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SUMÁRIO

1. SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO ............................................ 2

2. HISTÓRICO DA FARMÁCIA HOSPITALAR ............................................ 3

3. CONCEITO DE ADESÃO ........................................................................ 4

4. FARMÁCIA HOSPITALAR .................................................................... 13

3.1- Logística .......................................................................................... 14

3.2- Seleção ........................................................................................... 14

3.3- Aquisição......................................................................................... 15

3.4- Recepção e conferência de produtos adquiridos ............................ 16

3.5- Armazenamento .............................................................................. 17

3.6- Distribuição ..................................................................................... 19

5. FARMACÊUTICO HOSPITALAR .......................................................... 22

5.1. Assistência Farmacêutica ............................................................... 23

5.2. Atenção Farmacêutica .................................................................... 23

5.3. Principais atribuições do farmacêutico dentro das instituições


hospitalares 24

6. INDICADORES DE QUALIDADE .......................................................... 28

7. A COMISSÃO ASSESSORA DE FARMÁCIA HOSPITALAR ................ 29

8. LEGISLAÇÃO - FARMÁCIA HOSPITALAR ........................................... 30

9. CENTRO DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS ..................... 31

9.1- Desempenho econômico, terapêutico e acreditação ...................... 33

9.2- Fontes de informação sobre medicamentos ................................... 37

9.3- Avaliação crítica da qualidade da informação sobre medicamentos


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9.4- Garantia de qualidade ..................................................................... 42

10. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 44

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1. SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO

Fonte: i.ytimg.com

O Seguimento Farmacoterapêutico (SF) permite ao farmacêutico aplicar os


seus conhecimentos sobre problemas de saúde e medicamentos, sejam estes sujeitos
a receita médica ou não, com o objetivo de atingir resultados concretos que melhorem
a qualidade de vida dos doentes.
O SF, como qualquer outra atividade de saúde, necessita de procedimentos de
trabalho normalizados e validados através da experiência para ser realizado com a
máxima eficiência de modo a permitir avaliar o processo, mas sobretudo os resultados.
O seguimento farmacoterapêutico assumido como prática profissional, em que
o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do doente relacionadas com os
medicamentos, tem como objetivo alcançar resultados concretos que melhorem a
qualidade de vida do doente. Estudos demonstram que a implementação do
seguimento farmacoterapêutico em ambulatório ou em hospital melhora os resultados
pretendidos com a farmacoterapia.
Estes resultados são tanto mais positivos quanto maior a adesão à terapêutica,
podendo esta, por sua vez, ser promovida pelo farmacêutico.

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A não adesão é hoje conhecida como a principal causa do aumento da
morbilidade e mortalidade, redução da qualidade de vida, aumento dos custos
médicos e excesso da utilização dos serviços de saúde. Aderir ao regime terapêutico
influencia o sucesso do tratamento, diminuindo significativamente os custos, em
termos médicos e sociais.
Assim, o farmacêutico tem no seguimento farmacoterapêutico uma forma de
monitorizar a adesão do doente, conseguindo em última análise, ganhos em saúde.

2. HISTÓRICO DA FARMÁCIA HOSPITALAR

A profissão farmacêutica pode ser considerada uma das mais antigas e


fascinantes, tendo como princípio fundamental a melhoria da qualidade de vida da
população. O farmacêutico deve nortear-se pela ética, apresentando-se como
essencial para a sociedade, pois é a garantia do fornecimento de toda a informação
voltada ao uso dos medicamentos.
No segmento hospitalar, no começo do século XX, a farmácia já se mostrava
imprescindível ao funcionamento normal do hospital.
A partir de 1930, e de forma mais importante em meados de 1940, de modo
crescente, acentuou-se a influência da indústria farmacêutica.
A partir de 1950, os serviços de farmácia hospitalar, representados na época
pelas Santas Casas de Misericórdia e hospitais-escola, passaram a se desenvolver e
a se modernizar. O professor Dr. José Sylvio Cimino, diretor do Serviço de Farmácia
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi
o farmacêutico que mais se destacou nesta fase, sendo, inclusive, autor da primeira
publicação a respeito da farmácia hospitalar no país. De acordo com esta publicação
e com a visão da época, o principal objetivo da farmácia hospitalar era produzir e
distribuir medicamentos e produtos destinados à saúde às unidades requisitantes e
servir ao hospital como órgão controlador da qualidade dos produtos.
Unidade tecnicamente aparelhada para prover as clínicas e demais serviços
dos medicamentos e produtos afins de que necessitam para normal funcionamento.
Se até o início da década de 70, na Europa e nos Estados Unidos, os objetivos
da farmácia eram restritos, ficando apenas na obrigatoriedade de distribuir produtos

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industrializados aos pacientes, no Brasil não era diferente, e o farmacêutico hospitalar
tinha como função o fornecimento dos medicamentos e o controle dos psicotrópicos e
entorpecentes.
As funções do farmacêutico hospitalar no Brasil estão definidas pela Resolução
do CFF nº 492 de 26 de Novembro de 2008.
A Portaria do Ministério da Saúde 3916/98 criou a Política Nacional de
Medicamentos, a Política Nacional de Saúde definiu as premissas e diretrizes, e
ambas estabeleceram a reorientação da Assistência Farmacêutica voltando-se,
fundamentalmente, à promoção do uso racional de medicamentos.
A farmácia é um setor do hospital que demanda elevados valores
orçamentários, e o farmacêutico hospitalar deve estar habilitado a assumir atividades
clínico-assistenciais (participação efetiva na equipe da saúde), contribuindo para a
eficiência administrativa com consequente redução dos custos. Tem como principal
função garantir a qualidade da assistência prestada ao paciente, por meio do uso
racional dos medicamentos e produtos para saúde, adequando sua aplicação à saúde
individual e coletiva, nos planos assistencial, preventivo, docente e investigativo.
Atualmente, as exigências para o farmacêutico hospitalar se aplicam também
ao âmbito da Gestão deste setor como um todo. Percebe-se então que a amplitude
de atuação deste profissional não é de forma nenhuma restrita a um único foco, seja
ele técnico ou administrativo.
O perfil ético e a capacitação técnica deste profissional devem ser
diferenciados, de modo que se garanta uma atuação de qualidade nos diversos
setores hospitalares, com uma equipe multidisciplinar.

3. CONCEITO DE ADESÃO

A primeira alusão à importância do cumprimento das prescrições médicas foi


feita por Hipócrates há 2400 anos.
Etimologicamente, a palavra adesão deriva do latim “adhaesione” sendo
definida como ato ou efeito de aderir, aderência, assentimento, aprovação,
concordância, apoio, manifestação de solidariedade a uma ideia, a uma causa. No

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entanto, o conceito de adesão apenas foi desenvolvido no século XX por Haynes, em
1979.
Sackett e Haynes introduziram o conceito “adesão ao tratamento” na literatura
médica em 1976 e a sua definição foi uma das mais usadas. Estes autores
descreveram adesão ao tratamento como “O ponto em que o comportamento de uma
pessoa que toma medicamentos segue uma dieta recomendada ou muda de estilo de
vida, coincide com conselhos médicos”.
Para estes autores tomar os medicamentos era um fim, e não o meio para
tornar o tratamento eficaz. Este conceito centrava-se no cumprimento escrupuloso das
indicações do médico, valorizando uma relação paternalista entre médico e doente. A
percepção de que os doentes deviam ser educados de forma a conhecer melhor as
suas dificuldades e erros, e que o médico sabia sempre o que era melhor para os seus
doentes era comum na época. A componente de partilha de decisões entre médico e
doente não era valorizada. Esta definição não tinha em consideração a adesão, ou
seja, o doente ou cumpria ou não as indicações do médico.
Mais tarde surgiu o conceito de “aliança terapêutica” que descreve a relação
médico-doente como um processo de interação. A definição de “aliança terapêutica”
totalmente aceite é o ponto em que um indivíduo escolhe comportamentos que
coincidam com uma prescrição clínica, e em que o regime deve ser consensual, ou
seja, alcançado através de negociação entre o profissional de saúde e o doente. Esta
definição parece, também, ignorar quer o resultado da partilha de decisões na saúde
do doente, quer a existência de níveis de adesão. A adesão ao regime terapêutico,
adesão terapêutica ou ainda adesão ao tratamento são diferentes modos de nomear
a mesma entidade.
Em 2003, a OMS definiu adesão como sendo “a extensão em que o
comportamento de um indivíduo-utilização de medicamentos, cuidados de saúde,
alimentação e estilos de vida- está de acordo com as recomendações de um
profissional de saúde com as quais concorda”. Com esta definição passou a estar
implícito um ponto a partir do qual há adesão à terapêutica (existência de níveis de
adesão) e foi introduzido o conceito da concordância (a adesão como um meio para
alcançar o sucesso terapêutico e não um fim em si mesmo).

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Fonte: 4.bp.blogspot.com

Na literatura médica, o termo adesão é utilizado para referir o seguimento das


recomendações terapêuticas.
São vários os desafios quem vêm sendo colocados à profissão de
farmacêutico, nomeadamente, o contato direto com o doente, o que representa uma
oportunidade para a prestação de cuidados farmacêuticos com o objetivo de contribuir
para a melhoria do seu tratamento.
São competências do farmacêutico hospitalar garantir a adequação do
tratamento prescrito (medicamento, dosagem e posologia), assegurar a compreensão
da terapêutica por parte do doente com a cedência de informação, prevenir, detectar
e corrigir problemas relacionados com o medicamento, fomentar a adesão ao
tratamento e estabelecer um sistema de farmacovigilância e monitorização do mesmo
e estabelecer um circuito de comunicação com a equipa multidisciplinar.
A monitorização da adesão à terapêutica é particularmente importante quando
se trata de doenças crónicas e de grande custo associado à terapêutica biológica anti-
reumatóide, que requer controle e seguimento para alcançar a efetividade e eficácia
do tratamento, minimizando os riscos.
A importância desta terapêutica, tanto pela sua complexidade clínica como pelo
seu peso económico, torna necessária a formação contínua e atualização de todos os

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profissionais envolvidos nesta área, com vista à obtenção do máximo benefício
terapêutico – individual e social. O farmacêutico hospitalar desempenha um papel
predominante na monitorização da qualidade e segurança na dispensa e utilização
dos medicamentos biológicos, quer no aconselhamento aos doentes sobre a sua
correta utilização, quer através de uma gestão racional e eficiente.
Os custos associados às hospitalizações aos cuidados de saúde inerentes à
patologia e aos elevados índices de redução de produtividade por sua vez, a despesa
associada à terapêutica biológica não chega a atingir 10% da despesa total associada
a estas doenças e contribui de forma significativa para a produtividade e o regresso à
vida ativa dos doentes, diminuindo de forma expressiva os custos da Segurança
Social originados por baixas e reformas antecipadas. Os efeitos positivos dos
medicamentos biológicos enquanto armas de combate a estas doenças
incapacitantes estão reconhecidamente demonstrados em todo o mundo.
A determinação dos custos financeiros associados ao tratamento com
terapêutica biológica é um instrumento importante na decisão sobre a aplicação dos
recursos adequados, quer a curto quer a longo prazo, sendo o farmacêutico hospitalar
responsável pela monitorização contínua dos custos associados à terapêutica
biológica.
O doente candidato a terapêutica biológica representa o extremo mais grave
do espectro destas doenças. Os doentes com patologia reumática tratados com
agentes biológicos são, obrigatoriamente, registados numa base de dados específica
que contenha os instrumentos validados para a avaliação periódica destes
medicamentos.
Esta avaliação justifica-se pelo risco acrescido de complicações infeciosas,
nomeadamente, respiratórias, cutâneas e urinárias e por isso é muito importante
proceder a uma avaliação detalhada de situações clínicas associadas a um aumento
desse risco e que incluem idade avançada, outras patologias crónicas concomitantes,
infeções de repetição e uso de corticosteroides.
A adesão à terapêutica assume um papel de particular importância nos doentes
portadores de doenças crónicas, sendo a ausência de adesão um problema de saúde
pública. Além disso, o problema de adesão ao tratamento é um indicador central de
avaliação da qualidade em qualquer sistema de saúde que se queira moderno e
eficaz.
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A não adesão à terapia é normalmente definida como falta de concordância
entre os comportamentos dos doentes, como por exemplo, seguir uma dieta ou tomar
medicamentos não prescritos enquanto se segue também a terapia prescrita.
Infelizmente, a não adesão à terapêutica é um fenómeno frequente. Segundo
alguns estudos, uma pequena percentagem de doentes consegue ter uma adesão de
100%, isto é, tomar os medicamentos certos à hora certa e respeitar todos os
conselhos não farmacológicos. Como a terapêutica farmacológica é muitas vezes
coadjuvada por aspetos não farmacológicos que a torna mais eficaz, é por isso
possível demonstrar que a não adesão a terapêutica, seja no âmbito farmacológico
ou não farmacológico, a torna menos eficiente e causa prejuízo para a saúde dos
doentes.
Consequentemente, melhorar a adesão é um dos maiores objetivos das
políticas de saúde. A Organização Mundial de Saúde afirmou, num relatório de 2003
intitulado “Adherence to long term therapies, Evidence for action” que “aumentar a
efetividade da adesão terá um maior impacto do que qualquer avanço de um qualquer
tratamento médico”.
Prevê-se que o impacto económico mundial das doenças crónicas continue a
aumentar até 2020, altura em que corresponderá a 65% das despesas com a saúde
em todo o mundo. Nos países desenvolvidos, estima-se que o grau de adesão às
terapêuticas crónicas seja apenas 50% e nos países subdesenvolvidos ou em vias de
desenvolvimento seja ainda menor.
A melhoria da adesão ao tratamento e consequente impacto na saúde dos
doentes, deverá ser o objetivo primordial do farmacêutico e dos outros profissionais
de saúde, pelo que a identificação do problema e a promoção de normas consistentes,
éticas e baseadas na evidência, se torna fundamental.
A importância da adesão à terapêutica não se reflete apenas em aspetos
clínicos, mas assume um papel relevante no que respeita a encargos económicos
associados ao tratamento. Apesar do elevado custo dos medicamentos biológicos, a
diminuição da morbilidade possibilita uma menor utilização de recursos, sejam eles
médicos, farmacológicos ou hospitalares, assim como a diminuição de baixas
médicas.

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Fonte: portal.vpgroup.com.br

As instituições de saúde hospitalares caracterizam-se essencialmente pelo


tratamento da maioria das patologias graves, das de pior prognóstico e por utilizarem
tratamentos agressivos e de elevado custo. Os gestores e comissões especializadas
destas instituições têm como objetivo fundamental a promoção do uso racional dos
medicamentos, assim como, a racionalização da utilização dos recursos existentes.
Neste propósito, encontram-se os agentes de intervenção – médico prescritor,
Comissão de Farmácia e Terapêutica e Farmacêutico.
O seguimento farmacoterapêutico dos doentes tem sido uma estratégia
seguida por farmacêuticos já noutros países para aumentar o contato com o doente,
ajudar na gestão da sua terapêutica e promover a adesão. Este seguimento pode ser
conduzido de várias formas mas existe um método descrito bastante exequível: O
Método de Dáder (MD).
Este método consiste na obtenção da história farmacoterapêutica do doente,
isto é, nos problemas de saúde que este apresenta, nos medicamentos que utiliza e
na avaliação do seu estado de situação numa determinada data, de forma a identificar
e resolver os possíveis resultados negativos associados à medicação que o doente
apresenta, através de intervenções farmacêuticas e posteriormente avaliam-se os
resultados obtidos.

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O MD é um método de seguimento farmacoterapêutico simples, que permite ao
farmacêutico aplicar os seus conhecimentos sobre problemas de saúde e
medicamentos, com o objetivo de atingir resultados concretos que melhorem a
qualidade de vida dos doentes.
O MD foi desenvolvido pelo Grupo de Investigação em Cuidados
Farmacêuticos da Universidade de Granada e é ferramenta de trabalho de muitos
farmacêuticos comunitários e hospitalares, que praticam seguimento
farmacoterapêutico.
Este método, além de proporcionar procedimentos simples para se realizar
seguimento farmacoterapêutico, também é um método de formação contínua,
baseado na técnica de “aprender-fazendo”, que visa melhorar a competência e a
qualidade da Intervenção Farmacêutica na área da farmacoterapia.
Os farmacêuticos podem melhorar as falhas da farmacoterapia procurando,
identificando, prevenindo e resolvendo os resultados negativos associados à
medicação, através do aumento da eficácia terapêutica farmacológica ou da
prevenção dos efeitos adversos, reduzindo assim, a mortalidade e morbilidade
associados dos medicamentos.
A literatura sobre morbilidade evitável dos medicamentos justifica a
imperatividade dos farmacêuticos cumprirem a obrigação formal de ajudar o doente a
obter a melhor terapêutica medicamentosa possível. Aceitar esta premissa
aumentará, em grande medida, o nível de responsabilidade do farmacêutico face aos
doentes.
Nos últimos anos, a atividade profissional do farmacêutico evoluiu de uma
dispensa ativa, centrada no medicamento, para uma filosofia de trabalho, centrada no
doente. Assim, a missão da prática farmacêutica não pode englobar apenas o conceito
de farmácia clínica. A literatura publicada nas últimas décadas sugere que a
informação gerada a partir da revisão do perfil farmacoterapêutico do doente ou da
monitorização das prescrições não é suficiente para valorizar globalmente a indicação,
a efetividade e a segurança dos medicamentos, bem como a adesão à terapêutica,
mesmo que seja efetuada por profissionais com bons conhecimentos e competências
clínicas.
Contudo, a maximização da efetividade dos medicamentos por parte do
farmacêutico, só poderá ser atingida aplicando o conceito de cuidados farmacêuticos
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ao doente definidos por Helper e Strand. Segundo eles, os cuidados farmacêuticos
são a “provisão responsável de tratamento farmacológico com intuito de alcançar
resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do doente”.
Porém, os cuidados farmacêuticos são um conceito abrangente que significa a
interação entre o farmacêutico e um doente em concreto, tendo como objetivo atingir
a melhoria da qualidade de vida deste. Inclui-se neste conceito a dispensa ativa de
medicamentos, a indicação farmacêutica, a farmacovigilância, a manipulação
magistral, a educação para a saúde e o seguimento farmacoterapêutico.
O seguimento farmacoterapêutico é assumido como “uma prática profissional
em que o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades das doentes
relacionadas com os medicamentos. Este serviço implica um compromisso que deve
ser feito de forma continuada, sistematizada e documentada, em colaboração com o
doente e os restantes profissionais de saúde, com o objetivo de se alcançar resultados
concretos que melhorem a qualidade de vida do doente.
Segundo este método, o acompanhamento Farmacoterapêutico requer um
método de trabalho rigoroso realizado com o máximo de informação possível. Como
qualquer outra atividade sanitária, o acompanhamento farmacoterapêutico necessita
de procedimentos de trabalho protocolizados e validados para ser realizado com a
máxima eficiência.
Existem diferentes métodos para avaliar a adesão terapêutica, dentro dos quais
existem métodos diretos e métodos indiretos, e métodos quantitativos ou qualitativos,
com diferentes vantagens de desvantagens.
Os métodos indiretos mais utilizados são o auto relato do doente, a contagem
de medicamentos, a monitorização da cedência da terapêutica e o teste de Morisky.
Estes métodos são os mais económicos, acessíveis, apresentam alta especificidade,
são de fácil utilização e requerem a colaboração dos doentes.
O relatório do doente é, sem dúvida, o teste mais utilizado, visto que apresenta
um baixo custo e é de simples aplicação. Um exemplo concreto desta medida de
avaliação é o Teste de Morisky-Green, que sendo um teste de reprodução limitada é
suscetível de nele ocorrerem erros.
O Teste de Morisky-Green foi adaptado para a língua portuguesa, incluindo
quatro questões:
1) Às vezes tem problemas em se lembrar de tomar a medicação?
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2) Às vezes descuida-se e não toma o seu medicamento?
3) Quando se sente melhor, às vezes para de tomar o seu medicamento?
4) Às vezes, se se sentir pior ao tomar a medicação, para de a tomar?
Considera-se que o paciente adere à terapêutica quando responde não a todas as
perguntas.
A opinião do médico constitui um método fácil, económico e de alta
especificidade, porém apresenta baixa sensibilidade e valoriza a adesão total.
O método do diário do doente, quando corretamente preenchido, permite
realizar uma correlação simples com os eventos pertinentes relativos à sua patologia,
que ocorrem no seu quotidiano, e a sua situação clínica. Todavia, nem sempre existe
cooperação do doente ou observação do efeito terapêutico.
A contagem dos comprimidos é aparentemente o método mais adequado para
avaliar a taxa de adesão ao regime terapêutico. No entanto, este é um método de fácil
manipulação pelo doente (pode perder ou deliberadamente retirar os comprimidos),
podendo haver relutância em entregar as caixas da terapêutica vazias. Exige grande
colaboração por parte do doente.
O reabastecimento de terapêutica, como o anterior, fornece a média da taxa de
adesão. É um teste trabalhoso que necessita de programas informáticos para recolha
da informação nas farmácias e de uma centralização de dados.
A resposta clínica é um teste pouco dispendioso e de fácil aplicação. Contudo,
há influência de outros fatores além da terapêutica.
Na monitorização eletrônica da terapêutica ou “System MEMO CAPS” –
Sistema de monitorização da medicação, os frascos para a colocação da terapêutica
estão dotados de uma tampa com um microprocessador, que regista a data e hora a
que o frasco é aberto e fechado. São dispositivos utilizados pelos doentes como uma
caixa de medicamentos normal e a informação recolhida é lida através de um software
específico.
Os métodos diretos procuram confirmar se houve a ingestão do fármaco. São
por isso mais fidedignos, no entanto mais dispendiosos e menos aplicados na prática.
Para além disso, é necessária muitas vezes uma intervenção invasiva junto dos
doentes, o que leva à não aceitação. Dentro destes encontram-se:
(1) a avaliação das concentrações séricas, realizada através da recolha de
várias amostras de fluidos, permitindo assim determinar a concentração do
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medicamento no organismo. Porém, nem sempre a análise quantitativa está
disponível, pois, para além de ser dispendiosa, pode ser influenciada por fatores
biológicos;
(2) a análise sanguínea ao marcador biológico, teste bastante preciso, mas tal
como o método anterior é bastante dispendioso e é necessária a recolha de diversas
amostras de fluidos corporais;
(3) a toma de observação direta que embora precisa, é impraticável no
quotidiano, pois entre outros fatores, os doentes podem esconder a terapêutica e\ou
descartá-la posteriormente.
É importante perceber quais os métodos e fatores que podem influenciar a
adesão à terapêutica. Existem diversos métodos que explicam a adesão e são
também diversas as causas que a determinam. É importante que os profissionais de
saúde tenham em conta, no planeamento e abordagem das suas intervenções, as
atitudes e valores dos indivíduos.
Não existe um “método ideal” que possa ser seguido por todos e para todos,
existem sim estratégias que podem e devem ser adotadas, mediante as
circunstâncias, os indivíduos e suas características individuais e, também, as
caraterísticas do profissional de saúde.

4. FARMÁCIA HOSPITALAR

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Fonte: www.farmaciahospitalar.com

Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SF), regulamentados por diploma,


constituem uma estrutura importante dos cuidados de saúde dispensados em meio
hospitalar. As atividades farmacêuticas exercidas em organismos hospitalares, ou
serviços a eles ligados são designados por “atividades de Farmácia Hospitalar”. Os
Serviços Farmacêuticos Hospitalares são os que, nos hospitais, assegura a
terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade, eficácia e segurança dos
medicamentos, integra as equipas de cuidados de saúde e promove ações de
investigação científica e de ensino.
Os SF possuem instalações e equipamento que permitem o desempenho de
boas práticas em Farmácia Hospitalar de acordo com o manual da Farmácia
Hospitalar, do ministério da saúde, (conselho executivo da farmácia) e ordem dos
farmacêuticos.
Os Serviços Farmacêuticos estão sujeitos à orientação geral dos órgãos da
administração, perante os quais respondem pelos resultados do seu exercício.

3.1- Logística

A gestão e organização dos medicamentos, produtos farmacêuticos e


dispositivos médicos têm várias fases, como, seleção, aquisição, recepção,
armazenamento e distribuição.
A gestão de existências deve satisfazer as necessidades de todos os pacientes
do hospital em relação a medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos
farmacêuticos.

3.2- Seleção

A seleção de medicamentos é um processo contínuo, multidisciplinar e


participativo que tem por objetivo a aquisição dos medicamentos mais adequados às
necessidades farmacoterapêuticas dos doentes da responsabilidade do hospital,
tendo em conta a qualidade, segurança, eficácia e economia.

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A seleção de medicamentos tem por base o Formulário Hospitalar Nacional de
Medicamentos (FHNM) e as necessidades terapêuticas dos doentes do hospital. A
seleção de medicamentos a incluir no Guia da Instituição feita pela Comissão de
Farmácia e Terapêutica, tem em linha de conta critérios baseados nas necessidades
terapêuticas dos doentes, na melhoria da sua qualidade de vida e em critérios
fármaco- económicos.
De forma a complementar o leque de medicamentos de que o hospital se pode
munir para satisfazer as suas necessidades, é elaborado e deve ser divulgado
internamente ficando disponível para fácil consulta.

3.3- Aquisição

A aquisição dos medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos,


é efetuada pelos Serviços Farmacêuticos em articulação com o Serviço de
abastecimento, sendo um farmacêutico responsável por este procedimento.
Esta atividade é suportada pelo Sistema de gestão integrado do circuito do
medicamento dos Serviços Farmacêuticos, que regista a data e número do pedido, a
descrição do fornecedor, enumeração e identificação dos produtos e respetivas
quantidades a pedir, com base em pontos de encomenda previamente definidos.
Cada produto tem um ponto de encomenda baseado no consumo dos últimos
meses e atualizado periodicamente de acordo com as tendências de consumo. Os
produtos que se encontram abaixo do ponto de encomenda são sujeitos a uma análise
detalhada produto a produto, dando atenção ao estoque atual, ao consumo dos
últimos 6 meses, ao consumo do mês anterior e à previsão do que se pensa gastar
no próximo mês.
A quantidade a adquirir está diretamente relacionada com o tipo de produto
(classificação ABC, que relaciona a quantidade existente no estoque e o valor
monetário que esse estoque representa), consumo regular ou irregular, tipo de
aquisição, condicionantes de fornecedores, como portes e tipo de embalagens e
diretrizes do Conselho de Administração e instruções do Aprovisionamento.
A aquisição de produtos pode ser feita por concurso público centralizado,
concurso público limitado (da própria instituição), por negociação direta com

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laboratórios, por consultas diretas ou através de compras urgentes a fornecedores
locais, como farmácias e empresas de distribuição farmacêutica.
O circuito de aquisição se inicia com o pedido de compra que os Serviços
Farmacêuticos efetuam ao Serviço de abastecimento, que emite uma nota de
encomenda.
Esta nota de encomenda é enviada ao Conselho de Administração para
assinar, passando pelo Serviço financeiro para autorização e é enviada ao fornecedor.

3.4- Recepção e conferência de produtos adquiridos

Os Serviços Farmacêuticos como local de recepção de medicamentos e


produtos farmacêuticos no Hospital, garantem a qualidade dos produtos recebidos.
Todos os produtos recebidos são sujeitos a um apertado controle em termos de
verificação de conformidade.
Desta forma a recepção de medicamentos contempla uma conferência
qualitativa por parte da farmácia (lotes, prazos de validade e condições de
embalamento), e quantitativa, por parte do aprovisionamento (quantidade e preço),
conferência da guia de remessa com nota de encomenda, conferência da nota de
entrega, conferência, registo e arquivo da documentação em casos particulares como
matérias-primas, hemoderivados (conferência dos boletins de análise e dos
certificados de aprovação, que ficam arquivados junto com a respectiva fatura em
dossiês específicos por ordem de entrada) e psicotrópicos. A entrada dos produtos
deve ser registada e enviada a guia de remessa ao Serviço de abastecimento.
A recepção de produtos é um procedimento cooperativo entre os Serviços
Farmacêuticos e o Serviço de abastecimento. O Técnico de Farmácia e Administrativo
do Serviço de abastecimento fazem conferência técnica e administrativa. O Serviço
de abastecimento lança as entradas na aplicação informática e os SF conferem
diariamente lotes e validades das encomendas e é levada para o devido local de
armazenamento.

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3.5- Armazenamento

Fonte: www1.imip.org.br

Para um armazenamento de qualidade devem ser criadas as condições


necessárias para garantir espaço, segurança, temperatura adequada e ausência de
luz.
O armazenamento adequado dos medicamentos, produtos farmacêuticos e
dispositivos médicos é um fator fundamental para possibilitar um serviço de qualidade
prestado pela farmácia.
Os parâmetros de temperatura e humidade são monitorizados continuamente
e registados por sistema informático apropriado. Os medicamentos são arrumados
nas prateleiras ou gavetas de modo a haver circulação de ar entre eles e devem estar
devidamente rotulados e arrumados, segundo a classificação do CHNM (Código
Hospitalar nacional do medicamento) por ordem alfabética e segundo o princípio de
“primeiro chegado – primeiro saído” tendo sempre presente o prazo de validade.
Os medicamentos de frio, devem ser armazenados em câmaras frigoríficas com
sensores de temperatura (entre 2o- 8oC), registo e dispositivo de alarme automático.
Em relação a medicamentos hemoderivados, estupefacientes e psicotrópicos
existe legislação específica e um controle mais rigoroso.

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Os estupefacientes e psicotrópicos devem ser armazenados no cofre de
fechadura dupla e as suas entradas e saídas devem ser registadas.
Os medicamentos fotossensíveis devem ser armazenados em sua localização
alfabética revestidos de material opaco, ou se são de alta rotação, as gavetas onde
se encontram, devem ser revestidas de material opaco.
Os inflamáveis devem ser armazenados individualmente do restante em sala
com porta corta-fogo de fecho automático de abertura para o exterior, paredes
resistentes ao fogo, com vão exterior fusível, com chão impermeável, inclinado,
rebaixado e drenado para bacia coletora, não ligado ao esgoto.
A sala de injetáveis de grande volume com espaço adequado e paletes no
sentido de poder existir troca das mesmas e manter-se assim um espaço limpo e
ajustado, às dimensões destes produtos.
Os Gases Medicinais, apesar de a sua gestão ser da responsabilidade dos
Serviços Farmacêuticos, estes devem ser armazenados em espaço físico exterior de
acordo com as normas.
Auditorias diárias devem ser feitas ao estoque físico através do cruzamento de
dados colhidos e dados informáticos. Este tipo de auditoria consiste em contagens
diárias de produtos de acordo com a classificação ABC de forma a despistar erros e
corrigi-los, se eventualmente existirem, permitindo o inventário permanente e uma
contagem contínua pelas diferentes classes.
Deve ser elaborada mensalmente uma lista de produtos cuja validade expira
dentro de 4 meses. Essa lista é enviada ao Farmacêutico responsável do setor que
avalia a possibilidade de escoar esses produtos contatando outros hospitais, ou o
Serviço de abastecimento, que posteriormente, contata os fornecedores. Com a
mesma regularidade, é efetuado o controle das gavetas de estoque, de apoio à sala
de preparação em dose individual diária que inclui a verificação das validades e
correta arrumação dos medicamentos. Após este controle deve ser feito o registo
informático de medicamentos reembalados, com validade limite inferior a 6 meses.
Também uma vez por mês, deve ser feito em colaboração com os Serviços
Farmacêuticos e o Serviço de abastecimento o abate de quantidades não devolvidas
e elaborada a nota de abate com devida justificação, assinada pelo diretor do serviço.

18
3.6- Distribuição

Nem sempre é viável a distribuição de medicamentos em dose unitária,


existindo alternativas de distribuição de medicamentos, como por exemplo, a
distribuição por níveis, com o objetivo de melhorar a eficácia e segurança do sistema
de distribuição tradicional. Assim, poderão coexistir, complementando-se, mais do que
uma variante do sistema de distribuição tradicional.
Em cada serviço clínico é estabelecido um estoque fixo, de acordo com o
Diretor, Enfermeiro Chefe e Farmacêutico responsável pelo serviço, atendendo às
características do mesmo. A reposição dos estoques é periódica e após verificação
dos estoques existentes na enfermaria, feita pelo enfermeiro responsável em
colaboração com o técnico de diagnóstico e terapêutica, é elaborado o pedido de
reposição. O estoque é reposto pela farmácia, mas o armazenamento é da
responsabilidade do serviço clínico. O serviço clínico envia à farmácia o pedido com
os medicamentos em falta, informaticamente. Trimestralmente, os estoques são
verificados, com objetivo de verificar prazos de validade, quantidades e correto
armazenamento.

Fonte: blog.qualfarmacia.com.br

A distribuição em dose individual diária tem como objetivo aumentar a


segurança do circuito do medicamento, conhecer melhor o perfil farmacoterapêutico

19
dos doentes, diminuir os riscos de interações, racionalizar a terapêutica, atribuir mais
corretamente os custos e reduzir os desperdícios. Todas as prescrições médicas são
validadas pelo farmacêutico antes da elaboração do perfil farmacoterapêutico.
Os medicamentos são dispensados em doses individuais diárias, e distribuídos
de acordo com o perfil farmacoterapêutico, para um período máximo de 24 horas. Esta
metodologia permite aumentar a segurança do medicamento, conhecer melhor o perfil
farmacoterapêutico do doente, reduzir o risco de interações, racionalizar a terapêutica
e reduzir o tempo dos enfermeiros dedicados aos medicamentos, deixando-os mais
disponíveis para o acompanhamento do doente.
Antes da preparação da medicação, a prescrição médica em suporte
informático ou em papel é validada pelo farmacêutico. É da sua responsabilidade
verificar dosagem, frequência, via de administração, interações entre fármacos,
duplicação de terapêuticas, posologias inadequadas, duração do tratamento e tempo
de antibioterapia. No caso dos injetáveis, o farmacêutico analisa a velocidade de
perfusão e a dose, efetua cálculos para determinar o número de ampolas necessárias
e analisa a sua estabilidade após diluição.
As prescrições em papel são transcritas pelo farmacêutico para o sistema
informático após validação. O registo informatizado e individualizado da medicação,
que cada doente recebe enquanto permanece internado no hospital, possibilita a
monitorização da terapêutica no sistema de gestão integrado do circuito do
medicamento (diagnóstico, alergias, dietas). A validação permite analisar e detectar
eventuais não conformidades como por exemplo, duplicação da medicação, erro da
dose, intervalo posológico inadequado e possíveis interações de medicamentos.
Nas situações em que o doente faz medicação do domicílio, está também
consta na prescrição médica, num item específico de medicação do domicílio sendo
que a designação do medicamento vem no campo das observações e esta não é
enviada para o serviço clínico. Esta medicação proveniente do domicílio é
armazenada, devidamente identificada no serviço clínico, com o nome do doente e
sob a vigilância do enfermeiro.
O sistema informático na aplicação onde o farmacêutico valida a prescrição
emite alertas sobre alergias, doses máximas, preenchimento de impresso de
medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ou hemoderivados e medicação de
justificação obrigatória que visam uma maior segurança da terapêutica do doente.
20
Este ponto inclui-se no programa de gestão do risco dos serviços farmacêuticos.
Associado a este programa também, são colocadas, a preparação da medicação,
etiquetas nas gavetas dos doentes, que permitem alertar para nomes de doentes
semelhantes, chamando a atenção, do farmacêutico que a confere e do enfermeiro
que a administra.
Qualquer questão relacionada com a prescrição médica é resolvida de imediato
com o médico prescritor ou com o enfermeiro via telefone.
Após a validação deve ser impresso o perfil farmacoterapêutico de cada doente
e a informação é enviada para os sistemas de distribuição semiautomáticos para se
proceder à preparação da medicação. A dispensa dos medicamentos deve ser por
princípio ativo.
A prescrição on-line, depois de validada pelo farmacêutico, é enviada
informaticamente para o sistema de reembalagem e a medicação é preparada pelo
responsável pela identificação das gavetas de medicação com o nome do doente,
processo, cama e serviço clínico a que pertence e pela preparação da medicação de
acordo com o perfil farmacoterapêutico do doente para um período de 24h.
A medicação depois de preparada é sujeita a conferência quantitativa e
qualitativa pelo farmacêutico que, posteriormente, procede à imputação. O
farmacêutico efetua ainda o registo de erros relacionados com a preparação da
medicação, preenchendo o relatório de não conformidades. Posteriormente, todas as
alterações de medicação são preparadas pelo farmacêutico.
O transporte da medicação deve ser seguro, feito de forma a garantir a
integridade e qualidade da medicação, os módulos devem ser levados fechados até
ao serviço clínico por um assistente operacional.
Toda a medicação não administrada deve ser devolvida à Farmácia, onde é
contabilizada e revertida. O Farmacêutico também regista erros relacionados com a
medicação enviada para os serviços, através do preenchimento do relatório de não
conformidades.

21
5. FARMACÊUTICO HOSPITALAR

Fonte: www.empregoscuiaba.com

A legislação que regulamenta o exercício profissional da Farmácia em Unidade


Hospitalar é a Resolução do CFF nº 492, de 26 de Novembro de 2008. De acordo com
esta resolução, “Farmácia hospitalar é uma unidade técnico-administrativa dirigida por
um profissional farmacêutico, ligada funcional e hierarquicamente a todas as
atividades hospitalares”.
Em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento
denominado “The role of the pharmacist in the health care system” (“O papel do
farmacêutico no sistema de atenção à saúde”) em que se destacaram 7 qualidades
que o farmacêutico deve apresentar. Foi, então, chamado de farmacêutico 7 estrelas.
Este profissional 7 estrelas deve ser:
 Prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde;
 Capaz de tomar decisões;
 Comunicador;
 Líder;
 Gerente;
 Atualizado permanentemente e
 Educador.

22
O farmacêutico que deseja atuar em instituições hospitalares deve possuir
formação em farmácia hospitalar, conhecimentos básicos de contabilidade e
administração, habilidade para comandar e liderança, além de conhecer as
ferramentas da qualidade total e possuir capacidade de atuar em Assistência
Farmacêutica e Atenção Farmacêutica.
Estes pré-requisitos podem se estender a outras Instituições de Serviços de
Saúde, como postos de saúde, ambulatórios, centros de diagnóstico, equipes de visita
domiciliar e congêneres.

5.1. Assistência Farmacêutica

Caracteriza-se como um conjunto de ações relacionadas à dispensação de


medicamentos, enfatizando a orientação com o objetivo de contribuir para o sucesso
da terapêutica, em que o profissional se torna coresponsável pela qualidade de vida
do paciente. Sua ação envolve o abastecimento e o controle de medicamentos em
todas as etapas do fluxo do medicamento (da aquisição à dispensação).
Suas principais atribuições são voltadas a:
 Organização e gestão: administra a seleção de medicamentos,
aquisição, estocagem, sistemática de distribuição de medicamentos e
produtos para saúde;
 Desenvolver farmacotécnica hospitalar;
 Controle de qualidade;
 Radiofármacos e
 Ensino e pesquisa.

5.2. Atenção Farmacêutica

É o conjunto de ações e serviços que visam assegurar a assistência integral, a


promoção, a proteção e a recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos ou
privados, desempenhados pelo farmacêutico ou sob sua supervisão (Resolução nº
357/2001 do CFF).
 Participação nas equipes de suporte nutricional e quimioterapia;

23
 Farmácia clínica;
 Farmacovigilância/tecnovigilância;
 Ensaios clínicos;
 Radiofármacos e
 Ensino e pesquisa.

5.3. Principais atribuições do farmacêutico dentro das instituições


hospitalares

Planejamento, aquisição, armazenamento, distribuição e descarte: O


farmacêutico é o responsável legal por todo o fluxo do medicamento dentro da unidade
hospitalar, tendo papel fundamental na seleção dos medicamentos (padronização) e
na elaboração de normas e controles que garantam a sistemática da distribuição e a
qualificação de fornecedores.
Manipulação de fórmulas magistrais e oficinais: O objetivo da manipulação de
fórmulas magistrais e oficinais é proporcionar medicamentos com qualidade,
adaptados à necessidade da população atendida, desenvolver fórmulas de
medicamentos e produtos de interesse estratégico e/ou econômico, fracionar e/ou
“reenvasar” medicamentos elaborados pela indústria farmacêutica, a fim de
racionalizar sua utilização e distribuição e ainda preparar, diluir ou “reenvasar”
germicidas necessários para realização de anti-sepsia, limpeza, desinfecção e
esterilização.
Produção de medicamentos: A farmácia hospitalar de escala produtiva
industrial deve cumprir com as Boas Práticas de Fabricação. A produção de
medicamentos em alguns hospitais objetiva atender à demanda da instituição, e
geralmente restringe-se aos órgãos terapêuticos.
Programa de capacitação e ensino: Toda farmácia hospitalar deve possuir
programa de capacitação e educação permanente para os colaboradores. O ensino
ocorre pela realização de estágios curriculares dos alunos do curso de farmácia ou
especialização em farmácia hospitalar, palestras e cursos para equipe multidisciplinar,
pacientes e público externo, entre outras atividades.
Gerenciamento de resíduos: O principal objetivo é minimizar a produção de
resíduos e proporcionar um encaminhamento seguro dos resíduos, visando à
24
proteção dos trabalhadores e a preservação da saúde pública, dos recursos naturais
e do meio ambiente.
Pesquisa clínica: Qualquer investigação em seres humanos, objetivando
descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos, farmacológicos, clínicos e/ou
outros efeitos de produto (s) e/ou identificar reações adversas ao (s) produto (s) em
investigação com o objetivo de averiguar sua segurança e/ou eficácia. Pesquisa
clínica, ensaio clínico ou estudo clínico são termos utilizados para denominar um
processo de investigação científica envolvendo seres humanos.
Farmácia clínica: cuja responsabilidade é assegurar, mediante aplicação de
conhecimentos e funções, que o uso do medicamento seja seguro e apropriado,
necessitando, portanto, de educação especializada e interpretação de dados,
motivação pelo paciente e interação multiprofissional.
Farmacovigilância: É a ciência das atividades relativas a detecção, avaliação,
compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer outros possíveis
problemas relacionados a medicamentos.
Tecnovigilância: Trata-se do acompanhamento do uso de produtos para saúde
e equipamentos médico-hospitalares, quanto a sua eficácia, adequação, uso e
segurança. Entre as competências da tecnovigilância incluem-se:
 Monitorar, agregar e analisar as notificações de queixas técnicas e
ocorrência de eventos adversos com suspeita de envolvimento de
equipamentos, produtos de diagnósticos de uso in vitro e produtos para
saúde em estabelecimentos sujeitos à vigilância sanitária;
 Fomentar estudos epidemiológicos que envolvam equipamentos,
produtos para diagnósticos de uso in vitro e produtos para saúde e
 Identificar os equipamentos, produtos para diagnósticos de uso in vitro e
produtos para saúde tecnologicamente obsoletos.
Farmacoeconomia: Análise e comparação de custos e consequências das
terapias medicamentosas aos pacientes, sistemas de saúde e sociedade, com o
objetivo de identificar produtos e serviços farmacêuticos cujas características possam
conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio. Propõe o
trabalho integrado nas áreas clínica e administrativa.
Participação nas Comissões Hospitalares:

25
 Comissão de Farmácia e Terapêutica: Participar na elaboração da
política de medicamentos da instituição, incluindo seleção e
dispensação; estipular critérios para obtenção de medicamentos que
não constem na padronização; participar na elaboração de protocolos
de tratamento elaborados por diferentes serviços clínicos; Investigar a
utilização de medicamentos na instituição; avaliar Interações de
Medicamentos quando aplicados via sondas enterais (fármacos x
nutrientes); Elaborar um Guia de Aplicação de Medicamentos Via Sonda
de Nutrição Enteral Participar ativamente da educação permanente
dirigida à equipe de saúde e assessorar todas as atividades relacionadas
à promoção do uso racional.
 Comissão de licitação e parecer técnico: Elaborar editais de compras e
especificação técnica; participar de licitações e aquisições por meio de
avaliação técnica (serviços públicos) e colaborar de forma decisiva na
qualificação de fornecedores (serviços privados).
 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCHI): Participar da
elaboração do guia de utilização de antimicrobianos e do manual de
germicidas; observar os indicadores de controle de infecção e
sensibilidade dos antimicrobianos, consumo e taxa de letalidade;
monitorar as prescrições de antimicrobianos; verificar a ocorrência de
resistência antimicrobiana e estabelecer rotina de dispensação de
antimicrobianos; auxiliar no controle de custos; promover estímulo à
terapia sequencial; Elaborar relatórios de consumo e realizar atividades
de educação permanente da equipe de saúde.
 Comissão de Ética e Pesquisa em Seres Humanos: Emitir parecer ético
sobre os projetos de pesquisa e manter-se atualizado quanto às normas
nacionais e internacionais relativas a ética em pesquisa, buscando
conhecimento e aprimoramento contínuo sobre ensaios clínicos e
legislações.
 Comissão de Terapia Nutricional: Preparar as nutrições parenterais;
garantir a qualidade das nutrições enterais; auxiliar na avaliação do
estado nutricional do paciente e desenvolver e aplicar plano terapêutico.

26
 Comissão de Terapia Antineoplásica: Preparar os quimioterápicos e
atuar no suporte e farmacoterapia.
 Comissão de avaliação de tecnologias (Tecnovigilância): Monitorar as
notificações de queixas técnicas ligadas aos produtos para saúde e
acompanhar o desenvolvimento tecnológico ligado aos materiais de uso
em saúde.
 Comissão de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde: Zelar
pelo adequado gerenciamento dos resíduos resultantes das atividades
técnicas desenvolvidas nos serviços de atendimento pré-hospitalares,
na farmácia hospitalar e em outros serviços da saúde, atendendo as
normas sanitárias e de saúde ocupacional.
 Comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA): Prevenir acidentes
e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatíveis
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção
da saúde do trabalhador.
 Comissão de educação permanente: Exercer atividades de ensino, por
meio de programas educacionais e de formação, contribuindo para o
desenvolvimento de recursos humanos; promover ações de educação
para o uso racional de medicamentos, produtos para saúde e saneantes,
aos membros da equipe de saúde; oferecer informações educativas aos
profissionais da saúde do hospital; orientar e acompanhar, diretamente,
os auxiliares na realização de atividades nos serviços de farmácia
hospitalar, treinando-os e capacitando-os para tal e articular parcerias
interinstitucionais, acadêmicas e comunitárias
 Comissão de riscos hospitalares (Farmacovigilância): Desenvolver
ações de gerenciamento de riscos hospitalares, como detecção de
reações adversas a medicamentos; queixas técnicas; problemas com
produtos para saúde, saneantes, kits diagnósticos e equipamentos.

27
6. INDICADORES DE QUALIDADE

Fonte: www.norteandovoce.com.br

Segundo a Organização Mundial da Saúde (1981), indicadores são variáveis


que ajudam na mensuração de mudanças, utilizados quando estas não podem ser
medidas diretamente; são medições parciais ou indiretas de uma situação complexa.
Quando monitoradas sistematicamente ao longo do tempo, podem indicar direção e
velocidade destas mudanças.
O monitoramento por meio de indicadores é um método de garantia da
qualidade que permite instaurar a melhoria contínua, mediante comprovação regular
da situação de um processo e de como se está produzindo um bem ou serviço, com
a consequente aplicação das medidas de melhoria necessárias para assegurar sua
qualidade. O acompanhamento dos indicadores tem como objetivo o direcionamento
a ações corretivas.
Um indicador deve ser gerado com base nos seguintes critérios:
 Identificar os fatores críticos de sucesso;
 Ter embasamento em procedimentos;
 Ser de fácil compreensão;
 Ser de formulação simples;

28
 Ser representativo estatisticamente;
 Ter estabilidade e rastreabilidade e
 Permitir a comparação com referências.

7. A COMISSÃO ASSESSORA DE FARMÁCIA HOSPITALAR

A Comissão Assessora de Farmácia Hospitalar do CRF-SP iniciou seus


trabalhos em 20/05/98 com a finalidade de valorizar o farmacêutico na área hospitalar
e contribuir para sua capacitação, além de servir como fórum para discussões e
opiniões para a categoria dos farmacêuticos hospitalares. Reúne, entre seus
membros, desde iniciantes na categoria hospitalar, até profissionais de expressão no
segmento.
Objetivos da Comissão de Farmácia Hospitalar:
 Assessorar a diretoria do Conselho em assuntos que exijam
conhecimentos específicos, pela discussão dos temas propostos e
emissão de pareceres.
 Espaço para que os farmacêuticos que atuam dentro de um determinado
segmento do âmbito profissional possam expor e debater temas de
interesse comum e propor ações ao CRF-SP, bem como trocar
informações.
 A participação nas reuniões é aberta aos farmacêuticos que atuam nas
áreas abrangidas pela Comissão, mediante confirmação prévia de
presença junto à secretaria do Conselho. Uma vez que o farmacêutico
manifeste interesse em inscrever-se como integrante da Comissão, seu
nome deve ser aprovado e homologado em Reunião Plenária do CRF-
SP.
 Coordenador, vice coordenadores e membros da Comissão de Farmácia
Hospitalar participam dos trabalhos de forma voluntária e não
remunerada.
 Atuação junto ao corpo de fiscais do CRF-SP, visando a capacitá-los
para efetuar inspeção técnica adequada e proporcionar orientação aos

29
profissionais da área. Elaborar e encaminhar, aos órgãos competentes,
propostas para normatização da área de Farmácia Hospitalar.

8. LEGISLAÇÃO - FARMÁCIA HOSPITALAR

Lei nº 5991/73 – Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas,


medicamentos, horário do farmacêutico, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá
outras providências.
Lei nº 8666/93 – Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras
providências. Os farmacêuticos, servidores públicos federais, estaduais ou
municipais, atuando em qualquer área que envolva a utilização previstas, que
preveem detenção e multa.
Portaria ANVISA nº 272/98 – Aprova o Regulamento Técnico para fixar os
requisitos mínimos exigidos para a Terapia de Nutrição Parenteral.
Portaria MS nº 2616/98 – Controle de Infecção Hospitalar.
Portaria MS nº 3535/98 – Estabelece critérios para cadastramento de centros
de atendimentos em oncologia.
Portaria MTE nº 485/05 – Aprova NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em
estabelecimentos de saúde.
Portaria SAS/MS nº 1017/02 – Aprova o Regulamento Técnico sobre
substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
RDC ANVISA nº 33/00 – Aprova o Regulamento Técnico sobre Boas Práticas
de Manipulação em Farmácias (BPMF) e seus anexos.
RDC ANVISA nº 45/03 – Dispõe sobre Regulamento Técnico sobre Boas
Práticas de Utilização de Soluções Parenterais em Serviços de Saúde.
RDC ANVISA nº 50/02 – Dispõe sobre Regulamento Técnico para projetos
físicos em estabelecimentos assistenciais de saúde.
RDC ANVISA nº 67/07 – Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de
Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias.
RDC nº 80/06 – Dispõe sobre o fracionamento de medicamentos em farmácias
e drogarias.

30
RDC ANVISA nº 220/04 – Aprova o Regulamento Técnico de funcionamento
dos serviços de terapia antineoplásica.
RDC ANVISA nº 306/04 – Dispõe sobre Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde.
Resolução ANVISA nº 358/05 – Dispõe sobre o tratamento e a disposição final
dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.
Resolução CFF nº 288/96 – Dispõe sobre a competência legal para o exercício
da manipulação de drogas antineoplásicas pelos farmacêuticos.
Resolução CFF nº 292/96 – Ratifica competência legal para o exercício da
atividade de Nutrição Parenteral e Enteral e revoga a Resolução 247/93.
Resolução CFF nº 354/00 – Dispõe sobre a assistência farmacêutica em
atendimento pré-hospitalar e as urgências/emergências.
Resolução CFF nº 486/08 – Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na
área de radio-farmácia e dá outras providencias.
Resolução CFF nº 492/08 – Regulamenta o exercício profissional, nos serviços
de atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde,
de natureza pública ou privada.

9. CENTRO DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS

Fonte: cdn1.elblogdelasalud.info
31
O desequilíbrio no binômio benefício-risco está presente no cotidiano da
farmacoterapia hospitalar, incluindo reações adversas a medicamentos e interações
medicamentosas, que causam significativa morbimortalidade, diminuem a qualidade
de vida, apresentam aumento relevante nos custos da saúde e, portanto, é problema
de grande dimensão em hospitais. Estudos, alguns ambientados em hospitais
brasileiros, têm descrito, por exemplo, que as reações adversas a medicamentos
(RAM) foram responsáveis por, ou contribuíram para, 6,6% das internações
hospitalares e ocorreram quatro vezes mais durante a internação.
As interações medicamento‑medicamento tiveram potencial de ocorrer em
pacientes internados e, em casos, foram consideradas graves (p.ex., que podem
provocar morte). Estas interações estão fortemente associadas à duplicação do tempo
de permanência no hospital e ao aumento do custo da internação.
Os erros de medicação já foram identificados em muitas prescrições de
medicamentos de alto risco (principalmente heparina, fentanila e midazolam) e, em
média, ocorreram 3,3 erros por prescrição.
A Organização Mundial da Saúde reconhece que os Centros de Informação
sobre Medicamentos (CIM) estão entre as atividades efetivas para promover o uso
racional de medicamentos. Um medicamento deve ser acompanhado de informação
apropriada. A qualidade desta é tão importante quanto a qualidade do produto
farmacêutico pois, assim como a promoção dos medicamentos, pode influenciar em
grande medida a forma em que os mesmos são utilizados. O monitoramento e o
controle destas atividades são partes essenciais de uma política nacional de
medicamentos.
A necessidade de serviços de informação sobre medicamentos é mais evidente
quando se considera que a documentação que frequentemente está ao alcance dos
profissionais da saúde é aquela proporcionada pela indústria farmacêutica e, portanto,
com alto componente publicitário e comercial. Além disso, a entrega de amostras
grátis para os médicos, as quais geralmente acompanham a publicidade dos
medicamentos, influi de forma quase compulsiva na prescrição médica, evitando a
análise objetiva e científica que se requer na consideração das alternativas de
tratamento.
Por isso, medidas devem ser adotadas para melhorar a farmacoterapia. A
disponibilidade, acessibilidade e uso de informação independente sobre
32
medicamentos, em formato apropriado e relevante para a prática clínica atual, estão
entre essas medidas, o que é fundamental para o uso racional e efetivo de
medicamentos. No contexto brasileiro, a Política Nacional de Medicamentos e a
Política Nacional de Assistência Farmacêutica preveem a revisão permanente da
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais e a publicação do Formulário
Terapêutico Nacional como estratégias para a promoção do uso racional de
medicamentos.

9.1- Desempenho econômico, terapêutico e acreditação

O primeiro CIM, no mundo, foi implantado em um hospital, em 1962, no Centro


Médico da Universidade de Kentucky, nos EUA. O sucesso da experiência resultou
na abertura de novos CIM pelos EUA e, depois, em outros países.Nos EUA, em 2004,
57 CIM hospitalares responderam a um levantamento. No Brasil, o primeiro CIM foi
instalado no Hospital Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
em Natal. Atualmente, há vários CIM no Brasil, instalados principalmente em
universidades e hospitais. Não há dados atuais sobre a quantidade de CIM no Brasil;
estima‑se cerca de 20. No sítio do CFF, www. cff.org.br, em “Cebrim” e “Outros CIM”,
consta relação de alguns CIM brasileiros.
Tradicionalmente, os farmacêuticos são disseminadores de informação sobre
medicamentos, estejam em farmácias comunitárias ou hospitalares, de modo informal.
Nos EUA, os farmacêuticos são os profissionais que mais atuam nos Centros de
Informação sobre Medicamentos, o que também se observa no Brasil, uma vez que,
como medicamentos.
O CIM é uma alternativa para facilitar o acesso e a disponibilidade da
informação, diminuindo os custos hospitalares pela racionalização do uso dos
medicamentos, por exemplo, por evitar o prolongamento de internações devido a RAM
e erros de medicação. Estudo norte‑americano concluiu que a redução de custos pelo
uso de informação apropriada, provida por CIM hospitalar e utilizada pelos
profissionais, supera os custos de manutenção do CIM, de 3 a 13 vezes.
A equipe de saúde e os pacientes de um hospital devem contar com informação
objetiva e independente sobre medicamentos, o que pode ser feito por um Centro de

33
Informação sobre Medicamentos. Em estudo realizado na Noruega, 100% dos
médicos opinaram que os CIM forneceram informação de alta qualidade sobre
medicamentos utilizados durante a gravidez e, em 92% dos casos, essa informação
teve impacto clínico positivo.
 Fatores causadores de problemas na farmacoterapia em hospital
incluem: sistemas deficientes de distribuição e de administração de
medicamentos;
 Aplicação inadequada da informação do produto no que se refere à sua
preparação e administração;
 Informação inadequada do médico prescritor;
 Falta de conhecimento sobre as características farmacocinéticas dos
medicamentos;
 Pressão mercadológica da indústria farmacêutica, que leva à seleção
inadequada de medicamentos;
 Ausência ou atuação não efetiva da Comissão de Farmácia e
Terapêutica.
Nestes casos, o CIM tem papel fundamental para melhorar a terapêutica e,
consequentemente, o cuidado de saúde do paciente.
Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) é o local que reúne, analisa,
avalia e fornece informação sobre medicamentos, visando o seu uso racional.
Principalmente, o CIM apoia a prática clínica de profissionais da saúde na terapêutica
medicamentosa de um paciente específico. Para isso, deve prover informações claras,
precisas, imparciais, em tempo hábil e aplicáveis sobre medicamentos, de modo a
promover seu uso racional. Para alcançar este objetivo, utiliza informação
técnico‑científica objetiva, atualizada e pertinente, devidamente processada e
avaliada criticamente.
Atividades de um Centro de informação sobre medicamentos:
 Responder perguntas relacionadas ao uso de medicamentos
(informação reativa).
 Participação efetiva em comissões, tais como de Farmácia &
Terapêutica e de Infecção Hospitalar.

34
 Publicação de material educativo / informativo, como boletins, alertas,
colunas em jornais, etc.
 Educação: estágio, cursos sobre temas específicos da farmacoterapia.
 Revisão do uso de medicamentos.
 Atividades de pesquisa sobre o uso de medicamentos.
 Coordenação de programas de farmacovigilância.
Habilidades do farmacêutico especialista em informação sobre medicamentos:
 Habilidade e competência para a seleção, utilização e avaliação crítica
da literatura.
 Habilidade e competência para apresentação da máxima informação
relevante com um mínimo de documentação de suporte.
 Conhecimento de disponibilidade de literatura, assim como de
bibliotecas, centros de documentação, etc.
 Capacidade para comunicar‑se sobre farmacoterapia nas formas verbal
e escrita.
 Destreza no processamento eletrônico dos dados.
 Habilidade e competência para participar em Comissão de Farmácia e
Terapêutica
Requisitos para a implantação de um Centro de Informação sobre
Medicamentos incluem:
 Pessoal: pelo menos um farmacêutico com treinamento específico. É
recomendável que este profissional tenha as habilidades específicas.
 Área física: deve estar de acordo com as atividades propostas.
Sugere‑se uma área mínima de cerca de 30 m2.
 Equipamento e mobiliário: microcomputador, impressora, telefone, fax,
acesso à Internet, fotocopiadora (ou acesso), mobiliário de escritório
(mesas, cadeiras, armários, estantes, arquivos, etc.)
 Bibliografia: fontes de informação de medicamentos indicadas para o
funcionamento de um CIM.
 Financiamento: são necessários recursos financeiros para, pelo menos,
o pagamento do salário o farmacêutico, aquisição e renovação das
instalações e das fontes bibliográficas e despesas de custeio.
35
Um aspecto imprescindível dentro da concepção filosófica de um CIM é sua
independência. Como existe a possibilidade de suas informações, baseadas em
evidências científicas, contrariarem interesses comerciais, a sua previsão
orçamentária deve levar em conta de que não é aconselhável subsídios, diretos ou
indiretos, de empresas farmacêuticas.
Os termos Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) e Serviço de
Informação sobre Medicamentos (SIM) são, às vezes, usados como se fossem
sinônimos, embora existam diferenças. A literatura sugere que CIM deve denotar o
local físico, e SIM a atividade desenvolvida neste local. Entretanto, é convencionada
uma hierarquia onde os Centros têm uma abrangência maior (por exemplo, um país,
um estado, uma região), e os Serviços são institucionais, por exemplo, atendendo à
demanda de um hospital. Enfatiza‑se, porém, que mais importante que sua
designação, Centro ou Serviço, são as atividades desenvolvidas.

Fonte: souvestibulando.com

Além desses aspectos gerais, reconhecidos internacionalmente, os


farmacêuticos que atuam em CIM no Brasil deveriam, também, se ocupar com a
promoção do serviço, o ensino e a busca de parcerias. No nosso País, a promoção é
recomendável pois poucos profissionais da saúde têm consciência da existência e dos
serviços providos pelos CIM e menos ainda incorporaram o uso do serviço na sua

36
prática. O ensino é essencial para que esse quadro possa ser modificado. De modo
geral, os serviços providos pelos CIM não são ensinados para os estudantes de
profissões da saúde e, infelizmente, nem mesmo para os de farmácia. Finalmente, a
busca de parcerias é necessária para difusão e fortalecimento dos serviços, em
ambiente com pouco desenvolvimento dos serviços clínicos providos pelos
farmacêuticos.

9.2- Fontes de informação sobre medicamentos

Um dos maiores desafios dos profissionais da saúde, no apoio às suas práticas,


é o acesso e o uso de informação apropriada e independente sobre medicamentos,
sobretudo, considerando a facilidade de acesso à informação promocional da indústria
farmacêutica. No Brasil, o problema é mais grave, pois a informação, em geral, é de
difícil acesso porque a aquisição e a manutenção da mesma têm custo elevado. Com
o avanço da internet, este quadro tem mudado. Porém, grande parcela da informação
gratuita e de boa qualidade disponível está escrita na língua inglesa. Em português, a
principal exceção, atualmente, é o Formulário Terapêutico Nacional (FTN), porém
limitado aos fármacos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename).
Os aspectos mais importantes na escolha de uma fonte de informação sobre
medicamentos são: imparcialidade, padrão científico, atualização, língua e custo.
Como muitas fontes utilizadas são internacionais, principalmente em inglês, o
farmacêutico que atua em CIM deve ter capacidade para leitura e interpretação de
textos escritos nessa língua, pelo menos.
As fontes de informação podem ser classificadas em primárias, secundárias e
terciárias, como a seguir:
 A s fontes primárias (ou literatura primária) – são constituídas por artigos
científicos que relatam, principalmente, ensaios clínicos randomizados,
estudos de coorte, estudos de caso‑controle, referentes a pesquisas
publicados em revistas biomédicas, ou seja, onde geralmente surge pela
primeira vez na literatura qualquer informação científica nova. Por isto, são
utilizadas para a fundamentação de outros tipos de fontes de informação
sobre medicamentos. Como exemplos, podemos citar os artigos científicos
publicados no Journal of American Medical Association (JAMA).
37
 As fontes secundárias consistem em serviços de indexação e resumo
da literatura primária e servem como orientadores na busca destas
últimas. O Medline (Index Medicus on‑line) é um exemplo e é uma das
fontes secundárias mais utilizadas em CIM. Pode ser acessado,
gratuitamente, por meio do sítio da Biblioteca Regional de Medicina
(Bireme), www.bireme.br.
 As fontes terciárias apresentam informação documentada no formato
condensado. São livros‑texto (p.ex., Goodman e Gilman: As Bases
Farmacológicas da Terapêutica), livros de monografias (p.ex., o
American Hospital Formulary Service – AHFS Drug Information) e bases
de dados eletrônicas (p.ex., o Drugdex®/Micromedex). Além destas, os
artigos de revisão e meta‑análise também são considerados literatura
terciária.
Analisando esses três tipos de fontes bibliográficas, as primárias têm a
vantagem de serem mais atualizadas pois são onde, de modo geral, surge o
conhecimento. Porém requerem leitura mais cuidadosa e crítica e são publicadas em
grande quantidade – 1.800 entradas diárias, no Medline (v. seção 5), o que dificulta a
seleção, aquisição, leitura e utilização da informação. Por outro lado, as fontes
terciárias são mais condensadas, apresentando, em geral, informações de consenso
e são em número muito menor. Não obstante, tem a desvantagem de não serem
constantemente atualizadas, pois sua periodicidade varia, em média, de dois a cinco
anos. Por isso, é recomendável que o CIM tenha disponibilidade de fontes terciárias
essenciais e acesso a fontes secundárias que permitam busca na literatura primária e
solicitação de cópias de artigos originais, quando necessário.
A quantidade de revistas com acesso gratuito ao conteúdo integral de artigos
tem crescido. Isso representa um salto imenso na quantidade de informação
acessível. Até então, e ainda hoje, o principal acesso é via Medline, que inclui apenas
informação bibliográfica e os resumos, apesar de seus números grandiosos: 16
milhões de publicações indexadas. Atualmente, além dos textos integrais, incluindo
gráficos e figuras, há também os hiperlinks.
Ainda é prevalente o modelo de pagamento por acesso aos artigos integrais,
mas têm surgido, desde 2003, iniciativas do modelo “Acesso Livre” (Open Access) a

38
publicações científicas. Em 2004, foi criado o PubMedCentral (PMC,
www.pubmedcentral. gov), por iniciativa da National Library of Medicine (NLM), EUA.
Desde 2005, o National Institutes of Health – NIH, EUA, tem exigido que as
publicações resultantes de pesquisas parcial ou totalmente financiadas pelo mesmo
sejam disponibilizadas nesse sítio. Seis meses depois, havia mais de 430.000 artigos
integrais disponíveis gratuitamente. O modelo de acesso livre a publicações científicas
é utilizado, na América Latina, pelo Scielo, www.scielo.org, no qual, até 2008, havia
mais de 170 mil artigos gratuitos.
Outras fontes gratuitas relativas à informação sobre medicamentos podem ser
encontradas no sítio do Pharmabridge, projeto da Federação Farmacêutica
Internacional – FIP, em http://www.fip.org/pharmabridge_free. Está em construção
uma lista de fontes recomendadas para CIM, incluindo fontes gratuitas, também no
âmbito da FIP, pelo Grupo de Trabalho Acesso a Informação sobre Medicamentos
(Access to Medicines Information Working Group), da Seção de Informação em
Farmácia (Pharmacy Information Section – PIS), que estará disponibilizado na página
da PIS/FIP, em www.fip.org.
A classificação das fontes em primárias, secundárias e terciárias tem caráter
didático, não sendo estática. Existem algumas fontes que são híbridas, pois
apresentam, ao mesmo tempo, características de mais de um tipo de fonte
bibliográfica. Por exemplo, o Iowa Drug Information System – IDIS apresenta artigos
selecionados na íntegra e possui índices de localização dos mesmos, sendo
considerado uma fonte secundária e primária. O Martindale traz monografias de
medicamentos e cita artigos sobre os mesmos, sendo considerado uma fonte terciária
e secundária.
Uma das bases de dados mais difundida mundialmente, que contém
monografias extensas sobre medicamentos, é o Drugdex® (Micromedex). Ela é
acessível por meio da Internet, mediante assinatura. No Brasil, as universidades
públicas têm acesso gratuito ao mesmo por meio do sítio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, em
http://www.periodicos.capes.gov.br/.

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9.3- Avaliação crítica da qualidade da informação sobre medicamentos

Para muitos farmacêuticos, é necessário desenvolver habilidades em avaliação


crítica o que o ajudaria no discernimento de quais medicamentos representam
avanços terapêuticos e quais mostram deficiência na melhora do cuidado ao paciente
e, talvez, causem dano. Porém, a avaliação crítica da qualidade da informação que se
pública sobre medicamentos é um imperativo dentre as habilidades do profissional
que trabalha em um CIM.
A literatura biomédica cresce a taxas exponenciais e tem passado por
revolução na forma de acesso e integração das informações provenientes de várias
fontes. Nos últimos 20 anos, a quantidade de artigos indexados no Medline (a base
de dados pesquisada por meio do Pubmed) cresce a uma taxa média anual de cerca
de 3,1%.
Infelizmente, esse crescimento é acompanhado por uma ampla variação da
qualidade das evidências científicas disponibilizadas e, consequentemente, no
trabalho do profissional da saúde. Em geral, aceita‑se que os editores das revistas
nacionais e, muito especialmente, dos periódicos para a extrapolação dos resultados
encontrados para a prática, ou seja, podem não ter aplicação clínica.
Além disso, quando se soma o interesse comercial aos problemas
metodológicos, aumenta a necessidade da avaliação crítica como, por exemplo, na
farta promoção de medicamentos, pela indústria farmacêutica, com exemplos claros
de alteração da informação sobre o medicamento, notadamente das reações adversas
e contraindicações, enfatizando apenas aspectos positivos dos medicamentos e
dando pouco ou nenhum destaque aos negativos.
As habilidades para busca, análise e julgamento das evidências capazes de
dar fundamento científico às decisões clínicas são essenciais para os profissionais da
saúde. Porém, em especial, para os farmacêuticos que atuam em CIM. Estes devem
ser capazes de discriminar, dentre as informações disponíveis, quais são as que
representam as mais sólidas evidências científicas e, destas, as que são passíveis de
serem incorporadas à prática.
Em uma primeira abordagem aos artigos científicos, dever‑se‑ia fazer
perguntas tais como:
 O artigo foi publicado em revista que adota a revisão por pares?
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 Quem é (são) e qual a filiação do(s) autor(es)?
 As informações do resumo e da conclusão são úteis para você? Se não
for, passe para o próximo artigo.
 As conclusões são (bem) fundamentadas nos resultados e são
aplicáveis? Verifique a seção “Materiais e Métodos”.
 Você só pode aceitar a validade da conclusão se conhecer e aceitar o
método da pesquisa.
 Quem financiou o estudo? Pode existir um possível conflito de
interesses?
 Verifique as “referências”. Se você conhece o assunto, provavelmente
poderá julgar se foram incluídas as referências fundamentais na área. Caso
contrário, cuidado com o artigo.
 Questões do tipo “o estudo foi bem desenhado? ”, “os dados são
estatisticamente significativos? ” e “os desfechos avaliados são
clinicamente relevantes?”, demandam um conhecimento mais profundo e,
para isto, deve ser feito uma capacitação específica, em curso de avaliação
crítica da literatura científica.
Quando as informações forem providas pelo fabricante, devem ser feitas outras
perguntas, que incluem, por exemplo:
 A informação foi aprovada pelo órgão governamental competente?
 Foram fornecidas referências da literatura médica ou estas estão
disponíveis?
 A publicidade do medicamento parece excessivamente positiva?
 São feitas comparações de custo?
A necessidade de escolher entre essa variedade de resultados incompletos ou
conflitantes pode causar confusão entre os profissionais da saúde em relação à
farmacoterapia ótima para uma doença específica em um paciente.
O farmacêutico também está enfrentando um aumento na quantidade de
pacientes que se educam sobre farmacoterapia por meio da consulta a outras pessoas
(p.ex., família e amigos), literatura médica, imprensa leiga e da Internet. Estes
pacientes podem procurar o farmacêutico para esclarecer a informação que
obtiveram.

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A avaliação crítica da literatura é uma matéria complexa, repleta de
considerandos e armadilhas e extensamente abordada na literatura. Os primeiros
passos da avaliação crítica da literatura foram apresentados anteriormente, mas são
insuficientes para a atuação no CIM.
No sítio da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, onde está instalado
o Centro Cochrane do Brasil, é disponibilizado curso gratuito on‑line sobre revisão
sistemática e meta‑análise: www.virtual.epm.br/cursos/metanalise e
www.centrocochranedobrasil.org.br. Nos cursos de epidemiologia clínica, geralmente,
o tema é abordado e, mais recentemente e mais profundamente, nos cursos de
revisão sistemática e meta‑análise, decorrentes do “boom” da medicina ou condutas
baseadas em evidências.

9.4- Garantia de qualidade

Fonte: sauvet.com.br

Garantir a qualidade dos serviços providos é uma tarefa fundamental. É útil


garantir que o desempenho do serviço de informação sobre medicamentos seja
continuamente monitorado e comparado com um padrão de boa qualidade.
Na literatura, são encontrados muitos exemplos de indicadores de garantia de
qualidade em CIM. Estes devem priorizar atividades chave, como a quantidade de

42
questões respondidas por ano, proporção de questões respondidas em até 24 horas,
satisfação do usuário com as respostas providas, capacidade de editar um boletim e
sua frequência, participação em comissões (p.ex., Comissão de Farmácia e
Terapêutica – CFT), atualização das fontes de informação, atualização do
farmacêutico que atua no CIM e a quantidade de atividades desenvolvidas.
As atividades do CIM devem ser cuidadosamente documentadas. Formulários
padrão ou sistemas eletrônicos podem facilitar o registro de perguntas. Um sistema
eficiente de recuperação é essencial para localizar questões anteriores, monitorar a
quantidade de trabalho e categorizar os tipos de questões recebidas.
Este pode, também, facilitar a execução de programas de garantia de qualidade
pela análise de solicitações selecionadas e por prazos não cumpridos. O sistema de
registro das questões deve garantir segurança, arquivamento de longo prazo e
assegurar a confidencialidade dos solicitantes.
Os CIM têm a responsabilidade de prover o mais alto padrão possível de
serviço. Isto inclui a avaliação dos profissionais, revisão regular das solicitações feitas
e das respostas providas e revisão periódica dos recursos e procedimentos.
Este processo deve, continuamente, identificar melhoras potenciais,
documentar os progressos até a implementação e avaliação das mudanças
instituídas, a posteriori.
Um processo de revisão por pares pode ser aplicado a perguntas selecionadas.
Quando possível, o processo de revisão por pares deve incluir os comentários de um
ou mais especialistas externos, um farmacêutico especialista em informação sobre
medicamentos ou farmacologista clínico.
Usuários podem ser selecionados randomicamente para obtenção da opinião
sobre os serviços providos e/ou da resposta recebida, por meio de roteiro de questões
previamente elaboradas, o que pode ser feito por telefone ou remessa de perguntas
por correio eletrônico.

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