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EDUCAÇÃO:
EDUCAÇÃO FÍSICA
E ESPORTE
Fernando
Guilherme Priess
Lazer e função social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O lazer é um dos componentes e é importante conteúdo da educação
física. Um dos objetivos da educação física escolar é o de desenvolver, na
diversidade de seus conteúdos, atividades que possam ser incorporadas
como práticas saudáveis de lazer, no dia a dia dos alunos em sua rotina
extraescolar.
Neste capítulo, você vai estudar o lazer e sua função social. Serão
abordados, inicialmente, os diferentes conceitos do lazer e seus precur-
sores, assim como exemplos de práticas na sociedade e a função do
profissional de educação física. Também serão abordadas as diferentes
teorias do lazer e sua aplicabilidade nos diferentes segmentos da socie-
dade nos diferentes momentos históricos e, para finalizar, será discutida
a importância das políticas públicas focadas em ofertar um lazer público
e de qualidade, assim como apresentar programas e projetos de lazer
desenvolvidos no Brasil.
significado: aquilo que é lícito, permitido, o que pode ser feito. Para os antigos
gregos, prevalecia o conceito de ócio, que era privilégio de indivíduos livres, no
qual ocorria a dedicação ao cuidado com o corpo e principalmente ao estudo,
em que o conceito grego skholé deu origem à palavra escola (MORAIS, 1993).
Buscando inicialmente dados históricos, para uma melhor compreensão
dos conceitos atuais de lazer, observa-se que no auge da revolução industrial,
quando as jornadas de trabalho variavam de 10 a 18 horas de trabalho, as
práticas de lazer eram pouco desenvolvidas pela classe operária, pois, após a
jornada de trabalho, pouco tempo sobrava para a realização de outras atividades
fora do ambiente fabril.
Diante desses fatos, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas
condições de trabalho oferecidas e começaram a sabotar as máquinas, ficando
conhecidos como “os quebradores de máquinas”. Outros movimentos também
surgiram nessa época com o objetivo de defender o trabalhador e, dessa forma,
o direito ao lazer foi conquistado por meio das lutas das classes trabalhadora
(SILVA et al., 2011).
Considerando que o lazer é uma temática bastante estudada, é normal que
se tenham diferentes conceitos e definições para a terminologia e quanto a
suas dimensões de tempo e atividade, função, importância, maneira como é
usufruído e sua participação na vida do homem. Alguns conceitos não são
bem aceitos em algumas situações, mas o que se pretende é apresentar os
diferentes pontos de vista defendidos por diferentes autores para que se possa
ter uma visão mais ampla e fundamentada sobre o lazer e suas possibilidades.
No Quadro 1 a seguir serão apresentados conceitos de diferentes autores
referentes ao lazer.
Lazer e função social 3
Dumazedier (1976) Foi o criador da teoria dos 3 Ds, que defendia que
o lazer atenderia basicamente aos objetivos: de
descanso, de diversão e de desenvolvimento.
Portanto, o lazer é um conjunto de ocupações
às quais o indivíduo pode entregar-se de livre
vontade, seja para repousar, seja para divertir-se,
recrear-se e entreter-se, ou, ainda, para desenvolver
sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre-capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das
obrigações profissionais, familiares e sociais.
industrial, ou, ainda, que foi produzido pela Revolução Industrial. Do mesmo
modo, destacam-se sempre as diferenças que o separam e o singularizam de
outros fenômenos semelhantes e em certa medida equivalentes, como é o caso
do ocium romano ou do skholé grego (DIAS, 2009). O problema nesse caso
não é tanto o de afirmar que o lazer é um fenômeno social especificamente
moderno, senão o de especificar em que medida exatamente ele o é. Entre
outras palavras, a questão principal parece ser a de definir o que se entende
por modernidade nesses casos ou em que acepção esse conceito está sendo
empregado.
No contexto histórico, as diferentes teorias e formas de manifestação do
lazer tiveram mudanças significativas e foram influenciadas pelo momento
social e político e pela cultura e pelo costume dos diferentes povos nas mais
diferentes épocas. Na Grécia Antiga, o ócio (skholé), como significado atrelado
ao lazer, era considerado uma importante atividade desfrutada pelos homens
livres, especialmente os filósofos. Como atividade que partia da alma (psique)
e tinha alguma finalidade, o lazer tinha o sentido oposto ao de ocupação
(ascholia). Para Aristóteles, lazer implicava paz, prosperidade e entendimento
do uso adequado dessa atividade (PINTO et al., 2008).
Na Roma Antiga, o termo latino otium (ócio) referia-se à possibilidade de
descanso, recreação, diversão, distração após negotium (negócios) – tempo
no qual os indivíduos conquistavam, organizavam ou construíam. O otium
não era considerado um tempo com um fim em si mesmo. Roma introduziu
a diversão para as massas, utilizando os espetáculos organizados nos dias de
festas como instrumento de manipulação. Para a classe dominante do “pão e
circo”, a diversão popular constituía meio eficaz de despolitização do povo,
reduzindo à condição de mero espectador (PINTO et al., 2008).
Observa-se que nos períodos descritos na Grécia e em Roma, em ambos
os momentos, o lazer era elitizado, sendo privilégio de poucos, ou utilizado
como uma forma de manipulação das massas, como um instrumento para
“alegrar” temporariamente o povo e, dessa forma, impedir que as massas
pudessem criticar ou questionar o regime político e social imposto na época.
Lazer e função social 7
As lutas entre gladiadores, muito comum na Roma antiga, eram confrontos cruéis
e violentos e levavam os antigos romanos ao delírio. Serviam como uma forma de
opção de diversão/lazer do povo e, consequentemente, como um termômetro de sua
popularidade. No link a seguir você vai ter acesso a informações mais aprofundadas
desses torneios: https://super.abril.com.br/historia/gladiadores-os-que-vao-morrer/.
Esses são alguns exemplos de opções de lazer que estão limitadas à parcela
da população que tem condições financeiras para arcar com os custos dessas
atividades. Dessa forma, observa-se que, embora se busque o oferecimento de
atividades de lazer sem distinções de classes, é visível que o acesso a alguns
tipos de atividades se limita a quem realmente pode pagar para desfrutar.
Portanto, o lazer se manifesta de diferentes formas nas mais diferentes
fases históricas e sempre esteve diretamente ligado aos interesses políticos,
econômicos e sociais nas diferentes épocas. Além disso, observamos como
muitas das oportunidades de lazer estão sob uma lógica capitalista e privatista,
de modo que as políticas públicas se tornam ainda mais importantes, pois são
estratégias pelas quais é possível promover programas e atividades de lazer
públicos e de qualidade para que todos tenham acesso.
O Serviço Social do Comércio (SESC) é uma entidade exemplo que promove diferentes
tipos de atividades voltadas ao lazer da população. No link a seguir, você vai conseguir
acessar o site do SESC, no qual vai poder conhecer alguns programas de lazer voltados
à comunidade, para ter de referência:
http://www.sesc.com.br/portal/lazer/projetos/.
entre outras. Veja como atividades promovidas por essas entidades e outras
similares destacam-se:
Leituras recomendadas
DACOSTA, L. P. Educação física e esportes não-formais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1988.
HUIZINGA, J. Homo Ludens: jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1980.
MARCUSE, H. La agressividade em la sociedad industrial avanzada. Madrid: Alianza Edi-
torial, 1971.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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