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Unidade Estudo dos gases e Termodinamica Na Unidade anterior estudamios os conceitos de calor © temperatura. Defi- nimos calor como uma forma de energia ue € transferida de urn corpo para ou- ‘ro quando ha diferenca de temperatura entre eles ‘As formas de transmitir calor sao a conducio, a conveccdo e a radiacio. Estudamos que a transferéncia de calor ‘ocorre de um corpo quente para um cor- po frio, como observamnos em muitas si- ‘uacoes cotidianas. Nos refrigeradores e nas geladeiras, 0 lor € transmitido por correntes de con- veccdo. No entanto, nesses equipamen- ‘tos acontece um fato interessante, que parece contariar esse senso comum: a transferancia de calor se faz de uma re- giao fria (congelador) para uma regiao ‘quente (ambiente) D> Voce consegue explicar como isso ocorre? Disposicao de alimentos em uma geladera, Para a manutenco da sade, ¢ importante ter habits alentares saudaves e consume charanente ede forma equilbrada Huts, vecluas, legumes, protelnas, gros intearas, leite e dervados, dleos saudavelse aque, Alem disso, 2 prtica de atividade fisica acompanhiada de profissional adequado é fundamental 87 Cou eed Comportamento térmico dos gases Nesta Unidade, iniciaremos 0 estudo de uma area da Fisica denominada Ter- modinamica, cujas leis relacionam fendmenos como calor, trabalho e energia. A Termodinamica também traz uma interpretac3o microscépica desses fenémenos, i. sendo o estado gasoso das substancias 0 mais indicado para seu estudo, pela sua 1 e¢um.cm Gescri¢go mais simplificada Por raz6es didéticas, a Fisica define um modelo em que é possivel uma des- ctigo mais simples dos gases: gases perfeitos ou ideais. Esse modelo pressupde as seguintes caracteristicas’ ‘suas particulas (stomos ou moléculas) movem-se caoticamente, obedecendo as leis da Mecénica cléssica; + suas particulas nao interagem entre si, exceto durante as colisoes; * 05 chogues entre as particulas e entre elas e as paredes do recipiente sao per- feitamente eldsticos e tém duracao desprezivel; * suas moléculas tém dimensoes proprias despreziveis. Na verdade, nenhum és é perfeito. Essas condicbes so postas apenas para simplificar a descricao fisica do sistema. No entanto, um gs preso em um re- cipiente a baixas presséo e temperatura pode ser considerado um gés ideal ou perfeito 3 Pratica de balonismo, (Os gases tem diversas aplicacBes no nosso cotigiano, desde 0 funconamento de motores de carros até prética cde esportes como o balonismo ‘que observamos na imagem. Qual importancia de estudarmos 0 comportamenta os gases? O estado termodinamico de um gas (nao confundir com 0 estado fisico da matéria) é definido por trés grandezas fisicas: 0 volume V, a presséo p e a tem- peratura T, que so denominadas variaveis de estado de um gas. Quando ocorre a alteracao de uma dessas variaveis de estado, dizemos que o gs (também chamado de sistema) sofreu uma transformacao de estado e se encontra em estado diferente do inicial Compreender como sao relacionadas as variaveis de estado e como cada uma delas se altera durante uma transformacao foi um proceso empirico, isto : FEE _ 6, baseado fortemente em experimentos praticos, independentemente do de- senvolvimento teérico. Entre os intimeros trabalhos realizados, destacam-se o do fisico anglo-irlandés Robert Boyle (11627-1691) e os dos franceses Edme Mariotte (1620-1684), Louis Joseph Gay-Lussac (1778-1850) e Jacques Alexandre César Charles (1746-1823) A estratégia empirica utilizada por esses cientistas para o estudo das trans- formagées gasosas foi manter uma das varidveis de estado constante e verificar como ocorria a alteracdo das outras duas (uma em funcSo da outra). Nos arran- jos seguir, considere que uma massa de gas est contida dentro de um recipien- te com émbolo mével, de modo que este possa se ajustar a qualquer variacéo das condicdes de temperatura, pressdo e volume que 0 gas sofra, BB Unidade4 + Fstudo dos gases eTermodingimica Transform: isotérmi (leide Lyle May: = Uma transformacdo € chamada isotérmica quando a temperatura permanece constante e variam so- mente a pressao e 0 volume do gas. Por meio de experimentos, Boyle @ Mariotte concluiram que o volume de um 945, quando @ temperatura é constante, varia inversamente com a ppressSo. Isso significa que, em urn re- py=pv= v D> pv, = pv = constante 0 fato de a pressao e 0 volume serem inversamente proporcionais para uma transformacéo isotérmica pode ser observado no gréifico 20 lado, em que representamos os estados do gas em um diagrama pxv. Transformagao isobarica (18 lei de Charles/Gay-Lussac) & sl i transformag3o 3 ae i Uma transformagao é chamada de isobarica quando a presséo permane- ce constante e ha variagao da temperatura e do volume do gas. Também empiricamente, os fisi- os franceses Charles e Gay-Lussac, de maneira independente, conclu ram que, 8 pressio constante, 0 volume de um gas é diretamente proporcional 4 temperatura abso- luta. Isso significa que, se aumen- tarmos a temperatura de um gas dentro de um recipiente, a energia Cinética das moléculas ou dos dto- mos também aumentara, fazendo que as colisdes entre as particulas @ as paredes do recipiente sejam mais violentas. Se a presséo for constante, por definicSo, as colisées das particulas com o recipiente 0 levardo a expandir, aumentando o volume ocupado pelo gas. Algebricamente, expressamos esse fato por: V = constante -T ou Ccaplelo 7» Comportameno trmicodos gases 89 fato de 0 volume e a temperatura absoluta do gas serem diretamente pro- porcionais para uma transforrmagao isobérica pode ser observado nos araficos a seguir, em que representamos os estados do gas em dois diagramas, um p x V e outro V x T. > Transformacdo isovolumétrica (2? lei de Charles/Gay-Lussac) Uma transformacéo é chamada de isovolumétrica (ou isocérica) quando 0 volu- me permanece constante ¢ hé vatiacio da pressao e da temperatura do aés. De maneira andloga 20 experimento anterior, Charles e Gay-Lussac concluitam que, a volume constante, a pressao de um gas é diretamente proporcional a tempe- ratura absoluta, Isso significa que, se aumentarmos a temperatura de um gas dentro do recipiente, a energia cinética das moléculas ou dos dtomos também aumentara, fazendo que as colis6es entre as particulas e as paredes do recipiente sejam mais vio- lentas. Nesse caso, para manter o volume constante 6 necesséria uma pressao cada \vez maior sobre 0 émbolo movel para que este nao seja empurrado pelo gas. Algebricamente, expressamos esse fato por: t p =constante-Tou p> 2 0 fato de a pressao e a temperatura absoluta do gas serem diretamente pro- porcionais para uma transformacdo isovolumétrica pode ser observado nos grafi- Cos a seguir, em que representamos os estados do gas em dois diagramas, um px Veoutrop xT. 90 Unidade4 + Fstude dos gases Termodinimica 3. Lei geral dos gases Com as trés leis apresentadas, podemas obter uma equaco de estado que relaciona as variaveis p, Ve T e que é valida para qualquer transformagio so- frida pelo gas. Considere que uma massa de gas confinada em um recipiente, em um estado inicial caracterizado pela pressao p,, volume V, e temperatura T, passa para um estado final, com pressao p, volume Ve temperatura T. Vamos relacionar 0s diferentes estados de um gas por meio de uma tnica lei, que recebe o nome de lei geral ou equacdo geral dos gases, obtida pela associagio das leis de Boyle-Mariotte e Charles/Gay-Lussac: » PM _ BY —constante Vale lembrar que as equacoes das trés leis foram determinadas para a tem- peratura absoluta e, por isso, € obrigatéria a utilizagao da escala Kelvin para a equacao geral dos gases. Além disso, s40 consideradas condigbes normais de temperatura e pressdo (CNTP) os valores de p = 1 atm = 760 mmHg e T=273Kou0°C. | Exercicios resolvidos ON Tele Sse AM eed Um gas, mantido a volume constante, tem presstio inicial pe temperatura inicial T = 27°C = 300 K. Determine, na escala Celsius, a temperatura em que esse gas exercerd o dobro da pressio inicial. Resolucéo, © gas evolui do estado (p, V, 300) para 0 estado (2p, V, T). Gomo a transformagao ¢ isovolumétri- ca, temos: PB TT, PB pe 300 rr rae ‘A temperatura na escala Celsius (T,) & dada por: T, =T ~ 273 = 600-273 = T, = 327°C ‘Um. gas, mantido & temperatura constante, tem pressio inicial p e volume inicial V. Determine 0 acréscimo percentual da pressio quando 0 volume Ereduzido de 20%. Resolucéo, O gis evolui do estado (p, V, T) para o estado (p’, 0,80V, T). Comoa transformacao ¢ isotérmica, temos: pV=p% 0,80- 1,25-p Logo, a presso aumenta 25%. pv jma massa de hidrogénio, sob pressdo de 2,5 atm temperatura de 77 °C, ocupa um volume de 500 em*, Calcule seu volume nas condigées normais de tempe- raturae presséo. Resolugéo. Inicialmente, determinamos a temperatura absoluta correspondente a 77°C. T,=77°C = 1,=350K Para as condigSes normais de temperatura e pressio, temos: T=273Kep=1atm my T 28:500_1-V 350-273 Obtemos: v= 975m" Ccaplelo 7» Comporamenco térmico dos gases 91 Seed ie seed 1. Durante o século XVIII, as investigagées experimen- tais realizadas por alguns pesquisadores a respeito do, comportamento dos gases levaram 8 elaboragéo da lei dos gases ideais. A respeito dessas investigagies experimentais, é ineorreto afirmar que: a) de acordo coma lei de Boyle Mariotte, se a tempera- tura de um gés é mantida constante, o volume da massa de um gas é inversamente proporcional a pressao. b)de acordo com a 1* lei de Charles/Gay-Lussae, se a presso de um gas é mantida constante, o volume da massa de um gés é diretamente proporcional & tem- peratura absoluta, x¢) de acordo com a 2 lei de Charles/Gay-Lussac, se a pressio de um gs ¢ mantida constante, 0 volume da massa de um gas é inversamente proporcional & temperatura absoluta. 4)a expresso denominada lei dos gases ideais retineo conhecimento das leis de Boyle-Mariotte e de Charles/ Gay-Lussac, que permite relacionar as varidveis pres- sfo, volume e temperatura, ©) de acordo como préprio nome, a lei dos gases ide- ais ndo se aplica, precisamente, aos gases reais, mas permite avaliar aproximadamente o comportamento de todos os gases. 2. Considere que a massa de um gas ideal, quando A pressdo p ¢ a temperatura T, ocupa um volume V. Caso o seu volume seja reduzido & metade e a pressio triplicada, qual sera a nova temperatura? 1'=15T 3. A seguir, no diagrama (p X V),estio representadas trés transformag6es (I, Ie ID de um gis, onsiderado ideal. Relacione as transformagées (I, Ile I} as denominagies| (isobsrica, isotérmica e isovolumétrica), justificando-as. Notonsfomiol nos atrgie devel ogo ‘uma tarfomaxie Korat. atone 4, Ospneus de um automével foram igualmente calibra- dos a uma temperatura de 17°C. Apés uma viagem, a0 medir novamente a pressdo dos pneus, omotorista notou que ela havia aumentado 20% em relagdo a ini- cial. Admitindo que nao houve variagao de volume, calcule a nova temperatura dos pneus. 15°C 5. (Vunesp-SP) A Figura I representa um gés perfeito de volume V,, contido num cilindro fechado por um_ 92 Unidade4 + Fstudo dos gasese Termodiniimica —— €mbolo de peso P, que pode se mover livremente. Colocam-se gradativamente grios de areia sobre 0 vi émbolo, que desce até o gés ocupar o volume —- , como mostra a Figura Il. GS Figura Figura Admite-se que 0 processo ¢ quase estitieo, ou seja, suficientemente lento para que o sistema se mante- nha em equilibrio térmico com 0 ambiente, que por sua vez se mantém a temperatura constante. Pode- -se afirmar que o peso total dos griios de areia colo- cados sobre o émbolo ¢ igual a: xa) 3P oP ot by 2P oF 6. Atransformagio ABC de um gas ideal é representada no diagrama a seguir. (aim) vom) 2 5 Considerando que a temperatura no estado A é de 127°C, alele a temperatura em "Cn estados Be 7. Atabela a seguir mostra o volume Ocupado por certa ‘massa de gas ideal que varia de volume em funcio da temperatura. a0 4 endo asi a renfomacss @ okie, 100 5 160 8 200 10 2) Quala relagio entreo volume ea temperatura? b) Qual é a transformacao que o gas esté sofrendo? ©) Com os dados da tabela esboce 0 gréfico que rela- ciona temperatura e volume. feos fn vo. Como alguns fenémenos naturais estao associados a variacao térmica? A ocorréncia de alguns fenémenos naturals como géiseres, ter- remotos e vulebes esté associada as variacbes térmicas ocorridas no subsolo. Os g@iseres sao fontes que liberam agua quente em forma de jatos, por periodos que podem variar de segundos a alguns dias. ‘A agua liberada pode atingir 300 m de altura e, nos casos em que a temperatura da agua é maior que 100 °C, ocorre a formacao de vapor de agua. © processo de formagao de um geiser depende fundamental- mente da temperatura do material rochoso e da quantidade de gua. O aquecimento dessa Agua, em contato com rochas ou lava vuicdnica a elevadas temperaturas, 6 gradual e acorre até que ela atinja um ponto no qual se verifica ebuligao muito rapida, Como 2 gua no interior da Terra se encontra submetida a alta pressao, 2 ebulicdo da qua ocorre a valores superiores a 100 °C. A répida ebulicdo causa uma expans3o com aspectos explosives, ocorrendo o lancamento da Agua em jatos para a atmosfera. A repeticao desse pprocesso gera um fendmeno ciclico, que so acontece porque os espacos deixados pela dgua, que foi lancada para a superficie, serdo Os oiseres fortes quelveram agua quente na forma de ats) sao fenomenos razoavelmente ‘ocupades por outra quantidade de aqua que se infiltra pelas fendas nt far0s, que se manifestam em poucos locas na do solo e novamente seré aquecida. Terra (Strokkur,ilanaia, 2006), Esquema geral de um o@iser. Esquema simplficado para formacéo de um ser. Insta es prods com base en Enciclopia do Estudante, Cincias a terrae do universo io Paulo: Moderna, 2008p 163 O fato de esse fenémeno se repetir favoreceu, em alguns locais, como Nova Zelandia e Japao, 0 aproveita- mento da energia geotérmica (energia obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra). Algumas usinas desses paises produzem energia & taxa aproximada de 20000 kW. (ma 1. Conforme os dados fornecidos pelo texto, podemos considerar a energia geotérmica uma fonte renovével de cenergia? An cholic poverete co amieement scar ser cen 2. Qual fenémeno ciclico mencionado no texto possibilita a utilizagéo da energia geotérmica? 2" —S ita norms es eager eg ta, pr Nec ca mrtg de tuba 0 Capitulo 7 + Comportamenta térmico dos gases, 93 pry Se ty ms eee CR Transformagées termodinamicas com o ar “Muitas ctianeas sao fascinadas com os baldes de 4s hélio, que so menos densos que a massa de ar que deslocam e ficam suspensos por barbantes amar- rados nas mios. Esses baldes, se soltos ao ar livre, sobem pela atmosfera € o gas em seu interior sofre transformagdes de estado. Voct sabe dizer 0 que acontece com a massa de gis no interior do balao enquanto sobe pela atmosfera? Quais grandezas de estado variam no trajeto? Para ajudara pensar nas transformagées que ovo- lume de um gés pode sofrer, sugerimos a realizagio das atividades a seguir. + 2bexigas + vela + dgua + fésforos + copo * 1 pedago de mangueira (10 em) Etapa1 + Encha bastante a primeira bexiga e introduza uma das extremidades do pedaco de mangueira na aber- ‘ura da bexiga, mantendo a abertura fechada com os dedos, para que o ar nao escape. + Encha a segunda bexiga com pouco ar (o volume deve sera metade do volume da primeira bexiga) € introduza a outra ponta do pedago de mangueira na abertura da bexiga, mantendo a abertura também ppresa com os dedos, para que o ar nao escape. O apa- rato deve ficar como mostrado na ilustrago abaixo. Aparato do esqueme inci Atencio feo nt eoproiasot | Feleser os comets asa seo encase fo tase & atenayes ofa dete vate eA, (SE) 1. 0 que woed acha que vai acontecer quando soltar os dedos? + Solte as aberturas simultancamente ¢ observe 0 ‘que acontece. + Repita o experimento e observe o que ocorre com as bexigas. 2.0 que voce verificou? 3. Tente explicar o motivo para o que aconteceu no ex- perimento, soaps Etapa 2 Utilizando as mesmas bexigas, vamos agora verificar se elas so resistentes ao fogo. + Encha uma bexiga com ar, dé um né na sua abertura e prenda-a mangueira + Aproxime-a da chama de uma vela. Cuidado, faca o experimento somente sob a supervisio de seu professor. (pevands © que voré observa? * Coloque 4gua no interior da outra bexiga (aproxi- ‘madamente meio copo), complete com ar e dé um 16 na sta abertura, prendendo-a & outra extremi- dade da mangueira, + Aproxime-a da chama da vela 5.0 que voce observa? 6. Tente explicar o que aconteceu. t t Procedimento experimental da Etapa 2 94 Unidade4 + Rstude dos gases Termodiniinica Nemes veterans Ge Pees RS) Akl Vimos que a lei geral dos gases determina a relacao entre pressao, volume e temperatura de um gas, conforme ‘equacao na pagina 91 Nessa relacdo no hé nenhuma indicacao sobre a quantidade de gs presente no sistema. Assim, s6 pademos utilizé-la se a quantidade de gas se mantiver constante. Entretanto, podemos ampliar a utilizacéo da equacao da lei geral para que ela se aplique a qualquer massa de g4s. Para tanto, vamos analisar a equacao de Clapeyron e recordar alguns conceitos de Quimica. * Um mol de uma substancia é a quantidade equivalente a 6,023 « 10” particulas elementares que formam essa substancia. Esse numero é uma constante, denominada numero de Avogadro. * A massa molar M de uma substancia € a massa de 1 mol das particulas que formam essa substancia expressa em gramas por mol. Por exemplo, a massa molar do gas carb6nico, CO,, é M = 44 g/mol. Isso porque C = 12u e O = 16u (u = unidade de massa atomica); logo 12 + 16 - 2 = 4du. * A quantidade de materia em mols n de uma massa m de uma substancia € expressa pelo quociente: n= 4 Por exemplo, para uma massa de 880 g de gas carb6nico (CO,), podemos determinar a quantidade em mols presente na amostra pela expresso: 880 _ FP = 20 mol Viros que tanto nas leis que regem as transformacbes gasosas, leis de Boyle-Mariotte e Charles/Gay-Lussac, ‘quanto na lei geral dos gases, os estados pelos quais passa uma quantidade de gis podem ser relacionados entre si, Para um estado especifico, a relagao entre as variveis p, Ve T pode ser igualada a uma constante. Essa cons- tante depende apenas da quantidade do gas, sendo diretamente proporcional ao néimero de mols. Chamando a constante de R, podemos reescrever a equacdo geral dos gases: pv ee Aconstante R é denominada constante universal dos gases ideais, e seu valor depende das unidades usadas: R 082 8M“ oyx = 8,31 4 (sn, mol = K mmol k Exercicio resolvido > Em um laboratério, hd uma quantidade de 20 mols de um gis perfeito que sofre expansao isotérmica. A pressao: dessa massa de gés ¢ de 10 atm eo volume, 81. Ao fim da expansao, o volume ¢ de 40 1. Sendo assim, determine: a) a pressio final da massa de gas; ba temperatura em que ocorre a transformagao, Dado: constante universal dos gases: 082 Am Le ‘mol -K Resolucao a) Pela transformacéo isotérmica, usando a lei geral dos gases: BM =pV 10:8=40-p p= 2am ) Para determinar a temperatura em que ocorrea ex- pansiio usamos a equaco de Clapeyron e os dados do estado final da transformacio: pV=nkT 2-40 = 20-0,082-T T=48,8K Ccaplelo 7+ Comportameno térmicodos gases 95 Exercicios propostos 8, (Enem/MEC) Nos iiltimos anos, o gis natural (GNV: 4s natural veicular) vem sendo utilizado pela frota de vefculos nacional, por ser vidvel economicamentee ‘menos agressivo do ponto de vista ambiental. Oquadro compara algumas caracteristicas do gas na- tural e da gasolina em condigdes ambiente. GNV. Gasolina Apesar das vantagens no uso de GNV, sua utilizagéio implica algumas adaptagdes técnicas, pois, em condi- es ambiente, o volume de combustivel necessario, em relagdo ao de gasolina, para produzir a mesma energia, seria a) muito maior, 0 que requer um motor muito mais potente. xb) muito maior, o que requer que ele seja armazenado aalta pressio, ©) igual, mas sua poténcia ser4 muito menor, 4) muito menor, o que torna ovveiculo menos eficiente. e) muito menor, o que facilita sua dispersio para a atmosfera. 9, Um recipiente com dilatagao despreztvel possui capa- cidade de 40 Le contém uma massa de gas oxigénio 127 °Ce 8,2atmde pressio, Caleule a massa de gis contida no recipiente. Dado: M,, = 32 g/mol. 3205 atm -L Para os exercicios a seguir, consdere R = 0,082 oe ee aol K Quando calibrar os pneus? Pense além Manter a pressdo recomendada pelo fabricante dos pneus @ garantia do melhor desempenho e da durabilidade deles, além de ser essencial para a se- guranca do veiculo e das pessoas que estao em seu interior. No caso de a pres- 0 estar abaixo da recomendada, ocorre reducao da durabilidade do pneu e ‘aumento do consumo de combustivel e do risco de acidentes. No caso de alta pressao, a area de contato do pneu com 0 solo diminui, reduzindo a aderéncia 10. Determine a pressio no interior de um recipiente cujo volume ¢ 16,4 Le que contém 128 g de oxigénio & tem- peratura de 27 °C. Considere a massa molecular do oxigénioM = 32 g/mol. 5atn 11,Calcule 0 volume que devem ocupar 10 mols de um gés perfeitoa 127°C, para exercer nas paredes de um recipiente uma pressdo de 8 atm. 41. 12. Um gis perfeito com massa molar igual a 20 g/mol ocupao volume de 98,4 L sob pressio de 5 atm etem- peratura de 27°C. Caleule: a) ontimero de mols do gas. 20m b) a massa do gs 09 13, 50 gramas de gas hidrogénio a 13 °C sto colocados num recipiente de paredes rigidas cujo volume é de 20 L. Supondo que o hidrogénto se comporta como um gés perfeito, calcule a pressdo exercida por ele. Considere: a massa molar do hidrogenio igual a 2g. Para os exercicios a seguir, considere R = 8,31 14, Define-se mol de uma substncia como a quantida- de equivalente a 6,023 - 10 moléculas que formam ‘uma substancia. Galcule o niimero de moléculas de um gés perfeito a 227 °C contido num recipiente de 4,0 Le pressio de 1,0 - 10% Pa. = 58-10" nol: 15. Para ndo corter riscos no setor de producao, uma in- diistria de refrigeragdo mantém reservas de oxigeni gasoso. Um dos reservatérios, cujo volume é 0,16 m?, contém 512 g de O, & pressdo de 2 10° N/m*, Nessas condigées, determine: a) a quantidade de matéria, em mols de O,, contida no reservat6rio; sire b) atemperatura absoluta do oxigénio no interior do reservatério. 240% Calibragem de pnew do pneu e a estabilidade, especialmente nas curvas. Nessa condigo, em casos de frenagem de emergéncia, 0 risco de acidentes € maior, ato ene a5 3 Sea calagter es. peu & do ps0 causa 0 aqsecmento opie 9 aumento de sua press itera isa cnc, 2 esac 0 peu etd a reside aba daclarada iialerte ra. (SE) 1. Os manuais de orientagao para a calibragem dos pneus recomendam que o usudrio nao calibre os pneus ap6s 0 veiculo ter percorrido um longo percurso. Explique o motivo para que essa orientacéo seja dada. 96 Unidade4 » Rstuda dos gases Termodintnica 5. Teoria cinética dos gases Como vimos, as leis apresentadas que caracterizam o estado de um gas foram obtidas de forma empirica, ou seja, baseadas fortemente na realizac3o, de experimentos. E interessante observar também que essas leis relacionam, variaveis macroscépicas, isto é, € possivel determinar o comportamento do gas, sem saber de fato 0 comportamento das particulas que 0 compoem Foi com base na teoria cinética dos gases, elaborada posteriormente, que houve uma descricao do comportamento microscépico do gas relacionada com as grandezas macroscépicas. Pode-se dizer que foi o inicio da teoria atémica da matéria e da Mecénica Estatistica. A teoria cinética dos gases estuda o comportamento das particulas do gas aplicando as leis da MecSnica ao seu movimento e justificando a presséo, a temperatura e 0 volume do gs. Por ter um cardter estatistico, 6 necessario que 0 sistema considerado seja constituido de um numero suficientemente grande de particulas. Assim, em vez de tentar determinar o valor da velocidade de cada particula, lembrando que as particulas podem apresentar diferentes velocidades, definem-se os valores médios dessa grandeza > Relacao da presso e da temperatura com a energia cinética média de um gas Para chegar a uma expressao que represente a relacdo entre a pressio € a energia cinética média das particulas, vamos considerar 0 modelo tedrico de gas ideal compost de moléculas. Considerando um recipiente sob volume fixo, @ presséo de uma massa de gas depende somente da temperatura, ou seja, da energia cinética média das moléculas. Sabemos que a pressio pode ser determinada pela razdo entre a forca F exercida pelo conjunto das moléculas que colidem com as paredes do recipiente ea érea A de uma dessas paredes. Considere um recipiente cubico em que temos a representagao do choque elastico de uma molécula do gs com uma das paredes do reci- piente cuibico de aresta a e volume V. ‘Considerando que o deslocamento da molécula ocorre na direcao x, ‘ou seja, perpendicular a parede com a qual se choca, a variacao da quan- tidade de movimento sera: AQ, = 4, a0, ¥, (0 modulo da variacdo da quantidade de movimento dessa particula de massa m e a velocidade v, (ou —v,) na direcao x, para a colisdo elas- tica, € 20, (-v,) = (mv, = —mv, — my, = A¢ =-2 m(-v) — (mv) = —mv, ~ mv, = AQ, = ~2mv, Nessa coliséo, se a molécula variou sua quantidade de movimento de —2mv,, a quantidade de movimento transferida para a parede do reci- piente pela colisdo 6 2mv,, ou seja: AQ, unis = 2, A forca que @ molkécula aplica sobre a parede pode ser obtida pelo teorema do impulso, que a relaciona com a variagao da quantidade de movimento e 0 intervalo de tempo durante a colisio, em médulo: | = AQ; Fat CCaplelo 7+ Comporamento térmico dos gases 97 Ao. feet de pala mover sera deo Xe AES At -colidinda com uma das faces do recipiente. ne Entretanto, esse intervalo de tempo é extremamente pequeno e desprezi- vel. Para contornar esse problema, em vez de usar a forca de interacdo entre a molécula e a parede do recipiente, vamos utilizar uma forca média (F), de intensidade menor, que atua em um intervalo de tempo At’ maior, produzindo a mesma variacao da quantidade de movimento. AQ p42. at’ \Vamos supor que esse novo intervalo de tempo para determinads forca mé- dia é tal que equivale ao intervalo de tempo gasto durante o percurso contrario, da parede diteita para a parede esquerda: v= 4S = t= At y, ‘Apés bater na parede esquerda, a velocidade da molécula tera sentido opas- to, voltando novamente para a parede direita, Dessa forma, o tempo de ida € volta seré Com isso, podemos escrever a forca média que atua sobre a parede do re- cipiente com as equacoes () e @) AQ _ 2my, _ my aU 2a Ye A forca média resultante F,, aplicada & parede, pelas N moléculas que constituem o gas € dada por Blur tye to. +42] > Fp a (tM Ny mo ao ® Entao, a pressao sobre as paredes do recipiente devido a coliséo das molécu- las pode ser obtida da seguinte maneira nme Considerando que a? @ a area da parede e a* o volume do recipiente, temos: _ Nm Vv Como as moléculas se deslocam desordenadamente em todas as direcoes, temos: Admitindo as igualdades dos valores médios das velocidades nas trés direcdes: ~ => Ma HG Portanto, temos a presso: » 1 Nm 3°” 2 em que 0 produto N - m é a massa total do ads. 9B Unidade4 > Rstuda dos gases Termodininica

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