PROPÓSITO
Apresentar o processo de distribuição reverso e suas particularidades com base na logística
reversa de bens e sua atuação por meio dos canais de pós-venda e pós-consumo no atual
contexto econômico, tecnológico, ambiental, legal e de competitividade no ambiente das
organizações.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um dicionário de logística online para
entender termos específicos da área. Você pode acessá-lo na seção de logística no site do
Grupo Imam.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
Reconhecer a cadeia de suprimentos de ciclo fechado, suas fases, principais aspectos, canais
de distribuição reversos de pós-consumo e pós-venda
INTRODUÇÃO
Neste tema, estudaremos em que circunstâncias se apresenta a Logística Reversa (LR)
relacionada a bens, materiais e produtos. Apresentaremos as principais definições e conceitos
que servirão de base para toda a nossa discussão e entendimento dos tópicos. Vamos
aprender sobre os canais de distribuição reversos. A partir da consolidação e do crescimento
dos mercados globais, o aumento da competitividade e as influências de tecnologia, inovações
e níveis de obsolescência, somente para citar alguns fatores, estão causando significativos
impactos nas rotinas operacionais e até no direcionamento estratégico das organizações.
Originalmente, a entrega tradicional de produtos aos clientes e consumidores finais ocorre por
meio dos CDD (Canais de Distribuição Diretos). Porém, sob determinadas circunstâncias,
esses produtos precisam retornar a sua origem. Nesse contexto, a logística reversa é a base
onde se apoiam os Canais de Distribuição Reversos (CDR). Detalharemos ainda as
particularidades relacionadas aos canais de pós-venda e pós-consumo no atual contexto
econômico, tecnológico, ambiental, legal e de competitividade em que vivemos. Será
importante identificar em que ponto um produto deixa de ser um item útil a sua funcionalidade e
passa a ser classificado como um resíduo que também necessita de processo logístico
reverso, o que pode ser feito de forma economicamente viável e ambientalmente responsável.
MÓDULO 1
LOGÍSTICA REVERSA
CONCEITOS
Partiremos inicialmente do conceito da logística tradicional, que é definida como sendo a arte
de administrar o fluxo de materiais, serviços e informações desde a fábrica inicial até o cliente
final, no menor tempo e com o custo mais baixo.
Fonte: Production Perig/Shutterstock
Agora, passaremos a avaliar esse cenário com o nosso olhar voltado para o fluxo reverso.
Novaes, 2007.
Sob o olhar ambiental, a P.N.R.S. legitimada pela Lei Federal N.º 12.305, de 2 de agosto de
2010, define logística reversa como:
BRASIL, 2010.
A etapa da coleta tem papel preponderante nesse sentido, pois é a partir dela que se inicia o
processo de logística reversa.
Dessa forma, os pontos destinados a coleta e/ou as formas de coleta devem ser planejados
pela organização responsável para facilitar o descarte por parte do consumidor final. Se esse
elo da coleta não for bem definido, o processo não se inicia de forma satisfatória.
Essa informação sobre a relevância da etapa de coleta pode ser confirmada quando tratamos
da reciclagem de latas de alumínio muito usadas para cerveja e refrigerante, que é, sem
dúvida, um dos exemplos mais exitosos de logística reversa.
Um estudo de 2018 realizado pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio
(ABRALATAS), com dados de 1991 a 2016, nos mostra que existiam 29 Centros de Coleta e
cinco Plantas de Reciclagem no Brasil (II Seminário ABAMPA, 2019).
1970-1980
1990
1970-1980
1990
COMENTÁRIO
Em complemento, podemos dizer que no sentido direto da logística os processos atuam como
sistemas abertos, pois estão integrados à logística interna da organização e com o ambiente
externo por meio da sua cadeia de suprimentos. Dessa forma, o sistema evolui de uma
entropia menor para uma maior. Já o fluxo reverso da logística também é um sistema aberto,
mas, nesse caso, é necessário reduzir a entropia por meio do reordenamento e concentração
do que havia sido dissipado ou “espalhado” pelo processo anterior, ou seja, entropia negativa.
Fonte: Igor Shikov/Shutterstock
Mapeamento e padronização dos processos de logística reversa garantindo que ele não seja
considerado como um processo contingencial;
Fonte: KASUE/Shutterstock
Fonte: Uswa KDT/Shutterstock
Fonte: nexusby/Shutterstock
Oportunidades
Riscos
Riscos ambientais;
Detalhando indicadores que poderiam sair dessa metodologia já customizados para o contex-to
da logística reversa, temos:
PROGRAMAS ECONÔMICOS
Custos decorrentes de devoluções; valor gasto em ações sociais e ambientais; valor gasto por
treinamento de funcionários; custos na operação do canal reverso (coleta, seleção, transpor-te,
armazenagem); custos no desenvolvimento de novas tecnologias.
PROGRAMAS DE IMAGEM
Valor gasto com propaganda como empresa responsável quanto aos seus produtos e proces-
sos; custos no desenvolvimento de novas tecnologias para aproveitar os materiais reciclados;
valor gasto no transporte e destinação de resíduos.
PROGRAMAS DE CIDADANIA
Valor gasto em projetos sociais; valor gasto em projetos educacionais; criação de emprego
para operar canal reverso.
PROGRAMAS LEGAIS
Responsabilização das empresas pela destinação correta de seus produtos no fim da vida útil;
estabelecimento de níveis mínimos de recuperação a serem cumpridos pelas empresas.
Fonte: Wikipedia.
PESQUISA OPERACIONAL
Fonte: Wikipedia
SAIBA MAIS
Para reforçar, são esperados bilhões de novos consumidores com acesso a produtos no
mundo. Segundo estimativas da ONU, a população mundial vai crescer dos atuais 6,7 bilhões
para 9,2 bilhões no ano de 2050. Em complemento, tem se observado a significativa entrada
de milhões de habitantes atuais no mundo do consumo, com previsão de aumento expressivo
nos próximos anos.
Fonte: tonastenka/Shutterstock
Uma roupa que não serviu e nem foi usada, estando no prazo legal de devolução.
Fonte: bibiphoto/Shutterstock
Fonte: /Shutterstock
Fonte: O Autor.
PROCESSOS DE RECONDICIONAMENTO,
RENOVAÇÃO, REMANUFATURA, RECICLAGEM E
DESTINAÇÃO FINAL
No que diz respeito às tratativas dadas aos produtos que retornarão, temos os processos de
recondicionamento, renovação, remanufatura e reciclagem.
RECONDICIONAMENTO
Consiste em substituir peças de produtos reformados para serem utilizados e com preços
inferiores aos da peça original. Produtos recondicionados com certificado de garantia de
qualidade darão mais confiabilidade aos consumidores.
RENOVAÇÃO DE PRODUTOS
Se dá pela reutilização deles após passar por um ou mais processos para deixá-los em
condições de uso.
REMANUFATURA
Também chamada de remanufatura industrial, é o canal reverso no qual partes essenciais
(core) dos produtos podem ser reaproveitadas, mediante a substituição de componentes,
reconstituindo-se um produto para o mesmo uso do original. Os componentes para os quais
não existem condições de revalorização são encaminhados para a reciclagem industrial ou
enviados para outros tipos de destinações.
RECICLAGEM
Nesse contexto, é entendida como sendo o canal reverso de revalorização em que os materiais
que compõem os produtos que foram descartados são transformados por meio de processos
industriais em matérias-primas secundárias ou recicladas, que serão posteriormente
reincorporadas à fabricação de novos produtos.
Por fim, se nada disso puder ser feito, o produto fora de condição de uso poderá ser
classificado como resíduo e receber destinação ambiental, preferencialmente mais nobre, ou
que atenda minimamente às legislações ambientais pertinentes, como incineração ou
disposição em aterro industrial licenciado e controlado, ou aterro sanitário, por exemplo.
Neste vídeo, você entenderá melhor sobre os principais conceitos, instrumentos e
características que compõem o processo da logística reversa.
Segundo Corrêa (2019), o grupo de soluções em imagem e impressão (IPG) era uma das
maiores divisões (representando 25% do total do grupo) de negócios da Hewlett Packard (HP),
a gigante fabricante de computadores e periféricos, sediada nos EUA, com faturamento de 52,2
bilhões de dólares em 2017 (crescimento de 9% sobre 2016).
O superestoque de varejistas
As expectativas do usuário final não atendidas
Os defeitos
COMENTÁRIO
Um estudo feito pela empresa sinalizou que, para evitar a taxa da devolução, alguns varejistas
abriam a embalagem e retornavam o produto alegando que haviam sido vendidos e devolvidos
pelo usuário final (neste caso, a HP não cobrava pelo processamento). À medida que os ciclos
de vida das impressoras se tornavam menores (um fato no setor), surgiam demandas
adicionais sobre os processos de devolução. Assim sendo, ao final do ciclo de vida dos
produtos, a HP apresentava probabilidade decrescente de recuperar uma parcela de valor
considerável com os retornos.
Além disso, devido à necessidade de a empresa garantir volumes mínimos para transporte
eficiente dos produtos dos pontos de venda para seus centros de reprocessamento, os lead
times de retorno eram longos. Partindo do cálculo dos custos envolvidos com os processos de
devolução, a HP alterou a forma com que tratava as devoluções e retornos. Deixaria, daí em
diante, de enxergar os processos de retorno como uma atividade cujo objetivo único era a
minimização dos custos, e encarar os retornos como um negócio em si, em que o objetivo é
duplo: minimizar custos e maximizar o valor recuperado dos produtos no ciclo fechado.
LEAD TIME
O PROCESSO ATUAL
As atividades executadas pela unidade de T&R eram: separação, teste, reparo (para
problemas leves), remanufatura (para problemas mais sérios) ou canibalização (com peças
sendo removidas e enviadas para o depósito de peças sobressalentes).
Os materiais não recuperáveis eram enviados para reciclagem ou descarte. Os lead times
envolvidos, desde a devolução de um produto pelo usuário, até o produto recuperado estar
novamente à venda no varejista, podiam variar de dois a quatro meses. Os percentuais
envolvidos nas devoluções eram: 15% caixas fechadas, 15% danos “cosméticos”, 30% reparos
simples, 20% reparos complexos, 5% canibalização e 15% reciclagem.
Baseado no caso “Commercial returns of printers: the HP case”, publicado em Flapper et al.,
2005.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
MÓDULO 2
São compostas de fluxos diretos e reversos, formando “ciclos” que fazem materiais (usados ou
não) retornarem a pontos anteriores da cadeia para serem reutilizados ou reprocessados para
permitir nova utilização.
TIPOS DE CICLO FECHADO EM CADEIAS DE
SUPRIMENTOS
Existem diversos tipos de cadeias de suprimentos de ciclo fechado, subdivididas entre as fases
que compõem a cadeia de suprimentos.
PRODUÇÃO (MANUFATURA)
DISTRIBUIÇÃO (INCLUINDO TRANSPORTE)
USO E FIM DE VIDA (QUANDO ELE SE TORNA
INSERVÍVEL) DO PRODUTO
IBC
Os contêineres para granéis intermediários (também conhecidos como IBC tote , IBC tank
, IBC ou pallet tank ) são contêineres de grau industrial reutilizáveis e multiuso projetados
para o manuseio de massa, transporte e armazenamento de líquidos, semissólidos,
pastas ou sólidos. As duas categorias principais de tanques IBC são IBCs flexíveis e IBCs
rígidos.
Devoluções ou retornos comerciais são produtos vendidos com uma opção de devolução ao
cliente. Diversos países têm políticas distintas para realizar essas trocas.
POLÍTICAS
Alguns países, como o Brasil, têm legislações específicas como o CDC (Código de
Defesa do Consumidor) instituído pela Lei Federal Nº 8.078, de 11/09/1990.
Com o incremento das vendas a varejo pela Internet, as devoluções aumentaram muito em
todas as regiões do mundo, o que torna esse processo mais relevante.
Fonte: fizkes/Shutterstock
Entregas erradas, com clientes devolvendo produtos porque foram entregues antes do prazo,
depois do prazo, com defeito, avaria ou fora das especificações do pedido.
Fonte: Ostariyanov/Shutterstock
Nesse tipo, os produtos ou materiais deverão retornar aos seus proprietários ao final do seu
ciclo, como por exemplo, os itens que passam por recall ou que ainda estão sob garantia
contratual, que são devolvidos, reparados e enviados de volta ao usuário.
Fonte: worradirek/Shutterstock
Fonte: Cautivante.co/Shutterstock
Produtos em final de sua vida útil que são devolvidos ao produtor ou distribuidor para que
sejam reprocessados e reutilizados (como no caso de máquinas copiadoras), ou ter seus
componentes e materiais reutilizados em outros produtos (computadores, notebooks, tablets,
telefones celulares, câmeras fotográficas, filmadoras, pilhas, baterias, pneus e outros).
As embalagens em final de sua vida útil que são devolvidas para reutilização, reciclagem para
uso como embalagem ou para outros produtos. Atualmente, as garrafas PET, tradicionalmente
usadas para acondicionar líquidos, são recicladas para outros processos, gerando novos
produtos como jeans, camisetas, por exemplo, além da habitual transformação em novas
garrafas.
ASPECTOS TÉCNICOS
Sob que critérios técnicos podemos aceitar a devolução de um produto?
Como definir, de forma objetiva e técnica, as condições “sem uso” ou “em condições
adequadas”?
Como decidir o que fazer com o produto a partir do momento de seu recebimento?
Possivelmente, a loja que recebe a devolução pode colocar o produto diretamente na
gôndola de novo, ou apenas limpá-lo e reembalá-lo, ou pode ser necessário algum
trabalho de reparo e revisão.
Quando o produto tiver que ser reparado, como deverão ser identificadas as condições
de uso segundo as quais o produto foi utilizado?
Caso existam restrições legais e técnicas para efetuar o reparo, como por exemplo, lidar
com produtos químicos perigosos ou recolhimento de CFC para regeneração e
reciclagem?
Gerenciar, de forma adequada, tais aspectos técnicos do fechamento dos ciclos, é fundamental
para garantir uma operação eficaz.
ASPECTOS OPERACIONAIS DO
FECHAMENTO DOS CICLOS
Faz-se necessário destacar outras variáveis na hora de estabelecer a estrutura logística
adequada para os fluxos reversos. Elas se referem ao valor dos produtos retornados no tempo.
Como, em determinadas situações, as organizações têm fluxos reversos com expressivo valor
financeiro envolvido, e isso pode se perder em taxas muito altas, como pelos motivos a seguir.
PERDA E RECUPERAÇÃO DE VALOR EM
DEVOLUÇÕES COMERCIAIS
Antes de mais nada, todo produto devolvido perde valor. Idealmente, esperava-se que o lucro
de uma organização fosse obtido por meio da venda do produto em fluxo direto subtraído dos
custos decorrentes da operação, sem considerar qualquer custo decorrente de devolução.
EXEMPLO
Uma situação delicada, que merece atenção por parte das empresas, trata da premiação do
cliente pela venda sem que tenha a contrapartida da penalização do mesmo vendedor se o
produto for posteriormente devolvido por falha evitável.
PERDA DE VALOR NO TEMPO DE PRODUTOS
DEVOLVIDOS
Ocasionadas ou não por causas evitáveis, é fato que uma vez que as devoluções ocorrem,
elas trazem transtornos comerciais, financeiros e reputacionais, e as cadeias de suprimentos
têm de saber gerenciar essas questões.
São dois os fatores que potencializam e incrementam (ou reduzem) a perda de valor no tempo
de um produto devolvido:
A taxa pela qual o produto retornado perde valor por questões de obsolescência.
COMENTÁRIO
Em tese, um produto começa a perder seu valor logo após o seu lançamento em função de sua
obsolescência e pela concorrência provocada pelos novos produtos mais avançados
tecnologicamente que chegam ao mercado.
Antes de falarmos sobre os canais de distribuição diretos e reversos, vamos tratar um pouco do
tema Economia Circular, já que ele, relativamente recente, nos traz conceitos importantes que
são absorvidos para a implementação dos canais de distribuição reversos.
EC - ECONOMIA CIRCULAR
A origem da economia circular data do fim do século XX quando alguns estudiosos e
pensadores conceberam modelos de negócio mais sustentáveis baseados nos princípios da
eliminação de resíduos e da poluição como um todo, na manutenção de produtos e materiais
em seus ciclos de uso e, a regeneração de sistemas naturais.
Fonte: Elnur/Shutterstock
Dados do Circular Economy’s 2018 Circularity Gap Report dão conta que apenas 9,1% da
economia mundial é baseada em um modelo circular.
O modelo ainda predominante, pautado na economia linear, que gera uso exagerado e
descarte de produtos, originalmente impulsionado pelas revoluções industriais (caracterizada
pela extração de matéria-prima, produção, distribuição, uso e descarte dos produtos pós-
consumo) dá lugar a economia circular. Isso impacta na forma como os produtos são
desenhados e projetados, o que inclui uma nova maneira de conceber os produtos e o
respectivo consumo dos mesmos.
Esses materiais e/ou resíduos passam a ser fonte de insumo para outros produtos, evitando
assim descarte na natureza gerando impactos ambientais. E ainda, a reutilização de insumos
que passam ser a fonte para a manufatura de novos produtos.
Vamos especificar agora um pouco mais a logística reversa no contexto da economia circular.
A logística reversa trata do gerenciamento dos recursos e processos nos fluxos reversos de
produtos pós-venda ou pós-consumo.
Existe um conceito mais amplo que relaciona o suporte ao ciclo de vida do produto, incluindo a
participação da logística do berço ao berço, e não mais apenas de berço ao túmulo, excedendo
a abrangência da logística reversa. Nesse ponto, inclui-se a possibilidade de serviços pós-
venda, retirada e disposição dos produtos. A economia circular então faz com que a cadeia de
suprimentos tenha um escopo maior, alcançando além do ponto de venda.
Entretanto, esses Canais de Distribuição Diretos (CDD) não contemplam o retorno dos
produtos vendidos e entregues à organização que os fabricou, pois esse seria o processo
reverso ao original. A fim de atender a esta demanda, surgem os chamados Canais de
Distribuição Reversos, ou simplesmente CDR, que se encarregam das etapas, recursos e
meios necessários para garantir o retorno da fração dos produtos comercializados, seja por
conta de avaria na fases de fabricação, ou até mesmo, na fase transporte (nesse caso, essas
avarias não sendo percebidas no momento do descarregamento e entrega), por prazo de
validade vencido, por conta do próprio ciclo de vida útil do produto encerrado ou por fim pelo
reaproveitamento de embalagens ou retorno ao ciclo produtivo da empresa.
A forma cada vez mais veloz que as organizações estão lançando produtos, o incremento
acelerado da tecnologia da informação e do e-commerce (comércio eletrônico), a meta por
competividade por meio de novas estratégias de relacionamento entre as organizações, em
especial os preceitos da conscientização ambiental e sustentabilidade empresarial, estão
modificando as relações de mercado em geral e justificando de maneira intensa e crescente as
preocupações estratégicas dos stakeholders (partes interessadas), ONGs (Organizações Não
Governamentais), governo e sociedade em relação aos canais de distribuição reversos.
COMENTÁRIO
Por meio do surgimento e aprimoramento dos conceitos e das recentes ferramentas ligadas ao
setor logístico, ele teve que passar por especialização para atender uma necessidade
crescente de gestão eficiente do fluxo reverso nas cadeias de suprimentos desses produtos e
mercadorias.
Os canais reversos de pós-consumo são habitualmente aplicados a produtos que têm vida útil
variável, que, após um tempo determinado de utilização, perdem suas características
funcionais básicas e necessitam ser encaminhados para descarte.
DE CICLO ABERTO
Caracteriza-se pelo retorno de materiais, como metais, plásticos, vidros, papéis, embalagens e
outros à cadeia de produção na forma de matéria-prima.
Leonardo da/shutterstock
DE CICLO FECHADO
Já nos canais de ciclo fechado, o produto que retorna tem o seu material constituinte extraído
de forma seletiva e é destinado para a fabricação de outro produto similar ao original.
EXEMPLO
Temos uma geladeira usada. Após ela perder as suas funcionalidades, poderia ser vendida
para uma empresa que conserta e/ou comercializa eletrodomésticos usados. Como, então,
ocorreria esse fluxo? A geladeira deverá ser transportada da casa do proprietário para a em-
presa que repara e comercializa, passar pelo processo de reparo e, após a revenda, ser
transportada para a residência do novo proprietário.
Como opção alternativa, essa geladeira pode também ser desmontada e os componentes,
comercializados separadamente, caracterizando, assim, a reciclagem decorrente dessa
desmontagem. Nesse caso, o processo de reciclagem é considerado quando os componentes
da geladeira desmontada sofrerão transformação da matéria-prima que compõe seus
componentes possa ser reincorporada à fabricação de novos produtos.
EXEMPLO
Como exemplo específico, podemos destacar que a sucata proveniente de produtos descar-
tados é misturada ao minério de ferro nos altos fornos das indústrias siderúrgicas para a fa-
bricação de aço.
Mudando o tipo de eletrodoméstico, mas ainda nesse contexto, temos como exemplo a dis-
posição de pilhas e baterias usadas oriundas de notebooks, aparelhos celulares e aparelhos de
som, que são problemas críticos para o meio ambiente em função de seus constituintes e
elementos químicos altamente danosos. A mesma situação se aplica aos pneus. Vale ressal-tar
que alguns desses produtos exemplificados possuem legislações ambientais específicas para a
fase de descarte e tratam também de obrigações de retorno aos fabricantes e/ou re-
vendedores por meio de cronogramas regressivos que deverão ser respeitados.
O descarte rápido desses equipamentos representa um problema ambiental muito sério. Uma
pesquisa da americana ReCellular, uma das maiores recicladoras de celulares do mundo,
mostra que mais de 150 milhões de aparelhos são descartados por ano, só nos EUA. Esse
volume equivale, se comparado ao peso médio de 130 gramas por aparelho, a quase 20 mil
toneladas de placas, circuitos, plásticos e baterias com substâncias tóxicas e metais pesados
(chumbo, lítio e cromo). Em função disso, existe uma mudança radical na maneira como as
empresas pensam e estruturam seu negócio, desde a concepção e projeto dos produtos até a
criação de novos meios para trazê-los de volta, com logística reversa.
Fonte: Sittirak Jadlit/Shutterstock
A pioneira nesse campo é a finlandesa Nokia, com vendas de 27 bilhões de dólares em 2017.
O início do seu programa de reciclagem aconteceu em 1995, com uma então tímida iniciativa
de coletar aparelhos em lojas de assistência técnica, antes da existência de legislação sobre o
tema. A fabricante de celulares norte-americana Motorola, por exemplo, iniciou a coleta de
aparelhos usados somente em 2004. Entre 65% e 80% das peças dos celulares da Nokia
podem ser recicladas hoje, um percentual que varia em função do modelo. Há duas décadas,
apenas um terço das peças era reciclado. Os metais não reciclados na própria cadeia de
telefones celulares viram, por exemplo, joias e material de construção.
Chamamos de pós-venda o outro tipo de canal de distribuição reverso. Esse modelo cuida do
equacionamento e operacionalização do fluxo físico e de informações logísticas de bens e
produtos de pós-venda em uso ou com pouco uso, que, por motivos distintos, retornam aos
diferentes estágios das cadeias de distribuição direta. Os produtos ou bens podem ser
devolvidos por razões comerciais, erros em processamento dos pedidos, garantias dadas pelos
fabricantes, defeitos ou falhas de funcionamento, avarias no transporte, entre outros.
Fonte: insta_photos/Shutterstock
Habitualmente, esse processo se inicia pelo canal de pós-venda da empresa, acionado por
meio de um processo de SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), que deverá informar
corretamente o consumidor e o setor de logística sobre a maneira adequada de retornar com o
produto a ser trocado. Ultimamente, esse tipo de canal está muito mais em voga após a
proliferação do e-commerce (comércio eletrônico) suportado pelo desenvolvimento
desenfreado da tecnologia.
Pautado ainda pelo mantra consagrado de manter a satisfação do cliente, e como o processo
de compra à distância é mais crítico, os varejistas costumam aceitar níveis acentuados de
devolução. Lembrando que esse retorno, dependendo da distância em questão, impactará
bastante no processo reverso pós-venda.
Neste vídeo, entenderemos melhor as particularidades e a importância dos canais de
distribuição reversos de pós-venda e pós-consumo neste cenário altamente competitivo nos
quais as organizações operam.
Reaproveitamento de componentes;
Reaproveitamento de materiais;
Canais de pós-venda
Redistribuição de mercadorias;
EMBALAGENS
Vale ressaltar que as embalagens oferecem menos opções de fluxo reverso quando são
comparadas à logística reversa dos produtos.
Entretanto, torna-se cada vez mais frequente observarmos garrafas de bebidas sendo
guardadas nos mercados para que sejam retiradas pelos distribuidores. Além disso, há os
botijões de gás GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e, na indústria, as bombonas usadas para o
reabastecimento de fluídos, como óleos diversos e assemelhados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Produtos defeituosos que deverão ser descartados; Materiais com avarias oriundos da fase
uso por imperícia do consumidor e Produtos reprovados oriundos da fase de distribuição.
D) Produtos que apresentam pequenos defeitos, mas permitem utilização; produtos que podem
ser reclassificados para outros fins e Materiais em perfeito estado com problemas apenas nas
suas embalagens.
E) Materiais perfeitos, mas que estavam discordantes do especificado nas notas fiscais;
Materiais com pequenos defeitos incluindo avarias nas suas embalagens e Produtos
reprovados oriundos da fase de distribuição.
2. A FORMA CADA VEZ MAIS VELOZ QUE AS ORGANIZAÇÕES ESTÃO
LANÇANDO PRODUTOS, O INCREMENTO ACELERADO DA TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO E DO E-COMMERCE (COMÉRCIO ELETRÔNICO), A
META POR COMPETIVIDADE, CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL, ESTÃO MODIFICANDO AS
RELAÇÕES DE MERCADO EM GERAL. ISSO FEZ COM QUE SE
DESENVOLVESSEM BASTANTE OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
REVERSOS. IDENTIFIQUE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA AS
ASSOCIAÇÕES CORRETAS DE RESULTADOS OBTIDOS PELAS
APLICAÇÕES DOS CANAIS REVERSOS DE PÓS-CONSUMO E PÓS-
VENDA.
GABARITO
A alternativa C é a única que apresenta três grupos principais de cadeias de ciclo fechado
oriundos da fase de produção. As demais alternativas até apresentam alguns exemplos de
produtos inservíveis, entretanto, alguns oriundos de outras fases que não são a de produção
ou que apresentam informações desconexas ao contexto da questão.
2. A forma cada vez mais veloz que as organizações estão lançando produtos, o
incremento acelerado da tecnologia da informação e do e-commerce (comércio
eletrônico), a meta por competividade, conscientização ambiental e sustentabilidade
empresarial, estão modificando as relações de mercado em geral. Isso fez com que se
desenvolvessem bastante os canais de distribuição reversos. Identifique a alternativa
que apresenta as associações corretas de resultados obtidos pelas aplicações dos
canais reversos de pós-consumo e pós-venda.
A única alternativa que apresenta a associação correta aos canais de distribuição reversos
pós-venda e pós-consumo é a opção B. As opções A, C e D fazem associações incorretas ou
imprecisas. A alternativa E inverte as opções entre pós-venda e pós-consumo.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conceituamos a LR - Logística Reversa e em que medida ela se tornou imprescindível para
que as organizações garantam as suas operações e distribuições de forma eficaz, ágil e
sustentável nos dias de hoje onde a competitividade dos diversos segmentos industriais e de
serviços tem se tornado cada vez mais presente. Discorremos sobre seus riscos e
oportunidades, discutimos sobre os tipos de revalorizações logísticas, econômicas,
tecnológicas e ecológicas alcançadas. Tratamos também dos exemplos de processos de
recuperação (Remanufatura, recondicionamento, renovação e reciclagem) ou destinação a
serem aplicados nos produtos. Definimos aspectos importantes sobre a cadeia de suprimentos
de ciclo fechado descrevendo suas fases e principais aspectos e empregando os canais de
distribuição reversos pós consumo e pós venda para recolhimento de produtos do ponto de
consumo até o ponto de origem. E ainda exemplificamos alguns estudos de casos de sucesso
envolvendo logística reversa e canais de distribuição reversos em alguns segmentos distintos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABRAMPA. Logística reversa da lata de alumínio: histórico e perspectivas. In: II Seminário
Abrampa: O Ministério Público e a Gestão de Resíduos Sólidos e Logística Reversa. Salvador,
2019.
VALLE, R.; SOUZA, R. G. Logística reversa: processo a processo. São Paulo: Atlas, 2014.
EXPLORE+
CONTEUDISTA
Vanilson Fragoso Silva
CURRÍCULO LATTES