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26/08/2021 Como a ideologia liberal criou o humanismo imperialista – Jacobin Brasil

COMO A IDEOLOGIA LIBERAL CRIOU O HUM…


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Como a ideologia liberal criou o


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Por

Breno Altman 24/08/2021


Os principais países capitalistas se dedicaram, nos últimos 80 anos, a diluir o conceito de
imperialismo, uma ideia central às correntes revolucionárias na compreensão da luta de
classes mundial, para substituí-lo por um vago discurso democrático capaz de maquiar
interesses geopolíticos de potências bélicas e domesticar a esquerda.

Um afegão agacha enquanto um grupo de soldados do Exército dos EUA passa em Yayeh Kehl, perto de Cabul,
no Afeganistão, em 14 de novembro de 2002. AMEL EMRIC-POOL / GETTY IMAGES
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m dos mais importantes capítulos da tensão entre marxismo e liberalismo, há várias décadas,
U desenrola-se ao redor da agenda de direitos humanos, potencializada após a derrota do
nazifascismo. Ao contrário de ter se constituído em um contrato básico para diferentes
nações e sistemas, o confronto entre socialismo e capitalismo a tornou uma narrativa em
disputa, na qual os comunistas largaram em vantagem, por seu desempenho no esmagamento do hitlerismo.

As democracias liberais tiveram que recuperar terreno nessa contenda, sob o risco de uma depreciação
cultural e moral que estimulasse a irrupção de processos revolucionários. O pós-guerra, a partir de 1945,
colocou o campo imperialista, já sob a direção dos Estados Unidos, diante de um tremendo desafio: como
desgastar a enorme legitimidade adquirida pela União Soviética no combate ao nazismo?

Essa batalha não poderia ser travada no terreno dos avanços sociais. Tampouco na seara do desenvolvimento
econômico, com as incríveis taxas de crescimento da economia soviética de 1945 a 1960. Na comparação
sobre direitos das mulheres e luta contra o racismo, os Estados Unidos passariam vergonha. 

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os poucos foi ganhando peso um conceito que salvaria os Estados imperialistas dessa
A enrascada perigosa: a ideia de totalitarismo, trabalhada com maior refinamento pela filósofa
Hannah Arendt. Na contraposição à teoria marxista sobre luta de classes e imperialismo, a
famosa pensadora propunha como marca de corte a questão democrática, cuja referência
seria, em termos gerais, o sistema político-jurídico fundado pelas revoluções burguesas e ampliado após o seu
triunfo. A base dessa abordagem seria a adoção de eleições diretas ou parlamentares, liberdades políticas,
pluralidade partidária, alternância de governo, separação de poderes e respeito aos direitos individuais.  

Os Estados deveriam ser divididos entre os que respeitavam esse sistema e os que o violavam, constituindo-se
em poderes autoritários, tirânicos ou totalitários. Por esse critério, por exemplo, Estados Unidos e Inglaterra
estariam ao lado da democracia, enquanto a Alemanha nazista e a União Soviética estariam de braços dados
com o totalitarismo. Hitler e Stalin seriam, segundo essa leitura, os dois demônios do século XX. 

A contradição principal da época, portanto, não seria entre proletariado e burguesia, entre Estados
colonizadores e povos colonizados, entre imperialismo e socialismo, mas entre democracia e ditadura, entre o
“mundo livre” e os regimes totalitários. 

Legitimidade imperialista

rendt e seus pares talvez levassem ao pé da letra essa teoria, mas os operadores políticos dos
A Estados imperialistas a conduziram para propósitos mais funcionais. Ditaduras e tiranias
que estivessem a serviço do “mundo livre” deveriam ser acolhidas, desde que
comprometidas a fustigar o totalitarismo sobrevivente, o soviético, ao mesmo tempo em que
as nascentes democracias populares, aliadas a Moscou, deveriam ser sufocadas até que perecessem. 

Esse enfrentamento com o movimento comunista, porém, entre os anos 50 e 70, parecia estar longe de ser
vitorioso. O fortalecimento do campo socialista seguia adiante, com a vitória das revoluções chinesa, cubana e
nicaraguense, o triunfo dos vietnamitas contra os imperialismos francês e norte-americano e a descolonização
da África, entre outros episódios. 

Era tão escancarado o alinhamento da Casa Branca com tiranias corruptas e antipopulares que a crítica ao
socialismo real era percebida como pura hipocrisia. Para que o axioma proposto por Hannah Arendt passasse
a ter maior eficácia, os Estados Unidos precisavam se livrar, ao menos no hemisfério ocidental, da imagem
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vinculada a ditaduras sanguinárias, particularmente na América Latina. 

Por essa razão, na última metade dos anos 70, durante o governo de Jimmy Carter, a Casa Branca começou a
dar peso cada vez maior ao discurso de direitos humanos, pressionando pelo fim de alguns regimes militares e
adotando políticas que pudessem reforçar a noção de “mundo livre”, atribuída à economia de mercado e à
democracia liberal. Tratava-se de uma missão complexa, pois convivia com a continuidade da Operação
Condor, a autocracia monárquica da Arábia Saudita e o sustento das tiranias centro-americanas. Tal discurso,
afinal, não carregava a intenção de eliminar ditaduras, mas o propósito de legitimar a ação imperialista.

Essas políticas incluíam fundos a universidades e centros de pesquisa, meios de comunicação e


entretenimento, dentro e fora dos Estados Unidos, para impulsionar abordagem supostamente humanista,
dando-lhe maior musculatura e repertório.  Apesar do endurecimento tático no período Reagan-Bush, entre
1980 e 1992 – marcado pela corrida armamentista, a intervenção na Nicarágua, o envolvimento no
Afeganistão e a escalada contra o Irã dos aiatolás, entre outras passagens -, não houve alterações relevantes na
narrativa encorpada por Carter. Na prática, foi transformada em uma doutrina imperialista, oferecendo
justificativas à violação da autodeterminação dos povos.
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retorno dos democratas à Casa Branca, com Bill Clinton (1993-2000), significou novo
O impulso a essa embocadura, fortalecida pelo desaparecimento da União Soviética. Na ordem
mundial unipolar que passaria a vigorar, os Estados Unidos assumiram o papel de tribunal e
polícia contra governos que rejeitassem sua dominação, recorrendo inapelavelmente ao
argumento de reação a distintas espécies de totalitarismos. 

As guerras contra a Iugoslávia, a última nação europeia sob governo comunista, nos anos 90, foram
emblemáticas dessa lógica. A pretexto da defesa de minorias nacionais, Clinton ordenou à Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com a tradicional subserviência dos demais Estados imperialistas, que
fizesse desaparecer do mapa o último Estado do velho continente que resistia, de algum modo, à restauração
capitalista e à incorporação no ordenamento hegemônico. 

O caso iugoslavo é interessante porque demonstra que a doutrina imperialista dos direitos humanos se abria
para outros temas além das liberdades formais, sobretudo a defesa de nacionalidades oprimidas, sempre que
isso fosse conveniente para os interesses norte-americanos. Esse discurso, por exemplo, valia para os
muçulmanos da Bósnia, mas Israel jamais foi ameaçado por uma tempestade de bombas que fizesse o
sionismo recuar dos territórios palestinos ocupados desde 1967.  

Outra novidade trazida pela cena pós-soviética, no roteiro imperialista, foi a disseminação de análises
vinculadas ao choque de civilizações, como enunciado na célebre obra de Samuel P. Huntington. Para esse
autor norte-americano, um conhecido conselheiro do regime de apartheid na África do Sul, o confronto
ideológico entre capitalismo e socialismo fora substituído pelo conflito cultural entre o Ocidente capitalista e
democrático contra civilizações atrasadas, reconfigurando o pensamento colonial do século XIX e disparando
uma ampla agressão contra Estados muçulmanos que resistiam à tutela do oeste imperial. 

Neoliberalismo progressista

om o colapso da URSS e o recuo do marxismo em escala planetária, essa doutrina


C imperialista dos direitos humanos começou a ganhar influência até mesmo em setores de
esquerda. Na medida em que o capitalismo se tornara invencível, afinal, o objetivo de sua
superação deveria ser trocado pela busca de uma regulação mais inclusiva, ainda que nos
termos propostos pelos cardeais do “mundo livre”. 
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A esquerda tinha longa e arraigada tradição na defesa dos direitos humanos, em todos os seus aspectos, das
liberdades formais à luta contra o racismo e pela igualdade de gênero, dos instrumentos democráticos às
reivindicações sociais e econômicas. A compreensão predominante, porém, era que a realização desses

direitos, em sua plenitude, seria dependente da derrota do imperialismo em escala mundial e da superação do
capitalismo. 

Não apenas esses direitos seriam limitados e condicionados, nas sociedades capitalistas, como sua aplicação
em Estados socialistas poderia ser fortemente pressionada por sabotagens, sanções, bloqueios e ações
militares promovidos pelas potências imperialistas. Esse cenário dava centralidade, portanto, ao combate
contra o sistema comandado pela Casa Branca, em uma orientação que deveria determinar todos os passos
dos movimentos revolucionários, incluindo as alianças com Estados e partidos não-socialistas, mas
objetivamente anti-imperialistas. 

A troca da revolução pela inclusão modificou radicalmente esta percepção entre forças progressistas, uma vez
que substituía a lógica anticapitalista por melhorias nos marcos ditados pelo pensamento liberal, ainda que
questionando constrangimentos, incongruências e contradições. 

Um momento emblemático foi o apoio ativo do primeiro-ministro italiano Mássimo


Plano
D’Alema, antigo dirigente Jacobino
do Partido Comunista Italiano (PCI), aos bombardeios contra

Assine a Jacobin e recebaBelgrado, em 1999, com os aviões da OTAN decolando da base aérea de Aviano. Seu
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argumento principal era de tirar lágrimas dos olhos mais secos, tamanha a solidariedade
com os albaneses do Kosovo, ao lado de Clinton e Tony Blair, acusando o presidente
iugoslavo, Slobodan Milosevic, de promover uma “limpeza étnica”. 

O humanismo passou a ser ancoradouro para os que desacreditavam do marxismo e do


socialismo. Na prática, conduziu antigos agrupamentos, lideranças e intelectuais marxistas à
hegemonia cultural do liberalismo, da democracia ocidental e capitalista, ainda que lhes
permitindo funcionar, em certos momentos, como agentes críticos.

Associada a relevantes lutas sociais desde os anos 60, essa possibilidade de influência sobre
antigos setores de esquerda e camadas médias mais ilustradas conduziu à agregação de uma
terceira onda temática na cartilha imperialista, depois da democracia político-jurídica e da
proteção às nacionalidades oprimidas. O novo ciclo, aberto com Clinton, mas atingindo seu
auge com Barack Obama, absorveu narrativas do feminismo, da luta antirracista e do
combate à homofobia.

Esse adendo discursivo-programático, baseado em representatividade e empoderamento,


está muito longe de apresentar as chagas a que se refere como fenômenos estruturais do
capitalismo, especialmente nas nações periféricas e de história colonial. Diversifica, no
entanto, as ferramentas de legitimação do imperialismo e neutralização de contingentes que
poderiam integrar alguma forma de oposição efetiva. A filósofa norte-americana Nancy
Fraser cunhou o termo “neoliberalismo progressista” para retratar essa transmutação da hegemonia
burguesa. 

Materialismo ou pós-modernidade?

caso do Afeganistão é bastante sintomático sobre como funciona o humanismo imperialista.


O Ainda que a ocupação do país pelas tropas norte-americanas, em 2001, seja explicada pelo
atentado da al-Qaeda ao World Trade Center, em setembro daquele ano, a propaganda
anterior e posterior à invasão revela o mecanismo cultural e moral acionado pela Casa
Branca. O fundamentalismo islâmico, outrora aliado no combate à União Soviética e aos comunistas afegãos,
passava a ser apresentado, particularmente na versão praticada pelo Talibã, como uma monstruosidade
anticivilizatória, com destaque à brutalização contra mulheres. As tropas mandadas por Washington, para os
mais incautos, teriam um papel libertador. Na pior das hipóteses, não fazia sentido atuar decididamente
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contra essa invasão ocidental se a alternativa seria um governo misógino, medieval e cruel. 

A discussão sobre imperialismo quase desaparece, ao menos perde toda centralidade nesse enfoque, para ser
substituída por um debate moral entre a selvageria do Talibã, mesmo que concretamente confrontado com o
imperialismo, e a civilização democrática-ocidental, ainda que representada pelos atropelos militares da
maior potência capitalista. 

A mudança de agenda para o terreno dos direitos humanos, ainda que não absolvesse os Estados Unidos,
condenava pesadamente seus inimigos nessa nação da Ásia Central. Como um empate, na batalha das ideias,
é melhor que uma derrota, a Casa Branca pôde passar vinte anos satisfatoriamente tranquilos sobre a questão
afegã, com uma resistência internacional de baixa intensidade.

Claro que o barbarismo do Talibã merece todas as condenações, mas fica desfalcada a análise sobre o conjunto
da obra. Deve ser essa a pedra angular pela qual se pode interpretar, de um ponto de vista progressista, a
situação no Afeganistão, como propõem os Estados Unidos e seus áulicos? 

Para começo de conversa, a invasão norte-americana, com a morte de 60 mil civis, e o estabelecimento de um
Planoimportante
governo títere representaram alguma conquista Jacobinopara o povo e as mulheres do Afeganistão? Ou
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Jacobinmais destruição e opressão, por conta de interesses da superpotência e das corporações beneficiadas
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por lucrativos contratos? Não foi exatamente a ação imperialista que legitimou o Talibã, apesar de todos os
crimes cometidos entre 1996 e 2001, como a principal organização da guerra de libertação nacional,
sustentada por amplos setores da população, incluindo os que sofreram sob o regime dos mulás?

O fato é que a doutrina liberal dos direitos humanos, comprada por vozes de esquerda nessas décadas de
defensiva ideológica, tirou de perspectiva a revogação do sistema imperialista, para oferecer uma mensuração
por sintomas de sofrimento. A misoginia do fundamentalismo islâmico, por exemplo, de inegável crueldade,
cancelaria o papel anti-imperialista que poderia exercer o Talibã, porque o mal para as mulheres que essa
organização provocaria seria igual ou mais grave que os danos impostos pela ocupação norte-americana. 

O potencial emocional desse tipo de narrativa, em uma época na qual a materialidade marxista se vê
desafiada pela metafísica pós-moderna, revela-se uma arma inestimável para os Estados Unidos controlarem,
ao menos parcialmente, focos de ira no Ocidente contra suas ações, ao contrário do que ocorreu no passado,
como na Guerra do Vietnã.

Claro que a opção marxista não pode significar renúncia à luta pelos direitos humanos como programa dos
povos. Ao contrário, a intensificação desse combate ajuda a criar uma consciência emancipatória mais radical
e ampliada. Essa plataforma, no entanto, somente tem eficácia e viabilidade se subordinada a uma concepção
que estabeleça, como objetivo estratégico, a supressão do neocolonialismo imposto pelos Estados
imperialistas e da ordem internacional que representam. Todos os movimentos e Estados dispostos a romper
com o imperialismo ou combatê-lo, portanto, devem ser apoiados nesse âmbito de sua conduta, ainda que
mereçam a mais férrea oposição interna quando se tratem de poderes dispostos a oprimir seu próprio povo. 

Consenso bolchevique

uito instigante, a esse respeito, uma antiga entrevista de Leon Trotsky, concedida a Mateo
M Fosa, em setembro de 1938:

“Existe atualmente no Brasil um regime semifascista [Estado Novo, sob comando de Getúlio
Vargas] que qualquer revolucionário só pode encarar com ódio. Suponhamos, entretanto, que a
Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil. Eu pergunto a você: de que lado do conflito estará a classe
operária? Eu responderia: nesse caso eu estaria do lado do Brasil ‘fascista’ contra a Inglaterra ‘democrática’. Por
quê? Porque o conflito entre os dois países não será uma questão de democracia ou fascismo. Se a Inglaterra
triunfasse, ela colocaria um outro fascista no lugar e fortaleceria o controle sobre o Brasil. No caso contrário, se o
Brasil triunfasse, isso daria um poderoso impulso à consciência nacional e democrática do país e levaria à
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derrubada da ditadura de Vargas. A derrota da Inglaterra, ao mesmo tempo, representaria um duro golpe para o
imperialismo britânico e daria um grande impulso ao movimento revolucionário do proletariado inglês.” 

Nesse cenário hipotético, o revolucionário russo retoma a tradição marxista, sem se deixar levar pela justa
fúria contra a tirania e compreendendo qual a contradição principal diante do ataque imperialista a uma
nação periférica. Sua posição não significava conciliação com o governo Vargas durante o Estado Novo, mas
uma análise arguta de como a luta contra o imperialismo é a peça que move o jogo. 

Ironicamente, a posição de Trotsky guarda similitude com a de seu arquirrival no Partido Bolchevique, Josef
Stalin, exposta em seu livro “Sobre os fundamentos do leninismo”, originalmente publicado em 1924:  

“Nas condições de opressão imperialista, o caráter revolucionário do movimento nacional de modo algum
implica necessariamente na existência de elementos proletários no movimento, na existência de um programa
revolucionário ou republicano do movimento, na existência de uma base democrática do movimento. A luta do
emir do Afeganistão pela independência de seu país é, objetivamente, uma luta revolucionária, apesar das ideias
monárquicas do emir e dos seus adeptos, porque essa luta enfraquece, decompõe e mina o imperialismo.”

Essa coincidência entre pensadores tão opostos revela como era pacificada, no marxismo, a teoria da luta de
classes e do imperialismo, subordinando Plano
todos os Jacobino
demais aspectos e batalhas dos trabalhadores por sua
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nossascomo era intenso
edições o esforço para tratar os assuntos da realidade a partir
impressas.
de uma racionalidade materialista e dialética, sem se deixar levar pelos fortes sentimentos que emergem das
barbáries cometidas nos processos históricos.  

A doutrina liberal dos direitos humanos, um instrumento da dominação imperialista, se presta exatamente a
derrogar os alicerces do pensamento marxista, por uma série de mecanismos que pasteurizem a lógica
revolucionária, limitando-a a um caleidoscópio de empatias fragmentadas e aprisionando seu potencial nas
fronteiras do velho sistema, desnutrindo qualquer ameaça à ordem estabelecida pelos senhores do capital e
da guerra.

Jacobin Brasil
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SOBRE O AUTOR

Breno Altman é jornalista e fundador do site Opera Mundi.

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