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1.

Explique a situação do setor público do ponto de vista fiscal entre 1900 e


1930.

O que caracterizou a economia antes de 1900 foi, basicamente, a expansão do


comércio exterior. Por sua vez, as exportações atraíram o capital estrangeiro, e
consequentemente desencadeou um crescimento econômico. Segundo Haddad
(1975, apud Dean 2002, p. 659), o PIB per capita, “no período de 1900 a 1929,
cresceu a uma taxa média de quase 2,5 por cento ao ano”. Vale ressaltar como fator
importante, que o crescimento industrial dependia da mudança nas estruturas
econômicas, sociais e institucionais, que não se formavam na mesma na proporção
que o crescimento populacional. Isso não ocorria devido a carência de uma indústria
de base, pela escassez e os altos custos dos insumos, ao lado da alta dos impostos e
uma relevada hostilidade do governo ao empresário, também com as margens de
lucro dos industriais reduzidas.

2. Explique as causas e as consequências da Crise do Encilhamento na década


de 1890.
 Desvalorização da moeda e aumento da inflação: Conforme você já sabe,
durante o encilhamento, o governo ampliou a emissão de papel-moeda. O efeito
direto foi o agravamento da inflação para níveis elevados. Uma quantidade
excessiva de moeda sem lastro também foi emitida no período. O resultado?
A desvalorização da própria moeda.

 Quebra de empresas: Outra consequência foi a quebra generalizada de empresas


devido à inflação em alta e ao uso inadequado do crédito oferecido para
a criação de negócios. Foi, portanto, outra barreira para a expansão da economia
brasileira na época.

 Especulação financeira: A emissão em excesso de dinheiro e a quebra de


empresas resultaram em práticas de especulação financeira desenfreada e
desconfiança por parte de investidores em relação ao mercado. Sendo
assim, ações na bolsa de valores da época eram compradas, exclusivamente para
serem vendidas no futuro, mesmo em um cenário de incertezas. Também
surgiram empresas-fantasma, que obtiam crédito de má fé e negociavam ações
com preço crescente mesmo sem terem operações. Como resultado, o país sofreu
um colapso econômico. Como você pode ver, a crise do encilhamento foi um
dos maiores fracassos econômicos da história do Brasil.

3. Analise as restrições cambiais ocorridas entre 1900-30, causas e


consequências sobre o desenvolvimento do país.

A industrialização foi uma mudança secular profunda que implicava, entre outras
coisas, o relativo declínio da atividade primária, uma rápida urbanização e a emergência
do setor industrial. Durante muito tempo, a economia nacional concentrou-se nas
importações da metrópole pelas regras da política mercantilista, assim não havia
competição para prejudicar seus interesses comerciais, pois havia restrições para as
atividades industriais.

4. No período de 1900-1930, o país enfrenta restrições no setor externo.


Explique o impacto destas restrições sobre a dívida externa do setor
público.

Em fins de 1930, a dívida pública externa brasileira totalizava 253 milhões de libras,
dos quais 65% correspondiam a títulos britânicos, 30% a títulos norte-americanos
e  5% a títulos franceses.  Todos os empréstimos norte-americanos haviam sido
contraídos entre 1922 e 1930, a taxas de juro mais elevadas e com menores prazos de
amortização do que os empréstimos mais antigos.  O serviço da dívida correspondia a
cerca de 21 milhões de libras, o que equivalia em 1929 a 18% e, em 1931, a 38% das
exportações totais.
A deterioração da posição cambial brasileira a partir de 1929, devido à queda do va-
lor das exportações e à interrupção dos fluxos normais de capitais estrangeiros
público e privados, tornou evidente que não seria possível manter o pagamento
integral do serviço contratual.  Além disto, a depreciação cambial e a queda da
arrecadação dos tributos de importação aumentaram sensivelmente a proporção da
arrecadação absorvida pelo pagamento da dívida (de 19% em 1929 para 32% em
1931).
O reajuste do serviço da dívida às reais possibilidades de pagamento da economia
brasileira foi objeto de sucessivas negociações entre 1931 e 1943.  Pelo menos até
1934, a política brasileira orientou-se no sentido de adequar o serviço à "capacidade
de pagamento" da economia, o que, na prática, correspondia a cerca de 50% do
saldo na conta corrente da balança de pagamentos.

5. Explique o que foi o Convênio de Taubaté e sua forma de financiamento.

O convênio de Taubaté foi um acordo estabelecido entre os governadores de São


Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais no ano de 1906. Seu propósito era garantir a
valorização dos preços do café, pois o produto assegurava a movimentação e
desenvolvimento da economia.,

Como a crise do café interferia profundamente na economia do país, donos de


plantações e os governadores dos maiores estados produtores, como São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro, empenharam-se em firmar o convênio de Taubaté na
tentativa de solucionar o problema.

Em fevereiro de 1906, os representantes do governo estadual Jorge


Tibiriçá (SP), Francisco Sales (MG) e Nilo Peçanha (RJ) encontraram-se na
cidade paulista de Taubaté para assinar o acordo e organizar os termos que serviram
de base para a política da valorização do café. Entre as medidas estabelecidas pela
proposta, os três estados deveriam assumir as seguintes responsabilidades:

 Compra do café a um preço mínimo, assegurando a renda dos cafeicultores caso


o valor da saca ficasse abaixo do estipulado.
 Controle do volume exportado, visando garantir o envio de acordo com as
necessidades do mercado externo e monitorar os preços.
 Realização de empréstimos para manter a compra dos grãos excedentes,
evitando uma baixa de preço no mercado internacional.

Para colocar em prática as definições do convênio de Taubaté, bancos estrangeiros


fariam uma espécie de financiamento ao governo brasileiro. Os estados pegariam
um empréstimo de 15 de milhões de libras esterlinas e usaria o valor de um novo
imposto cobrado sobre as sacas para quitar a dívida. Além disso, seria criada
a Caixa de Conversão, cuja missão era conservar a valorização da moeda até a
recuperação do valor internacional do café.
Embora o plano se mostrasse favorável ao Brasil, o então presidente da
República Rodrigues Alves não o aceitou. Ele argumentava que o governo não
tinha condições de assumir a compra dos excedentes e precisava deter a inflação.
Somente em 1907, com a eleição de Afonso Penna, que o convênio de Taubaté
recebeu o apoio federal.

A inserção do capital externo na política de valorização trouxe resultados positivos


nos primeiros anos. Mais de 8 milhões de sacas puderem ser retiradas de circulação
e, com isso, os cafeicultores voltaram a lucrar coma venda do produto.

6. O que é a Caixa de Conversão (Currency Board)? Explique seu


funcionamento em termos gerais e como foi utilizada no Brasil a partir de
1906. Explique a relação com o padrão-ouro.

Currency board é um sistema de administração monetária responsável por estabilizar a


moeda de um país por meio do regime cambial fixo. Também chamado de comitê
monetário ou fundo de estabilização cambial, trata-se de um agente
de conversão cambial. A Caixa de Conversão foi criada pelo Decreto nº 1575, de 6 de
dezembro de 1906, para ajudar combater a crise pela qual passava mercado do café -
produto importante para a economia brasileira - e manter equilibrado o poder de troca
da moeda do Brasil no comércio com outras nações. Era autorizada a emitir bilhetes
"conversíveis", garantidos por lastro em moedas de ouro nacionais e estrangeiras, como
a libra e o dólar. Encerrou sua atividade emissora em 1913.

A "Caixa de Conversão" emitiu papel-moeda em valores que variavam de 10 mil réis a


1 contos de réis - o chamado "papel-ouro" - porque tinha a garantia de poder ser trocado
por moedas de ouro. A "Caixa de Conversão" foi extinta em 1920, pelo ordenamento do
art. 74 do Decreto nº 14.066, de 19 de fevereiro de 1920, sendo incorporada à Caixa de
Amortização.

7. Entre os anos de 1910 e 1920, o Estado de São Paulo passa a ter a


hegemonia da economia brasileira. Explique tal processo do ponto de vista
econômico.
A cultura do café constituiu, no período da República Velha, sobretudo na fase
conhecida como “república dos oligarcas” (1894-1930), o principal motor da
economia brasileira. Esse produto liderava a exportação na época, seguido da
borracha, do açúcar e outros insumos. O estado de São Paulo capitaneava a
produção de café neste período e também determinava as diretrizes do cenário
político da época. Da economia cafeeira, resultam três processos que se
complementam: a imigração intensiva de estrangeiros para o Brasil, a urbanização e
a industrialização. Desde a segunda metade do século XIX, ainda na época do
Segundo Império, a imigração de estrangeiros, sobretudo europeus, foi fomentada
pelo governo brasileiro. O motivo de tal fomento era a necessidade de mão de obra
livre e qualificada para o trabalho nas lavouras de café. Haja vista que,
gradualmente, a mão de obra escrava, que era utilizada até então, tornou-se objeto
de densa crítica e pressão por parte de grupos políticos abolicionistas e republicanos.
Em 1888, efetivou-se a abolição da escravidão e, no ano seguinte, realizou-se a
Proclamação da República, fatos que intensificaram a imigração e também a
permanência dos imigrantes nas terras trabalhadas, tornando-se colonos.

Algum tempo depois, especificamente após o término da Primeira Guerra Mundial,


em 1918, uma nova onda migratória se dirigiu ao Brasil. Nessa época, a economia
cafeeira se transformou num complexo econômico com várias extensões. Os
imigrantes que vinham à procura de trabalho nas lavouras de café acabavam, muitas
vezes, deslocando-se para os núcleos urbanos que começavam a despontar nessa
época. O processo de urbanização de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo se
desenvolveu, em linhas gerais, para facilitar a distribuição e o escoamento do café,
que era direcionado à exportação. A ampliação das linhas férreas que ocorreu neste
período, por exemplo, foi planejada para tornar mais fluido esse processo.

8. A partir do final do Império e início da República a economia


nordestina perde para o restante do país. Explique este processo.

O cultivo da cana-de-açúcar, (que obteve seu auge entre o final do século XVI e
meados do século XVII), baseado no sistema Colônia-Metrópole, estruturou o
comércio e o desenvolvimento das cidades nordestinas, principalmente na faixa
litorânea, atualmente conhecida como Zona da Mata. Portugal ampliou seu comércio
açucareiro com os recursos investidos principalmente em Pernambuco, com base no
trabalho indígena e capital estrangeiro (holandês). Para produzir de acordo com as
necessidades da colônia, foram trazidos os negros africanos. Esse sistema
consolidou a estrutura fundiária que ainda prevalece no Nordeste, marcada por forte
concentração de terras e influência de oligarquias e famílias tradicionais nas
decisões políticas e econômicas.

A economia açucareira norteou outras atividades, como a criação de gado (carne,


transporte, energia para os engenhos, sebo, lenha para as caldeiras), sendo que esta
atividade acabou por se expandir para áreas do sertão, constituindo a base de sua
economia. Ao final do século XVII, a produção de açúcar nas Antilhas aumentou a
oferta do produto no mercado internacional, abaixando vertiginosamente seu preço.
Com o declínio da produção açucareira, a pecuária absorveu grande parte da
população.

9. Elabore uma análise comparativa entre o ciclo da Borracha e o ciclo


do café. Porque os efeitos da “borracha” foram intensos e rápidos.

O Ciclo da Borracha foi uma época importante para a história econômica e social do
Brasil. O período está relacionado com a extração da matéria-prima - o látex, da
seringueira (árvore-da-borracha) e também com a comercialização do produto – a
borracha. O maior centro comercial do ciclo da borracha foi a região da Amazônia e
todo o processo provocou a expansão da colonização, atraindo riquezas, além de
reformas arquitetônicas, culturais e sociais.

Todo esse movimento deu um grande impulso no desenvolvimento das cidades de


Belém, Manaus e Porto Velho, capitais e maiores centros comerciais de seus respectivos
estados, estado do Pará, do Amazonas e de Rondônia, todos localizados na região Norte
do país. Nessa mesma época, foi formado o Território Federal do Acre, o estado do
Acre atualmente. A área desse estado foi obtida da Bolívia, através da compra com
valor de cerca de dois milhões de libras esterlinas, no ano de 1903.

O ciclo da borracha assegurou lucros extraordinários para a região Norte do Brasil e a


partir dessa fase, se deu início ao processo de urbanização e modernização, com maior
intensidade, nessa região do país. Houveram momentos, em que as capitais dos estados
do norte brasileiro, foram as mais desenvolvidas em nível nacional.

Influenciado pelos países da Europa, construíram mais casas, cinemas, escolas, prédios
públicos, entre outras edificações. A população dos centros urbanos, da região Norte
tiveram acesso a eletricidade, rede de esgoto e sistema de água encanada. Várias cidades
foram fundadas e pequenos povoados se multiplicaram, na época do ciclo da borracha.
Enquanto cresciam, o comércio interno foi aumentando e a renda dos cidadãos foi
melhorando gradativamente. Em conjunto com esses acontecimentos, aconteceu o fluxo
migratório da região Nordeste do Brasil, fazendo com que houvesse também, um
aumento rápido da população regional, o que mudou a configuração das relações
pessoais e do espaço como um todo.

10. Analise os efeitos do complexo algodoeiro em relação a economia


nordestina do semiárido, em especial do Ceará entre a segunda
metade do século XIX e a primeira metade do século XX.

O crescimento do cultivo do algodão proporcionou tornar este produto na principal riqueza da


região ao longo do século XIX. Podemos afirmar que tal fato proporcionou um surto
econômico suficiente para atrair pessoas de regiões vizinhas e transformar o porto de Aracati,
em um dos mais movimentados da região. Pela primeira vez em sua história econômica, os
habitantes do Ceará experimentaram um ciclo de prosperidade.

A sobrevivência econômica do Ceará no século XVIII sempre esteve associada a uma


agricultura de subsistência e a pecuária bovina extensiva, em uma região cuja população
estimada era de quase cem mil habitantes. O ciclo do gado proporcionou uma considerável
riqueza para seus habitantes, de modo que vários núcleos urbanos surgiram em decorrência
do transporte do gado do sertão em direção ao litoral pernambucano, ao longo dos caminhos
percorridos em direção ao litoral pernambucano e paraibano.

Posteriormente, as rotas de gado foram redirecionadas para o litoral, para fornecer matéria
prima para a produção de carne salgada e peles de animais. Este período ficou conhecido
como a época das charqueadas. Com o aumento dos fluxos de comércio na região, os
povoamentos de Aracati, Sobral e Acaraú cresceram em número de habitantes, emanciparam-
se administrativamente e tornaram-se vilas. Destacando neste contexto, Aracati por sua
pungência econômica se constituía no núcleo habitacional mais rico de toda a região. Nesta
vila, se concentrava a maior parte da indústria de carne na capitania. Do seu porto,
mercadorias provenientes de todas as partes da colônia e de Portugal, chegavam em Aracati e
eram redirecionadas para toda a capitania pelas estradas do sertão. Da mesma forma, o gado
proveniente do interior da capitania era industrializado e sua produção era transportada pelo
mar para o restante da colônia brasileira.

11. Explique o impacto da crise de 1929 na economia brasileira e suas


consequências.

A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior comprador
do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços
do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma desvalorização excessiva, o
governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café. Desta forma, diminuiu a
oferta, conseguindo manter o preço do principal produto brasileiro da época. Por outro
lado, este fato trouxe algo positivo para a economia brasileira. Com a crise do café,
muitos cafeicultores começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria
brasileira.

12. Explique as principais ações do primeiro governo Getúlio (1930-34)


no campo econômico.

Resumir as características da Era Vargas é uma tarefa complexa, principalmente porque


cada fase assumiu aspectos diferentes. De maneira geral, as seguintes características
podem ser destacadas.

 Centralização do poder → Ao longo de seus quinze anos no poder, Vargas


tomou medidas para enfraquecer o Legislativo e reforçar os poderes do
Executivo. Essa característica ficou evidente durante o Estado Novo.
 Política Trabalhista → Vargas atuou de maneira consistente no sentido de
ampliar os benefícios trabalhistas. Para isso, criou o Ministério do Trabalho e
concedeu direitos aos trabalhadores. Era uma forma de reforçar seu poder
aproximando-se das massas.
 Propaganda Política → O uso da propaganda como forma de ressaltar as
qualidades de seu governo foi uma marca forte de Vargas e que também ficou
evidente durante o Estado Novo a partir do Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP.)
 Capacidade de negociação política → A capacidade política de Vargas não
surgiu do nada, mas foi sendo construída e aprimorada ao longo de sua vida
política. Vargas tinha uma grande capacidade de conciliar grupos opostos em
seus governos, como aconteceu em 1930, quando oligarquias dissidentes
e tenentistas estavam no mesmo grupo apoiando-lhe.
13. Analise o processo de industrialização do Brasil entre o final do
século XIX e 1930 e suas diferenças com a industrialização entre
1930-45.

O Brasil faz parte do grupo de países que realizaram sua industrialização de forma


tardia, no século XX, ou seja, bastante atrasada em relação aos pioneiros da
industrialização, que iniciaram esse processo ainda no século XVIII.

Dentre os fatores que explicam essa situação, podemos considerar o fator


histórico como sendo o mais influente, pois, na ocasião do início da industrialização, o
Brasil era colônia de Portugal e estabeleceu durante o período colonial uma forte
parceria comercial com a Inglaterra, que foi o primeiro país a se industrializar. Dessa
forma, o Brasil passou a fornecer matéria-prima e produtos agropecuários para seu
parceiro, que, na contramão do processo, industrializou-se fortemente ainda no século
XVIII. Em 1785, porém, a colônia foi proibida de produzir produtos manufaturados,
dessa forma, o que restou para o país foi continuar com a sua economia agropecuária.

Ao se industrializar, o que ocorreu somente na década de 1930, a indústria encontrava-


se concentrada na Região Sudeste. Ela só foi descentralizada, indo para as demais
regiões, na década de 1970 em diante. Atualmente, o Brasil é um dos países mais
industrializados do mundo, com economia global forte e intensa participação capitalista
global. Desde a década de 1990 é visto como um dos melhores países para se investir e
instalar indústrias do mundo.

14. Analise as principais ações do Governo Getúlio na reorganização


política e econômica do Brasil (período 1937-45) – Estado Novo.

No âmbito econômico, o Estado Novo abriu vários institutos e agências responsáveis


pela regulamentação de várias atividades. Além disso, vale destacar o grande
investimento feito na indústria pesada. A Fábrica Nacional de Motores, a Companhia
Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio Doce e a Hidrelétrica do Vale do São
Francisco eram algumas das estatais que deveriam abrir portas para o surgimento de
outras indústrias no país.

Mostrando sua faceta controladora, Vargas criou o Departamento de Imprensa e


Propaganda (DIP). Esse órgão tinha como função primordial enaltecer os feitos do
governo através de cartazes, notícias e imagens enaltecedoras. Por outro lado, esse
mesmo órgão promovia a censura de todo o material ou manifestação artística
interessada em criticar as ações do Estado Novo. Fortalecendo seu elo com as classes
trabalhadoras, Vargas oficializou a jornada de trabalho com 44 horas semanais, criou a
carteira de trabalho e determinou o salário mínimo do trabalhador. Por meio desse
conjunto de ações, ele buscava desmobilizar qualquer possibilidade de insatisfação
contra seu regime. Para muitos trabalhadores, o ditador era visto como agente dos
interesses nacionais e defensor das necessidades dos menos privilegiados.

15. O governo Getúlio (1930-45) teve políticas keynesianas “antes de


Keynes”. Analise a afirmação sob a ótica da teoria econômica.

O keynesianismo é a doutrina capitalista criada pelo economista John Mainard Keynes


(1883 – 1946). Esse conjunto de idéias consiste numa organização política e econômica
sustentada pela ideologia de que o Estado deve buscar resultados no controle total ou de
uma parcela maior do processo econômico, pela implantação, desenvolvimento e
reconstrução do sistema capitalista industrial nacional.

A difusão de suas ideias aconteceu após o ano de 1930, quando Keynes publicou o
Tratado Sobre o Dinheiro, época que buscou explicar por que motivos o sistema
econômico capitalista liberalista funciona de maneira irregular, ao enfrentar
transformações nos Ciclos Econômicos. Com esses estudos, estava nascendo a doutrina
do Capitalismo Industrial Intervencionista, que inicialmente, por sistemas de
planificações econômicas, pretendia ‘salvar’, não só as economias atingidas pela Crise
de 1929, como também, tirar o mundo capitalista da Depressão que se seguiu nos anos
30.A influência dessa tendência capitalista no Brasil gerou significativa transformação
do processo econômico nacional. O Brasil, na Era Vargas (1930 – 1945), com sua
economia voltada para o mercado interno, a nascente produção industrial brasileira, para
se ter uma idéia, entre os anos de 1932 e 1940, cresceu aproximadamente 11% ao ano.
Essa impressionante ascensão industrial, paralela ao capitalismo industrial internacional,
seguiu a alguns fatores:

1) investimentos de grupos particulares interessados na exportação do setor têxtil;

2) política nacionalista e protecionista do Estado e;

3) existência de capacidade ociosa na indústria de bens de consumo.

16. Explique o modelo de substituição de importações e o modelo da


CEPAL.

Entre as décadas de 1960 e 1970 a Comissão Econômica para a América Latina e o


Caribe (CEPAL) defendia que o desenvolvimento das economias do Terceiro
Mundo passava pela adoção da política de substituição de importações. Esta política
permitiria a acumulação de capitais internos que poderiam gerar um processo de
desenvolvimento auto-sustentável e duradouro. No Brasil, após a crise de 1929, a
política de substituição de importações foi implementada com o objetivo de desenvolver
o setor manufatureiro e resolver os problemas de dependência de capitais externos.
Muitos analistas acreditam que a recente fase de prosperidade das economias asiáticas é
resultado da adoção de políticas que estimularam a substituição de importações e que
permitiram o desenvolvimento de uma indústria voltada para a exportação. A
substituição das importações se refere a um modelo de planejamento a favor
da industrialização tardia de caráter meramente capitalista. Foi implantado em muitos
países da América Latina, como o Brasil, o México, a Argentina e na África, a África do
Sul. Cabe ressaltar que, em cada país, o modelo apresenta particularidades internas,
referentes aos (não muito) diferentes contextos político-sociais. Suas principais idéias
são "Produzir internamente tudo aquilo que antes era importado ou aquilo que
iríamos importar", fomentando a indústria nacional.
Tais países viram na industrialização por substituição de importações a grande chance
para evoluírem tecnológica e socialmente, pois seus políticos apostavam que o Estado
poderia investir em obras de infraestrutura, saneamento básico, melhorias paliativas na
educação, saúde, segurança, transporte público, ou seja, preparar espaços geográficos -
cidades e regiões metropolitanas- para as futuras empresas que se instalariam na Grande
São Paulo, no Grande Rio de Janeiro, na Grande Porto Alegre, Zona Franca de
Manaus, Baixada Santista entre outros

17. Explique as causas da crise de 1929 e suas consequências sobre a


economia brasileira.

A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior


comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu
muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma
desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas
de café. Desta forma, diminuiu a oferta, conseguindo manter o preço do
principal produto brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo
positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores
começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira.
A solução para a crise surgiu apenas no ano de 1933. No governo de Franklin
Delano Roosevelt, foi colocado em prática o plano conhecido como New Deal.
De acordo com o plano econômico, o governo norte-americano passou a
controlar os preços e a produção das indústrias e das fazendas. Com isto, o
governo conseguiu controlar a inflação e evitar a formação de estoques. Fez
parte do plano também o grande investimento em obras públicas (estradas,
aeroportos, ferrovias, energia elétrica etc), conseguindo diminuir
significativamente o desemprego. O programa foi tão bem sucedido que no
começo da década de 1940 a economia norte-americana já estava funcionando
normalmente.

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