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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Campus Poços de Caldas

Lara Sousa
Leonardo Diniz
Raquel Cardamone Alves

SEMINÁRIO TÉCNICAS ARTÍSTICAS: Aquarela

Poços de Caldas
2020
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Lara Sousa
Leonardo Diniz
Raquel Cardamone Alves

SEMINÁRIO TÉCNICAS ARTÍSTICAS: Aquarela

Trabalho apresentado à disciplina de Teoria da Arte e


Estética na Arquitetura I do curso de graduação em
Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais Campus Poços de Caldas,
como requisito parcial para a aprovação na disciplina.

Poços de Caldas
2020
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SUMÁRIO

1 TÉCNICA ARTÍSTICA ...................................................................................................... 4


2 HISTÓRICO ........................................................................................................................ 4
3 ARTISTAS ........................................................................................................................... 7
3.1 Winslow Homer .................................................................................................... 7
3.2 Jean-Baptiste Debret ........................................................................................... 11
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 14
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1 TÉCNICA ARTÍSTICA

A Aquarela é um método de pintura em que as tintas são feitas de pigmentos


suspensos em uma solução à base de água, sendo possível controlar a adição de água a fim de
criar uma pintura luminosa ou impactante. Aquarela refere-se tanto ao meio quanto à arte final
resultante. As aquarelas são geralmente translúcidas e parecem luminosas porque os
pigmentos são colocados de forma pura.
O material de suporte tradicional e mais comum ao qual a tinta é aplicada usando a
técnica de aquarela é papel. Outros suportes incluem papiros, plásticos, couro, tecido, madeira
e tela. O papel de aquarela é geralmente feito inteiramente ou parcialmente com algodão, o
que dá uma boa textura e minimiza a distorção quando molhado (ARTE E BLOG, 2017).
Na pintura em aquarela existem algumas técnicas importantes: A Pintura Pura,
utilizada por grandes artistas das escolas inglesas como William Turner, que não utilizava o
branco para composição de luz, mas sim espaços entre manchas de tinta no papel. A segunda
técnica é chamada Pintura molhada, que utiliza o pigmento da aquarela com uma quantidade
maior de água, enquanto o artista introduz as pinceladas de água no papel e, em seguida,
deposita o pigmento, dando um efeito rústico à obra. Outra técnica é a Pintura Seca, que
utiliza uma menor quantidade de água para a composição da obra, fazendo com que o
pigmento seja utilizado de maneira mais sólida e pura. Por último temos a Pintura Mista, que
é a união das duas técnicas anteriores, dando um efeito de luz e sombra mais contrastante no
trabalho (CECCHELE; MOREIRA, 2017).

2 HISTÓRICO

Estima-se que a técnica tenha surgido há cerca de 2000 anos, na China, simultânea ao
surgimento do papel e dos pincéis de pelos de coelhos. No Leste Asiático, em pinturas
chinesas, coreanas e japonesas, a aquarela tem sido o meio dominante, muitas vezes em preto
ou marrom monocromático. Outros países também têm tradições longas de pintura aquarela.
A pintura sempre foi considerada pelos chineses não como simples obra manual, mas
como ofício voltado a erudição e a cultura. Para eles a aquarela, a caligrafia e a poesia,
constituíam o que chamavam de “as três perfeições”. A seita budista denominada Ch'an, que
no Ocidente é conhecida pela palavra japonesa Zen, defendia que o único caminho para se
atingir a verdade era pela contemplação da natureza, resultando no grande interesse pela
pintura da paisagem através da aquarela, usada para se expressar o inexpressável.
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Durante o século VIII o pintor e paisagista Wang Wei utilizou-se de uma cores como
verde malaquita e azul de lápis-lazúli, chamada pelos chineses de lono ts'ing, descobrindo os
princípios que regem a técnica do desvanecimento das cores e das formas na distância (tal
como sucedeu no Ocidente graças a Leonardo da Vinci) e passou a pintar a paisagem com
maior fidelidade do real. De modo geral a pintura oriental utilizando a aquarela destacada a
preocupação espiritual que está presente nessa arte voltada especialmente para a paisagem
realizada com uma grande nobreza (BONNEMASOU, 1995).

Figura 1: Montanhas - Wei, Wang

A pintura de aquarela é extremamente antiga, e foi usada para ilustração de


manuscritos, especialmente na Idade Média europeia. No entanto, sua história contínua como
meio de arte começa com o Renascimento. O artista alemão Albrecht Dürer (1471-1528),
pintou vários animais selvagens, pinturas botânicas, aquáticas e paisagens, e é considerado
entre os primeiros expoentes da aquarela (ARTE E BLOG, 2017).
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Figura 2: Lebre - Dürer, Albrecht (1502)

Grandes artistas como Constable, Lorrain e Poussin fizeram aquarelas


monocromáticas ao ar livre e podem ser considerados iniciadores da escola inglesa de
paisagem, que impulsionaram o uso da pintura a aquarela por toda a Europa. Em 1804 foi
fundada a primeira Sociedade de Aquarelistas e, em 1805 aconteceu a primeira exposição
especificamente de aquarelas. Essa exposição foi uma resposta condição inferior com que as
aquarelas admitidas nos salões da Real Academia de Londres eram consideradas em relação
aos quadros que utilizavam a pintura à óleo na criação (BONNEMASOU, 1995).
O pintor francês Jean-Baptiste Debret, o artista oficial da Revolução Francesa,
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presidente do clube jacobino e representante do Neoclássico, foi contratado por D. João VI


para acompanhar a vinda da família real portuguesa ao Brasil e retratar o território e a cultura
do Novo Mundo durante o século XIX, em um país que ainda buscava sua identidade cultural
própria. Foi nesse período que o artista adotou a aquarela como técnica representativa
principal para seus trabalhos. Suas aquarelas teriam dimensões de 17 cm x 23 cm, o que
agilizava o desenvolvimento do traço, mas em contrapartida exigiam maior precisão do
desenho, porque a técnica não permite muitos retoques em comparação à outras técnicas
como a tinta à óleo (PELEGRINI; TUTUI, 2013).

Figura 3: Primeira Aquarela Abstrata - Kandinsky, Wassily (1910)

3 ARTISTAS

3.1 Winslow Homer

Foi pintor e gravurista de paisagens americanas, um dos pintores mais importante da


America do século XIX e uma figura forte na arte da mesma. Em grande parte autodidata,
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Homer começou sua carreira trabalhando como ilustrador comercial. Em seguida, ele pegou a
pintura a óleo e produziu grande estúdio de obras caracterizadas pelo peso e densidade ele
explorou a partir do meio. Ele também trabalhou extensivamente em aquarela, criando uma
obra de fluido e prolíficos, principalmente narrando suas férias de trabalho.
Homer teve sua mãe como sua principal mentora e inspiradora de suas artes de
aquarela à qual era aquarelista amador e incentivadora do filho, no decorrer de sua vida
trabalhando para terceiros como gravurista e enviado à campos de batalha (exército
americano) incentivado pelo seu pai Homer, no local ilustrou algumas cenas de guerra, porém
não se identificava à sua arte neste meio e resolveu se desenvolver sozinho, posteriormente
participou de alguns aprendizados de pintura para aperfeiçoar a técnica. Seus primeiros
trabalhos, gravuras em sua maioria comercial de cenas urbanas e país social, são
caracterizados por linhas limpas, formas simplificadas, contraste dramático de agrupamentos
figura luz e escuridão, e animada - qualidades que permaneceram importantes ao longo de sua
carreira. Seu rápido sucesso foi principalmente devido a esta forte compreensão do design
gráfico e também para a adaptabilidade de seus projetos para Gravura em madeira.
Em quase o início de sua carreira de pintor, Homer com 27 anos de idade demonstrou
uma maturidade de sentimento, profundidade de percepção e domínio da técnica que foi
imediatamente reconhecido. Seu realismo era o objetivo, fiel à natureza, e emocionalmente
controlados. O artista que retratava cenas de famílias camponesas teve a oportunidade de ir à
Paris, onde permaneceu por um ano.
Ao voltar para a América ainda desenvolvia telas de pinturas com temas de pessoas e
paisagens camponesas, tendo destaque em tal pela sua sensibilidade. Porém, na década de
1870 ele se afastou da cidade e foi morar em um farol onde, desenvolveu grande parte de suas
obras mais icônicas de pescadores e cenas litorâneas. Apesar de todo seu esforço e empenho
não obteve grande destaque em suas pinturas, porém nunca parou de fazer-las, se afastando
cada vez mais do mundo social e viajando o mundo. Os críticos diziam que ele aumentava a
cada dia seu nível de aperfeiçoamento, após algumas viagens mudou sua cartela de cores nas
aquarelas para cores mais vivas, criando aquarelas de impacto.
Em 1893, Homer pintou uma de suas mais famosas "darwiniana" obras, The Hunt Fox,
que retrata uma cena de um bando de corvos famintos desciam em direção a uma raposa, que
teve seus movimentos retardados pela neve profunda. Esta foi a maior pintura de Homer e foi
imediatamente comprado pela academia de Pensilvânia das Belas Artes, a sua primeira
pintura em uma coleção grande museu americano. Em 1900, Homer finalmente alcançou a
estabilidade financeira, com suas pinturas buscado bons preços dos museus, ele começou a
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receber os aluguéis de imóveis. Ele também se tornou livre da responsabilidade de cuidar de


seu pai que havia morrido dois anos antes. Homer continuou produzindo aquarelas excelentes,
principalmente em viagens para o Canadá e Caribe. Outros trabalhos incluem cenas finais
desportivas, como direita e esquerda, bem como seascapes com ausência de figuras humanas,
retratando a maioria das ondas quebrando contra rochas em diferentes iluminações.
Homer morreu em 1910 na idade de 74 em seu estúdio Neck Prouts e foi enterrado no
Cemitério Mount Auburn em Cambridge, Massachusetts. Sua pintura, tiro o Rapids,
Saguenay River, permanece inacabada. Seu estúdio Neck Prouts agora é propriedade do
Museu de Arte de Portland.
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Figura 4: Uma cesta de mexilhões - Homer, Winslow (1873)


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Figura 5: Salt Kettle,Bermudas - Homer, Winslow (1899)

Figura 6: Sobre o Degrau - Homer, Wislow (1878)


3.2 Jean-Baptiste Debret
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O artista fez parte do que conhecemos como “Missão Artística Francesa”, que era
constituída por aproximadamente quarenta artistas, artesãos, pintores e arquitetos franceses
em posição desfavorecida após a derrota de Napoleão em 1815. Debret foi um dos artistas que
permaneceu o maior tempo em terras brasileiras, em seus quinze anos de estadia registrou
desde aspectos do cotidiano da corte brasileira até aspectos da flora e fauna brasileira, além de
paisagens do Rio de Janeiro e da região sul do país e das festividades, costumes brasileiros.
As cenas do cotidiano e as manifestações culturais ganharam destaque através de suas
aquarelas. O ambiente e o clima tropical, bem diferentes do europeu instigava o artista, com
as cores vivas da paisagem, o sol forte, assim como a existência da escravidão, que deixou
Debret interessado às questões sociais do Brasil.

Figura 7: Cena de Carnaval - Debret, Jean-Baptiste (1823)

Os registros pictóricos do artista francês preservam a nossa história, entre aquarelas e


memórias, Debret constrói a partir de sua ótica uma história de sensibilidades e cultura. Na
aquarela intitulada Cena de Carnaval, o artista ressalta a descontração e a alegria aos olhos do
observador, por meio do colorido e dos minuciosos detalhes. Homens, mulheres e crianças
negras ganham destaque no primeiro plano e também ao fundo da obra, representando as
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brincadeiras de Carnaval com os jatos d’água e os limões de cheiro. Conforme Debret, a


fabricação dos limões de cheiro envolvia toda a família desde homens, mulheres, idosos,
crianças até o pequeno capitalista, as viúvas e as mulheres negras livres (que às vezes
economizavam com dois meses de antecedência para a produção de limões).

O Carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra


em geral nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados
que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais
frequentadas, nem às corridas de cavalos chucros tão comuns na
Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na
fabricação dos limões de cheiro. [...] (TUTUI apud DEBRET, 1978,
p. 298, v. I).

Algumas mulheres e homens negros se fantasiavam de europeus e imitavam de


maneira majestosa seus gestos de cumprimento. Provocavam os vizinhos com a finalidade de
atraí-los até as ruas para assim atirar-lhes um limão de cheiro no rosto. Podemos observar
nesta aquarela de Debret que mulheres, crianças e homens negros são representados com
vigor e exuberância. Os escravos utilizavam cartolas, decotes, camisas com gola, vestidos
longos que valorizavam a silhueta, lenços, xales, entre outros acessórios, além do polvilho
branco no rosto, que também seria um gesto de escárnio.

Eis em resumo, a história do carnaval brasileiro; quanto ao episódio


aqui desenhado, eis a explicação: a cena se passa à porta de uma
venda, instalada como de costume numa esquina. A negra sacrifica
tudo ao equilíbrio de seu cesto, já repleto de provisões que traz para
seus senhores, enquanto o moleque, de seringa de lata na mão, joga
um jacto de água que a inunda e provoca um último acidente nessa
catástrofe carnavalesca. Sentada à porta da venda, uma negra mais
velha ainda, vendedora de limões e de polvilho, já enlambuzada,
com seu tabuleiro nos joelhos, segura o dinheiro dos limões pagos
adiantado que um negrinho, tatuado voluntariamente com barro
amarelo, escolhe, como campeão entusiasta das lutas em
perspectiva. Perto deste e da porta pequena da venda, outro negro,
orgulhoso da linha vermelha traçada na testa, adquire um pacote de
polvilho a um pequeno vendedor de nove a dez anos; em cima, uma
negra dispõe-se a vingar com um limão o punhado de polvilho que
lhe recobre a face e parte do olho; ao lado da mesma porta, outro
negro, grotescamente tatuado, está de tocaia. O vendeiro, tendo
retirado precipitadamente todos os comestíveis que de costume
expõe à sua porta, deixou tãosomente garrafas cobertas de palha
trançada, abanadores e vassouras. No fundo do quadro podem-se
observar famílias tomadas da loucura do momento, uma vendedora
ambulante de limões, negros lutando e um pacífico cidadão
escondido atrás de seu guarda-chuva aberto e que circula por entre
restos de limões de cera (TUTUI apud DEBRET, 1978, p. 301-
302, v. I).
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Após os “três dias gordos” de carnaval, findando-se com as rezas e os jejuns da


Quarta-feira de Cinzas, inicia-se a Quaresma, período de quarenta dias que se encerra com o
Domingo de Ramos (festa cristã celebrada no domingo antes da Páscoa). No penúltimo dia da
Quaresma, denominado de Sábado Santo ou Sábado de Aleluia, ocorre a tradicional Malhação
de Judas, que também foi registrada por Debret, aquarela intitulada Queima de Judas
(TUTUI, 2015).

Figura 8: Queima de Judas - Debret, Jean-Baptiste (1823)

Observando os detalhes da aquarela, podemos ver o boneco, que representa Judas,


preso a uma árvore pelo pescoço. Já sem um braço e uma perna, o boneco feito de palha
segura com a mão direita um saco. Com uma camisa clara e calça azul, o Judas usa uma bota
de montaria na cor escura, luva branca em uma das mãos e um gorro listrado nas cores branco
e azul. Nota-se que havia poucos brancos além do boneco do Judas, aparecendo apenas
algumas figuras brancas, mas pouco nítidas, saindo da igreja retratada na aquarela.
Os registros pictóricos de Jean-Baptiste Debret, oferecem possibilidades de
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investigação sobre diversos aspectos da construção da identidade brasileira. Por meio destas
aquarelas podemos ter a compreensão de como aconteciam as festividades carnavalescas no
Rio de Janeiro no século XIX, as brincadeiras comuns aos chamados “três dias gordos”, a
execução da queima do Judas que antecedia a Páscoa, as indumentárias utilizadas, entre outras
tantas percepções (TUTUI, 2015).

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARQUEOLOGIA, Centro de História da Arte e. Homer, Winslow. Disponível em:


http://warburg.chaa-unicamp.com.br/artistas/view/295. Acesso em: 19 nov. 2020.

BONNEMASOU, Vera Regina Vilela. A poética da Aquarela. 1995. 70 f. Dissertação


(Mestrado) - Curso de Artes Plásticas, Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 1995. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/284763/1/Bonnemasou_VeraReginaVilela_
M.pdf. Acesso em: 17 nov. 2020

CECCHELE, Michelly R.; MOREIRA, Marieli G. Dissertação sobre arte e sociedade,


aquarela e tintas naturais. In: SIMPÓSIO DE SUSTENTABILIDADE E

CONTEMPORANEIDADE NAS CIÊNCIAS SOCIAIS, 5º, 2017, Toledo. Disponível em:


https://www.fag.edu.br/upload/contemporaneidade/anais/594c1d6735eb8.pdf

PELEGRINI, Sandra C. A.; TUTUI, Mariane Pimentel. Nas aquarelas de Debret: técnicas e
linguagens. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA, 6º, 2013, Maringá.
Disponível em: http://www.cih.uem.br/anais/2013/trabalhos/448_trabalho.pdf. Acesso em: 17
nov. 2020.

TUTUI, Mariane Pimentel. Aquarelas do Brasil: A importância dos registros pictóricos de


Debret. Iphan, 30 de julho de 2015. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Aquarelas_do_Brasil_A_importancia_do
s_registros_pictoricos_de_Debret_m.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020.

WAHOOARTE. Winslow Homer. Disponível em:


https://pt.wahooart.com/A55A04/W.nsf/O/BRUE-8BX2SB. Acesso em: 22 nov. 2020.

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