- No Sindicato Nacional do Pessoal
guidade”, tendo já sido despedidos de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), o
os restantes, com menos antiguida- presidente, Henrique Louro Mar-
de. No caso dos trabalhadores de tins, diz que o despedimento colec-
terra, há cerca de 35 trabalhadores tivo abrange 17 tripulantes de cabi-
abrangidos. Para José Sousa, este é na. “Foi interposta uma providência
um processo “lamentável”. cautelar para tentar travar este des-
“Num momento em que a empresa pedimento”, mas foi indeferida.
precisa de recrutar, não faz qualquer Paulo Manso, presidente do Sindi-
sentido manter este processo apenas cato dos Técnicos de Manutenção
para cumprir as exigências de Bruxe- de Aeronaves (SITEMA), diz que há
las no cumprimento do plano de seis trabalhadores seus associados
reestruturação”, defende o dirigente envolvidos no processo de despedi-
mento colectivo. “Estão neste
Entre Março de momento no Tribunal do Trabalho
2020 e Junho de de Lisboa seis providências cautela-
2021 saíram da res que visam contestar esta decisão
TAP 2339
da TAP”, explica, defendendo que
trabalhadores,
25% do total a decisão da transportadora aérea
inicial viola o acordo de emergência (AE)
assinado com este sindicato.
AVISO
1. Nos termos e para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 47.º da Lei n.º
19/2012, de 8 de maio, torna-se público que a Autoridade da Concorrência
recebeu, a 11-10-2021, uma notificação de uma operação de concentração de
empresas apresentada ao abrigo do disposto no artigo 37.º do referido diploma.
2. A operação de concentração em causa consiste na aquisição pela Allianz
Strategic Investments S.à r.L. (“Allianz Strategic”) do controlo exclusivo sobre a
GT Motive, S.L. (“GT Motive”).
3. As atividades das empresas envolvidas são as seguintes:
• Allianz Strategic – integrada no Grupo Allianz, é uma empresa com
investimentos em empresas no setor digital que fazem parte dos ecossistemas
relacionados com o mercado dos seguros. O Grupo Allianz é um fornecedor
global de seguros, bem como de produtos e serviços de gestão de ativos a
clientes empresariais e privados.
• GT Motive – desenvolve soluções de software para processos de estimativa
e gestão de sinistros, manutenção e avarias mecânicas para a indústria
automóvel, fornecendo tecnologia e serviços aos operadores do setor
automóvel e de seguros para automatizar processos e fornecer reparações
seguras e adequadas aos condutores de automóveis. Em Portugal, a GT
Motive tem uma subsidiária, a GT Motive Einsa Unipessoal, Lda.
4. Quaisquer observações sobre a operação de concentração em causa devem
identificar o interessado e indicar o respetivo endereço postal, e-mail, n.º de
telefone e fax. Se aplicável, as observações devem ser acompanhadas de uma
versão não confidencial, bem como da respetiva fundamentação do seu caráter
confidencial, sob pena de serem tornadas públicas.
5. As observações devem ser remetidas à Autoridade da Concorrência, no
prazo de 10 dias úteis contados da publicação do presente Aviso, indicando
a referência Ccent. n.º 48/2021 – Allianz Strategic / GT Motive, para o
e-mail : adc@concorrencia.pt
26 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Economia
Governo diz que Portugal “pode aproveitar
pouco” das medidas de Bruxelas
Ana Brito
Bruxelas disse aos Estados
que podem ajudar os
cidadãos mais vulneráveis
a fazer face à subida da
factura energética
O conjunto de medidas que a Comis-
são Europeia fez na quarta-feira
como orientações para os Estados-
membros lidarem com os efeitos da
crise energética no dia-a-dia dos seus
cidadãos e empresas terá pouco efei-
to em Portugal.
Quem o reconhece é o Ministério
do Ambiente e da Acção Climática
(MAAC), que considera que o país já
leva avanço em muitas das áreas
sinalizadas pelos serviços da comis-
sária Kadri Simson.
“É um pacote de medidas que vai
no bom sentido, mas que Portugal
poderá aproveitar pouco, uma vez
que nos antecipámos à maioria das
medidas propostas pela Comissão”,
disse ao PÚBLICO fonte do ministé-
rio de João Pedro Matos Fernandes.
Na comunicação sobre os preços
da energia, a comissária estónia su-
blinhou que Bruxelas apoia a 100%
as medidas que os Estados-membros
possam usar para proteger os mais
vulneráveis, numa altura em que
“muitas famílias se perguntam se
conseguirão pagar a próxima conta
da energia”, e deu como exemplo a
entrega de vouchers às famílias mais
carenciadas, como já aconteceu em
França.
Uma hipótese que não está nos
planos do Governo, esclareceu o
MAAC: “Sobre o apoio aos mais frá-
geis, Portugal dispõe daquela que é,
muito provavelmente, a mais robus-
ta tarifa social de energia na Europa,
que beneÆcia 800 mil famílias.”
Simson aÆrmou ainda que os Esta-
dos-membros são livres de mexer
nos impostos e taxas das facturas
energéticas, desde que respeitando
os limites mínimos impostos pelas
normas europeias. Mas essa também
não é uma hipótese imediata a con-
siderar em Portugal: “Sobre a redu-
ção dos impostos directos no paga-
mento da electricidade, Portugal já
o fez no ano passado para o IVA de
85% dos consumidores”, adiantou o
Ministério do Ambiente.
Em Outubro de 2011, a taxa de IVA
aplicável ao fornecimento de electri-
cidade e gás natural foi alterada de
6% para 23%, mas, no Orçamento do
Estado para 2021, o Governo intro-
duziu uma alteração que permitiu
que, aos clientes domésticos com
contratos de baixa tensão e potência
até 6,9 kVA, pudesse aplicar-se a taxa
intermédia do IVA, de 13%, aos pri-
meiros 100 kilowatts hora (kWh) de
consumo mensal.
Quanto ao que poderá passar-se
em 2022, “aguarda-se o que dirá a
ERSE [Entidade Reguladora dos Ser-
viços Energéticos] no dia 15 [hoje]
sobre as medidas em cima da mesa”,
ou seja, as medidas que o ministro
Matos Fernandes apresentou no dia
21 de Setembro para mitigar os efei-
tos da subida dos preços grossistas
da electricidade.
O governante garantiu que não
haverá aumentos no mercado regu-
lado graças a uma descida das tarifas
de acesso à rede (que também têm
impacto nos clientes do mercado
liberalizado) com recurso a iniciati-
vas para reduzir os custos gerais do
sistema eléctrico. “Esses custos são
classiÆcados pelo Eurostat como car-
ga Æscal, existindo uma grande redu-
ção objectiva, por esta via, nos
impostos sobre a electricidade no
próximo ano”, justiÆcou o MAAC.
Quanto ao modelo português da
tarifa social, que é calculada com um
desconto de 33,8% sobre as tarifas
transitórias de venda a clientes Ænais
de electricidade (transmitido através
da tarifa de acesso às redes de modo
a que seja aplicado a todos os clien-
tes, independentemente de quem é
o seu comercializador), há uma
nuance face àquilo que é defendido
pela Comissão nas medidas de alívio
imediato elencadas esta semana.
Bruxelas admite que a atribuição
OLIVIER HOSLET/EPA
NUNO FERREIRA SANTOS
de vouchers ou outro tipo de ajudas
ao pagamento das facturas energéti-
cas das famílias seja suportada pelas
receitas obtidas pelos Estados-mem-
bros com os leilões de licenças de
emissões, mas os descontos na fac-
tura da electricidade têm sido desde
sempre suportados pelos produtores
de electricidade, pelo que a EDP até
pediu aos serviços da Comissão que
analisem o modelo de Ænanciamen-
to da medida. Segundo informação
recolhida pelo PÚBLICO, a exposição
apresentada há cerca de um ano ain-
da não teve resposta.
Compra centralizada de gás
Do roteiro de medidas de Bruxelas,
há um tema em que se reconhece
utilidade e “que vai além do que Por-
tugal já fez”, salientou o Ministério
do Ambiente. Trata-se da proposta
sobre uma central de compras de gás
natural para a Europa.
Kadri Simson admitiu que a
Comissão “irá explorar os potenciais
benefícios” de compras conjuntas
de gás natural para reforçar a capa-
cidade negocial dos Estados e criar
Ministério liderado por Matos reservas estratégicas. A participação
Fernandes diz que já se dos Estados-membros neste tipo de
antecipou ao roteiro defendido mecanismo terá de ser voluntária e
por Kadri Simson (em baixo) estruturada de forma a não interferir
com o funcionamento do mercado
interno da energia e as regras da
concorrência.
Esta solução de compras conjun-
tas, defendida pelo Governo espa-
nhol numa carta enviada à Comissão
Europeia ainda no Verão, como for-
ma de contrariar a subida dos preços
do gás natural e o seu contágio aos
preços da electricidade, foi secun-
dada depois por outras capitais
Portugal é, europeias, como Paris. E é bem rece-
bida por Lisboa: “Portugal é, no
no contexto contexto europeu, um pequeno
europeu, um comprador de gás, mas ainda assim
sujeito aos efeitos negativos do seu
pequeno preço”, pelo que “apoiará esta medi-
comprador de da”, refere o MAAC.
Contudo, é certo que “os países
gás, mas ainda com maior dimensão têm também
assim sujeito aos de a apoiar” para que possa concre-
tizar-se, acrescenta.
efeitos negativos A ideia já não é nova e chegou a ser
do seu preço [pelo discutida pelos líderes europeus em
2015, perante as polémicas na rela-
que] apoiará esta ção com a russa Gazprom. Agora, a
medida [de uma ideia volta a estar na agenda — ainda
que a Comissão Europeia garanta
central de que a empresa estatal russa está a
compras de gás cumprir os contractos de abasteci-
mento. Só não está é a disponibilizar
natural para a quaisquer quantidades adicionais
Europa] que permitam reduzir a pressão no
mercado europeu, explicou a comis-
Ministério do Ambiente sária europeia Kadri Simson, esta
e da Acção Climática quarta-feira.

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H
CENTRO DISTRITAL DE SETÚBAL
AVISO
Encerramento do estabelecimento de apoio social (ERPI), sem denominação, proprie-
dade de Abdul Nasser Gulamo Ussene Tarmahomed, sito na Rua Bento de Jesus Cara-
ça, lote E, nº19, 2870-134 Montijo, distrito de Setúbal
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo
Decreto-Lei nº 33/2014, de 4 de março, torna-se público que, por Deliberação do Conselho Diretivo do Instituto da Segurança
Social, I.P. de 06/09/2019, tomada ao abrigo do preceituado na alínea d) do nº 1 do artigo 39.º-H do citado Decreto-Lei e do
n.º 6 do artigo 21.º-A do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de
setembro, foi aplicada a sanção acessória de encerramento, pelo período de 2 anos, do estabelecimento de apoio social não
licenciado com fins lucrativos, que exerce atividade do âmbito da Segurança Social, através da resposta social de Estrutura
Residencial para Pessoas Idosas, sem denominação, propriedade de Abdul Nasser Gulamo Ussene Tarmahomed, sito
na Rua Bento de Jesus Caraça, lote E, nº19, 2870-134 Montijo, por se ter verificado que este estabelecimento se encontra
a funcionar em instalações inadequadas, destacando-se, igualmente, a insuficiência de recursos humanos, que promovam e
assegurem devidamente os direitos dos utentes, a qualidade do seu estilo de vida e respetivo bem-estar.
A aplicação da referida sanção acessória foi confirmada no âmbito da decisão judicial (Processo nº 699/20.1T8BRR, do
Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, Juízo Local Criminal do Montijo, Juiz 2), cujo trânsito em julgado ocorreu a 14/12/2020.
A reabertura do estabelecimento ou a prossecução da atividade de apoio social de forma ilegal, contrariando esta deliberação,
faz incorrer o proprietário em crime de desobediência, previsto e punido no artigo 348.° do Código Penal.
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo Decreto-Lei
nº 33/2014, de 4 de março, o presente aviso deve permanecer afixado pelo prazo de 30 dias, advertindo-se que quem,
deliberadamente, através da sua ação, impedir a afixação ou a permanência do presente aviso pelo período indicado, é
passível de incorrer em procedimento criminal, nos termos do disposto nos artigos 347.º e 357.º do Código Penal,
respetivamente.
Setúbal, 30 de setembro de 2021
A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Luísa Ferreira Malhó
Despacho n.º 2876/2021 de 8 de março, publicado no Diário da República n.º 53/2021, Série II de 2021-03-17
CENTRO DISTRITAL DE SETÚBAL
AVISO
Encerramento do estabelecimento de apoio social, não licenciado, denominado “Espa-
ço Sénior Mão Amiga” propriedade da Associação Centro Cristão Mão Amiga - CCMA,
sita na Rua Miguel Bombarda, nº 6/8, 2870-536 Sarilhos Grandes, distrito de Setúbal
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março,
republicado pelo Decreto-Lei nº 33/2014, de 4 de março, torna-se público que, por Deliberação do Conselho
Diretivo do Instituto da Segurança Social, I.P. de 2020/02/18, tomada ao abrigo do preceituado na alínea d) do
nº 1 do artigo 39.º-H do citado Decreto-Lei e dos artigos 21º, nº1, alínea f) e nº2 e n.º 6 do artigo 21.º-A do
Regime Geral das Contraordenações, foi aplicada a sanção acessória de encerramento do estabelecimento de
apoio social não licenciado, com fins lucrativos que exerce atividade do âmbito da Segurança Social, através da
resposta social de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, denominada “Espaço Sénior Mão Amiga”,
propriedade da Associação Centro Cristão Mão Amiga - CCMA, sita na Rua Miguel Bombarda, nº 6/8, 2870-
536 Sarilhos Grandes, distrito de Setúbal, por se ter verificado que este estabelecimento se encontra a funcionar
em instalações inadequadas, suscetíveis de condicionar o bem-estar dos residentes e respetiva privacidade/
individualidade, destacando-se, igualmente, a insuficiência de recursos humanos, que promovam devidamente os
direitos dos residentes, qualidade do seu estilo de vida e respetivo processo de envelhecimento.
A reabertura do estabelecimento ou a prossecução da atividade de apoio social de forma ilegal, contrariando
esta deliberação, faz incorrer o proprietário em crime de desobediência, previsto e punido no artigo 348. ° do
Código Penal.
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo
Decreto-Lei nº 33/2014, de 4 de março, o presente aviso deve permanecer afixado pelo prazo de 30 dias,
advertindo-se que quem, deliberadamente, através da sua ação, impedir a afixação ou a permanência do presente
aviso pelo período indicado, é passível de incorrer em procedimento criminal, nos termos do disposto nos artigos
347.º e 357.º do Código Penal, respetivamente.
Setúbal, 30 de setembro de 2021
A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Luísa Ferreira Malhó
Despacho n.º 2876/2021 de 8 de março, publicado no Diário da República n.º 53/2021, Série II de 2021-03-17
CENTRO DISTRITAL DE SETÚBAL
AVISO
Encerramento do estabelecimento de apoio social, sem denominação, propriedade de
Rosa Perpétua dos Santos Ferreira Miranda, sito na Rua da Escola dos Arraiados, CCI
2921, Valdera, 2955-301 Pinhal Novo, distrito de Setúbal
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo
Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março, torna-se público que, por Deliberação do Conselho Diretivo do Instituto da Segurança
Social, I.P. de 2020/06/07, tomada ao abrigo do preceituado na alínea d) do n.º 1 do artigo 39.º-H do citado Decreto-Lei e do
n.º 6 do artigo 21.º-A do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de
setembro, foi aplicada a sanção acessória de encerramento, pelo período de 2 anos, do estabelecimento de apoio social não
licenciado com fins lucrativos, que exerce atividade do âmbito da Segurança Social, através da resposta social de Estrutura
Residencial para Pessoas Idosas, sem denominação, propriedade de Rosa Perpétua dos Santos Ferreira Miranda,
sito na Rua da Escola dos Arraiados, CCI 2921, Valdera, 2955-301 Pinhal Novo, distrito de Setúbal, por se ter verificado
que este estabelecimento se encontra a funcionar em instalações inadequadas, destacando-se, igualmente, a insificiência
de recursos humanos, que promovam e assegurem devidamente os direitos dos utentes, a qualidade do seu estilo de vida
e respetivo bem-estar.
A aplicação da referida sanção acessória foi confirmada no âmbito da decisão judicial (Processo n.º 5870/20.3T8STB do
Tribunal Judicial da Comarca de Setúbal, Juízo do Trabalho de Setúbal, Juiz 2), cujo trânsito em julgado ocorreu a 10/02/2021.
A reabertura do estabelecimento ou a prossecução da atividade de apoio social de forma ilegal, contrariando esta deliberação,
faz incorrer o proprietário em crime de desobediência, previsto e punido no artigo 348.º do Código Penal.
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo Decreto-Lei
n.º 33/2014, de 4 de março, o presente aviso deve permanecer afixado pelo prazo de 30 dias, advertindo-se que quem,
deliberadamente, através da sua ação, impedir a afixação ou a permanência do presente aviso pelo período indicado, é
passível de incorrer em procedimento criminal, nos termos do disposto nos artigos 347.º e 357.º do Código Penal,
respetivamente.
Setúbal, 30 de setembro de 2021
A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Luísa Ferreira Malhó
Despacho n.º 2876/2021 de 8 de março, publicado no Diário da República n.º 53/2021, Série II de 2021-03-17
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CENTRO DISTRITAL DE SETÚBAL
AVISO
Encerramento do estabelecimento de apoio social, não licenciado (ERPI), denominado
“Casa de Acolhimento Shalom”, propriedade de Ednilson Rodrigues, sita na Rua Cesá-
rio Verde, nº 38, Vale de Milhaços, 2855-423 Corroios, distrito de Setúbal
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado
pelo Decreto-Lei nº 33/2014, de 4 de março, torna-se público que, por Deliberação do Conselho Diretivo do Instituto da
Segurança Social, I.P. de 2019/10/31, tomada ao abrigo do preceituado na alínea d) do nº 1 do artigo 39.º-H do citado
Decreto-Lei e do n.º 6 do artigo 21.º-A do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º
244/95, de 14 de setembro, foi aplicada a sanção acessória de encerramento, pelo período de 2 anos, do estabelecimento
de apoio social não licenciado com fins lucrativos, que exerce atividade do âmbito da Segurança Social, através da resposta
social de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, não licenciado denominado “Casa de Acolhimento Shalom”,
propriedade de Ednilson Rodrigues, sita na Rua Cesário Verde, nº 38, Vale de Milhaços, 2855-423 Corroios distrito
de Setúbal, por se ter verificado que este estabelecimento se encontra a funcionar em instalações inadequadas e com
insuficiência de pessoal, pondo em causa o bem-estar dos residentes, nomeadamente ao nível do seu equilibrado processo
de envelhecimento.
A aplicação da referida sanção acessória foi confirmada no âmbito da decisão judicial (Processo nº 1226/20.6T8BRR, do
Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, Juízo do Trabalho de Almada, Juiz 2), cujo trânsito em julgado ocorreu a 12/01/2021.
A reabertura do estabelecimento ou a prossecução da atividade de apoio social de forma ilegal, contrariando esta
deliberação, faz incorrer o proprietário em crime de desobediência, previsto e punido no artigo 348. ° do Código Penal.
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo Decreto-Lei
nº 33/2014, de 4 de março, o presente aviso deve permanecer afixado pelo prazo de 30 dias, advertindo-se que quem,
deliberadamente, através da sua ação, impedir a afixação ou a permanência do presente aviso pelo período indicado,
é passível de incorrer em procedimento criminal, nos termos do disposto nos artigos 347.º e 357.º do Código Penal,
respetivamente.
Setúbal, 30 de setembro de 2021
A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Luísa Ferreira Malhó
Despacho n.º 2876/2021 de 8 de março, publicado no Diário da República n.º 53/2021, Série II de 2021-03-17
CENTRO DISTRITAL DE SETÚBAL
AVISO
Encerramento do estabelecimento de apoio social, não licenciado, denominado “Avós
do Século XXI”, propriedade de “Avós do Século XXI”, sito na Travessa Arco-Iris, n.º 1,
Casal do Sapo, 2975-077 Quinta do Conde, distrito de Setúbal
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo
Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março, torna-se público que, por Deliberação do Conselho Diretivo do Instituto da Segurança
Social, I.P. de 2020/07/27, tomada ao abrigo do preceituado na alínea d) do n.º 1 do artigo 39.º-H do citado Decreto-Lei e do
n.º 6 do artigo 21.º-A do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de
setembro, foi aplicada a sanção acessória de encerramento, pelo período de 2 anos, do estabelecimento de apoio social não
licenciado com fins lucrativos, que exerce atividade do âmbito da Segurança Social, através da resposta social de Estrutura
Residencial para Pessoas Idosas, não licenciada, denominada “Avós do Século XXI”, propriedade de Avós do Século
XXI, Lda., sito na Travessa Arco-Iris, n.º 1, Casal do Sapo, 2975-077 Quinta do Conde, distrito de Setúbal, por se ter
verificado que este estabelecimento se encontra a funcionar em instalações inadequadas, com insificiência do número de
unidades de pessoal necessário, o que é suscetível de pôr em causa o harmonioso e investido acompanhamento/apoio
dos residentes, que necessitam de cuidados específicos e diferenciados, bem como a estimulação e manutenção das suas
capacidades físicas e psíquicas.
A aplicação da referida sanção acessória foi confirmada no âmbito da decisão judicial (Processo n.º 4204/20.1T8STB do
Tribunal Judicial da Comarca de Setúbal, Juízo do Trabalho de Setúbal, Juiz 2), cujo trânsito em julgado ocorreu a 25/11/2020.
A reabertura do estabelecimento ou a prossecução da atividade de apoio social de forma ilegal, contrariando esta deliberação,
faz incorrer o proprietário em crime de desobediência, previsto e punido no artigo 348.º do Código Penal.
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo Decreto-Lei
n.º 33/2014, de 4 de março, o presente aviso deve permanecer afixado pelo prazo de 30 dias, advertindo-se que quem,
deliberadamente, através da sua ação, impedir a afixação ou a permanência do presente aviso pelo período indicado, é passível
de incorrer em procedimento criminal, nos termos do disposto nos artigos 347.º e 357.º do Código Penal, respetivamente.
Setúbal, 30 de setembro de 2021
A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Luísa Ferreira Malhó
Despacho n.º 2876/2021 de 8 de março, publicado no Diário da República n.º 53/2021, Série II de 2021-03-17
ANÚNCIO M/F
Universidade do Minho
Unidade de Serviços de Recursos Humanos
Torna-se público que se encontra aberto processo de recrutamento para a
contratação de um Técnico Superior, na modalidade de Contrato de Trabalho por
Tempo Indeterminado, ao abrigo do Código do Trabalho, na Universidade do Minho,
sob Ref.ª CIT- 30/21-USFP(1).
REQUISITOS DE ADMISSÃO:
Possuir grau Licenciatura em Economia, Gestão ou áreas afins;
O prazo para a apresentação das candidaturas decorre no período de 18/10/2021
a 22/10/2021.
O texto integral do processo de recrutamento e seleção encontra-se disponível em
https://intranet.uminho.pt/Pages/Documents.aspx?Area=Procedimentos%20Concursais
A Diretora de Serviços, Sara Patrícia Costa Rodrigues
✝
D. Maria Eugénia Teixeira dos Prazeres Garcia
8/10/1933 l 12/10/2021
FALECEU
Seus filhos, noras, netos, irmãos, sobrinhos e demais família participam o seu falecimen-
to e que serão rezadas missas em sua memória na igreja de São Sebastião da Pedreira,
sexta-feira 15 de Outubro às 13h30 e segunda-feira 18 de Outubro às 20h, agradecendo
desde já a todos os que os acompanharam nestes dolorosos momentos.
A família manifesta o seu profundo reconhecimento às Senhoras D. Maria Manuela da
Silva Moreno, Maria de Lurdes Antunes Fernandes, Maria Paula Cardoso Dias, Fernanda
de Oliveira Morais Soares e Maria de Lurdes Gonçalves Henriques pela forma como dela
cuidaram durante a doença.
Com gratidão, legista também a dedicação sempre manifestada pelos Prof. Doutor
João Forjaz de Lacerda, Dr. António Corrêa Nunes, Dr. Nuno Duarte Silva, Prof. Doutor
Edward Limbert, Dr. Minnie Freudenthal e Dr. António Fernandes Francisco.
Funarroios@gmail.com
Linha Azul: 808 101 134
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 27
CLASSIFICADOS
CENTRO DISTRITAL DE SETÚBAL
AVISO
Encerramento do estabelecimento de apoio social, não licenciado, sem denominação,
propriedade de Filomena Maria Loures Bandeira e Silva, sito na Rua Fernando Pessoa,
n.º 38, Quinta das Laranjeiras, 2865-080 Fernão Ferro, distrito de Setúbal
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado
pelo Decreto-Lei nº 33/2014, de 4 de março, torna-se público que, por Deliberação do Conselho Diretivo do Instituto da
Segurança Social, I.P. de 22/10/2019, tomada ao abrigo do preceituado na alínea d) do nº 1 do artigo 39.º-H do citado
Decreto-Lei e do n.º 6 do artigo 21.º-A do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º
244/95, de 14 de setembro, foi aplicada a sanção acessória de encerramento, pelo período de 2 anos, do estabelecimento
de apoio social não licenciado com fins lucrativos, que exerce atividade do âmbito da Segurança Social, através da resposta
social de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, sem denominação, propriedade de propriedade de Filomena
Maria Loures Bandeira e Silva, sito na Rua Fernando Pessoa, nº 38, Quinta das Laranjeiras, 2865-080 Fernão Ferro,
concelho e distrito de Setúbal, por se ter verificado que este estabelecimento se encontra a funcionar em instalações
inadequadas, destacando-se, igualmente, a insuficiência de recursos humanos, que promovam e assegurem devidamente
os direitos dos utentes, a qualidade do seu estilo de vida e respetivo bem-estar.
A aplicação da referida sanção acessória foi confirmada no âmbito da decisão judicial (Processo nº 655/20.0T8BRR, do
Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, Juízo do Trabalho de Almada, Juiz 2), cujo trânsito em julgado ocorreu a 11/02/2021.
A reabertura do estabelecimento ou a prossecução da atividade de apoio social de forma ilegal, contrariando esta
deliberação, faz incorrer o proprietário em crime de desobediência, previsto e punido no artigo 348° do Código Penal.
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo Decreto-Lei
nº 33/2014, de 4 de março, o presente aviso deve permanecer afixado pelo prazo de 30 dias, advertindo-se que quem,
deliberadamente, através da sua ação, impedir a afixação ou a permanência do presente aviso pelo período indicado,
é passível de incorrer em procedimento criminal, nos termos do disposto nos artigos 347.º e 357.º do Código Penal,
respetivamente.
Setúbal, 30 de setembro de 2021
A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Luísa Ferreira Malhó
Despacho n.º 2876/2021 de 8 de março, publicado no Diário da República n.º 53/2021, Série II de 2021-03-17
CENTRO DISTRITAL DE SETÚBAL
AVISO
Encerramento do estabelecimento de apoio social, sem denominação, propriedade de
Ana Maria da Silva, sito na Rua Tristão da Cunha, lote 2915, Quinta do Conde 3, 2975-
400 Quinta do Conde, distrito de Setúbal
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março,
republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março, torna-se público que, por Deliberação do Conselho Diretivo
do Instituto da Segurança Social, I.P. de 2020/07/06, tomada ao abrigo do preceituado na alínea d) do n.º 1 do artigo
39.º-H do citado Decreto-Lei e do n.º 6 do artigo 21.º-A do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, na redação dada
pelo Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de setembro, foi aplicada a sanção acessória de encerramento, pelo período de
2 anos, do estabelecimento de apoio social não licenciado com fins lucrativos, que exerce atividade do âmbito da
Segurança Social, através da resposta social de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, sem denominação,
propriedade de Ana Maria da Silva, sito na Rua Rua Tristão da Cunha, lote 2915, Quinta do Conde 3, 2975-400
Quinta do Conde, distrito de Setúbal, por se ter verificado que este estabelecimento se encontra a funcionar em
instalações inadequadas, pondo em causa o bem-estar dos residentes, destacando-se, igualmente, a insuficiência de
recursos humanos, o que compromete a racional distribuição de tarefas, os cuidados de saúde dos residentes, bem
como o desenvolvimento de ações tendentes à promoção de equilibrado processo de envelhecimento e um investido
e atento acompanhamento dos mesmos.
A reabertura do estabelecimento ou a prossecução da atividade de apoio social de forma ilegal, contrariando esta
deliberação, faz incorrer o proprietário em crime de desobediência, previsto e punido no artigo 348.º do Código Penal.
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, republicado pelo Decreto-
Lei n.º 33/2014, de 4 de março, o presente aviso deve permanecer afixado pelo prazo de 30 dias, advertindo-se que
quem, deliberadamente, através da sua ação, impedir a afixação ou a permanência do presente aviso pelo período
indicado, é passível de incorrer em procedimento criminal, nos termos do disposto nos artigos 347.º e 357.º do Código
Penal, respetivamente.
Setúbal, 30 de setembro de 2021
A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Luísa Ferreira Malhó
Despacho n.º 2876/2021 de 8 de março, publicado no Diário da República n.º 53/2021, Série II de 2021-03-17
MUNICÍPIO DE GRÂNDOLA
CÂMARA MUNICIPAL
AVISO N.º 154
António de Jesus Figueira Mendes, Presidente da Câmara Municipal de
Grândola, Faz Saber:
Em cumprimento do disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 78.º do D.L. n.º
555/99, de 16 de dezembro, na sua atual redação, foi emitido o Aditamento n.º
7 ao Alvará de Loteamento n.º 8/85 em nome de Possidónio Nunes, com o
contribuinte n.º 151455350, através do qual foi licenciado o loteamento que incidiu
sobre o prédio sito no loteamento Cerrado das Murteiras, Bairro de São João,
descrito na Conservatória do Registo Predial de Grândola sob o n.º 300/311285
da união das freguesias de Grândola e Santa Margarida da Serra.
A alteração ao loteamento, foi requerida pela Sr.ª Lucília Maria Matias, e aprovada
por meu despacho de 2021/08/03, proferido no uso da competência delegada
em Reunião de Câmara de 20/10/2017 e na Reunião de Câmara de 26/10/2017
e incide sobre o lote n.º 69, descritos na Conservatória do Registo Predial de
Grândola sob o n.º 369/19851231, e inscrito na matriz sob o artigo 7800, e consta
do seguinte, conforme memória descritiva, enquadramento e planta síntese que
constituem o Anexo l, os quais fazem parte integrante do presente aditamento:
A Alteração consiste:
No aumento da área de implantação do lote de 138,05m2 para 161,83m2 (incluindo
a área de uma construção anexa existente);
No aumento da área de construção do lote de 161,74m2 para 161,83m2.
O lote n.º 69 passam a ter a seguinte descrição:
Lote número 69 com a área de 362,05m2 (trezentos e sessenta e dois vírgula
zero cinco metros quadrados), com a área máxima de implantação de 161,83m2
(cento e sessenta uma vírgula oitenta e três metros quadrados), e área máxima
de construção de 161,83m2(cento e sessenta uma vírgula oitenta e três metros
quadrados), e 1 piso acima da cota de soleira, um fogo, destinado a habitação.
Mantendo-se todo o resto.
Grândola, Paços do Concelho aos 17 dias do mês de setembro do ano de dois
mil e vinte um
O Presidente da Câmara Municipal
António de Jesus Figueira Mendes
28 • Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Contratação de Pessoal Docente
(M/F)
1 - Por despacho de 08 de julho de 2021 do Reitor da Universidade de Aveiro, Professor
Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira, foi publicado no Diário da República
nº 200, 2.ª Série, 14 de outubro de 2021, o seguinte aviso (extrato) n.º 19405/2021.
Torna-se público que se encontra aberto o seguinte procedimento concursal com
financiamento assegurado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, ao abrigo do
Concurso de Estímulo ao Emprego Científico na Modalidade de Apoio Institucional 2018:
Nos termos do Regulamento sobre Regime das carreiras próprias do pessoal docente
em regime de direito privado da Universidade de Aveiro e respetiva contratação
(Regulamento n.º 384/2014, de 26 de agosto), e da demais legislação e normas
regulamentares aplicáveis, concurso de âmbito internacional, para o recrutamento
de 1 (um) posto de trabalho de Professor Auxiliar (3201,39 €), na área disciplinar
Geociências, na subárea de Geologia Marinha.
2 – O texto integral do Edital deste procedimento encontra-se disponível na Bolsa de
Emprego Público (BEP), no portal Euraxess, no sítio da internet da Universidade de
Aveiro (https://www.ua.pt/pt/sgrh/pessoal-docente-novos-concursos-e-ofertas).
3 - O requerimento de candidatura deverá ser elaborado nos termos do edital antes
referido, publicitado no seguinte endereço eletrónico: https://www.ua.pt/pt/sgrh/
pessoal-docente-novos-concursos-e-ofertas.
4 - O prazo de candidaturas é de 30 dias úteis, contados a partir da data da publicação
do presente anúncio.
Aveiro, em 08 de julho de 2021
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira
A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, tendo
em vista o reforço do seu mapa de pessoal, face às necessidades
decorrentes do cumprimento da sua missão, pretende recrutar em
regime de contrato individual de trabalho, por tempo indeterminado:
Engenheiro(a)
Analista Financeiro(a)
Os respetivos anúncios, requisitos, perfis e critérios objetivos e
específicos de avaliação e seleção dos(as) candidatos(as) foram
publicados em www.ersar.pt.
Só serão admitidos a concurso os(as) candidatos(as) que cumpram
os respetivos requisitos obrigatórios.
O prazo para a apresentação das candidaturas é até às 23h59m do
dia 2 de novembro de 2021.
A Presidente do Conselho de Administração
Vera Eiró
Dá-se conhecimento público de que se encontra aberto
o processo de recrutamento de pessoal em regime de
contrato de trabalho por tempo indeterminado na NOVA
IMPACT dos Centros de Competências, Programas
Transversais e Plataformas Interdisciplinares na Reitoria
da Universidade NOVA de Lisboa:
• 1 vaga de técnico superior (m/f), referência CT-23/2021-
NOVA IMPACT, ao qual podem candidatar-se os
indivíduos que reúnam as condições fixadas no aviso
disponível no endereço:
http://www.unl.pt/nova/nao-docentes
O prazo para submissão das candidaturas é de 6 dias
úteis a contar da data da publicação do presente anúncio.
UNIVERSIDADE DO PORTO
Dá-se conhecimento público de que se encontram abertos
dois processos de recrutamento e seleção para Técnico
Superior, com contrato de trabalho por tempo indeterminado,
para exercício de funções na Unidade de Segurança de
Informação do Centro Funcional da UPDigital da Reitoria
da Universidade do Porto, aos quais podem candidatar-se
os indivíduos que reúnam as condições fixadas no aviso
disponível no site www.up.pt, no seguinte endereço:
www.up.pt/recrutamentos
Universidade do Porto
CENTRO DE RECURSOS E SERVIÇOS COMUNS DA U. PORTO
Universidade de Aveiro
Processo de Seleção e Recrutamento (M/F)
Publicita-se a abertura do seguinte processo de seleção e recrutamento no sítio da Área de Recursos
Humanos da Universidade de Aveiro (https://www.ua.pt/pt/sgrh/pessoal-tag-novos-concursos-e-ofertas):
Nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 23.º dos Estatutos da Universidade de Aveiro, na versão
homologada pelo Despacho Normativo n.º 1-C/2017, publicados na 2ª Série do Diário da República,
de 24 de abril de 2017, e do Regulamento de Carreiras, Retribuições e Contratação do Pessoal Técnico,
Administrativo e de Gestão em regime de contrato de trabalho da Universidade de Aveiro, publicado na
2ª Série do Diário da República n.º 173, de 4 de setembro de 2020, pretende-se contratar em regime de
contrato de trabalho de termo resolutivo incerto, com fundamento no disposto da alínea h) do n.º 2 do artigo
140.º do Código do Trabalho, aprovado e publicado em anexo, pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro:
Ref.ª CND-CTTRI-160-SGRH/2021 – um (1) Técnico Superior, na 1.ª posição remuneratória, nível 11
CONHEÇA
(€998,51), acrescido do direito a subsídios de refeição, de férias e de Natal, para ocupar o posto de trabalho
de Técnico de Laboratório, no âmbito da Unidade de Investigação de I&D Centro de Tecnologia Mecânica e
Automação (TEMA), em decorrência da necessidade de execução do projeto UIDB/00481/2020, financiado
A NOSSA
através de fundos nacionais inscritos no orçamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia I.P./MCTES
e, quando elegível, cofinanciado por fundos comunitários, com as seguintes atribuições:
• Apoio técnico a equipamento laboratorial;
SELECÇÃO
• Gestão de stocks;
• Gestão de resíduos;
• Apoio à gestão/execução de trabalhos laboratoriais;
DE MODA
e neste caso específico, as seguintes funções:
• Desenvolvimento e manutenção de um sistema de gestão da qualidade ISO 9001;
• Desenvolvimento técnico e laboratorial das atividades de caracterização de materiais.
NA LOJA
– REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE:
HABILITAÇÕES:
- Licenciatura em Engenharia Mecânica, Engenharia Civil, Engenharia de Materiais, Engenharia Física, ou
áreas afins.
– OUTROS REQUISITOS:
- São condições preferenciais a valorizar possuir comprovadamente conhecimentos e experiência em:
- Atividades de implementação e manutenção de sistema de gestão da qualidade ISO 9001;
PÚBLICO
- Atividades de caracterização de materiais por raios X e microscopia;
- Possuir conhecimentos sólidos de Português e Inglês.
O prazo de candidatura é de 10 dias úteis, contados a partir da data da publicitação do anúncio no jornal.
Universidade de Aveiro, em 8 de outubro de 2021
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira
INFO: loja.publico.pt | 210 111 010
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer
- Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional,
especificamente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca
de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e
Consultas Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências,
procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das
suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário “Casa do Alecrim”: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
COLECÇÃO
UTOPIA & CONHECIMENTO
Entender o passado
para imaginar o futuro.
Seis obras fundamentais do pensamento europeu.
Utopia, de Thomas More, publicada em 1516, é uma obra funda-
cional que ajuda a compreender melhor outras obras
publicadas na esteira da literatura utópica que, nos últimos
séculos, se declinou em subgéneros (utopia satírica, distopia
e base da ficção científica). O Livro I de Utopia relata o encon-
tro entre Thomas More, então sub-xerife de Londres, Peter
Giles, editor e magistrado de Antuérpia, e Rafael Hitlodeu,
marinheiro português e personagem de ficção, que contará,
no Livro II, a espantosa história da ilha da Utopia, onde não
“Os erros deixam de
ser perigosos quando é
permitido contradizê-los
livremente.”
Thomas More
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21 OUT ÀS QUINTAS
Vol. 1
existe nem propriedade privada nem dinheiro, e onde a
organização da sociedade se alicerça no princípio da
equidade e do bem comum. Inova também, quando abando-
na o plano da especulação teórica e nos mostra a sociedade
em funcionamento, expondo a diferença entre exemplo e
modelo. Os paradoxos que encerram os neologismos criados
por More (“utopia”, que significa “não-lugar”, ou o nome da
capital da ilha da Utopia, Amaurota, que significa “cidade
sem habitantes”) são essenciais para percebermos a obra.
30 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Ciência Investigação liderada por cientistas em Portugal
Desvendada
nova forma de
regeneração
muscular após
pequenas lesões
Mecanismo agora descrito serve
para a reparação muscular após
pequenas lesões e envolve o movimento
dos núcleos de células dos músculos
Teresa Sofia Serafim
Suponhamos que está a fazer exer-
cício e tem uma pequena lesão mus-
cular. Como é que ela se poderá
regenerar? Uma equipa liderada por
investigadores do Instituto de Medi-
cina Molecular (IMM, em Lisboa) e
da Universidade de Pompeu Fabra
(em Espanha) acaba de desvendar
um mecanismo de regeneração
muscular após essas pequenas
lesões e que envolve o movimento
dos núcleos de células dos múscu-
los. No fundo, o mecanismo descri-
to hoje na revista Science funciona
assim: os núcleos celulares vão para
os locais da lesão, o que resulta na
entrega de moléculas de ARN-men-
sageiro. Essas moléculas são depois
traduzidas em proteínas no local e
funcionam como blocos de constru-
ção para regenerar o músculo.
Entender os mecanismos de rege-
neração muscular e as células envol-
vidas é crucial, tal como assinala
William Roman: “O músculo-esque-
lético [o tecido muscular unido aos
ossos] tem a capacidade de se con-
trair, uma vez que é responsável pelo
nosso movimento físico”, refere ao
PÚBLICO o investigador do IMM e
autor principal do estudo. “Portanto,
as células musculares são mecânicas
e a sua contracção torna-as propícias
a danos celulares.”
A regeneração muscular tem vindo
a ser muito investigada. Grande par-
te da investigação focou-se nos meca-
nismos que envolvem células estami-
nais musculares, que são as precur-
soras que dão origem a mioÆbrilhas
(células musculares completamente
diferenciadas). As células estaminais
musculares estão envolvidas no
crescimento muscular normal e con-
tinuam nos músculos ao longo da
vida, sendo cruciais para reparar
grandes lesões musculares.
FOTOS: WILLIAM ROMAN/IMM
O IMM tem sido um dos locais
onde se tem explorado a complexa
reparação dos músculos e traz agora
novidades relativamente a um meca-
nismo de regeneração muscular
independente das células estami-
nais. Num comunicado da instituição
sobre esse último trabalho, abre-se
o apetite para os resultados do novo
estudo com a seguinte informação:
o tecido muscular esquelético — res-
ponsável pela locomoção — é forma-
do por células que têm mais do que
um núcleo.
William Roman realça que estas
células são “únicas e muito comple-
xas” comparadas com outros tipos
de células. “As células musculares
são as maiores células do corpo”,
assinala. “Elas conseguem manter
esse grande tamanho porque resul-
tam da fusão de muitas células indi-
viduais que se juntam e se alongam
num grande túbulo contráctil, resul-
tando numa mioÆbrilha.” Por isso,
os núcleos originários de cada célula
(neste caso, entre 150 e 200 células)
estão presentes numa nova “mega-
célula” recém-formada.
Ao longo do estudo, a equipa usou
diferentes modelos para caracterizar
e avaliar a importância da auto-rege-
neração das mioÆbrilhas, nomeada-
mente modelos in vitro com células
musculares de ratinhos, bem como
ratinhos e humanos a fazerem exer-
cício. Acabou por se observar que, Lesões musculares atraem os que o mecanismo molecular em “ancorados” na periferia de células
após uma lesão, os núcleos de célu- núcleos de células para reparar questão funciona assim: após uma musculares: “Após uma lesão, um
las musculares são atraídos para o danos. Nas imagens, redes de pequena lesão, os núcleos dessas sinal é enviado para atrair os núcleos
local lesionado, o que vai acelerar a microtúbulos reorganizam-se células movem-se para o local lesio- de células musculares para o local
sua reparação. na lesão muscular e atraem nado, o que leva à entrega local de lesionado e a maquinaria é posta em
Depois, como os sistemas in vitro os núcleos das células moléculas de ARN-mensageiro. Por prática para que esses núcleos pas-
são mais fáceis de observar ao Æm, essas moléculas são traduzidas sem dos seus locais de ancoragem
microscópio e maleáveis com ferra- em proteínas no sítio lesionado e vão para a lesão.”
mentas moleculares, usaram-se funcionar como “blocos de constru- Conseguiu-se assim descrever um
células musculares de ratinhos para ção para a reparação muscular”, novo mecanismo de regeneração
se identiÆcar o mecanismo molecu- esclarece William Roman. muscular. “Embora a visão clássica
lar por detrás da auto-regeneração O investigador complementa que, seja a de que adquirimos células esta-
das mioÆbrilhas. Concluiu-se então normalmente, os núcleos estão minais para reparar músculos depois

de uma lesão, descobrimos uma nova
forma em que o músculo-esquelético
consegue reparar pequenas lesões,
por exemplo, quando estamos a fazer
exercício”, nota William Roman. O
cientista salienta que, apesar de esta
ser a primeira descrição do mecanis-
mo, certos intervenientes molecula-
res responsáveis pela atracção e
movimento dos núcleos já tinham
sido descritos.
E que lesões podem ser exactamen-
te regeneradas através deste mecanis-
mo? O cientista indica que o seu
actual modelo de trabalho mostra
que as grandes lesões musculares
precisarão mesmo da intervenção de
células estaminais musculares. Essa
regeneração envolve a inÇamação,
citocinas, células imunitárias e as tais
células estaminais. O processo demo-
rará entre sete e dez dias.
Já o mecanismo agora desvendado
repara pequenas lesões e necessita
de 48 horas. “Este mecanismo de
auto-reparação das mioÆbrilhas está
na primeira linha contra os danos
musculares, mas pode provavelmen-
te só lidar com as pequenas lesões”,
nota William Roman. Portanto,
pequenas lesões podem ser repara-
das só com a auto-reparação das
mioÆbrilhas. “As células estaminais
deverão passar a actuar em lesões
que não consigam ser regeneradas
com o mecanismo de auto-regene-
ração das mioÆbrilhas.”
Quanto aos contributos do novo
trabalho, Pura Muñoz-Canóves, líder
do grupo na Universidade Pompeu
Fabra e co-coordenadora do estudo,
considera que a descoberta pode ser
um avanço importante na com-
preensão da biologia muscular e das
disfunções musculares. Além disso,
introduz conceitos mais gerais para
a biologia celular, nomeadamente o
movimento de núcleos para os locais
das lesões.
É isso que Edgar Gomes destaca:
“Uma das coisas mais fascinantes
nestas células é o movimento dos
núcleos, os maiores organelos dentro
da célula, durante o desenvolvimen-
to, mas os motivos pelos quais os
núcleos se movem são em grande
parte desconhecidos”, assinala no
comunicado o investigador do IMM e
co-coordenador do estudo, que inte-
gra um consórcio que em 2018
ganhou dez milhões de euros num
projecto Ænanciado pelo Conselho
Europeu de Investigação (ERC). “Ago-
ra, mostramos uma relevância fun-
cional para este fenómeno na idade
adulta durante a reparação e regene-
ração celular do músculo.”
Para William Roman, a auto-repa-
ração das mioÆbrilhas representa
uma nova perspectiva na regenera-
ção muscular sob condições Æsiológi-
cas. “Como mecanismo de primeira
linha contra as lesões musculares,
isto pode ser aproveitado para melho-
rar as disfunções musculares ou o
declínio natural dos músculos duran-
te o envelhecimento”, considera o
investigador português. “Os múscu-
los são dos primeiros órgãos a sofre-
rem o impacto do envelhecimento
Mecanismo agora
desvendado pode
ser aproveitado
para melhorar
as disfunções
musculares ou o
declínio natural
dos músculos no
envelhecimento
com o enfraquecimento da capacida-
de muscular, o que leva a uma redu-
ção da mobilidade e a outros proble-
mas de saúde relacionados, como os
cardiovasculares ou a perda óssea,
bem como a uma grande dependên-
cia da sociedade.”
Num comentário ao artigo cientíÆ#
co, também na revista Science, Eliza-
beth McNally e Alexis Demonbreun
(ambos da Escola de Medicina
Feinberg da Universidade do Noroes-
te, nos EUA, e que não Æzeram parte
do trabalho) destacam que a equipa
de William Roman “mostra a impor-
tância do movimento nuclear e da
translação local das proteínas para
reparação de mioÆbrilhas lesionadas
e desvendam componentes-chave
que regulam a regeneração do mús-
culo”. Um mundo novo se vislumbra
agora dentro dos músculos.
Três dias depois da entrega do OE,
ministério revela que FCT terá
621 milhões de euros em 2022
Andrea Cunha Freitas
Proposta do Governo
não especificava quanto
dinheiro estava destinado
para FCT no próximo ano.
Ministro revelou ontem
No documento da proposta de Orça-
mento do Estado (OE) para 2022
entregue na segunda-feira à noite
não era possível, desta vez, encon-
trar o total da verba que o Governo
pretende dar à Fundação para a
Ciência e Tecnologia (FCT) no próxi-
mo ano. Ontem, o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Ensino Supe-
rior (MCTES) esclareceu a dúvida
referindo que a proposta atinge um
total de 621 milhões. A verba “consa-
gra um aumento efectivo da execu-
ção anual da FCT em 10%, cerca de
56 milhões de euros”, argumentam
em resposta ao PÚBLICO. Porém,
comparando coisas iguais, também
é verdade que a proposta deste ano
é inferior à proposta feita para 2021.
São menos 41 milhões de euros.
Qual é o orçamento para a FCT
para 2022? A dúvida simples surgiu
porque, desta vez, a resposta não
estava no relatório da proposta do
OE do Governo como é habitual.
Questionado pelo PÚBLICO, o
MCTES começou por esclarecer que
no próximo ano a FCT teria “um
reforço do investimento público e
privado em I&D, consagrando um
aumento efectivo da execução anual
da FCT em 10%, cerca de 56 milhões
de euros”. Mas para fazer as contas
e somar os 56 milhões de euros fal-
tava saber qual era o valor da exe-
cução prevista do orçamento da
FCT em 2021, um número que tam-
bém não estava na proposta de OE
para 2022.
A resposta completa chegou
ontem. Assim, a previsão da execu-
ção do orçamento de 662 milhões de
euros que foi aprovado para 2021
para a FCT diz-nos que, na verdade,
poderão ser gastos apenas 564
milhões de euros este ano. Ou seja,
“sobraram” quase 100 milhões de
euros. Se compararmos coisas iguais
e olharmos apenas para a proposta
de orçamento da FCT em 2021 e a de
2022, as contas são fáceis de fazer.
Para 2021 anunciava-se um orçamen-
to de 662 milhões de euros e, agora,
para 2022 propõe-se 621 milhões, o
que dá menos 41 milhões de euros.
Preferindo comparar coisas dife-
rentes que são a previsão do execu-
tado com aquilo que é proposto para
2022, o MCTES não vê aqui nenhum
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 31
Ciência
recuo no investimento, antes pelo sugere uma estimativa de crescimen-
contrário. “O reforço de mais de 56 to de 6% em 2021 (para um valor
milhões de euros em 2022 está em estimado a 31 Dezembro de 2021 de
linha com o crescimento consagrado cerca de 564 milhões de euros), sen-
nos últimos anos”, refere o gabinete do de notar que a execução Ænancei-
do ministro considerando que este ra da FCT ao longo dos últimos anos
é “mais um passo claro para conti- tinha crescido para um novo máxi-
nuar o trajecto do aumento da des- mo anual executado de 533 milhões
pesa em I&D, alcançando um inves- de euros em 2020, crescendo 4%
timento global em I&D de 3% do PIB face a 2019 e 39% desde 2015 (quan-
até 2030, com uma parcela relativa do foi de 383 milhões de euros)”.
de 1/3 de despesa pública e 2/3 de De resto, sobre a evolução que se
despesa privada”. Por outro lado, pretende em 2022 nos diferentes
para que este aumento de 10% na programas principais geridos pela
verba disponível para a FCT seja uma FCT, o MCTES refere por exemplo
realidade é preciso que se execute que as bolsas directamente Ænancia-
no próximo ano todos os milhões da das pela FCT vão representar um
verba proposta agora, algo que, investimento de cerca de 134 milhões
como já vimos, não aconteceu no de euros, ou seja, 22% do investimen-
ano passado. to total da FCT. Sobre o emprego
O documento enviado refere que cientíÆco, o Ænanciamento de con-
“a análise da execução Ænanceira da tratos de investigadores doutorados
FCT ao longo dos últimos meses deverá representar em 2022 cerca de
130 milhões de euros, mais quatro
Manuel Heitor milhões de euros do que em 2021.
sublinha que há A proposta de OE de 2022 diz que
este ano “um o Governo prevê gastar mais de três
aumento efectivo mil milhões de euros com o ensino
da execução
superior e a ciência no próximo ano,
anual da FCT em
10%” mais 135 milhões do que o que se
propôs para 2021.
Circulação Condicionada | A16
Na A16, de 18 de outubro a 25 de novembro das 21 às 7h,
realizaremos uma beneficiação do pavimento, que implicará
alguns condicionamentos de tráfego, nomeadamente,
cortes de via nos dois sentidos, bem como, trabalhos de
beneficiação nos ramos dos seguintes Nós:
Datas: Nós afetados:
Nó de Sintra, Nó do Centro
Entre os dias 01 e 05 de novembro Comercial, Nó de Alcabideche e
Nó da A5
Entre os dias 08 e 12 de novembro Nó de Lourel
Entre os dias 08 e 22 de novembro Nó de Alcoitão e Nó de Ranholas
Nó do Telhal, Nó da Idanha e
Entre os dias 15 e 25 de novembro
Nó da CREL
Os condicionamentos e desvios estarão
devidamente sinalizados nos locais.
Para mais informações consulte regular-
mente o site Ascendi utilizando o código
QR ao lado ou aceda a www.ascendi.pt
ou ligue 229 767 767 (24H).
Ascendi Grande Lisboa, Auto-Estradas da Grande Lisboa, S.A.
32 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Cultura Concurso internacional para escolher novo director abrirá em breve
Rui Horta deixa
o Espaço do
Tempo, a casa
que o atou
ao Alentejo
Vinte anos depois, o coreógrafo
e programador procura sucessor. Fecha
um ciclo para abrir outro, para que ele
e a casa que criou recomecem
Lucinda Canelas Texto
Rui Gaudêncio Fotografia
Entra-se no pátio da antiga Garagem
Magina e apetece Æcar. Na cozinha,
Catarina Caixeiro prepara o almoço
que há-de cheirar a poejo e a hortelã
quando chegar ao prato. Lá dentro,
sobre a mesa, há frutas e legumes da
região a que se juntam, pouco depois,
os cogumelos de um produtor local
que faz entregas porta a porta. Aguar-
da-se a qualquer momento que Susa-
na Chiocca, artista habituada a traba-
lhar com a performance e a palavra,
toque à campainha e pouse as malas
num dos 20 quartos desta casa que
será também sua nos próximos dias.
Uma manhã como as outras no
Espaço do Tempo, o centro de criação
que Rui Horta fundou quando, há 20
anos, trocou Frankfurt por Monte-
mor-o-Novo. “Muita gente achou que
eu não ia aguentar esta calma depois
da vertigem de décadas de Estados
Unidos e de Alemanha, com muitas
digressões internacionais pelo meio,
mas aqui estou eu para provar que o
Alentejo é capaz de agarrar uma pes-
soa que até aí se sentia completamen-
te urbana”, diz o coreógrafo e progra-
mador ao PÚBLICO, a dois dias de
abrir, hoje, o segundo concurso de
bolsas destinadas a jovens criadores
que associa o Espaço do Tempo ao
BPI e à Fundação “la Caixa”.
Este programa, que vai conceder
cinco bolsas de 20 mil euros cada a
artistas com um percurso que já está,
de certa forma, consolidado, é uma
das heranças que Rui Horta deixará
ao próximo director do Espaço do
Tempo quando no Ænal do ano deixar
de ser o seu director.
A convite de Horta, um júri com-
posto por criadores, críticos e progra-
madores nacionais e internacionais
avaliou o percurso desta estrutura de
residências artísticas que é já uma
referência na Europa e, depois de
enumerar as suas fragilidades e qua-
lidades, determinou que o lançamen-
to de um concurso internacional seria
a melhor maneira de lhe encontrar
um novo director.
O concurso, que sairá em breve,
deverá decorrer em Novembro e
Dezembro, anunciando-se a selecção,
feita por um júri, em Janeiro.
“Já estou aqui há demasiado tem-
po. É preciso uma renovação geracio-
nal, uma maneira nova de ver as coi-
sas”, defende o programador.
Independentemente do seu currí-
culo, o/a novo/a director/a terá de
estar disposto/a a viver em Montemor
para que mais facilmente a comuni-
dade local possa sentir que o centro
faz parte dela, diz Rui Horta. “Sem- Rui Horta no Convento da gente muito boa. Descentralizar é ao pormenor para eu ver. Vou sentir
pre defendi que só há descentraliza- Saudação, precisamente no desenvolver o que é local.” falta de vir para o trabalho de bicicle-
ção se as pessoas Æzerem parte dos estúdio cujo tecto caiu em 2018, Mas desenvolver o que é local não ta”, reconhece Rui Horta. “Gosto
lugares. Nunca poderia ter feito o tra- à passagem do furacão Leslie signiÆca trabalhar para a microescala, desta vida simples.”
balho que Æz aqui se não vivesse na adverte o ainda director, lembrando Da sensação de estar actualizado
cidade, se os meus Ælhos não andas- que a periferia desta estrutura é ape- também vai ter saudades, mas nada
sem aqui na escola, se as pessoas não nas geográÆca, já que ela ocupa um que o faça abdicar daquela que é a sua
me conhecessem das reuniões de lugar central na rede europeia. terceira tentativa de deixar a direcção
pais, das festas de Natal em que che- Quem vier a ocupar o lugar de do Espaço do Tempo.
guei a fazer de Macaco do Rabo Cor- director terá de ter esta capacidade A primeira foi em 2011, o ano em
tado [história infantil].” de se ligar ao mundo, de continuar a que a troika cortou 40% do Ænancia-
A ligação do Espaço do Tempo à atrair artistas e programadores. mento do centro, e a segunda em
comunidade, sublinha, não é mais Nos últimos anos, o Espaço do 2018, pouco antes de um temporal
importante do que a que mantém à Tempo tem vindo a organizar a Plata- abrir um gigantesco buraco no tecto
arte e ao tecido artístico, mas é essen- forma Portuguesa de Artes Performa- de um dos estúdios principais do
cial para que as pessoas que vivem na tivas, convidando para esta montra Convento da Saudação, a casa-mãe
cidade não sintam que tudo o que ali do teatro e da dança representantes do Espaço do Tempo desde 2001.
é feito as deixa à porta. “No minimer- Sempre defendi de grandes salas e centros de criação “Ninguém deixa o barco em horas
cado Almodôvar eu sou só o Rui, pai
dos miúdos que andaram na escola
que só há internacionais, como o Théâtre de la
Ville, de Paris, ou o Matadero, de
destas, em que falta dinheiro para
quase tudo ou parece que a nossa
com os Ælhos da Manuela e da Helena descentralização Madrid. casa nos vai cair em cima”, diz, lem-
que trabalham lá. Quando vou ao bar
da [Sociedade Filarmónica] Carlista
se as pessoas Uma vida simples
brando em seguida que em 2019 se
instalou a pandemia e que, contra
beber uma cerveja, eles conhecem- Äzerem parte “Vou sentir falta desde contacto direc- todas as expectativas, 2021 teve um
me porque Æz com a banda deles As
Lágrimas de Saladino. A minha equi-
dos lugares to com os artistas, dos almoços com
quem acaba de bater à porta, do luxo
número recorde de residências (110,
quando a média anual é de 80).
pa, que é extraordinária, é pratica- Rui Horta de ter alguém que chegou à versão “Por isso tenho dito à equipa que
mente toda da terra porque há aqui Coreógrafo e programador Ænal de uma peça e prepara tudo até agora é que é. Só se vive uma vez e o

Espaço do Tempo tem tudo para
sobreviver sem o seu criador.”
Rui Horta deixa a direcção numa
altura em que o centro ocupa “uma
casa provisória, mas maravilhosa, na
cidade”, em que estendeu os seus
espaços de residência à Herdade do
Freixo do Meio, um dos seus parcei-
ros locais, e em que se prepara para
fazer obras num antigo armazém de
bebidas nos arredores de Montemor,
com um espaço de trabalho e de apre-
sentação com 400m2.
Lugares que salvam
O Convento da Saudação, de onde o
Espaço do Tempo saiu há três anos,
depois de o furacão Leslie ter tornado
evidente que o edifício não era segu-
ro, está já “preso ao chão” e prepara-
do para a requaliÆcação.
“Depois de quase 20 anos a tentar
mostrar às pessoas que o convento
ameaçava ruir, o tecto do estúdio caiu
e a ministra da Cultura percebeu que
já não podíamos esperar mais”, diz o
coreógrafo, passeando pelos claus-
tros do convento do século XVI, onde
RUI GAUDÊNCIO
antes era fácil encontrar bailarinos à
conversa e hoje há apenas pombos e
um pátio coberto de ervas. “Foi Gra-
ça Fonseca quem pôs isto a andar,
envolvendo o poder local, e agora que
se fez aqui uma obra de engenharia
bestial que estabilizou o edifício, já se
pode pegar no projecto de arquitec-
tura para que o convento possa voltar
a receber o Espaço do Tempo. Acre-
dito que o novo executivo da câmara
vai perceber que esta obra é muito
importante para o património e para
as artes, mas também para esta cida-
de e para o Alentejo.”
O coreógrafo e programador não
gosta de olhar para trás, mas sabe que
fechar um ciclo exige sempre um
balanço. Esse passeio pelo que acon-
teceu deixou-o com a certeza de que
também ele precisava do tempo lon-
go alentejano: “Hoje sei que vir para
aqui foi uma decisão emocionalmen-
te inteligente. Nunca me deslumbrei
com o percurso internacional, e com
isto não estou a menosprezá-lo, mas
este lugar salvou-me, deu-me muito
mais do que eu lhe dei.”
Johann Le Guillerm
e a política da “coisa pouca”
Daniel Dias
Conferência-performance
Le Pas Grand Chose é o
espectáculo de abertura do
32.ºFestival Internacional
de Marionetas do Porto
“Procuro o caminho que não vai dar
a Roma”, diz um engravatado
Johann Le Guillerm no início da con-
ferência-performance Le Pas Grand
Chose. Parece frase de quem está
perdido, mas o francês, Ælho do
novo circo que vem desenvolvendo
um trabalho pluridisciplinar desde
o início do século XXI, sabe muito
bem onde está e o que deseja fazer.
Quer, resumidamente, dedicar-se à
“observação da coisa pouca”. A
relação que umas formas geométri-
cas têm com outras, as diferenças
(e, sobretudo, as semelhanças) que
existem entre um tubinho recto e
um ondulado, aquilo que une alga-
rismos supostamente distintos: são
estas algumas das questões que pre-
tende estudar.
Coisas que não interessam a nin-
guém, diz ao auditório, com aquela
cara ligeiramente marota de quem
está a par de um segredo que as
outras pessoas ainda não ouviram.
Na realidade, Le Guillerm sabe que
estas questões pequenas e engano-
samente insigniÆcantes ultrapassam
os amplos limites da álgebra. E se
elas dissessem uma coisa ou duas
sobre política e a polarização da
sociedade dos nossos tempos?
Parece ridículo? Boa. O conferen-
cista aÆrma que as suas teorias per-
tencem à “ciência do idiota”. Mas
atenção: “Não se deve lidar com o
idiota como se fosse estúpido.” AÆ#
nal de contas, “o investigador é sem-
pre estúpido”: “Se soubesse [as
coisas], não as investigava.” Mais:
ao passo que o estúpido não tem
consciência da sua estupidez, o idio-
ta sabe totalmente da sua idiotice.
Não é um problema. É, aliás, bem
provável que a idiotice — entendida
aqui como a curiosidade, a ausência
de certezas absolutas e arrogantes
— permita a expansão do pensamen-
to, a sua “hibridização”.
Le Pas Grand Chose (hoje às 19h30
e amanhã às 17h, no Teatro Rivoli) é
o trabalho artístico que inaugurará
a 32.ª edição do Festival Internacio-
nal de Marionetas do Porto (FIMP),
que decorre até 24 de Outubro. Tra-
ta-se de uma criação “delirante” —
foi essa a palavra que Igor Gandra,
director artístico do FIMP, utilizou
na semana passada, enquanto apre-
sentava à imprensa a programação
do evento —, em que Le Guillerm
brinca com formas geométricas e
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 33
apresenta pequenas teorias cientí-
Æcas que, apesar de aparentemente
absurdas, são sempre comprovadas
pelo próprio em tempo real.
Por vezes, a performance chega a
parecer uma aula de lógica e mate-
mática para novatos, embora o
intérprete, que não deixa de fazer
desenhos com um pedaço de giz,
não esteja interessado em ser pro-
fessor — mais ou menos como o nor-
te-americano Robert M. Pirsig (1928-
2017), celebrado autor de Zen e a
Arte da Manutenção de Motocicletas
(1974) que aproveitou a primeira
página do livro para deixar claro
que aquilo que escrevera sobre
budismo e veículos motorizados
não primava pela factualidade, o
francês diz ao PÚBLICO que “isto
não é uma matemática lá muito
soÆsticada”. Aquilo que realmente
pretende fazer, poderá dizer-se, é
atacar a velha questão da perspec-
tiva. Eis uma das muitas questões
que lança durante os 80 minutos
Vivemos numa
sociedade em que
o indivíduo é
obrigado a
escolher um canto
e recusar
plenamente o
canto oposto
Johann Le Guillerm
Performer e conferencista
Le Pas Grand Chose, de Johann Le Guillerm
Cultura
que passa, sozinho, no palco: se o
Homem, que “usa não mais do que
5% do seu cérebro e ignora 75% da
matéria que compõe o Universo”
— “ou seja: o mais esperto de nós
não sabe grande coisa”, conclui —,
tem à sua disposição “mil maneiras
de ver as coisas”, haverá “mil manei-
ras de não as ver”?
“Primeiro, encontramos um con-
junto de pontos e temos a matemá-
tica. Depois, colocamos esses pon-
tos no espaço e passamos para o
campo da geometria. Quando os
vemos através de um determinado
ângulo, estamos na topograÆa [que
é, segundo o dicionário Priberam,
‘a arte de representar no papel a
conÆguração de um terreno com
todos os acidentes que tem à super-
fície’]. Quando partilho a visão que
tenho de um objecto com alguém
que está no lado oposto e essa pes-
soa faz a sua contraposição, entra-
mos na ÆlosoÆa”, explica Le Guil-
lerm ao PÚBLICO. “Podemos pensar
naquela questão da garrafa de
água”, refere enquanto mexe na
garrafa de plástico que tem nas
mãos. “Se eu olhar para a parte de
baixo, direi que é branca; se outra
pessoa olhar para a parte da rolha,
dirá que é azul. Não há uma pers-
pectiva errada e isso é o que tento
dizer com esta conferência: o ponto
de vista inverso daquele que defen-
do pode muito bem ter um valor
equivalente ao meu.”
Esta linha de pensamento torna-
se particularmente intrigante quan-
do o autor de Le Pas Grand Chose
começa a olhar para o extremado
clima político dos dias de hoje. Vive-
mos, diz, numa sociedade “em que
o indivíduo é obrigado a escolher
um canto e recusar plenamente o
canto oposto”. Esta performance
defende o contrário dessa ideia.
PHILIPPE CIBILLE
34 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Cultura
Nova temporada em São Roque,
a música de regresso às Noites de Queluz
Mário Lopes
Festival começa hoje no
Palácio de Queluz, no
mesmo dia em que arranca
a 33.ª temporada Música
em São Roque
Une-os o Outono em que se realizam,
une-os serem dois acontecimentos
bem conhecidos dos melómanos e
une-os, agora, o regresso a uma certa
normalidade, depois do período mais
agudo da pandemia. Falamos do ciclo
Noites de Queluz, que põe o Palácio
de Queluz em diálogo com a música
do tempo do seu primeiro esplendor,
setecentista, portanto, e da tempora-
da Música em São Roque, organizada
pela Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa e que levará o Coro Gul-
benkian ou o Grupo Vocal Olisipo a
dois espaços patrimoniais que a ins-
tituição detém na cidade, a Igreja de
São Roque e o Convento de São Pedro
de Alcântara.
As Noites de Queluz — Tempestades
e Galanterie, organizadas pela Par-
ques Sintra em colaboração com o
Divino Sospiro — Centro de Estudos
Musicais Setecentistas de Portugal,
sucedem na programação desta 7.ª
temporada aos Serões Musicais no
Palácio da Pena, que tiveram lugar
em Maio. Agora, entre hoje e 13 de
Novembro, a Sala de Música e a Sala
do Trono do Palácio Nacional de Que-
luz serão palco para concertos por
onde passará Bach e Vivaldi, mas tam-
bém a música sacra e uma viagem às
origens do Çamenco (bilhetes a 15€
por concerto). Amanhã, às 21h30
(horário de todos os concertos), opor-
tunidade ainda para ouvir, na sessão
A ‘amigável’ disputa, o histórico pia-
noforte Clementi, parte do acervo do
palácio, a dar vida, pelas mãos da
romena Aurelia Visovan, a obras do
construtor do instrumento, Muzio
Clementi, intercaladas com peças de
Mozart. Dá-se assim forma ao “com-
bate” musical que Mozart e Clementi
protagonizaram em Viena na véspera
de Natal de 1781.
Sob o signo do cravo
O programa, com o equilíbrio habi-
tual entre nomes nacionais de relevo
e reconhecidos artistas internacio-
nais, arranca hoje com o Ensemble
Gli Accenti, que nos levará à criação
italiana do Seicento, destacando duas
das suas compositoras, Barbara
Strozzi e Isabella Leonardo, que
fazem par com Monteverdi e Fresco-
baldi. Depois de o primeiro Æm-de-
semana das Noites de Queluz ser
encerrado com a supracitada “‘ami-
gável’ disputa”, o segundo leva-nos,
dia 22, à peculiaridade do barroco
bolonhês, através do Ensemble Alla
Bastarda, com direcção do violinista
César Nogueira. No dia seguinte, sere-
mos guiados pelo grupo vocal Cuper-
tinos pelo diálogo entre anseios tra-
dicionalistas e desejos de mudança
que a música sacra portuguesa viveu
no século XVIII.
Vivaldi chegará à programação dia
29, numa sessão dedicada às suas
cantatas para voz solista. Do progra-
ma constam duas transcrições dos
seus concertos elaboradas por Bach,
prova indirecta, lemos na sinopse da
sessão, “da admiração que Vivaldi
granjeava por toda a Europa do tem-
po”. Interpretam-nas Marie Lys
(soprano) e Andrea Buccarella (cra-
vo). Este Æm-de-semana das Noites de
Queluz será vivido, de resto, sob o
signo do cravo. Dia 30, o cravista e
maestro italiano Marco Mencoboni,
que dará também, no dia seguinte,
uma masterclass, guia-nos pela histó-
ria do instrumento numa Toccami
l’Anima iniciada com Rocco Rodio e
que desaguará em Bach.
As Noites de Queluz encerram com
dois concertos em dois Æns-de-sema-
na diferentes. Dia 5 de Novembro, a
cantaora Rocío Marquez junta-se à
Accademia Del Piacere para nos mos-
trar a intrincada rede de diálogos
culturais e musicais, cruzando fron-
teiras e oceanos, de que resultou o
Çamenco. Dia 13, o encerramento é
feito com a música que deu forma ao
barroco português, num concerto do
Divino Sospiro com a soprano Ana
Vieira Leite e direcção musical de
Massimo Mazeo, director artístico das
Noites de Queluz.
Depois do início do seu serviço
educativo no passado dia 4, também
hoje arranca a 33.ª temporada Música
em São Roque. Como habitualmente,
a programação destaca músicos e
ensembles portugueses e revela preo-
cupação na apresentação e preserva-
ção de repertório nacional. Caberá ao
Coro Gulbenkian as honras de aber-
tura, na Igreja de São Roque, às 21h,
com um programa que explora reper-
tório para voz feminina desde a Idade
Média até à actualidade (do quinhen-
tista Cristobal de Morales a Sarah
Quartel, compositora do século
XXI).
A polifonia vocal será o foco dos
dois concertos seguintes, primeiro
com o Grupo Vocal Olisipo a trans-
portar para o Convento de São Pedro
de Alcântara a música da Catedral de
DR
Évora, numa antologia de polifonia
vocal sacra saída daquele importante
centro musical português (dia 17,
16h30). A 22 de Outubro, na Igreja de
São Roque, às 21h, o Polyphonos
Ensemble fará do seu concerto um
encontro entre compositores de des-
taque na polifonia portuguesa qui-
nhentista, como António Carreira, o
Velho, ou Frei Manuel Cardoso.
A 24 de Outubro, às 16h30, o Con-
vento de São Pedro de Alcântara será
cenário para expor, através d’O Ban-
do de Surunyo, o fervor patriota, que
ganhava força e se interligava com o
fervor religioso, patente nos cânticos
criados durante a Guerra da Restau-
ração (1640-1668) que assegurou a
independência portuguesa perante
Espanha. Entre 29 e 31 de Outubro,
por sua vez, ouviremos o Concerto
Campestre abordar o vilancico barro-
co peninsular (Convento de São Pedro
de Alcântara, 21h), veremos o Ensem-
ble Bonne Corde mergulhar no mis-
tério que foi a publicação em Londres
Capella Duriensis vai estar na da música de António Pereira da Cos-
Igreja de São Roque. Em baixo, ta, mestre da capela da Sé do Funchal
Aurelia Visovan no Palácio de no século XVIII e de cujo percurso
Queluz pouco se conhece (Igreja de São
Roque, 21h), e acompanharemos Már-
cio da Rosa (tenor) e Isabel Calado
(fortepiano), num gesto de preserva-
ção de património musical, a inter-
pretarem obras portuguesas dos
Bem conhecidos séculos XVIII e XIX que, ausentes de
edição actuais, se mantêm pratica-
dos melómanos mente desconhecidas (Convento de
portugueses, os São Pedro de Alcântara, 16h30).
dois festivais Memórias da peste
regressam a uma Estreitando laços entre o passado e o
presente, o ensemble Capella Durien-
certa normalidade sis, dirigido pelo organista britânico
depois do período Jonathan Ayerst, recupera para os
nossos tempos pandémicos as memó-
mais agudo da rias da peste em Lisboa, no Ænal do
pandemia século XVI, intercalando a Missa Pro
DR
Defunctis gregoriana com motetos de
Damião de Góis, que viveu na capital
assolada pela praga (Igreja de São
Roque, 6 de Novembro, 21h).
Depois do cruzamento de culturas
e tradições ibéricas proposta pelo
concerto dos Sete Lágrimas (Conven-
to de São Pedro de Alcântara, 7 de
Novembro, 16h30), a temporada
Música em São Roque encerrará na
igreja que lhe dá nome dia 12 de
Novembro, às 21h, com cantatas de
Bach e um concerto de G. P. Telleman
interpretadas por Mónica Monteiro
(soprano) e Pedro Castro (oboé), solis-
tas da Orquestra Barroca da Casa da
Música.
Os concertos têm entrada gratuita,
limitada à lotação dos espaços. Os
bilhetes já podem ser levantados no
Museu de São Roque.

Futuros possíveis da música
portuguesa no Festival Emergente
Mário Lopes
Revelações e nomes que já
vão fazendo o seu caminho,
como Chinaskee ou Solar
Corona, ocupam hoje
e amanhã o Capitólio
Os concursos fazem parte da história
da música pop e rock em Portugal.
Os anos 1960 Æcaram marcados, por
exemplo, pelo Concurso de Música
Moderna Yé Yé do Monumental, em
Lisboa, que revelou ao país a música
que fazia fervilhar uma nova gera-
ção. Os anos 1980 e 1990 tiveram
noutro Concurso de Música Moder-
na, neste caso o do mítico clube lis-
boeta Rock Rendez Vous, um palco
onde sobressaiu parte determinante
da criatividade do país, dos Mler Ife
Dada aos Pop Dell’Arte, dos Mão
Morta aos Sitiados. O Festival Emer-
gente, cuja terceira edição se cum-
pre hoje e amanhã no Capitólio, em
Lisboa, é extensão actualizada dessa
tradição.
Ao longo dos dois dias, teremos em
palco bandas já mais que emergen-
tes, como Chinaskee, autor de um
portento rock, sintonizado com o seu
tempo e com a sua geração, intitula-
do Bochechas, um dos destaques do
ano discográÆco nacional, encontra-
remos a iluminada delicadeza folk de
April Marmara, que nos ofereceu em
2018 a preciosidade New Home, ou a
pop caleidoscópica, lúdica e íntima
de Sreya. Encontraremos também,
emanados da fértil cena barcelense
que nos deu Black Bombaim ou
Glockenwise, os Solar Corona, auto-
res de música instrumental intensa,
conÇuência de mecânicas kraut,
divagação space-rock e agressividade
punk, e os Gator, The Alligator, que
vertem com inegável talento psica-
delismos de ontem e de hoje para a
música que ouvimos em Mythical
Super Bubble.
Mas não só: pelo Emergente, que
assume uma matriz “indie”, nas suas
diversas declinações, passarão
Chinaskee encerra hoje a primeira noite do festival
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 35
nomes como Conjunto Júlio, Falso
Nove, Biloba, Quase Nicolau ou Mikee
Shite (banda que terá no Capitólio a
sua estreia absoluta ao vivo). São
algumas das 11 seleccionadas pelo júri
do festival e pelo público para inte-
grarem o cartaz, bandas que têm no
festival a oportunidade de mostra-
rem a sua música em palco nobre. O
passe para os dois dias custa 20
euros, os bilhetes diários 15 euros.
Porta aberta
“Sou dessa geração e lembro-me
perfeitamente dos concursos do
Rock Rendez Vous”, conta Carlos
Gomes, director do festival. “Isso
estará presente no meu subcons-
ciente, mas o principal objectivo é
dar palco a bandas superemergen-
tes”, explica, “é juntar a vitalidade
de quem ainda não encontrou
lugar”. Em relação a exemplos do
passado, destaca, está ausente do
Emergente uma lógica de competi-
ção, ainda que haja prémios a distri-
buir — os autores do Melhor Concer-
to Super Emergente integrarão o
cartaz do Festival Rodellus 2022, em
Ruilhe, Braga, e aquele que for con-
siderado o Melhor Projecto Musical
terá porta aberta para registar um
disco nos Estúdios Camaleão.
“Os concursos dos anos 1980 e
1990 pareciam uma porta aberta para
o estrelato, neste caso, trata-se de dar
uma oportunidade ao maior número
possível de bandas”, num momento
Esta geração tem
uma coisa que nos
apaixona, que é a
cooperação que
estabelece entre si
Carlos Gomes
Director do Emergente
DR
Cultura
que o director do Emergente sente
particularmente fértil na música cria-
da em Portugal. Comprova-o o cená-
rio que se forma através das bandas
que enviam a sua música a concurso
ao festival, refere. Com uma vanta-
gem acrescida: “Esta geração tem
uma coisa que nos apaixona, que é a
cooperação que estabelece entre si.
Têm muito mais vontade de cooperar
do que de concorrer, e essa é uma
diferença para a minha geração.”
No festival teremos, então, hoje a
partir das 18h30, Sreya, Gator, The
Alligator e Chinaskee, convidados
pela organização, e os “superemer-
gentes” Mike Vhiles, Mikee Shite, Too
Many Suns, Conjunto Júlio e Evaciga-
na. Amanhã, a partir das 17h, estarão
em palco Solar Corona, Caio, April
Marmara e Bia Maria, entre os convi-
dados, e Humana Taranja, Los Cha-
pos, Biloba, Quase Nicolau, Falso
Nove e Madalena Palmeirim.
Amanhã, antes dos concertos,
decorrerão duas conversas no Terra-
ço do Capitólio, onde dois painéis
formados por músicos (Hélio Morais,
LaBaq) agentes (Nuno Saraiva, da
Why Portugal?, João Araújo, do
Rodellus, entre outros), jornalistas e
radialistas (Vítor Belanciano, do
PÚBLICO, Nuno Calado, da Antena 3)
discutirão presente e futuro da músi-
ca portuguesa independente. Carlos
Gomes fala ao PÚBLICO do “espírito
de missão” de que a organização do
festival se vê imbuída. Para além do
palco que oferece, pretende contri-
buir, através das conversas, para um
maior conhecimento das bandas em
início de carreira da realidade em que
se começam a movimentar, e preten-
de que o festival seja também, de
formação de públicos. “Muito do
Emergente passa por reunir o público
residual de cada uma destas bandas
em início de carreira e colocá-lo
perante outras sonoridades.”
No Capitólio ou acompanhando à
distância via streaming, através da
plataforma Meo Blue Ticket (acesso
a 10 euros, com a receita recolhida
reverterá integralmente para a União
Audiovisual), a terceira edição do
Emergente quer ser espaço de des-
coberta e celebração. Em 2019, Pedro
Mafama, autor este ano do muito
celebrado Por Este Rio Abaixo, foi um
dos emergentes. Nessa primeira edi-
ção, Chinaskee marcou presença
enquanto baterista de Filipe Samba-
do e os Acompanhantes de Luxo.
Agora, será responsável por encerrar
a primeira noite de festival — e terá
Filipe Sambado como um dos vários
convidados que chamará a palco. Em
2022, talvez encontremos na mesma
posição bandas como Mike Shiite,
Quase Nicolau, Conjunto Júlio ou Fal-
so Nove. Digamos que serão então
emergentes a caminho de certezas.
36 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Guia
tecnologia
publico.pt/tecnologia
O lixo electrónico de 2021 pesa mais
do que a Muralha da China
São cerca de 60 milhões de toneladas de resíduos de equipamentos eléctricos e
electrónicos só em 2021. Em 2019, apenas 17,4% deste tipo de resíduos foi reciclado
José Volta e Pinto
O mundo vai acumular 57,4 milhões
de toneladas de resíduos de equipa-
mentos eléctricos e electrónicos
(REEE) em 2021, segundo uma esti-
mativa do WEEE Forum (Fórum
REEE), um grupo internacional de
especialistas dedicado a combater o
problema global deste tipo de lixo. O
total acumulado em 2021 é maior do
que o peso da Grande Muralha da Chi-
na, o maior objecto artiÆcial na Terra,
compara a organização. Representa
também um aumento de 7% face à
estimativa de 2019, quando se acumu-
laram 53,6 toneladas de REEE.
O crescimento do lixo electrónico
tem sido constante ao longo dos
anos, com o registo de 2019 a ser 21%
superior ao lixo electrónico gerado
mundialmente cinco anos antes, em
2014. O aumento não Æca por aqui:
as previsões do monitor global de
REEE apontam para uma montanha
de 74 milhões de toneladas no ano
de 2030.
A análise, publicada ontem, dia em
que se assinalou o Dia Internacional
dos Resíduos Eléctricos, refere tam-
bém que o ciclo de vida dos produtos
é agora mais curto, existindo uma
opção limitada para a reparação dos
mesmos — um problema que a União
Europeia quer combater com a imple-
mentação do direito à reparação.
Outro grande problema é a acumu-
lação deste tipo de equipamentos em
casa. As estimativas europeias reve-
lam que, em média, 11 em cada 72
itens electrónicos que existem numa
casa já não são utilizados ou estão
avariados. Por ano, um cidadão acu-
mula em média quatro a cinco quilos
de REEE antes de os deitar fora.
O director-geral do Fórum REEE,
Pascal Leroy, refere que este é um
ponto determinante para garantir um
sistema mais “eÆciente e circular”:
“Enquanto os cidadãos não devolve-
rem os seus equipamentos usados e
partidos, enquanto não os venderem
ou doarem, teremos de continuar a
extrair matéria-prima totalmente
nova, causando grandes danos
ambientais.”
Pascal Leroy realça, por isso, que o
foco deste é o papel “crucial de cada
um”. “Cada tonelada de REEE reci-
clada evita a emissão de cerca de duas
toneladas de dióxido de carbono”,
aÆrma.
A publicação alerta que apenas
17,4% dos REEE gerados em 2019
foram reciclados. Ruediger Kuehr,
director do programa de sustentabi-
Podcast dá voz a algoritmos inteligentes
O episódio desta semana do podcast português uês
-3,
Um sobre Zero foi criado com a ajuda do GPT-3,
um modelo de linguagem que usa algoritmoss
para completar textos. Páginas da Wikipédia e
clássicos da literatura ajudaram a treinar o
modelo do laboratório OpenAI, nos EUA. K.P.
lidade SCYCLE, da Organização das
Nações Unidas (ONU), sublinha que
o valor destes resíduos acumulados
em “minas urbanas” é enorme — em
particular os telemóveis, tablets,
computadores e outros equipamen-
tos tecnológicos de informação,
mais acumulados por receios de vio-
lação de privacidade e falta de infor-
mação quanto a uma reciclagem
apropriada.
“Uma tonelada de telemóveis dei-
tados fora é mais rica em ouro do que
uma tonelada de minério de ouro”,
refere. “Incorporados num milhão de
telemóveis, por exemplo, estão 24
quilogramas de ouro, 16 mil de cobre,
350 de prata e 14 de paládio.” Recur-
sos que podem ser recuperados e
aproveitados num novo ciclo de pro-
dução, sem prejuízo adicional para o
ambiente devido à extracção.
TYRONE SIU/REUTERS
Samsung
Galaxy Z Flip 3:
a grandeza das
pequenas coisas
Ao contrário do Galaxy Z Fold 3,
que pretende ser um telemóvel
capaz de se transformar num
pequeno tablet, o Galaxy Z Flip3
5G cresce de pequeno para
“normal”. Quando o telemóvel
está dobrado, faz lembrar o
tempo em que bom era ser
minúsculo. Aberto, tem um
generoso ecrã de 6,7´´ num
formato ligeiramente “esticado”
que não compromete.
O miniecrã exterior é como tudo
o resto: inteligente, bem
construído, prático e elegante.
Disponível em Portugal por
quase 1100 euros, tem uma
dobradiça resistente à água que
é uma obra de engenharia. P.E.
Redes sociais
Instagram pede
a adolescentes para
“fazerem pausas”
O Instagram vai começar a
encorajar os adolescentes que
estão sempre a ver a mesma
coisa na plataforma (por
exemplo, o perfil de uma
celebridade específica ou
imagens sobre dietas) a
pesquisarem outras coisas. Os
jovens que passarem muito
tempo no Instagram vão receber
um alerta para fazer uma pausa.
A informação foi avançada à CNN
pelo responsável de assuntos
globais do Facebook, Nick Clegg.
“Quando os nossos sistemas
percebem que um adolescente
está a olhar sempre para a
mesma coisa, vezes sem conta, e
esse conteúdo não é propício ao
seu bem-estar, vamos começar a
empurrá-los para outro
conteúdo”, explicou Glegg. As
novidades chegam após uma
antiga trabalhadora da empresa
divulgar estudos internos que
sugerem que o Instagram piora a
auto-estima das jovens. K.P.

Cinema
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 15h,
17h45, 21h25; Fátima M14. 21h40; Rifkin’s
Festival M12. 18h, 21h55; Venom: Tempo de
Carnificina M14. 13h25, 15h20, 19h55,
22h10; Cry Macho M12. 15h35; Silêncio -
Vozes de Lisboa M12. 13h15; A
Metamorfose dos Pássaros M12. 13h35,
17h40, 19h40; Sombra M14. 17h15,
19h30; Ron dá Erro M6. 13h30, 15h40 (V.P.)
Cinema City Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 11h55,
15h15, 16h, 17h20, 18h20, 19h, 21h,
21h40; Fátima M14. 13h15 (V.Port./2D),
21h55 (V.Orig./2D); After: Depois do
Desencontro 17h, 19h55, 24h; Boss Baby
M6. 11h10 (V.Port./2D); A Volta ao Mundo em
80 Dias M6. 13h15, 15h30 (V.P.); Rifkin’s
Festival M12. 19h10, 21h25, 00h10; Venom:
Tempo de Carnificina M14. 15h40, 17h35,
19h30, 21h30, 22h10, 23h30; Flag Day M14.
17h40; Bigfoot em Família M6. 15h20
(V.Port./2D); Sombra M14. 15h25, 19h50,
22h05; Ron dá Erro M6. 11h15, 13h30, 15h35,
17h45 (V.Port./2D)
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
Paraíso M6. 17h; A Metamorfose
dos Pássaros M12. 14h45, 19h; Titane M16.
21h30
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 13h30,
15h30, 17h30, 19h30, 21h,
21h40; Corre! M14. 19h15, 21h45; Free Guy:
Herói Improvável M12. 19h10, 22h; Space
Jam: Uma Nova Era M6. 13h45, 16h25
(V.Port./2D); D’Artacão e os Três
Moscãoteiros: O Filme M6. 13h50, 16h15
(V.Port.); O Esquadrão Suicida M16. 18h30,
21h35; Patrulha Pata: O Filme 14h10, 16h30
(V.Port./2D); Boss Baby M6. 13h40, 16h35
(V.Port./2D); Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 14h30, 17h40, 21h20; Venom:
Tempo de Carnificina M14. 13h20, 14h, 16h,
16h40, 18h40, 21h30, 21h50; Até à Morte
M16. 18h45, 21h10; Ladrões de Elite M12.
13h35, 16h20, 18h50, 21h25; Sombra M14.
13h15, 16h05, 19h, 21h55; Ron dá Erro M6.
13h25, 16h10, 18h45 (V.Port./2D)
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 15h20,
19h30, 21h, 23h20; Fátima M14. 13h30,
16h10, 19h10; Rifkin’s Festival M12. 13h50,
16h30, 18h50, 21h30, 23h40; Venom:
Tempo de Carnificina M14. 13h10, 16h,
18h30, 21h40, 00h10; A Metamorfose dos
Pássaros M12. 13h10, 15h30, 18h10; Flag
Day - Dias Perdidos M14. 21h50,
00h20; Titane M16. 20h50, 23h20
; Sombra M14. 13h20, 15h50, 18h30, 21h10,
24h; Ron dá Erro M6. 13h20, 15h40, 18h10
(V.Port./2D)
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 13h30,
14h30, 18h10, 20h20, 21h, 21h40,
00h10; Corre! M14. 17h, 19h50,
22h30; Fátima M14. 15h40, 18h30,
21h10; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 12h40, 15h50, 18h50, 22h, 24h;
A Volta ao Mundo em 80 Dias M6. 13h10,
15h10, 17h30, 19h30 (V.Port./2D); Venom:
Tempo de Carnificina M14. 13h, 15h30, 21h,
23h50; Assalto à Casa-Forte M12.
22h10; Bigfoot em Família M6. 13h35 (V.
Port./2D); Sombra M14. 13h20, 16h, 18h40,
21h30; Ron dá Erro M6. 12h50, 15h20, 18h20
(V.Port./2D); Venom: Tempo de
Carnificina M14. Sala IMAX - 14h, 16h30,
19h, 21h50, 00h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Estreias
Sombra
Sombra
De Bruno Gascon. Com Ana Moreira,
Miguel Borges, Vítor Norte, Tomás
Alves, Ana Cristina de Oliveira, Joana
Ribeiro, Sara Sampaio, Lúcia Moniz,
Ana Bustorff. POR. 2021. 115m. Drama,
Animação. M14.
Numa manhã igual a tantas outras, Isabel
saiu de casa sem saber o quanto a sua
vida iria mudar. Ao regressar, percebeu
que Pedro, o Ælho de 11 anos, tinha
desaparecido.
Venom: Tempo de Carnificina
De Andy Serkis. Com Tom Hardy,
Michelle Williams, Woody Harrelson,
Stephen Graham, Naomie Harris. EUA.
2021. 97m. Thriller, Acção. M14.
Sequela de “Venom”, centrado na
personagem Marvel Venom, um ser que
entra em simbiose com um jornalista.
Desta feita, depara-se com um novo
alienígena: Carnage.
Ron Dá Erro
De Octavio E. Rodriguez,
Sarah Smith, Jean-Philippe Vine.
Com Zach Galifianakis (Voz),
Jack Dylan Grazer (Voz), Olivia
Colman (Voz), Ed Helms (Voz).
EUA/CAN/GB. 2021. 106m.
Animação, Aventura. M6.
Os B-bots são dispositivos com a
tecnologia mais avançada do mundo.
Para completar, foram formatados com
corações de melhores amigos. Barney
Æca extasiado quando recebe um como
presente. Contudo, depressa se dá conta
que ele veio desconÆgurado.
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 37
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 14h,
17h30, 20h20, 21h20, 23h50; Fátima M14.
14h30, 17h15, 20h30; Boss BabyM6. 13h40,
16h40 (V.Port./2D); Shang-Chi e a Lenda
dos Dez Anéis M12. 21h10; Venom:
Tempo de Carnificina M14. 13h50, 16h20,
18h10, 18h50, 21h, 21h40, 23h30, 00h10;
Bigfoot em Família M6. 13h20, 15h40
(V.Port./2D); Ron dá Erro M6. 13h30, 16h,
18h30 (V.Port./2D)
Medeia Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213142223
O Raio Verde M12. 14h; O Amigo da Minha
Amiga 19h30; Rifkin’s Festival M12.
12h; France M14. 16h30; Titane M16. 22h
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31.
T. 213801400
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 13h25,
14h30, 16h50, 18h25, 21h15, 21h35,
21h55; Corre! M14. 16h45, 22h; Fátima M14.
13h40, 16h20, 18h55, 21h40; Free Guy:
Herói Improvável M12. 18h45; Bem
Bom M14. 13h30, 16h05; Respect M14.
18h40, 21h50; Shang-Chi e a Lenda
dos Dez Anéis M12. 13h25, 18h35; Rifkin’s
Festival M12. 14h15, 16h35, 19h15,
21h20; Venom: Tempo de Carnificina M14.
14h, 16h30, 19h10, 21h30, 21h50; Cry Macho
- A Redenção M12. 13h45, 16h25, 19h05,
21h45; Coisas de Homens M14. 13h55,
18h50; France M14. 16h, 21h10;
A Metamorfose dos Pássaros M12. 16h15,
21h35; Flag Day - Dias Perdidos M14. 13h50,
19h20; Titane M16. 13h45, 16h20, 19h,
21h30; Bigfoot em Família M6. 14h10, 16h40
(V.Port./2D); Sombra M14. 13h30, 16h10,
18h50, 21h25; Ron dá Erro M6. 13h40, 16h15,
18h55 (V.Port./2D)
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Vale de Mourelos. T. 16996
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 12h30,
13h30, 16h, 17h30, 20h40, 21h30,
24h; Corre! M14. 12h40, 15h, 17h10, 19h20,
22h05, 00h15; Fátima M14. 13h10, 15h40,
18h10; Free Guy: Herói Improvável M12.
21h05; Boss Baby: Negócios de Família M6.
14h10, 16h40 (V.Port./2D); Maligno M16.
20h50, 23h30; Shang-Chi e a Lenda dos
Dez Anéis M12. 13h05, 15h50, 18h50,
21h45; A Volta ao Mundo em 80 Dias M6.
13h40, 16h10, 18h45 (V.Port./2D); Venom:
Tempo de Carnificina M14. 13h, 14h30,
15h30, 17h, 18h10, 19h30, 21h10, 22h, 23h,
23h50, 00h20; Assalto à Casa-Forte M12.
19h10, 21h50, 23h40; Flag Day - Dias
Perdidos M14. 21h55; Ladrões de Elite M12.
13h50, 16h15, 18h30, 21h,
23h20; Titane M16. 21h15; Bigfoot em
Família M6. 12h35, 15h10, 17h20, 19h40
(V.Port./2D); Sombra M14. 12h45, 15h25,
18h20, 21h20; Ron dá Erro M6. 12h50,
15h20, 18h (V.Port./2D); Venom: Tempo
de Carnificina M14. Sala 4DX - 14h, 16h20,
19h, 21h40, 00h10
Amadora
Cinema City Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 15h15,
16h05, 17h45, 18h20, 19h, 21h, 21h15, 21h25
; Fátima M14. 15h25, 19h50; Free Guy:
Herói Improvável M12. 19h35; Velocidade
Furiosa 9 21h40; Presos no Tempo 16h20,
22h05; Jungle Cruise - A Maldição nos
Confins da Selva M12. 15h55; D’Artacão e
os Três Moscãoteiros: O Filme M6. 15h50
(V.Port./2D); O Esquadrão Suicida M16.
15h20, 21h50; Patrulha Pata: O Filme 17h50
(V.Port./2D); Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 18h40, 21h45; Venom: Tempo
de Carnificina M14. 15h25, 17h35, 21h50;
Cry Macho - A Redenção M12. 19h10;
Flag Day - Dias Perdidos M14.
19h45; Bigfoot em Família M6. 15h45, 17h30
Guia
(V.Port./2D); Sombra M14. 17h35, 19h25,
22h; Ron dá Erro M6. 15h35, 17h40 (V.P.)
UCI Ubbo
C.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1,
Venteira.
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 13h15,
14h30, 16h40, 18h10, 21h15,
21h35; Corre! M14. 14h40, 16h55, 19h10,
21h20; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 13h10, 16h05, 19h,
21h55; Venom: Tempo de Carnificina M14.
14h, 16h30, 19h, 21h30, 21h50; Ladrões
de Elite M12. 14h10, 16h35, 18h55,
21h25; Bigfoot em Família M6. 14h25,
16h45, 19h05 (V.Port./2D); Sombra M14.
13h35, 16h10, 18h50, 21h40; Ron dá
Erro M6. 13h45, 16h15, 18h45, 21h10
(V.Port./2D)
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
Alcabideche. T. 16996
007: Sem Tempo Para Morrer M12.
12h50, 13h45, 16h15, 19h30, 21h15,
23h; Fátima M14. 13h, 15h30,
18h; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 21h40; A Volta ao Mundo
em 80 Dias M6. 13h15 (V.Port./2D);
Venom: Tempo de Carnificina M14. 13h30,
16h, 18h30, 20h30, 21h, 23h20; Ladrões
de Elite M12. 15h15, 17h30, 19h45, 21h50,
00h10; Bigfoot em Família M6. 13h40,
16h45 (V.Port./2D); Sombra M14. 18h45,
22h; Ron dá Erro M6. 14h30, 17h, 19h20
(V.Port./2D); Venom: Tempo
de Carnificina M14. Sala IMAX
14h, 16h30, 19h, 21h30, 23h50
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I. T. 215887311
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 14h45,
17h50, 20h55; Fátima M14. 14h40, 16h55,
19h10, 21h25; Rifkin’s Festival M12. 14h35,
16h20, 18h05, 29h50, 21h35; Flag Day
- Dias Perdidos M14. 15h, 17h10, 19h20,
21h30; Sombra M14. 14h45, 17h, 19h15,
21h30;
Caldas da Rainha
Cineplace - Caldas da Rainha
La Vie Caldas da Rainha Shopping Center.
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 14h50,
18h05, 20h50, 21h20; Corre! M14.
19h20; Fátima M14. 18h40 (V.Port./2D),
21h10 (V.Orig./2D); Venom: Tempo de
Carnificina M14. 15h10, 17h20, 19h30,
21h40; Bigfoot em Família M6. 16h10
(V.Port./2D); Sombra M14. 16h30, 21h30;
Ron dá Erro M6. 16h20, 18h40 (V.Port./2D)
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643
007: Sem Tempo Para Morrer M12. 17h35,
18h20, 19h, 21h25; Fátima M14.
21h55; Rifkin’s Festival M12. 19h40;
Venom: Tempo de Carnificina M14. 17h40,
21h30; Flag Day - Dias Perdidos M14.
21h35; Sombra M14. 19h35, 22h05;
Ron dá Erro M6. 17h25 (V.Orig./2D)
Castello Lopes - Alegro Sintra
Alegro Sintra, Alto do Forte. T. 219184352
007: Sem Tempo Para Morrer M12.
13h30, 14h15, 16h45, 17h30, 20h,
20h45; Corre! M14. 13h10, 17h20, 19h20,
21h20; Fátima M14. 14h30, 16h50, 19h10,
21h30; Free Guy: Herói Improvável M12.
13h10; Space Jam: Uma Nova Era M6.
10h50 (V.Port./2D); Shang-Chi e a Lenda
dos Dez Anéis M12. 21h15; Venom:
Tempo de Carnificina M14. 13h10, 15h15,
17h20, 19h25, 21h30; Bigfoot em
Família M6. 15h10 (V.Port./2D); Sombra
M14. 14h20, 16h45, 19h10, 21h35;
Ron dá Erro M6. 15h35, 17h50 (V.Port./2D)
38 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021

Guia

Lazer Jogos Jogue também online.

Palavras-cruzadas, Lotaria Popular 0 0 0 4 6
bridge e sudoku em
1.º Prémio 50.000€
publico.pt/jogos
Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios

MÚSICA Cruzadas 11.494 Paulo Freixinho

Festival Emergente
LISBOA Capitólio.
De 15/10 a 16/10. Sexta, às
18h30; sábado, às 17h. 15€ (dia),
20€ (passe), 10€ (livestream)
De volta ao alinhamento original
de dois dias, a terceira edição do
festival mantém a aposta no
talento da nova geração da música
portuguesa. Hoje sobem ao palco
Chinaskee & Convidados, Gator
The Alligator, Mike Vhiles,
Conjunto Júlio, Too Many Suns,
Mikee Shite, Evacigana e Sreya.
Para amanhã estão em palco Solar
Corona, Humana Taranja, Los
Chapos, Caio, April Marmara,
Biloba, Bia Maria, Falso Nove,
Quase Nicolau e Madalena
Palmeirim. À música juntam-se as
Conversas Emergentes, um novo
espaço para discussão e partilha
de ideias e conhecimentos.
palavrascruzadas@publico.pt
Horizontais: 1. Admite “novas medidas” para lidar com casos de abusos de menores por
membros do clero. Hoje é o Dia Mundial da Lavagem das (...). 2. Gemia (fig.). Observei.
3. Que tem veia de doido. Hora canónica corresponde às 15 horas. 4. Em Portugal tem
estado acima da média dos últimos 30 anos em Outubro. 5. Prefixo (Deus). Centésima
parte do hectare. 6. «Não se poda a vide quando está na (...)». Esbranquiçado. 7. Espécie
de veado, de cauda comprida e galhos achatados na parte superior. Prefixo (montanha).
8. Sirva-se de. Sufocação. 9. Prefixo (oposição). Prefixo (repetição). Doutor (abrev.). 10.
Zona lisboeta onde obras expuseram vestígios do Real Colyseu de Lisboa. 11.
Mecanismo Europeu de Estabilidade. Atenda.
Verticais: 1. Autoridade Tributária e Aduaneira. Traulito. Um fim sem princípio. 2. Onde
ficam guardadas algumas ideias. Torne são. 3. O festival da nova geração da música
portuguesa. 4. Desaparece. A ti. 5. Pedra ornamental de cor esverdeada. Abranda. 6.
Neste momento. Eles. Numeração romana (505). 7. Altar. Frade. 8. Toalha de altar ou de
mesa. Unidade monetária do Japão. 9. Alternativa. Partido de extrema-direita espanhola
que volta a mostrar Portugal anexado pela Espanha. 10. Aclamar. Secura. 11. Sétima nota
musical. Dirigir a proa em certo rumo.
Solução do problema anterior
Horizontais: 1. Careca. Gama. 2. Acaso. David. 3. MC. MAG. Ti. 4. Depositária. 5. Oral. Mas.
Gr. 6. Ha. Ia. 7. Medina. Fido. 8. Ilhó. Or. 9. INE. Mu. LP. 10. Gulbenkian. 11. Amor. Amoral.
Verticais: 1. Caldo. Meiga. 2. AC. ERSE. Num. 3. Rampa. Duelo. 4. Escolhi. Br. 5. Co. Anime.
6. Mim. Aluna. 7. Datar. Km. 8. Gagás. Fólio. 9. Av. II. Par. 10. Mitigado. Na. 11. Adiar. Oro.

Noites de Queluz —
João Fanha © Alastair Chisholm 2008
Tempestade e Galanterie Bridge fanhabridge.pt Sudoku www.indigopuzzles.com
SINTRA Palácio Nacional de
Queluz. De 15/10 a 13/11. Sexta e
sábado, às 21h30. 15€/concerto Dador: Norte copas 3-3. Haverá mais alguma? Problema 10.762 (Fácil)
Com direcção artística de Massimo Vul: Todos Sim, o Valete de copas seco ou
Mazzeo, o ciclo está de volta ao doubleton num dos adversários.
palácio com oito concertos NORTE Mas, para que seja possível
divididos entre a Sala da Música e ƄA3 abarcar esta última hipótese, é
Ɔ A104
a do Trono. Os anÆtriões são os ƇAQ9862 vital começar por bater o Ás de
ensembles Gli Accenti e Alla ƅ96 copas e outra das figuras. Se o
Bastarda, os cravistas Marco Valete efectivamente cair,
OESTE ESTE
Mencoboni e Andrea Buccarella Ƅ Q94 Ƅ K87 teremos tempo ainda para jogar o
(que actua com a soprano Marie Ɔ9865 ƆJ7 10 de copas e regressar à mão de Solução 10.760
Lys), o grupo vocal Cupertinos, a Ƈ7 ƇJ1043 Sul através do Rei de ouros para
cantaora Rocío Márquez com a ƅ Q10853 ƅ KJ42 alinhar mais uma vaza a copas. No
Accademia del Piacere, a soprano SUL fim, tentamos os ouros, mas com
Ana Vieira Leite com a orquestra ƄJ10652 a certeza de que nove vazas já
ƆKQ32
barroca Divino Sospiro e Aurelia Ƈ K5 não escaparão!
Visovan, que toca no histórico ƅ A7
pianoforte Clementi. Considere o seguinte leilão:
Oeste Norte Este Sul Oeste Norte Este Sul
1Ƈ 1Ƅ 1Ƅ
TEATRO
passo X
passo 2Ƈ passo 2Ƅ passo 2Ƅ passo ?
passo 3Ƈ passo 3ST
Hamster Clown Todos passam
ODIVELAS Centro Cultural O que marca com a seguinte Problema 10.763 (Muito difícil)
da Malaposta. Leilão: Qualquer forma de bridge. mão?
De 15/10 a 17/10. Sexta e sábado, ƄKJ102 ƆAK ƇAJ103 ƅQ108
às 21h; domingo, às 16h30. M/14. Carteio: Saída: 5ƅ. Qual a melhor
Duração:1h. 12€. linha de jogo? Resposta: Marque 2ST. Mão
Primeira colaboração entre o regular com 18-20 pontos e
encenador Ricardo Neves-Neves e Solução: Saber combinar defesa a espadas. O parceiro
o actor-clown Rui Paixão. Mesmo hipóteses é uma das técnicas decidirá o que iremos jogar.
sem ter texto, consegue falar “de mais importantes no bridge, e
sonhos e de pesadelos, de será melhor ainda, se soubermos Solução 10.761
conÆnamentos e de libertações”, identificar todas as hipóteses que
assegura a sinopse, levando os podem existir.
espectadores a um “universo No jogo de hoje, depois da saída a
retro-futurista, em tons de paus, o carteador não pode tentar
verde-jardim, em que não faltam as espadas, sob pena de ver a
estátuas renascentistas, mas defesa encaixar quatro vazas a
também polvos gigantes, enxames paus (pelo menos) logo de
de abelhas, corujas assustadoras e seguida. O que sobra? Ouros
aspiradores endiabrados”. divididos 3-2, evidentemente, e

CINEMA
Entre Irmãos
TVCine Top, 21h30
Remake americano de Tudo o Que
Perdemos, da dinamarquesa
Susanne Bier, com realização de
Jim Sheridan e com Tobey
Maguire, Jake Gyllenhaal e Natalie
Portman nos papéis principais. É a
história de dois irmãos: Sam,
responsável, pai de família e
capitão no Exército; e Tommy,
carismático, mas irresponsável e
provocador. Quando Sam é dado
como morto em missão no
Afeganistão, cabe ao irmão prestar
auxílio à família, criando laços
com a cunhada e duas sobrinhas.
Meses depois, recebem a notícia
de que, aÆnal, Sam está vivo.
Chien — Cão
RTP2, 23h10
Jacques Blanchot perdeu a
mulher, a casa e o emprego. Aos
poucos, o desgosto faz com que
perca também a noção de
realidade e se entregue a um jogo
de humilhação em que vai
abdicando também da própria
humanidade. Incómodo e risível,
um Ælme com realização e
argumento de Samuel Benchetrit
que adapta um romance escrito
por si, em 2015. Vincent Macaigne,
Vanessa Paradis e Bouli Lanners
encarnam as personagens.
DOCUMENTÁRIOS
Colectiv — Um Caso de
Corrupção
TVCine Edition, 22h
O Mundo em Mudança — ciclo de
documentários com “temas
urgentes dos nossos tempos” —
prossegue com a história de uma
investigação jornalística que
revelou um enorme esquema de
fraude no sistema nacional de
saúde romeno e várias instituições
do Estado. Começou quando, a 30
de Outubro de 2015, um grande
incêndio causou a morte a
dezenas de pessoas — incluindo,
dias depois, a de pessoas
hospitalizadas com ferimentos
não considerados fatais. Escrito,
produzido e realizado pelo
cineasta Alexander Nanau, o Ælme
recebeu várias distinções e esteve
nomeado para o Óscar.
The Velvet Underground
Apple TV+, streaming
Todd Haynes, realizador de Ælmes
como Safe — Seguro ou Velvet
Goldmine, atira-se à história dos
míticos Velvet Underground, neste
documentário com entrevistas
novas aos membros sobreviventes
da banda, com John Cale e a
baterista Moe Tucker à cabeça,
bem como a Doug Yule, Jonathan
Richman ou La Monte Young.
Televisão
RTP1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 12.59 Jornal da Tarde 14.24 Os
Nossos Dias 15.06 A Nossa Tarde 17.30
Portugal em Directo 19.07 O Preço
Certo 19.59 Telejornal
21.01 Sexta às 9
21.37 Joker
22.49 Depois, Vai-se a Ver e Nada -
Best of
0.12 Inês da Minha
nha Alma
1.32 Os Grandes Predadores dos
Mares 2.26 Unidos ao Clube
SIC
6.00 Edição da Manhã 8.25 Alô
Portugal 10.10 Casa Feliz 13.00
Primeiro Jornal 14.50 Linha Aberta
com Hernâni Carvalho 16.10 Júlia 18.15
Orgulho e Paixão 18.40 Fina Estampa
19.15 Quem Quer Namorar com o
Agricultor?
19.57 Jornal da Noite
22.00 Amor Amor Vol. 2
22.40 A Serra
23.30 Quem Quer Namorar com a
Agricultora?23.40 Bom Sucesso 0.25
Tempo de Amar 1.00 Quem Quer
Namorar com o Agricultor? 2.00
Investigação Criminal: Los Angeles
2.50 Linha Aberta com Hernâni
Carvalho
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 39
Os mais vistos da TV
Quarta-feira, 13
RTP1 14,0%
Jornal da Noite
% Aud. Share
SIC 12,2 25,2
RTP2 1,0
Amor, Amor Vol. 2 SIC 11,7 24,8 SIC 19,7
TVI
Festa é Festa II TVI 10,8 22,6
Bem Me Quer TVI 9,2 24,2 17,7
Cabo
A Serra SIC 9,1 24,3
FONTE: CAEM
34,0
TVCINE TOP
RTP2
17.50 As Bruxas de Roald Dahl 19.30
6.32 Repórter África 7.00 Espaço Zig Amonite 21.30 Entre Irmãos 23.20
Zag 10.58 Joga Quem Quizzer 11.23 Adam 1.00 A Queda de Harvey
Folha de Sala 11.27 Apocalipse: A Weinstein
Segunda Guerra Mundial 12.22 Voz de
Ouro 13.07 Esec-Tv 13.35 Freguesias
da Madeira 14.00 Sociedade Civil FOX MOVIES
15.04 A Fé dos Homens 15.38 Joga 18.07 A Força em Alerta 19.43 Força em
Quem Quizzer 16.01 Tesouros da Alerta 2 21.14 Exodus: Deuses e Reis
Unesco 16.55 Espaço Zig Zag 20.10 23.35 Hércules 1.09 Liga de Cavalheiros
ModaLisboa And Now What? 20.26 Extraordinários
Folha de Sala 20.30 Há 100 anos, a
Seara Nova21.30 Jornal 2 22.01 São
Vidas HOLLYWOOD
17.30 Blackhat: Ameaça na Rede 19.40
Barry Seal: Traficante Americano 21.30
O “Águas” 23.05 Vingança Balcânica
23.00 Folha de Sala 0.45 Shadow Man: Alta Traição
AXN
23.10 Chien - Cão 18.40 Investigação Criminal 21.10 The
Rookie 22.00 Conspiração Terrorista
23.43 Wild Card - Jogo Duro
FOX
17.20 FBI 18.53 Investigação Criminal:
0.42 Linhas Sombrias 1.30 Sociedade Los Angeles 20.28 Magnum P.I. 22.15
Civil 2.35 Euronews 5.44 Água de Mar Maze Runner: Provas de Fogo 0.44 12
Indomáveis
DISNEY CHANNEL
TVI
17.15 Lab Rats 18.25 Gravity Falls 19.15
6.05 Curious George 6.30 Diário da Os Green na Cidade Grande 20.30 Lab
Manhã 7.00 Esta Manhã 10.09 Dois às Rats 21.20 Os Green na Cidade Grande
10 13.00 Jornal da Uma 14.45 A Única
Mulher 16.07 Goucha 18.17 Cristina
ComVida 19.15 Big Brother DISCOVERY
17.10 Alasca: A Última Fronteira 19.05
Aventura à Flor da Pele XL 21.00
Hunting Atlantis 22.00 A Maldição do
19.57 Jornal das 8 Triângulo das Bermudas 22.55 Duo de
Sobreviventes 0.40 Hunting Atlantis
20.46 Futebol: Belenenses x Sporting HISTÓRIA
- Taça de Portugal 16.40 Não Identificados 18.02 Em
Busca de... 19.26 O Ouro Perdido da II
Guerra Mundial 20.44 Grandes
Descobertas 22.15 A Comida Que
Mudou o Mundo 23.39 Grandes
Descobertas 1.07 Forjado no Fogo
ODISSEIA
17.16 As Maiores Montanhas do Mundo
22.59 Bem Me Quer 18.02 Aurora Boreal: Fogo no Céu 18.55
Mestres da Engenharia 19.49 As
Invenções de Da Vinci 21.37 Gustave
Eiffel: A Tecnologia por Detrás do Génio
0.06 Big Brother 2.18 Os Heróis 2.59 22.30 Notre-Dame: os Segredos dos
Doce Tentação 3.56 Fascínios Construtores 0.07 Gustave Eiffel: A
Tecnologia por Detrás do Génio
Guia
SÉRIES
Petra
Fox Crime, 22h
Estreia. Esta série policial italiana
de quatro episódios transpõe para
o pequeno ecrã os romances da
espanhola Alicia Giménez-Bartlett
— deslocando, contudo, a acção de
Barcelona para Génova. Petra
Delicato (Paola Cortellesi) é uma
agente da polícia que passa do
departamento dos arquivos para o
trabalho no terreno, a desvendar
crimes com o antigo amigo de
escola e agora polícia Antonio
Monte (Andrea Pennacchi). O
primeiro caso em que trabalham
juntos envolve relatos de violações
que parecem ter o mesmo autor.
Inês da Minha Alma
RTP1, 00h12
Estreia. Composta por oito
episódios, adapta o romance
histórico de Isabel Allende, em
que Inés Suárez desÆa as suas
memórias: a sua vida na Espanha
do século XVI, a dureza da
travessia para a América do Sul, a
relação com Pedro de Valdivia e a
participação, ao lado dele, na
conquista do Chile e na fundação
da cidade de Santiago. A série, que
tem Elena Rivera no papel titular,
começa com O mundo novo,
episódio em que Inês foge de casa,
em Plasencia, e ruma a Sevilha, de
onde há-de partir para a viagem
transatlântica.
GASTRONOMIA
Gordon Ramsay: Uncharted
National Geographic
e 24 Kitchen, 22h10
A terceira temporada do programa
de viagens gastronómicas do chef
Gordon Ramsay abre com um
episódio inteiramente dedicado a
Portugal. Surge a cozinhar com o
chef Kiko Martins, a percorrer a
costa da Nazaré, a ir à pesca da
sardinha, a fazer pão-de-ló, a
visitar vinhas em Colares e a
preparar, com ovos e porco preto,
um polémico “pequeno-almoço
português perfeito” no Alentejo.
Próximos destinos: Croácia, EUA,
Finlândia, Islândia, México e Porto
Rico.
DESPORTO
Futebol: Belenenses x Sporting
TVI, 20h46
Directo. O Belenenses, que se
encontra na quarta divisão do
campeonato, recebe em casa o
Sporting, campeão nacional. O
reencontro dos velhos rivais
lisboetas dá-se no Estádio do
Restelo, num jogo referente à
terceira eliminatória da Taça de
Portugal.
 40 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021

Guia

Meteorologia
PORTUGAL PRÓXIMOS DIAS LISBOA
Viana do Castelo Sábado, 16 Domingo, 17 Segunda-feira, 18
Bragança
12 º
20º
24º
16º 24º 16º 24º 16º 26º
Braga 6º
23 º Índice UV Médio Índice UV Baixo Índice UV Médio
10 º Vila Real
17º Porto Vento Fraco Vento Fraco Vento Fraco
23º Humidade 63% Humidade 77% Humidade 71%
0,8m 21 º 8º
11º

Os piratas
Viseu
Guarda
MEDIDOR DE CO2 QUALIDADE DO AR
Aveiro 23 º
21º 7º 23º Mauna Loa, Havai Portugal
10 º 7º Partes por milhão

voltam
(ppm) na atmosfera Porto Muito
Coimbra Valores por semana Bom
25º Coimbra Bom
10º Semana de 3 Out. 413,63
Castelo Branco
Semana de 26 Set. 413,37 Lisboa Médio

a atacar
Leiria 25 º Há um ano 411,29
8º Há dez anos 388,93
22º Évora Fraco
13º
Nível de segurança 350 Faro Mau
Nível pré-industrial 280
Santarém

as bancas.
Portalegre
28 º
12º 25º
9º SOL Lisboa LUA Lisboa

Lisboa 20 Out. 14h57

27 º 28 Out. 20h05
15º Évora
Setúbal 28º 4 Nov. 21h15
26º 12º Nascente Poente Nascente Poente

COLECÇÃO LONG JOHN SILVER, 13º 07h45 18h59 11 Nov. 12h46 16h54 03h18*
*de amanhã

O TESOURO MAIS BEM GUARDADO DA BD. Sines

22º
Beja
28º
EUROPA
Helsínquia
16º 12 º Oslo
Estocolmo
18º
De Xavier Dorison e Mathieu Lauffray 1m
Talín

Riga
Copenhaga
Vol. 2: Neptuno
Vílnius
Lady Vivian Hastings e Long John Silver atravessam o Atlântico rumo à Dublin
Amesterdão
Berlim
Londres
mítica cidade de Huayna Capac. É aqui, em plena Amazónia, que Lord Sagres
17º
24º
Bruxelas
Varsóvia

Hastings terá descoberto o tesouro escondido do Imperador Inca. Mas 22º Faro Praga
18º Paris
as tensões aumentam entre Vivian e Long John, apesar do pacto de 20º Genebra
Viena Budapeste

sangue que os une. Às quartas, com o Público, acompanhe as 0,8m

aventuras do pirata de prata, numa colecção que vale ouro. Açores Milão

Roma
Corvo
Istambul
Madrid
Flores Lisboa
Graciosa 23º
22º Atenas
20º 1,5m
São Jorge 22º
22º 17º
1,8m
Faial
Terceira TEMPERATURAS ºC
Pico
23º São Miguel
Min. Máx. Min. Máx.
re s e rv e d

22º 19º Amesterdão 7 15 Roma 6 20

2,5m Atenas 14 21 Viena 8 16
Ponta Delgada
+10EM,9BANC0A € Berlim 5 14 Bissau 24 34
y - A ll ri g h ts

EDIÇÃO DE
COLECCIONADOR Sta Maria Bruxelas 4 13 Buenos Aires 11 18
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Porto Santo
Copenhaga 7 12 Cid. do Cabo 11 18
Madeira
24º 25º 24º 23º Dublin 10 14 Cid. do México 12 26
20º 20º
0,5m 1m Estocolmo 4 10 Díli 24 33
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Londres 9 15 Nova Deli 22 33
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Madrid 8 25 Nova Iorque 19 25
05h50 1,4 05h27 1,5 05h21 1,4 Milão 1 10 Pequim 5 20
12h04 2,9 11h40 3,0 11h40 2,9 Moscovo 5 8 Praia 24 31
Colecção de 4 volumes, em capa dura, inéditos em português. PVP unitário: 10,90€. Oslo 4 11 Rio de Janeiro 22 32
Preço total da colecção: 43,60€. Periodicidade quinzenal à quarta-feira, entre 29 de Setembro 18h37 1,1 18h15 1,2 18h08 1,1 Paris 8 17 Riga 5 12
e 10 de Novembro de 2021. Stock limitado. 00h54* 2,8 00h29* 2,8 00h28* 2,8 Praga 4 14 Singapura 27 33
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; QualAR/Agência Portuguesa do Ambiente; NOAA-ESRL

Dois dos grandes candidatos à conquista do troféu entram em acção Desporto
Sporting e FC Porto com testes de
quarto escalão no regresso à Taça
Vencedores das edições de 2019 e 2020 com missões semelhantes ante Belenenses e Sintrense, clubes do
Campeonato de Portugal. Baixas nos “dragões” e regresso de Pedro Gonçalves nos “leões” aguçam apetite
Augusto Bernardino
FC Porto e Sporting entram hoje —
por esta ordem — em acção na tercei-
ra eliminatória da Taça de Portugal,
ambos com o pensamento na Ænal,
quem sabe se para um reencontro
depois da última festa do Jamor, em
2019, que foi de regozijo para os
“leões” e de lamentos para os “dra-
gões”, a conÆrmarem uma certa
alergia aos penáltis.
Mas antes de queimarem etapas
importantes, Sérgio Conceição e
Rúben Amorim sabem que é preciso
justiÆcar em campo o inegável favo-
ritismo face a adversários de outros
campeonatos: os portistas, na via-
gem a Massamá, onde defrontarão o
Sintrense (às 18h45, em casa empres-
tada), da Série E do Campeonato de
Portugal; e os sportinguistas no Res-
telo, onde, duas horas depois,
enfrentam pela 249.ª vez na história
o velho Belenenses, também do
quarto escalão nacional.
Para os “azuis e brancos” é o reto-
mar de um caminho que os levou à
glória em 2020, já em Coimbra, na
Ænal com o BenÆca. Isto depois de na
edição passada terem Æcado pelas
meias-Ænais, caindo aos pés do Sp.
Braga numa eliminatória a duas
mãos marcada pela expulsão de Luis
Díaz, em Braga, após lance traumá-
tico para o central David Carmo — um
lance que gerou polémica e alteração
nas recomendações aos árbitros, de
forma a não mostrarem vermelhos
em lances casuais mesmo que resul-
tem em lesões graves.
Também o Sporting precisa de
rever o Ælme dos quartos-de-Ænal, na
Madeira, frente ao Marítimo, onde
perdeu ao Æm de 17 jogos na época
passada, falhando a possibilidade de
reconquistar o troféu.
Sérgio Conceição assumiu, aliás, a
importância de formar uma equipa
focada na Taça de Portugal, apesar
da proximidade do duelo com o AC
Milan, na Champions. O treinador
portista só não conÆrmou a possibi-
lidade de Otávio poder ir a jogo, ate-
nuando as inúmeras “baixas” provo-
cadas pelas selecções, com Mbemba
lesionado ao serviço da República
Democrática do Congo e os sul-ame-
ricanos Corona (México), Uribe e
Luis Díaz (Colômbia) a juntarem-se
ao plantel no dia seguinte. Isto, sem
contar com o castigo de Taremi,
expulso frente ao Paços.
Ausências que promovem jogado-
res menos utilizados, mas obrigados
a provarem a validade do vínculo
com o FC Porto. Em perspectiva tere-
mos um Sintrense ambicioso, jovem
e inexperiente neste tipo de confron-
tos e um FC Porto com um rosto dife-
rente mas sem margem para falhar.
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 41
FOTOS: MANUEL FERNANDO ARAÚ’JO/LUSA
Já no Restelo, a história assume
contornos distintos, sublinhados
pelo historial entre os velhos rivais
da capital. Os “azuis” de Belém já
avisaram que o Sporting terá de cor-
rer muito para conÆrmar os galões
de campeão nacional e de membro
do clube Champions. Algo que
Rúben Amorim, como antigo atleta
do emblema da Cruz de Cristo, dis-
pensa.
Do que Amorim não prescinde é
de um discurso em que aproveita
para alertar a equipa para a impor-
tância de fazer valer os argumentos
de campeão nacional, insistindo na
ideia de que para poder reclamar o
favoritismo é preciso encarar o
adversário com a atitude certa e o
máximo de responsabilidade.
“O que formos capazes de fazer
em campo terá um enorme impacto
no jogo”, enfatizou, assumindo que
a continuidade do Sporting na pro-
va depende muito mais do que a
equipa mostrar e for capaz de fazer
frente a um adversário com argu-
mentos bem diferentes, num bom
estádio, vizinho, o que se resume
numa eliminatória feliz caso não
“aconteça Taça”.
Rúben Amorim poderá ainda
reforçar a equipa com Pedro Gonçal-
ves, o rei dos goleadores da época
passada, mesmo não sendo um pon-
ta-de-lança. Ausente desde o Ænal de
Agosto, o médio prepara-se para o
regresso à competição em Belém,
independentemente de Pablo Sara-
bia ir a jogo. Para o treinador do
Sporting, os jogadores de qualidade
extra cabem perfeitamente, sem se
atropelarem, na mesma equipa.
“Ficamos sempre mais fortes com
o Pedro Gonçalves”, reagiu Amorim,
prometendo a inclusão do médio no
“onze” inicial, sem deixar de lançar
um aviso à tripulação.
“É claro que todos precisam de
justiÆcar a titularidade”, atirou
Rúben Amorim, ciente de que este é
o momento mais oportuno para tes-
tar e dar ritmo a Pedro Gonçalves. O
Belenenses está a contar com isso,
mas também com a ausência de Luís
Neto e, possivelmente, de Gonçalo
Pedro Gonçalves deverá Inácio, baixas relevantes no eixo
estar de volta no Sporting, defensivo, o que pode traduzir-se
Taremi é um dos vários numa brecha inestimável para colo-
ausentes no FC Porto car os “leões” em sentido neste
ansiado reencontro.
42 • Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021
Desporto
Uma Volta a França para gregos e troianos
Diogo Cardoso Oliveira
A organização do Tour
voltou a desenhar uma rota
bastante equilibrada, que
começará na Dinamarca
e terminará em Paris
A Volta a França 2022 não vai, na teo-
ria, excluir ciclistas com base no per-
curso. Quer isto dizer que a rota é
muito variada e que pode agradar a
gregos e troianos — ou, na gíria do
ciclismo, a trepadores, especialistas
em contra-relógio e sprinters. A orga-
nização do Tour desvendou ontem o
percurso oÆcial da corrida, voltando
a desenhar uma rota muito dura, mas
até bastante equilibrada, entre a Dina-
marca e Paris, de 1 a 24 de Julho.
Os trepadores puros poderão esfre-
gar as mãos por terem cinco chegadas
em alto, mais três do que em 2021 —
bem como o regresso da mítica subi-
da ao Alpe d’Huez, quatro anos
depois —, mas Æcarão de “sorriso
amarelo” ao verem que terão de cor-
rer 53 quilómetros de contra-relógio,
divididos por duas etapas.
Por outras palavras, quer isto dizer
que os mais satisfeitos serão, como
sempre, os voltistas versáteis, que
Um postal dos correios
Opinião
José Manuel Meirim
1. “Querida mãe, querido pai. Então
que tal?
Nós andamos do jeito que Deus
quer
Entre dias que passam menos mal
Lá vem um que nos dá mais que
fazer”
Rio Grande (compositores: João
Monge/João Manuel Gil Lopes)
2. Em programa de informação
da RTP3 (360º), faz hoje
precisamente uma semana, os
comentadores políticos Miguel Vale
de Almeida e Pedro Norton
abordaram o tema das vítimas de
pedoÆlia na Igreja Católica francesa
(70 anos — 330.000 crianças). A
dado passo, não deixaram de
sublinhar o seu “espanto” por em
Portugal não haver indícios claros
de uma investigação séria e
independente neste mesmo
prosperam nos “cronos” e seguem
confortáveis nas montanhas.
Está desenhada, portanto, uma
rota que proporciona mais um duelo
e n t r e T a d e j Po g a c a r e P r i -
moz Roglic, um confronto esloveno
que deu espectáculo em 2019, mas
que Æcou “na gaveta” em 2020, com
o abandono de Roglic. Também
ciclistas como Remco Evene-
poel ou Geraint Thomas, assim
permitam a juventude de um e
a veterania do outro, poderão sorrir
com este percurso.
Já quem só gosta de subir ou quem
só gosta de correr contra o relógio
terá muitas diÆculdades — falamos de
nomes como Carapaz, Yates ou Lan-
da, mas também do próprio Egan
Bernal, com altos e baixos em matéria
de contra-relógio. E todos eles terão
de atacar muito entre as etapas 2 e 19,
já que a organização, de forma astuta,
não colocou o contra-relógio mais
longo, o de 40 quilómetros, numa
fase precoce da corrida, podendo
“matá-la” muito cedo.
Também os sprinters poderão estar
satisfeitos, já que terão cinco ou seis
oportunidades para ganharem em
etapas planas, ainda que algumas
delas sejam traiçoeiras, pelo vento.
Há, depois, dois detalhes interes-
domínio. Será que somos um país
que escapou a esse Çagelo humano?
Como é possível só registarmos
pontuais notícias e processos?
3. Durante o tempo pandémico,
um pouco por todo o mundo do
desporto, viemos a ter sucessivo e
crescente conhecimento de
predadores sexuais e de autores de
outros tipos de abusos,
particularmente tendo menores e
mulheres por referência, em muitas
e variadas modalidades desportivas.
As mais recentes — que dentro em
pouco deixarão de ter esse estatuto
de novidade noticiosa — respeitam
ao futebol feminino. Adiantam as
notícias que um grupo de 24
jogadoras da selecção de futebol da
Venezuela acusaram o antigo
treinador e o preparador físico de
assédio sexual e abusos físicos e
psicológicos entre 2013 e 2017. As
atletas dizem ter tomado a decisão
de denunciar estes
comportamentos para evitar que o
técnico “faça mais vítimas no
futebol feminino e no mundo”.
Por outro lado, da Austrália,
santes. Um deles remete para a exis-
tência de três dias de descanso, algo
que não acontecia há quase 30 anos.
Na altura, em 1993, houve um primei-
ro dia de descanso e, mais tarde, um
período de dois dias consecutivos
sem corrida. Para encontrar três dias
de pausa em fases diferentes da cor-
rida é preciso ir ainda mais atrás, até
1987. Quem pior reage aos dias sem
etapa tem, portanto, um desaÆo a
mais para superar.
O outro detalhe curioso — e este
Mark Cavendish e Julian Alaphilippe durante a apresentação
acusações da antiga internacional
Lisa De Vanna, já retirada, levaram
as autoridades a pronunciarem-se
para garantir uma investigação
sobre alegados abusos sexuais no
futebol feminino. A atleta, 150 vezes
internacional, aÆrmou ter sido
vítima de assédio sexual e bullying
durante a carreira. “Se fui
sexualmente agredida? Sim. Fui
ameaçada? Sim. Fui marginalizada?
Sim. Se vi coisas que me deixaram
desconfortável? Sim”, respondeu.
4. Por cá, o conhecimento
público de situações do mesmo teor
é pontual e perde-se na espuma
devoradora das notícias
desportivas. Referiu-se um caso de
um ex-treinador de futebol juvenil e
de um dirigente de futebol
feminino, a crer nas notícias.
No Jornal de Notícias deu-se
recentemente conta da experiência
de uma ex-jogadora de futebol,
Raquel Sampaio, que aÆrma terem
sido vários os casos de assédio
sexual de que tomou
conhecimento. “Nós, mulheres,
ainda somos algo vulneráveis e
com impacto claro na corrida — é o
regresso do pavé, numa etapa ao esti-
lo Paris-Roubaix. Ao quinto dia, serão
11 sectores de empedrado em estradas
com piso irregular e zonas de terra
batida, um desenho que provocará,
por certo, muito caos no pelotão.
E esta primeira semana de prova,
com etapas ventosas junto à costa, na
Dinamarca, e com o dia do pavé,
poderá deÆnir-se como uma semana
em que ninguém ganhará o Tour, mas
muitos poderão perdê-lo.
GONZALO FUENTES/REUTERS
temos medo de falar das coisas. Se o
caso vier a ser exposto
publicamente, a jogadora pode ser
afastada ou ignorada. Depois, há
treinadores com ligações à direcção
e têm as costas quentes.”
Ao longo da carreira como
jogadora de futebol, há um episódio
de que Raquel Sampaio nunca se
esquece: “Havia um treinador que
não estava ali apenas para treinar e
assediava algumas jogadoras através
de mensagens ou comentários. A
equipa fez queixa à direcção e ele foi
afastado.” Este é apenas um
exemplo de como o futebol
feminino ainda continua a ser um
mundo difícil para as mulheres,
onde crescem muros de silêncio e
impera o medo.
5. Em Portugal, em matéria de
abuso sexual, incluindo de
menores, e de outros abusos sobre
praticantes desportivos,
independentemente do sexo ou
orientação sexual, vive-se em paz.
Podre. Que cheira mal, mas que
poderosas águas-de-colónia de
omissão fazem perdurar.
Para o grande nome do ciclismo
nacional este seria um percurso inte-
ressante. João Almeida, sempre
sedento de muito contra-relógio, teria
vários quilómetros para fazer valer
essa força, dispondo, depois, de
várias subidas longas e constantes —
ao contrário da Volta a Itália, que por
norma tem escaladas mais explosivas,
que vão menos ao encontro dos pre-
dicados do português.
Este Tour tem, ainda, muitas etapas
para os chamados puncheurs, com
subidas não muito duras e indicadas
para ciclistas ofensivos no Ænal das
etapas, como é Almeida.
Acontece, porém, que é improvável
vermos o português no Tour, já que a
mudança para a equipa Emirates o
colocará atrás do bicampeão Pogacar
na hierarquia para a prova francesa.
Resta a Almeida esperar pelo anúncio
do percurso do Giro e rezar para que
seja uma corrida mais à imagem de
2020 (65 quilómetros de “crono”) do
que 2021 (apenas 38 quilómetros).
A cerimónia de anúncio do percur-
so do Tour teve também um peso da
prova feminina. A primeira edição
terá o simbolismo de ter a 1.ª etapa a
partir da Torre Eièel e ser corrida
num circuito nos Campos Elísios,
onde terminará a prova masculina.
O desporto é, também ele,
modalidade a modalidade, um
mundo fechado, em que as vítimas
de abuso (mais ainda quando são
menores) chegam a considerar que
são elas as culpadas pelo que lhes
acontece ou então vêem-se tão
envergonhadas, desmoralizadas,
que não tornam público, não
denunciam o sucedido.
O papel de denunciante, por
outro lado, tem riscos reais na
carreira desportiva que anseiam
empreender.
Cabe, pois, às organizações
desportivas, para além de
campanhas bem-intencionadas,
tomarem em mão as acções que
apoiem a denúncia dos abusos no
desporto, particularmente os
sexuais de menores.
Até lá, de alguma forma,
tornam-se cúmplices por omissão
do que ocorre nesse mundo
obscuro, negro, criminoso e
verdadeiramente aniquilador da
dignidade humana.
Professor de Direito do Desporto

Breves
Hóquei em patins
Portugal e Espanha
empatam no
Europeu feminino
O jogo grande da 4.ª jornada
da fase de grupos do
Campeonato da Europa
feminino de hóquei em patins
terminou com um empate. No
Luso, Portugal e Espanha
anularam-se (1-1), sendo que a
selecção portuguesa (já
apurada) mantém a liderança
da tabela, com 10 pontos, mais
três do que a espanhola, que
tem menos uma partida.
Ténis
Medvedev cai nos
oitavos-de-final
em Indian Wells
O russo Daniil Medvedev foi
afastado nos oitavos-de-final
do torneio de Indian Wells, nos
Estados Unidos, cedendo, por
2-1, frente ao búlgaro Grigor
Dimitrov. Medvedev, primeiro
cabeça de série, venceu o
primeiro set por 6-4 e esteve a
ganhar o segundo por 4-1, mas
permitiu a reacção do 28.º do
ranking mundial e perdeu por
6-4 e 6-3, em 2h16m.
Andebol
FC Porto sofre derrota
diante do Veszprém
na Champions
O FC Porto foi derrotado
pelos húngaros do Veszprém,
por 23-30, na 4.ª jornada da
Liga dos Campeões de
andebol. Este foi o segundo
desaire dos “dragões” na
presente edição da
Champions, somando quatro
pontos no Grupo B, menos
dois do que o oponente de
ontem, do que o Kielce
(próximo adversário) e do que
o líder, o Barcelona.
Futebol feminino Benfica sofre goleada na Champions
DR
A equipa feminina do BenÆca foi
ontem goleada por 5-0, pelo
Olympique Lyon, em jogo do
grupo D da Liga dos Campeões.
Com este resultado, as “águias”
mantêm o terceiro lugar, com um
ponto, menos três do que o
Bayern de Munique e menos
cinco do que o Lyon, campeão da
Europa há duas temporadas.
Em França, a guarda-redes Lelê
acabou por ter uma noite infeliz.
Errou aos 21’, pelo ar, num canto,
Liga anuncia empresa para
centralização de direitos televisivos
O presidente da Liga Portuguesa de
Futebol ProÆssional (LPFP), Pedro
Proença, anunciou ontem a consti-
tuição de uma empresa para a cen-
tralização dos direitos audiovisuais
das provas proÆssionais.
Durante a cerimónia de assinatura
de um memorando com a SIGA
(Sport Integrity Global Alliance),
Pedro Proença considerou que:
“Este foi o maior passo dado nos últi-
mos 20 anos nesta indústria.”
Presente, o secretário de Estado
Pedro Proença
durante a
cerimónia: “Este
foi o maior passo
que foi dado nos
últimos 20 anos
nesta indústria”
e a bola sobrou para Kadeisha
Buchanan Ænalizar. Voltou a errar
aos 31’, mas pelo chão, ao fazer
um passe de risco para Pauleta,
que, de costas para o jogo, acabou
por sucumbir à pressão das
francesas. O golo foi de Daniëlle
van de Donk.
O Lyon ainda atirou duas vezes
a bola à trave, perto do intervalo,
podendo levar para as cabinas
um resultado ainda mais
confortável, frente a um rival que
da Juventude e do Desporto, João
Paulo Rebelo, enalteceu o compro-
misso da LPFP em áreas fundamen-
tais para o desporto, como a trans-
parência, a integridade e a boa gover-
nança, “problemas que não apenas
são de hoje”.
“É uma matéria muito cara ao
Governo e a mim particularmente,
enquanto secretário de Estado do
Desporto, por iniciar o processo
legislativo que conduzirá a algo que
vai ser verdadeiramente transforma-
dor para o futebol proÆssional”, vin-
cou o governante.
O Conselho de Ministros aprovou
em Fevereiro o decreto-lei que visa
impedir que os clubes comercializem
individualmente os direitos dos res-
pectivos jogos relativos à época 2028-
29 e seguintes.
Público • Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 • 43
Desporto
Proposta pena
suspensa para
mulher que gerou
queda no Tour
O Ministério Público (MP) francês
pediu ontem uma pena suspensa de
quatro meses para a espectadora
responsável pela queda que feriu
vários ciclistas, no pelotão da Volta
a França 2021.
No primeiro dia de julgamento, o
representante do MP lembrou que
a ré, de 31 anos, sem antecedentes
criminais, “pôs outras pessoas em
perigo”, considerando que as
“lesões não foram intencionais” e
que a acusada “reconheceu a gravi-
dade do seu comportamento e se
mostrou arrependida”.
O advogado, que viu negada a
sessão à porta fechada, referiu que
a ré “é uma pessoa psicologicamen-
te frágil”. Fragilidade agravada
pelos acontecimentos, “que lhe tor-
naram a vida um inferno”, acres-
centou.
A 26 de Junho, empunhando um
alinhou sem uma das suas cartaz para as câmaras de televisão,
referências, a brasileira Nycole. a ré derrubou o alemão Tony Martin
Aos 53’ chegou o grande ( Jumbo), que caiu desamparado,
momento do jogo, com um golo acabando por ser atropelado por
de Melvine Malard de bicicleta, vários ciclistas, o que causou um
dois minutos antes de Carole “efeito dominó” no pelotão.
Costa levar a mão à bola na A mulher foi detida e interrogada
própria área. Houve penálti e no âmbito de uma investigação cri-
houve 4-0, por Catarina Macário. minal por “lesões involuntárias com
Aos 63’, mais um erro de Lelê uma incapacidade inferior a três
num canto: a guarda-redes voltou meses, por manifesta violação deli-
a abordar o lance aéreo de forma berada de uma obrigação de segu-
infeliz e Buchanan bisou. rança ou prudência”.
Circulação Condicionada | A13
Na A13, de 18 de outubro a 26 de novembro das 21 às 7h,
realizaremos uma beneficiação do pavimento, que implicará
alguns condicionamentos de tráfego, nomeadamente, cortes
de via nos dois sentidos, bem como, trabalhos de beneficiação
nos ramos dos seguintes Nós:
Datas: Nós afetados:
Nó A13/A23, Nó da EN110
Entre os dias 01 e 12 de novembro (Atalaia), Nó de Asseiceira e Nó
da EN110 (Santa Cita)
Os condicionamentos e desvios estarão
devidamente sinalizados nos locais.
Para mais informações consulte regular-
mente o site Ascendi utilizando o código
QR ao lado ou aceda a www.ascendi.pt
ou ligue 229 767 767 (24H).
Ascendi Pinhal Interior, Estradas do Pinhal Interior, S.A
Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021

BARTOON LUÍS AFONSO

Do que falaríamos se não falássemos de eleições antecipadas?

espera até lá chegar seriam
Consoante passados pela esquerda no rotineiro
muda exercício de se saber quem teria
tido mais culpa pela situação a que
se teria chegado, se uns por não
terem sido mais ambiciosos ou se
outros por terem sido demasiado
inÇexíveis. A questão que aqui
coloquei na última crónica — se
quatro anos seguintes. Essas
pessoas estarão menos interessadas
em saber quem teve a culpa de não
ter sido aprovado o Orçamento de
2022 do que em castigar quem lhes
tenha retirado previsibilidade à sua
vida futura. Desse ponto de vista, o
cálculo político de pensar que
partido de esquerda seria mais
aprovar, a pergunta que então se
colocaria é para quê correr estes
riscos e ser de qualquer forma
penalizado por aquilo que então
seria visto por toda a gente como
pouco mais do que uma encenação?
Em tempos, as divergências a
nível de política europeia entre os
partidos de esquerda eram aduzidas
É que enquanto o tema das
eleições antecipadas ocupa o vácuo
político, não se contabiliza o custo
de oportunidade de não estarmos a
falar de outras coisas: de como
Portugal se está a preparar para a
transição ecológica e de que
investimentos precisaria para o
fazer ou do que é preciso fazer para

Q
Rui Tavares
ue o país esteja a falar de
eleições antecipadas a
meio da legislatura e
mal saídos de uma crise
pandémica, económica
e social é uma
manifestação de um falhanço das
elites políticas, tanto no Parlamento
como no Governo. Mas não teria
sequer sido necessário ao
Presidente da República mencionar
a possibilidade de eleições
antecipadas para que nos
apercebêssemos da sua
inevitabilidade caso não haja um
Orçamento para 2022 aprovado: o
país não pode, em ano de
pós-pandemia, viver com os
duodécimos de um Orçamento de
pandemia; e não executar os fundos
europeus, nem os transferir às
autarquias, seria imperdoável nesta
fase que se espera seja de
recuperação.
As eleições seriam então a única
forma de clarificação a seguir.
Sabemos bem que os meses de
todos os partidos de esquerda
sabem que têm de negociar para
aprovar um Orçamento, porque
não o fazem antecipadamente e
com um horizonte mais largo, tanto
temporal como temático, de
medidas a aprovar — continuaria a
valer. Mas a validade que ela teria no
quadro de uma próxima escolha
eleitoral seria sempre superada por
quem pudesse aÆrmar que, de
futuro, apresentaria os seus
orçamentos com uma maioria
prévia para os aprovar, ou porque o
faria conjuntamente no quadro de
um governo de coligação à direita,
ou porque teria maioria absoluta
para os fazer aprovar.
As pessoas que fazem ou seguem
muito política estão muitas vezes
convencidas de que toda a gente
gosta tanto de ouvir falar de política
quanto elas. Mas esquecem-se de
que em eleições votam também — e
às vezes principalmente — as
pessoas que têm como critério-base
da sua escolha ouvir falar o menos
possível de política durante os
penalizado pelo chumbo do
Orçamento — se o PS, ou o BE, ou o
PCP — pode revelar-se falhado
perante um eleitorado cada vez
mais Çutuante que escolhesse
prejudicá-los a todos sem beneÆciar
nenhum.
É precisamente por isso que,
dizem alguns, o Orçamento acabará
por passar — pela mera
inconveniência política que
resultaria de o chumbar. Além de
essa ser das piores razões para o
Este estado de
coisas interessa ao
Governo, que
assim não tem de
dividir as decisões
estratégicas
à discussão para justiÆcar
diferenças que provavelmente eram
mais táticas do que ideológicas. Só
que agora nem a Europa serve esse
papel, uma vez que as regras
orçamentais europeias se
encontram suspensas e a presença
da UE no Orçamento se faz quase
exclusivamente através de
Ænanciamento novo, muito dele a
fundo perdido, para investimento
público.
Por exclusão de partes, então,
não se entende que argumento
poderia justiÆcar uma crise política
— e são os próprios partidos da
maioria à esquerda a dizer que não
pedem muito para viabilizar o
Orçamento ou a demonstrar
disponibilidade para o negociar. Se
o que os separa é pouco, e se
nenhum deles sai engrandecido
pela possibilidade de eleições
antecipadas, por que razão
deixaram as coisas chegar ao ponto
em que a conversa das eleições
antecipadas tenha sequer
plausibilidade?
atingir um novo modelo de
desenvolvimento que não seja
baseado em salários baixos. E este
estado de coisas interessa ao
Governo, que assim não tem de
dividir as suas decisões estratégicas
com mais ninguém, e aos partidos à
sua esquerda, que assim não têm de
enfrentar as contradições dos seus
discursos sobre a Europa, sem a
qual esse novo modelo de
desenvolvimento não é concebível.
Mas aquilo de que eles talvez não
se apercebam é de que, enquanto se
fala de eleições antecipadas em vez
de falar do futuro, todos os partidos
de esquerda saem prejudicados. Se
chegarmos aos 50 anos do 25 de
Abril com um Governo de direita
apoiado pela extrema-direita, isso
dará certamente para belas
descidas da Avenida e discursos na
Aula Magna. Mas duvido que
qualquer trabalhador, estudante,
precário ou pensionista português
Æque a ganhar com a troca.
Historiador

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