Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Na época, os mais ricos acharam que, esse livro, servisse para ensinar ao
Duque como tirar deles todas as riquezas, e os mais pobres julgaram "O
Príncipe" como um documento destinado a orientar aos ricos como tirar a
liberdade dos pobres. É certo, porém que, até hoje, ele tanto serve de manual
de instruções, ou livro de cabeceira, aos governantes de plantão; como
também, permite às camadas populares uma melhor percepção do que é
capaz de fazer um político ganancioso, ainda no tempo presente, para
conquistar ou para se perpetuar no poder.
Isso demonstra que o autor, com essas idéias possa ter reforçado, em alguns
aspectos, a tradição do pensamento antigo, em detrimento da ciência moderna.
Ele não leva em conta as raízes sociais e econômicas dos conflitos no interior
das formações sociais enfocando apenas as disputas do poder pôr príncipes -
a disputa do poder pelo poder - tratando o cidadão comum como cidadão-
soldado, distinguindo-o do cidadão-príncipe, esse sim, tratado como
moralmente virtuoso, o que não reconhece a validade da organização popular e
de massa em busca de igualdade de direitos.
Analisando os principados civis ele diz em "O príncipe" que um príncipe novo é
muito mais vigiado que um hereditário, pois os homens são mais presos ao
presente que ao passado. Ele procura demonstrar que, nos Principados
hereditários, é suficiente conservar o procedimento dos governos antecessores
e contemporizar as novas situações, para se manter o poder. Enquanto que
nos conquistados, para que sejam suscetíveis à dominação, não podem ter
suas leis e impostos modificados, nem a presença da linhagem do antigo
príncipe. "...Cesare Borgia, vulgarmente chamado duque Valentino...
...receava... ...que o papa... ....procurasse tomar de volta aquilo que Alexandre
lhe dera. Contra isso, procurou garantir-se de quatro modos: 1....eliminando
todo o sangue dos senhores que havia espoliado...., 2...atraindo para o seu
partido todos os gentis-homens de Roma..., 3....controlando o máximo possível
os votos no Colégio... , 4....conquistando tanto poder antes da morte do papa,
que pudesse pôr si mesmo resistir a um primeiro ataque." ( * Capitulo VII).
Caso se torne senhor de uma cidade habituada a viver livre, ou seja com várias
concepções políticas entre seus habitantes e lideranças emergentes, é
necessário destruí-la para não ser destruído pôr ela, porque ela sempre
invocará, na rebelião, o nome de sua liberdade e de sua antiga ordem. "...nas
republicas há mais vida, mais ódio, mais desejo de vingança." ( * Capitulo V).
Um recurso útil, para manter o controle pôr um principado conquistado, é ir
habitá-lo, para tornar-se acessível ao povo em casos amistosos, tornando
assim, próximo para ser amado ou odiado, conforme o caso.
É melhor que introduzir uma nova ordem e desagradar aos que se beneficiam
da antiga correndo o risco de ficar isolado.
Maquiavel disse que não convinha o uso de forças de aliados numa guerra,
pois se perdesse a guerra estaria abatido pelo inimigo e se vencesse ficaria
prisioneiro dos aliados. Segundo ele, seria menos perigoso o uso de tropas
mercenárias, ainda que essas, pela sua natureza, apresentassem o perigo da
covardia. Em suma, Maquiavel concluiu que seria melhor perder somente com
suas tropas que vencer auxiliado pôr terceiros. "...somente os príncipes e as
republicas armadas fazem progressos imensos, enquanto que exércitos
mercenários trazem apenas danos." ( * Capitulo XII)
Deve o príncipe não ter outra finalidade nem outro pensamento, senão a
guerra, seu regulamento e disciplina, pois é a única arte que se atribui a quem
comanda. "O príncipe apenas terá adiada a sua derrota pelo tempo que adiado
o ataque, sendo espoliado pôr eles na paz e pôr inimigos na guerra." ( *
Capitulo XII).
Um príncipe não pode seguir todas as coisas de que são obrigados os homens
bons. Para conservar o seu Estado, muitas vezes, é obrigado a agir contra a
caridade, a fé, a humildade e a religião. Ele precisa ter duas razões de receio:
Uma de origem interna, da parte de seus súditos, outra de origem externa, da
parte dos de fora. Não tem porque temer as conspirações se ele é querido do
povo, porém se não for, deve-se temer a tudo e a todos. "...O príncipe que tiver
mais medo do povo que dos estrangeiros deverá construir fortalezas; mas o
que tiver mais medo de estrangeiros do que do povo deverá deixá-las de
lado...". "...A melhor fortaleza que existe é não ser odiado pelo povo..." (*
Capitulo XX)
Um príncipe que tenha uma cidade forte e não seja odiado pelo seu povo não
pode ser atacado e ainda que fosse não seria derrotado. "...os homens são
inimigos de empreendimentos em que vêem dificuldades e não se pode ver
facilidade em atacar alguém que tenha suas terras fortificadas e não seja
odiado pelo povo." ( * Capitulo X )
Os homens têm menos receio de ofender a quem se faz amar do que a outro
que se faça temer, pois o amor, segundo Maquiavel, é rompido sempre que
lhes interessa, enquanto o temor é mantido pelo medo ao castigo. "...como os
homens amam segundo sua vontade e temem segundo a vontade do príncipe,
deve este contar com o que é seu e não com o que é de outros, empenhando-
se apenas em evitar o ódio,..." ( * Capitulo XVII). Não confundir temor com
ódio; "...é muito mais seguro ser temido do que ser amado,.." é no entanto, " ...
perfeitamente possível ser temido e não ser odiado ao mesmo tempo..." ( *
Capitulo XVII).
O príncipe precisa ainda de canais para conhecer a verdade, sem contudo dar
poder a eles. "...não te ofendem, (os homens) ao dizerem a verdade. Se,
porém, todos a puderem dizer, te faltarão com o respeito." ( * Capitulo XXIII).
Já o ministro será bom se não pensar em si mesmo, mas no príncipe. "...os
bons conselhos devem brotar da prudência do príncipe." ( * Capitulo XXIII). Os
conselhos, venham de onde vierem, nascem da prudência do príncipe, e não a
prudência do príncipe de bons conselhos. "Deve escolher um sábio e
conceder-lhe livre arbítrio para lhe dizer a verdade quando o príncipe quiser
saber." ( * Capitulo XXIII).