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Avaliação Físico-Funcional II

Avaliação da Marcha

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Elaine Ferrão Fernandes

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Avaliação da Marcha

• Avaliação da Marcha.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Apresentar a marcha humana, sua descrição, avaliação e anormalidade;
• Conhecer as fases da marcha normal e os parâmetros de normalidade.
UNIDADE Avaliação da Marcha

Avaliação da Marcha
A Marcha Humana
Um indivíduo com a marcha normal, possui o controle corporal para andar con-
versando, carregando objetos, mudando de direção e, se necessário, ajustando-se
aos diferentes obstáculos do caminho.

A aquisição da marcha pela criança leva de 11 a 15 meses e somente em torno


dos 4 ou 5 anos a criança terá a marcha semelhante à do adulto.

Nos idosos. a presença de patologias e a perda gradual da função dos diferentes


sistemas corporais expressada por muitas mudanças, tais como: diminuição de força
dos membros inferiores, diminuição das respostas de equilíbrio e proteção e até
mesmo diminuição da acuidade visual, podem interferir na qualidade da marcha e
acabar levando-os a quedas, que hoje são consideradas um grave problema de Saúde
Pública (MAGEE, 2010).

A marcha é a motricidade de maior complexidade de execução e de maior expec-


tativa na vida pessoal no campo da reabilitação, por permitir a independência nas
atividades da vida diária, nas atividades laborais e na vida social.

Quando uma criança começa a andar, é um marco importante na família. Todos


comemoram e quando, infelizmente, uma pessoa perde a capacidade de andar por
uma doença ou lesão traumática, toda expectativa dessa pessoa em relação ao seu
tratamento está voltada para a possibilidade de voltar a andar.

Esse paciente olha o Fisioterapeuta em seus olhos e pergunta de forma direta: eu


vou andar?

Então, precisamos nos preparar muito bem para podermos responder a essa pergunta
com precisão paras mães, pais, avós, tios, amigos e pacientes de diferentes idades.

Dessa forma, na reabilitação, o Fisioterapeuta visa desenvolver ou readquirir uma


marcha eficiente para obter (MAGEE, 2010):
• Menor gasto energético;
• Segurança para evitar quedas;
• Movimentos coordenados, equilibrados e específicos para evitar lesões secundá-
rias a movimentos inadequados; ou seja
• Buscamos uma marcha funcional.

A avaliação da marcha requer estudo específico e habilidade técnica na observa-


ção de cada segmento corporal nas diferentes fases da marcha. A avaliação da mar-
cha também pode ser feita com um cronômetro para verificar a velocidade e com a
tomada da medida de comprimento do passo, da passada e do ângulo do pé.

Atualmente, a análise da marcha pode ser realizada, também, com diferentes


recursos tecnológicos, como: plataformas de força que medem as reações de força

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ao solo, eletromiografia para verificar a atividade muscular e sistemas de análise em
vídeo de alta velocidade para registrar os movimentos da marcha.

Bom, vamos aprofundar nossos estudos sobre a marcha. Veja o desenho.


Disponível em: https://bit.ly/2D1LtS0

Fases da Marcha
A marcha, em análise mecânica, é uma sequência de movimentos repetitivos rea-
lizados pelos membros inferiores enquanto nossa postura se mantém estável.

Nessa sequência de movimentos, um membro inferior se responsabiliza pelo suporte


do peso corporal, enquanto o outro membro inferior se move para garantir o desloca-
mento anterior e essas funções são constantemente invertidas, consecutivamente.

A região superior do corpo responde a tais movimentos de tal forma que a postura
e o equilíbrio possam ser mantidos ao mesmo tempo em que podemos conversar e ou
manipular objetos, como um celular, por exemplo.

Para fins didáticos e de avaliação, a marcha é dividida em duas fases – fase de


apoio e fase de balanço.

Na descrição das fases e das suas subfases, convencionalmente utiliza-se como


referência o membro inferior D (MAGEE, 2010).

Em um indivíduo com a marcha normal, a fase de apoio leva 60% da velocidade


do total da marcha e a fase de balanço leva somente 40%.

Agora, iremos estudar as fases e as subfases da marcha (MAGEE, 2010).

A fase de apoio pode ser dividida em:


• Duplo apoio inicial;
• Apoio simples;
• Duplo apoio final.

A marcha começa no momento que o membro inferior de referência toca o solo –


aqui escolhemos o D. Esse momento recebe o nome de contato inicial: o pé D toca
o solo e o pé E também se encontra em contato com o solo.

Enquanto os dois membros estiverem tocando o solo, esse momento recebe o


nome de duplo apoio inicial (MAGEE, 2010).

No contato inicial (resposta à carga),o membro inferior D irá receber todo o peso
corporal e o pé E pode entrar na fase de balanço. Assim termina o duplo apoio e
começa o apoio simples.

No apoio simples, o pé D se encontra todo apoiado no solo e o pé E se desloca


anteriormente. Agora, todo o peso corporal se desloca anteriormente sobre o mem-
bro inferior D.

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UNIDADE Avaliação da Marcha

O deslocamento anterior se torna tão grande que surge a necessidade do pé D


começar a sair do solo, caracterizando que o apoio simples está chegando ao fim
e irá surgir o duplo apoio final, quando o pé esquerdo toca o solo (MAGEE, 2010).

O apoio simples pode ser dividido em duas subfases:


• Apoio médio;
• Apoio terminal.

O apoio médio inicia com o pé D em contato com o solo e termina no momento


em que o calcanhar D começa a sair do solo (MAGEE, 2010).

O apoio terminal começa quando o calcanhar D inicia a sua saída do solo e vai
até o momento em que o pé E toca o solo.

No momento em que os dois pés se encontram em contato com o solo, temos


também o duplo apoio terminal.

No duplo apoio terminal, o peso que está no membro inferior D começa a ser
transferido para o membro inferior E, deixando, assim, o membro inferior D livre
para depois iniciar o balanço. Esta é a fase de pré-balanço.

A fase de balanço pode ser dividida em:


• Balanço inicial;
• Balanço médio;
• Balanço terminal.

O momento que o pé D sai do solo até que os dois membros estejam alinhados
lado a lado é o momento do balanço inicial.

Balanço médio começa com os membros inferiores alinhados e vai até o mo-
mento em que a tíbia fica alinhada com o solo.

O balanço terminal começa com o membro inferior D se preparando para tocar


o solo, fase que também recebe o nome de desaceleração.

Quando o pé direito toca o solo, ele reinicia um novo ciclo da marcha


(MAGEE, 2010).

Assista aos vídeos citados a seguir para ajudar na compreensão das fases da marcha.
Disponíveis em:
• Marcha Normal – Ciclos e Fases da Marcha: https://youtu.be/Qjj84musSpk
• Marcha Normal – Contato Inicial: https://youtu.be/djCXFWXfl1A
• Marcha Humana – Resposta à Carga: https://youtu.be/Gi2z1Mhj2CA
• Marcha Normal – Apoio Médio: https://youtu.be/zWInciwkhcc
• Marcha Normal – Pré-balanço: https://youtu.be/iXZJBnUrYhE
• Marcha Normal – Balanço inicial: https://youtu.be/OthhOckYat8
• Marcha Normal – Balanço médio: https://youtu.be/KcSVvZ881oo
• Marcha Normal – Balanço terminal: https://youtu.be/ktm0aUU1NVw

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Marcha Humana Normal
Fases da Marcha
Fase de Apoio
• Duplo apoio inicial;
• Apoio simples;
• Duplo apoio final;
• Contato inicial;
• Resposta à carga;
• Apoio médio;
• Apoio terminal;
• Pré-balanço.

Fase de Balanço
• Balanço inicial;
• Balanço médio;
• Balanço terminal.

Agora que entendemos a marcha humana, de forma geral, vamos descrever deta-
lhamento cada subfase.

Fase de Apoio
As subfases da fase de apoio:
• Contato inicial: Toque do calcanhar;
• Resposta à carga: Pé plano;
• Apoio médio: Apoio sobre apenas um membro inferior;
• Apoio terminal: Retirada do calcanhar;
• Pré-balanço: Retirada dos pododáctilos.

Contato Inicial
É o período de aceitação do peso corporal pelo calcanhar do membro inferir de
apoio. Representa os 10% iniciais da marcha.

Nessa subfase, enquanto o membro inferior de apoio começa a suportar o peso


do corpo e amortecer o impacto, o contralateral começa a perder o contato com o
solo (MAGEE, 2010).

O tornozelo encontra-se neutro ou em dorso flexão, o joelho encontra-se estendido


e o quadril fletido à 30 graus, aproximadamente.

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UNIDADE Avaliação da Marcha

Para manter o tornozelo neutro ou em dorso flexão é necessária a ação dos mús-
culos tibial anterior, extensor longo do hálux e extensor longo dos dedos.

No joelho, a extensão não precisa da ação do músculo quadríceps e dos músculos


isquiotibiais, porém, eles já começam a ser acionados para a próxima fase.

O quadril, que se mantém a 30 graus de flexão, tende a aumentar esse movimento,


e o que impede esse aumento é a ação excêntrica dos músculos glúteo máximo, isquio-
tibiais e adutor magno.

Nesse momento, a pelve encontra-se nivelada e em rotação anterior em relação


ao lado do contato inicial (membro inferior de apoio) e o tronco encontra-se alinhado
entre os dois membros inferiores.

Resposta à Carga (Pé Plano)


Na subfase de resposta à carga (pé plano), o pé move-se para a posição de prona-
ção e eversão, ao receber o peso corporal, o que é importante para desbloquear as
articulações metatarsais e a subalar para a absorção de impacto e adaptação do pé a
diferentes relevos. Na sequência, realiza a flexão plantar (MAGEE, 2010).

A eversão e a pronação do pé roda medialmente o tálus e a tíbia. A tíbia acaba


por rodar o joelho medialmente, gerando uma torsão nele, que não é maior graças à
ação do tensor da fáscia lata e da cabeça longa do músculo bíceps femoral.

A região plantar encontra-se em contato com o solo para receber o peso corpo-
ral, o joelho flexiona de 15 a 25 graus para absorver impacto, o quadril move-se
para a extensão, a pelve inclina para o lado do membro inferior oposto que está na
fase de balanço e o tronco encontra-se alinhado ao membro inferior de apoio.

A flexão plantar ocorre pela contração excêntrica do tibial anterior, extensor lon-
go do hálux e extensor longo dos dedos, a contração desses músculos traciona a tíbia
anteriormente e acaba por flexionar o joelho que é controlado pela ação excêntrica
de quadríceps e isquiotibial (MAGEE, 2010).

O quadril estende, pela ação dos músculos glúteo máximo, adutor magno e is-
quiotibiais, para manter o equilíbrio anterolateral do quadril, os músculos glúteos
máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, tensor da fáscia lata e bíceps femoral.

Apoio Médio (Apoio Sobre um Membro Inferior)


O momento do apoio médio é o período de sustentação de peso sobre o membro
inferior de apoio, o corpo precisa ter estabilidade e equilíbrio ao mesmo tempo em
que se desloca anteriormente. O peso corporal no pé normal é distribuído de forma
uniforme por toda sua extensão (MAGEE, 2010).

O tronco encontra-se alinhado sobre o membro inferior de apoio e a pelve apresenta


discreta inclinação para o lado do membro inferior que se encontra na fase de balanço.

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O quadril sai da flexão e entra em extensão máxima do quadril entre 10 a 15
graus, com rotação lateral. O joelho estende e o tornozelo se encontra a 5 a 8° de
dorsiflexão, deslocando a tíbia anteriormente.

Com a dorso flexão, a tíbia desloca anteriormente e o restante do corpo também


se desloca e o músculo sóleo ajudado pelos gastrocnêmios controla esse deslocamento
anterior da tíbia.

O joelho se estende primeiro pela ação do quadríceps e depois a própria projeção


corporal anterior irá manter sua extensão de joelho e quadril, passivamente.

O equilíbrio do quadril é mantido pela ação dos músculos glúteo médio, glúteo
mínimo e tensor da fáscia lata.

Apoio Terminal (Retirar o Calcanhar)


Com a progressão anterior do corpo, gradativamente, surge uma flexão plantar e
os músculo sóleo e gastrocnêmios contraem para controlar essa progressão anterior.

Joelho e quadril estão em extensão passiva, que ocorre pelo posicionamento


corporal, a extensão do quadril é controlada pela ação excêntrica do tensor da fáscia
lata (MAGEE, 2010).

Pré-balanço – Retirada dos Pododáctilos


Essa fase corresponde ao duplo apoio terminal. O peso corporal será deslocado
para o membro inferior oposto (MAGEE, 2010).

A flexão plantar pela ação do sóleo e gastrocnêmios aumenta, elevando o calcâ-


neo do solo, anteriorizando a tíbia, fletindo joelho e quadril e impulsionando o corpo
à frente.

O músculo quadríceps controla a flexão de joelho e o adutor longo controla o


quadril junto com o reto femoral.

A Fase de Balanço
Inicia com a saída do pé D do solo, progride com o pé no ar e termina no mo-
mento que o calcanhar D toca novamente ao solo e, nesse momento, reinicia a fase
de apoio (MAGEE, 2010).

Na fase de balanço da marcha, o membro inferior encontra-se em cadeia cinética


aberta, o que diminui muito o estresse sobre esse membro inferior.

Nesta fase, ocorrem mudanças na coluna vertebral, por meio da pelve, do quadril,
do tornozelo e do pé. A estabilidade do membro inferior sem sustentação de peso é
estabelecida pela pelve e pelo quadril.

Esta fase também é subdividida para ser estudada.

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UNIDADE Avaliação da Marcha

As subfases da fase de balanço:


• Balanço inicial (aceleração);
• Balanço médio;
• Balanço terminal (desaceleração).

Balanço Inicial (Aceleração)


Inicia no momento que o pé sai do solo, a flexão plantar se reduz, passa para
neutra e depois para a dosiflexão pela ação dos músculos tibial anterior, flexor longo
do hálux e flexor longo dos dedos (MAGEE, 2010).

O joelho encontra-se em flexão de aproximadamente 60 graus pela ação dos is-


quiotibiais e o quadril está em flexão por ação da inércia e dos músculos ilíaco, grácil
e sartório.

A pelve desloca anteriormente e se inclina em direção ao lado do membro inferior


em balanço, e o tronco se encontra alinhado e em equilíbrio.

Balanço Médio
Esta fase inicia quando os dois membros inferiores estão alinhados, o tornozelo
precisa de ampla dorsiflexão, que acontece pela ação dos músculos pré-tibiais. O
joelho, que estava com 60 graus de flexão, passa para 30 graus de flexão pela ação
excêntrica dos músculos isquiotibiais e pela ação da gravidade (MAGEE, 2010).

O quadril permanece em flexão passiva por ação da inércia.

Balanço Terminal (Desaceleração)


O balanço terminal ou desaceleração inicia no momento em que a tíbia está ver-
ticalizada à frente do membro inferior oposto. É a transição entre apoio e balanço
(MAGEE, 2010).

O tornozelo está em dorsiflexão pela ação dos músculos pré-tibiais e o joelho se


estende pela ação do quadríceps e dos isquiotibiais. Aa ação desses músculos tam-
bém irá dar estabilidade ao joelho para a próxima fase.

O quadril entra em desaceleração para diminuir a flexão de quadril, o tronco e a


pelve mantêm-se alinhados.

Parâmetros normais da marcha:


• Comprimento da passada e do passo;
• Largura da passada;
• Ângulo do pé;
• Cadência da marcha;
• Tempo do passo e da passada;

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• Velocidade;
• Largura da base de sustentação;
• Distância proporcional do centro de gravidade em relação ao solo;
• Movimento sagital do quadril;
• Flexão do joelho no balanço inicial;
• Excursão vertical da cabeça;
• Excursão lateral da cabeça;
• Movimento sagital do ombro;
• Flexão do cotovelo.

Descritores espaciais da marcha:


• Comprimento do passo;
• Comprimento da passada;
• Largura do passo;
• Ângulo do pé.

Comprimento do Passo
Um passo corresponde à sequência de movimentos que sucedem o período
de contato inicial de um pé (calcanhar no solo) até o contato inicial do pé oposto
(MAGEE, 2010).

O comprimento do passo, é a distância entre dois pontos de contato entre o pé D e o


pé E. Na média da população, o comprimento do passo é em torno de 72cm. Sofre al-
terações de acordo com idade, gênero, características corporais e alterações patológica.

Os passos das crianças e das mulheres são menores em relação aos homens.
A altura e a dor também influenciam os passos: um indivíduo mais alto deambula a
passos maiores e o indivíduo com dor e alterações articulares e ou musculares dimi-
nui o comprimento do seu passo.

O comprimento do passo direito comparado ao passo esquerdo possibilita verifi-


car a simetria da amplitude do passo em relação aos dois membros inferiores.

Comprimento da Passada
Um ciclo de marcha ou passada corresponde a uma sequência completa de movi-
mentos realizados entre o contato inicial de um pé no solo até um novo contato ini-
cial desse mesmo pé no solo, ou seja, dois passos consecutivos: um à direta e outro
à esquerda (MAGEE, 2010).

O comprimento da passada é de 144cm e sofre alterações no seu comprimento


nas mesmas situações que alteram o comprimento do passo.

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UNIDADE Avaliação da Marcha

Largura do Passo
A largura do passo é a distância entre as laterais e os centros do calcâneo de
dois contatos consecutivos, um de cada pé, e corresponde a 8 ou 10cm, em média
(MAGEE, 2010).

Ângulo do Pé
O ângulo do pé é verificado entre linha de progressão do corpo na marcha e pela
linha do eixo longitudinal do pé. Nos adultos, esse ângulo é de 5 a 7 graus na média;
nas crianças é de 2,5 a 6,0 graus (MAGEE, 2010).

Descritores Temporal:
• Cadência;
• Tempo do passo;
• Tempo da passada.

Cadência ou Ritmo do Passo


Cadência se refere ao número de passos dados por minuto de marcha. A cadência
normal é de 90 a 120 passos por minuto. Nas mulheres, a cadência é 6 a 9 passos
por minuto mais alta que a dos homens (MAGEE, 2010).

Tempo do Passo
Podemos observar, também, o tempo de realização de um passo.

Tempo da Passada
É o tempo de dois passos, um passo D e de um passo E.

Descritor espacial-temporal:
• Velocidade da marcha.

Velocidade
Verificar o tempo em um determinado espaço de tempo. A velocidade é consi-
derada o melhor descritor para avaliar a marcha e utiliza as unidades de medidas de
metros/segundo ou milhas/hora. A velocidade também pode ser medida multipli-
cando a cadência pelo passo (MAGEE, 2010).

Em adultos normais, um ciclo da marcha leva cerca de um segundo, e abrange


1,44m, o que leva a uma velocidade de 1,3 m/s.

Centro de Gravidade
Em um indivíduo em pé, o centro de gravidade, em geral, está localizado na al-
tura de S2, a 5cm, anteriormente. Nas mulheres, tende a ser mais baixo, pois elas
possuem massa corporal maior na região da pelve.

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Durante a marcha, o centro de gravidade se desloca vertical e horizontalmente,
devido à transferência de peso e às sucessões de movimentos nas diferentes fases
da marcha.

Largura da Base de Sustentação


A distância entre os dois pés em um indivíduo em pé representa a base de sus-
tentação para a marcha. A largura normal é de 5 a 10cm e a base alargada nos leva
a pensar na possibilidade de o paciente apresentar algumas patologias de diferentes
causas (MAGEE, 2010).

Uma base alargada pode ser consequência de alterações neurológicas centrais ou


periféricas que acarretam alterações de equilíbrio ou de sensibilidade.

Alterações cerebelares podem levar a um aumento da base por alterações de equi-


líbrio e à neurite periférica que altera a sensibilidade. O equilíbrio pode ser alterado
por alterações do ouvido médio e a base de sustentação também pode ser alterada
por alterações musculoesquelética como, por exemplo, um joelho valgo que impede
a aproximação dos pés e, portanto, a base se torna aumentada.

Desvio Pélvico Lateral (Inclinação Pélvica)


O desvio pélvico lateral é caracterizado por um movimento latero-lateral da pelve
durante a marcha de 2,5cm a 5cm. Surge devido à necessidade de se transferir o
peso corporal em cada passo para o membro inferior de apoio (MAGEE, 2010).

Desvio pélvico vertical


O desvio pélvico permite, durante a marcha, que o centro de gravidade se mova
5cm para cima e para baixo, mantendo entre a estabilidade e mobilidade necessárias
para os deslocamentos específicos da marcha. O ponto alto do desvio ocorre du-
rante a subfase de apoio médio e o ponto baixo durante a subfase de contato inicial
(MAGEE, 2010).

Rotação Pélvica
A rotação pélvica reduz o ângulo existente entre o fêmur e o solo, no momento do
passo. Aumenta o comprimento do passo, limita o deslocamento anterior do centro
de gravidade e a sua descida.

A rotação pélvica ocorre anterior e posteriormente, e temos 4° para a rotação


anterior no membro inferior em balanço e 4° para a rotação posterior no membro
inferior de apoio.

Na busca de equilíbrio, o tórax roda na direção oposta, unido aos ombros e aos
membros superiores (MAGEE, 2010).

Avaliação da Marcha
A avaliação da marcha se faz necessária em diferentes áreas da Fisioterapia e em
diferentes condições patológicas.

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UNIDADE Avaliação da Marcha

Como toda avaliação, devemos começar com a anamnese e com o exame físico
levantando dados como: intensidade de or, alterações de amplitude de movimento,
alterações de sensibilidade, fraqueza muscular, espasticidade, assimetrias corporais,
equilíbrio e ou deformidades.

O Fisioterapeuta deve conhecer os parâmetros da marcha normal e conseguir visu-


alizar e identificar a participação de cada região corporal em cada fase da marcha, o
conhecimento da marcha normal serve de base para a análise da marcha patológica.

Na avaliação da marcha propriamente dita, o Fisioterapeuta deve observar o pa-


ciente andando na sua forma habitual, utilizando dispositivos auxiliares de marcha
quando necessário (muletas, andador, órteses) (MAGEE, 2010).

Devemos observar o paciente andando na vista anterior, lateral e posterior e, de


preferência, os pacientes devem estar de shorts e as pacientes de top e shorts.

Ambos devem ser avaliados com e sem sapatos, embora os sapatos devem ser
analisados, e os pés também.

As regiões de desgaste dos sapatos trazem informações sobre a pisada e as marcas,


manchas e hiperqueratose nos pés também denotam alterações na pisada e na marcha.

Verificar se o paciente claudica, se aparecem alterações de tônus, os movimentos


corporais em cada subfase, o comprimento do passo e da passada, a cadência e
a velocidade.

Observar o paciente andando com aumento da velocidade e diminuição de velo-


cidade também, para observar o comportamento de alterações nas diferentes veloci-
dades ou se surgem novas alterações com a variação de velocidade.

Todos os dados devem ser anotados na ficha de avaliação e os objetivos de trata-


mento e as condutas terapêuticas devem ser estabelecidas e anotadas.

A Ficha de Avaliação e a descrição mais detalhada da avaliação da marcha será


estudada na Disciplina Laboratório de Avaliação Físico-funcional II.

Marcha Anormal
Várias são as causas que desencadeiam alterações na marcha humana e iremos
estudar algumas.

Marcha Antálgica
A marcha antálgica decorre de uma lesão na lombar, na pelve, no quadril, no joe-
lho, no tornozelo ou no pé. É uma marcha que protege a região lesada e tenta dimi-
nuir a dor do paciente no momento em que o peso corporal incide sobre o membro
inferior lesado (MAGEE, 2010).

Na marcha antálgica, observamos uma fase de apoio mais curta no membro in-
ferior afetado em relação ao não afetado e por consequência a fase de balanço do
membro inferior normal diminui.

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O paciente tenta colocar sua mão sobre a articulação afetada na tentativa de dar
um suporte maior e diminuir a sua dor.

Termos, então, uma marcha com diminuição do passo do lado da lesão e com
diminuição da cadência e velocidade.

Marcha Artrogênica
Ocorre na presença de rigidez, frouxidão ou deformidade, acompanhada de dor
ou não nas articulações dos membros inferiores. Pode acometer quadril, joelho e
tornozelo (MAGEE, 2010).

Com o objetivo de compensar a perda de movimento no membro inferior, a pelve


se eleva para poder retirar o contato do pé com o solo e, na sequência, o paciente
realiza uma circundução para conseguir levar o membro inferior para a frente. Nesse
caso, o comprimento do passo também é diminuído.

Figura 1
Fonte: Getty Images

Marcha Atáxica
A ataxia é frequentemente causada por uma perda da função do cerebelo, da me-
dula espinhal ou das vias condutoras que interligam o cerebelo e a medula.

Pode afetar os movimentos dos dedos, das mãos, dos braços, das pernas, do corpo,
a fala ou o movimento dos olhos, a sensibilidade, a coordenação e o equilíbrio.

O paciente pode apresentar uma marcha descoordenada, desequilibrada, com


base alargada, movimentos exagerados e a alteração de sensibilidade faz com que o
paciente bata com o pé no solo para tentar senti-lo e se reorganizar (MAGEE, 2010).

A marcha resultante é irregular, espasmódica e ondulante.

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UNIDADE Avaliação da Marcha

Marcha Equina
Surge quando o paciente apresenta o pé equino-varo (pé que permanece em fle-
xão plantar e em varo) (MAGEE, 2010).

A sustentação de peso ocorre na região do ante pé, no dorsolateral ou lateral do


pé, dependendo do grau de deformidade.

A fase de sustentação de peso sobre o membro afetado diminui e o paciente


apresenta claudicação e pelve e fêmur ficam posicionados em rotação lateral para
compensar parcialmente a rotação medial da tíbia e do pé.

Marcha de Trendelenburg ou Marcha do Gglúteo Médio


Ocorre na presença de fraqueza dos músculos glúteo médio e mínimo, músculos
responsáveis pela estabilização lateral do quadril na fase de apoio. Por perder a esta-
bilização durante a fase de apoio, o quadril desloca lateralmente de forma excessiva
(MAGEE, 2010).

Em pacientes com fraqueza bilateral, observamos um movimento lateroteral do


quadril que recebe o nome de marcha titubeante.

Marcha do Glúteo Máximo


Ocorre frente à fraqueza do músculo glúteo máximo. Durante a fase de apoio, o
paciente precisa estender o tronco para manter o alinhamento do quadril, pois com
a fraqueza do músculo glúteo máximo, que é extensor do quadril, ele tende a se des-
locar posteriormente.

Marcha Hemiplégica ou Hemiparética (Marcha Ercarvante)


Ao deambular, o paciente com marcha hemiplégica ou hemiparética balança o
membro inferior parético, realizando uma circundução desse membro (para fora e
para a frente em um círculo) ou empurrando-a para a frente, devido à dificuldade de
realizar dorsiflexão, flexão de joelho e de quadril do membro inferior com sequela.

Marcha Parkinsoniana
Este paciente apresenta alteração de tônus que leva à rigidez de diferentes múscu-
los em diferentes regiões corporais como: pescoço, tronco e joelhos. As articulações
ficam flexionadas, a marcha apresenta arrastar dos pés, passos curtos e rápidos e os
membros superiores permanecem rígidos e imóveis.

Marcha do Quadríceps
Neste caso, o músculo quadríceps sofreu uma lesão traumática ou neurológica,
para compensar a perda do movimento de flexão de quadril e extensão de joelho,
com flexão do tronco e plantar ampla para estender o joelho. Pode, também, usar a
mão para estender o joelho.

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Marcha em Tesoura ou Marcha Espástica
É a marcha característica de uma pessoa com paraplegia espástica, com aumento
de tônus dos músculos adutores do quadril.

Os membros inferiores encontram-se em adução e o paciente desloca os mem-


bros inferiores anteriormente, com muita dificuldade.

Marcha do Membro Iinferior Curto


Quando um membro inferior é mais curto ou quando o paciente sofreu uma lesão
óssea e tem como consequência uma deformidade instalada (MAGEE, 2010).

Ao andar, observa-se um desvio lateral do tronco e da pelve. Na pelve, além de


deslocar, lateralmente, é visível uma inclinação para baixo, no lado do encurtamento
do membro inferior encurtado.

Seu pé pode realizar supinação para tentar alongar o membro inferior e o mem-
bro inferior oposto tende a apresentar as articulações em flexão.

Claudicação do Psoas
É a marcha observada em pessoas com lesões de quadril como a doença Legg-
-Calvé-Perthes.

O paciente apresenta uma dificuldade na fase de balanço e a claudicação pode ser


acompanhada por movimentos exagerados do tronco e da pelve para dar o passo,
com o objetivo de compensar a dificuldade de movimento do quadril (MAGEE, 2010).

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UNIDADE Avaliação da Marcha

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Valoración articular: Lectura del goniómetro
https://youtu.be/DQIfW6SXRCg
Valoración articular del tobillo y pie
https://youtu.be/IoDV-BnSHLo
Valoración articular de la rodilla
https://youtu.be/eBcRxFbjoNY
Valoración articular de la cadera
https://youtu.be/OsqS4Q1ax0Y

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Referências
CIPRIANO, J. J. Manual Fotográfico de Testes Ortopédicos e Neurológicos.
5.ed. Porto Alegre: ArtMed, 2015.

KENDALL, F. P. et al. Músculos: provas e funções. 5.ed. São Paulo: Manole, 2015.

MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5.ed. Barueri: Manole, 2010.

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