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(César Coll, Elena Martín, Teresa Mauri, Mariana Miras, Javier Onrubia, Isabel Solé e Antoni Zabala)
Cap. 4: O QUE FAZ COM QUE O ALUNO E A ALUNA APRENDAM OS CONTEÚDOS ESCOLARES? – A Natureza Ativa
e Construtiva do Conhecimento. (Teresa Mauri)
Essa representação acontece em alunos com conhecimentos que lhes servem para “enganchar” o novo conteúdo e
lhes permitem atribuir-lhe algum grau de significado.
A aprendizagem, entendida como construção de conhecimento, pressupõe entender tanto sua dimensão como
produto quanto sua dimensão como processo, isto é, o caminho pelo qual os alunos elaboram pessoalmente os
conhecimentos.
Ao aprender o que muda não é apenas a quantidade de informação que o aluno possui, mas também a sua
competência, a qualidade do conhecimento que possui e as possibilidades pessoais de continuar aprendendo.
Perguntam ou observam atentamente para conseguir representar como contar, como ler ou superar um obstáculo;
Abordam os problemas apresentados perguntando a outros, pedindo ajuda a alguém mais especializado;
Ao observarem uma briga entre colegas, interrogam-se sobre suas razões, pedem opinião a um adulto ou colega
sobre o que é certo ou errado;
Observam diferenças entre uma situação e outra, vivida anteriormente, que lhes permitem raciocinar sobre a
correção ou não do seu pensamento;
Estabelecem relações entre diversos objetos, identificam semelhanças e diferenças segundo critérios objetivos e
podem nomeá-los.
APRENDIZAGEM
É uma atividade mental intensa.
Processo de elaboração pessoal em que nenhum aluno pode ser substituído por outro, isto é, algo que ninguém
pode realizar em seu lugar.
A atividade didática tem a função de construir o contexto para que a atividade mental do aluno ocorra em
determinado nível, e fazer com que ela se oriente no sentido de alcançar os objetivos educacionais ou de
desenvolvimento de capacidades.
O material que compõem os esquemas é simbólico: não é cópia da realidade, mas uma construção na qual
intervieram outras idéia que já possuíamos armazenadas na mente.
Não é a coisa “real”, mas a representação pessoal da realidade objetiva, em determinado momento.
O grau ou nível de elaboração do significado será determinado pela qualidade, diferenciação e coordenação dos
esquemas de conhecimentos que possuímos e por sua relevância e pertinência para estabelecer vínculos com a
nova informação apresentada.
Os conhecimentos dos alunos SEMPRE atuam (mesmo que seja para perceber que o novo conteúdo não tem
nenhum significado para ele).
Esses conhecimentos atuam conferindo à informação diferentes graus de significado e, por isso, este não é
construído de uma vez por todas para sempre, mas pode ser objeto de contínuo aperfeiçoamento.
Os alunos não aprendem apesar de seus conhecimentos prévios, mas por meio deles.
A memória compreensiva
Com a atribuição de significado, os saberes acabam formando uma rede de conhecimentos e tornam-se
inseparáveis daqueles que possuíamos anteriormente.
Assim, construção de conhecimentos e memória podem ser entendidos como uma mesma coisa.
Memorizar resulta de um ato de construção, uma interpretação pessoal do novo que o aluno pôde compreender, é a
formação de uma idéia ou representação da informação a partir daquilo que já conhecia.
Memorização compreensiva = conjunto de processos variados como reter, reelaborar, evocar, etc. É dinâmico =
contínua reestruturação e manutenção do conhecido.
Memorização mecânica = permite reprodução sem mudanças daquilo que foi retido.
Utilizar o conhecimento para resolver problemas surgidos em novas situações pressupõe uma reconstrução e não
uma aplicação mecânica do conhecido.
1. Contar com professores dispostos a trabalhar considerando os alunos como centro de sua
intervenção.
Saberes pessoais dos alunos:
1. Ter conhecimentos conceituais prévios organizados, pertinentes e relevantes, com os quais conectar a nova
informação objeto de aprendizagem.
2. Possuir outros conhecimentos, mais no campo dos procedimentos (encontrar na memória o conhecimento
prévio mais relevante, poder explicitar esse conhecimento, elaborar, conectar, situar e reter os novos
conhecimentos, poder regular o próprio processo de aprendizagem).
3. Ter motivos relevantes que lhes permitam encontrar sentido na atividade de aprendizagem de conceitos, que
os faça sentir-se satisfeitos.
4. Acreditar que a construção do conhecimento conceitual se faz com os outros (perguntar e ser perguntado,
resolver dúvidas, ajudar os outros a resolver as suas).
5. Acreditar que o avanço na construção das próprias idéias e conceitos deve-se ao esforço pessoal.
Disposição dos professores a ensinar conceitos aos alunos para a construção do próprio conhecimento:
Disposição dos professores a ensinar conceitos aos alunos para a construção do próprio conhecimento:
1. Os professores têm de intervir para suscitar as representações que os alunos têm sobre o procedimento, para
ajudá-los a manifestarem o grau de domínio que possuem na execução:
2. Ativar, explicitar e trabalhar com as idéias que os alunos têm sobre o procedimento objeto de aprendizagem
3. Ativar a competência prévia dos alunos, possibilitando que sigam lista de instruções para a solução de um
problema, ensaiem um processo, imitem outros.
3. Os professores também devem incentivar os alunos a orientarem sua atividade no início e durante a
aprendizagem, e seu esforço nesse processo.
4. Devem ajudá-los a apreender e representar o objetivo da atividade a ser realizada, os materiais e as
condições de trabalho para que os alunos consigam orientar claramente suas atividades e seu esforço, e possam
ajustar suas expectativas às dos professores.
5. Os professores devem apresentar aos alunos o novo procedimento que devem aprender de modo que
possam atribuir-lhe significado em algum grau.
6. Critérios de apresentação da informação ou do próprio procedimento:
Ao apresentar o procedimento, os professores devem tentar explicitar as ordens ou instruções que dirigem o
processo de realização do procedimento de modo lógico, claro e significativo.
Proporcionar situações nas quais seja possível que os alunos atuem para testar ou ensaiar o procedimento
(modelos).
Proporcionar outras situações úteis para os alunos, a fim de que possam diversificar o uso do procedimento
e possibilitem o exercício de uma prática generalizada e constante.
1. A verbalização dos procedimentos em situações de atividade compartilhada com outros e na resolução de
problemas de forma cooperativa permitem que os alunos negociem o significado dos mesmos.
2. Confiar no esforço dos alunos na construção de procedimentos e dar pistas para pensar e retorno sobre seu
progresso.
3. Apresentar atividades de avaliação
O que permite aos alunos aprender determinadas atitudes?
Saberes pessoais dos alunos:
1. Estar familiarizado com certas normas e possuir tendências de comportamento que se manifestam em
situações específicas, perante objetos e pessoas concretas que sirvam de base às novas normas e atitudes objeto
de aprendizagem.
2. Poder recordar avaliações, juízos ou sentimentos que merecem pessoas ou objetos e situações.
3. Mostrar-se disposto a expressar a outro suas idéias e opiniões, para obter consciência sobre elas.
4. Poder elaborar o significado da nova norma ou atitude, ligando-a ao próprio comportamento e opinião e
internalizá-la (observação de modelos de “outros significativos”).
5. Poder aceitar tudo o que implica a mudança de atitude com confiança e segurança em si. A mudança de
atitude é possível com o apoio de um coletivo que avalia positivamente essa mudança de atitude.
Intervenção dos professores na construção de atitudes dos alunos:
1. O grupo escolar deve ter claramente estabelecidos (e compartilhar as normas que os regulam) os critérios
de valor pelos quais é regido.
2. Os professores devem facilitar o conhecimento e a análise das normas existentes no centro escolar e no
grupo classe para que os alunos possam compreendê-las e respeitá-las.
3. Ajudar os alunos a relacionarem significativamente as normas a determinadas atitudes que se pretende que
desenvolvam em situações concretas (no laboratório, no trabalho em grupo, nos espaços comuns da escola, num
passeio, numa visita, num debate, etc.)
4. Facilitar a participação e o intercâmbio entre alunos para debater opiniões e idéias sobre os diferentes
aspectos que dizem respeito à sua atividade na escola.
5. Uma determinada organização das atividades de aprendizagem de conteúdos na escola facilita a
aprendizagem de determinadas atitudes (cooperação, solidariedade, respeito). Mas, é preciso planejar
expressamente sua aprendizagem.
6. Procurar modelos de atitudes que se pretende que os alunos aprendam na escola.
CONCLUSÃO
A aprendizagem escolar é um processo complexo, que envolve integralmente os alunos. São eles que aprendem. No
entanto, tornar isso possível é uma aventura coletiva.
Aprendizagem não pode ser confiada ao acaso, mas necessita de atuação externa, planejada e sistemática que
oriente e guie os alunos na direção prevista pelas intenções educativas presentes no currículo.
O ensino deve ser entendido, necessariamente, na concepção construtivista, como uma ajuda ao processo de
aprendizagem.
Mas, apenas ajuda, porque o ensino não pode substituir a atividade mental construtiva do aluno, nem ocupar o seu
lugar.
1. Deve legar em conta os esquemas de conhecimento dos alunos relacionados ao conteúdo de aprendizagem
tratados e tomar como ponto de partida os significados e os sentidos de que os alunos disponham em relação a
esse conteúdo.
2. Deve provocar desafios que o levem a questionar esses significados e sentidos e forcem sua modificação
pelo aluno, e assegurar que essa modificação ocorra na direção desejada, isto é, aproximando a compreensão e a
atuação do aluno das intenções educativas.
Portanto, ajuda ajustada pressupõe desafios abordáveis para os alunos (não tanto no sentido de que possam
resolvê-los sozinhos, mas que possam enfrentá-los graças às suas próprias possibilidades e aos apoios e
instrumentos recebidos do professor).
Organização global da situação em seus aspectos de horário, escolha dos espaços, organização e estrutura da
classe ou agrupamento dos alunos;
Escolha de atividades;
Apresentação de orientações;
Corrigir erros, dar pistas, oferecer possibilidades de reforço e ampliação, elogiar a atuação, avaliar os esforços ou o
processo que realizam, etc…
O ensino como ajuda ajustada sempre pretende, a partir da realização, compartilhada ou apoiada de tarefas,
incrementar a capacidade de compreensão e atuação autônoma do aluno.
PREMISSA: aquilo que o aluno pode realizar com ajuda, em determinado momento, poderá realizar de maneira
independente mais tarde.
A participação nas atividades junto com colegas mais experientes ou com ajuda do professor provoca as
reestruturações e as mudanças nos esquemas de conhecimento que tornarão possível essa atuação independente.
Oferecer uma ajuda ajustada: criar zonas de desenvolvimento proximal e nelas oferecer assistência.
Vygotski – ZDP
– a distância entre o nível de resolução de uma tarefa que uma pessoa pode alcançar com ajuda de uma pessoa
mais competente ou experiente nessa tarefa.
– o espaço no qual, graças à interação e à ajuda de outros, uma pessoa pode trabalhar e resolver um problema ou
realizar uma tarefa de uma maneira e em um nível que não seria capaz de ter individualmente.
Oferecer uma ajuda ajustada à aprendizagem escolar supõe criar ZDP e oferecer nelas ajuda e apoio para que, por
meio dessa participação e graças a esses apoios, ao alunos possam ir modificando, na própria atividade conjunta,
seus esquemas de conhecimento e seus significados e sentidos, e possam ir adquirindo mais possibilidades de
atuação autônoma e uso independente desses esquemas perante novas situações e tarefas, cada vez mais
complexas.
Considerar:
1. Uma mesma forma de intervenção ou atuação do professor pode, em determinados alunos servir de ajuda
ajustada e, em outros alunos, não. O ensino não tem efeitos lineares nem automáticos sobre os alunos, tais efeitos só
existem em função de alunos concretos e daquilo que trazem em cada momento à aprendizagem.
2. O ensino não pode limitar-se a proporcionar sempre o mesmo tipo de ajudas nem a intervir de maneira
homogênea e idêntica em cada um dos casos. Ajuda ajustada requer necessariamente variação e diversidade nas
formas de ajuda.
3. Dimensão temporal das situações de ensino e aprendizagem. Ajuda depende do momento do processo. (Primeira
vez que trata determinado conceito requer mais ajudas de diferentes tipos e graus do que depois de já terem
trabalhado o assunto por algumas aulas.)