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IFMG – Campus Avançado de Piumhi

Bacharelado em Engenharia Civil


Disciplina Planejamento Urbano e Regional
Professora: Bárbara Santiago
barbara.santiago@ifmg.edu.br

DISCENTE: KAROLINE CÂNDIDA RESENDE

Encontro 08 – Lei de Zoneamento – Planos e planejamento urbano – Habitação no centro da política urbana –
Ampliação do mercado e produção privada não lucrativa – Recuperação de áreas consolidadas (MARICATO,
2013, p. 114-124).

As leis de zoneamento consistem na maior expressão do urbanismo moderno que visa ordenar a
ocupação e o uso do solo, adequando-os às regras universais e genéricas, separando por tipo de edifício, uso,
nível de circulação, padrões, entre outas características, no entanto essas leis sofreram muitas críticas desde a
década de 1960.
Percebe-se que no Brasil, as críticas às leis de zoneamento constatam que ela está descaracterizada,
com edificações fora da lei, existem dificuldades quanto a ampliação do mercado privado nas camadas de
baixa renda, as questões ambientais não são contempladas, a legislação é de difícil aplicação e compreensão,
além de desprezar as potencialidades de cada localidade e contribuir para que exista segregação e ilegalidade.
Portanto, percebe-se que a simplificação e a flexibilização das leis de zoneamento são extremamente
necessárias para garantir um maior direito à cidade, e não uma segregação e aumento do preço da terra.
A proposta é que as leis de zoneamento respeitem o meio ambiente, a paisagem já existente, os
aspectos culturais, o saneamento com o intuito de organizar o que já existe com a ajuda da população.
É importante destacar que o zoneamento pode colaborar com a expansão do mercado habitacional,
barateando o custo das moradias, pode também definir regiões de usos mistos ou com casas de diversas faixas
de renda. O ponto principal é usar essa legislação conforme a realidade de cada local, sem perder esses pontos
básicos já citados.
Já os planos urbanos, na maioria das vezes ficam apenas no papel, são formulados com boas intenções,
porém não são cumpridos efetivamente e serviram apenas para restringir o acesso ao mercado imobiliário
legal.
O texto destaca o quanto a gestão converge do planejamento, de um modo geral, pois a gestão está
repleta de práticas arcaicas, embora exista uma tentativa de disfarçá-las através do uso de conceitos modernos.
Entre essas atitudes estão a grande influência das empreiteiras quanto as obras e suas localizações, visto que
essas empreiteiras muitas das vezes financiam as campanhas eleitorais, assim surge a segregação da cidade, as
leis se aplicam somente a parte dela, discriminado boa parte da sociedade, além disso a política habitacional
não existe ou existe apenas como ação compensatória e pontual.
A grande maioria das cidades que possuem um plano diretor, não o aplica em todas as áreas da cidade e
as obras não obedecem a nenhum plano diretor. O ideal é que o plano diretor seja de fato cumprido e usado
pela gestão para corrigir os erros de uma cidade, definindo ações e fiscalizando de maneira justa.
O autor destaca a importância da moradia, suas demandas e significância, salienta também que para se
produzir moradias não é preciso apenas da terra nua, mas sim de toda uma estrutura, como rede de água,
drenagem e esgoto, transporte, coleta de lixo, áreas destinadas a saúde e educação e tudo mais que uma
sociedade necessita para viver bem.
Os direitos à moradia e à cidade são garantidos pela política de inclusão urbanística, o que assegura
esses direitos são os programas habitacionais que ampliam o acesso ao mercado legal e a recuperação de áreas
degradadas ocupadas de forma irregular.

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O que chama bastante atenção é o fato de que apenas 30% da população de algumas cidades são
contempladas pelo mercado residencial privado legal, para onde a gestão pública direciona os códigos de obra,
as leis de parcelamento de solo e de zoneamento. É preciso repensar as políticas de interesse social, para
repensar o mercado legal, pois com um pequeno mercado a produtividade da construção civil é pequena e
assim não é possível atender todas as classes da sociedade, inclusive as de baixa renda.
Existem algumas ferramentas que podem ser usadas para ofertar mais moradias à população, podendo
ser de cunho privado ou público. A produção cooperativa, de cunho privado, foi muito importante ampliar o
acesso a moradias em países da Europa, já no Brasil essa ideia sofreu desvios e influência de empresários.
Em alguns casos empresas privadas que atuavam como figura jurídica de cooperativa e cooperativas
habitacionais produziram apartamentos que foram vendidos com preços acessíveis a população de baixa renda,
que antes só tinham acesso apenas ao mercado ilegal.
A política de recuperação de áreas consolidadas contempla urbanização e regularização das favelas, a
recuperação e prevenção de áreas sujeitas a riscos de desmoronamentos, a urbanização e regularização dos
loteamentos ilegais, reforma e ampliação de moradias resultantes do processo de autoconstrução, a
recuperação de áreas de preservação ambiental ocupadas por moradias e a reforma de cortiços e requalificação
urbanísticas de áreas centrais degradadas.
O autor conclui que é preciso abordar cada situação em particular, sem generalizar as situações e ações
a serem realizadas, analisando a viabilidade e eficácia de cada proposta.
De um modo geral foi possível constatar que as leis de urbanização existem, porém na maioria das
vezes não são colocadas em prática e devem ser aprimoradas para a realidade de cada local, só assim será
possível alcançar um bom planejamento e uma boa gestão das cidades.

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